domingo, 31 de agosto de 2014

O Beijo no Asfalto

O Beijo no Asfalto (Brasil, 1981) – Nota 7
Direção – Bruno Barreto
Elenco – Tarcísio Meira, Ney Latorraca, Christiane Torloni, Lídia Brondi, Daniel Filho, Oswaldo Loureiro.

Um homem é atropelado por um ônibus e antes de morrer pede um beijo para Arandir (Ney Latorraca), que foi a primeira pessoa que chegou para tentar ajudá-lo. Arandir beija o homem e vê sua vida virar de ponta cabeça. 

O fato foi presenciado por um repórter sensacionalista (Daniel Filho), que leva o caso a um violento delegado (Oswaldo Loureiro) com o objetivo de criar polêmica para vender jornal. Os dois canalhas decidem procurar Arandir para pressioná-lo a confirmar que conhecia o sujeito. O acidente também teve como testemunha o sogro de Arandir, Aprigio (Tarcísio Meira), um professor moralista que não entende o porquê da atitude do genro. A esposa Selminha (Christiane Torloni) faz de tudo para defender o marido, enquanto sua irmã mais nova, a bela Dália (Lídia Brondi), esconde ser apaixonada por Arandir. 

Baseado numa obra de Nelson Rodrigues, a história apresenta todos os conflitos familiares e sexuais habituais das obras do autor. Além dos segredos de família, a trama ainda faz uma crítica a imprensa e aos jornalistas que com o pretexto de vender a notícia não se preocupam com as consequências na vida dos envolvidos. Sobram farpas também para a violência policial, o chamado abuso de autoridade, fato comum em nosso país. 

No elenco se destacam Daniel Filho como o repugnante repórter, o sempre competente Ney Latorraca como o pobre Arandir e a quase adolescente Lídia Brondi como uma espécie de Lolita suburbana que aparece com roupas curtas em boa parte do filme e totalmente nua em duas sequências. 

sábado, 30 de agosto de 2014

Transformers & Transformers: A Vingança dos Derrotados


Transformers (Transformers, EUA, 2007) – Nota 6,5
Direção – Michael Bay
Elenco – Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, Rachael Taylor, Anthony Anderson, Jon Voight, John Turturro, Michael O’Neill, Kevin Dunn, Julie White, Glenn Morshower, Amaury Nolasco, Zack Ward, Travis Van Winkle, Bernie Mac.

Sucesso como desenho animado anos noventa, “Transformers” era considerado um projeto quase impossível de ser transportado para as telas. Com o desenvolvimento da CGI e o dedo de Spielberg na produção, o diretor Michael Bay tomou a frente do projeto e criou uma das franquias mais rentáveis da história do cinema, mesmo que a qualidade dos filmes, principalmente as interpretações e os diálogos sejam fracos. 

A trama coloca em guerra os Autobots e os Decepticons, que destruíram o planeta Cybertron e os sobreviventes se espalharam pelo espaço. Megatron, lider dos Decepticons, veio para a Terra em busca de um objeto chamado All Spark, que tem o poder de dar vida e inteligência aos aparelhos eletrônicos, porém acabou preso e congelado em uma geleira. Muitos anos depois, outros Decepticons chegam ao planeta Terra em busca do líder e iniciam uma nova guerra, agora contra os humanos e os Autobots que também querem o All Spark. No meio desta bagunça surge Sam Witwicky (Shia LaBeouf), um adolescente que é neto do sujeito que encontrou Megatron congelado e que sonha em conquistar a bela Mikaela (Megan Fox). Junte ainda segredos militares, soldados sobreviventes de um ataque dos Decepticons e uma dupla de hackers. 

Os fãs da série adoraram o filme, que é competente nas barulhentas cenas de ação e destruição, especialidade de Michael Bay, porém o espectador comum que deseja diversão com o mínimo de inteligência ficará decepcionado com os diálogos constrangedores e as piadinhas adolescentes sem graça. Neste sentido pouca coisa se salva, como a espontaneidade de Shia LaBeouf e o carisma maluco de Anthony Anderson e John Turturro. Vale destacar ainda a beleza e sensualidade de Megan Fox, que por outro lado é péssima atriz.

Transformers: A Vingança dos Derrotados (Transformers: Revenge of the Fallen, EUA, 2009) – Nota 6
Direção – Michael Bay
Elenco – Shia LaBeouf, Megan Fox, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, John Turturro, Ramon Rodriguez, Kevin Dunn, Julie White, Isabel Lucas, John Benjamin Hickey, Glenn Morshower.

Após ajudar os Autobots a vencerem os Decepticons e destruírem o All Spark, Sam Witwicky (Shia LaBeouf) se prepara entrar na universidade e tentar levar uma vida normal, porém um pedaço do All Spark que ficou em seu poder se torna alvo dos Decepticons que sobreviveram e que tem como objetivo reaver o objeto para dar vida a Fallen, seu líder que morreu na Terra há centenas de anos. Ao mesmo tempo, um comando especial do exército e os Autobots lutam para destruírem os Decepticons que restaram, mesmo sem saber do objetivo dos inimigos. 

Esta inevitável sequência recicla a premissa do original, criando um passado distante de lutas na Terra entre Autobots e Decepticons e uma ligação com as culturas antigas do planeta. O que aparentemente parece ser interessante, na verdade é apenas uma desculpa para muita correria e explosões, numa verdadeira overdose de efeitos especiais. A parte técnica de primeira qualidade e a rapidez nos cortes escondem uma história rala, personagens unidimensionais e diálogos constrangedores. 

No elenco, novamente o destaque vai para John Turturro, que parece se divertir no papel e o astro Shia LaBeouf que tem ótima presença de cena. Também é sempre bom apreciar a beleza de Megan Fox, mesmo que ela seja um desastre como atriz.  

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Noite Vazia

Noite Vazia (Brasil, 1964) – Nota 8
Direção – Walter Hugo Khouri
Elenco – Norma Bengell, Odete Lara, Mário Benvenutti, Gabriele Tinti.

Luisinho (Mário Benvenutti) é um sujeito da classe alta, casado e que todas as noites deixa em casa esposa e filho para percorrer bares em busca de amantes, sempre na companhia de Nelson (Gabriele Tinti), jovem trabalhador desiludido com a vida, quase depressivo. 

Após passarem por alguns bares, flertarem com garotas e até receberem cantada de uma mulher de meia idade, a dupla cruza o caminho de duas prostitutas em um restaurante japonês. A experiente Regina (Odete Lara) e a sentimental Mara (Norma Bengell), seguem com os amigos para o apartamento de Luisinho, local especial para estes encontros, onde fazem sexo, discutem sobre a vida, dinheiro, amores e frustrações. 

O diretor Walter Hugo Khouri marcou sua carreira por dramas existenciais, com destaque para este ótimo longa. Mesmo se passando em São Paulo e mostrando a noite da cidade durante os cortes das cenas, o filme na verdade é intimista, tendo as sequências no apartamento como as mais importantes e principalmente focando no desenvolvimento dos personagens e nos diálogos. 

O vazio existencial de cada personagem é colocado à prova durante esta noite, como as aventuras extraconjugais que se transformaram monótonas para Luisinho, a falta de objetivo na vida de Nelson, a resignação de Regina em relação a vida que escolheu ou a procura de Mara por um amor. 

Em determinada cena, Nelson diz ao ver uma bela garota com o namorado “tudo que é diferente tem dono”, frase que explica o sentimento dos personagens em busca de algo mais, mesmo sem saber o que. 

Vale destacar ainda algumas sequências sensuais de muito bom gosto, que com certeza causaram polêmica na época.  

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Clube da Lua

Clube da Lua (Luna de Avellaneda, Argentina / Espanha, 2004) – Nota 7,5
Direção – Juan José Campanella
Elenco – Ricardo Darin, Eduardo Blanco, Mercedes Moran, Valeria Bertuccelli, Silvia Kutika, José Luís Lopez Vazquez, Daniel Fanego.

Fundado nos anos cinqüenta, o Clube Luna de Avellaneda teve seus dias de glória com grandes festas e bailes, porém quarenta anos depois vive uma enorme crise, assim como a economia da Argentina. Com poucos sócios ainda pagando mensalidades, Roman (Ricardo Darin) e Amadeo (Eduardo Blanco) lutam para manter o local funcionando e assim dar um pouco de divertimentio para muitas pessoas do bairro, principalmente idosos e crianças. A crise financeira do clube é semelhante aos problemas pessoais da dupla, que sofrem com casamentos falidos e o desemprego. 

Quando um velho conhecido da dupla, hoje empresário, surge com a proposta de transformar o clube em um cassino e dar emprego no local as pessoas do bairro, a complicada situação se transforma num dilema de consciência. Aceitar o fechamento do clube onde vivem desde criança e seguir em frente ou ainda lutar por algo que para muitos moradores é como um se fosse um objeto antigo sem valor algum. 

Após o grande sucesso de “O Filho da Noiva” em 2001, o diretor Juan José Campanella se aventurou nos Estados Unidos dirigindo alguns episódios de seriados como “Law & Order” e “Ed”, até retornar a Argentina e reencontrar os atores Ricardo Darin e Eduardo Blanco para comandar este sensível drama com toques políticos e personagens sonhadores. 

É um longa que se sustenta pelos ótimos personagens e pelo roteiro, que coloca em choque o presente capitalista contra o sentimentalismo do passado. 

Além dos dois filmes citados, o diretor Campanella e o astro Ricardo Darin trabalharam juntos ainda em “O Mesmo Amor, a Mesma Chuva” e o premiado “O Segredo dos Seus Olhos”.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O Homem do Braço de Ouro

O Homem do Braço de Ouro (The Man with the Golden Arm, EUA, 1955) – Nota 8
Direção – Otto Preminger
Elenco – Frank Sinatra, Eleanor Parker, Kim Novak, Arnold Stang, Darren McGavin, Robert Strauss.

Em Chicago, Frankie Machine (Frank Sinatra) é um talentoso crupiê que acaba preso no lugar de Schwiefka (Robert Strauss), o chefão que comandava a jogatina clandestina onde ele trabalhava. Na prisão, Frankie consegue se livrar do vício da heroína e após cumprir a pena, volta para casa com o objetivo de refazer a vida trabalhando com baterista, porém a influência das pessoas que vivem ao seu redor se torna um grande obstáculo. 

Schwiefka deseja que Frankie volte a trabalhar como crupiê, enquanto seu antigo fornecedor de drogas (Darren McGavin) reaparece, sem contar que sua esposa Zosch (Eleanor Parker) é uma inválida manipuladora que utiliza a culpa para mantê-lo no casamento, enquanto na verdade Frankie é apaixonado pela bela vizinha (Kim Novak). 

Este drama pesado dirigido por Otto Preminger (“Anatomia de um Crime”, “Setembro Negro”) foi o primeiro grande filme de Hollywood que abordou o tema das drogas de modo direto e sabe-se lá como conseguiu ser liberado pelo Código Hayes, que na época proibia os produtores e diretores de utilizarem temas, cenas ou diálogos que fossem considerados contra a moral e os bons costumes. 

Para o cinéfilo resultou um grande filme, com provavelmente a melhor atuação da carreira do cantor Frank Sinatra, que para muitos foi injustiçado por ter perdido o Oscar para Ernest Borgnine por “Marty”. 

As cenas em que o personagem de Sinatra usa drogas podem ser consideradas corajosas para época e com certeza a polêmica ajudou a tornar o longa um sucesso. 

Além do ótimo elenco e da direção de Preminger, vale destacar a bela trilha sonora de Elmer Bernstein que explora o jazz, gênero musical típico de Chicago.   

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Palmeiras 100 Anos


Como nossa torcida canta em todos os jogos, "São 100 de História, de Lutas e de Glórias", que estão sendo festejados de todas maneiras, com lançamento de livros, documentários, festas e homenagem a jogadores e treinadores que honraram nosso manto, mas principalmente deve servir de exemplo para nossos dirigentes pacificarem o clube e o colocarem novamente no caminho das vitórias. O sofrimento dos últimos anos contrasta com nosso história vitoriosa de 100 anos, uma trajetória que resultou em uma torcida gigantesca, apaixonada, exigente e que sempre está ao lado do clube, na alegria e nos momentos difíceis.

É o momento da virada, do renascimento de um clube que nasceu para ser protagonista.

Parabéns Palmeiras!!! Parabéns Palestrinos!!! Parabéns Evair, Marcos, Ademir da Guia, Dudu, Rivaldo, Oswaldo Brandão, Junqueira, Oberdan Cattani, Edmundo, Mazzola. Julinho Botelho, Zinho, Tonhão, Velloso, Valdir Joaquim de Moraes, Heitor, César Maluco, Nei, Leivinha, Waldemar Fiúme, Waldemar Carabina, Jair Rosa Pinto, Euller, Jorginho Putinatti, Luís Pereira, Lima, Felipão, Alex, Djalminha e tantos outros que derramaram suor e sangue pelo clube.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Loosies

Loosies (Loosies, EUA, 2011) – Nota 6
Direção – Michael Corrente
Elenco – Peter Facinelli, Jaimie Alexander, Michael Madsen, Vincent Gallo, William Forsythe, Joe Pantoliano, Marianne Leone, Christy Carlson Romano.

Bobby (Peter Facinelli) é um jovem batedor de carteiras e celulares que trabalha para o receptador Jax (Vincent Gallo). Bobby, que vive com a mãe (Marianne Leone), precisa pagar uma dívida deixada pelo pai que faleceu, por isso foi obrigado a aceitar o trabalho de ladrão pé-de-chinelo. 

Com uma boa lábia, Bobby também costuma enganar garotas que se encantam pelo seu charme. Sua vida muda quando ele reencontra Lucy (Jaimie Alexander), uma garçonete com quem transou uma vez e que diz estar grávida. Para piorar ainda mais a situação, o jovem está sendo procurado por um policial (Michael Madsen), de quem ele roubou a carteira e o distintivo. 

Este longa foi um projeto pessoal do ator Peter Facinelli (das séries “A Sete Palmos” e “Damages”), que também produziu e assinou o roteiro. 

Utilizando a simples premissa do ladrão que deseja mudar de vida quando descobre que será pai, diálogos engraçadinhos e com alguns personagens curiosos como o picareta interpretado por Vincent Gallo e o dono da joalheira vivido por Joe Pantoliano, fica a impressão de que objetivo era criar um pequeno filme cult, porém o resultado não passa do razoável. Algumas situações como as cenas do policial de Michael Madsen e a reviravolta final não convencem. 

Como curiosidade, o “Loosies” do título é uma gíria para venda avulsa de cigarros, hábito do protagonista, que ainda faz um trocadilho com o nome da namorada Lucy.

domingo, 24 de agosto de 2014

Bienal do Livro de SP - Bagunça Total

Visito a Bienal do Livro de SP desde 2000, são pelo menos oito edições e jamais havia presenciado a bagunça que ocorreu neste final de semana no Anhembi. Até mesmo na edição realizada alguns anos atrás no Centro de Exposições Imigrantes, que fica num local de difícil acesso e bem longe do centro houve esta confusão.

Estou acostumado com aglomerações, sou frequentador assíduo de estádios de futebol desde os anos oitenta e conheço bem como funcionam eventos com grande público, porém não imaginava ver algo semelhante em uma feira de livros.

Todos os anos de Bienal eu e minha esposa vamos logo no primeiro sábado, chegamos mais ou menos uma hora antes de abrirem as portas para o público e nunca tivemos grandes problemas em entrar. É sempre a mesma rotina, enquanto eu compro meu ingresso e entro na fila para entrada, minha esposa que é professora, retira sua credencial. Considerando um grande números de pessoas, este procedimento demora em torno de trinta minutos. Ontem a situação foi bem diferente.

Ao chegar por volta das nove horas, ficamos presos na entrada do estacionamento em meio a dezenas de automóveis. Depois de trinta minutos chegamos até a cancela e pagamos extorsivos R$ 40,00 para estacionar. Não demorou para percebermos um número enorme de pessoas, pelo menos metade de garotas adolescentes. Este fluxo de pessoas criou uma "massa" que se aglomerava em frente a entrada tentando entrar na base do empurrão, enquanto outra parte ficava na fila que dava voltar no páteo. Resumindo, entre comprar ingressos e entrar demorei duas horas, não desisti porque enquanto estava na primeira fila minha esposa conseguiu entrar. Conversamos por telefone e disse para ele visitar os stands enquanto eu ficaria na fila de entrada.

Quando entrei encontrei um verdadeiro caos. Os stands totalmente lotados, filas enormes para os caixas e em alguns locais era impossível andar pelo corredor porque alguma "estrela" da literatura estava dando autógrafos e uma multidão tentava chegar perto a todo custo.

Para comer era necessário enfrentar filas enormes, sendo que os espaços foram utilizados por franquias conhecidas que cobravam um valor bem acima do normal, sem contar que as mesas eram poucas e a maioria das pessoas sentavam no chão. Decidimos comprar salgados, que por sinal tinha um preço "salgado" e uma qualidade duvidosa.

Promover a cultura e despertar o gosto pelos livros nas crianças e nos jovens é fundamental, bem diferente de transformar um evento deste tipo numa balada, onde pelo menos metade das pessoas que estavam ali queriam chegar perto de algum "ídolo" fabricado.

Os organizadores citarem que não estavam esperando tanta gente é chamar os visitantes de idiota, com certeza eles alcançaram o objetivo de alavancar o lucro do evento, sem investir numa mínima estrutura de organização.

Infelizmente o custo desta ganância estragou o passeio de um grande número de pessoas, muitas delas que dificilmente terão vontade de voltar a Bienal daqui a dois anos.

Finalizando, depois de menos de duas horas deixamos o evento sem comprar livro algum.

sábado, 23 de agosto de 2014

Tudo por Justiça

Tudo por Justiça (Out of the Furnace, EUA / Inglaterra, 2013) – Nota 7
Direção – Scott Cooper
Elenco – Christian Bale, Woody Harrelson, Casey Affleck, Willem Dafoe, Zoe Saldana, Forest Whitaker, Sam Shepard, Tom Bower.

Numa pequena cidade americana, Russell Baze (Christian Bale) leva uma vida comum, trabalhando em uma usina sem grandes sonhos ou perspectivas. Ele mora com a noiva (Zoe Saldana) e visita diariamente o pai que está muito doente. Diferente de Russell, seu irmão Rodney (Casey Affleck) não aceita seguir o destino medíocre da família, além de carregar traumas pelo que presenciou na Guerra do Iraque. 

Um trágico acontecimento mudará a vida de Russell, ao mesmo tempo em que Rodney se envolverá em lutas clandestinas com a ajuda do agiota John Petty (Willem Dafoe), fato que o levará a conhecer o violento traficante Harlan DeGroat (Woody Harrelson). 

Com um elenco afiado, que tem ainda Forest Whitaker como um policial e Sam Shepard como o tio dos irmãos Baze, este longa de Scott Cooper (“Coração Louco”) tem como ponto principal o desenvolvimento dos personagens, que vivem entre a escolha de uma vida correta e muitas vezes injusta ou arriscar tudo, inclusive a própria vida em busca de dinheiro ou justiça. 

Todos os personagens são fortes, porém o destaque maior fica para um cínico e assustador Woody Harrelson, que mostra quem é logo na cena inicial, que a princípio parece estar deslocada da trama, mas que com o desenrolar da história pode ser considerada uma prévia da tragédia anunciada. 

É um longa indicado para o cinéfilo que gosta de histórias cruas, daquelas que passam longe de um final feliz.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Um Ato de Liberdade

Um Ato de Liberdade (Defiance, EUA, 2008) – Nota 7,5
Direção – Edward Zwick
Elenco – Daniel Craig, Liev Schreiber, Jamie Bell, Alexia Davalos, Allan Corduner, Mark Feuerstein, Tomas Arana, Jodhi May, Iddo Goldberg, Iben Hjele, Martin Hancock, Ravil Isyanov, George MacKay.

Em 1941, o exército alemão invadiu a região onde hoje está a Bielorússia, saqueando as cidades e perseguindo os judeus. Os que não foram assassinados acabaram como prisioneiros e enviados para campos de concentração. No meio deste caos, os irmãos Bielski fugiram para a floresta após terem os pais assassinados. Outros judeus seguiram o mesmo caminho para escapar dos nazistas e aos poucos foram se juntando aos irmãos e criando uma vila que ser tornaria uma espécie de refúgio. 

O líder do grupo foi o mais velho dos irmãos Bielski, Tuvia (Daniel Craig) que tinha um conflito com Zus (Liev Schreiber). Enquanto Tuvia queria manter a paz, Zus tinha o objetivo de se vingar dos nazistas, nem que para isso tivesse de entrar para o exército russo. Os outros irmãos eram o jovem Asael (Jamie Bell) e o garoto Aron (George Mackay)

Baseado numa história real, este longa tem todo o estilo do diretor Edward Zwick, apresentando uma parte técnica impecável (fotografia, figurinos, cenários e boas cenas de ação), ao mesmo tempo em que tem uma narrativa fria e alguns momentos descartáveis como os romances inseridos na trama. 

A premissa é ótima, tendo algumas semelhanças com o superior “Caminho da Liberdade” do australiano Peter Weir. Nas mãos de um diretor como Spielberg ou mesmo Weir, com certeza renderia um grande filme, com Zwick resultou numa obra correta, porém nada mais que isso.   

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ela

Ela (Her, EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Spike Jonze
Elenco – Joaquin Phoenix, Amy Adams, Scarlett Johansson, Olivia Wilde, Matt Letscher, Rooney Mara, Chris Pratt.

Num futuro próximo, Theodore (Joaquin Phoenix) trabalha em uma empresa escrevendo cartas para pessoas que não tem tempo ou criatividade para escrever mensagens para seus pares ou amigos. Na verdade, Theodore cria o texto e dita para o computador que escreve por ele. 

Solitário após ter se separado da namorada (Rooney Mara), Theodore tem dificuldades em lidar com seus sentimentos e se relacionar com as pessoas. Os poucos que se aproximam dele é um colega de trabalho que admira seu talento de escritor (Chris Pratt) e o casal Amy (Amy Adams) e Charles (Matt Letscher), que tenta lhe arrumar uma nova namorada. 

A solidão de Theodore começa a diminuir quando ele adquire um novo programa de computador que promete agir como uma pessoa de verdade. Rapidamente ele cria um laço com a voz feminina do programa que se autodenomina Samantha (voz de Scarlett Johansson). Inteligente e divertida, “a voz” desperta um forte sentimento em Theodore, dando inicio a uma inusitada relação. 

O cinema de Spike Jonze é algo estranho e ao mesmo tempo extremamente criativo, como comprovam os ótimos “Quero Ser John Malkovich” e “Adapatação”. Neste “Ela”, o diretor e roteirista cria uma história de amor que pode ser considerada também uma crítica a dificuldade cada vez maior que o ser humano tem em se relacionar, muitas vezes substituindo o contato física pela relação virtual. 

O cenário aparentemente absurdo inventado por Jonze não está longe de se tornar real, hoje já vemos pessoas que se apaixonam a distância, apenas pela voz, foto ou troca de textos na internet, sem nunca ter encontrado o parceiro. 

É curioso comparar como Jonze descreve o relacionamento do personagem de Joaquin Phoenix com a voz como sendo muito mais verdadeiro que a relação fria entre os personagens de Amy Adams e Matt Letscher. 

O sucesso do filme também deve ser creditado a mais uma ótima interpretação de Joaquin Phoenix, ator que não tem medo de se arriscar em papéis que fogem do lugar comum. 

O resultado é um filme diferente, com um ritmo que chega a ser lento em alguns momentos e uma história que agradará ao espectador que curte experiências cinematográficas diferentes.  

sábado, 16 de agosto de 2014

Robocop (1987, 1990, 1993 & 2014)


Robocop (Robocop – O Policial do Futuro, EUA, 1987) – Nota 8
Direção – Paul Verhoeven
Elenco – Peter Weller, Nancy Allen, Dan O’Herlihy, Ronny Cox, Kurtwood Smith, Miguel Ferrer, Robert DoQui, Ray Wise, Paul McCrane, Jesse D. Goins, Del Zamora.

Em Detroit, num futuro próximo,  a megacorporação OCP falha ao testar um robô policial que seria a solução para diminuir a criminalidade na cidade. Para não perder um contrato milionário, a OCP decide criar um policial meio homem, meio robô. Para isso é necessário conseguir um “voluntário”, que surge quando o policial Murphy (Peter Weller) é baleado por uma gangue de traficantes e considerado morto. O policial é utilizado como cobaia e transformado em “Robocop”, que se torna o grande sucesso da empresa. O que eles não imaginavam é que alguns fatos fizessem com que a consciência humana de Murphy fosse reativada e suas memórias viessem à tona, fazendo com que o sujeito decida resolver seus problemas por vontade própria. 

Além das ótimas e violentas cenas de ação, especialidade de Verhoeven, o que ajudou no sucesso do longa foi o interessante roteiro que critica a ganância das corporações, a mídia, a corrupção e até o uso da ciência para fins de enriquecimento. 

Mesmo longe de ser um grande ator, o rosto duro de Peter Weller é perfeito para o policial robô, assim como estão competentes os vilões, com Ronny Cox como um dos cabeças da OCP, o puxa-saco sarcástico de Miguel Ferrer e o violento líder da gangue feito por Kurtwood Smith. 

Algumas cenas são clássicas, como o “fuzilamento” do policial Murphy e a sequência do bandido que derrete no ácido. 

Clássico absoluto dos anos oitenta.   

Robocop 2 (Robocop 2, EUA, 1990) – Nota 6,5
Direção – Irvin Kershner
Elenco – Peter Weller, Nancy Allen, Daniel O'Herlihy, Belinda Bauer, Tom Noonan, John Glover, Roger Aaron Brown, Gabriel Damon, Mark Rolston.

Um ano após os acontecimentos do filme original, a cidade de Detroit está ainda mais violenta, principalmente pela chegada de uma droga chamada Nuke, que vicia rapidamente deixando os usuários alucinados e violentos. 

Robocop tenta combater as várias gangues que traficam o produto, que é distribuído por um maluco chamado Cain (Tom Noonan). Em paralelo, a corporação que criou Robocop está prestes a falir. A chance de salvar a empresa surge através de uma cientista (Belinda Bauer), que tem o projeto de criar um novo Robocop, ainda mais forte e violento que o original. 

O sucesso do filme de Verhoeven gerou esta inevitável sequência que apresenta uma trama fraca que serve apenas como escada para as cenas de ação. Toda a critica embutida no roteiro do primeiro filme inexiste aqui, o que vemos são violentas sequências de ação e diálogos engraçadinhos que resultam num filme pipoca sem conteúdo, daqueles que divertem sem se exigir muito. 

Como curiosidade, o roteiro foi escrito por Frank Miller, o homem do cult “Sin City”. E como informação, este foi o último longa do diretor israelense Irwin Kershner, que deixou como grande trabalho da carreira o melhor filme da série “Star Wars”, o clássico “O Império Contra Ataca”.  

Robocop 3 (Robocop 3, EUA, 1993) – Nota 4
Direção – Fred Dekker
Elenco – Robert John Burke, Nancy Allen, CCH Pounder, Rip Torn, Mako, John Castle.

Para evitar a falência, a corporação OCP é vendida para um grupo japonês liderado por Kanemitsu (Mako), que tem como principal objetivo levar adiante o projeto de transformar a decadente Detroit na futurista Delta City. Para isso, a OCP cria uma espécie de grupo paramilitar liderado por um sádico (John Castle), que tem a missão de expulsar os moradores de algumas áreas, que por seu lado tentam defender suas casas. No meio da disputa surge Robocop (Robert John Burke), que se une aos moradores para enfrentar a corporação. Percebendo o problema em que se meteu, Kanemitsu envia um robô policial made in Japão para enfrentar Robocop. 

O roteiro absurdo foi novamente escrito por Frank Miller, agora em parceria com o diretor Fred Dekker, que por seu lado tinha no currículo o terror cult “A Noite dos Arrepios” e o péssimo “Deu a Louca nos Monstros”. A dupla conseguiu enterrar a carreira do personagem no cinema, pelo menos até 2014. Algumas decisões malucas deixaram o filme ainda pior, como trocar a mão do Robocop por uma metralhadora e até fazer o personagem voar. 

O ator Peter Weller desistiu de voltar ao papel alegando que estava com problemas na coluna e que não poderia usar a armadura do personagem. Sendo verdade ou não, ele se livrou de uma grande bomba, que caiu no colo de Robert John Burke, ator que não se firmou como protagonista, fazendo carreira como coadjuvante em seriados de tv.

Robocop (Robocop, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – José Padilha
Elenco – Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie Cornish, Jackie Earle Haley, Michael K. Williams, Jennifer Ehle, Jay Baruchel, Marianne Jean Baptiste, Samuel L. Jackson, Aimee Garcia.

José Padilha merece os elogios pela coragem de estrear em Hollywood aceitando comandar a refilmagem de um longa que é um verdadeiro ícone pop. O “Robocop” do holandês Paul Verhoeven foi um dos filmes de ação e ficção mais importantes da década de oitenta, o que num mundo perfeito não seria necessário um remake. O resultado desta nova versão fica no meio do caminho, longe de ser ruim, mas também inferior ao original. 

As mudanças não trama são normais, algumas interessantes como a importância do canastrão âncora de tv interpretado por Samuel L. Jackson, enquanto outras escolhas são ruins, como a previsível sequência final. Os problemas surgem também em alguns personagens que não convencem, como o vilão de Michael Keaton e o executivo engraçadinho de Jay Baruchel, este totalmente deslocado no meio da trama. 

Além de Samuel L. Jackson, o destaque fica por conta do cientista interpretado por Gary Oldman, além das cenas de ação e dos ótimos efeitos especiais. O protagonista Joel Kinnaman deixa a impressão de ser um ator sem carisma, ainda mais fraco que Peter Weller, protagonista do original. Weller pelo menos tinha uma voz marcante e um rosto duro, quase como um vilão. 

Para quem gosta do original, este remake diverte mas deixa um sabor de repeteco.  

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Na Corda Bamba

Na Corda Bamba (Sling Blade, EUA, 1996) – Nota 8
Direção – Billy Bob Thornton
Elenco – Billy Bob Thornton, Lucas Black, Dwight Yoakam, J. T. Walsh, John Ritter, Natalie Canerday, James Hampton, Robert Duvall, Brent Briscoe.

Karl Childers (Billy Bob Thornton) é um sujeito com deficiência mental que quando criança assassinou a mãe e o amante desta enquanto eles transavam. Como consequência, Karl foi internado em um sanatório, local de onde é libertado após muitos anos. Ele volta para a pequena cidade onde nasceu e consegue emprego em uma oficina mecânica. 

Tentando se readaptar a sociedade, Karl faz amizade com um garoto, o solitário Frank (Lucas Black), que sofre com os maus tratos do padrasto (Dwight Yoakam). A mãe do garoto (Natalie Carneday) a princípio não aceita a amizade do filho com Karl, porém aos poucos ela percebe que os dois estão criando um forte laço de amizade, fato que desagrada ainda mais o violento padrasto. 

Antes deste filme, Billy Bob Thorton era quase um desconhecido relegado a pequenos papéis. O sucesso deste “Na Corda Bamba” alavancou o carreira do ator, que tinha apostado tudo neste trabalho. Thornton escreveu o roteiro, dirigiu e protagonizou este drama que merecidamente lhe rendeu a indicação ao Oscar de Melhor Ator e estátua de Melhor Roteiro Adaptado. 

Além do roteiro e da atuação do protagonista, vale destacar o cantor country Dwight Yoakam como o cruel padrasto e principalmente a espontaneidade do garoto Lucas Black, dono de um carregado sotaque sulista. O trabalho de Black no posterior “Loucos do Alabama” comprovava o potencial do garoto, porém a difícil transição para a carreira adulta não o confirmou como astro. Seu papel mais conhecido como adulto foi em “Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio”, personagem que ele retornará no próximo ano no sétimo filme da franquia.   

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O Barato de Grace

O Barato de Grace (Saving Grace, Inglaterra, 2000) – Nota 7
Direção – Nigel Cole
Elenco – Brenda Blethyn, Craig Ferguson, Martin Clunes, Tcheky Karyo, Leslie Phillips, Jamie Foreman.

Numa cidade do interior da Inglaterra, Grace (Brenda Blethyn) sofre com o suicídio do marido e descobre que além da tragédia, o sujeito deixou também diversas dívidas, inclusive uma que pode fazer com que ela perca a casa. 

Sem saber como sair do buraco, Grace recebe uma inusitada proposta de seu empregado Matthew (Craig Ferguson), que a auxilia no trabalho de jardinagem. A proposta seria utilizar o talento de Grace no cultivo de Cannabis Sativa, a popular maconha. 

A princípio Grace se assusta com a sugestão, porém a falta de perspectivas em conseguir dinheiro de outra forma faz com que a respeitável senhora decida aceitar a proposta de Matthew. O cultivo se torna um sucesso, até que os problemas começam quando a dupla de inexperientes negociantes precisa vender o produto, fato que resulta nas situações mais engraçados da trama. 

O relativo sucesso do longa se deve principalmente a química e a simpatia da dupla principal, que ajuda a transformar uma trama que poderia descambar para o clichê dos filmes de maconheiros, para uma comédia leve com o tipico humor inglês. 

A atriz Blenda Blethyn era conhecida por papéis em filmes de destaque como “Segredos e Mentiras” e “Laura: A Voz de uma Estrela”, enquanto o escocês Craig Ferguson, que também assina o roteiro aqui, era famoso por seu trabalho em comédias na tv inglesa e na época tinha um engraçado papel de coadjuvante na sitcom “The Drew Carey Show”. 

Mesmo com uma ambientação bem diferente, com certeza o criador do seriado “Weeds” usou a mesma premissa como inspiração.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

007 Contra GoldenEye

007 Contra GoldenEye (GoldenEye, EUA / Inglaterra, 1995) – Nota 7,5
Direção – Martin Campbell
Elenco – Pierce Brosnan, Sean Bean, Izabella Scorupco, Famke Janssen, Joe Don Baker, Judy Dench, Tcheky Karyo, Desmond Llewellyn, Robbie Coltrane, Gottfried John, Alan Cumming, Samantha Bond.

Em 1986, os agentes James Bond (Pierce Brosnan) e Alex Trevelyan (Sean Bean) são enviados para a União Soviética com o objetivo de destruírem uma fábrica de armas químicas. A dupla consegue explodir o local, porém Alex acaba morto pelo oficial Ourumov (Gottfried John). 

Nove anos depois, Bond está em Monte Carlo investigando um grupo criminoso conhecido como Janus, quando novamente cruza com Ourumov, que tem ajuda da bela mercenária Xenia Onatopp (Famke Janssen). A dupla de bandidos consegue fugir junto com um programador (Alan Cumming) após roubarem os segredos de um satélite chamado GoldenEye, equipamento que pode destruir a economia inglesa apagando os dados das transações bancárias através de um pulso magnético. A aventura de Bond para deter os bandidos passará ainda pela Rússia e por Cuba. 

Depois de seis anos longe das telas, James Bond retornou com Pierce Brosnan estreando de forma competente neste bom longa de ação, que deu um novo gás a série. Misturando personagens antigos como o agente americano interpretado por Joe Don Baker e o veterano Q vivido por Desmond Llewellyn, as novidades ficaram por conta de Judi Dunch com M e de Samantha Bond como a secretária Moneypenny. Os artefatos criados por Q continuam sendo um dos destaques, assim como as belas Bond Girls, aqui com Izabella Scorupco e Famke Janssen. 

Brosnan voltaria ao papel de Bond em mais três filmes, até ser substituído por Daniel Craig.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Bom Dia Vietnã

Bom Dia Vietnã (Good Morning, Vietnam, EUA, 1987) – Nota 8
Direção – Barry Levinson
Elenco – Robin Williams, Forest Whitaker, Robert Wuhl, Bruno Kirby, J. T. Walsh, Noble Willingham, Richard Edson, Richar Portnow.

A morte trágica de Robin Williams é ainda mais chocante por ser um possível suicídio. É triste pensar que um sujeito que dedicou toda sua carreira para fazer o público sorrir, termine sua vida desta forma. Como homenagem, cito seu papel mais popular da carreira, o do radialista Adrian Cronauer de “Bom Dia Vietnã”. 

O filme é baseado na história real de Cronauer, que em 1965 é enviado ao Vietnã para ser locutor da rádio oficial do exército e que diferente dos colegas extremamente sérios, ele vira a rádio de ponta cabeça tocando rock e black music, fato que o transforma em celebridade com os soldados e que desperta a ira dos superiores. 

É um filme com uma trama simples e sensível, onde o destaque é a grande interpretação de Robin Williams, que teve aqui sua primeira indicação ao Oscar. Williams concorreria ainda por “Sociedade dos Poetas Mortos” e “O Pescador de Ilusões”, mas venceria apenas o de Coadjuvante por “Gênio Indomável”.     

sábado, 9 de agosto de 2014

Mediterrâneo

Mediterrâneo (Mediterraneo, Itália, 1991) – Nota 8
Direção – Gabriele Salvatores
Elenco – Diego Abatantuono, Claudio Bigagli, Giuseppe Cederna, Claudio Bisio, Vanna Barba.

Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de soldados italianos é enviando para uma isolada ilha grega no Mar Egeu com o objetivo de defender o local dos inimigos. O tenente Montini (Claudio Bigagli), que também narra a história, logo comenta que a importância da localização da ilha na guerra é igual a zero. 

Assim que desembarcam na ilha, eles não encontram pessoa alguma, como se o local fosse deserto. Logo, um acidente causado por um atrapalhado soldado destrói o rádio, o único meio de comunicação com o resto do mundo. Para piorar, o navio que estava atracado a poucos metros da praia é atacado por inimigos e afunda, deixando o grupo de soldados isolados na ilha. 

O fato faz com que os gregos moradores do local resolvam aparecer para conversar. Eles abandonaram suas casas e estavam escondidos nas montanhas, até perceberem que os soldados são jovens inofensivos. A interação entre soldados e moradores faz todos esquecerem a guerra. O tenente aos poucos deixa seus deveres de lado para ajudar na pintura da igreja da vila, passando o comando para Nicola Lorusso (Diego Abatantuomo), enquanto o soldado Farina (Giuseppe Cederna) se apaixona por uma prostituta (a bela Vanna Barba). 

Esta simpática comédia que venceu o Oscar de Filme Estrangeiro tem como ponto principal fazer uma crítica à guerra como extremo bom humor e simplicidade. Os soldados retratados aqui são jovens que foram jogados para dentro da guerra e que o destino quis que tivessem uma chance de viver algo diferente longe das batalhas. Esta convivência com as pessoas humildes da ilha desperta o verdadeiro caráter de cada um, com a guerra se tornando algo distante. 

O roteiro também cria um final onde cada personagem pode decidir seu destino, seguir a vida naquele paraíso simples, ou voltar para a Itália e ajudar na reconstrução do país após a guerra. 

Como informação, o diretor Gabrielle Salvatores e o ator Diego Abatantuono trabalharam juntos em seis filmes, inclusive no trabalho mais comercial do diretor, a ficção “Nirvana” protagonizada por Christopher Lambert.  

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

The Real Football Factories International

The Real Football Factories International (The Real Football Factories International, Inglaterra, 2007) – Nota 8,5
Documentário apresentado por Danny Dyer

Em 2004, o ator inglês Danny Dyer protagonizou o longa “Violência Máxima” (“The Football Factory”) que mostrava o violento mundo dos hooligans ingleses. O sucesso do filme gerou este documentário em que o ator viajou por dez países para registrar a ação e o depoimento de torcidas organizadas. A proposta do doc fez ainda com que o ator assistisse pelo menos uma partida em cada país, geralmente um clássico entre times rivais, para captar a emoção e o estilo de torcer em cada parte do mundo. 

Mesmo com grande diferença de culturas entre os países, todas as torcidas organizadas são muito parecidas. São formadas por jovens de classe baixa, desejam se impor frente aos rivais na base da violência e gostam muito mais do seu próprio grupo do que do time que torcem. Para estes grupos o resultado das partidas é o que menos importa.

Vou resumir os detalhes de cada episódio, citando os pontos principais.

Inglaterra – Pode ser considerado o berço dos hooligans, que nos anos setenta e oitenta apavoravam os estádios ingleses e causavam conflitos gigantescos. Estes grupos conhecidos como “firmas” eram formados por trabalhadores que sofriam com a recessão das décadas citadas e utilizavam o futebol no final de semana para extravasar as frustrações na base da porrada. Após as tragédias de Heysel (leia resenha) na Bélgica e de Hillsborough, as autoridades inglesas apertaram o cerco, mudaram as leis e muitos hooligans acabaram banidos dos estádios ou na cadeia. Hoje a violência ainda ocorre nas ruas, mas dentro do estádio ela foi erradicada. Dyer mostra as violentas rivalidades entre West Ham e Milwall, entre os times de Manchester e até a violência das pequenas torcidas de Burnley e Bolton.

Polônia – Na Cracovia, Dyer foca o clássico entre Wisla e Cracovia que divide a cidade. Os clubes tem estádios próximos a conjuntos habitacionais e os grupos marcam antecipadamente os locais para brigar. As brigas utilizando facas são comuns entres as torcidas. O governo tenta mudar a situação aumentando os valores dos ingressos com o objetivo de elitizar o público nos estádios, porém o a Polônia é um país pobre e falta público que tenha poder aquisitivo para comprar ingressos caros.

Russia – A rivalidade entre Zenit e Spartak Moscou é resolvida na porrada, porém os dois lados falam em honra e briga com as mãos, sem armas. A situação lembra um pouco a Inglaterra, onde os estádios estão bem policiados, porém nas ruas a situação continua complicada.

Balcãs – Um dos locais mais explosivos do planeta, que ainda sofre as consequências da guerra dos anos noventa, tem torcidas organizadas extremamente violentas, que se odeiam dentro do país, como os croatas do Split e do Dinamo Zagreb e os sérvios do Estrela Vermelha e do Partizan. Este ódio se multiplica entre os países, cada torcida sonha poder enfrentar um time do país vizinho para se possível até matar o inimigo. Vale tudo nas brigas entre estas torcidas, que inclusive tiveram papel importante durante a guerra nos anos noventa atuando como milícias.

Turquia – Brigas nas ruas, utilização de facas e ódio contra os times ingleses são os aperitivos das torcidas turcas, o diferencial está na atmosfera maluca dentro do estádio, com os torcedores apoiando seu time do início ao fim. Pelo menos mostram interesse em ajudar o time a vencer.

Holanda – Dyer mostra a acirrada briga entre as cidades de Amsterdã e Roterdã, que são representadas por Ajax e Feyernoord. A ação preventiva da polícia ajuda a diminuir os conflitos, mas como em outros países, o perigo está nas ruas. Uma curiosidade é a torcida do Utrecht que tem a sede dentro do estádio do clube, sendo tratada quase como parceira.

Escócia – O país tem uma das maiores rivalidades do mundo entre os católicos do Celtic e o protestantes do Rangers. São os dois maiores times do país e que não tem rivais dentro do campo. Dyer mostra ainda as “firmas” de Motherwell, Hibernian e Aberdeen, estes últimos famosos por desde os anos oitenta utilizarem roupas de marcas para brigar, diferente dos demais hooligans que na época se vestiam no estilo punk.

Itália – Dyer visita a torcida Drughis da Juventus de Turim, time odiado em todo o país e que por seu lado odeiam os ingleses por causa da tragédia de Heysel. O doc enfoca também a rivalidade entre Roma e Lazio, os dois times da capital italiana e a violência que ronda este clássico. É mostrado também a questão do racismo e preconceito, pois a torcida da Lazio é conhecida por ligações com grupos fascistas de extrema direita.

Argentina – É com certeza o país em que as torcidas organizadas tem maior poder. Infliltradas nas diretorias dos clubes e com ramificações com políticos, as chamadas ”Barra Bravas” são um poder paralelo na argentina. Os violentos confrontos dentro dos estádios são comuns. Dyer assiste a um partida entre Independiente e Racing que é suspensa por causa de briga na arquibancada. Ele entrevista também o líder da temida torcida do Boca Juniors chamada “La Doce”, considerada uma das mais violentas do mundo.

Brasil – Em nosso pais, Dyer assista a um Gre-Nal e conversa com as torcidas dos dois clubes. Ele visita ainda as torcidas de Vasco e Flamengo no Rio e Palmeiras e Corinthians em São Paulo. Ele e sua equipe aceitam viajar de ônibus com a torcida do Palmeiras para assistir a um jogo no Rio de Janeiro e na volta o ônibus é atingido por tiros. Aqui também vivemos uma tentativa de elitização do estádios, praticamente inexistindo violência dentro deles, porém com os confrontos ocorrendo nas periferias, no terminais de ônibus e estações de metrô e trem.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A Profecia (1976, 1978 & 2006)

 

A Profecia (The Omen, EUA / Inglaterra, 1976) – Nota 8
Direção - Richard Donner
Elenco - Gregory Peck, Lee Remick, David Warner, Billie Whitelaw, Harvey Stephens, Patrick Troughton, Leo McKern.

Robert Thorn (Gregory Peck) é o embaixador americano em Londres, que sofre quando sua esposa (Lee Remick) dá a luz a uma criança morta. Thorn recebe uma proposta de um padre que está no hospital e que deseja trocar a criança morta pelo filho de uma mulher que faleceu durante o parto. Thorn aceita a proposta, mas não conta a verdade para esposa. 

Quando a criança chega ao seis anos (Harvey Stephens), acidentes e estranhas mortes começam a ocorrer com pessoas que convivem com a família, sem contar que o garoto não demonstra sentimento algum, sempre como uma expressão de vazio. Um fotógrafo (David Warner) intrigado com as mortes descobre que a criança pode ser o anticristo, fato que Thorn reluta em acreditar e posteriormente se vê com uma terrível decisão a tomar. 

O hoje aposentado diretor Richard Donner tinha uma sólida carreira na tv comandando episódios de seriados até o lançamento deste ótimo supense/terror que se transformou em sucesso mundial e abriu caminho para que ele dirigisse “Superman – O Filme” dois anos depois. 

Este “A Profecia” utiliza algumas ideias do clássico “O Exorcista”, sobre a presença do demônio no corpo de uma criança e do esquecido “A Inocente Face do Terror”, produzido nos anos sessenta e que colocava dois garotos gêmeos em conflito, sendo uma criança normal e o outra um pequeno psicopata. 

Aqui o clima de tensão é crescente, as cenas de mortes extremamente violentas e o final trágico.  

Damien: A Profecia II (Damien: Omen II, EUA, 1978) – Nota 6,5
Direção – Don Taylor
Elenco – William Holden, Lee Grant, Robert Foxworth, Jonathan Scott Taylor, Lew Ayres, Nicholas Pryor, Lance Henriksen, Sylvia Sidney, Lucas Donat.

Sete após os acontecimentos do primeiro filme, o garoto Damien (Jonathan Scott Taylor) agora é um adolescente que vive com os tios (William Holden e Lee Grant) e com o primo (Lucas Donat). Como as mortes voltam a ocorrer ao redor do garoto, algumas pessoas passam a desconfiar novamente de Damien, entre eles dois funcionários das empresas do seu tio (Robert Foxworth e Nicholas Pryor) e o sargento (Lance Henriksen) da escola militar onde estuda, todos se transformando em possíveis alvos. Quando o próprio tio começa a acreditar que existe algo de errado com o garoto, fica claro que novamente a história acabará em tragédia. 

O sucesso do original gerou esta inevitável sequência que perde em qualidade muito pela saída de Richard Donner do comando, que abandonou o projeto para dirigir “Superman – O Filme”. Seu substituto Don Taylor era basicamente um diretor de filmes para tv sem grande talento, constando ainda que parte deste longa tenha sido dirigido por Mike Hodges, outro diretor fraco, que tem no currículo o péssimo “Flash Gordon”. Mesmo com falhas e um roteiro requentado muito parecido com o original, o diferencial aqui está na maior quantidade de mortes, ou seja, se perdeu no suspense e ganhou na violência. 

A curiosidade principal é que o veterano astro William Holden havia sido convidado para o papel que fora de Gregory Peck no original, mas declinou supostamente porque não queria trabalhar em um filme sobre o demônio, mas por outro lado e talvez pelo dinheiro oferecido e o provável sucesso, tenha aceitado protagonizar esta sequência. 

Como informação, o sucesso gerou ainda uma parte III com o então desconhecido Sam Neill como Damien adulto, uma tardia parte IV em 1991 com uma garota como a filha do demônio, além de uma versão rasteira para a tv em 1995. Na sequência comento o interessante remake produzido em 2006 que utilizou como gancho a data do lançamento nos cinemas que ocorreu em 06/06/06.    

A Profecia (The Omen, EUA, 2006) – Nota 7
Direção – John Moore
Elenco – Liev Schreiber, Julia Stiles, David Thewlis, Seamus Davei Fitzpatrick, Pete Postlethwaite, Mia Farrow, Michael Gambon.

Depois de refilmar sem grande sucesso “O Vôo da Fênix”, o diretor John Moore investiu em novo remake e praticamente copiou o clássico “A Profecia” de Richard Donner. 

A história começa com Katherine (Julia Stiles), esposa do diplomata Robert Thorn (Liev Schreiber), perdendo um bebê durante o parto na Itália. No mesmo dia, um padre oferece ao diplomata a chance de trocar o bebê morto por outra criança que perdeu a mãe. Ele aceita a sinistra proposta e decide não revelar a verdade para esposa. A partir deste momento, fatos estranhos e coincidências ajudarão seu crescimento na carreira. Alguns anos depois, o filho (Seamus Davei Patrick) se mostra uma criança diferente, com um olhar frio. Para a situação ficar ainda mais esquisita, mortes começam a ocorrer com pessoas próximas da família, desencadeando suspeitas e terror. 

O filme é competente, mas perde em dois aspectos na comparação com o original. Primeiro por praticamente não trazer novidade alguma em relação a trama e a segunda que mais compromete o resultado, é a fraca atuação do garoto Seamus Davei Patrick. 

Como pontos positivos, se destacam as atuações de David Thewlis como um fotógrafo e o ótimo e hoje falecido Pete Postlethwaite como um padre arrependido. 

Para quem gosta do estilo e ainda não assistiu, é melhor conferir primeiro o assustador longa original de Richard Donner.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A Sombra do Vampiro

A Sombra do Vampiro (Shadow of the Vampire, Inglaterra / EUA / Luxemburgo, 2000) – Nota 7,5
Direção – E. Elias Merhige
Elenco – John Malkovich, Willem Dafoe, Cary Elwes, Eddie Izzard, Udo Kier, Catherine McCormack, Ronan Vibert

Em 1922, o diretor alemão F. W. Murnau (John Malkovich) pretendia adaptar para o cinema a obra “Drácula” de Bram Stoker, porém como não conseguiu os direitos autorais, decidiu mudar o nome do filme para “Nosferatu”, além de alterar outros detalhes. 

Obcecado em fazer um filme assustador, Murnau contrata o desconhecido ator Max Schreck (Willem Dafoe) para o papel principal, escondendo do restante do elenco e da equipe de filmagens, que o sujeito é um vampiro de verdade. Murnau faz um acordo com Schreck para que ele se controle até o final da filmagens, prometendo uma espécie de “prêmio” ao vampiro, porém cada vez vê sangue, o ator se mostra perigoso, assustando os que estão a sua volta. 

Esta simpática comédia de humor negro é praticamente uma homenagem ao clássico alemão de 1922 e ao mesmo tempo se alimenta da lenda sobre o ator Max Schreck, que seria um vampiro, pois aparecia no set somente a noite e sempre caracterizado no personagem. 

Aqui os destaques ficam para a dupla principal, com Willem Dafoe criando um sujeito estranho, quase repugnante, enquanto John Malkovich faz o diretor canalha que deseja finalizar sua obra a qualquer custo. 

É um filme para os fãs de cinema antigo se divertirem com as referências ao clássico “Nosferatu”. 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

As Bruxas de Eastwick

As Bruxas de Eastwick (The Witches of Eastwick, EUA, 1987) – Nota 7,5
Direção – George Miller
Elenco – Jack Nicholson, Cher, Susan Sarandon, Michelle Pfeiffer, Veronica Cartwright, Richard Jenkins, Carel Struycken.

Numa pequena cidade costeira da Nova Inglaterra, três amigas solitárias, a escultora Alexandra (Cher), a violoncelista Jane (Susan Sarandon) e a tímida escritora Sukie (Michelle Pfeiffer), se encontram semanalmente para conversar, principalmente sobre homens, ou melhor, a falta deles no local onde vivem. 

Num destes encontros, elas decidem listar o que cada uma procura em um homem, porém não imaginam que juntas elas tem um misterioso poder, que faz com que pouco tempo depois apareça na cidade o excêntrico Daryl Van Horne (Jack Nicholson). 

O sujeito compra uma mansão nos arredores da cidade e com seu jeito direto, bruto e até cafajeste, consegue conquistar as três amigas as transformando em suas amantes, até que um estranho acontecimento com outro moradora da cidade (Veronica Cartwright), desperta uma fúria vingadora nas amigas. 

Baseado num livro de John Updike, este longa fez sucesso na época em virtude de alguns fatores como os ótimos efeitos especiais que chegaram a concorrer os Oscar, o clima sensual reforçado pelas três belas atrizes e a atuação de Jack Nicholson, que cria um divertido e perigoso canalha sedutor. 

Vale destacar também o roteiro que brinca com os desejos femininos e apresenta três personagens com características diferentes, porém todas frustradas sexualmente e à procura de um homem para conquistá-las. 

Como curiosidade, este foi o primeiro trabalho do diretor australiano George Miller após a trilogia “Mad Max”, sem contar o episódio que comandou em “No Limite da Realidade”.  Miller faria ainda o drama “O Óleo de Lorenzo” antes de se dedicar as produções infantis como “Babe – O Porquinho Atrapalhado” e “Happy Feet”, o que eu considero pouco para um diretor que tinha potencial para fazer uma carreira mais sólida. A esperança de pelo menos mais um bom trabalho do diretor está na nova versão de “Mad Max” quer será lançada no próximo ano. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

R.I.P.D - Agentes do Além

R.I.P.D. – Agentes do Além (R.I.P.D, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Robert Schwentke
Elenco – Jeff Bridges, Ryan Reynolds, Kevin Bacon, Mary Louise Parker, Stephane Szostak, James Hong, Marisa Miller, Robert Knepper, Mike O’Malley, Devin Ratray, Larry Joe Campbell.

Durante uma operação policial para prender uma gangue de traficantes, o detetive Nick (Ryan Reynolds) é assassinado pelo próprio parceiro, Hayes (Kevin Bacon). Dias antes, os dois haviam apreendido barras de ouro de outro traficante e ao invés de entregá-las como prova na delegacia, decidiram ficar com produto, porém Nick se arrependeu e por isso se tornou alvo do parceiro. 

Após morrer, Nick chega numa espécie de limbo, onde uma mulher (Mary Louise Parker) faz uma proposta. Se ele aceitar se tornar um policial do além, terá de trabalhar para capturar bandidos que foram mortos, mas que continuam foragidos na Terra, ou se preferir, terá de enfrentar o julgamento final e provavelmente ser condenado por ter sido um policial corrupto. Nick aceita o emprego do além e ganha como parceiro o cowboy Roy (Jeff Bridges), sujeito que viveu em 1800 e hoje caça bandidos mortos como se estivesse na época do oeste selvagem. 

A premissa é até original e algumas ideias são bem legais, como fazer os policiais mortos retornarem ao mundo dos vivos com corpos diferentes e assim não serem reconhecidos pelas pessoas que conviveram com eles. As cenas de ação e os efeitos especiais também são competentes, o que faz o filme perder força é o roteiro previsível que utiliza clichês das tramas policiais para chegar até o climax mais do que esperado. 

O destaque do elenco é Jeff Bridges se divertindo ao fazer uma sotaque sulista exagerado, enquanto Ryan Reynolds como o herói engraçadinho e Kevin Bacon como o vilão, repetem papéis que interpretaram diversas vezes no cinema. 

O resultado é uma diversão sem compromisso, o típico filme pipoca para ser esquecido rapidamente.  

sábado, 2 de agosto de 2014

Cidade do Medo

Cidade do Medo (Fear City, EUA, 1984) – Nota 7,5
Direção – Abel Ferrara
Elenco – Tom Berenger, Melanie Griffith, Billy Dee Williams, Rossano Brazzi, Jack Scalia, Rae Dawn Chong, Michael Gazzo, Joe Santos, Maria Conchita Alonso.

Em Nova York, strippers estão sendo assassinadas por um psicopata. Os crimes são investigados pelo detetive Al Wheeler (Billy Dee Williams), que pressiona Matt (Tom Berenger) e Nicky (Jack Scalia), que são sócios em uma boate onde trabalhava uma vítima do assassino. Um dos fatos que irrita o investigador é a ligação de Nicky com a Máfia, além do passado de Matt, que é um ex-boxeador marcado por ter matado um oponente durante uma luta e por este motivo ter sido proibido de praticar o esporte. A pressão do policial e o fato de suas strippers serem alvos do assassino, levam Matt a investigar por conta própria, além de tentar se reconciliar com a stripper Loretta (Melanie Griffith) que trabalha em sua boate. 

Depois de filmes quase marginais como “O Assassino da Furadeira” e “Sedução e Vingança”, o diretor Abel Ferrara tentou se aproximar do grande público com este longa policial, mesmo sem deixar de mostrar o lado sujo da sociedade e a violência. Ferrara explora muito bem a noite na Manhattan dos anos oitenta, com os inferninhos cheios de luzes e neon, bem longe do glamour atual da cidade. 

Por estes citados e outros trabalhos posteriores como “Inimigos Pelo Destino” e “O Rei de Nova York”, Ferrara se tornou uma espécie de Scorsese marginal, que mesmo flertando com o cinema comercial, nunca deixou de lado seu estilo, se tornando um diretor cult. 

Este filme se destaca pelo clima e principalmente pelos personagens fortes, com destaque para uma jovem e extremamente sensual Melanie Griffith, que ficaria famosa no mesmo ano pelo papel em “Dublê de Corpo” de Brian DePalma. Tom Berenger tem um dos poucos papéis principais da carreira, trabalho que o ajudou a ser um dos protagonistas de “Platoon”, sucesso de público e crítica dois anos depois. Vale lembrar também que na época, o ator Billy Dee Williams era famoso por ter interpretado Lando Calrissian na série “Star Wars”. 

Finalizando, apesar dos problemas com as drogas e de alguns trabalhos irregulares, a carreira de Abel Ferrara merece uma visita.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Penetras Bons de Bico & Os Estagiários



Penetras Bons de Bico (Wedding Crashers, EUA, 2005) – Nota 7
Direção – David Dobkin
Elenco – Owen Wilson, Vince Vaughn, Christopher Walken, Rachel McAdams, Isla Fischer, Jane Seymour, Keir O’Donnell, Bradley Cooper, Ron Canada, Henry Gibson, Dwight Yoakam, Rebecca DeMornay, Will Ferrell.

John (Owen Wilson) e Jeremy (Vince) são dois amigos especialistas em invadir casamentos com o objetivo de levar garotas para a cama. Eles consideram que a emoção da cerimônia deixa as mulheres solitárias mais suscetíveis a serem conquistadas. 

Em uma de suas investidas, a dupla entra como penetra na festa de casamento de uma das filhas do Secretário do Tesouro do Governo (Christopher Walken). John se encanta pela bela Claire (Rachel McAdams), a quem ele descobre também ser filha do senador e noiva do ciumento Sack (Bradley Cooper). Enquanto isso, Jeremy se envolve com outra filha do Secretário, Gloria (Isla Fisher), que é a mais nova da família e que depois transar confessa que era virgem. Apaixonado por Claire, John aceita o convite de passar o final de semana na casa de campo da família do Secretário, praticamente obrigando Jeremy a acompanhá-lo, que por seu lado gostaria de fugir da espevitada Gloria. 

Produzida sem grandes pretensões, esta comédia surpreendeu e fez sucesso na época, muito por fugir um pouco do estilo politicamente correto, dando ênfase as piadas adultas sobre sexo e relacionamento. Outro ponto de destaque é a química da dupla Owen Wilson e Vince Vaughn, que faz rir através dos divertidos diálogos e que depois se tornam a própria piada quando se apaixonam. Vale destacar ainda Christopher Walken, como sempre interpretando um sujeito estranho e a pequena participação de Will Ferrell com o mestre das invasões de casamentos, este último impagável.

Os Estagiários (The Internship, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Shawn Levy
Elenco – Vince Vaughn, Owen Wilson, Rose Byrne, Aasif Mandvi, Max Minghella, Josh Brener, Dylan O’Brien, Tiya Sircar, Tobit Raphael, Josh Gad, Will Ferrell, John Goodman.

Billy (Vince Vaughn) e Nick (Owen Wilson) são dois vendedores que perdem o emprego quando o patrão (John Goodman) decide fechar a empresa e se aposentar. Na faixa dos quarenta anos de idade e sem experiência em outros empregos, a dupla vê suas vidas virarem de ponta cabeça. A namorada de Billy o abandona e Nick aceita trabalhar vendendo colchões na loja do insuportável cunhado (Will Ferrell). 

Ao pesquisar vagas de emprego pela internet, Billy tem uma ideia, se candidatar a estagiário para trabalhar no Google. Ele convence Nick a participar da seleção e por incrivel que pareça, a dupla consegue ser aprovada. Com conhecimento zero de tecnologia, a dupla é tratada com descaso por alguns garotos que também foram escolhidos para a estágio, situação que os obriga a se adaptar para competir num mundo totalmente novo. 

O roteiro escrito pelo ator Vince Vaughn apresenta uma premissa bem interessante, fazer rir através das diferenças culturais e de conhecimento entre as gerações dos anos oitenta e os jovens da atualidade. Por exemplo, as citações da música e da trama do clássico “Flashdance” feitas pelo personagem de Vaughn são semelhantes a pegadinha que os jovens nerds criam utilizando o personagem Professor Xavier de “X-Men”. São trinta anos de diferença entre os temas, mas o conteúdo é pura cultura pop. 

O roteiro ainda faz uma crítica rasa e de uma forma um pouco ingênua sobre a competitividade dos dias atuais, fato que leva muitos jovens colocar a carreira e o objetivo de “vencer na vida” em primeiro lugar. O problema surge na previsibilidade do roteiro, principalmente nas disputas entre os estagiários que parecem gincanas, inclusive uma vergonhosa sequência de quadribol. 

A fórmula desgastada de criar um laço de amizade entre alguns personagens, depois ocorrer uma crise, para em seguida inserir uma reviravolta final e colocar tudo no lugar correto também não ajuda. 

Não se pode deixar de citar que o longa é uma verdadeira propaganda mundial do Google.