domingo, 30 de junho de 2019

Eu, Você e a Garota que Vai Morrer

Eu, Você e a Garota que Vai Morrer (Me, and Earl and the Dying Girl, EUA, 2015) – Nota 8
Direção – Alfonso Gomez Rejon
Elenco – Thomas Mann, Olivia Cooke, RJ Cyler, Nick Offerman, Connie Britton, Molly Shannon, Jon Bernthal, Matt Bennett, Katherine Hughes, Masam Holden.

Greg (Thomas Mann) está no último ano do colégio e sempre preferiu ser invísivel. Cumprimenta a todos, mas não se envolve com grupo algum.

Seu único amigo é Earl (RJ Cyler), com quem cria paródias de filmes cult que eles aprenderam a gostar com o pai de Greg (Nick Offerman), um sociólogo natureba que passa o dia em casa de roupão. 

Quando a mãe de Greg (Connie Britton) praticamente o obriga a telefonar para a garota Rachel (Olivia Cooke), que descobriu estar com leucemia, o fato dá início a uma inesperada amizade. 

Filmes sobre doenças estão no final da minha lista de preferências, porém alguns acertam na forma por retratarem este tipo de situação sem exageros melodramáticos e com personagens complexos. É o caso deste ótimo longa que vai além da doença, focando também em amizade, na questão dos grupos que se formam no colégio, na decisão sobre qual carreira seguir e na forma como os pais olham para os filhos. 

Tudo isso fica ainda melhor por causa do elenco. O trio principal demonstra uma ótima química através de diálogos divertidos e inteligentes, além é claro das divertidas sátiras filmadas pela dupla de amigos. São impagáveis também o pai vivido por Nick Offerman e o professor gente fina interpretado por Jon Bernthal. 

É um filme recomendado para todos.

sábado, 29 de junho de 2019

Tudo o que Tivemos

Tudo o que Tivemos (What They Had, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Elizabeth Chomko
Elenco – Hilary Swank, Michael Shannon, Robert Forster, Blythe Danner, Taissa Farmiga, Josh Lucas, William Smilie.

Após receber a notícia de que a mãe (Blythe Danner) que sofre de Alzheimer desapareceu de casa, Bridget (Hilary Swank) viaja com a filha Emma (Taissa Farmiga) para encontrar o pai (Robert Forster) e o irmão Nick (Michael Shannon). 

A mãe logo é encontrada, mas Bridget se vê em meio a uma briga do irmão com o pai. Nick deseja que a mãe seja colocada em uma casa de repouso, fato refutado com ódio pelo pai. A própria Bridget também enfrenta problemas com o marido (Josh Lucas) e com a crise da filha que deseja largar a universidade. 

O roteiro escrito pela diretora Elizabeth Chomko explora os clichês comuns aos dramas familiares, misturando doenças e frustrações numa salada que funciona quando os diálogos são bons e o elenco afiado.

Aqui temos um ótimo elenco, porém o desenvolvimento da história é apenas razoável. Mesmo a pequena surpresa no final não chega a ser uma grande novidade em relação a situação que a família enfrenta. 

O filme vale a sessão apenas por causa do elenco.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

They Shall Not Grow Old

They Shall Not Grow Old (They Shall Not Grow Old, Inglaterra / Nova Zelândia, 2018) – Nota 7,5
Direção – Peter Jackson
Documentário

Para marcar o centenário do final da Primeira Guerra Mundial, o diretor Peter Jackson fez um trabalho de pesquisa para reunir o maior número possível de filmagens da época. Ele conseguiu preciosidades como cenas de treinamento, dos soldados comendo, brincando e até das trincheiras. 

O documentário é narrado através de relatos registrados por soldados que lutaram na guerra. Jackson seguiu um roteiro na narração mostrando que muitos jovens, inclusive menores de idade se alistaram pensando que a guerra acabaria rapidamente, o que se mostrou um enorme erro. As narrações seguem detalhando as surpresas desagradáveis que os jovens foram enfrentando até chegarem aos terríveis campos de batalha. 

Por mais que eu goste de filmes e documentários sobre guerras, o desenvolvimento da narrativa é um pouco cansativa. Para dar ênfase a determinadas situações, as narrações diferentes acabam repetindo as mesmas histórias algumas vezes. 

É uma obra indicada para pessoas que gostam de história.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Enigmas de um Crime & Perdita Durango


Enigmas de um Crime (The Oxford Murders, Espanha / Inglaterra / França, 2008) – Nota 5
Direção – Alex de la Iglesia
Elenco – Elijah Wood, John Hurt, Leonor Watling, Julie Cox, Jim Carter, Alex Cox, Burn Gorman, Dominique Pinon, Anna Massey, Danny Sapani.

Martin (Elijah Wood) é um matemático que vai fazer um mestrado na Universidade de Oxford na Inglaterra. Seu desejo é ter como tutor o famoso professor Arthur Seldom (John Hurt), um sujeito complexo e egocêntrico. 

O assassinato de um senhora amiga de Arthur, que também hospedava Martin em sua casa dá início a um complexo jogo em que o assassino envia mensagens com símbolos matemáticos relacionados ao que seria a próxima vítima. 

A premissa de utilizar a matemática como fonte de pistas para assassinatos é extremamente interessante, o problema é a forma como o roteiro desenvolve a situação e também o estilo do diretor espanhol Alex de la Iglesia. A narrativa beira a ironia em alguns momentos, com diálogos que variam entre o estranho e o exageradamente técnico em relação a matemática. A explicação para os crimes também não convence. 

É um filme para passar longe.

Perdita Durango (Perdita Durango, México / EUA / Espanha, 1997) – Nota 5
Direção – Alex de la Iglesia
Elenco – Rosie Perez, Javier Bardem, James Gandolfini, Harley Cross, Aimee Graham, Demian Bichir, Screamin Jay Hawkins, Don Stroud, Carlos Bardem, Santiago Segura, Alex Cox.

Perdita Durango (Rosie Perez) e Romeo Dolorosa (Javier Bardem) formam um sinistro casal de criminosos que assaltam bancos, traficam drogas e até cadáveres para magia negra entre a fronteira do México e dos Estados Unidos. Após sequestrarem dois adolescentes (Harley Cross e Aimee Graham), o casal passa a ser perseguido pela polícia, por um ex-parceiro de Romeo (James Gandolfini) e por outros bandidos. 

O cinema insano do diretor espanhol Alex de la Iglesia não me agrada. Não se pode negar que ele tem um estilo próprio, frenético e ousado, mas está longe de agradar a todos. A violência recheada de humor negro e os personagens caricatos são comuns em seus trabalhos. Por mais que seja marcante sua atuação, também é difícil aguentar a histriônica Rosie Perez com sua voz irritante. 

É um filme indicado para um público específico.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Nunca Te Vi, Sempre Te Amei

Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (84 Charing Cross Road, Inglaterra / EUA, 1987) – Nota 7,5
Direção – David Jones
Elenco – Anne Bancroft, Anthony Hopkins, Judi Dench, Jean DeBaer, Mercedes Ruehl, Ian McNeice.

Helene Hang (Anne Bancroft) é uma escritora mal humorada e sarcástica que vive em Nova York. Helene adora livros raros que dificilmente são encontrados em sua cidade. 

Ela envia uma carta para uma pequena livraria em Londres em busca de alguns livros e recebe uma simpática resposta também por carta do proprietário Frank P. Doel (Anthony Hopkins). É o início de uma amizade à distância que se estenderá por vinte anos. 

Além das ótimas atuações de Anne Bancroft e Anthony Hopkins, outro grande acerto deste sensível drama é fazer o espectador se emocionar com a vida dos protagonistas através da leitura das cartas. Os protagonistas descrevem sonhos, frustrações, alegrias e tristezas que teriam dificuldades para contar cara a cara. 

O longa também é um exemplo de amor aos livros, indicado é claro para quem adora leitura.

terça-feira, 25 de junho de 2019

O Solista

O Solista (The Soloist, Inglaterra / França / EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Joe Wright
Elenco – Robert Downey Jr, Jamie Foxx, Catherine Keener, Tom Hollander, LisaGay Hamilton, Nelsan Ellis, Rachael Ellis, Stephen Root, Lorraine Toussaint, Justin Martin.

Los Angeles, 2005. O jornalista Steve Lopez (Robert Downey Jr) encontra por acaso em uma praça um morador de rua (Jamie Foxx) tocando violino. Ao se aproximar para conversar, Steve percebe que o sujeito tem problemas psicológicos, mas entende o que está acontecendo ao seu redor. 

O homem diz diz se chamar Nathaniel Ayres Jr e que teria estudado na famosa escola de música Juilliard. Steve pesquisa e descobre que o fato é verdadeiro. Ele decide saber mais sobre Nathaniel para escrever sua história no jornal em que é colunista. 

Baseado numa história real, este longa explora temas bem diferentes entre si como a pressão pelo sucesso e a vida dos moradores de rua, que em sua maioria são pessoas com problemas mentais ou viciadas. 

A relação que o jornalista tenta criar com o perturbado músico o faz entender aos poucos que algumas coisas não tem solução definitiva, além é claro da dificuldade em lidar com uma pessoa desequilibrada. 

O diretor tenta dar um ar poético para as sequências musicais, como se ocorresse uma imersão ao subconsciente do personagem de Jamie Foxx, mostrando que a música acalmaria sua loucura. 

É um filme interessante e ao mesmo tempo triste.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

O Gênio e o Louco

O Gênio e o Louco (The Professor and the Madman, Irlanda, 2019) – Nota 8
Direção – Farhad Safinia
Elenco – Mel Gibson, Sean Penn, Natalie Dormer, Stephen Dillane, Eddie Marsan, Jennifer Ehle, Jeremy Irvine, Steve Coogan, Ioan Gruffudd, David O’Hara, Anthony Andrews, Laurence Fox.

Inglaterra, final do século XIX. Especialista em línguas, o professor James Murray (Mel Gibson) é escolhido pela universidade de Oxford para elaborar um dicionário completo da língua inglesa, detalhando a origem de todas as palavras. 

Em paralelo, o americano Dr. William Chester Minor (Sean Penn) sofre com uma síndrome de perseguição após ter lutado na Guerra da Secessão. Seu problema mental faz com que ele mate um inocente pensando ser seu perseguidor. O médico é enviado para o manicômio, porém o destino faz com que a loucura de Minor e o trabalho de James Murray cruzem o mesmo caminho. 

Para quem ler a sinopse simples desta história real jamais imaginaria que a criação de um dicionário pudesse render um longa interessante e de ótima qualidade.

O roteiro escrito por quatro pessoas, entres eles o diretor Farhad Safinia e o veteraníssimo John Boorman de “Amargo Pesadelo” e “Inferno no Pacífico” foca na tênue fronteira entre a obsessão e a loucura. 

Enquanto o personagem de Mel Gibson é detalhista e obcecado em levar seu trabalho até o fim, o de Sean Penn atravessou a linha imaginária da loucura após vivenciar a violência da guerra. 

O roteiro explora também outros personagens extremamente interessantes como o psiquiatra de Stephen Dillane, o guarda do manicômio vivido por Eddie Marsan e a viúva de Natalie Dormer. 

Sobram ainda críticas para os bizarros tipos de tratamentos psiquiátricos da época. 

É um ótimo filme que desenvolve vários temas partindo de uma premissa simples, a questão da criação do dicionário.

domingo, 23 de junho de 2019

The End of the F***ing World

The End of the F***ing World (The End of the F***ing World, Inglaterra, 2017)
Direção – Jonathan Entwistle & Lucy Tcherniak
Elenco – Jessica Barden, Alex Lawther, Steve Oram, Wunmi Mosaku, Gemma Whelan, Christine Bottomley, Navin Chowdhry.

James (Alex Lawther) é um adolescente estranho e solitário que acredita ser um serial killer. Alyssa (Jessica Barden) também é uma jovem solitária que se sente desprezada pela mãe e odeia o padrasto. Ela é rebelde e fala o que vem na cabeça. 

Os dois se cruzam no colégio e após algumas situações decidem fugir de casa. Eles pegam a estrada e seguem o desejo de Alyssa em reencontrar o pai que não vê há muitos anos. 

Esta série em oito episódios de meia-hora cada mistura drama adolescente, violência e humor negro tipicamente inglês. Esqueça as histórias de amor água com açúcar, a jornada do jovem casal é repleta de sequências violentas e pequenos roubos em meio a coadjuvantes bizarros e canalhas. 

Um dos acertos da série é a narração em off dos protagonistas, que falam o que realmente estão pensando direto para espectador, contradizendo suas palavras e atitudes com os outros personagens. 

A atuação da dupla principal é outro ponto positivo. Alex Lawther está perfeito como o apático protagonista que demonstra dificuldade em se expressar e agir, enquanto Jessica Barden é a adolescente antissocial que esconde seu sofrimento na rebeldia de suas atitudes. 

A série tem um final que não chega a ser aberto, mas que dá margem a uma segunda temporada que deverá ser filmada ainda este ano.

sábado, 22 de junho de 2019

Vidas à Deriva

Vidas à Deriva (Adrift, Hong Kong / Islândia / EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Baltasar Kormakur
Elenco – Shailene Woodley, Sam Claflin, Jeffrey Thomas, Elizabeth Hawthorne.

A jovem Tami (Shailene Woodley) abandonou tudo para viver no Taiti, trabalhando no pier e aproveitando o mar.

Ao conhecer Richard (Sam Claflin), que também abandonou sua vida normal para se aventurar no mar com um barco, eles se apaixonam. 

A vontade de velejar pelo mundo se casa perfeitamente com a proposta de um casal amigo, que oferece a Richard o barco deles para ser levado do Taiti até San Diego na Califórnia. A viagem dos sonhos se transforma em pesadelo quando o barco é atingido por uma tempestade. 

Baseado numa história real contada em um best seller, este longa se divide em duas narrativas. A primeira mostra o início do relacionamento do casal até a viagem e a segunda se passa no oceano depois do acidente na tempestade. 

A parte da relação segue a cartilha dos romances açucarados, enquanto as sequências em alto mar apesar de se alongarem um pouco mais do que o ideal, são angustiantes e bem filmadas, muito pelo talento do diretor islandês Baltasar Kormakur, especialista em aventuras e responsável pela ótima série “Trapped”. 

A história ainda revela uma surpresa no final. 

Com certeza os fãs do livro gostaram bastante da adaptação.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Farsa Trágica & A Noite do Demônio


Farsa Trágica (The Comedy of Terrors, EUA, 1963) – Nota 7,5
Direção – Jacques Tourneur
Elenco – Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Joyce Jameson, Basil Rathbone, Joe E. Brown.

New England, final do século XIX. Waldo Trumbull (Vincent Price) é o dono de uma decadente agência funerária. Ele é sócio do seu sogro Amos (Boris Karloff), um idoso que sofre de demência. Waldo exagera na bebida e ignora sua esposa Amaryllis (Joyce Jameson), que é uma cantora de ópera frustrada. Para tentar salvar seu negócio, ele e seu assistente Felix (Peter Lorre) passam a cometer assassinatos para conseguirem “novos clientes”.

Recheado de humor negro com diálogos ferinos e situações bizarras, este divertido longa foi um dos últimos trabalhos do diretor Jacques Tourneur. Ele conseguiu reunir uma espécie de trio de ouro do horror (Vincent Price, Peter Lorre e Boris Karloff) para tirar um sarro do gênero, muito bem auxiliados por coadjuvantes engraçados como Joyce Jameson e o guardião do cemitério vivido pelo impagável Joe E. Brown.

Boa diversão para quem gosta de humor negro sem exageros sanguinários.

A Noite do Demônio (Curse of the Demon ou Night of the Demon, EUA, 1957) – Nota 7
Direção – Jacques Tourneur
Elenco – Dana Andrews, Peggy Cummins, Niall MacGinnis, Maurice Denham.

A estranha morte de um amigo professor faz o Dr. John Holden (Dana Andrews) viajar dos EUA para a Inglaterra para descobrir o que ocorreu. O falecido estava investigando um culto satânico comandado pelo Dr. Karswell (Niall MacGinnis). Não demora para entrar em conflito com Karswell, que o amaldiçoa dizendo que ele morrerá em três dias, tempo que Holden terá para desmascarar o charlatão. 

Especialista em filmes de terror e suspense em que a sugestão era utilizada para assustar a plateia, o diretor francês Jacques Tourneur foi obrigado pelo produtor a inserir uma estranha criatura na parte final deste longa. O produtor queira algo explícito, fato que tirou um pouco da qualidade do filme e que hoje se mostra ainda pior. A briga resultou até mesmo em duas versões diferentes e dois títulos. O ponto principal acaba sendo o clima de tensão crescente que toma conta da narrativa resultando numa enorme pressão sobre o protagonista vivido por Dana Andrews. 

É um filme indicado para os fãs de terror antigo.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Entre Inimigos

Entre Inimigos (Into the White, Noruega / Suécia / França, 2012) – Nota 7,5
Direção – Peter Naess
Elenco – Florian Lukas, David Kross, Stig Henrik Hoff, Lachlan Nieboer, Rupert Grint.

No início da Segunda Guerra Mundial, alemães e ingleses lutavam para conquistar a Noruega por causa das reservas de minérios. O destino faz com que um avião de cada país faça um pouso de emergência na mesma região gelada da Noruega. 

Três alemães (Florian Lukas, David Kross e Stig Henrik Hoff) e dois ingleses (Lachlan Nieboer e Rupert Grint) se encontram em uma cabana isolada e precisam deixar a guerra de lado para sobreviver. 

Baseado numa história real, além da luta pela sobrevivência este longa foca na relação que se cria entre inimigos. O roteiro é inteligente ao retratar em diálogos as diferenças entre os personagens, a forma de cada um deles encarar a guerra e também a questão de porque considerar o próximo um inimigo somente porque ele nasceu em outro país. Os letreiros finais explicam um pouco mais sobre a inusitada relação de amizade. 

Vale também destacar as belas locações geladas. 

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Chernobyl

Chernobyl (Chernobyl, EUA / Inglaterra, 2019) – Nota 10
Direção – Johan Renck
Elenco – Jared Harris, Stellan Skarsgard, Emily Watson, Jessie Buckley, Paul Ritter, David Dencik, Ralph Ineson, Adam Nagaitis, Sam Troughton, Con O’Neill, Adrian Rawlins, Barry Keoghan, Donald Sumpter.

Em 26 de Abril de 1986, um reator da usina nuclear de Chernobyl explodiu causando o pior acidente do gênero na história do mundo. Esta minissérie produzida pela HBO em cinco episódios detalha as causa e as consequências do acidente. 

O roteirista Craig Mazin utilizou gravações deixadas pelo professor Valery Legasov, interpretado aqui por Jared Harris, como base para descrever os bastidores do ocorrido. O ponto principal da história é expor como a opressão e a arrogância do regime comunista criaram esta tragédia que por pouco não se transformou numa catástrofe gigantesca. 

O roteiro deixa claro como as relações profissionais e pessoais na antiga União Soviética eram ditadas pelo medo. Os funcionários da usina que perceberam que havia algo de errado morriam de medo de confrontar os chefes, que por seu lado ignoravam o perigo da usina. 

Este tipo de situação se repetia entre o líderes do conselho do soviético, que perceberam o risco de uma catástrofe ainda maior somente após Legasov bater de frente mostrando o que realmente ocorreu. 

A sequência de fatos absurdos e total falta de respeito com o ser humano é inacreditável, tudo em nome da soberania do maldito Estado Comunista. A forma como todos estes fatos são detalhados resulta numa minissérie sensacional que vai além da tragédia. 

Os destaques do elenco ficam para Jared Harris perfeito como o protagonista, Stellan Skarsgard acertando na composição do político Boris Shcherbina e de Emily Watson como uma cientista que os auxilia, sendo esta uma personagem fictícia. Vale citar os letreiros finais que explicam o porquê da personagem de Watson e os números da tragédia. 

terça-feira, 18 de junho de 2019

Glory

Glory (Slava, Bulgária / Grécia, 2016) – Nota 8
Direção – Kristina Grozeva & Petar Valchanov
Elenco – Stefan Denolyubov, Margita Gosheva.

Tzanko Petrov (Stefan Denolyubov) é um solitário funcionário do governo que faz manutenção nos trilhos de trem. Ao encontrar uma grande quantidade de dinheiro na beira dos trilhos, o honesto Tzanko avisa a polícia. 

A notícia se espalha e como o Ministério dos Transportes da Bulgária enfrenta um escândalo de desvio de verba, a Relações Públicas Julia Staykova (Margita Gosheva) decide utilizar o simplório Tzanko como propaganda do governo. 

Vestindo roupas simples e com uma terrível dificuldade em falar por conta de uma gagueira, o sujeito é visto como piada pelas pessoas que trabalham com Julia. Uma confusão por causa de um relógio usado por Tzanko dá início a uma série de desencontros e problemas. 

Muitos filmes produzidos nos antigos países socialistas como Romênia, Bósnia, Sérvia e neste caso a Bulgária mostram como a burocracia e a corrupção estatal continuam enraizadas nestas sociedades. 

O protagonista aqui é jogado em meio a uma situação que foge de seu controle e que mexe com algo pessoal que é tratado com desprezo pelos funcionários do governo, principalmente a arrogante personagem vivida por Margita Gosheva, que por seu lado também enfrenta uma crise em seu casamento. A série crescente de injustiças leva a um final forte, mas também não tão surpreendente. 

É ótimo um drama que merece ser conhecido.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Ponto Cego

Ponto Cego (Blindspotting, EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Carlos López Estrada
Elenco – Daveed Diggs, Rafael Casal, Janina Gavankar, Jasmine Cepha Jones, Ethan Embry, Tisha Campbell Martin, Kevin Carroll.

Faltando três dias para acabar o período de liberdade condicional, Collin (Daveeg Diggs) se mostra ansioso e fica extremamente preocupado quando testemunha um policial (Ethan Embry) matando um bandido que estava fugindo. 

Ele precisa ainda lidar com o amigo Miles (Rafal Casal), um sujeito instável que é seu parceiro de trabalho em uma empresa de mudanças. Collin tenta também se reaproximar de sua ex-namorada (Janina Gavankar). 

Mesmo com algumas situações forçadas como a sequência na casa do policial, este longa ganha pontos pela criatividade da montagem e da narrativa, além da química entre os atores Daveed Diggs e Rafael Casal. 

O roteiro escrito pela dupla de atores foca no preconceito, mas também nos erros de seus próprios personagens, deixando de lado o vitimismo comum aos filmes atuais do gênero. Vale citar também as locações realistas na periferia da cidade de Oakland. 

É um bom filme sobre um tema polêmico.

domingo, 16 de junho de 2019

Perfeitos Desconhecidos

Perfeitos Desconhecidos (Perfetti Sconosciuti, Itália, 2016) – Nota 7,5
Direção – Paolo Genovese
Elenco – Giuseppe Battiston, Anna Foglietta, Marco Giallini, Edoardo Leo, Valerio Mastandrea, Alba Rohrwacher, Benedetta Porcaroli, Kasia Smutniak.

Três casais e um amigo divorciado se encontram no apartamento de um deles para um jantar. 

O que seria uma noite tranquila, vira de ponta de cabeça quando a psicanalista Eva (Kasia Smutniak) dá a sugestão de que todos coloquem o celular ligado na mesa e quando receberem qualquer tipo de mensagem ou ligação, revelem o conteúdo para os outros. Uma série de segredos e mentiras acabam vindo à tona. 

Antes do também criativo “Oportunistas”, o diretor italiano Paolo Genovese entregou este divertido longa que coloca em discussão a tecnologia sendo utilizada para esconder segredos e traições entre parceiros e amigos. 

A proposta da personagem em abrir a vida da pessoa através do conteúdo do celular mostra ao mesmo tempo como o ser humano se transformou dependente dos gadgets eletrônicos e também como o a traição entre casais nunca deixará de existir. 

Os diálogos variam entre discussões divertidas, conflitos patéticos e revelações dolorosas. O bom elenco ajuda bastante em elevar a qualidade do longa. 

Vale citar que a história já foi refilmada na Espanha e no México.

sábado, 15 de junho de 2019

O Quinto Elemento & Valerian e a Cidade dos Mil Planetas


O Quinto Elemento (The Fifth Element, França, 1997) – Nota 6,5
Direção – Luc Besson
Elenco – Bruce Willis, Gary Oldman, Milla Jovovich, Ian Holm, Chris Tucker, Brion James, Luke Perry, Tommy “Tiny” Lister, Lee Evans, Charlie Creed Miles, John Neville, Mathieu Kassovitz.

Século XXIII. A Terra corre perigo. Um industrial milionário (Gary Oldman) se une a mercenários alienígenas para tentar recuperar quatro pedras místicas que seriam fundamentais para a tomada do planeta por uma entidade conhecida como Grande Mal. 

Para defender a Terra, cientistas criam uma humanóide batizada como Leeloo (Milla Jovovich), que termina escapando do laboratório. Ela cruza o caminho do ex-militar Korben Dallas (Bruce Willis) que ganha a vida como motorista de táxi. Os dois se unem para também procurar as pedras, além de tentar descobrir qual seria o quinto elemento da equação. 

Lançado na época com uma gigantesca campanha de marketing, esta produção marcou a guinada na carreira do diretor francês Luc Besson. Até então seus trabalhos seguiam um estilo próprio com visual caprichado mas sem os exageros deste longa. 

A ideia de Besson era lançar um blockbuster francês copiando o estilo hollywoodiano, inclusive utilizando astros como Bruce Willis que estava no auge da carreira e Gary Oldman. A então jovem Milla Jovovich era sua esposa e protagonizaria dois anos depois o também contestado “Joana D’Arc”. 

Besson acertou a mão no visual e no ritmo da narrativa, mas entregou uma história confusa com personagens exagerados e um deles extremamente irritante vivido pelo comediante Chris Tucker. 

O filme foi sucesso de bilheteria e se tornou um cult, mesmo com as falhas citadas. 

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, França / China / Bélgica / Alemanha / Emirados Árabes Unidos / EUA, 2017) – Nota 5,5
Direção – Luc Besson
Elenco – Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen, Rihanna, Ethan Hawke, Herbie Hancock, Sam Spruell, Alain Chabat, Kris Wu, Rutger Hauer, Louis Leterrier.

No futuro, diversas raças de alienígenas se uniram aos humanos e construíram uma Estação Espacial Intergaláctica. O major Valerian (Dane DeHaan) e sua namorada sargento Laureline (Cara Delevingne) trabalham para uma espécie de polícia espacial. Durante uma missão, um incidente em um determinado planeta coloca em risco a vida no universo. 

O diretor francês Luc Besson bancou esta caríssima produção baseada em um famoso comic book adolescente. Como é comum nos filmes do diretor, o visual é extremamente caprichado, colorido, repleto de criaturas estranhas e exagerado. 

Este tipo de visual e as cenas de ação ao estilo Star Wars agradam o público fã do gênero, porém para o espectador comum, o roteiro raso e os diálogos infantis cheios de piadinhas são difíceis de encarar até o final. 

Para piorar, as atuações de Dane DeHaan e Cara Delevingne são péssimas, lembrando personagens de algum sitcom adolescente. Nem mesmo a presença de coadjuvantes famosos como Clive Owen e Ethan Hawke ajudam, assim como a personagem de Rihanna que é inserida na trama apenas para ser um chamariz para adolescentes. 

É um filme para o espectador que gosta de obras adultas passar longe.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

Stalingrado - A Batalha Final

Stalingrado – A Batalha Final (Stalingrad, Alemanha, 1993) – Nota 8
Direção – Joseph Vilsmaier
Elenco – Dominique Horwitz, Thomas Kretschmann, Jochen Nickel, Sebastian Rudolph, Dana Vavrova, Martin Benrath, Sylvester Groth.

Verão de 1942, Segunda Guerra Mundial. Dominando grande parte da Europa, Hitler decide invadir a União Soviética.

Um grupo de soldados liderados pelo inexperiente tenente Hans von Witzland (Thomas Kretschmann) viaja de trem e ao chegar ao país encontra o caos. 

Os nazistas acreditando que vencerão a guerra rapidamente são derrotados aos poucos, primeiro nas duras batalhas contra os soviéticos e posteriormente com a chegada do implacável inverno. 

Pouco conhecido, este ótimo longa explora a visão de soldados alemães que foram obrigados a lutar mesmo sem acreditar nos absurdos ideais nazistas.

O roteiro detalha uma verdadeira saga deste grupo em busca da sobrevivência e da tentativa de manter a dignidade em meio a tragédia. Esqueça os heroísmos habituais do gênero, aqui vemos o sofrimento, o medo, o choro e o desespero de quem deseja apenas voltar para casa. 

Filme indicado para quem gosta de dramas de guerra com boas cenas de ação.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A Colina Escarlate

A Colina Escarlate (Crimson Peak, Canadá / EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Guillermo del Toro
Elenco – Mia Wasikowska, Jessica Chastain, Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jim Beaver, Burn Gorman, Leslie Hope, Doug Jones, Jonathan Hyde.

Quando criança, Edith Cushing (Mia Wasikowska) viu a mãe morrer doente e passou a sofrer com pesadelos e visões do fantasma da falecida. Em todos os pesadelos o fantasma dizia para Edith tomar cuidado com a colina escarlate. 

Adulta, Edith ignora o médico Alan (Charlie Hunnam) e se apaixona pelo sedutor Thomas (Tom Hiddleston), que esconde uma estranha relação com a irmã (Jessica Chastain). 

Quando o pai de Edith (Jim Beaver) morre assassinado, a garota se casa com Thomas e muda para a mansão da família. É o início de uma relação de terror. 

Assim como em todos os trabalhos do diretor Guillermo del Toro, a parte técnica aqui é caprichada. Ótimos efeitos especiais nas aparições do fantasma, cenas de violência sangrentas e o figurino de época impecável. O problema é que tudo isso esconde uma trama totalmente previsível. 

É um filme com uma “casca” belíssima e um conteúdo requentado.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Black Summer

Black Summer (Black Summer, EUA, 2019)
Direção – John Hyams & Abram Cox
Elenco – Jaime King, Justin Chu Cary, Christine Lee, Sal Velez Jr., Kelsey Flower, Erika Hau, Gwynyth Walsh, Edsson Morales, Nyren B. Evelyn.

Uma forte sirene faz com que várias pessoas saiam correndo de suas casas em um bairro de subúrbio. Elas tentam chegar até os caminhões do exército que seguem para um estádio na região. 

A situação caótica ocorre porque os mortos se transformaram em zumbis extremamente agressivos. Neste contexto, vários personagens lutam para sobreviver e chegar até o estádio. 

Esta tentativa da Netflix em emplacar um sucesso no rastro de “The Walking Dead” resultou em uma divertida série ruim. O roteiro não se preocupa em desenvolver os personagens ou dar explicações para o que está ocorrendo, o foco é a correria desenfreada dos personagens e os confrontos com os zumbis. 

As cenas de ação, suspense e violência realmente prendem a atenção, inclusive com várias sequências de personagens correndo dos zumbis. Diferente de “The Walking Dead”, aqui os zumbis são extremamente rápidos. 

Por outro lado, a série deixa bastante a desejar nos personagens sem carisma, nos erros de continuidade e nos diálogos fracos. Por sinal, a série tem oito episódios, sendo que os dois últimos são bem curtos e praticamente sem diálogos. São sequências de ação ininterruptas até o final que deixa um gancho para a segunda temporada.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Carrasco Americano

Carrasco Americano (American Hangman, Canadá, 2019) – Nota 6
Direção – Wilson Coneybeare
Elenco – Donald Sutherland, Vincent Kartheiser, Paul Braunstein, Oliver Dennis, Joanne Boland, Paul Amato.

Dois desconhecidos (Donald Sutherland e Paul Braunstein) acordam acorrentados em um porão. Um terceiro homem (Vincent Kartheiser) entra no local, liga algumas câmeras e dá ordens aos “prisioneiros” que precisam responder algumas questões. Tudo isso é transmitido ao vivo pela internet, chamando a atenção de uma hacker (Joanne Boland) que avisa a polícia. 

O início lembra bastante o primeiro “Jogos Mortais”, inclusive com um dos personagens citando o longa. Não demora para a história mudar de rumo e a verdadeira e inusitada motivação do sequestrador vir à tona. 

Esta motivação é criativa, porém o desenvolvimento capenga da história e as atuações sofríveis atrapalham bastante. O único destaque do elenco fica para o veterano Donald Sutherland, que tenta dar dignidade ao seu personagem que aos poucos revela sua identidade e caráter. 

É um filme curioso e ao mesmo tempo descartável.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

O Mensageiro

O Mensageiro (The Postman, EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Kevin Costner
Elenco – Kevin Costner, Will Patton, Larenz Tate, Olivia Williams, James Russo, Daniel Von Bargen, Scott Bairstow, Joe Santos, Giovanni Ribisi, Shawn Hatosy, Tom Petty, Mary Stuart Masterson.

Para sobreviver em meio ao caos de um futuro apocalíptico, um sujeito (Kevin Costner) se passa por carteiro para visitar comunidades dizendo que o governo está sendo restaurado. 

O objetivo da mentira é trazer esperança às pessoas e criar uma motivação para enfrentarem um violento grupo liderado por um general (Will Patton) que deseja dominar o que sobrou do país. 

Assim como “Waterworld” que Costner dirigiu dois anos antes e foi massacrado pela crítica, este “O Mensageiro” nasceu praticamente “morto”, fracassando nas bilheteiras. 

Eu considero que são dois filmes interessantes, que sofreram por causa do altos orçamentos que irritaram os críticos e pelo próprio ego de Kevin Costner que teimou em montá-los com longa duração. 

Além da duração, as duas histórias guardam semelhanças por se passarem em mundos destruídos e por terem um protagonista misterioso vivido por Costner. 

A questão da duração deixa a narrativa irregular, falhando em alguns momentos de patriotismo exagerado.

Para quem gosta do gênero, o longa é muito bem produzido na parte técnica e entrega também boas cenas de ação.

domingo, 9 de junho de 2019

Galveston & Back Roads


Galveston (Galveston, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Mélaine Laurent
Elenco – Ben Foster, Elle Fanning, Beau Bridges, Robert Aramayo.

Diagnosticado com um câncer em estágio avançado, o criminoso Roy (Ben Foster) é enviado por seu chefe (Beau Bridges) para uma missão que na verdade é uma cilada. Roy mata três sujeitos e consegue escapar levando consigo a jovem prostituta Rocky (Elle Fanning), que pelo caminho pega sua filha pequena. Eles fogem em direção a cidade natal da garota, sabendo que estão marcados para morrer. 

Dirigido pela atriz francesa Mélanie Laurent, este longa chama a atenção por ser baseado em um livro de Nic Pizzolatto, roteirista da ótima série “True Detective”. 

Apesar das fortes atuações de Ben Foster e Elle Fanning e das locações por decadentes cidades do meio-oeste americano, eu esperava mais do filme. A carga dramática ligada ao passado dos protagonistas e a violência se perdem um pouco em meio a narrativa irregular e a história previsível. 

É um filme independente apenas razoável.

Back Roads (Back Roads, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Alex Pettyfer
Elenco – Alex Pettyfer, Nicola Peltz, Jennifer Morrison, Juliette Lewis, Robert Patrick, Tom Everett Scott, Danika Yarosh, Chiara Aurelia, Hala Finley, Robert Longstreet.

Pennsylvania, 1993. O jovem inseguro Harley (Alex Pettyfer) carrega a responsabilidade de cuidar das três irmãs mais novas após sua mãe (Juliette Lewis) matar o marido abusivo e ser presa. 

Amber (Nicola Peltz) é a irmã rebelde que entra em conflito diário com o irmão, enquanto a adolescente Misty (Chiara Aurelia) parece indiferente ao crime cometido pela mãe e a pequena Jody (Hala Finley) tenta se adaptar a situação. 

Quando Harley se torna íntimo de Callie (Jennifer Morrison), que é casada, segredos vem à tona complicando ainda mais a vida da família. 

O ator Alex Pettyfer estreia como diretor de forma positiva neste complexo drama familiar. Por sinal, seu trabalho como diretor é bem melhor que sua atuação, em que exagera na insegurança do personagem. 

Isto não chega a atrapalhar a história, que foca em segredos e abusos, entregando ainda uma pequena surpresa no final. Destaque para o clima de desesperança que permeia toda a narrativa.

sábado, 8 de junho de 2019

O Velho e a Arma

O Velho e a Arma (The Old Man & the Gun, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – David Lowery      
Elenco – Robert Redford, Casey Affleck, Sissy Spacek, Danny Glover, Tom Waits, Gene Jones, John David Washington.

Anos oitenta, meio-oeste americano. Com mais de setenta anos de idade, Forrest Tucker (Robert Redford) ainda insiste em assaltar bancos. 

Com ajuda de dois veteranos (Danny Glover e Tom Waits), Forrest utiliza a simples tática de mostrar uma arma na cintura para a caixa do banco ou gerente e assim levar o dinheiro. 

Um destes assaltos chama a atenção do policial texano John Hunt (Casey Affleck), que decide investigar a fundo. Ao mesmo tempo, o velho assaltante se envolve com uma simpática viúva (Sissy Spacek). 

Baseado numa história real, este longa ganha pontos pela carismática interpretação de Robert Redford, que por sinal chegou a dizer que esse pode ter sido seu último trabalho como ator. 

O roteiro explora o clássico tema do criminoso “bonzinho”, mas que ao mesmo tempo não consegue abandonar a adrenalina dos assaltos. 

Mesmo com uma interessante perseguição automobilística, o foco passa longe de ser a ação. 

É basicamente um passatempo inofensivo.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A Natureza do Tempo

A Natureza do Tempo (En Attendant les Hirondelles, França / Argélia / Alemanha, 2017) – Nota 7
Direção – Karim Moussaoui
Elenco – Mohamed Djouhri, Hania Amar, Hassan Kachach, Mehdi Ramdani, Sonia Mekkiou, Aure Atika.

Na Argélia, três histórias são interligadas por pequenas situações. O veterano engenheiro Mourad (Mohamed Djouhri) precisa lidar com a ex-mulher, com o filho que está prestes a desistir do curso de medicina e com a esposa atual que deseja voltar para França. Ao se tornar testemunha de um determinado fato, Mourad é obrigado a tomar um decisão. 

A segunda trama segue o motorista de Mourad, Djalil (Mehdi Ramdani), que é contratado para levar a família do vizinho até uma cidade do interior para o casamento da filha mais velha (Hania Amar). O problema é que existe uma atração entre a jovem noiva e Djalil. 

A terceira trama tem como protagonista o médico Dahman (Hassan Kachach), que está prestes a se casar quando descobre que está sendo acusado por uma mulher de algo grave que ele teria cometido quando era jovem. 

O grande acerto desta produção argelina é a simplicidade da narrativa e a forma como as pequenas surpresas afetam a vida dos personagens, que são pessoas comuns. 

O diretor parece ter um fetiche por filmar automóveis em movimento. São várias sequências em que ele provavelmente com uma câmera em cima de um caminhão filma o automóvel de algum personagem em movimento pelas ruas da cidade e também pela estrada deserta. São interessantes também as locações que variam da cidade para o interior e a citada estrada. 

Por outro lado, o filme perde alguns pontos pela falta de fechamento para as histórias. Outro ponto estranho é uma sequência musical surreal no meio do deserto, que lembra as produções indianas. 

É um longa indicado para quem gosta de obras produzidas em países fora do eixo comum ao cinema.

quinta-feira, 6 de junho de 2019

O Clube dos Meninos Bilionários

O Clube do Meninos Bilionários (Billionaire Boys Club, EUA, 2018) – Nota 6
Direção – James Cox
Elenco – Ansel Elgort, Kevin Spacey, Taron Egerton, Emma Roberts, Ryan Rottman, Jeremy Irvine, Thomas Cocquerel, Bokeem Woodbine, Judd Nelson, Barney Harris, Walid Zuaiter.

Los Angeles, 1983. Dean Karny (Taron Egerton) e Joe Hunt (Ansel Elgort) se reencontram alguns anos após terem sido amigos no colégio preparatório onde estudaram na adolescência. 

O falante Dean convence Joe que é especialista em finanças para começarem um negócio de investimentos como sócios. Como Dean ainda tinha contatos com filhos de pessoas ricas que estudaram com ele e Joe era o cérebro para finanças, eles decidem convencer estes jovens a investirem em sua empresa. 

A dupla cria o “Billionaire Boys Club”, que a princípio se mostra um sucesso, até a dupla se envolver com um investidor picareta chamado Ron Levin (Kevin Spacey). 

Baseado em uma história real, este longa tem a seu favor os fatos absurdos que ocorreram após a empresa da dupla de amigos crescer de forma descontrolada.

A narrativa segue bem durante a primeira hora, até que a crise bate à porta da empresa e eles decidem tentar a sorte através de uma jogada bizarra. 

Deste momento em diante o diretor se perde, resolvendo situações com pressa e de forma confusa, como se fosse uma corrida para terminar o filme dentro de uma determinada duração. É uma pena, pois a história tem semelhanças com o sensacional “O Lobo de Wall Street”. 

O destaque do elenco fica ára Kevin Spacey, sempre competente interpretando personagens cínicos e canalhas. 

Existe uma versão produzida para tv em 1987 com Judd Nelson de “O Clube do Cinco” como protagonista, ele que aqui tem um pequeno, porém importante papel como o pai de Joe Hunt.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Ikari

Ikari (Ikari, Japão, 2016) – Nota 7
Direção – Sang-il Lee
Elenco – Ken Watanabe, Mirai Moriyama, Aoi Miyazaki, Satoshi Tsumabuki, Gô Ayano, Suzu Hirose, Ken’ichi Matsuyama.

Um casal é assassinado de forma brutal dentro de casa. As autoridades acreditam que o criminoso mudou detalhes do rosto para não ser reconhecido. A notícia desperta a desconfiança de algumas pessoas em relação a estranhos que escondem o passado em três cidades do Japão. 

Em Tóquio, um executivo se preocupa por não saber o passado de seu amante, um pai (Ken Watanabe) na cidade de Chiba desconfia de seu funcionário que namora sua filha e por fim, na ilha de Okinawa um casal de irmãos faz amizade com um desconhecido mochileiro. 

A premissa de intercalar três histórias que não se cruzam, mas que são afetadas pelo mesmo crime é extremamente interessante e criativa. O problema é que o roteiro perde muito tempo com situações banais que se repetem e deixam a trama irregular e até arrastada em alguns momentos. As duas horas e vinte minutos de duração são exageradas. Com uns trinta minutos a menos o filme prenderia mais a atenção. 

Mesmo com a revelação do criminoso não sendo exatamente com um clímax, o longa melhora bastante na meia-hora final quando as tramas se fecham. 

É uma obra interessante, mas que tinha potencial para ser melhor.

terça-feira, 4 de junho de 2019

A Testemunha

A Testemunha (Witness, EUA, 1985) – Nota 8
Direção – Peter Weir
Elenco – Harrison Ford, Kelly McGillis, Lukas Haas, Josef Sommer, Jan Rubes, Danny Glover, Alexander Godunov, Brent Jennings, Patti LuPone,Viggo Mortensen.

Viajando com a mãe Rachel (Kelly McGillis), o garotinho Samuel (Lukas Haas) se torna testemunha de um assassinato no banheiro de uma estação de trem. 

Além de ser uma criança a testemunha, a situação gera outros problemas. Mãe e filho fazem parte da comunidade Amish, que vive isolada sem acesso a telefone, televisão ou qualquer outro tipo de tecnologia. 

O policial John Brook (Harrison Ford) é o encarregado da investigação que precisa manter mãe e filho em segurança até o dia do julgamento, ao mesmo tempo em que é obrigado a seguir os costumes Amish. 

Apesar de ser mais conhecido por filmes como “A Sociedade dos Poetas Mortos” e “O Show de Truman”, o diretor australiano Peter Weir entregou outros longas de qualidade como este “A Testemunha”. 

O roteiro explora uma premissa policial para criar uma trama que inclui romance proibido e principalmente o conflito de costumes entre os Amishs e o protagonista. 

Na época, a curiosidade em conhecer os costumes desta comunidade e a presença de Harrison Ford no auge da carreira transformaram o longa em um grande sucesso. 

Vale destacar ainda a sequência dentro do silo de grãos em que Ford briga com o assassino vivido por Danny Glover. 

É um filme policial de primeira, que merece ser conhecido.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Ella & John

Ella e John (The Leisure Seeker, Itália / França, 2017) – Nota 7,5
Direção – Paolo Virzi
Elenco – Helen Mirren, Donald Sutherland, Christian McKay, Janel Moloney, Dana Ivey.

Ella (Helen Mirren) sofre com um câncer em estágio avançado. Seu marido John (Donald Sutherland) enfrenta o Alzheimer. Sabendo que o final da vida está próximo, Ella decide fazer uma última viagem com o marido. 

Em um velho trailer o casal atravessa o país com o objetivo de chegar até a Flórida para visitar a casa do escritor Ernest Hemingway. 

O roteiro que é baseado em um livro segue o curso natural dos filmes do gênero, intercalando momentos de ternura, pequenos conflitos e os altos e baixos das doenças que afligem o casal.  

Algumas situações se mostram um pouco forçadas, como a sequência do assalto por exemplo, mas estas pequenas falhas não chegam a atrapalhar. 

O ponto alto é a relação apaixonada do casal, que mesmo enfrentando problemas sérios, inclusive a questão do esquecimento, conseguem passar o sentimento de pessoas que viveram da melhor forma possível. 

O filme ganha pontos pelas ótimas atuações de Helen Mirren e Donald Sutherland, ator que na época já estava com oitenta e dois anos. 

É um drama que cumpre o que promete.

domingo, 2 de junho de 2019

A Última Jornada

A Última Jornada (Journey’s End, Inglaterra, 2017) – Nota 7,5
Direção – Saul Dibb
Elenco – Sam Claflin, Asa Butterfield, Paul Bettany, Stephen Graham, Tom Sturridge, Toby Jones, Jake Curran.

Norte da França, Primeira Guerra Mundial. Soldados ingleses e alemães estão em batalha nas trincheiras separados por poucos metros. A informação de que os alemães preparam uma ofensiva contra os ingleses deixa oficiais e soldados extremamente nervosos. 

O segundo em comando é o capitão Stanhope (Sam Claflin), sujeito prestes a explodir, que trata mal os soldados e abusa na bebida. O líder (Paul Bettany) tenta manter a calma, enquanto um jovem tenente recém chegado (Asa Butterfield) demonstra empolgação de uma forma ingênua. 

Baseado em uma batalha real ocorrida durante a Primeira Guerra, este longa inglês retrata de forma realista a desesperança e o desespero dos soldados em meio a uma guerra suja, em que até mesmo armas químicas foram utilizadas. 

As trincheiras cheias de lama e os soldados sujos passam longe do heroísmo comum ao gênero. São apenas duas cenas de batalha, em meio aos conflitos entre os personagens e a terrível pressão psicológica enfrentada pelos soldados. 

É um filme que pode não agradar a muitos fãs do gênero por focar mais no drama no que na ação. 

sábado, 1 de junho de 2019

Traumas de Infância & A Síndrome de Berlim


Traumas de Infância (The Adderall Diaries, EUA, 2015) – Nota 5,5
Direção – Pamela Romanowsky
Elenco – James Franco, Ed Harris, Amber Heard, Jim Parrack, Timotheé Chalamet, Danny Flaherty, Christian Slater, Cynthia Nixon, Adam LeFevre, Michael Cristofer.

Stephen Elliott (James Franco) é um escritor famoso por causa de um livro em que descreve sua difícil relação com o pai (Ed Harris) durante a adolescência. Ele culpa o pai por seu vício em drogas. 

Uma determinada situação coloca a carreira de Stephen em perigo, ao mesmo tempo em que ele se envolve com uma jornalista (Amber Heard) que acompanha o julgamento de um sujeito (Christian Slater) acusado de matar e sumir com o corpo da esposa. 

Baseado em um livro do verdadeiro Stephen Elliott, este longa tem como ideia principal a questão da manipulação das nossas lembranças. As pessoas tendem a “moldar” suas lembranças, que com certeza serão diferentes de outras pessoas que viveram a mesma situação. 

Esta interessante premissa se perde em meio a um roteiro confuso que insere pitadas de sadomasoquismo, uso de drogas e personagens perturbados. 

É um filme que não convence, passando a impressão da  história real contada em livro ser apenas a versão vitimista da vida de um protagonista egoísta e sem caráter.

A Síndrome de Berlim (Berlin Syndrome, Austrália, 2017) – Nota 5,5
Direção – Cate Shortland
Elenco – Teresa Palmer, Max Riemelt, Matthias Habich, Emma Bading.

Passeando em Berlim, a fotógrafa australiana Clare (Teresa Palmer) se encanta com o simpático professor Andi (Max Riemelt). O que começa como um romance despretensioso se transforma em terror quando ela é feita refém pelo sujeito em um prédio abandonado. O tempo passa e Clare não sabe como fugir do local, sendo obrigada a realizar os desejos de Andi. 

Cansativo é a palavra que define este longa. A diretora australiana Cate Shortland mistura sexo e suspense em sequências estranhas em meio a uma narrativa arrastada. A vida dupla do personagem de Andi, que esconde seu lado obscuro dos amigos professores e de seu pai (Matthias Habich) poderia ter sido melhor explorada. O destaque fica para a sensualidade de Teresa Palmer e as locações em Berlim. 

É um filme que deixa bastante a desejar.