quinta-feira, 30 de abril de 2020

The Collini Case

The Collini Case (Der Fall Collini, Alemanha, 2019) – Nota 7,5
Direção – Marco Kreuzpaintner
Elenco – Elyas M’Barek, Alexandra Maria Lara, Franco Nero, Heiner Lauterbach, Manfred Zapatka, Rainer Bock, Pia Stutzenstein, Peter Prager.

Berlim, 2001. Caspar Leinen (Elyas M’Barek) é um advogado recém-formado que trabalha na defensoria pública. 

Ele é designado para o caso de um italiano chamado Fabrizio Collini (Franco Nero) que assassinou um empresário (Manfred Zapatka) sem motivo aparente. O silêncio de Collini intriga Caspar, que deseja entender o porquê do crime. 

Tratado a princípio como inofensivo pelo promotor (Rainer Bock), pelo advogado da família (Heiner Lauterbach) e pela neta do empresário (Alexandra Maria Lara), conforme Caspar se aprofunda na investigação e descobre segredos, o clima entre se eles torna insustentável. 

O ponto alto deste longa é a trama que mexe com segredos que parte da sociedade alemã preferia deixar enterrados. Não vou me aprofundar nos detalhes para não estragar a surpresa de quem quiser conferir o filme. 

Vale destacar a presença do veterano ator italiano Franco Nero, famoso nos sessenta e setenta após protagonizar o clássico do western spaghetti “Django”.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

O Poço

O Poço (El Hoyo, Espanha, 2019) – Nota 4
Direção – Galder Gaztelu Urrutia
Elenco – Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale, Alexandra Masangkay.

Goreng (Ivan Massangué) acorda em uma estranha prisão dividida por níveis. Ele está no mesmo local que o veterano Trimagasi (Zorion Eguileor). 

No andar que é quadrado existe um enorme buraco no meio, em que desce um estranho elevador com restos de comida. Trimagasi explica que a comida vai descendo pelos andares e que cada preso tem que se alimentar rapidamente, deixando as sobras para os que estão nos andares abaixo. Goreng se revolta e tenta mudar a situação. 

Este é um daqueles filmes difíceis de ver até o final. O ar de cult e a sensação de ser uma crítica social pesada esconde um filme pretensioso e produzido apenas para chocar.

O simbolismo de criticar a hierarquia social através dos níveis, em que os que estão nos postos mais altos aproveitam as melhoras coisas e conforme a escala desce as pessoas ficam com a sobras é verdadeira apenas em parte nos países capitalistas, que por sinal é o sistema criticado aqui. 

Enquanto nos países socialistas a fome e a falta de liberdade são comuns, o capitalismo é o único sistema em que existe a possibilidade das pessoas crescerem e mudarem de classe social. 

No filme o protagonista grita logo no início para as pessoas racionarem a comida, enquanto seu companheiro o acusa de ser comunista, ou seja, temos uma inversão de valores. No comunismo existem racionamentos comandados pelo governo, não porque as pessoas queiram fazer, mas porque são obrigadas. 

No mundo capitalista cada pessoa vai buscar “seu alimento” através do trabalho, enquanto o foco do socialismo (comunismo disfarçado) é dar migalhas para calar a população. 

As sequências nojentas dos restos de comida e a violência ao estilo gore são utilizadas aqui para manipular o espectador e demonizar o capitalismo. 

O resultado é um péssimo filme ideológico.

terça-feira, 28 de abril de 2020

O Mafioso

O Mafioso (Kill the Irishman, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Jonathan Hensleigh
Elenco – Ray Stevenson, Vincent D’Onofrio, Val Kilmer, Christopher Walken, Linda Cardellini, Tony Darrow, Robert David, Fionnula Flanagan, Bob Gunton, Jason Butler Harner, Vinnie Jones, Tony Lo Bianco, Laura Ramsey, Steve R. Schirripa, Paul Sorvino, Mike Starr, Marcus Thomas, Vinny Vella Sr.

Cleveland, início dos anos setenta. Danny Greene (Ray Stevenson) é um descendente de irlandeses que consegue tomar o poder no sindicato de estivadores. 

A chance de ganhar dinheiro surge na aliança com mafiosos locais, principalmente John Nardi (Vincent D’Onofrio), com quem cria um laço de amizade. Conforme avançam suas transações com o submundo, Danny se torna alvo da polícia. 

Este pouco conhecido longa detalha uma interessante história real que lembra as obras sobre a Máfia de Martin Scorsese. O diretor e roteirista Jonathan Hensleigh não tem o mesmo talento de Scorsese, mas mesmo assim entrega um bom filme sobre a clássica história de ascensão e queda dentro do crime. 

O protagonista era um trabalhador comum que viu a chance de ter poder e se envolveu em situações que em determinado momento saíram de seu controle. 

Além da história, o filme ganha pontos pelo ótimo elenco, com destaque para Christopher Walken como uma espécie de investidor criminoso, Val Kilmer como o policial que conhecia o protagonista desde a infância e o próprio personagem principal vivido de forma crua pelo irlandês Ray Stevenson. 

Vale citar também a grande quantidade de assassinatos através de bombas, várias delas colocadas em automóveis. 

O resultado é um bom filme para quem gosta de obras policiais sobre a Máfia.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Ligados Pelo Amor & Banquete do Amor


Ligados Pelo Amor (Stuck in Love, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Josh Boone
Elenco – Greg Kinnear, Jennifer Connelly, Lily Collins, Nat Wolff, Kristen Bell, Logan Lerman, Liana Liberato.

Após dois anos separado da esposa Erica (Jennifer Connelly), que o abandonou para casar com outro homem, o escritor Bill (Greg Kinnear) ainda acredita que conseguirá reatar o relacionamento. A separação afetou os filhos, que sonham em se tornar escritores igual o pai.

Samantha (Lily Collins) está afastada da mãe e não acredita no amor, além de se entregar ao sexo casual, enquanto Rusty (Nat Wolff) está apaixonado por uma colega de escola (Liana Liberato).

Este é mais um drama familiar que foca em relacionamentos confusos e amadurecimento. O roteiro escrito pelo diretor Josh Boone explora os clichês comuns do gênero, com direito a inserir problemas com drogas, sexo fácil, brigas e reconciliações.

O filme acaba ganhando pontos pelas boas atuações e os diálogos que variam entre o drama e a comédia, criando algumas situações patéticas que amenizam os problemas.

Está longe de ser um grande filme, mas agradará aos fãs do gênero.

Banquete do Amor (Feast of Love, EUA, 2007) – Nota 6,5
Direção – Robert Benton
Elenco – Morgan Freeman, Greg Kinnear, Radha Mitchell, Billy Burke, Selma Blair, Alexa Davalos, Toby Hemingway, Stana Katic, Jane Alexander, Fred Ward, Margo Martindale, Missi Pyle.

Harry (Morgan Freeman) é um professor universitário que vive com a esposa (Jane Alexander) e que está licenciado após ter perdido o filho morto por overdose. Sua forma sincera de tratar as pessoas o transforma em testemunha da complicada vida amorosa de seu amigo Bradley (Greg Kinnear), que é dono de uma cafeteria e de um jovem casal (Alexa Davalos e Toby Hemingway). 

O ponto principal deste longa é vender a ideia de que o amor é algo incontrolável, que tanto pode acontecer para unir um casal pela vida inteira, como pode separar quando um dos pares acredita estar amando uma terceira pessoa. 

A ciranda de amores aqui envolve principalmente o personagem de Greg Kinnear, que interpreta um sujeito fiel e sensível que sofre na mão de mulheres complicadas. 

É um filme mediano, intercalando drama e romance de forma comum ao gênero. 

Como informação, este foi o último trabalho do diretor Robert Benton, famoso pelo drama “Kramer vs. Kramer”.

domingo, 26 de abril de 2020

Troco em Dobro

Troco em Dobro (Spenser Confidential, EUA, 2020) – Nota 6
Direção – Peter Berg
Elenco – Mark Wahlberg, Winston Duke, Alan Arkin, Iliza Shlesinger, Michael Gaston, Bokeem Woodbine, Marc Maron, Coleen Camp.

Após cumprir pena de cinco anos de cadeia por ter espancado seu chefe, o Capitão Boylan (Michael Gaston), o ex-policial Spenser (Mark Wahlberg) é libertado. No mesmo dia da saída da cadeia, Boylen é assassinado. 

Mesmo tendo como álibi seu amigo Henry (Alan Arkin), Spenser decide investigar o caso quando a polícia incrimina um policial que também morreu, como se o sujeito tivesse cometido o crime e o posterior suicídio. Spenser terá de enfrentar a ira de ex-companheiros que podem estar envolvidos em uma conspiração. 

O personagem Spenser é baseado numa série de livros policiais que nos anos oitenta renderam a série “Spenser: For Hire” protagonizada pelo falecido Robert Urich. Na série, Spenser era um detetive particular. 

Esta versão para o cinema segue o estilo do diretor Peter Berg, especialista em longas com boas cenas de ação, trilha sonora marcante e roteiros ruins recheados de piadinhas. É um filme para ser visto sem muita expectativa com a realidade e sem preocupação com os furos na história, vale se divertir com a correria. 

Esta é por sinal a quinta parceria entre o diretor e o astro Mark Wahlberg e também o filme mais fraco ao lado do anterior “22 Milhas”.

sábado, 25 de abril de 2020

Jojo Rabbit

Jojo Rabbit (Jojo Rabbit, Nova Zelândia / República Tcheca / EUA, 2019) – Nota 8
Direção – Taika Waititi
Elenco – Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Taika Waititi, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Rebel Wilson, Alfie Allen, Archie Yates.

Alemanha, Segunda Guerra Mundial. O garoto Jojo (Roman Griffin Davis) tem como seu grande ídolo e também amigo imaginário o líder nazista Adolf Hitler (Taika Waititi). 

Participando de um grupo de crianças e adolescentes nazistas, Jojo acredita em todas as loucuras inventadas pelo Fuhrer e seus oficiais. 

Quando ele descobre que sua mãe (Scarlett Johansson) esconde a garota judia Elsa (Thomasin McKenzie) em um quarto secreto em casa, Jojo a princípio quer eliminar a inimiga, mas aos poucos percebe que a jovem é uma pessoa normal, igual a ele. 

O diretor neozelandês Taika Waititi, do sensível e divertido “A Incrível Aventura de Rick Baker”, repete aqui a escolha de um garoto como protagonista. O Jojo vivido pelo ótimo estreante Roman Griffin Davis é o exemplo de como uma criança pode ser manipulada por adultos e seguir ideias absurdas como se fosse algo normal. 

O processo de descoberta da verdade ocorre no relacionamento com a adolescente interpretada pela também ótima Thomasin McKenzie, que já havia mostrado seu talento no drama “Sem Rastros”. 

A escolha de fazer piada com temas polêmicos se mostra um grande acerto, muita pela criatividade das sequências e pela qualidade do texto, além das marcantes atuações do elenco. 

O diretor Taika Waititi como Hitler, Sam Rockwell como um oficial nazista cínico e Rebel Wilson vivendo uma fanática estão impagáveis, assim como o garotinho Archie Yates no papel do melhor amigo de Jojo. 

O resultado é um ótimo longa, que foge do lugar comum e comprova o talento do diretor.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

The Last Full Measure

The Last Full Measure (The Last Full Measure, EUA, 2019) – Nota 7,5
Direção – Todd Robinson
Elenco – Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer, Samuel L. Jackson, Bradley Whitford, Ed Harris, Jeremy Irvine, Linus Roache, Michael Imperioli, Amy Madigan, Peter Fonda, Diane Ladd, Robert Pine, Alison Sudol, John Savage, Dale Dye, Lisagay Hamilton.

Washington, 2009. O veterano médico Tulley (William Hurt) procura o então Secretário de Defesa do governo americano solicitando uma medalha de bravura para seu amigo Willian “Pits” Pitsenbarger (Jeremy Irvine), que morreu em combate durante a Guerra do Vietnã. 

A análise do caso é passada para o burocrata carreirista Scott Huffman (Sebastian Stan), que é obrigado a aceitar o trabalho. A má vontade inicial em relação ao caso aos poucos desaparece após Scott entrevistar outros veteranos que sobreviveram a mesma batalha que vitimou Pits e que carregam terríveis traumas. 

Este sensível drama baseado numa história real tem como ponto principal a questão dos traumas de guerra, neste caso a específica batalha que ficou conhecida como “Operação Abilene” que dizimou um grande número de soldados americanos e deixou os sobreviventes traumatizados pelo resto da vida. 

A narrativa intercala as entrevistas nos dias atuais em que os personagens interpretados por astros veteranos como Samuel L. Jackson, Ed Harris e o recém falecido Peter Fonda detalham sua experiência na guerra, com as sequências da própria batalha em que o jovem Pits perdeu a vida ao salvar vários companheiros. 

É um filme feito para emocionar, principalmente na sequência final e nos pós-créditos com depoimentos dos soldados reais que enfrentaram a terrível batalha.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

A Grande Mentira

A Grande Mentira (The Good Liar, Inglaterra / Alemanha / EUA, 2019) – Nota 6,5
Direção – Bill Condon
Elenco – Ian McKellen, Helen Mirren, Russell Tovey, Jim Carter, Mark Lewis Jones, Johannes Haukur Johanesson, Lucian Msamati.

Na sequência inicial, Roy (Ian McKellen) e Betty (Helen Mirren) conversam através de um site de relacionamentos. Eles marcam um encontro e ao se conhecerem criam uma relação de simpatia. 

Rapidamente a narrativa mostra que Roy é um trapaceiro que vê Betty como alvo de um novo golpe. A grande dificuldade que o vigarista enfrenta é o neto de senhora (Russell Tovey), que desconfia da rapidez com que a avó se envolveu com o novo amigo. Conforme a relação avança, várias surpresas vem à tona. 

O diretor inglês Bill Condon e o veterano astro Ian McKellen trabalharam juntos em “Deuses e Monstros” e “Sr. Holmes”, dois filmes superiores a esta nova produção. Aqui temos ainda a ótima Helen Mirren, porém o roteiro se mostra previsível em relação a reviravolta que ocorre na parte final. 

Todas as pistas apontam para isso, facilitando para o cinéfilo acostumado ao gênero matar a charada. Além disso, a motivação de um dos personagens é ao mesmo tempo criativa e um pouco forçada, principalmente por algumas soluções que parecem fora da realidade. 

É um filme que prometia bem mais do que foi entregue.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ao Pó Voltará & O Décimo Homem


Ao Pó Voltará (To Dust, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Shawn Snyder
Elenco – Géza Rohrig, Matthew Broderick, Sammy Volt, Leo Heller, Bern Cohen.

Após a morte da esposa, o judeu ortodoxo Shmuel (Géza Rohrig) fica atormentado para entender como funciona a decomposição do corpo. Sua interpretação da religião judaica o leva a acreditar que enquanto o corpo não se transformar totalmente em cinzas, a alma de sua esposa estará sofrendo. 

Buscando respostas, ele encontra o professor de ciências Albert (Matthew Broderick), que mesmo considerando as dúvidas do novo amigo como malucas, decide ajudar Shmuel em busca de uma resposta. 

Este curioso drama explora as contradições da religião através do protagonista que não pensa duas vezes em cometer pecados para “salvar a alma da esposa”. Esta busca leva a dupla principal a situações que variam entre o bizarro e o patético, de uma forma que faz o espectador rir dos absurdos. 

Demorei um pouco para lembrar que Géza Rohrig é o ator húngaro que protagonizou o angustiante “O Filho de Saul”. Ele entrega uma sensível interpretação, enquanto Matthew Broderick cria seu personagem com pitadas de cinismo e ironia. 

É um filme também sobre a solidão, no caso do professor e sobre amizade entre pessoas completamente diferentes, indicado para quem gosta de obras que fogem do lugar comum.

O Décimo Homem (El Rey del Once, Argentina, 2016) – Nota 6
Direção – Daniel Burman
Elenco – Alan Sabbagh, Julieta Zylberberg, Usher Barilka, Elvira Onetto.

Ariel (Alan Sabbagh) é um economista argentino de origem judaica que vive há muitos anos em Nova York.

Tendo deixado de lado suas origens, ao voltar para Buenos Aires a passeio para reencontrar o pai (Ariel Barilka) e a tia (Elvira Onetto), ele sente um enorme choque cultural ao chegar no bairro judaico onde nasceu, local conhecido como Once. 

Ariel também se sente atraído por Eva (Julieta Zylberberg), que decidiu aderir a religião ortodoxa, parando de falar e não aceitando ser tocada. 

O roteiro escrito pelo diretor Daniel Burman tem como ponto principal a redescoberta pelo protagonista de um tipo de vida que havia abandonado. O roteiro não se aprofunda em explicar se ele enfrenta problemas ou o que passou fora do país, o único fato citado é uma relação que parece em crise com um namorada em Nova York. 

O grande objetivo do diretor foi mostrar um pouco da vida da comunidade judaica em Buenos Aires, através da ajuda que proporcionam uns aos outros, da tradições religiosas, familiares e gastronômicas. Em uma semana, o protagonista volta a sentir prazer em coisas que ele considerava arcaicas. 

No geral é um filme diferente, com situações curiosas e uma desenvolvimento apenas regular. 

terça-feira, 21 de abril de 2020

Luta por Justiça

Luta por Justiça (Just Mercy, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Destin Daniel Cretton
Elenco – Michael B. Jordan, Jamie Foxx, Brie Larson, Rob Morgan, O’Shea Jackson Jr., Tim Blake Nelson, Rafe Spall, Michael Harding, Karan Kendrick.

Monroe, Alabama, 1987. Walter “Johnny D” McMillan (Jamie Foxx) é preso acusado de assassinar uma jovem estudante branca um ano antes e condenado à pena morte. 

No ano seguinte, o jovem advogado Bryan Stevenson (Michael B. Jordan) monta um escritório para analisar os casos de pena de morte no Estado e termina decidido a ajudar Johnny D, face aos depoimentos forjados e a um julgamento repleto de falhas. É o início de uma longa batalha por justiça. 

Baseado numa história real, entre erros e acertos este longa tem como ponto principal a história de injustiça e preconceito. O roteiro deixa claro que Johnny D foi escolhido para ser condenado em um caso que a polícia não tinha pista alguma e que pressionada precisava apresentar um culpado. 

Esta situação resulta em sequências que revoltam, porém por outro lado, tudo é mostrado de uma forma didática e previsível. A criatividade que o diretor Destin Daniel Cretton mostrou em “Temporário 12” passa longe aqui. 

Ele explora clichês de filmes do gênero, como as ameaças por telefone, o advogado que é pressionado por policiais em uma blitz fajuta, o condenado coadjuvante que é executado causando comoção no advogado e por fim o carcereiro que passa a ter pena dos condenados. Nada de novo em relação aos filmes do gênero. 

No final vale a sessão por conhecer melhor a história real e o sofrimento enfrentado por Johnny D.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Tempos Obscuros

Tempos Obscuros (Super Dark Times, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Kevin Phillips
Elenco – Owen Campbell, Charlie Tahan, Elizabeth Cappuccino, Amy Hargreaves, Max Talisman, Sawyer Bath, Adea Lennox.

Subúrbio de Nova York, anos noventa. Os adolescentes Zach (Owen Campbell) e Josh (Charlie Tahan) são amigos inseparáveis. 

Num certo dia, eles se juntam a Daryl (Max Talisman) e Charlie (Sawyer Barth) para passear de bicicleta no bosque. Um conflito resulta em um acidente que mudará completamente a vida dos garotos. 

O grande acerto deste filme é entregar uma trama adulta protagonizada por adolescentes, lembrando um pouco o ainda melhor “Verão de 84”. O roteiro foca basicamente em como Zach e Charlie tem suas vidas e personalidades afetadas por causa do acidente, despertando sensações, pensamentos e até atitudes totalmente inesperadas. 

Assim como em “Verão de 84”, aqui a história termina de forma pesada, muito longe do habitual final feliz dos filmes adolescentes.

domingo, 19 de abril de 2020

O Último Homem Negro em San Francisco

O Último Homem Negro em San Francisco (The Last Black Man in San Francisco, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Joe Talbot
Elenco – Jimmy Fails, Jonathan Majors, Rob Morgan, Tichina Arnold, Mike Epps, Finn Wittrock, Danny Glover, Willie Hen, Jamal Trulove.

Jimmy Fails (Jimmy Fails) vive em um bairro pobre na casa do amigo Mont (Jonathan Majors), onde também mora o avô do segundo (Danny Glover). 

Trabalhando em empregos simples, sem perspectivas de uma vida melhor, os amigos tem objetivos diferentes. Mont escreve peças de teatro que nunca encenou, enquanto Jimmy se mostra obcecado em reaver a casa de seu falecido avô que sua família perdeu por não pagar impostos anos atrás. 

O roteiro escrito pelo diretor Joe Talbot em parceria com o ator Jimmy Fails a princípio parece ter como ponto principal a questão da divisão de classes em relação a bairros que se tornam inviáveis para moradia de pessoas pobres por causa do alto custo. 

Com o desenrolar da narrativa, a trama vira seu foco também para os problemas familiares, detalhando o que o protagonista vivido por Jimmy Fails passou na infância e na adolescência e como a vontade de recuperar a casa se tornou uma espécie de sonho de ter uma segunda chance na vida. 

O diretor demonstra criatividade na forma como conta a história, nas atitudes fora do comum da dupla de protagonistas e também nos inusitados ângulos da câmera. Esta experimentação funciona em parte, resultando em algumas sequências estranhas e outras um pouco cansativas, deixando a obra irregular. 

Os personagens incomuns incluem ainda um pregador de rua (Willie Hen), o pai golpista do protagonista (Rob Morgan) e um corretor de imóveis picareta (Finn Wittrock).

sábado, 18 de abril de 2020

A Jaula de Ouro

A Jaula de Ouro (La Jaula de Oro, México / Espanha / Guatemala, 2013) – Nota 7,5
Direção – Diego Quemada Diez
Elenco – Brandon Lopez, Rodolfo Dominguez, Karen Martinez, Carlos Chajon.

Do interior na Guatemala, os adolescentes Juan (Brandon Lopez), Samuel (Carlos Chajon) e Sara (Karen Martinez) seguem a pé e de carona em trens em direção a fronteira com o México, com o objetivo de atravessar o país e chegar até Los Angeles. O índio Chauk (Rodolfo Dominguez) se junta ao grupo, que inicia uma dolorosa saga em busca de uma vida melhor. 

O tema da imigração ilegal foi abordado de uma forma mais profissional no ótimo “Sem Identidade” de Cary Joji Fukunaga. Este longa que comento aqui explora uma história bastante semelhante, porém com uma produção bem mais simples e de uma forma ainda mais crua e dolorosa. 

As situações enfrentadas pelos protagonistas causam revolta, mostrando o violento interior dos países da América Central e como a imigração ilegal se tornou fonte de renda para os chamados coiotes que atravessam as pessoas pelo deserto, além destes imigrantes serem alvos de todos os tipos de criminosos. 

A cada nova situação cruel que os protagonistas enfrentam, o espectador fica na espera de um revide ou uma reviravolta em busca de justiça, algo que nunca acontece. 

A sequência final deixa uma sensação de vazio, de uma luta insana para alcançar algo que parece não ter valor algum para a maioria das pessoas.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Filmes Brasileiros

Cristina Quer Casar (Brasil, 2003) – Nota 5
Direção – Luiz Villaça
Elenco – Denise Fraga, Marco Ricca, Fábio Assunção, Suely Franco, Rogério Cardoso, Julia Lemmertz, Renata Mello.

Cristina (Denise Fraga) é uma mulher solitária que deseja casar. Ela decide procurar um noivo pela decadente agência de casamentos de Chico (Marco Ricca). Após encontrar vários pretendentes, Cristina se apaixona por Paulo (Fábio Assunção), enquanto o próprio Chico também passa a se interessar por ela. Típica comédia romântica de encontros e desencontros com personagens peculiares e trama previsível.

Amores Possíveis (Brasil, 2001) – Nota 5,5
Direção – Sandra Werneck
Elenco – Murilo Benício, Carolina Ferraz, Emilio de Mello, Beth Goulart, Irene Ravache.

Um desencontro entre o casal Carlos (Murilo Benício) e Júlia (Carolina Ferraz) abre o caminho para o roteiro explorar três desfechos diferentes na relação, tendo sempre a importante participação do amigo Pedro (Emilio de Mello) e da mãe de Carlos (Irene Ravache). Mesmo voltado apenas para o drama familiar, a premissa de explorar três histórias com os mesmos personagens diferentes tem inspiração no ótimo longa alemão “Corra Lola, Corra” produzido três anos antes. Infelizmente aqui a narrativa segue o estilo novelesco comum ao gênero nas produções brasileiras.

Pequeno Dicionário Amoroso (Brasil, 1997) – Nota 5,5
Direção – Sandra Werneck
Elenco – Andréa Beltrão, Daniel Dantas, Mônica Torres, Tony Ramos, José Wilker, Glória Pires.

O roteiro detalha do início ao fim o relacionamento entre Gabriel (Daniel Dantas) e Luiza (Andréa Beltrão) através de uma narrativa que tenta ser poética explorando palavras para explicar cada fase do relacionamento. É um filme que começa de forma até interessante, mas aos poucos a repetição de situações e algumas cenas patéticas acabam cansado. O filme teve uma sequência em 2015.

Caramuru – A Invenção do Brasil (Brasil, 2001) – Nota 4 
Direção – Guel Arraes
Elenco – Selton Mello, Camila Pitanga, Luis Melo, Tonico Pereira, Deborah Secco, Debora Bloch, Pedro Paulo Rangel, Diogo Vilela.

Portugal, 1500. Diogo (Selton Mello) é um pintor que após um problema com uma mulher termina deportado para o Brasil como punição. A caravela que o transporta naufraga e Diogo é encontrado  na praia por índios. Enquanto tenta se adaptar ao novo mundo, Diogo ganha o nome de Caramuru entre os índios e se envolve com a bela Paraguaçu (Camila Pitanga). Explorando o mesmo estilo do sucesso de “O Auto da Compadecida”, porém exagerando na narrativa absurda e com situações dignas de novela, o diretor Guel Arraes entrega um filme histriônico.

Lisbela e o Prisioneiro (Brasil, 2003) – Nota 7
Direção – Guel Arraes
Elenco – Selton Mello, Débora Falabella, Virginia Cavendish, Marco Nanini, Bruno Garcia, Tadeu Mello, André Mattos, Livia Falcão.

O malandro Leléu (Selton Mello) chega a uma pequena cidade do Nordeste e se envolve com a sonhadora Lisbela (Débora Falabella), porém é obrigado a enfrentar um rival apaixonado pela garota (Bruno Garcia) e fugir do assassino Frederico Evandro (Marco Nanini), que pretende vingar sua honra após descobrir que sua esposa (Virginia Cavendish) o traiu com Leléu. Depois do exagerado “Caramuru”, o diretor Guel Arraes acertou a mão neste longa que faz rir pelos diálogos afiados e as atuações marcante de Selton Mello e de um impagável Marco Nanini. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

American Woman

American Woman (American Woman, Inglaterra / EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Jake Scott
Elenco – Sienna Miller, Christina Hendricks, Aaron Paul, Amy Madigan, Will Sasso, Sky Ferreira, E. Roger Mitchell, Pat Healy.

Em uma pequena cidade da Pennsylvania, Debra (Sienna Miller) é uma mãe solteira que gosta de curtir a vida, até mesmo com homens casados. 

Quando sua filha adolescente Bridget (Sky Ferreira) desaparece sem deixar vestígios, a vida de Debra vira de ponta cabeça. 

Ela precisa enfrentar o sofrimento da perda e também cuidar do neto pequeno, já que a filha também era mãe solteira. 

Este drama dirigido por Jake Scott, filho de Ridley Scott, a princípio passa a impressão de ser um daqueles longas sobre a busca desesperada de um mãe pela filha desaparecida, porém este fato é apenas a premissa. 

O roteiro segue a vida de Debra durante vários anos, detalhando seus relacionamentos, a criação do neto e os problemas familiares. A questão do sumiço da filha se torna um pano de fundo, que de tempos em tempos volta à tona. 

O destaque maior vai para a atuação de Sienna Miller, que cria uma personagem que amadurece com o passar dos anos e aprende com os erros cometidos. 

O resultado é muito mais uma história de vida, do que uma trama de suspense ou policial.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Polar

Polar (Polar, Alemanha / EUA, 2019) – Nota 6
Direção – Jonas Akerlund
Elenco – Mads Mikkelsen, Vanessa Hudgens, Katheryn Winnick, Fei Ren, Ruby O. Fee, Matt Lucas, Robert Maillet, Anthony Grant, Josh Cruddas, Richard Dreyfus.

Duncan Vizla (Mads Mikkelsen) é um assassino profissional que está prestes a se aposentar. Ele trabalha para uma organização criminosa como se fosse um funcionário normal com plano de carreira e previdência. 

O problema é que seu patrão (Matt Lucas) está eliminando os colaboradores que estão perto da aposentadoria, para não pagar milhões pelos serviços prestados. Um grupo de assassinos é enviado para matar Duncan, que se esconde em uma pequena cidade. 

Esta produção claramente foi inspirada no sucesso da trilogia “John Wick”, porém explorando um pouco mais de comédia, inclusive nas sangrentas sequências de ação. O filme funciona em parte, principalmente nestas sequências violentas. O exagero de algumas passagens e os personagens caricatos lembram uma história em quadrinhos. Eu considero um filme apenas razoável. 

Para quem gosta do estilo, veja “John Wick” que é bem mais interessante.

terça-feira, 14 de abril de 2020

Crime Sem Saída

Crime Sem Saída (21 Bridges, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Brian Kirk
Elenco – Chadwick Boseman, Sienna Miller, J.K. Simmons, Stephan James, Taylor Kitsch, Keith David, Alexander Siddig, Louis Cancelmi.

Em Nova York, Andre Davis (Chadwick Boseman) é um detetive conhecido por ter matado alguns bandidos durante suas investigações. 

Quando dois ladrões (Stephan James e Taylor Kitsch) assaltam um restaurante de fachada mantido por criminosos e na sequência matam alguns policiais durante um tiroteio, Andre é designado para o caso. 

A ideia dos seus superiores é que Andre elimine os assassinos, não deixando chance de uma rede de corrupção que envolve policiais vir à tona. 

A corrupção na polícia é tema comum nos filmes do gênero, as vezes inserindo um protagonista de moral duvidosa e em outros explorando um personagem que precisa enfrentar todo um sistema, como é o caso deste longa. 

Esta complexa teia é desenvolvida de modo apenas razoável, com furos no roteiro e algumas reviravoltas previsíveis. O filme ganha pontos pelo capricho na parte técnica. Os tiroteios são violentos e as cenas dos crimes muito bem detalhadas. 

As “21 Pontes” do título original se referem as entradas e saídas de Manhattan, que em certo momento do filmes são fechadas para não deixar os assassinos escaparam. 

O resultado é de razoável para bom, mas com certeza agradando quem gosta do gênero.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Pronto para Recomeçar

Pronto para Recomeçar (Everything Must Go, EUA, 2010) – Nota 7,5
Direção – Dan Rush
Elenco – Will Ferrell, Christopher Jordan Wallace, Rebecca Hall, Michael Peña, Laura Dern, Stephen Root, Rosalie Michaels. Glenn Howerton.

No dia em que é dispensado do emprego, Nick Halsey (Will Ferrell) chega em casa e encontra suas roupas e objetos jogados no jardim. Sua esposa o abandonou, trancou a casa e trocou as fechaduras. 

No fundo do poço, Nick decide ficar no jardim enquanto resolve o que fazer da vida. Ele faz amizade com um garoto (Christopher Jordan Wallace) e com uma nova vizinha que está grávida (Rebecca Hall). 

Esta simpática mistura de drama e comédia tem uma história muito mais profunda do que aparenta a princípio. O sujeito de meia-idade que precisa recomeçar a vida profissional e pessoal é algo extremamente comum nos dias atuais, a grande sacada do roteiro é fazer com que sua “tragédia” fique inteiramente exposta, inclusive de forma simbólica através dos objetos de sua casa no jardim. O roteiro explica também porque Nick chegou naquela situação, detalhando fatos e atitudes que somados destruíram sua vida. 

Este filme também é um exemplo de como um comediante pode ser um bom ator em papéis mais sérios, mesmo com toques de comédia. Will Ferrell já havia demonstrado talento em “Mais Estranho que a Ficção”, assim como colegas como Adam Sandler, Steve Carell, o falecido Robin Williams e outros comprovaram em trabalhos que foram além das comédias bobas. 

O resultado é uma obra que faz pensar sobre a vida.

domingo, 12 de abril de 2020

Cachorros

Cachorros (Los Perros, Chile / França / Argentina / Portugal / Alemanha / Suíça, 2017) – Nota 5
Direção – Marcela Said
Elenco – Antonia Zegers, Alfredo Castro, Rafael Spregelburd, Alejandro Sieveking, Elvis Fuentes, Juana Viale.

Em Santiago, capital do Chile, Mariana (Antonia Zegers) é filha de um empresário (Alejandro Sieveking) e vive um casamento em crise com o argentino Pedro (Rafael Spregelburd), em parte pela dificuldade em engravidar. 

Frustrada e confusa, Antonia cria uma laço com seu professor de equitação Juan (Alfredo Castro), que por seu lado enfrenta acusações de ter participado na tortura de presos durante a ditadura militar chilena. 

O roteiro escrito pela diretora Marcela Said mistura o batido tema da ditadura militar com um drama familiar que roda, roda e não sai do lugar. É um filme extremamente chato, tanto pela história sem profundidade alguma, como pelos personagens irritantes, principalmente a protagonista. Vale citar ainda as diversas cenas de equitação que não servem para absolutamente nada. 

O resultado é uma grande perda de tempo para quem arriscar conferir.

sábado, 11 de abril de 2020

DeLorean: Do Motor ao Crime

DeLorean: Do Motor ao Crime (Driven, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Nick Hamm
Elenco – Jason Sudeikis, Lee Pace, Judy Greer, Isabel Arraiza, Corey Stoll, Michael Cudlitz, Erin Moriarty, Jamey Sheridan, Justin Bartha, Iddo Goldberg.

No final dos anos setenta, o piloto de avião Jim Hoffman (Jason Sudeikis) é preso ao transportar uma carga de cocaína, porém para escapar da cadeia se torna informante do FBI. 

Em 1980, vivendo com a esposa (Judy Greer) e um casal de filhos em uma bela casa paga pelo FBI em Los Angeles, o acaso faz com que Jim descubra ser vizinho do empresário do ramo automotivo John DeLorean (Lee Pace), que estava criando seu famoso carro em que as portas abrem como “asas”. 

Hoffman se torna amigo de DeLorean e uma espécie de consultor informal. A relação toma um rumo inesperado quando o empresário passa a viver um complicado momento financeiro. 

Este razoável longa ao mesmo tempo ganha pontos pela absurda história real contada de uma forma bem humorada e por outro lado perde um pouco o rumo na narrativa irregular que busca amenizar a situação em que os protagonistas se envolveram. 

O destaque fica para as atuações de um cínico Jason Sudeikis e de um egocêntrico Lee Pace, que vive com perfeição o papel de John DeLorean. É engraçado que DeLoren acreditava que seu legado seria eterno por causa do carro inovador, quando na verdade ele será sempre lembrado pela confusão em que se meteu, enquanto o carro se tornou o símbolo cult do clássico “De Volta Para o Futuro” e não pela qualidade do veículo.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

O Farol & O Mistério do Farol


O Farol (The Lighthouse, Canadá / EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Robert Eggers
Elenco – Willem Dafoe, Robert Pattinson.

New England, final do século XIX. O veterano Thomas (Willem Dafoe) e o jovem Ephraim (Robert Pattinson) são deixados numa pequena ilha isolada para cuidar de um farol durante um período. 

Thomas é um sujeito duro que gosta de mandar e que demonstra uma estranha atração por algo no topo de farol, local que ele impede Ephraim de entrar. Não demora para as diferenças entre os dois virem à tona, situação que piora na medida em que passa o tempo e o isolamento começa a influenciar nas atitudes da dupla. 

Robert Eggers chamou a atenção da crítica em sua estreia na direção do complexo “A Bruxa”, suspense que explora lendas e contos folclóricos. Neste segundo trabalho ele novamente entrega um filme repleto de simbolismos através de um roteiro que brinca com lendas e histórias do mar, como o canto da sereia, o marujo beberrão e o próprio farol que existia para guiar os navios, mas que aqui serve também como instrumento para mostrar como os seus responsáveis perderam o caminho na vida. 

A narrativa entrecortada e várias sequências que variam entre o estranho, o exagerado e o surreal nas alucinações resultam numa obra indicada para poucos cinéfilos, principalmente aqueles que gostam de filmes que fogem do lugar comum, mesmo com defeitos. 

Vale destacar a bela fotografia em preto e branco que passa a impressão de estarmos vendo um filme antigo e as interpretações fortes de Willem Dafoe e Robert Pattinson. 

O Mistério do Farol (The Vanishing, Inglaterra, 2018) – Nota 6
Direção – Kristoffer Nyholm
Elenco – Gerard Butler, Peter Mullan, Connor Swindells, Gary Lewis, Soren Malling, Olafur Darri Olafsson.

Escócia, 1900. Thomas (Peter Mullan), James (Gerard Butler) e Donald (Connor Swindells) são responsáveis por manter ligado um farol na remota Ilha de Flannan. O grupo deve trabalhar durante um determinado período, até ser substituído. O problema é que a valiosa carga de um pequeno barco que naufraga e chega na ilha se torna o estopim de um terrível conflito. 

Este longa é inspirado na história real do “Mistério da Ilha Flannan”, em que três faroleiros desapareceram sem deixar vestígios. Como jamais se descobriu o que aconteceu com estes homens, ficaram abertas as possibilidades para um roteiro ficcional explorar o porquê do desaparecimento. 

A história criada é interessante e até verossímil, explorando ganância, remorso e os problemas psicológicos causados pelo isolamento. O problema é que o roteiro entrega a sequência mais forte pouco depois do meio do filme, como se o clímax chegasse antes da hora. A narrativa irregular é outro ponto negativo, exagerando nas situações dramáticas e criando algumas passagens mortas. 

É um filme em que o boa premissa foi mal aproveitada.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

O Quarto Secreto

O Quarto Secreto (La Cara Oculta, Colômbia / Espanha, 2011) – Nota 7
Direção – Andrés Baiz
Elenco – Quim Gutierrez, Martina Garcia, Clara Lago, Marcela Mar, Alexandra Stewart.

O maestro espanhol Adrian (Quim Gutierrez) passa uma temporada em Bogotá na Colômbia comandando a filarmônica da cidade.

O desaparecimento de sua noiva Belen (Clara Lago) é um mistério. A polícia suspeita de Adrian e também de um possível sequestro. 

Enquanto o caso não é resolvido, Adrian se envolve com a garçonete Fabiana (Martina Garcia) e a leva para morar em sua enorme casa em uma região afastada. 

Na primeira meia-hora, esta co-produção Colômbia/Espanha dirigida pelo colombiano Andrés Baiz, responsável por vários episódios das séries “Narcos” e “Narcos: México”, passa a impressão de ser um suspense ao estilo hollywoodiano repleto de clichês. Luzes que apagam com trovões, sustos com portas barulhentas e uma trilha sonora sinistra. 

Tudo mudo quando o narrativa se volta para mostrar a relação de Adrian e sua noiva Belen em flashbacks, inserindo fatos novos e uma surpresa totalmente inesperada. O ponto alto é esta surpresa que gera uma tensão crescente.

O filme perde pontos por alguns furos no roteiro, pelas atuações ruins, com exceção de Clara Lago e pelo final mal trabalhado. 

No geral é uma obra que vale a sessão para quem gosta de suspense.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Chat: A Sala Negra

Chat: A Sala Negra (Chatroom, Inglaterra, 2010) – Nota 6
Direção – Hideo Nakata
Elenco – Aaron Taylor Johnson, Matthew Beard, Imogen Poots, Daniel Kaluuya, Hannah Murray, Megan Dodds, Richard Madden, Tuppence Middleton, Nicholas Gleaves.

William (Aaron Taylor Johnson) é um adolescente depressivo que odeia sua família, inclusive sua mãe (Megan Dodds) que é uma famosa escritora. 

O jovem cria uma sala de beta-papo virtual para outros adolescentes desabafarem em relação a seus problemas pessoais. 

O que eles não percebem a princípio é que William deseja descontar seu ódio na vida dos amigos virtuais, dando conselhos perigosos para manipular os jovens inseguros. 

O tema das ameaças e mentiras virtuais já era atual em 2010 e hoje ainda mais. O problema aqui está na narrativa da primeira meia-hora, que se mostra confusa ao intercalar a vida real com os conflitos virtuais filmados com os próprios atores em uma espécie de quarto de hotel. 

O longa melhora quando os problemas reais são detalhados e a tensão aumenta, levando a um esperado final trágico. 

A curiosidade fica para o elenco de adolescentes na época, que hoje são famosos como Aaron Taylor Johnson, Imogen Poots e Daniel Kaluuya.

terça-feira, 7 de abril de 2020

O Advogado

O Advogado (Byeon-ho-in, Coreia do Sul, 2013) – Nota 7,5
Direção – Wook Seok Yang
Elenco – Kang Ho Song, Dal Suh Oh, Yeong Ae Kim, Si Wan In, Sung Ho Hong, Do Wan Kwak.

Busan, Coreia do Sul, 1978. Song Woo Seok (Kang Ho Song) é um advogado que vem de família pobre e por este motivo é desprezado pelo colegas profissão, principalmente após começar a ganhar dinheiro trabalhando na regularização de imóveis. 

Avesso aos problemas políticos do país que vivia uma ditadura militar, Seok muda sua visão quando um rapaz é preso apenas por participar de um clube de leitura. O jovem é filho de uma senhora que é dona de uma pequeno restaurante e que o ajudou quando era jovem. A fato faz Seok mudar seu pensamento, sua carreira e sua vida. 

Este longa é inspirado na história real de Roh Moo-Hyundo, que se tornou presidente da Coreia do Sul entre 2004 e 2008 e ajudou a fincar as raízes da democracia no país. O longa por sua vez segue apenas até 1987, o ano em que a população foi as ruas em massa exigindo mudanças. 

O foco principal do filme é o julgamento em que Seok defende vários estudantes acusados de comunismo, enfrentando um sistema corrupto. O roteiro segue o estilo dos filmes biográficos sobre personagens que lutaram contra algo mais forte do que eles. 

Vale destacar a ótima atuação do sempre marcante Kang Ho Song, ator presente em vários grandes filmes sul-coreanos.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Haunt

Haunt (Haunt, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Scott Breck & Bryan Woods
Elenco – Katie Stevens, Will Brittain, Lauryn Alisa McClain, Andrew Caldwell, Shazi Raja, Schuyller Helford.

Na noite de Halloween, dois rapazes e quatro garotas decidem entrar em uma casa mal assombrada numa região afastada da cidade que aparentemente é um espaço de diversão comandando por um sujeito vestido de palhaço. 

Rapidamente eles percebem que existe algo de estranho no local e principalmente nos funcionários que estão todos mascarados. 

Este competente longa de terror produzido pelo especialista no gênero Eli Roth e dirigido pela dupla de roteiristas de “Um Lugar Silencioso” unifica as tramas dos clássicos “Quadrilha de Sádicos” e “Pague Para Entrar, Reze Para Sair”. 

O grande acerto dos diretores é utilizar a criatividade para reciclar os clichês do gênero, inclusive criando armadilhas na casa ao estilo “Jogos Mortais”. 

O filme vai direto ao ponto, não existe uma explicação para motivação dos malucos dentro da casa, o objetivo é criar suspense e assustar com uma dose generosa de sangue e violência. 

As duas escorregadas do roteiro estão na participação sem muito sentido do namorado abusivo de uma personagem e a cena final no dia seguinte após os acontecimentos na casa. 

O resultado é bastante interessante para quem curte o gênero.

domingo, 5 de abril de 2020

Piratas da Informática: Piratas do Vale do Silício

Piratas da Informática: Piratas do Vale do Silício (Pirates of Silicon Valley, EUA, 1999) – Nota 7
Direção – Martyn Burke
Elenco – Noah Wyle, Anthony Michael Hall, Joey Slotnick, Josh Hopkins, John DiMaggio, Gailard Sartain, Gema Zamprogna.

Este longa produzido pelo canal TNT há mais de vinte anos é a obra que melhor detalha a ascensão de Steve Jobs (Noah Wyle) e Bill Gates (Anthony Michael Hall). 

O filme tem problemas com as atuações estranhas da dupla de protagonistas e com a rapidez na passagem do tempo. O período de 1971 a 1997 é diluído em apenas noventa minutos. 

Mesmo bastante conciso, o roteiro detalha as ideias, as artimanhas e a falta de caráter da dupla que não mediu esforços em roubar projetos e enganar parceiros para criarem as gigantes Apple e Microsoft. 

O filme termina em 1997 quando a rivalidade entre Jobs e Gates teve uma trégua, com Jobs sendo obrigado a aceitar condições impostas por Gates para retornar ao comando da Apple, que na época era parceira da Microsoft. 

O grande acerto é mostrar que eram dois gênios de personalidades complicadas e que chegaram ao topo do mundo muito pelo trabalho de outros parceiros que ficaram pelo caminho como Steve Wozniak (Joey Slotnick), Paul Allen (Josh Hopkins) e Steve Ballmer (John DiMaggio). 

É um longa mais interessante do que as versões recentes sobre a vida de Jobs.

sábado, 4 de abril de 2020

A Casa do Medo

A Casa do Medo (Bad Samaritan, EUA, 2018) – Nota 6
Direção – Dean Devlin
Elenco – David Tennant, Robert Sheehan, Kerry Condon, Carlito Olivero, Jacqueline Byers, Tracey Heggins.

Sean (Robert Sheehan) e Derek (Carlito Olivero) são jovens que cometem pequenos roubos e escondem a verdade de suas famílias. Nem mesmo a namorada de Sean, Riley (Jacqueline Byers) sabe a verdade. 

Numa noite ao trabalharem como manobristas de uma famoso restaurante, Sean pega “emprestado” o carro de um figurão (David Tennant) para roubar a casa do sujeito, sem saber que na verdade o homem é um psicopata. 

A premissa é bastante interessante, incluindo a surpresa que o protagonista encontra na casa do psicopata. O ritmo da narrativa é bastante fluído, deixando o espectador atento, porém o roteiro cheio de furos estraga um pouco o divertimento. 

São várias situações criadas pelo assassino que parecem milagres, sem contar que o celular tem comandos para tudo. A atuação de David Tennant é exagerada e a explicação para as atitudes de seu personagem beira o ridículo. 

É um filme que lembra os suspenses produzidos para TV. Vale citar que a direção ficou a cargo de Dean Devlin, eterno parceiro do diretor Roland Emmerich.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Coração Valente & Legítimo Rei


Coração Valente (Braveheart, EUA, 1995) – Nota 10
Direção – Mel Gibson
Elenco – Mel Gibson, Sophie Marceau, Patrick McGoohan, Catherine McCormick, Angus MacFayden, Brendan Gleeson, Tommy Flanagan, Brian Cox, Gerda Stevenson, James Cosmo, Ian Bannen, Peter Mullan.

Escócia, final do século XIII. Quando criança, William Wallace (Mel Gibson) viu seu pai ser assassinado pelos ingleses e terminou criado por seus tios. Após estudar fora do país, Wallace volta para a Escócia e conhece a jovem Murron (Catherine McCormick), com quem pretende se casar. 

Sua negativa em deixar o senhor feudal da região dormir com sua noiva antes do casamento termina na morte de Murron. Revoltado e obcecado em acabar com a opressão inglesa, Wallace organiza um exército de camponeses para enfrentar os invasores. 

Baseado na história real de William Wallace, este longa foi indicado a dez prêmios Oscar e venceu cinco, sendo os principais o de Melhor Filme e Direção. É uma história forte detalhada em um ótimo filme que explora romance, drama, aventura e violência nas sensacionais sequências das batalhas. 

Vale citar que era uma época em que mesmo as sequências grandiosas de batalhas eram filmadas com dezenas de coadjuvantes, sem os “soldados virtuais” dos filmes atuais. 

Mesmo sendo um astro na época, este foi o filme que levou Mel Gibson ao auge da carreira.     

Legítimo Rei (Outlaw King, Inglaterra / EUA, 2018) – Nota 7
Direção – David Mackenzie
Elenco – Chris Pine, Stephen Dillane, Rebecca Robin, Billy Howle, Paul Blair, Sam Spruell, Tony Curran, James Cosmo, Ben Clifford.

Escócia, século XIV. A rebelião liderada por William Wallace foi derrotada. Os diversos clãs são obrigados a se submeter ao rei da Inglaterra Edward (Stephen Dillane), que se autoproclama também rei da Escócia. 

A forma opressora com que Edward trata os escoceses leva Robert Bruce (Chris Pine) a reiniciar uma investida contra os invasores logo após a morte de seu pai (James Cosmo). Mesmo com poucos apoiadores, Robert Bruce acredita que poderá derrotar o exército inglês. 

Este interessante mistura de drama de época e aventura baseada numa história real é considerada por alguns como uma espécie de continuação do clássico “Coração Valente” com Mel Gibson. Na verdade a história segue o aconteceu na Escócia nos anos seguintes à morte de Wallace. 

O longa não apresenta a mesma grandiosidade das batalhas da obra de Mel Gibson e nem tem um protagonista marcante, a atuação de Chris Pine é no máximo razoável. O filme ganha pontos por duas boas sequências de batalhas, principalmente a do clímax em meio a lama e pela ótima reconstituição de época. 

O resultado é um longa que vale a sessão como curiosidade histórica.             

quinta-feira, 2 de abril de 2020

História de um Casamento

História de um Casamento (Marriage Story, Inglaterra / EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Noah Baumbach
Elenco – Adam Driver, Scarlett Johansson, Laura Dern, Ray Liotta, Alan Alda, Julie Hagerty, Azhy Robertson, Merritt Weaver, Wallace Shawn, Mark O’Brien, Annie Hamilto, Tunde Adebimpe.

Após dez anos de casamento, Charlie (Adam Driver) e Nicole (Laura Dern) decidem se separar. O fim da relação afeta o trabalho do casal. 

Ele é o diretor de uma companhia de teatro em Nova York e ela é uma atriz que abandona o grupo para voltar a viver em Los Angeles e tentar reativar a carreira no cinema. 

No meio da crise está o filho Henry (Azhy Robertson), um garoto que ainda não entende direito a nova situação. Tudo fica ainda mais complicado quando Nicole contrata uma advogada (Laura Dern) para cuidar da separação. 

O diretor e roteirista Noah Baumbach é especialista em dramas familiares, como se fosse um Woody Allen totalmente sério, sem os diálogos cínicos e os personagens engraçadinhos. 

Neste trabalho, a longa duração esconde uma história simples que se arrasta em situações repetitivas que chegam a irritar, como as discussões que não chegam a lugar algum e as reações contidas do personagem de Adam Driver, que é sugado para dentro de uma situação sem controle. 

A entrada em cena dos advogados cria um teatro de cartas marcadas com um preço extremamente alto para os envolvidos, tanto emocional quanto financeiro.

Além do casal principal, vale destacar as ótimas atuações de Laura Dern, Ray Liotta e do veteraníssimo Alan Alda interpretando os advogados. 

O título mais apropriado seria “História de uma Separação”

quarta-feira, 1 de abril de 2020

O Mesmo Sangue

O Mesmo Sangue (La Misma Sangre, Argentina / EUA, 2019) – Nota 6
Direção – Miguel Cohan
Elenco – Oscar Martinez, Dolores Fonzi, Diego Velazquez, Paulina Garcia, Luis Gnecco, Norman Briski.

Elias (Oscar Martinez) perde o pai em um acidente com eletricidade na fazenda de sua propriedade. Sete anos depois, ele abandonou o emprego para se dedicar a fazenda e passa um complicado momento financeiro. 

Quando sua esposa Adriana (Paulina Garcia) morre em um acidente doméstico, seu genro Sebastian (Diego Velazquez) passa a desconfiar que Elias foi o responsável pelo morte. A desconfiança afeta também a filha do casal, Carla (Dolores Fonzi). 

O diretor Miguel Cohan (“Betibú”) explora o estilo de mostrar a mesma cena em ângulos diferentes através do olhar de personagens distintos para explicar determinada situação. 

Por mais que seja uma escolha criativa, o desenrolar da narrativa é lento, além do roteiro deixar pontas soltas e excluir personagens como a outra filha do casal e seu marido que aparecem apenas na festa e no enterro. 

Também não existe explicação para uma personagem que surge cobrando o protagonista. Não se sabe se é amiga, sócia, amante ou agiota. 

A ironia da sequência final é uma boa sacada, mas mesmo assim fica a impressão de que a história poderia render um filme bem melhor.