sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Terra do Sol

A Terra do Sol (Sunshine State, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – John Sayles
Elenco – Angela Bassett, Edie Falco, Timothy Hutton, James McDaniel, Gordon Clapp, Mary Steenburgen, Miguel Ferrer, Bill Cobbs, Mary Alice, Alan King, Clifton James, Tom Wright, Sam McMurray, Ralph Waite, Richard Edson, Jane Alexander, Charlayne Woodard.

Uma pequena comunidade da Flórida se torna alvo de uma grande construtora que pretendo investir no local. Para analisar a região é enviado o arquiteto Jack (Timothy Hutton), o que a principio deixa alguns moradores apreensivos, enquanto outros vêem o fato como uma chance de mudar de vida. 

A principal interessada em vender suas propriedades é Marly (Edie Falco), que auxilia o pai (Ralph Waite) num misto de motel e restaurante, mas sonha em deixar a cidade para começar uma nova vida. Por outro lado, a idosa Eunice (Mary Alice) não imagina sair da casa que conseguiu com muito custo, ao mesmo tempo que terá de lidar com o passado com a visita da filha Desiree (Angela Bassett) e do marido Reggie (James McDaniel). Desiree nunca se entendeu com a mãe, abandonou a cidade e conseguiu se tornar uma atriz famosa. Sua visita reabre a conflituosa relação com a mãe. 

O diretor e roteirista John Sayles é quase um desconhecido para o cinéfilo comum, porém ele construiu uma sólida carreira no cinema independente desde os anos oitenta. Gosto muito do trabalho do diretor e entre os vários bons filmes, destaco duas obras marcantes que tem como pontos principais a injustiça e a desonestidade. São eles os imperdíveis dramas “Fora da Jogada” e “Matewan – A Luta Final”. 

Neste “A Terra do Sol”, o roteiro de Sayles se divide entre personagens frustrados e a especulação imobiliária, criando um conflito entre o velho e o novo. O filme mostra que as pessoas que saíram da pequena comunidade prosperaram, enquanto as que ficaram continuaram levando um vida simples, com a chegada da construtora sendo uma espécie de empurrão na vida destas pessoas, tanto para o bem para aqueles que querem mudanças, como para o mal para os que se sentem ameaçados. 

Outro ponto comum a maioria dos filmes de Sayles são os vários personagens que parecem pessoas reais, sempre envolvidas em pequenas situações. 

Mesmo não sendo o melhor trabalho de Sayles, vale a sessão pelos bons personagens e a história muito próxima da realidade.   

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vidas em Fuga

Vidas em Fuga (The Fugitive Kind, EUA, 1960) – Nota 7
Direção – Sidney Lumet
Elenco – Marlon Brando, Anna Magnani, Joanne Woodward, Maureen Stapleton, Victor Jory, R. G. Armstrong.

A trama começa com Valentine “Snakeskin” Xavier (Marlon Brando) diante de um juiz que analisa qual será a punição por ele ter destruído uma apartamento onde fora trabalhar como músico. Xavier se diz arrependido pela atitude e diz que abandonará a cidade de New Orleans para começar uma nova vida em outro local. 

Xavier consegue ser liberado e sai da cidade com seu carro, que apresenta um defeito no meio da estrada e o faz parar num pequeno condado, onde é ajudado pela ingênua Vee (Maureen Stapleton), esposa do xerife (R. G. Armstrong). No dia seguinte, Xavier consegue um emprego na loja de Lady (Anna Magnani) que precisa cuidar do local e do marido doente (Victor Jory), um sujeito rude que vive na cama e a trata como empregada.  

Em meio a estes personagens problemáticos surge ainda a jovem Carol (Joanne Woodward), considerada maluca por causa das suas atitudes liberais e do seu jeito sem papas na língua. A chegada de Xavier desperta amor e ódio entre as pessoas do local, o que levará a uma tragédia. 

Baseado numa obra de Tennesse Williams, este longa do grande Sidney Lumet é um drama forte e doloroso ao retratar personagens cheios de frustrações em meio a uma pequena comunidade onde o preconceito e os segredos do passado afloram com a chegada de um forasteiro. 

Ao mesmo tempo em que o elenco se destaca nas atuações, fica clara a origem teatral da trama, que faz o filme perder pontos com o ritmo arrastado e os diálogos exagerados que transformam algumas sequências em algo fora da realidade. 

Um ponto interessante é o erotismo velado e os diálogos de duplo sentido. As festas em que o personagem de Brando tocavam na verdade seriam orgias entre ricos, além de que as três personagens femininas são mulheres frustradas sexualmente. Anna Magnani é humilhada pelo marido, Joanne Woodard esconde sua carência em meio as atitudes exageradas e Maureen Stapleton descobre o prazer em suas pinturas. No meio delas o personagem de Brando é uma espécie de catalisador do desejo, que vira de cabeça para a baixo a cidade. 

Para quem gosta do tema e tem paciência com tramas lentas que demoram para engrenar, este longa vale como uma curiosa sessão, sem contar conhecer um pouco mais sobre o início da carreira de Lumet no cinema.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Fogo Contra Fogo (2012)

Fogo Contra Fogo (Fire with Fire, EUA, 2012) – Nota 5
Direção – David Barrett
Elenco – Josh Duhamel, Bruce Willis, Rosario Dawson, Vincent D’Onofrio, Curtis “50 Cent” Jackson, Julian McMahon, Vinnie Jones, Arie Verveen, Richard Schiff, Kevin Dunn, Quinton “Rampage” Jackson, Eric Winter.

O bombeiro Jeremy Coleman (Josh Duhamel) entra numa loja de conveniência antes de ir para casa e a acaba metido no meio de um duplo assassinato cometido por David Hagan (Vincent D’Onofrio), o violento líder de um grupo neonazista. Mesmo levando um tiro, Jeremy escapa e se torna a testemunha principal do caso que tem como responsável o detetive Mike Cella (Bruce Willis), que teve seu parceiro assassinado pelo mesmo Hagan. Para manter Jeremy a salvo até o julgamento, ele é colocado no programa de proteção a testemunhas, porém as coisas não sairão como planejado. 

Mesmo não sendo algo muito comum, alguns filmes mostram logo no começo que algo está errado. É o caso deste longa policial, que na primeira sequência já deixa a impressão de ser um bomba. Durante um incêndio em um bar, o personagem de Josh Duhamel parece estar salvando alguém, porém o sujeito aparece com uma caixa de whisky e diz que não podia perder algo tão precioso. Ele tenta entregar para o dono do bar, mas o sujeito deixa de presente para o bombeiro que comemora como um adolescente idiota com uma frase do tipo “hoje tem festa as seis horas”. A partir daí o péssimo roteiro apresenta uma trama totalmente clichê, com personagens rasos e cenas de ação que não empolgam, inclusive com o protagonista apanhando bastante por todo o filme. 

Apesar dos nomes famosos, as interpretações são toscas, com Bruce Willis sendo uma espécie de espectador privilegiado, o bom ator Vincent D’Onofrio exagerando como o vilão psicopata e o fraco Josh Duhamel mostrando mais uma vez que não talento para protagonizar filme algum. Para piorar, a tradução nacional do título ainda utilizou o nome do clássico longa policial de Michael Mann para confundir o espectador menos informado.

O resultado é um total desperdício de tempo. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Recrutas da Pesada & A Melhor Defesa é o Ataque


Recrutas da Pesada (Stripes, EUA, 1981) – Nota 6
Direção – Ivan Reitman
Elenco – Bill Murray, Harold Ramis, Warren Oates, P. J. Soles, John Larroquette, John Candy, Sean Young, Judge Reinhold, John Diehl,Lance LeGault.

John (Bill Murray) é um motorista de táxi sem perspectiva de vida que decide entrar para o exército e convence o amigo Russell (Harold Ramis) a acompanhá-lo. Seu jeito cínico e sua esperteza o transformam rapidamente numa espécie de líder de um grupo de soldados desajustados (John Candy, Judge Reinhold, John Diehl), ao mesmo tempo em que entra em conflito com um sargento durão (Warren Oates). Após o treinamento, os soldados são enviados para uma missão especial na Europa, onde terão de enfrentar inimigos de verdade. 

Igual a várias outras comédias dos anos oitenta, vendo hoje o longa se mostra apenas razoável, com algumas boas tiradas a cargo de Bill Murray, principalmente nas discussões com o falecido Warren Oates. 

O filme fez algum sucesso na época e foi uma espécie de prévia do ótimo “Os Caça-Fantasmas”, nem tanto pela qualidade, mas por reunir o trio Bill Murray, Harold Ramis e o diretor Ivan Reitman, que seriam os protagonistas do clássico dos anos oitenta ao lado do então astro Dan Aykoryd. 

É um filme que hoje vale como curiosidade cinematográfica.

A Melhor Defesa é o Ataque (Best Defense, EUA, 1984) – Nota 4
Direção – Willard Huyck
Elenco – Dudley Moore, Eddie Murphy, Kate Capshaw, Helen Shaver, George Dzundza, Tom Noonan, David Rasche.

O engenheiro Wylie Cooper (Dudley Moore) projetou um tanque de guerra especial que está sendo testado no Kwait pelo Tenente Landry (Eddie Murphy). Como Cooper estava desmotivado com a empresa onde trabalha, o tanque não foi projetado da forma correta e  Landry é quem descobre o problema em meio a uma batalha no deserto. Ao mesmo tempo, Cooper recebe de outro engenheiro que acaba assassinado, um disco com informações sigilosas sobre a empresa e assim se envolve numa perigosa trama. 

Grande fracasso de bilheteria, este longa tem histórias mais interessantes fora da tela. O diretor Willard Huyck era um dos parceiros de George Lucas, com quem escreveu o roteiro de “American Grafitti” e por este motivo teve a chance de comandar este longa produzido pelo próprio Lucas. Mesmo fracassando, Lucas ainda entregou a Huyck a direção de “Howard – O Super Herói”, que se tornou um fracasso ainda maior e enterrou de vez a carreira do sujeito. 

A trama deste “A Melhor Defesa é o Ataque” foi filmada sem o personagem de Eddie Murphy, que foi contratado após o filme ser rejeitado nas exibições de teste. Os roteiristas inseriram depois a trama do tanque no Oriente Médio e por este motivo Murphy e Dudley Moore não chegaram a contracenar juntos. 

Outra curiosidade é que o longa pode ser comparado a uma gangorra na carreira da dupla principal. Na época, Dudley Moore estava no auge após sucessos como “Mulher Nota 10” e “Arthur – O Milionário Sedutor”, sendo que este fracasso deu início a decadência na carreira do ator. Por outro lado, Eddie Murphy começava a ficar famoso após ótimos trabalhos em “Trocando as Bolas” e “48 Horas”, tendo se tornado astro com “Um Tiro da Pesada” lançado no mesmo ano em que o filme com Moore afundou. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O Homem de Gelo

O Homem de Gelo (The Iceman, EUA, 2012) – Nota 7,5
Direção – Ariel Vromen
Elenco – Michael Shannon, Winona Ryder, Ray Liotta, Chris Evans, David Schwimmer, Robert Davi, Danny A. Abeckaser, John Ventimiglia, Ryan O’Nan, McKaley Miller, James Franco, Stephen Dorff.

Nova Jersey, 1964, Richard Kuklinski (Michael Shannon) trabalha montando filmes pornográficos em um laboratório que pertence ao mafioso Roy Demeo (Ray Liotta). Quando o chefão percebe que Richard é um sujeito frio, ele oferece um novo emprego, ser seu cobrador de dívidas. Casado com a doce Deborah (Winona Ryder) e precisando de dinheiro, Richard aceita o emprego e se torna também um matador de aluguel, ficando famoso entre as famílias mafiosas e conhecido como o “Polaco”. Durante vinte anos Richard esconde da família a carreira de assassino, até que uma disputa entre mafiosos e seu envolvimento com o psicopata conhecido como Mr. Freezy (Chris Evans) chama a atenção da polícia. 

Baseado na história real do verdadeiro Kuklinski, que alega ter matado mais de duzentas pessoas, este longa do israelense Ariel Vromen foge do esteriótipo de glamour da vida dos mafiosos, para mostrar a realidade dos esconderijos sujos, da vida ordinária e dos assassinatos cruéis. 

O grande destaque é a atuação de Michael Shannon, que com seu “rosto de pedra” está perfeito como o sujeito frio que demostra um pouco de sentimento apenas no convívio com a esposa e as filhas, que são uma espécie de oásis em meio a sua vida secreta e violenta. Por sinal, a carreira de Michael Shannon deu uma merecida alavancada após seu ótimo papel na série “Boardwalk Empire”. 

Vale destacar ainda um surpreendente Chris Evans como o psicopata cínico e David Schwimmer usando barba e rabo de cavalo como o braço-direito do mafioso interpretado pela enésima vez por Ray Liotta. O longa tem ainda pequenas participações de James Franco e Stephen Dorff em sequências únicas, porém importantes para entender as atitudes do personagem principal. 

É interesse notar que a passagem do tempo entre os anos sessenta e oitenta é marcada principalmente pelo visual dos personagens, através de cortes de cabelo e roupas, uma escolha simples e eficaz. 

O resultado é um bom drama policial sobre um personagem de gelar a espinha.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Truque de Mestre

Truque de Mestre (Now You See Me, EUA / França, 2013) – Nota 7,5
Direção – Louis Leterrier
Elenco – Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Isla Fisher, Dave Franco, Mélanie Laurent, Morgan Freeman, Michael Caine, Michael Kelly, Common, David Warshofsky, José Garcia.

Quatro ilusionistas com habilidades diferentes entre si, são recrutados por uma misteriosa pessoa que faria parte de uma espécie de “sociedade secreta dos mágicos”. O grupo é formado pelo mágico J. Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), o mentalista picareta Merrit (Woody Harrelson), o especialista em cartas Jack (Dave Franco) e a ex-assistente de Atlas, Henley (Isla Fisher). 

Um ano após terem se juntado, o grupo agora conhecido como “Os Quatro Cavaleiros”, apresenta um grandioso show em Las Vegas financiado por um milionário (Michael Caine). Durante o show, o grupo aparentemente cria um truque utilizando um sujeito da platéia para assaltar um banco em Paris. Logo, a policia descobre que o banco realmente foi roubado e designa o detetive Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) para investigar o caso em parceria com uma agente de Interpol, a francesa Alma Dray (Mélanie Laurent). A dupla ainda recebe ajuda de um famoso especialista em desmascarar mágicos (Morgan Freeman). 

A premissa de criar uma quadrilha de ilusionistas ladrões é interessante e criativa, sendo desenvolvida de forma competente pelo roteiro por boa parte do filme, porém a ânsia em criar sequências grandiosas de ilusões, com algumas se mostrando inverossímeis e a forçada reviravolta no final tiram pontos do longa. 

Na inevitável comparação com o ótimo “O Grande Truque” de Christopher Nolan, este longa do francês Louis Leterrier peca pelo exagero. No filme de Nolan os truques e as reviravoltas da trama eram engenhosos, mas tinham explicações simples, além de uma história bem amarrada e principalmente personagens muito melhor desenvolvidos. 

Estas falhas no filme de Leterrier não deixam que o resultado seja um grande filme, mas por outro lado o espectador pode ser divertir com as sequências de ação e principalmente pela parte técnica de alta qualidade. 

Os destaques do elenco são Mark Ruffalo como o policial que sofre com os truques do grupo e Woody Harrelson com o cínico mentalista. Morgan Freeman e Michael Caine tem papéis pequenos porém importantes e dão um pouco mais de credibilidade ao filme. 

No geral é um divertimento sem compromisso.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Vivendo e Aprendendo

Vivendo e Aprendendo (Smart People, EUA, 2008) – Nota 6
Direção – Noam Murro
Elenco – Dennis Quaid, Sarah Jessica Parker, Thomas Haden Church, Ellen Page, Ashton Holmes, Christine Lahti.

O veterano professor universitário Lawrence Wetherhold (Dennis Quaid) é um sujeito amargurado pela morte da esposa que ministra aulas tediosas e está sendo mal visto pelos outros professores. 

Ele tem dois filhos, a adolescente Vanessa (Ellen Page de “Juno”) que segue o caminho do pai e deseja se transformar numa intelectual. Enquanto o jovem James (Ashton Holmes) tenta seguir sua vida e se distanciar do modo de ser do pai e da irmã. 

O marasmo na vida de Lawrence sofre um abalo com dois acontecimento. Primeiro, seu sossegado irmão de criação (Thomas Haden Church) muda-se para sua casa e depois após sofrer um pequeno acidente, Lawrence acaba indo  parar no hospital e recebe os cuidados da médica Janet (Sarah Jessica Parker) que fora sua aluna, mas que por alguns motivos desistiu de ser escritora e mudou de profissão. Os dois acabam se aproximando. 

Apesar do elenco de bons nomes, a história não empolga. O filme é muito frio, pouca coisa acontece e o roteiro desperdiça personagens que poderiam ser bem mais interessantes. Ficou a impressão de que faltou um roteiro e um diretor melhor. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A Vingança do Mosqueteiro

A Vingança do Mosqueteiro (The Musketeer, EUA, 2001) – Nota 5,5
Direção – Peter Hyams
Elenco – Justin Chambers, Catherine Deneuve, Mena Suvari, Tim Roth, Stephen Rea, Nick Moran, Steve Speirs, Jan Gregor Kremp, Jean Pierre Castaldi.

Buscando vingança pelo assassinato dos pais quando ainda era criança, o jovem D’Artagnan (Justin Chambers) treina para ser um mosqueteiro e viaja a Paris. Para sua surpresa, ao chegar na cidade descobre que os mosqueteiros estão desmantelados e seu Capitão está preso por ordem do Cardeal Richelieu (Stephen Rea). Decidido, D'Artagnan tentará reunir os mosqueteiros que sobraram para buscar sua vingança e salvar a Rainha da França (Catherine Deneuve) dos conspiradores. 

Enésima versão da história dos “Três Mosqueteiros”, este longa dirigido por Peter Hyams tem bons nomes no elenco, mas o diretor não acerta mão na narrativa e nas fracas cenas de ação, sem contar a péssima escolha do fraco Justin Chambers (“Grey’s Anatomy”) para o papel principal, além dos apagados personagens dos mosqueteiros. 

Hyams fez até alguns bons filmes nos anos oitenta  como “Outland – Comando Titânio” e “Mais Forte que o Ódio”, os dois com Sean Connery, mas pouca coisa se salva em sua carreira nos últimos vinte anos.

Como destaque temos a beleza madura de Deneuve e os vilões Stephen Rea e Tim Roth. 

domingo, 19 de janeiro de 2014

Elysium

Elysium (Elysium, EUA, 2013) – Nota 7,5
Direção – Neill Blomkamp
Elenco – Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Diego Luna, Wagner Moura, William Fichtner, Emma Tremblay, Jose Pablo Cantillo.

Em 2154 a Terra vive o caos. Com o ar poluído, a população vivendo em favelas  e sob o controle de um governo tirano que utiliza robôs como policiais e funcionários públicos, a esperança é tentar entrar de forma clandestina no satélite Elysium, uma espécie de oásis construído no espaço reservado apenas para a elite.

Neste contexto, Max da Costa (Matt Damon) é um órfão que foi criado em um orfanato, se tornou ladrão de carros e hoje tenta se regenerar trabalhando em uma indústria que explora os funcionários. Quando sofre um acidente, Max vê como única chance de sobreviver chegar até Elysium, mas para isso precisará se aliar a Spider (Wagner Moura), um líder do submundo que tenta encontrar uma forma de enviar clandestinos para o local. 

O diretor sul-africano Neill Blomkamp surpreendeu o mundo com o sensacional “Distrito 9” e sua ida para Hollywood seria uma questão de tempo. Este novo trabalho apresenta vários pontos similares a “Distrito 9”, como o planeta Terra e a população em sofrimento, o governo corrupto, a separação de classes sociais e o preconceito, praticamente uma metáfora da realidade que vivemos na atualidade transportada para um futuro pior. 

A narrativa ágil, os cenários sujos e as ótimas cenas de ação também se repetem, deixando claro o talento do diretor, porém diferente de “Distrito 9”, algumas soluções do roteiro são fracas, talvez por uma pressão dos produtores para enquadrar a trama no estilo de Hollywood. 

A partir da metade é fácil sacar como vai terminar a história, além disso a personagem de Alice Braga e o problema com sua filha são puro clichê, ficando a impressão de terem sido inseridas na trama apenas para ter uma personagem feminina ao lado do herói. 

O resto do elenco está bem, com Matt Damon correto como o protagonista e destacando o astro de “Distrito 9” Sharlto Copley como o vilão maluco e o brasileiro Wagner Moura competente como Spider. Já a participação de Jodie Foster é apenas um adereço de luxo a trama. 

O potencial da história poderia render um grande filme, mas as falhas do roteiro tiraram um pouco da qualidade. O resultado é um bom filme de ação com ficção, que se segura pelo talento do diretor.    

sábado, 18 de janeiro de 2014

Clube dos Pilantras I e II


Clube dos Pilantras (Caddyshack, EUA, 1980) – Nota 4
Direção – Harold Ramis
Elenco – Chevy Chase, Rodney Dangerfield, Ted Knight, Michael O’Keefe, Bill Murray, Sarah Holcomb, Scott Colomby, Albert Salmi, Brian Doyle Murray.

Danny (Michael O’Keefe) é um jovem que trabalha como caddy (carregador de tacos) num clube de golfe e está em dúvida se deseja realmente ir para universidade, pois não tem como pagar o curso. Ele tenta conseguir uma bolsa de estudos puxando o saco de um juiz (Ted Knight) que é presidente do clube. Por outro lado, o juiz vive em guerra com um ricaço falador (Rodney Dangerfield). O clube é frequentado também por um golfista frustrado (Chevy Chase) e tem vários empregados como o jardineiro maluco Carl (Bill Murray). 

Assistindo hoje fica difícil acreditar que esta comédia de poucas risadas tenho feito sucesso. A explicação talvez esteja na própria época, que tinha o gênero comédia maluca estava no auge após sucessos de “O Clube dos Cafajestes”, “Os Irmãos Cara-de-Pau” e “Apertem os Cintos, o Piloto Sumu”. O longa tem um roteiro horroroso, que na verdade são várias pequenas tramas que não vão a lugar algum. 

O único destaque do elenco é o falecido Rodney Dangerfield, que soltava piadas como uma metralhadora giratória e era especialista em personagens exagerados. Até mesmo o ótimo Bill Murray está ridículo como o jardineiro com trauma de guerra, enquanto o astro Chevy Chase parece estar alheio a tudo que acontece a sua volta. 

Clube dos Pilantras II (Caddyshack II, EUA, 1988) – Nota 3
Direção – Allan Arkush
Elenco – Jackie Mason, Robert Stack, Dyan Cannon, Jessica Lundy, Jonathan Silverman, Dina Merrill, Chynna Phillips, Brian MacNamara, Paul Bartel, Randy Quaid, Dan Aykoryd, Chevy Chase, Pepe Serna.

Jack Hartounian (Jackie Mason) é o dono de uma empresa de construção que ficou rico. Sua filha (Jessica Lundy) quer aproveitar a vida de novo rico para frequentar o famoso clube de golfe de Bushwood, porém por seu pai não ter o “estilo” dos sócios, a adesão é vetada por Chandler Young, presidente do local (Robert Stack). Jackie encara o veto como uma ofensa pessoal e decide comprar metade do clube que pertence a Ty Webb (Chevy Chase), dando início a uma guerra com Chandler. 

Se o original já era fraco, esta sequência tardia é uma cópia desbotada e ainda menos engraçada. O erro começa com a escolha do comediante Jackie Mason para o papel principal, que tenta repetir sem sucesso o estilo cínico de Rodney Dangerfield. 

O elenco é ruim e as participações de Chevy Chase, Dan Aykoryd e Randy Quaid são mínimas, sendo apenas uma forma de chamariz para o público.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Os Fantasmas se Divertem

Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice, EUA, 1988) – Nota 8
Direção – Tim Burton
Elenco – Michael Keaton, Alec Baldwin, Geena Davis, Jeffrey Jones, Catherine O'Hara, Winona Ryder, Glenn Shadix.

Adam (Alec Baldwin) e Barbara (Geena Davis) é o típico casal americano que vive feliz em uma bela casa do subúrbio. Durante uma viagem, o casal sofre um acidente ao cair com o carro dentro de um rio. Quando acordam, eles não se lembram como voltaram para casa e ficam surpresos ao ver pessoas estranhas entrando no local. 

Não demora para perceberem que eles morreram no acidente e que estão presos na casa numa espécie de purgatório. Os novos moradores são Charles (Jeffrey Jones), sua esposa Delia (Catherine O’Hara) e a filha gótica Lydia (Winona Ryder). Como não conseguem expulsar os "invasores" da casa, Adam e Barbara decidem procurar ajuda no além, onde encontram um especialista em “exorcizar vivos”, o maluco Beettlejuice (Michael Keaton). 

Na época do lançamento, o diretor Tim Burton tinha apenas trinta anos de idade e um longa no currículo, a comédia “As Grandes Aventuras de Pee-Wee”, trabalho feito por encomenda para o então famoso personagem de tv Pee-Wee Herman. 

Pouco se esperava deste “Os Fantasmas se Divertem”, mas para surpresa geral, surgiu aqui um dos maiores diretores das últimas décadas, que chamou atenção pelo visual extremamente original e colorido, a trama divertida e o ótimo elenco, com destaque para a grande atuação de Michael Keaton, que criou um dos grandes personagens dos anos oitenta. 

O cinismo, o falatório exagerado, a falta de caráter e as confusões que seu personagem cria são sensacionais, tendo o apoio de coadjuvantes competentes, como os patéticos Jeffrey Jones e Catherine O’Hara, o impagável gordinho Glenn Shadix e ainda uma Winona Ryder perfeita como a adolescente rebelde. 

A atuação de Keaton empolgou tanto Tim Burton, que o diretor praticamente obrigou a Warner a contratar o ator para viver Batman no filme que comandaria em seguida. A escolha de Keaton revoltou os fãs do personagem, mas seu desempenho pode ser considerado bom como o Homem-Morcego, mesmo que hoje o filme esteja abaixo da fantástica trilogia de Christopher Nolan.

Com algumas sequências inesquecíveis como a dança na sala de jantar ao som da clássica “Banana Boat Song (Day O)” de Harry Belafonte e o pó de encolher cabeças, Tim Burton mostrou um belo cartão de visitas, confirmando o talento nos trabalhos posteriores.  

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O Juri

O Juri (Runaway Jury, EUA, 2003) – Nota 7,5
Direção – Gary Fleder
Elenco – John Cusack, Gene Hackman, Dustin Hoffman, Rachel Weisz, Bruce Davison, Bruce McGill, Jeremy Piven, Nick Searcy, Stanley Anderson, Cliff Curtis, Nestor Serrano, Leland Orser, Jennifer Beals, Gerry Bamman, Joanna Going, Bill Nunn, Nora Dunn, Guy Torre, Rusty Schwimmer, Orlando Jones, Luis Guzman, Dylan McDermott

Quando um ex-funcionário invade um escritório disparando tiros e mata vários ex-colegas, a viúva de um dos sujeitos assassinados decide processar a indústria que fabricou a arma. O advogado contratado é o veterano Wendell Rohr (Dustin Hoffman), que ainda acredita em justiça, mas terá de enfrentar uma grande empresa de advocacia contratada para defender a indústria armamentista. Para dificultar ainda mais, a empresa pertence a Rankin Fitch (Gene Hackman), especialista em escolher jurados de uma forma que garanta o ganho de causa para seu cliente. 

O embate que deveria ocorrer apenas no tribunal, começa antes, com Finch bancando uma ampla pesquisa sobre a vida de cada jurado em potencial. O que Finch não contava é que um dos jurados escolhidos era Nicholas Easter (John Cusack), um tipo de jurado profissional que estava à espera de um grande caso para conseguir um bom dinheiro. Com a ajuda do lado de fora da corte de Marlee (Rachel Weisz), garota que serve de ligação entre ele e os advogados, Easter faz uma espécie de leilão ao pedir dez milhões para manipular o juri e dar a vitória a um dos lados. 

As adaptações das obras de John Grisham para o cinema geralmente seguem o mesmo estilo: elenco recheado de astros, a falta de um clímax e uma trama que ao mesmo tempo prende a atenção, mas que no final deixa a impressão de que não chegou a lugar algum. 

Esta adaptação é interessante, a trama tem o objetivo de mostrar como o sistema judiciário americano pode ser manipulado, tanto pelos advogados que distorcem a lei e enrolam as testemunhas, como pela presença de um jurado desonesto. O clássico “Doze Homens e uma Sentença” do grande Sidney Lumet demonstrou esta questão com mais qualidade há mais de cinqüenta anos. 

Das adaptações de Grisham, colocaria este longa em segundo lugar, abaixo apenas de “Tempo de Matar”. Apesar de “A Firma” ter uma fama maior muito pela presença de Tom Cruise, considero um filme inferior a estes dois trabalhos. 

O grande destaque aqui é o elenco, com Gene Hackman em seu penúltimo papel no cinema interpretando novamente um vilão e tendo uma boa disputa com o personagem de Dustin Hoffman. Os competentes John Cusack e Rachel Weisz também se destacam como os golpistas. 

É um filme com falhas, mas que vale a sessão para quem gosta de tramas de tribunal.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Aviso

Agradeço pelas visitas diárias dos amigos blogueiros ao meu blog, mas infelizmente nesta época do ano falta tempo para retribuir estas visitas. O inicio do ano é extremamente corrido no meu trabalho, sendo difícil até mesmo postar.

Continuarei tentando postar diariamente e voltarei a visitar os blogs amigos assim que puder.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Twister

Twister (Twister, EUA, 1996) – Nota 7,5
Direção – Jan de Bont
Elenco – Helen Hunt, Bill Paxton, Jami Gertz, Cary Elwes, Phillip Seymour Hoffman, Alan Ruck, Lois Smith, Todd Field, Jeremy Davies, Zach Grenier.

Quando a região de Oklahoma é atacada por vários tornados, fica a expectativa de que uma terrível tempestade esteja para ocorrer. Neste contexto, dois grupos de pesquisadores utilizam máquinas semelhantes para prever quando a tempestade chegará, porém para funcionar é necessário instalar um dispositivo dentro de um tornado, o que transforma o trabalho numa aventura maluca e extremamente perigosa. Um dos grupos é liderado pelo arrogante Dr. Jonas Miller (Cary Elwes), enquanto do outro lado o casal Jo (Helen Hunt) e Bill Harding (Bill Paxton) estão em processo de separação, mas precisam trabalhar juntos, o que causa vários conflitos. 

O holandês Jan de Bont era um renomado diretor de fotografia quando teve a chance de estrear na direção em “Velocidade Máxima”, longa com uma trama simples mas com adrenalina do início ao fim. O sucesso abriu caminho para dirigir este “Twister”, que segue o mesmo estilo, com uma trama até absurda sobre caçadores de tornados e com muito ação. O filme merecidamente fez sucesso, mas por outro lado a carreira de Jan de Bont como diretor não se firmou após fracassos retumbantes como o péssimo “Velocidade Máxima 2” e “A Casa Amaldiçoada”. 

Este “Twister” aproveita ainda a bela Helen Hunt que estava no auge da carreira na série “Mad About You” e o carisma de Bill Paxton, sem contar um quase desconhecido Philip Seymour Hoffman como coadjuvante. 

As ótimas cenas de ação recheadas de efeitos visuais (não dá para esquecer da sequência da vaca voando) e uma trilha sonora que mistura roqueiros como Van Halen e Red Hot Chilli Peppers com astros da músicas country são outros pontos altos deste divertido filme catástrofe.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Invasão a Casa Branca

Invasão a Casa Branca (Olympus Has Fallen, EUA, 2013) – Nota 7,5
Direção – Antoine Fuqua
Elenco – Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman, Robert Forster, Finlay Jacobsen, Dylan McDermott, Rick Yune, Angela Bassett, Melissa Leo, Radha Mitchell, Cole Hauser, Ashley Judd.

A princípio, a utilização de muitos clichês resulta num filme ruim, porém as vezes ocorrem exceções, como no caso deste “Invasão a Casa Branca”. A trama é uma espécie de reciclagem do primeiro “Duro de Matar” misturada com o reacionário e divertido “Amanhecer Violento” de John Milius (o original dos anos oitenta), colocando o escocês Gerard Butler como o agente que tem a chance de se redimir perante ao presidente interpretado por Aaron Eckhart. 

O roteiro começa criando uma tragédia familiar na vida do presidente, para em seguida pular um ano até a visita da comitiva do Primeiro Ministro da Coréia do Sul a Casa Branca e o ataque de um grupo paramilitar que toma o local, deixando o presidente e outras figuras do alto escalão como reféns. Esta história absurda se transforma num filme divertido principalmente pelas cenas de ação quase ininterruptas, com uma verdadeira guerra sendo travada na Casa Branca.

O diretor Antoine Fuqua mesmo com uma carreira de altos (“Dia de Treinamento”, “Asssassinos Substitutos”) e baixos (“Rei Arthur”) é especialista em filmes do gênero, sempre criando ótimas cenas de ação, principalmente brigas e tiroteios. 

O elenco recheado de rostos conhecidos ajuda bastante, com Morgan Freeman com um papel importantíssimo como o Porta Voz da Presidência, além de bons veteranos como Robert Forster e Melissa Leo. 

Para quem gosta de um filme de ação para ser visto sem preocupações com a trama ou a realidade e deixando de lado até mesmo o discurso patriótico da cena final, com certeza irá se divertir.

domingo, 12 de janeiro de 2014

A Dama de Ferro

A Dama de Ferro (The Iron Lady, Inglaterra / França, 2007) – Nota 7
Direção – Phyllida Lloyd
Elenco – Meryl Streep, Jim Broadbent, Susan Brown, Alexandra Roach, Iain Glen, Harry Lloyd, Nicholas Farrell, Anthony Head, Juliam Wadham, Richard E. Grant.

No final da vida, a ex-Primeira Ministra Britânica Margareth Thatcher (Meryl Streep) intercala momentos de lucidez com alucinações onde conversa com o marido (Jim Broadbent) já falecido. Alguns fatos simples do dia a dia desencadeiam lembranças na velha senhora e a partir daí o espectador vê em flashback toda a vida profissional e parte da pessoal da política que ficou conhecida como “A Dama de Ferro”. 

O roteiro de Abi Morgan segue principalmente a vida profissional de Thatcher, ficando claro que ela mesma deixou de lado sua vida pessoal, não dando a devida atenção ao bem humorado marido, que por sinal era seu oposto e negligenciando os filhos, inclusive a filha June (Susan Brown) que mesmo se preocupando com a mãe já idosa, é tratada com certa frieza. 

O roteiro tenta ainda mostrar um certo remorso de Thatcher com sua vida familiar, principalmente quando deseja encontrar o filho que mora na África do Sul e o máximo de contato que consegue é um rápido telefonema. 

Na vida profissional vemos a influência conservadora do pai (Iain Glen), sua difícil entrada na política por ser mulher e suas controversas atitudes como Primeira Ministra, que a transformaram em figura polêmica odiada pela classe trabalhadora britânica. 

O grande destaque é sem dúvida a atuação vencedora do Oscar de Meryl Streep, tanto na parte física, gestual e no vestuário, como no modo de falar e na forma dura com que enfrentava as crises e os políticos, inclusive os aliados. 

Passa longe de ser um grande filme, resultando mais num registro histórico sem surpresas de uma figura que rompeu barreiras, mas que ficou marcada pelo conservadorismo.    

sábado, 11 de janeiro de 2014

A Busca

A Busca (Brasil, 2012) – Nota 7,5
Direção – Luciano Moura
Elenco – Wagner Moura, Mariana Lima, Lima Duarte, Brás Antunes, Abrahão Frac, Rui Resende, Leandro da Hora.

Theo (Wagner Moura) está em processo de separação da esposa Branca (Mariana Lima) e com muita dificuldade na relação com o filho adolescente Pedro (Brás Antunes). Quando o filho desaparece, o casal fica desesperado e sai pela cidade em busca do paradeiro do garoto. Ao descobrirem uma pista, Theo decide seguir sozinho sua busca, dando início a uma jornada pelo país, cruzando com vários personagens e descobrindo uma parte de si mesmo que estava escondida por trás da fachada de pai responsável. 

Vendido como um suspense policial, este longa na verdade é um drama estilo road movie que toca em temas como falta de diálogo e conflito de gerações, utilizando ainda de uma forma inteligente o clichê de colocar personagens estranhos no caminho do protagonista. 

Novamente o destaque vai para a atuação de Wagner Moura, que acerta no tom ao criar um personagem que não sabe lidar com o filho e não entende a esposa, o típico sujeito estressado com o caminho que a vida o levou. 

O diretor Luciano Moura que veio da publicidade e de alguns trabalhos na tv, tem um boa estreia no cinema com um trabalho que se não apresenta grandes surpresas, pelo menos resulta num competente drama familiar.    

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O Pacificador

O Pacificador (The Peacemaker, EUA, 1997) – Nota 6,5
Direção – Mimi Leder
Elenco – George Clooney, Nicole Kidman, Marcel Iures, Armin Mueller Stahl, Michael Boatman, Randall Batinkoff, Holt McCallany.

Dois acontecimentos aparentemente sem ligação chamam a atenção da dra. Julia Kelly (Nicole Kidman), especialista em artefatos nucleares e do tenente-coronel Thomas Devoe (George Clooney). Um diplomata iraniano é assassinado e no interior da Rússia dois trens se chocam causando uma explosão nuclear. Enquanto a dra. Kelly acredita em ato terrorista, Devoe tem como teoria de que os acontecimentos são uma cortina de fumaça para algo maior. A dupla viaja pelo mundo em busca de pistas e chega até o sérvio Dusan Gavric (Marcel Iures), que pode ser o homem por trás de um perigoso plano. 

Diferente da maioria dos filmes do gênero, esta produção deixa de lado as cenas de ação para focar numa trama de espionagem que lembra os longas do gênero dos anos sessenta, mesmo utilizando parafernálias atuais como celular e computador. 

A trama era interessante ao utilizar temas da época, como a questão dos artefatos nucleares que sumiram da antiga União Soviética e os soldados iugoslavos que sobreviveram da Guerra dos Balcãs e se tornaram mercenários, porém a escolha de deixar a ação de lado rendeu um filme apenas morno. 

O longa chamou atenção na época por ter sido a primeira produção com atores da DreamWorks, empresa especializada em animações e que tinha como cabeças Steven Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen, este último famoso dono de um selo de música. 

Outra curiosidade foi a escolha de Mimi Leder para direção. Ela que tinha experiência apenas na tv, para ser escolhida provavelmente teve o apoio de George Clooney, com quem trabalhou em vários episódios da série “E.R.”. Leder ainda comandou alguns filmes interessantes como “Impacto Profundo” e “A Corrente do Bem”, mas retornou para os seriados de tv onde trabalha até hoje.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Armação Perigosa

Armação Perigosa (Street Smart, EUA, 1987) – Nota 6,5
Direção – Jerry Schatzberg
Elenco – Christopher Reeve, Kathy Baker, Mimi Rogers, Jay Patterson, Andre Gregory, Morgan Freeman, Anna Maria Horsford, Erik King.

O jornalista Jonathan Fisher (Christopher Reeve) é pressionado pelo dono da revista onde trabalha (Andre Gregory) para conseguir uma reportagem de impacto. Suas ideias são rejeitadas, sendo que a única que desperta o interesse no chefe é sobre o mundo da prostituição. Jonathan promete fazer uma matéria sobre um dia na vida de um cafetão, porém ele não contava que sujeito algum aceitaria ser o personagem principal. 

Para tentar enganar seu chefe, Jonathan inventa uma história que se torna capa da revista e o transforma em sensação, inclusive ganhando um programa de tv com reportagens investigativas, o “Street Smart” do título.

Como tudo que começa com uma mentira tende a dar errado, um promotor (Jay Patterson) passa a pressionar Jonathan acreditando que sua matéria se refere a um cafetão verdadeiro conhecido como “Fast Black” (Morgan Freeman) que está sendo processado pelo assassinato de um sujeito que espancava uma de suas garotas. 

A premissa é interessante ao misturar o jornalismo sensacionalista com o mundo da prostituição de rua, o problema é que o roteiro é um pouco confuso ao tentar criar reviravoltas jurídicas e uma espécie de vingança no final.

O grande destaque é a atuação de Morgan Freeman, que na época já estava com quarenta anos e era praticamente um desconhecido, inclusive com seu nome sendo apenas o sexto nos créditos iniciais. Mesmo com o filme sendo irregular, o papel do violento cafetão lhe rendeu uma merecida indicação ao Oscar e abriu caminho para se tornar um astro. 

Apesar do protagonista ser Christopher Reeve, nas cenas entre os dois dá até pena do eterno Superman, que acaba sendo engolido pela força de Freeman.

É mais um longa que vale como curiosidade para quem gosta de produções dos anos oitenta, já que tudo lembra a época, desde a trilha sonora, passando pelas roupas e até os cortes de cabelo. 

Como informação, esta foi outra produção de Menahem Golam e Yoram Globus que naufragou nas bilheterias e fazia parte de um contrato da dupla com Christoper Reeve para dois filmes, que no mesmo ano enterraram a franquia Superman com o péssimo “Superman IV: Em Busca Paz”.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Um Grito no Escuro

Um Grito no Escuro (A Cry in the Dark ou Evil Angels, EUA / Austrália, 1988) – Nota 6,5
Direção – Fred Schepisi
Elenco – Meryl Streep, Sam Neill.

Em 1980 na Austrália, o casal Chamberlain, Michael (Sam Neill) e Lindy (Meryl Streep) decide viajar nas férias para Ayer’s Rock, um vale utilizado por turistas como acampamento ao lado de um enorme montanha. Levando os dois filhos pequenos e uma filha ainda bebê, o casal faz amizade com outros turistas, se reunindo durante a noite para relaxar. 

Após o bebê dormir, Lindy o coloca dentro barraca da família, porém poucos minutos depois, um cão selvagem (Dingo Australiano) sai correndo da tenda e ela percebe que a criança sumiu. O fato dá início a uma busca desesperada que conta com a ajuda de dezenas de pessoas. Sem sucesso na busca e com o casal que é adventista, se mostrando resignado pela perda da filha durante entrevistas para tv, um promotor passa a acreditar que a história é mentira, decidindo investigar e processar o casal. 

Esta premissa absurda é baseada numa história real que dividiu a Austrália, com muitas pessoas acreditando que tudo era mentira, já que não existia relato anterior algum de ataque de Dingo que tenha carregado um bebê. A história se desenrola por vários anos e tinha tudo para render um filme melhor, porém a direção pesada de Fred Schepisi (“Roxanne”) falha na narrativa lenta e na passagem do tempo. 

O ponto positivo é a atuação de Meryl Streep, que com um estranho cabelo estilo tigela cria uma personagem que se mostra fria em muitos momentos, mesmo passando por uma situação extrema. Esta atuação rendeu uma das várias indicações de Meryl para o Oscar. 

Como curiosidade, este longa foi uma das várias tentativas dos primos israelenses Menahem Golan e Yoram Globus, donos da falida produtora Cannon, de tentar emplacar um filme sério, porém se tornou mais um dos vários fracassos da dupla. 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Peso de um Passado

O Peso de um Passado (Running on Empty, EUA, 1988) – Nota 7,5
Direção – Sidney Lumet
Elenco – Christine Lahti, Judd Hirsch, River Phoenix, Jonas Abry, Martha Plimpton, Steven Hill.

O casal Arthur (Judd Hirsch) e Annie Pope (Christine Lahti) vive fugindo do FBI há mais de quinze anos, desde que atacaram um laboratório que fabricava Napalm para ser utilizado na Guerra do Vietnã. Utilizando nomes falsos e mudando de local cada vez que percebem que podem ser localizados, o casal treinou o filho mais velho Danny (River Phoenix) e o mais novo Harry (Jonas Abry) para falarem o menos possível sobre suas vidas com os amigos. 

Quando a família se muda para New Jersey e Danny inicia seu último ano do colegial, o professor de música descobre no jovem um raro talento para o piano, ao mesmo tempo em que Danny se envolve com a filha do professor (Martha Plimpton). Desta situação nasce a dúvida na cabeça de Danny, ir para universidade e abandonar a família, para quem sabe nunca mais vê-los, ou seguir na vida de fugitivo mesmo sem ter culpa alguma do erro dos pais. 

Na época, o grande diretor Sidney Lumet estava numa fase ruim, vinha de alguns filmes que fracassaram como “Os Donos do Poder” e “A Manhã Seguinte” e talvez por isso tenha escolhido um drama intimista, um filme menor para continuar a carreira. Um dos objetivos do ótimo roteiro que concorreu ao Oscar, é mostrar como uma atitude errada pode trazer consequências para vida inteira e as vezes levando a um ponto onde é necessário tomar uma decisão, mesmo que ela seja dolorida. 

O elenco tem uma atuação impecável, com Christine Lahti perfeita com a mulher arrependida pela decisão tomada na juventude, Judd Hirsch competente como o eterno rebelde e o falecido River Phoenix ótimo no papel que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante e que fez público e crítica acreditarem que um novo grande ator estava surgindo, pena que sua vida tenha sido abreviada.

O resultado é um filme que aparentemente tem uma trama simples, mas que apresenta personagens riquíssimos, com virtudes, defeitos, dúvidas e frustrações, igual um ser humano comum.   

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu I e II

Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (Airplane, EUA, 1980) – Nota 8
Direção – David Zucker, Jim Abrahams & Jerry Zucker
Elenco – Robert Hays, Julie Hagerty, Leslie Nielsen, Peter Graves, Kareem Abdul Jabbar, Lloyd Bridges, Robert Stack

Este filme marcou a estréia do trio "ZAZ" no cinema. Os diretores Jerry Zucker, Jim Abrahams e David Zucker dirigiram a seis mãos esta comédia hilariante que começa parodiando no título o clássico do cinema catástrofe "Aeroporto", para em seguida disparar um piada após a outra acertando em diversos outros filmes famosos e clichês clássicos do cinema. 

Os diretores resgataram diversos atores veteranos que estavam esquecidos na época, como Lloyd Bridges, Robert Stack, Peter Graves e Leslie Nielsen, este último que se tornou o ator favorito do trio em suas comédias, além do jogador de basquete Kareem Abdul-Jabbar. Infelizmente modelo de comédia foi copiado a exaustão e hoje está completamente saturado e sem graça.

Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu II (Airplane II: The Sequel, EUA, 1982) – Nota 6
Direção – Ken Finkleman
Elenco – Robert Hays, Julie Hagerty, Lloyd Bridges, Chad Everett, Peter Graves, Chuck Connors, William Shatner, Raymond Burr, John Vernon, Rip Torn, Sonny Bono, Richard Jaeckel.

Esta continuação do sucesso de 1980 se passa num ônibus espacial com destino à Lua, onde um maluco tenta sabotar a viagem. Em flashback, o piloto (Robert Hays) e a aeromoça (Julie Hagerty) são julgados pelos acontecimentos do filme anterior. 

O original era engraçadíssimo e trazia uma piada atropelando a outra, porém a continuação é apenas uma cópia sem a mesma inspiração, principalmente pela falta do trio ZAZ (Zucker, Abrahams & Zucker) na direção. 

domingo, 5 de janeiro de 2014

Faroeste Caboclo

Faroeste Caboclo (Brasil, 2013) – Nota 7,5
Direção – René Sampaio
Elenco – Fabiano Boliveira, Isis Valverde, Felipe Abib, Antonio Calloni, Marcos Paulo, César Troncoso, Cinara Leal, Rodrigo Pandolfo, Juliana Lohmann.

A música “Faroeste Caboclo” escrita por Renato Russo é por si só uma história completa, um verdadeiro pré-roteiro quase pronto para ser filmado. A onda de filmes e documentários sobre a cena do Rock de Brasília dos anos oitenta, fez surgir está ótima ideia de levar as telas a triste saga de João de Santo Cristo (Fabiano Oliveira). 

Ainda adolescente no interior da Bahia, João mata o policial que havia assassinado seu pai anos atrás e acaba preso no reformatório. Após mais alguns anos, ele sai da cadeia e segue para Brasília onde encontra seu primo Pablo (o uruguaio César Troncoso de “O Banheiro do Papa”), com quem se torna comparsa no tráfico de drogas. Durante uma negociação de drogas, João é perseguido pela polícia e consegue se esconder no apartamento de Maria Lúcia (Isis Valverde), filha de um senador (Marcos Paulo), que se torna sua namorada. O problema é que o envolvimento de João com a venda de drogas o fará entrar em conflito com o também traficante Jeremias (Felipe Abib) e o policial corrupto Marco Aurélio (Antonio Calloni).

Como citei no início, a história estava praticamente pronta e o roteiro de Marcos Bernstein e Victor Atherino apenas criou as amarras da trama de uma forma convencional, porém com competência, resultando num bom drama policial. 

Os destaques do elenco são o protagonista Fabiano Boliveira (do fraco “400 Contra 1”), que interpreta um jovem dominado pela revolta, que vê cada nova esperança de mudar de vida se transformar em frustração e para César Troncoso como o traficante Pablo, personagem que ajuda João, mas que ao mesmo tempo é preconceituoso e violento. 

Mesmo com altos e baixos durante os anos, o cinema brasileiro já produziu muitos dramas policiais de qualidade, sendo muito bom ver mais um longa do gênero que merece destaque. 

sábado, 4 de janeiro de 2014

Drive & Caçador de Morte


O cinéfilo com mais idade ou que gosta de garimpar filmes antigos e teve a chance de assistir ao interessante "Caçador de Morte" de Walter Hill, com certeza se lembrou deste longa ao ver o recente "Drive" com Ryan Gosling.

São filmes diferentes no estilo, mas fica claro que o diretor Nicolas Winding Refn utilizou a premissa do longa de Walter Hill como inspiração para seu trabalho.

Drive (Drive, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Nicolas Winding Refn
Elenco – Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston, Albert Brooks, Oscar Isaac, Christina Hendricks, Ron Pearlman.       

Um jovem (Ryan Gosling) trabalha como dublê e ao mesmo tempo na oficina mecânica de Shannon (Bryan Cranston), que por conhecer a habilidade do garoto no volante, as vezes consegue um trabalho extra como piloto de fuga. O garoto segue algumas regras e não se envolve nos roubos, apenas ajuda os bandidos a fugirem. Seu jeito frio de agir sofre um abalo quando ele conhece a jovem Irene (Carey Mulligan), sua vizinha que tem um filho pequeno e espera o marido (Oscar Isaac) sair da cadeia. Os dois se envolvem, porém quando o marido volta para casa o romance esfria, e para piorar, bandidos ameaçam o sujeito, Irene e o filho, fato que faz o garoto tomar uma complicada decisão para tentar ajudá-los. 

Muito elogiado pela crítica, este longa mostra que o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn tenta impor um estilo próprio, que funciona em parte, mas que na minha opinião deixa um pouco a desejar na frieza em que é tratada a relação entre o os personagens de Gosling e Carey Mulligan. Alguns momentos de silêncio demorado entre os diálogos do casal chega a incomodar. 

Por outro lado, a trama é interessante, assim como o desenvolvimento do personagem de Ryan Gosling, que tem atitudes frias, estando quase para um psicopata silencioso, até que encontra um pouco de vida na relação com a vizinha e seu filho. 

Outro acerto foi entregar o papel do violento mafioso ao comediante Albert Brooks, ator conhecido por dirigir, escrever e atuar em comédias sobre relacionamentos, que chegou a ser chamado de “Woody Allen de Los Angeles” nos anos noventa e que aqui tem uma marcante atuação. 

Não é um filme que chega a empolgar, mas cumpre o papel de entreter e fazer o espectador pensar.

Caçador de Morte (The Driver, EUA, 1978) – Nota 7,5
Direção – Walter Hil
Elenco – Ryan O'Neal, Bruce Dern, Isabelle Adjani, Ronee Blakley, Matt Clark.

Um motorista (Ryan O’Neal) especialista em dirigir para assaltantes fugirem das cenas de crime, ganha fama nas ruas e chama a atenção de um detetive corrupto (Bruce Dern), que fica obcecado em prender o sujeito. O detetive chega a armar um falso assalto para tentar prender o motorista, que por outro recebe a ajuda de uma perigosa jovem (Isabelle Adjani). 

Este fio de história contado em estilo noir, é apenas um pretexto para várias cenas de perseguição automobilística, quase todas pontuadas por barulho de motores, derrapadas e batidas. 

O então astro Ryan O’Neal interpreta o sujeito misterioso e calado, enquanto seu oponente feito por Bruce Dern é o oposto. A bela atriz francesa Isabelle Adjani teve aqui seu primeiro papel em Hollywood. 

Como curiosidade, os personagens não tem nomes, são chamados de “O Motorista”, “O Detetive”, “A Jogadora”, entre outros.

Vale destacar a direção de Walter Hill, sujeito marcado por uma carreira toda voltada para filmes policiais e de ação e que no ano seguinte entregaria seu trabalho mais famoso, o hoje clássico “Warriors – Os Selvagens da Noite”. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Última Sessão de Cinema

A Última Sessão de Cinema (The Last Picture Show, EUA, 1971) – Nota 8
Direção – Peter Bogdanovich
Elenco – Timothy Bottoms, Jeff Bridges, Ben Johnson, Cloris Leachman, Ellen Bustyn, Cybill Shepherd, Eileen  Brennan, Clu Gulager, Sam Bottoms, Randy Quaid.

No início dos anos cinquenta, na pequena e decadente cidade de Anarene no Texas, os jovens amigos Duane (Jeff Bridges) e Sonny (Timothy Bottoms) passam o tempo entre namorar e assistir filmes no cinema local que pertence a Sam “O Leão” (Ben Johnson). Em meio aos dias de tédio, Duane namora Jacy (Cybill Shepherd), uma jovem rica que tem planos diferentes do que ficar com o pobretão Duane. Enquanto isso, Sonny se envolve com uma mulher mais velha, a frustrada Ruth (Cloris Leachman), esposa do professor de educação física do colégio. 

Filmado em preto e branco, com um ritmo lento e um roteiro ousado para época, que apresenta cenas de sexo, além de diálogos e situações polêmicas, este longa transformou o então jovem Peter Bogdanovich em queridinho da crítica. Até então Bogdanovich havia comandado apenas dois filmes produzidos pelo mestre do baixo orçamento Roger Corman. 

Em seguida, o diretor engatou sucessos como “Essa Pequena é uma Parada”, “Lua de Papel” e “No Mundo do Cinema”, todos em parceira com o então astro Ryan O’Neill. O talento mostrado nestes trabalhos se perdeu no início nos anos oitenta em meio a crises pessoais, principalmente o assassinato da atriz e sua amante Dorothy Stratten durante as filmagens de “Muito Riso e Muita Alegria”. A partir daí o único trabalho do diretor digno de nota é o drama “Marcas do Destino” de 1985. Bogadnovich atualmente é um conceituado crítico de cinema e documentarista, além de ter tido um pequeno papel de psiquiatra no seriado “A Família Soprano”. 

Vale destacar ainda o ótimo elenco que misturava jovens promissores como Jeff Bridfes, os irmãos Bottoms e Randy Quaid, com veteranos como Ben Johnson e Cloris Leachman. Por sinal, os irmãos Timothy e Sam Bottoms (este já falecido) acabaram se perdendo na carreira. 

O resultado é um belo drama que marcou época e ainda rendeu uma continuação em 1990 chamada “Texasville”, que trazia o mesmo diretor e parte do elenco, inclusive Jeff Bridges e Cybill Shepherd. Não vi esta sequência, filme hoje quase esquecido.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A Próxima Vítima

A Próxima Vítima (Brasil, 1983) – Nota 7,5
Direção – João Batista de Andrade
Elenco – Antônio Fagundes, Mayara Magri, Othon Bastos, Gianfrancesco Guarnieri, Louise Cardoso, Goulart de Andrade, Aldo Bueno, João Acaiabe, Walter Breda.

O jornalista David Duarte (Antônio Fagundes) é escalado por seu chefe (Goulart de Andrade) para cobrir uma série de assassinatos de prostitutas no decadente bairro do Brás em São Paulo. Mesmo a contragosto, David aceita o trabalho e ao procurar testemunhas, encontra um velho italiano (Gianfrancesco Guarnieri) que se diz dentista, mas que na verdade é um cafetão. O sujeito dá algumas pistas sobre as mortes para David, que a partir daí chega na jovem prostituta Luna (a deliciosa Mayara Magri), com quem acaba se envolvendo. Em paralelo, o delegado encarregado da investigação (Othon Bastos) faz de tudo para encerrar os casos, nem que para isso tenha de acusar um sujeito inocente (Aldo Bueno). 

Este longa policial hoje praticamente esquecido, é um belo trabalho do diretor mineiro João Batista de Andrade (“O Homem que Virou Suco”), que além da trama policial em si, ainda faz uma crítica ao preconceito e a corrupção policial e política, sendo que este último ponto é trabalhado através de imagens reais da então campanha eleitoral para o governo do Estado de SP de 1982, que envolvia figuras como Jânio Quadros, Lula e Franco Montoro, tendo ainda a importância de ter sido a primeira eleição direta para o cargo desde o início dos anos sessenta. 

Um dos pontos altos do roteiro é o desenvolvimento do personagem principal, que se mostra uma pessoa sem esperança alguma de mudança com as eleições e que vai se tornando cada vez mais cético ao ver a ação corrupta da política, além de toda violência e degradação dos casos que investiga. 

Acredito que um dos fatores que fez este filme ser esquecido, foi ter sido produzido numa época em que o cinema brasileiro estava em transição, com as pornochanchadas da Boca do Lixo dando lugar aos pornôs, situação que deixou outros filmes ( entre eles “República de Assassinos” e “Eu Matei Lúcio Flávio”) numa espécie de limbo, com o público associando de forma equivocada a cinema de baixa qualidade. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Rinha

Rinha (La Riña, Brasil, 2008) – Nota 7,5
Direção – Marcelo Galvão
Elenco – Christiano Cochrane, Warley Santana, Leonardo Miggiorin, Elder Torres, Maytê Piragibe, Dannilu, Deto Montenegro, Paola Oliveira, Guilherme Magon, Anna Ludmilla, Oswaldo Lot.

As vezes aparecem filmes que analisando puramente como cinema encontramos diversas falhas, mas que ao final da projeção percebemos que ele prendeu a atenção e atingiu o objetivo de entreter. É o caso deste polêmico e violento “Rinha”, terceiro longa do diretor Marcelo Galvão.

Sua estreia no razoável “Quart4B” pecou pelo exagero na parte final, enquanto “Bellini e o Demônio” se mostrou um trabalho completamente equivocado e pretensioso. Aqui novamente Galvão apresenta seus defeitos, como a câmera nervosa em várias cenas, enquadramentos estranhos e principalmente um elenco muito ruim, mas isto acaba em segundo plano pela realidade crua da história, que mostra a podridão escondida por trás de jovens da elite. 

O longa começa avisando ser baseado em fatos reais, para rapidamente entrar a narração de Patrick (Christiano Cochrane, ator canastrão, filho da apresentadora Marília Gabriela e presente em todos os filmes de Marcelo Galvão), um playboy que diz ter estudado numa escola americana da classe alta e que comanda “A Rinha” junto com o homossexual Garcia (Dannilu). 

Narrando de uma forma cínica e preconceituosa, Patrick apresenta todos os participantes da festa regada a bebidas, drogas, mulheres e altas apostas nas violentas lutas sem regras dentro de uma piscina vazia. A história se passa em apenas uma noite, naquela que foi a última “Rinha” no local. 

Mesmo sendo infinitamente inferior na questão do talento do diretor e do orçamento, o longa lembra o estilo dos trabalhos de Guy Ritchie. 

Como informação, grande parte do longa é falado em inglês, segundo o diretor, o objetivo era atingir o mercado internacional. 

Para quem gosta de um filme diferente e violento, este é uma boa pedida.