sexta-feira, 31 de julho de 2015

Cidadão Sob Custódia & Sob Suspeita


Cidadão Sob Custódia (Garde a Vue, França, 1981) – Nota 8
Direção – Claude Miller
Elenco – Lino Ventura, Michel Serrault, Romy Schneider, Guy Marchand.

Paris, véspera de Ano Novo. O inspetor de polícia Gallien (Lino Ventura) recebe na delegacia o advogado Emile Martinaud (Michel Serrault), que alguns dias antes, encontrou em um parque o corpo de uma menina que fora estuprada e estrangulada. Tratado a princípio como testemunha, o arrogante advogado demonstra um ar de superioridade, principalmente em relação a outro policial, o bruto Belmont (Guy Marchand). 

Aos poucos, Gallien apresenta contradições no depoimento de Martinaud e evidências de que o advogado esteve próximo do local de um brutal assassinato de outra menina. A situação fica ainda mais complicada para o advogado quando entra em cena sua bela esposa Chantal (Romy Schneider). 

Tendo como ponto alto o embate entre os personagens do inspetor e do advogado, este longa tem um belo roteiro que deixa o espectador em dúvida por quase todo o filme, até o final que se mostra simples e cruel ao mesmo tempo. 

Vale destacar o ótimo elenco, com Lino Ventura que fez “O Segredo da Cosa Nostra” ao lado de Charles Bronson, o francês Michel Serrault, famoso por interpretar o transformista Albin no original “A Gaiola das Loucas”, além da beleza da austríaca Romy Schneider, a eterna “Sissi, a Imperatriz”.

Sob Suspeita (Under Suspicion, França / EUA, 2000) – Nota 7
Direção – Stephen Hopkins
Elenco – Gene Hackman, Morgan Freeman, Thomas Jane, Monica Bellucci.

Em San Juan, Porto Rico, Henry Heast (Gene Hackman) é um bem sucedido advogado que leva uma vida de luxo e tem um jovem esposa, a bela Chantal (Monica Bellucci). Na noite que antecede uma festa em que Henry será um dos convidados principais, ele é chamado pelo chefe de polícia Victor Benezet (Morgan Freeman) para finalizar seu depoimento como testemunha no caso de uma jovem encontrada morta. A conversa que começa aparentemente amistosa, se transforma em um interrogatório conforme o depoimento de Henry é confrontado com as suspeitas de Benezet, que aos poucos descobre segredos do sujeito. 

Esta refilmagem do longa francês “Cidadão Sob Custódia”, tem como ponto principal o embate intelectual entre os personagens de Hackman e Freeman, muito bem auxiliados por Thomas Jane como um rude policial e uma voluptuosa Monica Bellucci. 

Apesar de ser inferior ao original e ter alguns momentos irregulares, o resultado é um interessante longa ao estilo de um teatro filmado.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O Doador de Memórias

O Doador de Memórias (The Giver, EUA, 2014) – Nota 6
Direção – Phillip Noyce
Elenco – Jeff Bridges, Meryl Streep, Brenton Thwaites, Alexander Skarsgard, Katie Holmes, Odeya Rush, Cameron Monaghan, Taylor Swift, Emma Tremblay.

Após o caos que se abateu sobre a Terra, uma nova sociedade emergiu. A nova geração vive sob o controle de um grupo de anciões liderados por Elder (Meryl Streep), que prega uma vida igual para todos, sem emoções e por consequência sem conflitos. 

Para manter as pessoas sem emoções, diariamente elas recebem uma injeção imaginando ser algum tipo de vitamina. Sem emoções, as pessoas não conseguem ver cores, não podem se tocar e nem mesmo questionar a situação. 

Neste contexto, quando os jovens terminam o colégio, Elder faz a designação de trabalho para cada um deles. Quando Jonas (Brenton Thwaites) é escolhido para ser o “recebedor de memórias”, tudo muda. Jonas se torna aluno do antigo “recebedor” (Jeff Bridges), a única pessoa que tem o dom de guardar todas as memórias do mundo antes do caos. Conforme Jonas começa a descobrir como era o mundo antigo, seu lado questionador vem à tona. 

Este longa une duas vertentes do cinema atual voltadas para o público jovem: Ficção científica e best seller adolescente. A premissa recicla ideias de filmes como “A Vida em Preto e Branco”, “1984” e vários outros longas futuristas sobre sociedades totalitárias. 

Infelizmente, a tentativa do diretor australiano Phillip Noyce em criar sequências com simbolismos falha. A narrativa se mostra frouxa e algumas cenas são desconexas e sem explicação, principalmente na parte final, quando o personagem principal decide desbravar o resto do mundo. 

As presenças de Meryl Streep e Jeff Bridges tentam um dar algo a mais ao filme, o que funciona apenas na interpretação de Bridges como o desiludido ancião que guarda as memórias. 

Basicamente é um filme com uma bela produção e um ótimo cuidado visual, porém genérico na história e até piegas em alguns momentos.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Need For Speed

Need For Speed (Need For Speed, EUA / França / Inglaterra / Filipinas, 2014) – Nota 6
Direção – Scott Waugh
Elenco – Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots, Michael Keaton, Scott Mescudi, Rami Malek, Ramon Rodriguez, Harrison Gilbertson.

Tobey Marshall (Aaron Paul) é um piloto de corridas clandestinas que tem uma oficina mecânica com um grupo de amigos especializados em equipar carros de corrida. Passando por grande dificuldade financeira, Tobey aceita a proposta de um rival, o arrogante Dino Brewster (Dominic Cooper), que deseja restaurar um carro clássico que valerá uma fortuna numa provável venda. Uma aposta entre Tobey e Dino termina em tragédia, com o primeiro sendo condenado injustamente. Ao sair da cadeia, Tobey deseja vingança. 

Baseado em um game de sucesso, este longa é uma colcha de retalhos que recicla ideias de filmes como a série “Velozes e Furiosos”, de “Agarra-em se Puderes”, sucesso nos anos setenta com Burt Reynolds e até do clássico “Corrida Contra o Destino”, principalmente pelo papel de Michael Keaton, que é uma espécie de homenagem ao radialista interpretada por Cleavon Little naquele filme. Por sinal, em relação ao elenco, Michael Keaton é o único destaque.

É basicamente um produto para a geração atual que gosta de carros tunados, com sequências de perseguições do início ao fim, um roteiro requentado e diálogos constrangedores. 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Dose Dupla

Dose Dupla (2 Guns, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Baltasar Kormakur
Elenco – Denzel Washington, Mark Wahlberg, Paula Patton, Edward James Olmos, Bill Paxton, Robert John Burke, James Marsden, Fred Ward.

Bobby (Denzel Washington) e Stig (Mark Wahlberg) são parceiros que estão intermediando uma compra de cocaína com o traficante mexicano Papi Greco (Edward James Olmos). Quando Papi se mostra relutante em fechar o negócio, a dupla decide lucrar de outra forma. Eles planejam assaltar um banco de uma pequena cidade mexicana onde o traficante supostamente guarda sua fortuna. Os dois picaretas se conhecem há poucos meses e não imaginam que o outro é um agente disfarçado. Bobby é um detetive da narcóticos, enquanto Stig é um investigador da marinha. 

Baseado em uma história em quadrinhos, este longa tem algumas ideias interessantes, como mostrar que não existe pessoa totalmente honesta e os divertidos diálogos que resultam em uma ótima química entre a dupla de protagonistas. 

Infelizmente, o filme perde pontos por ficar em cima do muro entre ser uma trama séria de tráfico ou uma comédia policial. O diretor ainda escolhe dar ênfase as cenas de ação e violência, deixando a desejar no desenvolvimento da trama. A sequência final no rancho no deserto mexicano é exagerada, típica dos filmes em que o diretor quer resolver tudo de uma só vez. 

No final, fica a sensação de que o resultado poderia ser bem melhor. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Wayward Pines

Wayward Pines (Wayward Pines, EUA, 2015) – Nota 7,5
Criador – Chad Hodge
Produtor – M. Night Shyamalan
Elenco – Matt Dillon, Carla Gugino, Shannyn Sossamon, Toby Jones, Melissa Leo, Charlie Tahan, Reed Diamond, Hope Davis, Siobhan Fallon, Terrence Howard, Juliette Lewis, Sarah Jeffery.

O agente do FBI Ethan Burke (Matt Dillon) viaja pela região de Idaho ao lado do parceiro quando sofre um violento acidente. Ethan, que estava investigando o desaparecimento de outra agente, Kate Hewson (Carla Gugino), acorda em um hospital numa pequena cidade chamada Wayward Pines. 

Tratado de forma estranha por uma enfermeira (Melissa Leo) e um médico (Toby Jones), que não dão informações sobre seu parceiro, Ethan abandona o hospital para procurar o sujeito e tentar contato com seus superiores e sua esposa (Shannyn Sossamon). Sem explicação, Ethan não consegue completar as ligações e logo percebe que a cidade parece um contos de fadas sinistro, onde o dinheiro é falso,  as pessoas agem como robôs e tudo parece certinho demais. Para ficar mais estranho ainda, ao tentar sair da cidade de carro, Ethan descobre que não existe saída, a estrada volta para o mesmo local que é cercado por uma floresta e algumas montanhas. 

Produzida como uma minissérie de dez episódios, “Wayward Pines” passa a impressão inicial de ser uma mistura de “Twins Peaks” com “Lost”. Os primeiros episódios também deixam o espectador com um pé atrás, perdido em meio a uma trama repleta de perguntas sem respostas. A reviravolta ocorre no quinto episódio, quando é revelada a verdade sobre o local e a minissérie se volta para a ação. 

Os episódios finais, ao mesmo em que são mais agitados, por outro lado aceleram algumas situações que se mostram mal explicadas, como a participação dos jovens estudantes da cidade na trama. Sem entrar em detalhes, o final também deixa um pouco a desejar, como se fosse uma volta ao início da trama. 

Fica a sensação de que a história tinha um potencial para algo melhor, com leque para desenvolvimento de outras tramas, mas também da forma como terminou, uma nova temporada não faria sentido. 

Como informação, M. Night Shyamalan dirigiu apenas o episódio piloto.

domingo, 26 de julho de 2015

Beijos Que Matam, Na Teia da Aranha & A Sombra do Inimigo


Beijos que Matam (Kiss the Girls, EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Gary Fleder
Elenco – Morgan Freeman, Ashley Judd, Cary Elwes, Tony Goldwyn, Alex McArthur, Bill Nunn, Jeremy Piven, Brian Cox, Richard T. Jones, Gina Ravera, Roma Maffia, William Converse Roberts, Gregg Henry, Jay O. Sanders

Ao ser avisado que sua sobrinha desapareceu da universidade na Carolina do Sul, o detetive forense Alex Cross (Morgan Freeman), que trabalha em Washington para o FBI, segue para o local com o objetivo de investigar o caso. Cross descobre que várias jovens desapareceram na região e que a única que conseguiu escapar do cativeiro foi uma médica, Kate McTiernan (Ashley Judd). Kate confirma que outras garotas estão presas no local e que uma delas é a sobrinha de Cross. Mesmo com dificuldades em dividir informações com a polícia local, Cross e Kate se unem para localizar o cativeiro. 

O ponto alto filme é a trama, que vai sendo decifrada aos poucos, como se fosse uma quebra cabeças montado através da inteligência do personagem de Morgan Freeman. O longa perde alguns pontos na narrativa arrastada em alguns momentos. Vale destacar ainda o elenco repleto de coadjuvantes conhecidos. 

Na Teia da Aranha (Along Came a Spider, EUA, 2001) – Nota 7
Direção – Lee Tamahori
Elenco – Morgan Freeman, Monica Potter, Michael Wincott, Dylan Baker, Mika Boorem, Anton Yelchin, Jay O. Sanders, Billy Burke, Michael Moriarty, Penelope Ann Miller, Anna Maria Horsford.

Após sua parceira morrer numa ação policial para captura de um serial killer, o agente do FBI Alex Cross (Morgan Freeman) decide se aposentar. Alguns meses depois, Cross recebe a ligação de um psIcopata (Michael Wincott) que acabou de sequestrar a filha de um senador. Obrigado a retornar ao trabalho, Cross se une a agente Jezzie Flannigan (Monica Potter), que era responsável pelo segurança dos alunos do colégio onde estudava a garota e onde outros jovens de famílias ricas estudam, inclusive o filho do presidente da Rússia (Anton Yelchin). Este é o início de uma caçada em que os agentes tentam seguir as pistas deixadas pelo meticuloso sequestrador. 

Assim como “Beijos Que Matam”, esta sequência tem como ponto principal a trama investigativa e o carisma do personagem de Morgan Freeman. Não é um filme de ação, o foco é o suspense.

A Sombra do Inimigo (Alex Cross, EUA / França. 2012) – Nota 5,5
Direção – Rob Cohen
Elenco – Tyler Perry, Edward Burns, Matthew Fox, Jean Reno, Carmen Ejogo, Cicely Tyson, Rachel Nichols, John C. McGinley, Werner Daehen.

Alguns filmes se mostram equivocados desde antes das filmagens. Este “A Sombra do Inimigo” é um exemplo. O personagem Alex Cross já havia sido interpretado por Morgan Freeman em dois filmes. Os suspenses “Beijos que Matam” e “Na Teia da Aranha” eram filmes interessantes, nada mais do que isso. Os produtores decidiram ressuscitar o personagem neste prequel e ao invés de criar um suspense, preferiram dar ênfase às cenas de ação. 

Aqui Cross (Tyler Perry) está trabalhando como policial em Detroit, pouco tempo antes de entrar para o FBI. Ao investigar o assassinato de um empresário, Cross e seu parceiro Thomas Kane (Edward Burns) cruzam o caminho de um violento e inteligente ex-militar (Matthew Fox), que aparentemente tem outros alvos, entre eles um magnata francês (Jean Reno). 

A trama é toda voltada para a caçada dos policiais, situação comum aos filmes do gênero, mas infelizmente pouca coisa se salva no geral. As reviravoltas do roteiro são puro clichê, inclusive o final forçado. A história parece um episódio de seriado policial. O elenco também é sofrível. Tyler Perry é um ator de seriados que não convence como protagonista e Matthew Fox cria um exagerado vilão, totalmente canastrão. Uma ou outra cena de ação se mostra interessante, o que é pouco. 

sábado, 25 de julho de 2015

Carta Selvagem

Carta Selvagem (Wild Card, EUA, 2015) – Nota 5
Direção – Simon West
Elenco – Jason Statham, Michael Angarano, Dominik Garcia Lorido, Hope Davis, Milo Ventimiglia, Anne Heche, Max Casella, Stanley Tucci, Sofia Vergara.

Las Vegas, véspera de Natal. Nick Wild (Jason Statham) é um ex-militar que trabalha como segurança particular e que sonha em ganhar dinheiro suficiente para passar cinco anos nos mares da Córsega.

Ao mesmo tempo em que é contratado por um jovem solitário (Michael Angarano) para acompanhá-lo aos cassinos da cidade, Nick é procurado por uma ex-namorada (Dominik Garcia Lorido), que é prostituta e que foi espancada por um valentão e seus capangas. A jovem deseja vingança, o que o relutante Nick acaba aceitando, mesmo descobrindo que o agressor é um perigoso gângster. 

Por mais que Jason Statham seja um craque em pancadaria e o filme tenha cenas criativas e violentas de brigas, pouca coisa se salva nesta trama fraca e requentada sobre o submundo de Las Vegas. 

A motivação do personagem principal e seu vício em jogos são puro clichê, assim como os coadjuvantes caricatos e os cenários cafonas dos cassinos. O personagem de Michael Angarano parece perdido na trama, com uma explicação sem sentido para ter procurado ajuda do protagonista. 

É um verdadeiro desperdício de tempo, mesmo para o espectador que gosta do estilo do ator e de filmes de ação. 

Como curiosidade, o título nacional também é ridículo. O “Wild Card” é um trocadilho que mistura o nome do protagonista com um cartão de crédito que ele utiliza como arma durante uma cena.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Quando os Jovens se Tornam Adultos

Quando os Jovens se Tornam Adultos (Diner, EUA, 1982) – Nota 7,5
Direção – Barry Levinson
Elenco – Mickey Rourke, Steve Guttenberg, Daniel Stern, Tim Daly, Kevin Bacon, Paul Reiser, Ellen Barkin, Michael Tucker, Kathryn Dowling.

Baltimore, Natal de 1959. Um grupo de jovens amigos que se reúne diariamente em uma lanchonete, se prepara para o casamento de Eddie (Steve Guttenberg). Nos poucos dias que antecedem a cerimônia, cada um precisa lidar com seus problemas. 

Boogie (Mickey Rourke) deve dois mil dólares a um bookmaker, Billy (Tim Daly) retornou a cidade para o casamento e também para reencontrar um velho amor, Shrevie (Daniel Stern) passa por uma crise no casamento com Beth (Ellen Barkin), enquanto Fenwick (Kevin Bacon) e Modell (Paul Reiser) se deixam levar pela vida. 

Este simpático longa foi a estreia do diretor Barry Levinson no cinema. Levinson nasceu em Baltimore e vários de seus filmes são ambientados na cidade (“Avalon”, “Os Rivais”, “Ruas da Liberdade”), sempre retratada com carinho pelo diretor. 

Este filme é o que chega mais próxima de uma autobiografia, com o diretor utilizando suas lembranças de juventude para criar uma história sobre amadurecimento e amizade. 

Além da história, o destaque aqui fica para o elenco de jovens promessas que se tornariam realidade nos trabalhos seguintes. Mickey Rourke, Kevin Bacon e Ellen Barkin construíram boas carreiras e mesmo com altos e baixos, ainda estão na ativa com algum destaque. Paul Reiser (“Mad About You”) e Tim Daly (“Wings”) foram astros de seriados nos anos noventa, enquanto Steve Guttenberg (“Loucademia de Polícia”) e Daniel Stern (“Esqueceram de Mim”) tiveram alguns bons papéis no cinema nos anos oitenta e início dos noventa. 

É um filme que lembra o clássico “American Griffith” de George Lucas.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Até a Eternidade

Até a Eternidade (Les Petits Mouchoirs, França, 2010) – Nota 7,5
Direção – Guillaume Canet
Elenco – François Cluzet, Marion Cotillard, Benoit Magimel, Gilles Lellouche, Jean Dujardin, Laurent Lafitte, Valérie Bonneton, Pascale Arbillot, Anne Marivin, Louise Monot.

Na sequência inicial, a câmera segue Ludo (Jean Dujardin) dentro de uma casa noturna. O sujeito mexe com algumas garotas, conversa com um amigo e se mostra extremamente agitado por causa das drogas e da bebida. De repente ele fica quieto, se despede do amigo e sai do local. Vemos que é início da manhã. Ele acende um cigarro, sobe em sua moto e poucos metros depois é violentamente atropelado. 

A câmera corta para o hospital, onde várias pessoas se encontram na sala de espera. Rapidamente descobrimos que é um grupo de amigos de Ludo. Eles entram na UTI e se assustam com a aparência do amigo. Mesmo assim, ao sair do hospital, eles decidem manter a viagem de férias para o litoral francês, sem o amigo ferido, é claro. A partir daí, aos poucos o espectador conhecerá cada um dos personagens, suas virtudes, seus defeitos e as várias mentiras que contam para manter as aparências de uma vida normal. 

O roteiro escrito pelo ator e diretor Guillaume Canet lembra em parte “O Reencontro” que Lawrence Kasdan dirigiu nos anos oitenta. Naquele filme, um grupo de amigos da universidade se reencontravam após alguns anos para o funeral de um colega, sendo que aqui, as férias na praia são um encontro anual que se torna mais complicado por causa do acidente. 

O desenvolvimento dos personagens é um dos pontos altos. François Cluzet faz o líder do grupo, sujeito com boa vida financeira, mas que sofre por ser exigente e mal humorado. Benoit Magimel faz o jovem casado, pai de três filhos, que ao contar um segredo para o personagem de Cluzet, dá início a um conflito silencioso. Marion Cotillard é a ex-esposa do acidentado, que não consegue manter os relacionamentos. Temos ainda o solteirão irresponsável de Gilles Lellouche e o apaixonado que sofre por ter sido abandonado interpretado por Laurent Lafitte. 

É uma boa opção para quem gosta de dramas sobre amizade e relacionamento. 

Como curiosidade, a tradução literal do título original seria “Mentirinhas”. 

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Jogo Duplo

Jogo Duplo (Focus, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Glenn Ficarra & John Requa
Elenco – Will Smith, Margot Robbie, Adrian Martinez, Gerald McRaney, Rodrigo Santoro, BD Wong, Brennan Brown, Robert Taylor.

Nicky (Will Smith) é um vigarista profissional que “recruta” a batedora de carteiras Jess (Margot Robbie) para participar de seu “grupo de trabalho”. Ao lado de Horst (Brennan Brown) e do hacker Farhad (Adrian Martinez), Nick comanda uma rede de ladrões especializados em pequenos roubos durante grandes eventos. A premissa é esta, o restante da trama precisa ser descoberta pelo espectador, mesmo sendo um filme bastante irregular.

O melhor do filme é a primeira parte que se passa durante um fictício Super Bowl em New Orleans, principalmente a sequência dentro do camarote com o personagem do milionário chinês interpretado por BD Wong. 

Infelizmente, na segunda parte a história vai por água abaixo. A trama pula três anos e segue para Buenos Aires durante os preparativos para uma corrida de Fórmula Um. As reviravoltas desta parte final são forçadas, assim como a própria história de espionagem industrial. 

As cenas românticas entre Will Smith e Margot Robbie também não convencem, sem contar um canastrão Rodrigo Santoro interpretando um empresário argentino corrupto. 

É uma pena, sozinha, a divertida primeira parte é pouco para resultar em um bom filme.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Robin Hood - Quatro Versões

O ladrão Robin Hood é um dos personagens que mais foi explorado na história do cinema. São várias versões, inclusive uma comédia maluca de Mel Brooks e tendo como a mais recente um longa de Ridley Scott produzido em 2010 (clique aqui para ler a resenha).

Nesta postagem, comento quatro versões sobre a vida do personagem.

Robin Hood – O Príncipe dos Ladrões (Robin Hood: Prince of Thieves, EUA, 1991) – Nota 7,5
Direção – Kevin Reynolds
Elenco – Kevin Costner, Morgan Freeman, Mary Elizabeth Mastrantonio, Christian Slater, Alan Rickman, Brian Blessed, Michael Wincott, Geraldine McEwan, Michael McShane, Nick Brimble, Sean Connery.

Após voltar das Cruzadas, Robin de Locksley (Kevin Costner) descobre que seu pai foi assassinado e suas terras roubadas. Perseguido pelo xerife de Nothingham (Alan Rickman), Robin e seu amigo Azeem (Morgan Freeman), um mouro que lhe deve a vida, fogem para a floresta onde se unem a um bando de ladrões que lutam contra o exército e o xerife. Em meio à luta, Robin se casa com a bela Marian (Mary Elizabeth Mastrantonio). 

Depois do clássico “As Aventuras de Robin Hood” de Michael Curtiz, esta é a melhor versão da história do personagem para o cinema. Filmado quase como uma obra pop, repleto de cenas de ação competentes, um bom elenco e um roteiro bem amarrado, além de uma gigantesca campanha publicitária, o longa foi um grande sucesso de bilheteria. O grande investimento rendeu exageros, como a famosa cena da flecha cortando uma árvore, que foi filmada apenas para o trailer e a participação de um minuto de Sean Connery, que dizem ter cobrado um cachê de um milhão de dólares. 

A presença do astro Kevin Costner no auge da carreira foi outro ponto que ajudou no sucesso do longa. Costner vinha de uma incrível sequência de grandes bilheterias: “Os Intocáveis”, “Sem Saída”, “Sorte no Amor”, “O Campo dos Sonhos” e o premiado “Dança com Lobos” o transformaram no grande astro da época. 

Robin Hood – O Herói dos Ladrões (Robin Hood, EUA, 1991) – Nota 7
Direção – John Irvin
Elenco – Patrick Bergin, Uma Thurman, Jurgen Prochnow, Jeroen Krabbé, Edward Fox, David Morrissey.

O saxão Robert Hode (Patrick Bergin) é um dono de terras que ao defender um pobre camponês, entra em conflito com dois normandos, Sir Folcanet (Jurgen Prochnow) e o Barão Daguerre (Jeroen Krabbé), que confisca suas terras e manda seus soldados prendê-lo. Robert foge para a floresta e se une a outros excluídos, que juntos começam a roubar os ricos par ajudar os pobres, se tornando um lenda entre o povo que o batiza de Robin Hood. 

Sua fama se transforma em ameaça para o Príncipe John (Edward Fox), que comanda o reino enquanto o Rei Ricardo Coração de Leão está lutando nas Cruzadas. Robin Hood ainda rouba o coração de Lady Marian (Uma Thurman), que é noiva de Folcanet e sobrinha de Daguerre. 

Produzido em paralelo com o Robin Hood de Kevin Costner, este bom filme naufragou nas bilheterias, sendo um exemplo de falta de timing dos produtores. Enquanto o filme de Costner era um blockbuster, este longa apresentava um enfoque mais forte sobre vida de Robin Hood, criando um herói um pouco mais bruto e uma Lady Marian muito mais forte do que as versões puritanas da personagem em outros filmes. 

O protagonista Patrick Bergin sempre foi um grande canastrão, mas na época estava no auge da carreira e seu desempenho chega a ser interessante, assim como as atuações do restante do elenco internacional.   

Robin e Marian (Robin and Marian, EUA, 1976) – Nota 6
Direção – Richard Lester
Elenco – Sean Connery, Audrey Hepburn, Robert Shaw, Nicol Williamson, Richard Harris, Denholm Elliott, Ian Holm.

Muitos anos após os acontecimentos da história original, Robin Hood (Sean Connery) e seu amigo Little John (Nicol Williamson) retornam para a floresta de Sherwood e reencontram Lady Marian (Audrey Hepburn), agora vivendo como freira em um convento. O retorno de Robin faz renascer o ódio do xerife de Nothingham (Robert Shaw), que para tentar capturar o inimigo, decide prender Lady Marian e utilizá-la como isca. 

Esta releitura da história de Robin Hood tem como pontos positivos a originalidade do enfoque e o elenco repleto de grandes atores britânicos, além da bela Audrey Hepburn, que na época estava há nove anos longe do cinema. Audrey ainda faria mais quatro filmes antes de falecer em 1993. 

O filme tem um ritmo irregular e algumas cenas de ação que não empolgam. Vale apenas como curiosidade. 

O Filho de Robin Hood (The Bandit of Sherwood Forest, EUA, 1946) – Nota 6,5
Direção – George Sherman & Henry Levin
Elenco – Cornel Wilde, Anita Louise, Jill Esmond, Edgar Buchanan, Henry Daniell.

Quando William de Pembroke (Henry Daniell), príncipe regente da Inglaterra, decreta a prisão da família real, a rainha (Jill Esmond) e sua filha, a princesa Catherine (Anita Louise), conseguem fugir para a floresta de Sherwood, onde procuram ajuda com Robert de Nothingham (Cornel Wilde), filho do lendário Robin Hood, para tentar salvar o rei que está preso na masmorra do castelo. 

Esta produção B modifica a história de Robin Hood, criando um filho do personagem para combater as injustiças no reino. As cenas de ação são interessantes, com as tradicionais brigas de capa e espada e muito correria. 

O canastrão Cornel Wilde protagonizou vários filmes B de ação até os anos sessenta, tendo seu papel mais importante no clássico “O Maior Espetáculo da Terra” dirigido por Cecil B. De Mille.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Cada Dia Uma Vida Inteira

Cada Dia Uma Vida Inteira (Brasil, 2014) – Nota 7
Direção – Cris Azzi
Elenco – Odilon Esteves, Sara Antunes, Cynthia Falabella, Inês Peixoto, Ludmilla Ramalho.

Rafael (Odilon Esteves) e Carol (Sara Antunes) moram juntos e estão se preparando para oficializar o casamento. Poucos dias antes da cerimônia, o casal terá suas respectivas despedidas de solteiro. Enquanto Rafael irá para uma festa no apartamento de um amigo, Carol e suas amigas farão uma noitada em uma boate ao estilo clube das mulheres. O que eles não imaginam é que os acontecimentos daquela noite mudarão completamente sua relação. 

Com um baixo orçamento e alguma criatividade no roteiro, o diretor Cris Azzi entrega um simpático drama sobre relacionamento. O roteiro enfoca as dúvidas antes do casamento. Eles se amam, mas precisam superar a desconfiança, as mentiras e até mesmo o medo de se entregar totalmente ao parceiro. 

É interessante a forma como Azzi desenvolve seus personagens através de atitudes que são “clichês” dos homens e das mulheres em momentos de crise. Enquanto Carol reluta em contar a verdade para o noivo, seja ela qual for, Rafael decide reencontrar suas ex-parceiras para uma última transa antes de casar. 

Vale destacar ainda as várias cenas e diálogos recheados de sexo, tudo muito próximo da realidade. 

domingo, 19 de julho de 2015

Wolverine: Imortal

Wolverine: Imortal (The Wolverine, Inglaterra / EUA, 2013) – Nota 7
Direção – James Mangold
Elenco – Hugh Jackman, Tao Okamoto, Rila Fukushima, Hiroyuki Sanada, Svetlana Khodchenkova, Will Yun Lee, Brian Tee, Haruhiko Yamanouchi, Ken Yamamura, Jamke Janssen.

Nos dias atuais, Wolverine (Hugh Jackman) vive solitário nas florestas do Canadá, sofrendo pela morte de Jean Grey (Famke Janssen) e tentando renegar seu passado. Em um certo dia, Wolverine é procurado pela jovem japonesa Yukio (Rila Fukushima), que tem o poder de ver a morte das pessoas e que deseja levá-lo ao Japão para encontrar o velho milionário Yashida (Haruhiko Yamanouchi). 

Durante a Segunda Guerra, Wolverine salvou a vida do então oficial Yashida (Ken Yamamura na época), que agora deseja recompensá-lo pela dívida de vida. Ao chegar no Japão, Wolverine descobre que foi chamado por outro motivo, sendo obrigado ainda a se envolver numa violenta disputa de poder pelo controle das empresas da velho moribundo. 

Como já citei em outras postagens, não sou fã de quadrinhos, por isso minhas resenhas sobre este tipo de longa se baseiam apenas no filme. Neste caso, não sei se existe nos quadrinhos alguma aventura de Wolverine no Japão. Para quem assistiu apenas aos filmes, fica um pouco estranho ver o personagem em meio a uma cultura diferente como a japonesa. 

O filme tem boas cenas de ação, como todas as obras da franquia “X-Men”, alguns coadjuvantes interessantes como a vilã russa Svetlana Khodchenkova e o havaiano Will Yun Lee, além de a cada novo filme, o astro Hugh Jackman comprovar que é o sujeito perfeito para o personagem. 

Os problemas surgem no roteiro que insere um romance um pouco forçado, além da própria trama que parece não combinar com o estilo do personagem. 

Apesar de prender a atenção do espectador, o longa é um pouco inferior em relação a “X-Men Origens: Wolverine”, mesmo deixando um gancho para o ótimo “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, que foi lançado no ano seguinte.

sábado, 18 de julho de 2015

2019 - O Ano da Extinção

2019 – O Ano da Extinção (Daybreakers, Austrália / EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Michael & Peter Spierig
Elenco – Ethan Hawke, Willem Dafoe, Claudia Karvan, Sam Neill, Michael Dorman, Vince Colosimo, Isabel Lucas.

Estamos em 2019 e a quase totalidade da população se transformou em vampiro. O processo iniciado em 2009 por causa de um morcego infectado chegou ao seu limite. Os vampiros dominam o mundo, mas sofrem com a falta de sangue para sobreviver. Os humanos que se tornaram caças e foram utilizados como alimento pelos vampiros, hoje vivem em pequenos grupos que tentam se esconder de seus predadores. 

Neste contexto, o cientista Edward Dalton (Ethan Hawke) trabalha na tentativa de produzir sangue em laboratório, para acabar com a fome dos vampiros e por consequência frear a extinção dos humanos. Um acidente de automóvel coloca Edward em contato com Audrey (Claudia Karvan), uma humana que percebe a chance de conseguir ajuda. Ela vive com Lionel Cormac (Willem Dafoe), sujeito que se transformou em vampiro, mas que conseguiu reverter o processo após um determinado evento aleatório. Edward decide ajudar a dupla de fugitivos com a esperança de encontrar a cura, fato que o transforma em alvo do poderoso Charles Bromley (Sam Neill), presidente da corporação em que ele trabalha. 

A premissa de colocar vampiros dominando o mundo e caçando humanos é instigante, tendo certa inspiração no clássico “O Planeta dos Macacos”. A produção caprichada é um interessante contraste com o clima de filme B criado pelos irmãos Spierig. Os problemas surgem em algumas soluções do roteiro. A coincidência da situação que envolve a filha do personagem de Sam Neill e a sequência final de ação, são clichês que tiram pontos do filme. 

Não é uma longa ruim, tem certa originalidade na primeira parte da trama e criatividade na direção dos irmãos Spierig, que fariam na sequência um filme bem superior, o ótimo “O Predestinado”, também protagonizado por Ethan Hawke.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Hannibal - A Origem do Mal

Hannibal – A Origem do Mal (Hannibal Rising, Inglaterra / República Tcheca / França / Itália, 2007) – Nota 6,5
Direção – Peter Webber
Elenco – Gaspard Ulliel, Gong Li, Dominic West, Rhys Ifans, Richard Brake, Kevin McKidd, Aaran Thomas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, na região da Lituânia que pertencia a União Soviética, a aristocrata família Lecter tenta se esconder do conflito em sua casa de campo. A tentativa se mostra falha. Quando nazistas e aliados se enfrentam no local, quase todos que estão ali são assassinados, sobrevivendo apenas o filho pré-adolescente Hannibal (Aaran Thomas) e sua pequena irmã Mischa. Pouco tempo depois, um grupo colaboracionista local liderado por Grutas (Rhys Ifans) invade a casa e toma as crianças como refém, resultando numa terrível tragédia. 

Oito anos depois, o jovem Hannibal (Gaspard Ulliel) foge do orfanato em que foi criado após a guerra e segue para a França à procura do tio. Em Paris, Hannibal descobre que o tio faleceu, mas acaba adotado pela esposa do sujeito, a oriental Murasaki (Gong Li). Uma estranha relação nasce entre os dois, ao mesmo tempo em que Hannibal sofre com os traumas sofridos durante a guerra e amadurece sua vontade de vingança. 

O roteiro escrito pelo próprio Thomas Harris, criador do personagem Hannibal Lecter, tem como objetivo detalhar os fatos que se tornaram gatilhos para transformar o jovem em um psicopata canibal. As passagens do terrível sofrimento na infância explicam sua falta de empatia com o outro, enquanto a convivência com a tia mostra como nasceu seu gosto por vinhos, comidas finas e principalmente seu talento com objetos cortantes como facas e espadas. 

A trama é interessante, assim como a recriação de época nas sequências na gelada Lituânia e as passagens em Paris, porém alguns detalhes incomodam. A relação de Hannibal com o policial vivido por Dominic West é mal explorada e as interpretações de Gong Li e Gaspard Ulliel são fracas. O canastrão Ulliel faz caras, bocas e olhares que lembram um psicopata de filme adolescente, passando longe da fantástica composição de Anthony Hopkins. 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Um Crime Americano

Um Crime Americano (An American Crime, EUA, 2007) – Nota 7,5
Direção – Tommy O’Haver
Elenco – Catherine Keener, Ellen Page, James Franco, Ari Graynor, Hayley McFarland, Hannah Leigh, Brian Geraghty, Jeremy Sumpter, Scout Taylor Compton, Bradley Whitford, Evan Peters, Tristan Jarred, Michael O’Keefe, Nick Searcy, Romy Rosemont.    

Em meados de 1965, o casal Likens (Nick Searcy e Romy Rosemont) passa por uma crise e para tentar se reconciliar, decide viajar por algumas semanas com o circo onde trabalham sem levar as filhas. Sylvia (Ellen Page) e Jennie (Hayley McFarland), esta última que tem uma deficiência nas pernas causada pela poliomelite, são deixadas com Gertrude Baniszewski (Catherine Keener), uma mulher separada, que namora um jovem com metade de sua idade (James Franco) e que cuida sozinha de seis filhos, sendo quatro mulheres, um garoto e um bebê. 

A princípio, as filhas de Gertrude parecem gostar de Sylvia e Jennie, porém um determinado fato desencadeia o ódio em Paula (Ari Graynor), a irmã mais velha da família. Paula acusa Sylvia, que se torna alvo de Gertrude, que para defender a filha, decide punir a garota, dando início a uma inacreditável sequência de abusos físicos e psicológicos. 

Baseado em um terrível fato real, o roteiro deste longa foi escrito de acordo com os testemunhos colhidos no julgamento realizado no ano seguinte, em 1966, detalhando uma situação tão absurda que chega a ser quase surreal. 

As sequências de abuso são de virar o estômago, não por serem sangrentas ou algo do gênero, mas pela falta de humanidade dos envolvidos. A história é também um exemplo de como crianças e jovens podem ser manipulados por alguém que demonstre poder. 

Os desempenhos de Catherine Keener como a mãe desequilibrada e da jovem Ellen Page como a vítima que narra em off sua própria história, são os destaques do elenco.  

sábado, 11 de julho de 2015

Ecos na Escuridão & Harém


Ecos na Escuridão (Echoes in the Darkness, EUA, 1987) – Nota 8
Direção – Glenn Jordan
Elenco – Peter Coyote, Robert Loggia, Stockard Channing, Treat Williams, Peter Boyle, Gary Cole, Cindy Pickett, Zeljko Ivanek, Alex Hyde White, Philip Bosco.

Em 1979, a professora Susan Reinert (Stockard Channing) é encontrada morta no porta malas de seu carro, sem sinal de seus dois filhos pequenos, que estão desaparecidos. A investigação da polícia aponta para dois suspeitos. O carismático professor William Bradfield (Peter Coyote), que era amante da vítima e o diretor da escola Jay Smith (Robert Loggia), um ex-militar que teve filha e genro desaparecidos também. 

O roteiro do escritor e ex-policial Joseph Wambaugh é baseado em seu próprio livro que destrincha a investigação do caso real e do julgamento que duraram sete anos. Produzido em formato de minissérie, com quatro horas de duração, a obra intercala a atuação da polícia (Peter Boyle, Gary Cole, entre outros), com flashbacks que mostram a vida da professora e as atitudes duvidosas dos suspeitos. Por sinal, Peter Coyote tem provavelmente o melhor papel da carreira como o ardiloso professor.

Harém (Harem, EUA, 1986) – Nota 7
Direção – Billy Hale
Elenco – Nancy Travis, Art Malik, Omar Sharif, Sarah Miles, Yaphet Kotto, Julian Sands, Ava Gardner, Cherie Lung.

Durante a Era Vitoriana, a jovem inglesa Jessica (Nancy Travis) está na Arábia Saudita com seu pai esperando o noivo (Julian Sands) para se casar. Como o noivo está em uma missão diplomática, Jessica decide fazer uma passeio pela cidade e acaba sendo sequestrada por um beduíno (Art Malik). Ela é levada ao deserto e entregue a um sultão (Omar Sharif), em troca da liberdade de amigos do beduíno. Quando o noivo retorna ao país, inicia a busca por Jessica. Sem saber, o sujeito contrata como uma espécie de guia o mesmo beduíno que sequestrou e trocou sua noiva, que na verdade é um revolucionário que deseja enfrentar o exército do sultão. 

Esta trama novelesca é a base desta minissérie de três horas de duração, que explora disputas políticas, traições e aventuras no deserto. O roteiro ainda mostra a dificuldade da jovem em se adaptar como uma das esposas dos sultão e o ciúme que desperta nas demais esposas por causa de sua beleza. Apesar de ser cansativa em algumas partes por causa da duração, a minissérie tem uma boa história e interessantes cenas de ação no deserto.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A Chave da Liberdade & O Último Lance


A Chave da Liberdade (Box of Moonlight, EUA / Japão, 1996) – Nota 7
Direção – Tom DiCillo
Elenco – John Turturro, Sam Rockwell, Catherine Keener, Lisa Blount, Annie Corley, Dermot Mulroney.

Al Fountain (John Turturro) é um engenheiro solitário que está trabalhando em uma obra numa pequena cidade. Quando a obra é suspensa, Al percebe que sua vida não tem sentido e que ela está voltada apenas para o trabalho. Ele resolve alugar um carro e seguir para uma região onde passou férias quando criança, tentando reencontrar a felicidade que ficou na infância. Durante a viagem, Al cruza o caminho de um sujeito conhecido como “The Kid” (Sam Rockwell), um jovem que é o seu oposto. Como um espírito livre que não se amarra em responsabilidade, Kid ajudará a transformar a vida de Al.

Basicamente é um filme sobre descoberta interior, daqueles em que o personagem principal aprende a rever seus conceitos e atitudes, mesmo que tenha de sofrer para mudar. Os destaques ficam para a dupla principal e para a atriz Catheriner Keener, que também tem um papel importante na jornada do protagonista.

O diretor Tom DiCillo recebeu muitas críticas positivas quando lançou o interessante drama “Vivendo no Abandono” no ano anterior a este “A Chave da Liberdade”, porém, seus filmes posteriores não tiveram a mesma recepção. Nos últimos dez anos, DiCillo voltou sua carreira para direção de séries de tv.

O Último Lance (The Luzhin Defence, Inglaterra / França, 2000) – Nota 6,5
Direção – Marleen Gorris
Elenco – John Turturro, Emily Watson, Geraldine James, Stuart Wilson, Christopher Thompson, Fabio Sartor, Peter Blythe.

Década de 1920, Itália. Aleksandr “Sascha” Luzhin (John Turturro) é um gênio do xadrez que está no país para a disputa de um campeonato. Sascha foi abandonado por seu tutor (Stuart Wilson), que sabe que o pupilo tende a falhar quando está sob pressão. Sascha também apresenta uma enorme dificuldade em lidar com o mundo real. Desde criança, ele vive recluso no mundo do xadrez, principalmente para se afastar dos problemas de seus pais. Quando ele conhece a bela socialite Natalia (Emily Watson), tudo muda. A moça, que está prometida em casamento para um conde, se apaixona pela inteligente do enxadrista, enquanto ele precisa aprender a lidar com a situação.

Baseado em um livro de Vladimir Nabokov, escritor de “Lolita”, este longa dirigido pela holandesa Marleen Gorris, Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por “A Excêntrica Família de Antonia”, é um interessante drama sobre a inadequação de um personagem complexo em viver no mundo da elite.

Não é um grande filme, mas vale pela curiosidade de ser um dos poucos trabalhos da diretora Gorris, que utiliza um estilo peculiar de narrativa, além da boa composição de personagem de John Turturro.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Slacker

Slacker (Slacker, EUA, 1991) – Nota 7,5
Direção – Richard Linklater
Elenco – Richard Linklater

Durante vinte e quatro horas, a câmera do diretor Richard Linklater capta pelas ruas de Austin, no Texas, pequenas situações cotidianas de diversos personagens que se cruzam. 

O longa começa com o próprio Linklater chegando na rodoviária da cidade, entrando em um táxi e falando sem parar sobre variados assuntos para um motorista impassível, que não abre a boca. Este é um dos pontos principais do filme, a falta de comunicação entre as pessoas, ou melhor, a falta de interesse em ouvir o que o outro está falando. 

Vale lembrar que o filme foi produzido numa época anterior à internet e ao telefone celular, em que as notícias e os boatos corriam de boca a boca, criando lendas e que as pessoas precisavam conversar frente a frente, o que teoricamente faria a comunicação ser mais fácil, mas que a realidade mostrada aqui comprova ser o contrário. 

Entre as várias situações, as que mais se destacam são a do sujeito adepto de teorias conspiratórias, o velho contador de histórias e mentiras, o rapaz que deixou cartões postais para se despedir, o assassino da mãe e o sinistro papanicolau da Madonna. 

Linklater já mostrava seu talento para escrever diálogos que filosofam sobre a vida, por sinal, a quantidade de diálogos é gigantesca, além do hábito em filmar planos sequências nas ruas, com sua câmera seguindo personagens que estão conversando e andando. 

É um interessante exercício de cinema, indicado para os fãs do diretor.  

terça-feira, 7 de julho de 2015

O Mundo de Leland

O Mundo de Leland (The United States of Leland, EUA, 2003) – Nota 7,5
Direção – Matthew Ryan Hoge
Elenco – Don Cheadle, Ryan Gosling, Jena Malone, Chris Klein, Lena Olin, Kevin Spacey, Michelle Williams, Martin Donovan, Ann Magnuson, Kerry Washington, Sherilyn Fenn, Matt Malloy, Michael, Peña, Wesley Jonathan, Michael Welch.

O adolescente Leland (Ryan Gosling) é preso após assassinar um garoto deficiente, aparentemente sem motivo algum. Leland é enviado a um reformatório e parece não se importar com o que ocorreu ou com a consequência do crime em sua vida. 

Seu estilo peculiar de ver o mundo, chama a atenção do professor Pearl (Don Cheadle), responsável por ministrar aulas a um grupo de jovens que cumpre pena. Curioso e sonhando com uma carreira de escritor, Pearl inicia uma série de conversas com Leland, que aos poucos faz o professor questionar suas próprias atitudes. 

Este interessantíssimo longa produzido por Kevin Spacey, foi uma grande surpresa que descobri por acaso. A sensibilidade da história, apoiada na narração em off do personagem de Ryan Gosling e a simplicidade com que o diretor faz seus enquadramentos, sempre focando nos sentimentos dos personagens, são os grandes trunfos do longa. 

O diretor ainda utiliza flashbacks intercalados com as entrevistas entre os personagens de Gosling e Cheadle para explicar determinadas situações, explicitar contradições e até mesmo a forma como cada personagem encara o mesmo fato.

Por sinal, o crime é um espécie de estopim que gera consequências para vários personagens, o que faz com que os coadjuvantes se tornem importantes no desenrolar da trama. Vale destacar Jena Malone como a namorada de Leland, Kevin Spacey como o pai ausente que é escritor e até um competente Chris Klein, que se torna peça chave no final da trama. 

É um desperdício de talento constatar que o diretor Matthew Ryan Hoge tenha este como único longa no currículo. Ele fez um filme anterior que aparentemente é amador, um documentário e nada mais. 

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Amanhecer Violento (1984 & 2012)


Amanhecer Violento (Red Dawn, EUA, 1984) – Nota 7
Direção – John Milius
Elenco – Patrick Swayze, Charlie Sheen, C. Thomas Howell, Lea Thompson, Jennifer Gray, Ron O'Neal, Powers Boothe, Ben Johnson, Harry Dean Stanton, Darren Dalton, Brad Savage, William Smith, Frank McRae.

Antes dos créditos, um prólogo informa que a União Soviética está em crise, Cuba e Nicarágua reuniram um grande exército, o México sofre uma revolução, a OTAN foi dissolvida e os Estados Unidos estão sozinhos. Em seguida, a ação começa num colégio de uma pequena cidade do Colorado, onde paraquedistas soviéticos surgem do nada metralhando alunos e professores. Apenas oito alunos conseguem escapar e fogem para as montanhas carregando rifles de caça, pistolas e arcos e flechas, após descobrirem que os Estados Unidos estão sendo invadidos por soviéticos e cubanos. A partir daí, o grupo terá de sobreviver em meio a natureza e ainda enfrentar os invasores.

Esta absurda história saiu de um roteiro do próprio diretor John Milius e de Kevin Reynolds, que comandaria “Robin Hood – O Princípe dos Ladrões” e o ótimo “A Fera da Guerra”. Mesmo com a “Guerra Fria” praticamente terminada na época, Milius se baseou no medo americano do comunismo como ponto principal, situação que ainda era comum nos tempos do governo Reagan e que resultou em outros filmes como “Rambo II – A Missão”.

Além de diretor, Milius é famoso por ser co-roteirista de “Apocalipse Now” e conhecido por filmes de ação protagonizados por personagens durões. Milius também é militante da controvertida “Associação Nacional do Rifle”, ou seja, um sujeito completamente de direita que confirma isto em seus filmes, seja como diretor ou roteirista.

De tão absurdo, o filme se torna legal pelas ótimas cenas de ação ao estilo anos oitenta e cult em virtude do elenco recheado de jovens astros da época. Além do falecido Patrick Swayze e de Charlie Sheen, C. Thomas Howell foi astro de filmes como “Uma Escola Muito Louca” e do ótimo “A Morte Pede Carona”, Jennifer Grey ficou famosa com “Dirty Dancing” fazendo par com Swayze e Lea Thompson foi a mãe de Michael J. Fox em “De Volta Para o Futuro”.

Amanhecer Violento (Red Dawn, EUA, 2012) – Nota 4
Direção – Dan Bradley
Elenco – Chris Hemsworth, Josh Peck, Josh Hutcherson, Will Yun Lee, Adrianne Palicki, Isabel Lucas, Connor Cruise, Edwin Hodge, Brett Cullen, Michael Beach, Jeffrey Dean Morgan, Kenneth Choi, Matt Gerald.

Numa determinada manhã, a cidade Spokane é invadida pelo exército norte coreano que tem o objetivo de implantar uma ditadura comunista nos Estados Unidos. Um grupo de jovens liderados por Jed (Chris Hemsworth), um fuzileiro que está de folga, consegue fugir para as montanhas e criar uma espécie de grupo paramilitar para enfrentar os invasores. 

Quando produzido nos anos oitenta, o longa original escrito por John Milius e Kevin Reynolds foi acusado de paranoico, fascista e reacionário, por sinal, palavras que estamos ouvindo muito nos dias atuais. A diferença em relação a esta refilmagem equivocada está em vários fatores. 

Mesmo com a Guerra Fria estando no final naquela época, colocar soviéticos e cubanos como inimigos invadindo a América era uma aposta curiosa como obra de ficção e tinha até algum sentido, pois a União Soviética era considerada uma potência militar, mesmo que na realidade o país estivesse começando a se desmontar e Cuba está localizada ao lado dos Estados Unidos. Outro ponto interessante, foi a escolha do elenco recheado de atores jovens em ascensão, fato que citei na resenha acima. 

Praticamente nada se salva nesta refilmagem. Sem ter um inimigo de peso como a antiga União Soviética, os gênios do roteiro escolheram a Coréia do Norte, que mesmo declarando ódio a América, imaginar uma invasão é uma piada, mesmo como ficção. O roteiro também apresenta diálogos primários sobre luta, família e patriotismo. 

A direção de Dan Bradley é horrorosa, o sujeito é um veterano coordenador de dublês, que mesmo tendo muito experiência com cenas de ação, erra feio nestas sequências, utilizando uma câmera “nervosa”, como se estivéssemos assistindo ao filme dentro de um caminhão em uma estrada esburacada. 

Para finalizar, o elenco é péssimo. Apenas o astro Chris Hemsworth tenta colocar um pouco de dignidade em sua interpretação, mesmo que ele não tenha grande talento. Até bons atores como Jeffrey Dean Morgan e havaiano Will Yun Lee são desperdiçados em papéis ruins. O restante do elenco principal é digno de produções amadoras.

Tenho uma teoria também um pouco maluca, acredito que uma trama sobre os Estados Unidos sendo invadido por um inimigo, seria mais interessante em formato de seriado, algo como a série “Jericho” tentou, mas que infelizmente foi abortada ao final da primeira temporada.

domingo, 5 de julho de 2015

Amor Bandido

Amor Bandido (Mud, EUA, 2012) – Nota 8
Direção – Jeff Nichols
Elenco – Matthew McConaughey, Tye Sheridan, Jacob Lofland, Sam Shepard, Reese Witherspoon, Ray McKinnon, Sarah Paulson, Michael Shannon, Paul Sparks, Bonnie Sturdivant, Joe Don Baker.

Numa pequena cidade do Arkansas, os garotos Ellis (Tye Sheridan) e Neckbone (Jacob Lofland) atravessam o rio até uma ilha isolada à procura de um barco que está escondido no meio das árvores. Ao chegar na ilha, os garotos encontram Mud (Matthew McConaughey), um sujeito estranho que diz estar esperando por alguém há alguns dias. 

Mud, que está usando o barco como casa, faz um acordo com os garotos. Se eles trouxerem comida, após alguns dias ele dará o barco como pagamento. Os dois garotos aceitam o acordo e passam a ajudá-lo, mesmo descobrindo em pouco tempo, que ele está sendo procurado pela polícia. 

O diretor e roteirista Jeff Nichols, do interessante “O Abrigo”, consegue mesclar com talento drama, policial e amor no mesmo roteiro, que foca ainda nas frustrações e descobertas da adolescência. 

A trama é valorizada pelas ótimas interpretações de Matthew McConaughey e dos garotos Jacob Lofland e Tye Sheridan, este último que já havia demonstrado talento em “A Árvore da Vida” e “Joe”. 

A relação de amizade criada entre eles é uma espécie de espelho entre passado e futuro. O personagem de McConaughey vê nos garotos um pouco dele mesmo quando criança, enquanto os meninos terão de aprender a enfrentar a vida ao analisar os erros que o novo amigo cometeu. 

Vale destacar ainda os importantes papéis de Sam Shepard e Reese Witherspoon e o belo cenário do Rio Mississipi, explorado como se fosse um personagem. 

sábado, 4 de julho de 2015

Dívida de Honra

Dívida de Honra (The Homesman, França / EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Tommy Lee Jones
Elenco – Tommy Lee Jones, Hilary Swank, Grace Gummer, Miranda Otto, Sonja Richter, John Lithgow, Barry Corbin, William Fichtner, David Dencik, Jesse Plemmons, Evan Jones, Tim Blake Nelson, James Spader, Meryl Streep.

Durante a colonização do oeste americano, em um pequeno povoado, três mulheres enlouquecem ao mesmo tempo. Uma após perder os três filhos mortos pelo tifo, a segunda uma norueguesa que sofre pela morte da mãe e a terceira assassina o próprio bebê após os animais de sua fazenda morrerem. 

Os três maridos se reúnem com o pastor (John Lithgow) e decidem enviar suas esposas de volta para o leste aos cuidados de uma igreja. O problema é que os três homens se negam a levar as mulheres. A complicada tarefa é abraçada pela solteirona Mary Bee Cuddy (Hilary Swank), que vive sozinha em um rancho. Antes de iniciar a viagem, Mary Bee salva um desconhecido (Tommy Lee Jones) que está prestes a ser enforcado, em troca de que o homem a acompanhe na viagem. O sujeito chamado George aceita e juntos com as três mulheres seguem viagem pelo deserto, enfrentando perigos como bandidos e índios. 

O diretor e ator Tommy Lee Jones escreveu o roteiro baseado em um livro sobre a colonização americana que tinha como foco o papel da mulher neste duro cenário. As mulheres eram vistas apenas como procriadoras e cuidadoras da casa, sendo que muitas migraram do leste para o oeste com os maridos em busca de uma vida melhor e terminaram por enfrentar solidão, pobreza, doenças e violência. Quando uma mulher mais forte se destacava, como a personagem de Hilary Swank, era vista com desconfiança e afastava os homens comuns que queriam casar com uma submissa. 

O contexto é interessante, o problema está na narrativa arrastada que deixa a impressão de que a história não avança. Algumas situações também são bizarras, como a forma com que a dupla precisa tratar as mulheres malucas, além da surpresa que ocorre antes da meia-hora final. 

É um filme indicado para um público específico que tenha curiosidade pelo tema.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Comédias Anos 90 - Parte I - Críticas Rápidas

Encurralados no Paraíso (Trapped in Paradise, EUA, 1994) – Nota 5
Direção – George Gallo
Elenco – Nicolas Cage, Jon Lovitz, Dana Carvey, Madchen Amick, Richard Jenkins, John Ashton, Donald Moffat, Florence Stanley, Angela Paton, Sean O’Bryan, Vic Manni, Frank Pesce.

Após saírem da cadeia, os irmãos Dave (Jon Lovitz) e Alvin Firpo (Dana Carvey) convencem seu outro irmão Bill (Nicolas Cage) para levá-los até uma cidadezinha chamada Paradise, onde teriam de entregar uma carta para a filha de um prisioneiro que era amigo deles. Na verdade, o objetivo dos dois irmãos é assaltar o banco da pequena cidade com a ajuda de Bill. O que eles não imaginavam seria a dificuldade em fugir da cidade após o assalto. A premissa é divertida, lembra um pouco o superior “Não Tenho Troco” com Bill Murray, porém o filme falha nas péssimas piadas e nas situações ridículas, com soluções ingênuas e sem graça. Na época, Jon Lovitz e Dana Carvey eram comediantes famosos e Nicolas Cage ainda tentava se firmar como astro.

Memória Curta (Clean Slate, EUA, 1994) – Nota 5
Direção – Mick Jackson
Elenco – Dana Carvey, Valéria Golino, James Earl Jones, Kevin Pollak, Michael Murphy, Michael Gambon, Olivia D'Abo, Jayne Brook, Angela Paton.

Um detetive particular (Dana Carvey), todos os dias ao acordar, não lembra nada de sua vida. Aos poucos, o espectador descobre que o sujeito investiga um caso de assassinato ligado a Máfia e que uma bela jovem (Valeria Golino) pode estar envolvida. O roteiro tenta pegar carona no ótimo “Feitiço do Tempo”, que havia feito sucesso no ano anterior, ao tentar fazer graça com a repetição de situações e nas falhas de memória do protagonista. Dana Carvey era famoso pelo filme “Quanto Mais Idiota Melhor” em parceria com Mike Myers e aqui tentava alavancar sua carreira solo, porém o resultado foi um grande fracasso.

É Pura Sorte (Pure Luck, EUA, 1991) – Nota 6
Direção – Nadia Tass
Elenco – Martin Short, Danny Glover, Sheila Kelley, Sam Wanamaker, Scott Wilson, Harry Shearer.

A filha de um milionário (Sheila Kelley) desaparece em uma viagem ao México. A jovem é considerada desastrada e azarada pelo próprio pai (o falecido Sam Wanamaker), que para procurá-la, contrata um detetive particular (Danny Glover) que apresenta uma estranha teoria. Ele acredita que para encontrar uma pessoa azarada, seria necessário utilizar outra pessoa também azarada. Em um teste idiota feito na empresa do milionário, o detetive aponta um confuso funcionário (Martin Short) como sujeito ideal para acompanhá-lo na busca. A maluca premissa e vários absurdos rendem algumas boas risadas durante a viagem da dupla. Na época, Martin Short estava no auge após os sucessos de “Viagem Insólita” e “Os Três Fugitivos”.

Segurança Nacional (National Security, EUA, 2003) – Nota 5,5
Direção – Dennis Dugan
Elenco – Martin Lawrence, Steve Zahn, Colm Feore, Bill Duke, Eric Roberts, Timothy Busfield, Robinee Lee, Matt McCoy, Brett Cullen, Stephen Tobolowsky.

Um policial (Steve Zahn) que perdeu o parceiro e um sujeito (Martin Lawrence) que foi rejeitado pela polícia, por engano criam uma confusão que termina na prisão do policial. Alguns meses depois, o ex-policial sai da cadeia e consegue emprego em uma empresa de segurança, local onde também trabalha o sujeito que causou sua prisão. O ódio inicial é deixado de lado quando eles descobrem um esquema de roubo dentro da empresa e percebem na situação a chance de ser tornarem heróis. Típica comédia de ação comum a carreira de Martin Lawrence, com muitas discussões, correrias e brigas, nada mais que isso.   

Uma Noiva e Tanto (So I Married an Axe Murderer, EUA, 1993) – Nota 5,5
Direção – Thomas Schlamme
Elenco – Mike Myers, Nancy Travis, Anthony LaPaglia, Amanda Plummer, Brenda Fricker, Phil Hartman, Charles Grodin, Alan Arkin, Debi Mazar, Michael Richards.

Charlie (Mike Myers) sempre se apaixonou pelas mulheres erradas, até encontrar a bela e inteligente Harriet (Nancy Travis), com quem está prestes a se casar. O sonho do casamento se transforma em pesadelo quando Charlie começa a desconfiar que sua noiva é na verdade uma serial killer conhecida como “a assassina do machado” que matou vários maridos. Em alguns momentos, o roteiro consegue tirar risadas do espectador explorando o medo do personagem de Myers e na participação de coadjuvantes como as estranhas Amanda Plummer e Brenda Fricker, além dos comediantes Phil Hartman e Charles Grodin. No final, o longa não convence como comédia e como romance falta química ao casal principal.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Oblivion

Oblivion (Oblivion, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Joseph Kosinski
Elenco – Tom Cruise, Olga Kurylenko, Morgan Freeman, Andrea Riseborough, Nikolaj Coster Waldau, Melissa Leo.

Sessenta anos no futuro, a Terra está devastada após uma invasão alienígena, que também destruiu parte da lua. Os humanos venceram a guerra, porém os sobreviventes tiveram de mudar para uma espécie de estação espacial chamada Tet. 

Neste contexto, Jack (Tom Cruise) e Victoria (Andrea Riseborough) trabalham em uma estação na Terra que capta os últimos recursos naturais do planeta antes de seguirem para o espaço, além de Jack ter como obrigação fazer a manutenção nos drones que combatem os alienígenas. 

Quando uma nave desconhecida cai na Terra, Jack desobedece as normas de segurança e termina por salvar Julia (Olga Kurylenko), fato que muda completamente sua visão em relação ao que realmente ocorreu no planeta. 

O diretor Joseph Kosinski (“Tron – O Legado”) adaptou sua própria graphic novel para o cinema, resultando num interessante longa de ficção que faz referência a vários clássicos do cinema. A perseguição dos drones lembra “Star Wars”, alguns elementos lembram “Matrix”, como os óculos utilizados por Morgan Freeman, temos a hibernação no espaço da série “Alien”, além do telhado de um destruído Empire State, local que foi cenário para vários filmes, sem contar pequenas referências de outros longas. 

A narrativa tem um bom ritmo, as cenas de ação são caprichadas e a trama é bem amarrada, pelo menos até próximo da parte final. A tentativa de criar algo próximo de um final feliz não convence, fazendo o filme perder pontos.    

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Amor a Toda Prova & Alguém Tem Que Ceder


Amor a Toda Prova (Crazy, Stupid, Love, EUA, 2011) – Nota 6,5
Direção – Glenn Ficarra & John Requa
Elenco – Steve Carell, Ryan Gosling, Julianne Moore, Emma Stone, Analeigh Tipton, Jonah Bobo, Joey King, Marisa Tomei, Beth Littleford, John Carroll Lynch, Kevin Bacon, Liza Lapira.

Após vinte e cinco anos de casamento, Emily (Julianne Moore) decide se separar de Cal (Steve Carell), que na hora fica sem ação, mesmo após ouvir a esposa confessar que o traiu com um colega de trabalho. 

Sozinho depois de tantos anos, Cal decide passar as noites bebendo em um bar para solteiros, onde após reclamar da vida durante dias, é abordado pelo jovem Jacob (Ryan Gosling), sujeito boa pinta, que tem ótimo conversa e facilidade em conquistar mulheres. Jacob se torna uma espécie de mentor de Cal, o ensinando a se vestir e a utilizar seus truques para levar mulheres para cama. 

A premissa é interessante, ao mostrar as dificuldades de um sujeito meia-idade em lidar com o divórcio, os filhos e principalmente em como voltar ao mercado dos solteiros. A escolha de Steve Carell para o papel principal foi o grande acerto, seu carisma e facilidade em interpretar sujeitos deslocados na vida é perfeita. 

Os problemas do filme estão no roteiro, que tem como foco principal as relações amorosas, que tenta criar uma surpresa uma pouco forçada na meia-hora final e que infelizmente se mostra previsível. Os diretores falham também na decisão de inserir algumas situações que beiram o pastelão, como a sequência em que vários personagens se encontram no jardim da casa da família.

É uma pena, o bom elenco e a premissa prometiam um filme mais interessante. 

Alguém Tem Que Ceder (Something's Gotta Give, EUA, 2003) – Nota 7
Direção – Nancy Meyers
Elenco – Jack Nicholson, Diane Keaton, Keanu Reeves, Frances McDormand, Amanda Peet, Jon Favreau, Paul Michael Glaser, Rachel Ticotin, Kadee Strickland.

Harry Sanborn (Jack Nicholson) é um executivo da indústria musical que gosta de viver como jovem, mesmo estando na casa dos sessenta anos. Ele namora a bela Marin (Amanda Peet), garota que tem metade de sua idade. 

Em um final de semana, o casal segue para a casa de praia onde vive Helen (Diane Keaton), a mãe da garota. Helen rapidamente antipatiza com o egocêntrico Harry. Para piorar a situação, Harry sofre um ataque cardíaco e fica proibido pelo jovem médico Julian (Keanu Reeves) de voltar para casa. Helen é obrigada a abrigar Harry por um tempo e aguentar suas manias. 

Esta divertida ciranda de amores brinca com as relações entre pessoas com grande diferença de idade. As situações engraçadas do filme surgem desta premissa e várias delas funcionam, muito pelo talento dos veteranos Jack Nicholson e Diane Keaton. 

O roteiro não apresenta surpresas e a direção é correta. 

É a típica comédia romântica com cara de sessão da tarde.