Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman: Or
(The Unexpected Virtue of Ignorance), EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Alejandro Gonzalez Iñarritu
Elenco – Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Naomi
Watts, Zack Galifianakis, Andrea Riseborough, Amy Ryan, Lindsay Duncan.
Apesar de ser um ótimo filme, chega a surpreendente a vitória
no Oscar, principalmente pela trama que é uma crítica ferina ao cinema, ao
teatro e a todos aqueles que trabalham ao redor deste mundo, como críticos,
jornalistas e agentes.
O personagem principal é o veterano e decadente ator
Riggan (Michael Keaton), que foi famoso vinte anos antes quando protagonizou
três filmes sobre um “Homem-Pássaro” (o Birdman do título). Tentando recuperar
o sucesso, ele investe tudo em uma peça de teatro baseada num livro de Raymond
Carver. Na verdade, Riggan deseja não somente recuperar o prestígio, mas também
provar para si mesmo que sua vida não é um fracasso. Sua esposa (Amy Ryan) o
abandonou, ele jamais deu atenção para filha (Emma Stone) que tem problemas com
as drogas e trata sua amante (Andrea Riseborough) com indiferença.
O roteiro
segue os bastidores malucos da montagem da peça, recheados de problemas
causados pelos atores e pelo próprio Riggan. Além de Riggan e a amante, a peça
tem um ator arrogante (Edward Norton) e uma atriz insegura (Naomi Watts), sem
contar o agente (Zack Galifianakis) que tenta colocar ordem na loucura.
Os
dramas criados pelos personagens são exagerados, sendo uma curiosa forma de mostrar o
ridículo das atitudes baseadas em inveja, ciúme e medo, assim como as “viagens”
de Riggan, que conversa sozinho com seu alter-ego Birdman e imagina conseguir
voar e mover objetos apenas com o pensamento, situação que resulta em algumas das
melhores sequências do filme.
Um dos pontos que ajudaram para a vitória no
Oscar foram os vários e longos planos-sequência, com personagens se
cruzando pelos bastidores do teatro, num magistral trabalho de câmera e de
direção de atores.
Na minha opinião, outro grande acerto foi a escolha de
Michael Keaton para o papel principal. A carreira de Keaton tem semelhanças com
a vida do personagem Riggan. Para quem não conhece a história, Keaton surgiu no
início dos anos oitenta como comediante e assim estrelou diversos filmes do gênero
como “Os Trapaceiros da Loto” e “Fábrica de Loucuras”.
Em 1988, após ser
elogiado pelo trabalho em “Os Fantasmas se Divertem” de Tim Burton, o diretor o
escalou para viver Batman no ano seguinte. Sua escolha foi polêmica, mas Keaton
deu conta do recado e protagonizou também a sequência. Infelizmente, a
continuação da carreira Keaton sofreu com altos e baixos, até o renascimento
com este novo filme.
Como curiosidade, o poster de Birdman que aparece no camarim do personagem
de Keaton é muito parecido com o Batman que ele protagonizou e que até então
tinha sido o ponto alto de carreira.
O resultado é um filme diferente, com uma criativa visão dos bastidores do teatro e de tudo que cerca a vida dos
atores.
6 comentários:
Um grande salto em estética e temática para Iñárritu. Elenco esplêndido!
Um dos melhores filmes de 2014, uma boa escolha por parte do Oscar.
http://filme-do-dia.blogspot.com.br/
Achei esse filme fantástico! Não vi todos os indicados do Oscar, mas dentre os quais vi, sabia desde o primeiro momento que os principais prêmios já tinham dono. "Birdman" é fantástico em sua proposta, ao aliar estética e substância num mesmo produto. Parabéns Iñárritu.
abraço
Gustavo - É um trabalho sensacional de direção.
Kahlil - Com certeza.
Marcelo - O filme é ótimo, mas pelo tema e as críticas ao mundo das artes, a vitória no Oscar chega a surpreender um pouco.
Abraço
Gosto muito do resultado do filme, de todos os oito indicados a melhor filme do Oscar, era meu preferido. E Michael Keaton dá mesmo conta do recado.
bjs
Amanda - A direção de atores e os planos-sequência são fantásticos.
Bjos
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