quinta-feira, 30 de junho de 2016

Garage

Garage (Garage, Irlanda, 2007) – Nota 7,5
Direção – Lenny Abrahamson
Elenco – Pat Shortt, John Keogh, George Costigan, Anne Marie Duff, Conor Ryan.

Josie (Pat Shortt) trabalha como frentista em um posto de gasolina numa pequena cidade do interior da Irlanda. Na casa dos quarenta anos, Josie é um sujeito solitário com a mentalidade de uma criança. 

Sua ingenuidade é vista de forma diferente por cada pessoa, com alguns se aproveitando de sua bondade e outros o tratando com carinho. 

A vida de Josie muda quando o dono do estabelecimento envia seu futuro enteado, um garoto de quinze anos para auxiliá-lo no posto durante o final de semana. 

O diretor irlandês Lenny Abrahamson ficou conhecido no ano passado com o drama “O Quarto do Jack”, mas antes disso, comandou outros filmes menores, entre eles está “Garage”. 

O ritmo lento, a falta de uma trilha sonora e o protagonista simplório, passam uma impressão inicial de que a história não irá a lugar algum, porém as entrelinhas do roteiro e o final forte revelam algo bem mais complexo. 

O ponto principal é a relação do protagonista com os moradores da cidade, que deixa claro como o diferente é tratado pela sociedade, sempre com uma razoável distância. 

É um filme que faz pensar sobre como é difícil a vida para as pessoas que não se enquadram nos padrões considerados normais da sociedade. 

quarta-feira, 29 de junho de 2016

O Crítico

O Crítico (El Critico, Argentina / Chile, 2013) – Nota 6,5
Direção – Hernan Guerschuny
Elenco – Rafael Spregelburd, Dolores Fonzi, Ignacio Rogers, Telma Crisanti, Ana Katz, Daniel Kargieman.

Victor Tellez (Rafael Spregelburd) é um veterano crítico de cinema que escreve para um jornal de Buenos Aires. Frustrado com a vida, Tellez também não sente prazer algum com cinema. Suas críticas geralmente detonam os filmes românticos. 

Sua vida muda quando cruza o caminho de Sofia (Dolores Fonzi), uma mulher com temperamento completamento diferente. Sem entender, aos poucos Tellez se envolve com Sofia como se fosse uma história de amor igual aos filmes que ele detesta. 

A proposta do roteiro escrito pelo diretor Hernan Guerschuny funciona apenas em parte. É interessante como Tellez e seus colegas de crítica assistem aos filmes em uma pequena sala como obrigação, sem entusiasmo ou reação alguma. Parecem aqueles funcionários que cumprem o horário pensando em ir para casa, para depois se reunirem no bar e falarem mal do emprego. 

A escolha de fazer com que o protagonista sofra por amor, da mesma forma que os personagens dos filmes que ele crítica, é uma espécie de piada que brinca com os clichês dos filmes românticos. 

Um ponto falho está na subtrama que se mostra caricata sobre um jovem cineasta que odeia Tellez e o persegue.

Como opinião pessoal, acredito que o filme seria melhor se o roteiro explorasse mais a questão da relação pessoal do crítico com o cinema, deixando um pouco de lado o envolvimento amoroso que em momento algum engrena. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Decisão de Risco

Decisão de Risco (Eye in the Sky, Inglaterra / África do Sul, 2016) – Nota 7,5
Direção – Gavin Hood
Elenco – Helen Mirren, Aaron Paul, Alan Rickman, Barkhad Abdi, Phoebe Fox, Jeremy Northam, Richard McCabe, Monica Dolan, Iain Glenn, Michael O’Keefe, Laila Robins, Gavin Hood.

Um ação conjunta entre os governos americano e britânico localiza uma célula terrorista em uma pequena vila no Quênia. Entre os terroristas procurados estão dois americanos e uma inglesa que se aliaram a uma facção muçulmana radical. 

O que seria uma missão de captura, se transforma em uma dilema de vida ou morte quando imagens mostram que os terroristas estão planejando um ataque suicida. 

O tema extremamente atual é muito bem explorado pelo roteiro do inglês Guy Hibbert e valorizado pela direção segura do sul-africano Gavin Hood, que consegue misturar drama e suspense em alta tensão com praticamente apenas uma cena de ação. 

A trama se divide em três narrativas. Na Inglaterra, a Coronel Powell (Helen Mirren) é a frieza em pessoa, enquanto seu superior (Alan Rickman) negocia a estratégia de ação com políticos. Nos Estados Unidos, dois pilotos de drones (Aaron Paul e Phoebe Fox) ficam na expectativa da ação e no Quênia, um espião (Barkhad Abdi) tenta descobrir detalhes sobre o local onde os terroristas estão escondidos. 

É interessante que o filme ainda coloca em discussão as questões éticas e morais sobre os chamados “danos colaterais” na guerra contra o terrorismo. 

O “Eye in the Sky” do título se refere aos gadgets tecnológicos que propiciam a espionagem através de satélites e o ataque a distância com drones. 

Para quem gosta de uma trama de suspense com toques políticos, este longa é uma boa opção. 

Finalizando, este foi o último trabalho do recentemente falecido Alan Rickman.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

A Rota de Colisão

A Rota de Colisão (Scenic Route, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Kevin & Michael Goetz
Elenco – Josh Duhamel, Dan Fogler.

Mitchell (Josh Duhamel) e Carter (Dan Fogler) são amigos que decidem reviver os bons tempos da juventude viajando de carro pela Scenic Route, uma estrada isolada que corta o deserto de Nevada. 

Durante a viagem o carro falha e os amigos se vêem presos no meio do nada. Logo, as diferenças entre dois vem à tona. Enquanto Mitchell abandonou seus sonhos para se casar e ter uma vida ordinária, Carter ainda tenta ser escritor, mas vive desempregado e sem dinheiro. O modo de cada um encarar a vida se torna o estopim de um violento conflito. 

O roteiro explora um fio de história, tendo em cena por quase todo o filme apenas os dois atores. Mesmo com menos de uma hora e meia de duração e até alguma criatividade dos diretores, os irmãos Goetz, o longa é irregular.

A primeira parte da narrativa é interessante, principalmente pelos bons diálogos entre os protagonistas, que colocam em discussão seus sonhos e frustrações. Na metade, o filme se torna cansativo ao criar suspense e tensão misturados com violência. O filme cresce na parte final com uma reviravolta dupla, que parece destoar do resto da história, mas que no fundo faz o espectador pensar sobre mudanças na própria vida. 

domingo, 26 de junho de 2016

Kill List

Kill List (Kill List, Inglaterra, 2011) – Nota 6
Direção – Ben Wheatley
Elenco – Neil Maskell, Michael Smiley, MyAnna Buring, Emma Fryer, Harry Simpson.

Em um subúrbio inglês, Jay (Neil Maskell) e sua esposa Shel (MyAnna Buring) alternam momentos de carinho com violentas discussões. Shel cobra Jay que não trabalha há meses, aparentemente por estar sofrendo de um transtorno de guerra após servir no Iraque.

Quando entra em cena Gal (Michael Smiley), amigo e parceiro de Jay, descobrimos que após a guerra, os dois se tornaram assassinos de aluguel e que precisam finalizar um novo trabalho. Matar três desconhecidos que estão em uma lista entregue por um mafioso ucraniano.

O diretor Ben Wheatley, do estranho “Turistas”, entrega aqui um longa com um clima sinistro, muita violência e um final totalmente maluco.

A crise no casamento e as explosões de loucura do protagonista assustam pelo realismo, mas infelizmente a parte final deixa o espectador sem entender o porquê dos acontecimentos no clímax. 

Por mais que eu goste de filmes diferentes, este “Kill List” resulta num longa mais maluco do que interessante. 

sábado, 25 de junho de 2016

Casa de Areia e Névoa

Casa de Areia e Névoa (House of Sand and Fog, EUA, 2003) – Nota 7,5
Direção – Vadim Perelman
Elenco – Jennifer Connelly, Ben Kingsley, Ron Eldard, Frances Fisher, Kim Dickens, Shohreh Aghdashloo, Jonathan Ahdout, Navi Rawat, Carlos Gomez.

Kathy (Jennifer Connelly) está deprimida após ser abandonada pelo marido. Sua vida fica mais complicada quando ela é despejada de sua casa por uma decisão judicial que a acusa de não pagar impostos. Kathy é auxiliada pelo policial Lester (Ron Eldard), que fica com pena e também sente-se atraído por ela. 

Ao procurar uma advogada para recorrer da decisão, Kathy descobre que foi alvo de uma erro do governo, mas isso não impede que a casa seja arrematada em um leilão por um orgulhoso imigrante iraniano, o antigo Coronel Behrani (Ben Kingsley). O erro judicial dá início a uma verdadeira guerra pela posse da casa entre Kathy e Behrani. 

Quando este longa foi lançado, muitos críticos o consideraram uma alegoria da disputa entre ocidente e oriente, principalmente porque as feridas de 11 de Setembro ainda estavam expostas nos EUA. 

O filme vai além disso, o roteiro solta farpas contra a ganância capitalista, contra o abuso do Estado, contra a falta de responsabilidade das pessoas e o preconceito. 

É um filme onde não existem heróis ou vilões, cada personagem luta para defender seus interesses, mesmo que claramente não exista uma saída que agradará os dois lados. 

É uma história triste, em que pessoas comuns são tragadas para um inevitável conflito.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Studio 54 & Os Últimos Embalos da Disco


Studio 54 (Studio 54, EUA, 1998) – Nota 6,5
Direção – Mark Christopher
Elenco – Ryan Phillippe, Salma Hayek, Mike Myers, Neve Campbell, Breckin Meyer, Sela Ward, Sherry Stringfield, Michael York, Skipp Sudduth, Lauren Hutton, Heather Matarazzo, Domenick Lombardozzi, Mark Ruffalo.

Nos anos setenta, Steve Rubell (Mike Myers) transformou a discoteca Studio 54 em Nova York em uma atração mundial. Com o auge da música disco, o local era visitado por celebridades e anônimos, que se misturavam em meio a dança, as bebidas e as drogas. 

Do outro lado da cidade, Shane O’Shea (Ryan Phillippe) é um jovem frentista que sonha em trabalhar na discoteca. O destino faz com que ele consiga uma emprego de barman na discoteca e se torne ao mesmo tempo partícipe e testemunha do auge e da decadência do local. 

O Studio 54 representou para a música disco a mesma coisa que o CBGB para o movimento punk. Os dois locais são marcos da música. 

Este longa utiliza personagens fictícios, com exceção do proprietário Steve Rubell, para reviver a magia do tempo da música disco. A trama é rasteira, segue o personagem principal aproveitando a vida durante o trabalho, seus relacionamentos com belas mulheres, até encarar a desilusão e o vazio da vida noturna. Os destaques ficam para Mike Myers como o extravagante Rubell, o figurino, a trilha sonora e a reconstituição da discoteca. 

É um filme mediano indicado para quem gosta do estilo de vida dos anos setenta.

Os Últimos Embalos da Disco (The Last Days of Disco, EUA, 1998) – Nota 7
Direção – Whit Stillman
Elenco – Chloe Sevigny, Kate Beckinsale, Chris Eigeman, Matt Keeslar, Mackenzie Astin, Robert Sean Leonard, Matthew Ross, Jennifer Beals.

Nova York, início dos anos oitenta, o sucesso da música disco está em seus últimos dias. Um grupo de jovens aproveita a noite em um famoso clube classe A, ao som dos sucessos da época. As protagonistas são as amigas Alice (Chloe Sevigny) e Charlotte (Kate Beckinsale), que trabalham como editoras de moda durante o dia e a noite se divertem na pista de dança e nos encontros com jovens ricos. 

A carreira do diretor Whit Stillman é algo inusitado. Com um estilo verborrágico e extremamente crítico em relação a elite, seus trabalhos lembram as obras de Woody Allen, com a diferença de que seu foco é nos jovens. 

Após filmes extremamente interessantes como “Metropolitan” e “Barcelona”, o diretor mirou suas lentes para a relação dos jovens de classe alta com a música da disco, incluindo bebida, sexo e drogas. 

Na época, Stillman foi considerado uma revelação do cinema independente, porém se afastou do trabalho por mais de uma década, praticamente caindo no esquecimento. Neste ano, o diretor está lançando um novo trabalho chamado “Love and Friendship” baseado numa obra de Jane Austen e curiosamente protagonizado também por Chloe Sevigny e Kate Beckinsale.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Alex of Venice

Alex of Venice (Alex of Venice, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Chris Messina
Elenco – Mary Elizabeth Winstead, Don Johnson, Chris Messina, Derek Luke, Jennifer Jason Leigh, Reg E. Cathey, Julianna Guill, Timm Sharp, Skylar Gaertner.

Alex (Mary Elizabeth Winstead) se sente perdida quando o marido George (Chris Messina) decide sair de casa. Com um filho pequeno para criar e a companhia do pai Roger (Don Johnson), um veterano ator que começa a apresentar dificuldades em se lembrar das coisas, Alex tenta equilibrar a nova vida e o trabalho como advogada numa espécie de ONG que defende a natureza. 

O ator Chris Messina (“Argo” e “Vicky Cristina Barcelona”) estreou na direção com este simpático longa sobre um pequeno período de mudanças na vida de uma jovem. O roteiro acerta ao mostrar a personagem principal perdendo o chão com a separação, além da subtrama que foca na insegurança do personagem de Don Johnson em entender o que está acontecendo com ele. 

Algumas situações são previsíveis, como a coincidência que coloca o personagem de Deerk Luke no caminho da protagonista e a pequena crise com a irmã maluquinha interpretada por Julianna Guill. 

Vale destacar a beleza e simpatia de Mary Elizabeth Winstead. 

É basicamente um drama independente sobre mudanças.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Família Rodante

Família Rodante (Familia Rodante, Argentina / Brasil / França / Alemanha / Espanha / Inglaterra, 2004) – Nota 7
Direção – Pablo Trapero
Elenco – Graciana Chironi, Nicolas Lopez, Liliana Capurro, Ruth Dobel, Marianela Pedano, Bernardo Forteza.

No seu aniversário de oitenta e quatro anos, Emilia (Graciana Chironi) recebe um telefonema de uma parente que mora no interior da Argentina a convidando para ser madrinha de casamento de sua filha. 

Animada, Emilia combina com sua família uma viagem de Buenos Aires até o local do casamento. Em um velho trailer, Emilia, suas duas filhas, os maridos, netos e um bisneto pegam estrada. A longa viagem trará à tona vários problemas familiares. 

O foco dos trabalhos do diretor Pablo Trapero é mostrar o lado obscuro da sociedade argentina. Cada filme destrincha um tema. Em “Leonera” ele mostra a vida em uma prisão feminina, em “Abutres” vemos o mundo das fraudes de seguro, em “Elefante Branco” conhecemos a violência em uma favela argentina e em “Outro Lado da Lei” o tema é a corrupção policial. 

Aqui, Trapero aponta sua arma para a falsidade das relações familiares, que geralmente explodem quando as pessoas são obrigadas a conviver durante algum tempo. 

Algo que incomoda um pouco neste longa é o estilo rústico da narrativa. São muitas cenas na estrada pontuadas por uma estranha trilha sonora, além da pobreza e da falta de estrutura do interior argentino, que por sinal é retratado de forma realista. As interpretações espontâneas é outro ponto que leva realismo a trama. 

É um road movie cheio de dramas e frustrações.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Horas Decisivas

Horas Decisivas (The Finest Hours, EUA, 2016) – Nota 7
Direção – Craig Gillespie
Elenco – Chris Pine, Casey Affleck, Ben Foster, Eric Bana, Holliday Granger, John Ortiz, Kyle Gallner, John Magaro, Graham McTavish, Josh Stewart, Abraham Benrubi, Michael Raymond James, Beau Knapp, Matthew Maher.

Cape Cod, New England, inverno de 1952. Uma violenta tempestade atinge a região e dois navios cargueiros se acidentam em locais diferentes. A guarda costeira é enviada para resgatar os tripulantes de um dos navios, enquanto o outro demora para conseguir contato com a costa. 

Quando a mensagem chega, o único oficial a disposição é o inseguro Bernie Webber (Chris Pine), que há pouco tempo não conseguiu salvar um pescador durante uma tempestade semelhante. Mesmo sendo uma verdadeira loucura, Bernie decide enfrentar a tempestade com um pequeno barco. Três sujeitos o auxiliam na missão quase suicida. 

Baseado numa história real, este longa lembra o superior “Mar em Fúria” com George Clooney e Mark Wahlberg, com a diferença de que aqui são duas narrativas. Enquanto o barco de Bernie tenta chegar ao navio, os tripulantes do cargueiro lutam para manter as motores funcionando. 

As cenas de ação são bem filmadas e extremamente tensas, principalmente a sequência do clímax. O filme ganha pontos pela enorme dificuldade que é filmar na água, mesmo sendo em estúdio. Por outro lado, o protagonista interpretado por Chris Pine é insosso, tanto nas cenas de ação, como nas sequências de romance com sua namorada vivida por Holliday Granger. 

Os personagens de destaque ficam para a namorada, para o líder informal do navio cargueiro interpretado por Casey Affleck e para o sempre estranho Ben Foster como um dos parceiros do protagonista. 

É um filme que prende atenção e diverte os fãs do gênero.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Ex-Machina: Instinto Artificial

Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex Machina, Inglaterra, 2015) – Nota 7,5
Direção – Alex Garland
Elenco – Domnhall Gleeson, Oscar Isaac, Alicia Vikander, Sonoya Mizuno.

Caleb (Domnhall Gleeson) trabalha como programador de computadores em uma corporação. Para sua surpresa, ele recebe uma mensagem informando que foi vencedor de um concurso que oferece como prêmio viver uma semana com o proprietário da corporação. 

Caleb é levado para uma local isolado. no meio de uma bela floresta, onde vive o excêntrico Nathan (Oscar Isaac) em um misto de laboratório, casa e bunker. 

O jovem é novamente surpreendido ao descobrir que será o responsável por testar se realmente Nathan conseguiu criar uma inteligência artificial perfeita. Seu trabalho será interagir com a criação de Nathan, Ava (Alicia Vikander). 

O roteiro escrito pelo diretor inglês Alex Garland não apresenta novidades em relação ao tema da inteligência artificial. O desenrolar da trama é previsível, desde o início as pistas estão na tela. 

O ponto principal é o desenvolvimento dos personagens, principalmente a dupla de protagonistas. O Caleb de Domnahll Gleeson é o jovem curioso, inseguro e até ingênuo, que sabe estar sendo manipulado, mas não exatamente por quem, enquanto o Nathan de Oscar Isaac é o típico gênio complicado, daqueles em que o espectador fica sempre em dúvida quanto a sua índole. 

Algumas sequências são desconfortáveis para o personagem de Caleb, como a estranha cena da dança e a discussão sobre sexualidade. 

Está longe de ser um grande filme, mas ganha pontos pelo narrativa estranha e o clima sinistro em alguns momentos.  

domingo, 19 de junho de 2016

Histórias Reais & Stop Making Sense


Nesta postagem comento dois trabalhos indicados para os fãs do músico David Byrne e sua antiga banda Talking Heads.

Histórias Reais (True Stories, EUA, 1986) – Nota 6
Direção – David Byrne
Elenco – David Byrne, John Goodman, Swoosie Kurtz, Spalding Gray, Annie McEnroe.

Em 1986, o cantor David Byrne lançou este filme e o álbum “True Stories” com sua banda Talking Heads. Utilizando as músicas da banda como trilha incidental, Byrne se vestiu como um texano, com direito a chapéu, botas e cinto para passear pela fictícia cidade de Virgil no Texas, filmando o cotidiano de personagens estranhos, como um solteirão (John Goodman) que deseja encontrar uma esposa e uma mulher (Annie McEnroe) especialista na vida de celebridades. 

Na verdade, Byrne selecionou notícias estranhas que saíram em jornais pelo país e filmou esta coletânea de bizarrices sem preocupação em criar um história linear. O filme se tornou um cult, sendo a única aventura de Byrne na direção de uma ficção. Ele ainda dirigiu alguns docs.

Stop Making Sense (Stop Making Sense, EUA, 1984) – Nota 7,5
Direção – Jonathan Demme
Documentário

O diretor Jonathan Demme filmou três shows da banda Talking Heads, que estava no auge da carreira e com um vasto material montou este documentário, que também se tornou cult para os fãs da banda, que podem ouvir os sucessos e assistir as perfomances ao vivo, O Talking Heads ainda ficaria na ativa até 1991, quando David Byrne decidiu seguir carreira solo. 

sábado, 18 de junho de 2016

Minhas Mães e Meu Pai

Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, EUA, 2010) – Nota 6
Direção – Lisa Cholodenko
Elenco – Julianne Moore, Annette Bening, Mark Ruffalo, Mia Wasikowska, Josh Hutcherson, Yaya DaCosta, Kunal Sharma, Eddie Hassell.

Jules (Julianne Moore) e Nic (Annette Bening) estão casadas há muitas anos e tem um casal de filhos frutos de inseminação artificial. Quando Joni (Mia Wasikowska) está prestes a ir para universidade, seu irmão mais novo Laser (Josh Hutcherson) a convence a procurar o doador de esperma que seria o pai biológico deles. Ao ser encontrado, Paul (Mark Ruffalo) aceita tranquilamente encontrar “seus filhos”. 

Paul é um solteirão dono de um restaurante que fez a doação quando era jovem. Os jovens criam um laço inicial de amizade com Paul, ao mesmo tempo em que as mães se sentem preocupadas com a presença do estranho na família. 

Na sequência do texto citarei uma situação que é em parte spoiler, por isso, quem não quiser saber mais pode parar de ler por aqui. Não é piada, mas ao final do longa lembrei daquele personagem da Escolinha do Professor Raimundo que acertava todas as perguntas, até responder a última com um absurdo que lhe rendia uma nota zero. 

O filme não merece zero, mas a forma como o roteiro escrito pela diretora Lisa Cholodenko crucifica o personagem de Mark Ruffalo na parte final é absurdo. Por sinal, a história é totalmente previsível até perto do final. Nas entrelinhas, fica a mensagem de que o personagem heterossexual é o vilão que deseja destruir a família perfeita, dando ao filme uma cara de panfletagem em prol do politicamente correto. 

O trio principal defende muito bem seus papéis, mas o enorme deslize do roteiro faz o filme perder vários pontos.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Jack, o Estripador, Do Inferno & e A Volta de Jack, o Estripador


Jack, o Estripador (Jack the Ripper, Inglaterra / EUA, 1988) – Nota 8
Direção – David Wickes
Elenco – Michael Caine, Armand Assante, Jane Seymour, Susan George, Ray McAnally, Harry Andrews, Lysette Anthony, Desmond Askew.

Londres, 1888. Prostitutas são assassinadas com requintes de crueldade. O Inspetor da Scotland Yard Abberline (Michael Caine) é o encarregado da investigação. Minucioso no estudo dos detalhes dos crimes, Abberline encontra pistas que o levam a acreditar que os crimes escondem uma conspiração que pode chegar até a família real inglesa. Entre os vários suspeitos, estão um ator (Armand Assand) e o médico da família real (Ray McAnally). 

Esta caprichada produção para a tv em formato de minissérie com mais de três horas de duração é uma das melhores adaptações da história de Jack, o Estripador. O roteiro desenvolve algumas subtramas explorando personagens periféricos, porém deixando o astro Michael Caine brilhar como o protagonista. Como foi produzido para tv, a minissérie dá maior ênfase a investigação e ao suspense em forma de sugestão, deixando de fora o lado sanguinário da trama. Vale destacar que a minissérie e as atuações de Michael Caine e Armand Assante foram indicadas aos Globo de Ouro.

Do Inferno (From Hell, EUA, 2001) – Nota 7
Direção – Albert & Allen Hughes
Elenco – Johnny Depp, Heather Graham, Ian Holm, Robbie Coltrane, Ian Richardson, Jason Flemyng, Paul Rhys, Lesly Sharp.

Londres, 1888. Prostitutas são extorquidas por uma gangue, ao mesmo tempo em que algumas delas são vítimas de terríveis crimes. O assassino degola as vítimas, para em seguida retirar alguns órgãos. Para investigar o caso é designado o Inspetor Abberline (Johnny Depp), que sofre pela perda da esposa e que está viciado em ópio. Com o auxílio da prostituta Mary Kelly (Heather Graham) e uma espécie de consultoria de Sr. William Gul (Ian Holm), médico oficial da família real, Abberline tenta desvendar a identidade do psicopata. 

Baseado numa graphic novel de Alan Moore e Eddie Campbell, os irmãos Hughes (“O Livro de Eli” e “Perigo Para a Sociedade”) levaram às telas esta versão sobre os crimes de Jack, o Estripador. Com visual no estilo dos quadrinhos recriando uma Londres suja, escura e repleta de pobreza, cenas de terror que ao mesmo tempo criam suspense nos ataques do assassino e jorram sangue na tela, além de um protagonista intrigante, este longa prende a atenção dos fãs do gênero. O ritmo é um pouco irregular, uma duração mais curta deixaria o filme mais ágil. Por outro lado, a teoria sobre os assassinatos e a identidade do criminoso são muito bem amarradas pelo roteiro.

A Volta de Jack, o Estripador (Jack’s Back, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção - Rowdy Herrington
Elenco – James Spader, Cynthia Gibb, Jim Haynie, Robert Picardo, Chris Mulkey.

Los Angeles, 1988. Cem anos após os crimes de Jack, o Estripador em Londres, um novo psicopata copia os crimes assassinando prostitutas de forma brutal. Quando o médico John Wesford (James Spader) é assassinado, a polícia encontra evidências de que ele seria o novo Jack. Seu irmão gêmeo Rick (James Spader em papel duplo), que tem um temperamento completamente diferente de John, não acredita na teoria e decide investigar os crimes por conta própria, principalmente a morte do irmão. 

A premissa é muito interessante ao criar um “copycat” dos crimes de Jack nos dias atuais. Os problemas surgem com o baixo orçamento que obriga o diretor a utilizar a criatividade para entreter, o que infelizmente falha pela falta de talento do mesmo. O roteiro ainda segura o suspense até a reviravolta final. É claramente uma produção B com a cara dos anos oitenta, principalmente no visual e na estranha trilha sonora.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Calvário

Calvário (Calvary, Irlanda / Inglaterra, 2014) – Nota 8
Direção – John Michael McDonagh
Elenco – Brendan Gleeson, Kelly Reilly, Chris O’Dowd, Aidan Gillen, Dylan Moran, Isaach De Bankolé, M. Emmet Walsh, Marie Josée Croze, Domhnall Gleeson. David Wilmot, Orla O’Rourke.

Numa pequena cidade litorânea na Irlanda, o Padre James (Brendan Gleeson) é ameaçado de morte durante uma confissão. O sujeito que o ameaça diz que sofreu abusos de um padre quando era criança e que para chamar a atenção das pessoas sobre o problema, decidiu assassinar um padre honesto. O crime é prometido para o próximo domingo. Durante uma semana, Padre James tentará levar uma vida normal à espera do confronto no domingo, mas antes terá de enfrentar também os problemas do dia a dia da comunidade. 

Este ótimo drama dirigido e escrito pelo quase desconhecido John Michael Donagh foca em desmistificar a vida de padre, deixando de lado os clichês sobre missas, sermões e fé, para mostrar que por trás das batina existe um homem com virtudes e defeitos como qualquer outro, que também age e reage de acordo com a interação com as pessoas ao seu redor. 

O roteiro ainda toca em temas espinhosos para a Igreja Católica, como o adultério, o suicídio, a questão das doações financeiras e a pedofilia, fato que transformou todo padre em suspeito aos olhos de muitas pessoas. 

A atuação contida de Brendan Gleeson é outro ponto alto. O veterano ator irlandês, que é especialista em papéis de durão, aqui interpreta um personagem complexo e forte, que fora casado antes de ser tornar padre e inclusive precisa lidar com sua filha vivida por Kelly Reilly. 

É um pequeno grande filme que faz o espectador pensar sobre religião e sobre o papel dos padres nos dias atuais.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Inferno nº 17 & 36 Horas


Inferno nº 17 (Stalag 17, EUA, 1953) – Nota 8
Direção – Billy Wilder
Elenco – William Holden, Don Taylor, Otto Preminger, Robert Strauss, Harvey Lembeck, Peter Graves, Neville Brand.

Natal de 1944, em um campo de concentração alemão, um grupo de oficiais e soldados americanos que estão presos acreditam que existe um espião entre eles. O suspeito é o sargento Sefton (William Holden), um sujeito que negocia cigarros com os guardas alemães para obter vantagens e que tem como único objetivo se manter vivo até o final da guerra. Os americanos planejam fugir, mas temem que Sefton seja o informante dos alemães, situação que ele nega com veemência. 

Antes dos filmes sobre fugas de campos de concentração se tornarem moda com o sucesso dos hoje clássicos “A Ponte do Rio Kway” e “Fugindo do Inferno”, o grande diretor Billy Wilder comandou este ótimo longa sobre o mesmo tema. Um dos diferenciais deste longa, são os diálogos afiados escritos por Wilder, que transformam uma trama pesada como a vida em um campo de concentração, em uma história leve em vários momentos, inclusive com toques de humor e ironia por parte do personagem de William Holden. Chega a ser engraçado o comandante do campo interpretado pelo diretor austríaco Otto Preminger, que cria uma caricatura do alemão disciplinado. Ótima diversão para quem gosta do tema e do estilo de Billy Wilder.

36 Horas (36 Hours, EUA, 1964) – Nota 6
Direção – George Seaton
Elenco – James Garner, Eva Marie Saint, Rod Taylor, Werner Peters, John Banner, Alan Napier.

Em 1944 durante a Segunda Guerra Mundial, poucos dias antes do chamado “Dia D”, o Major Jefferson Pike (James Garner) é avisado da data da invasão a Normandia, mas precisa manter suas atividades para despistar os espiões alemães. Ele segue para Lisboa como se fosse trabalhar normalmente, mas acaba sendo drogado e sequestrado. Ao acordar em um hospital, um oficial (Rod Taylor) diz para Pike que ele ficou desacordado durante seis anos. Realmente Pike não sem lembra de nada por causa da droga, mas na verdade o local é um acampamento alemão em que soldados, oficiais e enfermeiras estão disfarçados de americanos para tentar tirar de Pike os segredos sobre o Dia D. 

A interessante e ao mesmo tempo fantasiosa premissa é a melhor coisa do filme. Infelizmente a narrativa é lenta, as situações são arrastadas e praticamente não existe ação ou suspense, erros mortais para um filme de guerra. Os astros James Garner e Rod Taylor defendem bem seus papéis, mas é pouco para salvar o filme. Como informação, o longa foi filmado em preto e branco. 

terça-feira, 14 de junho de 2016

Amigos Para a Vida

Amigos Para a Vida (About Alex, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Jesse Zwick
Elenco – Jason Ritter, Nate Parker, Maggie Grace, Max Greenfield, Aubrey Plaza, Max Minghella, Jane Levy.

Sete após se formar na universidade, Alex (Jason Ritter) vive numa casa isolada em uma pequena cidade. Depressivo, ele tenta o suicídio. O fato faz com que seus antigos colegas venham a seu encontro para ajudá-lo. 

Os amigos são o casal Ben e Siri (Nate Parker e Maggie Grace), o intelectual Josh (Max Greenfield), a advogada Sarah (Aubrey Plaza) e o investidor Isaac (Max Minghela) com sua jovem namorada Kate (Jane Levy). Durante um final de semana o grupo discutirá a vida atual de cada um, as frustrações e os amores do passado. 

O longa não apresenta nada de novo em relação as obras semelhantes do gênero, que por sinal foi praticamente criado com o ótimo e doloroso “O Reencontro” de Lawrence Kasdan produzido em 1983. O que faz este filme ser interessante é a espontaneidade dos personagens, que sofrem por situações que pessoas comuns enfrentam no dia a dia, tudo muito próximo da realidade. 

Os destaques do elenco ficam para o complicado personagem de Max Greenfield e para a sensível Aubrey Plaza. Como informação, Aubrey Plaza e Max Minghella trabalharam juntos em outro filme com temática semelhante chamado “10 de Anos de Pura Amizade”

Finalizando, o jovem diretor Jesse Zwick, que estreou no cinema com este longa, é filho do também diretor Edward Zwick, famoso por trabalhos como “Tempo de Glória” e “Lendas da Paixão”.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A Testemunha Ocular

A Testemunha Ocular (The Public Eye, EUA, 1992) – Nota 7
Direção – Howard Franklin
Elenco – Joe Pesci, Barbara Hershey, Stanley Tucci, Jared Harris, Jerry Adler, Bob Gunton, Dominic Chianese, Richard Riehle, Richard Schiff.

Nova York, anos quarenta. Leon Bernstein (Joe Pesci) é um fotógrafo freelance especializado em retratar crimes e tragédias. Ele sonha publicar um livro com suas fotos, mas é sempre recusado pelo teor cru do material. 

Ao ser procurado por uma viúva (Barbara Hershey) que comanda um badalado clube noturno e que deseja espionar seu sócio, Leon se envolve numa perigosa trama que inclui uma disputa entre dois grupos mafiosos rivais, além de investigações da polícia e do FBI. 

O diretor e roteirista Howard Franklin dirigiu apenas três filmes. Além deste que comento, ele comandou dois longas com Bill Murray. O ótimo “Não Tenho Troco” e uma comédia chamada “Uma Herança da Pesada”, filme que não assisti. Aqui, Franklin consegue recriar o clima da Nova York da época através da reconstituição das ruas, dos automóveis e do figurino, incluindo uma enorme máquina fotográfica que o personagem de Joe Pesci carrega por todo filme. 

A trama sobre o submundo da cidade remete aos antigos filmes noir, inclusive no impossível envolvimento entre o anti-herói e a bela dona do clube. O personagem de Pesci é aparentemente insensível por tentar fotografar crimes a todo custo, ao mesmo tempo em que demonstra carinho pelas pessoas captadas por sua câmera, além da sofrer com uma vida solitária. 

É um filme praticamente esquecido, que esconde a complexidade dos personagens e da história numa falsa comédia policial.

domingo, 12 de junho de 2016

Inimigo do Estado, A Isca & Sem Saída


Inimigo do Estado (Enemy of the State, EUA, 1998) – Nota 7,5
Direção – Tony Scott
Elenco – Will Smith, Gene Hackman, Jon Voight, Regina King, Tom Sizemore, Loren Dean, Ian Hart, Lisa Bonet, Barry Pepper, Jake Busey, Scott Caan, Jason Robards, Jason Lee, Gabriel Byrne, Jack Black, Jamie Kennedy, Philip Baker Hall, James LeGros, Stuart Wilson, Lillo Brancato, Seth Green.

Um congressista é assassinado por ser contra uma lei que tiraria direitos individuais dos cidadãos. O crime é filmado por acaso por um sujeito, que antes de morrer esconde a prova do crime na sacola de seu amigo advogado Robert Clayton Dean (Will Smith). Sem imaginar o que está acontecendo, Dean passa a ser perseguido por estranhos e descobre que sua vida foi "apagada" ao ver que seus cartões foram cancelados e ele mesmo não existe em registro algum do governo. Dean precisará correr contra o tempo para salvar sua vida e provar que está vivo. 

A proposta do roteiro é mostrar os perigos do avanço da tecnologia quando esta é utilizada para controlar as pessoas, restringir os direitos e espionar. Aqui vemos satélites interceptando conversas de celulares e comunicação pela internet, câmeras de rua vigiando pedestres, entre outras formas de controle. Quase vinte anos depois, a tecnologia evoluiu bastante, deixando claro que tudo que é mostrado aqui pode acontecer, lógico que a correria da perseguição é ficção, mas a questão da espionagem avançada é real. O filme tem um narrativa ágil, ponto habitual nos trabalhos do falecido Tony Scott e um Will Smith dando conta do recado como o protagonista. É um longa que cumpre o que promete. 

A Isca (Bait, EUA, 2000) – Nota 7
Direção – Antoine Fuqua
Elenco– Jamie Foxx, David Morse, Doug Hutchinson, Kimberly Elise, David Paymer, Mike Epps, Nestor Serrano, Robert Pastorelli, Jamie Kennedy, Megan Dodds, Kirk Acevedo, Jeffrey Donovan, Tia Texada.

Alvin Sanders (Jamie Foxx) é um ladrão atrapalhado que termina preso após um fracassado roubo. Na prisão, ele é colocado na mesma cela de um ladrão que roubou uma fortuna do governo junto com um perigoso comparsa que fugiu (Doug Hutchinson). O sujeito acaba morrendo na cadeia e para desespero da polícia, Alvin se torna a única chance de encontrar o comparsa foragido e o dinheiro. Alvin é liberado para ser utilizado como isca na investigação, porém ele mesmo não sabe o que está acontecendo e fica assustado ao descobrir que um alto valor foi depositado em sua conta. É o início de uma perseguição entre a polícia, Alvin e o bandido foragido. 

Este agitado longa foi uma tentativa de transformar o então comediante Jamie Foxx em astro de ação. O longa lembra “Inimigo do Estado” que eu acabei de comentar acima, misturado com o estilo dos filmes de Eddie Murphy nos anos oitenta, como “Um Tira da Pesada” e “48 Horas”. Foxx interpreta o malandro engraçadinho, personagem semelhante ao de Eddie Murphy, porém sem o mesmo carisma. O filme é até competente, tem bastante correria e pitadas de comédia, além da boa direção de Antoine Fuqua, especialista em filmes de ação e policiais. 

Sem Saída (Abduction, EUA, 2011) – Nota 5,5
Direção – John Singleton
Elenco – Taylor Lautner, Lily Collins, Alfred Molina, Sigourney Weaver, Michael Nyqvist, Jason Isaacs, Maria Bello, Denzel Whitaker, Elisabeth Rohm, Victor Slezak, Roger Guenveur Smith, Dermot Mulroney.

Nathan (Taylor Lautner) é o típico jovem de classe média americana, que está apaixonado pela vizinha Karen (Lily Collins). O destino faz com que sejam escalados para fazer um trabalho escolar em dupla. Durante a pesquisa do tema na internet, Nathan descobre um site sobre crianças desaparecidas e se assusta ao ver uma foto sua quando tinha apenas três anos. Ao tentar contato com o site, Nathan passa a ser perseguido por um grupo de mercenários e também pelo FBI. 

Este longa foi a primeira tentativa de transformar o jovem Taylor Lautner em astro de ação. Assim como no recente “Tracers”, Lautner demonstra habilidade para correr e lutar, ao mesmo tempo em que se mostra péssimo como ator, além da total falta de carisma. Os dois filmes são semelhantes, o personagem de Lautner precisa escapar de bandidos e as histórias são repletas de furos. Este é mais um longa que comprova que o outrora promissor John Singleton se perdeu totalmente na carreira. Depois da sensacional estreia em “Boyz'n the Hood - Os Donos da Rua” e também do ótimo “O Massacre de Rosewood” produzido em 1997, pouca coisa se salva entre os trabalhos do diretor.

sábado, 11 de junho de 2016

Má Conduta

Má Conduta (Misconduct, EUA, 2016) – Nota 5
Direção – Shintaro Shimosawa
Elenco – Josh Duhamel, Al Pacino, Anthony Hopkins, Alice Eve, Malin Akerman, Byung Hun Lee, Julia Stiles, Glenn Powell, Marcus Lyle Brown, Christopher Marquette, Gregory Allan Williams.

Ben Cahill (Josh Duhamel) é um ambicioso advogado que tem o objetivo de se tornar sócio da empresa onde trabalha. Passando por uma crise no casamento com Charlotte (Alice Eve), Ben aceita se encontrar com sua ex-namorada Emily (Malin Akerman), que hoje namora o milionário Arthur Denning (Anthony Hopkins) que comanda uma corporação farmacêutica. 

Emily entrega a Ben um pen drive com segredos sujos da empresa de Denning, material que o advogado leva para seu chefe (Al Pacino), que vê a chance de lucrar uma bolada processando o empresário, que por sinal é seu antigo inimigo.

A estreia na direção do nipo-americano Shintaro Shimosawa é uma verdadeira bomba que nem mesmo as presenças de grandes atores como Al Pacino e Anthony Hopkins consegue salvar. A história é confusa e a narrativa picotada com cenas esparsas que não se encaixam parecem ter sido montadas por um amador. Para completar, a sequência do clímax dentro de um restaurante é lamentável. O filme foi um merecido fracasso de bilheteria. 

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ou Tudo Ou Nada

Ou Tudo Ou Nada (The Full Monty, Inglaterra / EUA, 1997) – Nota 7
Direção – Peter Cattaneo
Elenco – Robert Carlyle, Mark Addy, Tom Wilkinson, William Snape, Steve Huison, Paul Barber, Hugo Speer, Lesley Sharp, Emily Woof.

Na sequência inicial, um vídeo dos anos setenta exalta o crescimento da cidade de Sheffield na Inglaterra baseado na indústria siderúrgica. Vinte e cinco anos depois, as indústrias quebraram e grande parte dos moradores estão desempregados. Entre eles estão Gaz (Robert Carlyle) e Dave (Mark Addy). O primeiro precisa de dinheiro para pagar a pensão do filho e o segundo não consegue se relacionar com a esposa. 

Após presenciarem um local de shows da cidade completamente lotado de mulheres loucas assistindo um show de strippers masculinos, a dupla decide montar um grupo semelhante com outros desempregados com o objetivo de ganhar dinheiro. 

Esta despretensiosa comédia se tornou um inesperado sucesso, muito por explorar o tema do chamado “Clube das Mulheres” que estava no auge nos anos noventa. O humor simples e os clichês acabam funcionando por causa do bom elenco, principalmente o trio principal. 

A cara de maluco de Robert Carlyle e as piadas de Mark Addy se encaixam com o personagem careta de Tom Wilkinson, ator conhecido por papéis em filmes sérios, que aqui mostra seu lado humorístico. 

O roteiro ainda explora de forma rasa a questão do desemprego na Inglaterra na época, crise que atingiu principalmente a classe operária. 

Como curiosidade, o “The Full Monty” do título seria a nudez total.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Filmes Brasileiros - Resenhas Rápidas - Parte I

Domésticas (Brasil, 2001) – Nota 7,5
Direção – Fernando Meirelles
Elenco – Claudia Missura, Graziela Moretto, Lena Roque, Olivia Araújo, Renata Melo, Tiago Moraes, Robson Nunes.

Um ano antes de explodir com “Cidade de Deus”, o diretor Fernando Meirelles comandou este interessante drama que segue a vida cotidiana de quatro empregadas domésticas, focando em seu sonhos, amores, trabalho e frustrações. É uma trama simples que foge dos clichês novelescos e apresenta personagens bens próximas da realidade. Meirelles mostrava aqui que tinha potencial, mas duvido que alguém imaginasse que ele chegaria tão longe na carreira.

Hans Staden (Brasil / Portugal, 1999) – Nota 6
Direção – Luiz Alberto Pereira
Elenco – Carlos Evelyn, Beto Simas, Ariana Messias, Stênio Garcia, Sérgio Mamberti, Claudia Liz.

No século XVI, o marinheiro alemão Hans Staden (Carlos Evelyn) estava no Brasil a serviço da Coroa Portuguesa quando foi capturado pelos Tupinambás, uma tribo de índios canibais. Utilizando sua inteligência e com a ajuda de sorte, Staden conseguiu se manter vivo entre os índios por vários meses, inclusive casando com uma índia, até ser resgatado. O longa é baseado em uma história real que virou livro escrito pelo próprio Hans Staden. A narrativa é um pouco cansativa e os diálogos em tupi guarani deixam tudo ainda mais estranho. O filme foi lançado primeiro na HBO do Brasil e posteriormente nos cinemas. Vale apenas como curiosidade. 

Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos (Brasil, 1999) – Nota 8
Direção – Marcelo Masagão

Este ótimo documentário que retrata a vida e a morte de famosos e pessoas comuns através de imagens gravadas durante o século XX, mistura conflitos, violência e avanço tecnológico, entre outros temas. O diretor Marcelo Masagão não utiliza narração ou legendas para explicar, a proposta é amarrar a história através de imagens diversas. O título se refere a um letreiro que existe na entrada de um cemitério no interior de São Paulo.

Castelo Rá-Tim-Bum (Brasil, 1999) – Nota 5,5
Direção – Cao Hamburger
Elenco – Marieta Severo, Rosi Campos, Sergio Mamberti, Diegho Kozievitch, Matheus Nachtergaele, Pascoal da Conceição, André Abujamra.

É um daqueles filmes que assistimos por acaso, as vezes por falta de opção. A trama mostra a luta da família Stradivarius em salvar o Castelo que é alvo de uma feiticeira (Marieta Severo) que roubou o livro de magias de Morgana (Rosi Campos). É até hoje uma das produções mais caras do cinema brasileiro, que por sinal não se pagou nas bilheterias. Não sei se conseguiu fechar as contas com as vendas no mercado de dvd na época. É indicado basicamente para os fãs da série de tv.

Bar Esperança (Brasil, 1983) – Nota 7
Direção – Hugo Carvana
Elenco – Marília Pêra, Hugo Carvana, Paulo César Peréio, Silvia Bandeira, Wilson Grey, Louise Cardoso, Nelson Dantas, Antonio Pedro.

Em um conhecido bar no bairro de Ipanema no Rio de Janeiro, um grupo de artistas e intelectuais se encontra para beber, reclamar da vida e dos relacionamentos. Os personagens são um roteirista de tv que odeia seu trabalho (Hugo Carvana), sua esposa (Marília Pêra) que é uma famosa atriz de novelas, um beberrão sarcástico (Antonio Pedro), um casal que vive brigando (Paulo César Peréia e Silva Bandeira), entre outras figuras. O falecido Hugo Carvana era um astro de novelas quando decidiu comandar algumas comédias para o cinema nos anos setenta e conseguiu seu maior sucesso neste interessante “Bar Esperança”, que explora o estilo de vida da boêmia carioca na época. Os diálogos cheios de ironia e alguns toques de tristeza são os pontos altos do filme ao lado dos personagens carismáticos. 

O Sonho Não Acabou (Brasil, 1982) – Nota 6,5
Direção – Sérgio Rezende
Elenco – Lauro Corona, Lucélia Santos, Louise Cardoso, Daniel Dantas, Miguel Falabella, Chico Diaz, José Dumont.

Brasília, início dos anos oitenta. No final da ditadura militar, um grupo de jovens tenta encontrar seu caminho em um novo país que parecia nascer. Dividindo o tempo entre trabalho, festas e eventos culturais, eles também precisam aprender a se relacionar. O filho de um político (Miguel Falabella) cria um laço de amizade com um mecânico (Chico Diaz), um sujeito sonhador (Daniel Dantas) se mostra perdido na vida e um casal apaixonado (Lauro Corona e Lucélia Santos) curtem o momento. Deixando de lado o fundo político hoje envelhecido, o longa é interessante por explorar a vida da juventude da classe média da época.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Terapia de Risco

Terapia de Risco (Side Effects, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Steven Soderbergh
Elenco – Jude Law, Rooney Mara, Catherine Zeta Jones, Channing Tatum, Vinessa Shaw, Ann Dowd, Polly Draper.

Após esperar por quatro anos a libertação do marido Martin (Channing Tatum) que foi preso por fraude financeira, Emily (Rooney Mara) demonstra uma depressão profunda, que resulta numa fracassada tentativa de suicídio. Ao ser atendida pelo psiquiatra Jonathan Banks (Jude Law), ela aceita fazer tratamento ao invés de ser internada. 

Banks prescreve remédios contra a depressão, inclusive um novo medicamento que está sendo apresentado em uma forte campanha de marketing e que é indicado pela médica Victoria Sieber (Catherine Zeta Jones) que atendia Emily tempos atrás. O que eles não imaginam é que a reação de Emily aos medicamentos causará uma complicada situação que fugirá ao controle do médico e da paciente. 

O cuidado que o diretor Steve Soderbergh apresenta nos enquadramentos e no visual “clean”, fato habitual em seus trabalhos, não consegue esconder a narrativa fria deste longa repleto de reviravoltas que beiram o inverossímil. 

A primeira parte da trama é a mais interessante ao passar a sensação de que estamos assistindo a um drama crítico sobre a indústria farmacêutica, algo que lembraria de forma distante o estilo que o diretor explorou em “Erin Brockovich”. 

A decisão em mudar completamente o foco da trama à partir de um acontecimento traumático conduz o filme a um suspense comum, que perde ainda mais força pela trama confusa. 

Mesmo com as boas atuações de Jude Law e principalmente Rooney Mara, o filme deixa a desejar, resultando numa obra no máximo regular.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Presságios de um Crime

Presságios de um Crime (Solace, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Afonso Poyart
Elenco – Anthony Hopkins, Jeffrey Dean Morgan, Abbie Cornish, Colin Farrell, Matt Gerald, Jose Pablo Cantillo, Marley Shelton, Xaber Berkeley, Kenny Johnson, Sharon Lawrence, Janine Turner.

Uma série de assassinatos são cometidos da mesma forma. O assassino utiliza um objeto desconhecido para penetrar o cérebro das vítimas através da nunca, que tem idade, sexo e etnia completamente diferentes entre si.

A falta de pistas concretas faz com que o agente do FBI Joe (Jeffrey Dean Morgan) busque ajuda de um antigo parceiro que está aposentado após a morte da filha. John Clancy (Anthony Hopkins) é um paranormal que consegue ver o passado e o futuro das pessoas ao tocá-las no corpo ou em algum objeto que elas tocaram. A parceira de Joe, a psiquiatra Katherine (Abbie Cornish) a princípio não acredita em Clancy, mas aos poucos percebe que os poderes do homem são verdadeiros. 

O diretor brasileiro Afonso Poyart estreou com o surpreendente “2 Coelhos”, longa que abriu as portas de Hollywood. Este novo trabalho do diretor, que foi produzido e protagonizado pelo astro Anthony Hopkins, se mostra inferior ao filme anterior. 

Assim como em “2 Coelhos”, a parte técnica é muito bem trabalhada, principalmente ao explorar as visões do personagem de Hopkins que misturam passado e futuro. Mesmo com o embate entre o protagonista e o vilão fugindo do lugar comum, o roteiro se mostra confuso no desenrolar da trama. Algumas situações parecem forçadas, como a surpresa em relação ao personagem de Jeffrey Dean Morgan e a forma como o vilão está sempre um passo a frente, além da interpretação de bela Abbie Cornish, que em momento algum convence como agente do FBI. 

É um daqueles filmes que enganam o espectador, apresentando tudo aparentemente correto na casca, mas que numa análise fria esconde várias falhas e um final clichê.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Por Um Sentido na Vida

Por um Sentido na Vida (The Good Girl, EUA / Alemanha / Holanda, 2002) – Nota 7
Direção – Miguel Arteta
Elenco – Jennifer Aniston, Jake Gyllenhaal, John C. Reilly, Tim Blake Nelson, Zooey Deschanel, John Carrol Lynch, Mike White, Deborah Rush.

Justine (Jennifer Aniston) passa por uma forte crise existencial. Vivendo em uma pequena cidade do Texas, desanimada com o trabalho em um mercado e arrependida de estar casada com o pintor de casas Phil (John C. Reilly), Justine vê a chance de mudar de vida quando se envolve com um novo funcionário do local, o jovem Holden (Jake Gyllenhaal). 

Apesar da diferença de idade, a atração é mútua e os dois iniciam um caso. Os problemas surgem pela dificuldade em esconder um affair numa cidade pequena, além de Holden ser um sujeito instável e solitário. 

A atriz Jennifer Aniston estava no auge do sucesso de “Friends” quando se aventurou neste drama independente que lhe valeu elogios da crítica e alguns prêmios. A personagem da atriz é a típica mulher do interior americano que desistiu do estudo para se casar e que após alguns anos sente que jogou sua vida na lata de lixo. 

Diferente de filmes em que a força de vontade é o ponto principal, aqui vemos o contrário, a protagonista sofre pela falta de coragem em encarar uma mudança, preferindo mentir e se esconder, o que afeta também a vida das pessoas ao seu redor. 

É um drama interessante, que foca nos desejos e nas frustrações de pessoas comuns.

domingo, 5 de junho de 2016

118 Dias

118 Dias (Rosewater, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Jon Stewart
Elenco – Gael Garcia Bernal, Kim Bodnia, Dimitri Leonidas, Haluk Bilginer, Shohreh Aghdashloo, Golshifteh Farahani, Claire Foy, Amir El Masry, Nasser Faris.

Em junho de 2009, o jornalista iraniano radicado nos Estados Unidos Maziar Bahari (Gael Garcia Bernal) viaja até seu país natal para acompanhar a eleição presidencial como correspondente da revista Newsweek. 

Após entrevistar pessoas ligadas aos dois lados dos candidatos e perceber que a eleição provavelmente foi fraudada, Maziar decide ficar mais alguns dias no país para noticiar os protestos da oposição. Sua presença incomoda o governo iraniano que o detém acusando de espionagem. Por quatro meses o jornalista é pressionado e torturado para confessar ser um espião. 

Baseado numa história real, este longa marca a estreia na direção do apresentador de tv Jon Stewart, que em seu programa é crítico ferrenho das mazelas políticas, inclusive do governo americano. 

A absurda história de Maziar é exemplo de como as ditaduras tentam controlar o povo e a mídia através de mentiras oficiais e violência. 

Apesar da história ser forte, o filme peca pela narrativa irregular, acredito que uns quinze minutos a menos deixaria o longa menos cansativo. As cenas de tortura psicológica são um pouco repetitivas. 

É um filme que vale a sessão apenas para quem tem curiosidade sobre o tema.

sábado, 4 de junho de 2016

The Missing

The Missing (The Missing, Inglaterra / EUA / Bélgica, 2014) – Nota 8,5
Direção – Tim Shankland
Elenco – James Nesbitt, Frances O’Connor, Tcheky Karyo, Jason Flemyng, Emilie Dequene, Titus De Voogdt, Said Taghmaoui, Eric Godon, Arsher Ali, Ken Stott. Astrid Whettnall, Jean François Wolff, Ana Maria Marinca.

Numa pequena cidade da França em junho de 2006, exatamente no dia em que a seleção da França vence o Brasil pelo Copa do Mundo, o casal britânico Tony (James Nesbitt) e Emily Hughes (Frances O’Connor) enfrenta o início de um pesadelo. Seu filho de cinco anos Oliver desaparece dentro de um clube durante um pequeno descuido do pai. 

Mesmo com toda a policia da região à procura do garoto e a chegada do famoso investigador Julien Baptiste (Tcheky Karyo), que vem de Paris para comandar o caso, o desaparecimento se mostra um enorme mistério. 

A partir daí, a trama se divide em duas narrativas. A primeira acompanha a investigação do caso em 2006 e a segunda pula para 2014, quando o casal Hughes está separado e Tony se mostra obcecado em encontrar o filho, principalmente após descobrir uma pista em uma foto. 

Seguindo o modelo atual de séries com tramas fechadas e poucos episódios, neste caso sendo oito, esta ótima produção prende a atenção através de uma complexa trama que utiliza como estopim do desaparecimento do garoto para criar subtramas que envolvem vários personagens, todos tendo suas vidas modificadas por causa da investigação. 

O desenvolvimento dos personagens é outro ponto alto, todos carregam algum trauma, escondem segredos e sentem culpa. Por sinal, todo o elenco tem ótimas atuações. O trio principal é o pilar da trama. 

O francês Tcheky Karyo cria um meticuloso investigador, Frances O’Connor interpreta a sofrida mãe que tenta retomar sua vida e o irlandês James Nesbitt dá um show como o pai devastado pela perda que transforma a busca pelo filho em seu único objetivo na vida. 

Nesbitt não é tão conhecido mundialmente, mas tem uma bela carreira em séries de tv inglesas e alguns bons papéis no cinema em filmes como “A Fortuna de Ned” e como o protagonista do ótimo “Domingo Sangrento” de Paul Greengrass. 

A série deverá ter uma segunda temporada com histórias e elencos completamente diferentes. A princípio apenas o personagem de Tcheky Karyo deverá retornar.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Uma Simples Formalidade, A Morte e a Donzela & Inspeção Geral


Uma Simples Formalidade (Una Pura Formalita, Itália / França, 1994) – Nota 7,5
Direção – Giuseppe Tornatore
Elenco – Gerard Depardieu, Roman Polanski, Sergio Rubini.

Numa noite chuvosa, a polícia está investigando o assassinato de uma mulher quando encontra um sujeito (Gerard Depardieu) assustado e sem documentos. Ele é levado para a delegacia para ser interrogado pelo inspetor (Roman Polanski). Mostrando extrema arrogância, dando respostas irônicas e evasivas, o sujeito decide se identificar dizendo ser o famoso escritor Onoff, que vive recluso há anos. O inspetor passa tratá-lo aparentemente com respeito, ao mesmo tempo em que utiliza sua lábia para tirar informações sobre a vida atual do escritor. 

O diretor Giuseppe Tornatore, do tocante “Cinema Paradiso”, cria aqui um embate entre dois personagens complexos, com características completamente diferentes entre si. O inspetor é contido e meticuloso, cada pergunta que faz carrega uma isca para pescar a verdade nas entrelinhas da resposta. Já o escritor se considera um intelectual, uma pessoa superior que vê no inspetor a representação de um burocrata que sabe apenas seguir regras. As boas interpretações da dupla principal são valorizadas pelos ótimos diálogos, que pouco a pouco revelam pequenos segredos de cada um. O filme perde um pouco de fôlego na parte final com a escolha de deixar algumas respostas por conta do espectador.

A Morte e a Donzela (Death and the Maiden, Inglaterra / EUA / França, 1994) – Nota 7,5
Direção – Roman Polanski
Elenco – Sigourney Weaver, Ben Kingsley, Stuart Wilson.

Em um país indefinido da América do Sul, após ser presa e torturada durante a ditadura, Pauline Escobar (Sigourney) vive hoje com o marido Gerardo (Stuart Wilson) em uma bela casa numa região isolada do país. Numa certa noite, o marido que é um importante advogado, tem problemas com o carro na estrada e por acaso recebe ajuda de um sujeito que estava passando pelo local e que se identifica como o médico Roberto Miranda (Ben Kingsley). O médico oferece uma carona ao advogado e ao chegar na residência do casal Escobar, sua voz é reconhecida por Pauline como sendo seu torturador. Os traumas de Pauline vem à tona, ela toma o sujeito como refém e inicia uma sessão de tortura com o objetivo de conseguir uma confissão. 

Baseado numa peça do argentino Ariel Dofman inspirada nos abusos da ditadura que seu país sofreu por mais de uma década, o diretor Roman Polanski cria uma incômodo jogo psicológico extremamente tenso, em que os papéis de vítima e torturador se confundem, deixando o espectador em dúvida sobre a verdadeira identidade do personagem de Ben Kingsley. O roteiro ainda coloca em questão até que ponto vale a pena se vingar do seu algoz, se este tipo de atitude realmente ajuda a vítima como uma espécie de terapia de choque ou se apenas aumentará as feridas do passado. Vale destacar ainda as boas interpretações de Ben Kingsley e Sigourney Weaver.

Inspeção Geral (Strip Search, EUA, 2004) – Nota 7
Direção – Sidney Lumet
Elenco – Glenn Close, Maggie Gyllenhaal, Ken Leung, Bruno Lastra, Dean Winters, Tom Guiry, Caroline Kava, Austin Pendleton.

Em uma universidade, um professor (Austin Pendleton) questiona seus alunos se eles aceitariam renunciar a um direito civil se isso acabasse com o terrorismo no mundo. A classe toda aceita. Quando ele pergunta se aceitariam esta situação pelo resto da vida, muitos mudam de opinião. Para ilustrar a situação, o roteiro se divide em duas narrativas que mostram o perigo do poder total na mão do Estado. Na China, uma jovem estudante de ciências políticas (Maggie Gyllenhaal) é detida e levada para interrogatório sem direito a chamar um advogado. O oficial que comanda o interrogatório (Ken Leung) acredita que a jovem seja uma espiã. Na segunda narrativa, um jovem de origem árabe (Bruno Lastra) que também estuda ciências políticas, é detido nos Estados Unidos de forma semelhante e interrogado sem piedade por uma agente do FBI (Glenn Close). 

Esta produção da HBO foi o antepenúltimo trabalho da carreira do diretor Sidney Lumet, que utiliza um roteiro escrito por Tom Fontana para questionar o chamado “Ato Patriótico” assinado pelo então presidente George Bush como retaliação aos ataques de 11 de Setembro. O Ato tirava todos os direitos de defesa dos suspeitos de terrorismo, situação que gerou absurdos como as torturas na prisão de Guantánamo. Os interrogatórios mostrados aqui são cruéis, principalmente pela violência psicológica e a humilhação de ser acusado de algo por causa de sua nacionalidade ou etnia. O roteirista Tom Fontanta foi o criador da violentíssima série “Oz – A Vida é uma Prisão” e alguns atores aqui (Ken Leung, Austin Pendleton e Dean Wynters) faziam parte do elenco. Finalizando, consta que o filme por completo foi ao ar apenas uma vez nos Estados Unidos, resultando numa grande pressão dos conservadores e do governo, o que fez com que o longa fosse engavetado e remontado com menos de uma hora de duração. Aqui no Brasil ele passou na HBO em sua versão completa.