quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Meu Nome é Joe & Tiranossauro


Meu Nome é Joe (My Names Is Joe, Inglaterra / Alemanha / França / Espanha, 1998) – Nota 7,5
Direção – Ken Loach
Elenco – Peter Mullan, Louise Goodall, Gary Lewis, David McKay, Lorraine McIntosh, David Hayman.

Final dos anos noventa, periferia de Glasgow, Escócia. Joe (Peter Mullan) é um alcoólatra que abandonou o vício há um ano e que tenta reerguer sua vida, inclusive ajudando os amigos. Ele comanda um time amador de futebol composto por desempregados e ex-viciados. Ele também tenta sobreviver com pequenos trabalhos e com o dinheiro do seguro desemprego. 

Joe se apaixona ao conhecer a assistente social Sarah (Louise Goodall), ao mesmo tempo em que precisa ajudar o sobrinho Liam (David McKay) e sua esposa drogada Maggie (Lorraine McIntosh), que devem dinheiro a um chefão da região (David Hayman). 

O diretor escocês Ken Loach é especialista em criar dramas sociais focando em personagens que vivem no lado pobre do Reino Unido. Sua visão crítica da sociedade britânica aqui se volta para um protagonista que tenta mudar de vida, mas que sofre por ter que enfrentar os problemas da região onde vive. 

O ótimo Peter Mullan encara com alegria em boa parte filme e com desespero em alguns outros o simpático Joe. O filme tem algumas semelhanças com o recente e ainda melhor “Eu, Daniel Blake”, que o mesmo Ken Loach dirigiu. São dois filmes que merecem ser vistos, assim como quase toda filmografia de Ken Loach.

Tiranossauro (Tyrannosaur, Inglaterra, 2011) – Nota 7,5
Direção – Paddy Considine
Elenco – Peter Mullan, Olivia Colman, Eddie Marsan, Ned Dennehy, Paul Popplewell.

Numa cidade do interior da Escócia, Joseph (Peter Mullan) é um viúvo beberrão e encrequeiro que parece ter ódio do mundo. Uma determinada situação faz com que ele entre na loja de Hannah (Olivia Colman), um mulher casada e católica que tenta entender o porquê da revolta do sujeito. Mesmo considerando Hannah irritante, Joseph volta a visitar a loja no dia seguinte, dando início a uma complicada relação de amizade. 

Este doloroso drama marcou a estreia na direção do ator inglês Paddy Considine (“A Luta Pela Esperança”, “Heróis da Ressaca”), que também escreveu o roteiro. O ponto principal da história é mostrar como cada pessoa enfrenta seus problemas a sua maneira. 

Enquanto o protagonista vivido por Peter Mullan olha para mundo como este tivesse uma dívida com ele, a personagem de Olivia Colman tenta esconder o sofrimento através da fé e da esperança. O relacionamento que nasce entre eles leva a mudanças dos dois lados. Além da atuação da dupla principal, vale destacar o sempre ótimo Eddie Marsan como o marido problemático. 

É um drama forte, apoiado em personagens marcantes.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Um Homem um Tanto Gentil

Um Homem um Tanto Gentil (En Ganske Snill Mann, Noruega, 2010) – Nota 7,5
Direção – Hans Petter Moland
Elenco – Stellan Skarsgard, Jorunn Kjellsby, Bjorn Floberg, Jannike Kruse, Gard B. Eidsvold, Bjorn Sundquist, Jan Gunnar Roise.

Após cumprir doze anos de prisão por ter assassinado um homem, Ulrik (Stellan Skarsgard) tenta retomar a vida em sua cidade natal no interior da Noruega. 

Ele tenta se reaproximar do filho (Jan Gunnar Roise), que praticamente não o conhece e com ajuda de um antigo amigo, o gângster local Jensen (Bjorn Floberg), consegue um local para dormir e um emprego de mecânico. Em troca, o amigo quer que Ulrik elimine o homem que ajudou a colocá-lo na cadeia. Ao se envolver com duas mulheres, Ulrik começa a demonstrar que não está interessado em vingança. 

O diretor norueguês Hans Petter Molland e o ator sueco Stellan Skarsgard trabalharam juntos em quatro filmes. No ótimo “O Cidadão do Ano”, em “Aberdeen” e “Zero Kelvin”. Aqui o foco da trama está nas atitudes do protagonista. O personagem de Skarsgard é ao mesmo tempo um sujeito comum com pouca instrução, que tenta demonstrar seu lado bom no que seria uma nova vida e também alguém que sabe usar a violência quando acha necessário, além de se aproveitar de pequenas situações em benefício próprio. 

A relação que se cria entre ele e a personagem de Jorunn Kjellsby é bizarra, assim com as cenas de sexo entre eles estão entre as mais estranhas da história do cinema. É basicamente um filme de humor negro que explora comédia, drama e pitadas de violência. 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Tumba Aberta

Tumba Aberta (Open Grave, EUA / Hungria, 2013) – Nota 7
Direção – Gonzalo Lopes Gallego
Elenco – Sharlto Copley, Thomas Kretschmann, Josie Ho, Erin Richards, Joseph Morgan, Max Wrottesley.

Um sujeito (Sharlto Copley) acorda dentro de uma enorme cova aberta em meio a dezenas de corpos. Ele não lembra o próprio nome e o porquê de estar naquele lugar. Alguém joga uma corda e ele consegue sair do buraco. 

No meio de uma floresta, ele tenta achar uma saída e chega até uma enorme casa. Ao entrar, encontra cinco pessoas que não também sabem porque estão ali. Armados e com muita desconfiança entre si, eles tentam descobrir como sair da floresta. 

A premissa é ótima e lembra o clássico independente “Cubo” misturado com a temática de filmes sobre o apocalipse. O roteiro explora um quebra-cabeças que vai sendo montado em flashbacks através de alucinações dos personagens. 

O clima de tragédia e as cenas de violência são competentes, mas por outro lado o filme perde pontos pelo desenvolvimento previsível da trama e pelas interpretações ruins. Com exceção do sul-africano Sharlto Copley (“Distrito 9”), o restante do elenco é fraco. 

O resultado é de mediano para bom, porém deixando claro que a premissa tinha potencial para um filme melhor. 

O final deixa um gancho, mas acredito que dificilmente uma sequência sairá do papel.

domingo, 28 de janeiro de 2018

American Ultra: Armados e Alucinados

American Ultra: Armados e Alucinados (American Ultra, EUA / Suiça, 2015) – Nota 6,5
Direção – Nima Nourizadeh
Elenco – Jesse Eisenberg, Kristin Stewart, Topher Grace, Connie Britton, Walton Goggins, John Leguizamo, Bill Pullman, Tony Hale, Michael Papajohn, Stuart Greer.

Em uma pequena cidade da Virginia, Mike (Jesse Eisenberg) trabalha como atendente de uma loja de conveniência e mora com sua namorada Phoebe (Kristin Stewart). 

Levando uma vida sem perspectivas, usando drogas para passar o tempo e sofrendo com crises de pânico, ninguém imagina que Mike seja fruto de uma experiência da CIA. Nem ele mesmo sabe, até que sua ex-chefe (Connie Britton) “ativa” suas habilidades e assassinos chegam na cidade para matá-lo. 

Esta divertida mistura de ação e comédia lembra muito o estilo de pancadaria dos anos oitenta. A trama que envolve uma conspiração do governo também é a cara dos anos oitenta. Infelizmente o filme tem altos e baixos. As cenas de ação são legais e explosivas, assim como é engraçado ver o “devagar” Jesse Eisenberg bancando o assassino sem remorso. No elenco, vale destacar também o assassino sorridente vivido por Walton Goggins. 

Outro ponto alto são os créditos finais em forma de animação baseada em quadrinhos criados pelo protagonista. Por outro lado, a história repleta de clichês e alguns personagens mal desenvolvidos atrapalham um pouco. Mesmo sendo uma comédia, não convence ver o eterno adolescente Topher Grace como vilão e nem Connie Britton como agente da CIA. 

O resultado é uma diversão rápida e esquecível.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Boneco de Neve

Boneco de Neve (The Snowman, Inglaterra / EUA / Suécia, 2017) – Nota 5,5
Direção – Tomas Alfredson
Elenco – Michael Fassbender, Rebecca Ferguson, Charlotte Gainsbourg, Jonas Kalrsson, Michael Yates, J. K. Simmons, Val Kilmer, David Dencik, Toby Jones, James D’Arcy, Adrian Dunbar, Chloe Sevigny.

Na sequência inicial, uma tragédia marca a vida de um garoto no interior da Noruega. Anos depois, o desaparecimento de uma mulher casada em Oslo dá início a uma investigação que fica por conta do detetive beberrão Harry Hole (Michael Fassbender). 

A chegada de uma nova detetive (Rebecca Ferguson) que carrega consigo os arquivos do desaparecimento de outras mulheres deixa a investigação ainda mais complicada. Para aumentar a bagunça, a trama insere flashbacks de uma investigação semelhante ocorrida há nove anos em uma outra cidade, liderada por outro detetive alcoólatra (Val Kilmer). 

Baseado em um famoso livro policial, este longa é o tipo de filme que engana. As belíssimas paisagens geladas e o clima de suspense encobrem uma história cheia de furos. É impossível amarrar todas as pontas e entender o porquê da atitude de vários personagens. A questão dos jogos olímpicos de inverno e o personagem de J. K. Simmons são inúteis em meio a história, assim como a forma que o assassino utiliza para escolher suas vítimas não convence. 

A triste nota fica para a aparência de Val Kilmer. O rosto deformado e os problemas na voz são consequências do doença que o atinge. 

Infelizmente é um filme que joga na lata de lixo todo o potencial da premissa.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Escondidos

Escondidos (Hidden, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Matt & Ross Duffer (The Duffer Brothers)
Elenco – Alexander Skarsgard, Andrea Riseborough, Emily Alyn Lind.

Ray (Alexander Skarsgard), sua esposa Claire (Andrea Riseborough) e a filha Zoe (Emily Alin Lind) estão escondidos em um antigo abrigo nuclear. O pai tenta agradar e acalmar a irritante filha pré-adolescente, que está entediada por estar a quase um ano no abrigo. 

Aos poucos, descobrimos que um vírus transformou as pessoas em assassinas. Com a comida acabando, a família começa a pensar se é possível sair do local e sobreviver. 

Escrito e dirigido pelos Duffer Brothers, responsáveis pela ótima série “Stranger Things”, este longa apresenta uma premissa comum aos filmes sobre apocalipse e tem até alguns momentos interessantes de suspense, porém peca pela escolha dos diretores em filmar quase toda a história na escuridão. 

Algumas sequências dentro abrigo são muito escuras, dificultando para o espectador analisar detalhes, assim como as cenas da parte final na superfície. Os poucos flashbacks que mostram o início da crise são bem interessantes, pena que os diretores preferiram dar ênfase maior ao abrigo. Por outro lado, a reviravolta final é um acerto. 

No geral, é um filme apenas mediano, que tinha potencial para ser bem melhor. 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Cavalo de Guerra

Cavalo de Guerra (War Horse, EUA / Índia, 2011) – Nota 8
Direção – Steven Spielberg
Elenco – Jeremy Irvine, Emily Watson, Peter Mullan, Niels Arestrup, David Thewlis, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch, Celine Buckens, Toby Kebbell, David Cross, Matt Milne, Robert Emms, Eddie Marsan.

Inglaterra, 1914. Pouco tempo antes do início da Primeira Guerra Mundial, o pequeno fazendeiro Ted Narracott (Peter Mullan) paga caro em um cavalo que aparentemente não está preparado para arar a terra. 

Prestes a perder suas terras, Ted e sua esposa Rose (Emily Watson) pensam em devolver o cavalo, porém o filho adolescente Albert (Jeremy Irvine) decide domar o animal, criando assim um laço de amizade. Quando a guerra começa, um novo fato faz com que o cavalo seja levado pelo exército, deixando Albert inconsolável. 

Por mais que o jovem vivido por Jeremy Irvine tenha uma importância enorme na trama, o verdadeiro protagonista é o cavalo batizado como Joey. Sua história é uma verdadeira saga durante a guerra. A forma como o cavalo cria laços com alguns personagens que passam pela tela é semelhante aos clássicos de guerra em que algum protagonista enfrenta todo o tipo sofrimento em busca da sobrevivência. 

É necessário deixar de lado algumas situações um pouco exageradas para entrar no clima da história criado pelo mestre Steven Spielberg. Mesmo com alguns trabalhos recentes apenas corretos, Spielberg ainda se mostra um craque em manipular a emoção do espectador. É difícil não se emocionar com algumas cenas e até com a sensível “atuação” do cavalo Joey. 

É uma aventura de ótima qualidade com cara de sessão da tarde.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Bright & Missão Alien


Bright (Bright, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – David Ayer
Elenco – Will Smith, Joel Edgerton, Noomi Rapace, Edgar Ramirez, Lucy Fry, Happy Anderson, Brad William Henke, Jay Hernandez, Enrique Murciano.

No futuro, os humanos dividem o planeta com os Elfos, que se tornaram a classe alta e com o Orcs, renegados que vivem nas periferias. Neste contexto, o policial David Ward (Will Smith) tem como parceiro Nick Jakoby (Joel Edgerton), o primeiro Orc a ser aceito na polícia. Uma tentativa de assassinato de um Orc contra David faz com que o ódio dos colegas de farda contra Nick aumente bastante, pois ele deixou o atirador escapar.

Para deixar a situação ainda mais difícil, a dupla de policiais atende um chamado e salva a Elfo Tikka (Lucy Fry), que carrega uma vara mágica. A cobiça pelo objeto faz com que David, Nick e Tikka se tornem alvo de gangues, da própria polícia, além de um dupla de agentes federais (Edgard Ramirez e Happy Anderson).

A interessante premissa lembra o esquecido “Missão Alien”, longa em James Caan e Mandy Patinkin eram parceiros policiais, sendo que o primeiro era humano e o segundo alienígena. O roteiro explora com competência a questão do preconceito entre grupos. Humanos, Elfos e Orcs se odeiam, ao mesmo tempo em que todos querem a tal da varinha mágica. As cenas de ação bem filmadas e o ritmo ágil resultam em um filme divertido, daqueles em que o tempo passa rapidamente. Por outro lado, o desenvolvimento da trama é um pouco confuso e com alguns furos, assim como a tentativa de inserir pitadas de comédia nos diálogos acaba não funcionando.

É um filme para assistir sem se preocupar com estas falhas e assim aproveitar a agradável diversão para quem gosta de ação e ficção.

Missão Alien (Alien Nation, EUA, 1988) – Nota 7
Direção – Graham Baker
Elenco – James Caan, Mandy Patinkin, Terence Stamp, Kevin Major Howard, Peter Jason, Jeff Kober, Leslie Bevis, Conrad Dunn, Roger Aaron Brown, Brian Thompson.

Um nave com trezentos mil alienígenas chega à Terra fugindo de uma guerra no seu planeta de origem. O governo recebe os visitantes e tenta criar formas de integrá-los a sociedade. Após algum tempo, os alienígenas vivem normalmente entre humanos, inclusive demonstrando os mesmos defeitos e virtudes. 

Quando um policial (James Caan) tem seu parceiro morto por uma gangue de alienígenas, seu superior escala como novo parceiro o primeiro alienígena a ser tornar policial (Mandy Patinkin), o que causa revolta no sujeito. 

A trama lembra bastante o ótimo e bem posterior “Distrito 9”, mostrando a interação dos alienígenas com a população e todos os conflitos que surgem com a situação, inclusive o preconceito idêntico ao que ocorre com os imigrantes. O roteiro segue o estilo dos longas policiais sobre parceiros que a princípio não se entendem e depois se tornam amigos, com a diferença de que um deles é alienígena. 

Como curiosidade, o longa fez sucesso e gerou uma série com outro elenco que rendeu uma temporada. A série foi cancelada e os fãs reclamaram, o que resultou em cinco filmes para a tv baseados no seriado, produzidos entre 1994 e 1997.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

A Fuga

A Fuga (Deadfall, França / EUA, 2012) – Nota 6
Direção – Stefan Ruzowitzky
Elenco – Eric Bana, Charlie Hunnam, Olivia Wilde, Kate Mara, Treat Williams, Kris Kristofferson, Sissy Spacek.

Após assaltarem um cassino, três ladrões sofrem um acidente numa estrada repleta de neve. Um deles morre e o outro chamado Addison (Eric Bana) mata um policial antes de fugir a pé junto com sua irmã Liza (Olivia Wilde). Eles se separam e tentam escapar atravessando uma floresta gelada.

Em paralelo, Jay (Charlie Hunnam) é libertado da cadeia e no mesmo dia arruma uma nova confusão. Ele foge em direção a fazenda onde vivem seus pais (Kris Kristofferson e Sissy Spacek), que fica na mesma região gelada em que Addison e Liza estão se escondendo. 

O diretor alemão Stefan Ruzowitzky , do suspense “Anatomia”, estreou no cinema americano com este longa repleto de clichês e com uma trama totalmente previsível. O melhor do filme são as poucas cenas de violência e as locações em meio a neve e ao gelo. As atuações também não ajudam, principalmente o canastrão Eric Bana interpretando o ladrão psicopata. 

É um filme de suspense daqueles que são esquecidos logo após o final dos créditos.  

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Logan Lucky - Roubo em Família

Logan Lucky – Roubo em Família (Logan Lucky, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Steven Soderbergh
Elenco – Channing Tatum, Adam Driver, Daniel Craig, Riley Keough, Jack Quaid, Brian Gleeson, David Denman, Seth MacFarlane, Katharine Waterston, Dwight Yoakam, Hilary Swank, Macon Blair.

Jimmy Logan (Channing Tatum) é um ex-jogador de futebol americano que estourou o joelho antes de se tornar profissional. Seu irmão Clyde (Adam Driver) perdeu o antebraço servindo o exército no Iraque. 

Clyde acredita que a família seja amaldiçoada, sempre citando problemas que ocorreram com outros parentes. Apenas a irmã Mellie (Riley Keough) parece imune a tragédia. 

Após perder o emprego, Jimmy convence Clyde a colocar em ação um mirabolante plano de roubo a um cofre no autódromo durante uma prova de Nascar. Para o plano funcionar, eles precisam tirar da prisão Joe Bang (Daniel Craig), um especialista em arrombar cofres. 

Depois de dez anos entregando filmes no máximo razoáveis, o diretor Steven Soderbergh decidiu voltar ao estilo da trilogia “Onze Homens e um Segredo” que rendeu seus maiores sucessos. Longe do luxo dos cassinos e de protagonistas de classe, o foco aqui se volta para caipiras do sul do país que a princípio parecem malucos que entrarão pelo cano. 

A grande sacada está no roteiro escrito por Rebecca Blunt, que revela diversos detalhes na parte final, explicando algumas situações aparentemente idiotas, mas que escondem um belíssimo plano. 

Os personagens principais também são destaques, principalmente o instrospectivo Adam Driver e o presidiário vivido por Daniel Craig. As pequenas participações de Hilary Swank e Macon Blair ainda deixam um pequeno gancho para quem sabe uma sequência. 

O resultado é um divertido e muito bem bolado filme sobre roubo. 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Cores do Destino

Cores do Destino (Upstream Color, EUA, 2013) – Nota 5
Direção – Shane Carruth
Elenco – Amy Seimetz, Shane Carruth, Andrew Sensenig, Thiago Martins.

Um sujeito (Thiago Martins) faz experiências com larvas. Na sequência, ele ataca uma mulher (Amy Seimetz) e a faz engolir uma larva. Numa espécie de transe, a mulher que se chama Kris se torna submissa ao ladrão, que rouba seus pertences e dinheiro. 

Nos dias posteriores, Kris continua sofrendo com estranhas sensações. Ela procura ajuda com um excêntrico criador de porcos (Andrew Sensenig). Aparentemente curada, Kris tenta seguir a vida ao conhecer Jeff (o diretor Shane Carruth), com quem inicia um relacionamento, mas novos fatos e sensações atrapalham sua vida. 

Shane Carruth é um destes malucos que de tempos em tempos aparecem no cinema. Ele é um matemático que abandonou a carreira para se aventurar no cinema. Carruth dirige, escreve, produz, filma e atua, ou seja, ele é o dono do filme. 

Em 2004 ele chamou atenção do cinema independente com a complexa ficção “Primer”, mas estranhamente ficou os nove anos seguintes sem filmar. Na minha opinião, seu retorno neste “Cores do Destino” é uma grande decepção. O que “Primer” tinha de complexo e fazia o espectador ficar grudado nos diálogos malucos, aqui isso se perde na trama cansativa e no ritmo extremamente lento, lembrando muito os últimos filmes de Terrence Malick, aqueles em que ele exagera na “viagem”. 

É uma pena, eu esperava algo bem melhor depois de ter gostado muito de “Primer”.   

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Star Wars - Comentários Rápidos


Guerra nas Estrelas (Star Wars, EUA, 1977) – Nota 9
Direção – George Lucas
Elenco – Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Alec Guinness, Peter Cushing, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, James Earl Jones.

Por mais que as novas gerações chamem este clássico de “Episódio IV – Uma Nova Esperança”, sou do tempo em que o filme era apenas “Guerra nas Estrelas”. O longa é um marco não só pela qualidade, mas também por ser o pioneiro em utilizar o sucesso para vender produtos agregados a marca. Todo o tipo de quinquilharia foi vendida, como álbuns de figurinhas, bonecos que hoje valem muito para colecionadores e até um robô réplica do personagem R2-D2. Hoje esta prática é comum, em muitos casos o marketing é mais bem feito do que o filme, que passa a ser apenas um produto. 

Após a enorme bilheteria que fez “Tubarão’ de Spielberg em 1975, Lucas percebeu que as pessoas esperavam filmes mais leves do que a maioria do trabalhos dos anos setenta. Como ele tinha há muito tempo o esboço do roteiro e conseguiu um certo crédito para produzir o filme após ter chamado a atenção com “Loucuras de Verão” (“American Graffiti’), estavam abertas as portas da série mais lucrativa da história do cinema. 

O Império Contra Ataca (Star Wars: Episode V - The Empire Strikes Back, EUA, 1980) – Nota 10
Direção – Irvin Kershner
Elenco – Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Alec Guinness, Anthony Daniels, David Prowse, Peter Mayhew, Kenny Baker, Frank Oz, James Earl Jones.

Na minha opinião esta sequência é o melhor filme da franquia, considerando as duas primeiras trilogias. O universo da trama é expandido para vários planetas, os efeitos especiais e as maquiagens eram o que de melhor existia na época e os carismáticos personagens são desenvolvidos de forma mais ampla, sem contar as cenas de ação e suspense, incluindo o gancho que deixou os fãs ansiosos por mais três anos.

O Retorno de Jedi (Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi, EUA, 1993) – Nota 8
Direção – Richard Marquand
Elenco – Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Alec Guinness, Ian Diarmid, Anthony Daniels, David Prowse, Peter Mayhew, Kenny Baker, Frank Oz, James Earl Jones.

O fechamento da trilogia inicial resulta em outro ótimo filme, mesmo sendo um pouco inferior aos dois anteriores. Novamente a parte técnica é fantástica e a trama esconde o famoso segredo revelado na luta entre Luke e Darth Vader. Sobraram algumas críticas para o clima festivo no final e a participação dos Ewoks, provavelmente criados na trama para atrair também as crianças com um pouco menos de idade. O que os fãs não imaginavam é que teriam de esperar mais dezesseis para retomada da franquia.

Episódio I – A Ameaça Fantasma (Star Wars: Episode I - The Phantom Menace, EUA, 1999) – Nota 7
Direção – George Lucas
Elenco – Liam Neeson, Ewan McGregor, Natalie Portman, Jake Lloyd, Ian McDiarmind, Samuel L. Jackson, Hugh Quarshie, Frank Oz, Terence Stamp.

A ideia original de George Lucas eram três trilogias, sendo que por falta de dinheiro e tecnologia na época, ele preferiu filmar nos anos setenta o que seria a segunda trilogia. Aqui, Lucas buscou a ideia original da saga para filmar a vida de Darth Vader e Obi Wan Kenobi antes da Federação se tornar o Império e iniciar a guerra contra a Aliança Rebelde. Apesar de ser considerado por muitos como o filme mais fraco da saga, ainda assim é um espetáculo de qualidade. Os pontos negativos são a atuação do menino Jake Lloyd e o irritante personagem Jar Jar Binks.

Episódio II – Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, EUA, 2002) – Nota 7 Direção – George Lucas Elenco – Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen, Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz, Ian McDiarmind, Temuera Morrison, Daniel Logan, Jack Thompson, Jimmy Smits, Pernilla August.

O nível desta sequência é semelhante ao filme anterior. As cenas de ação são bem legais, ao mesmo tempo em que o romance entre Anakin e Padmé está longe de cativar. O ponto alto é ver o pequeno Yoda lutando. Assim como o garotinho Jake Lloyd foi fraco para o papel de Anakin quando criança, o canastrão Hayden Christensen mantém o nível baixo de interpretação.

Episódio III – A Vingança dos Sith (Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith, EUA, 2005) – Nota 7,5 Direção – George Lucas Elenco – Ewan McGregor,Natalie Portman, Hayden Christensen, Ian McDiarmid, Samuel L. Jackson, Jimmy Smits, Frank Oz, Anthony Daniels, Christopher Lee, Temuera Morrison, Bruce Spense, Keisha Castle Hughes.

Este é com certeza o melhor filme desta trilogia. O tom mais sombrio permeia o longa à espera do “nascimento” de Darth Vader. A história é melhor amarrada do que os dois filmes anteriores, explorando bastante a questão política, além é claro da crise que acompanha Anakin. Esta segunda trilogia fica longe da primeira na qualidade e principalmente no carisma dos personagens.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Columbus

Columbus (Columbus, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Kogonada
Elenco – John Cho, Haley Lu Richardson, Michelle Forbes, Rory Culkin, Parker Posey.

Um famoso arquiteto sul-coreano passa mal na cidade de Columbus em Ohio e termina em coma profundo. Seu filho Jin (John Cho) volta de Seul para acompanhar o pai. 

Enquanto espera a evolução do quadro de saúde do pai, Jin cruza o caminho de Casey (Haley Lu Richardson), uma jovem que trabalha na biblioteca da cidade e que adora arquitetura. 

Sem muita explicação, os dois criam um laço de amizade e descobrem um pouco mais do outro durante passeios pela cidade, sempre visitando edifícios marcantes em termos de arquitetura. 

O videomaker sul-coreano Kogonada estreou na direção neste simpático filme independente que bebe na fonte de obras como “Antes do Amanhecer” e “Encontros e Desencontros”. Semelhante ao primeiro temos os ótimos diálogos entre os protagonistas enquanto perambulam pela pacata Columbus. Do segundo a semelhança está na melancolia destes diálogos e nas tristezas e frustrações que os personagens carregam. 

John Cho deixa de lado os papéis em comédia para encarnar um sujeito que vive um momento de crise, enquanto a jovem Haley Lu Richardson demonstra com competência o sofrimento de alguém que não sabe qual caminho seguir. 

É um filme contemplativo em alguns momentos, que explora a bela arquitetura da cidade. 

O longa é indicado também para quem aprecia histórias humanas, com personagens próximos da realidade.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O Nascimento de uma Nação

O Nascimento de uma Nação (The Birth of the Nation, EUA / Canadá, 2016) – Nota 6,5
Direção – Nate Parker
Elenco – Nate Parker, Armie Hammer, Penelope Ann Miller, Jack Earle Haley, Mark Boone Junior, Colman Domingo, Aunjanue Ellis, Aja Naomi King, Roger Guenveur Smith, Esther Scott, Gabrielle Union.

Virginia, século XIX. Quando criança, o escravo Nat Turner (Nate Parker) viu seu pai matar um capitão do mato e fugir para nunca mais voltar. Adulto e sabendo ler, Nat se torna um pregador da bíblia para os escravos. 

Seu dono (Armie Hammer), aproveita o talento de Nat para lucrar. Ele o leva para pregar sobre obediência para escravos de outros fazendeiros e assim receber dinheiro pelo trabalho de Nat. As injustiças e a violência que Nat presencia, aos poucos o empurra para tomar uma atitude drástica. 

O ator Nate Parker, que é nascido na Virginia, estreou aqui como diretor levando às telas um roteiro escrito por ele mesmo baseado numa história real. A premissa é semelhante a outros filmes sobre a escravidão americana, criando sequências de violência física e psicológica de forma crua e levando o espectador a odiar praticamente todos os personagens brancos. Até mesmo aqueles que demonstram alguma simpatia pelos escravos, em algum momento agem de forma odiosa. 

Por mais que a escravidão seja um dos maiores horrores da história da humanidade, a forma como Parker retrata o protagonista é extremamente pretensiosa. Desde a primeira cena quando Nat é um garoto, a narrativa faz um paralelo do personagem com um Messias, situação que fica ainda mais exagerada na parte final, quando a comparação com Cristo fica totalmente clara. 

Este exagero também se apresenta em algumas sequências com luzes, claridades, rituais e sonhos. Por mais que Parker mostre talento para dominar a câmera e criar cenas de violência com competência, o resultado deixa a desejar.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

London

London (London, Inglaterra / EUA, 2005) – Nota 7
Direção – Hunter Richards
Elenco – Chris Evans, Jason Statham, Jessica Biel, Joy Briant, Kelli Garner, Isla Fisher, Louis C.K., Dane Cook, Paula Patton, Kat Dennings.

Depressivo e viciado em cocaína, Syd (Chris Evans) fica louco quando descobre que sua ex-namorada London (Jessica Biel) fará uma festa de despedida antes de mudar de cidade para morar com um novo namorado. 

Mesmo sem ser convidado, ele decide ir ao apartamento. Antes disso, Syd passa em um bar para comprar drogas com um desconhecido chamado Bateman (Jason Statham) e termina por levar o sujeito para festa. 

Com medo de enfrentar London, Syd fica boa parte da festa no enorme banheiro do apartamento cheirando cocaína com Bateman. Duas amigas (Joy Briant e Kelly Garner) também passam pelo local enquanto Syd conversa sobre sexo, drogas e relacionamentos. 

O roteiro escrito pelo diretor Hunter Richards explora o clichê da dor da separação através de diálogos desesperados e turbinados pelo uso da droga. Enquanto o protagonista conta sua versão dos fatos que levaram ao fim do relacionamento, vemos em flashback sequências em que ele e a garota London se mostram apaixonados, transam e discutem por besteiras. 

As conversas no banheiro entre Syd e Bateman são impagáveis, principalmente aquela em tem como ponto principal a diferença de idade entre os personagens, com destaque para Jason Statham interpretando um papel de verdade, bem longe dos brucutus de filmes de ação que costuma viver. 

É um filme que pode cansar quem não gosta de muitos diálogos, mas por outro lado resulta numa obra curiosa sobre como a geração atual se relaciona. 

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Dunkirk

Dunkirk (Dunkirk, Inglaterra / Holanda / França / EUA, 2017) – Nota 9
Direção – Christopher Nolan
Elenco – Fionn Whitehead, Kenneth Branagh, Tom Hardy, Mark Rylance, Cillian Murphy, Tom Glynn Carney, Barry Keoghan, Jack Lowden, James D’Arcy.

Dunkirk, França, 1940. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de soldados ingleses e franceses ficam encurralados pelo exército alemão na praia de Dunkirk (Dunquerque na França) à espera de navios para levá-los a Inglaterra. 

Esta história serviu como ponto de partida para o diretor Christopher Nolan escrever o roteiro explorando três narrativas em paralelo. A primeira tem como protagonista o jovem soldado Tommy (Fionn Whitehead), que enfrenta diversos obstáculos para tentar voltar a Inglaterra. A segunda acompanha dois pilotos ingleses (Tom Hardy e Jack Lowden) numa batalha aérea contra aviões alemães que tem como alvo os soldados na praia. A última narrativa segue um barco comandado por um civil e seu filho (Mark Rylance e Tom Glynn Carner), que partiram da Inglaterra para Dunkirk com objetivo de resgatar soldados. 

As histórias que se cruzam são até previsíveis, mas isso não atrapalha o filme. A parte técnica é fantástica, com o detalhe de que muitas cenas foram filmadas na água, situação extremamente complicada e que aqui resultam em sequências perfeitas, emocionantes e assustadoras. 

Alguns críticos reclamam de que os alemães jamais aparecem para o confronto cara a cara, fato comum aos filmes do gênero. Na minha opinião foi uma ótima escolha de Nolan. Não mostrar os rostos dos inimigos transformam os ataques em algo ainda mais assustador, como na cena em que alguns jovens soldados ficam presos em um pequeno barco que se torna alvo das balas inimigas. 

A palavra que define este longa de guerra é “sensacional”.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Medo e Obsessão

Medo e Obsessão (Land of Plenty, EUA / Alemanha / Canadá, 2004) – Nota 6,5
Direção – Wim Wenders
Elenco – John Diehl, Michelle Williams, Richard Edson, Wendell Pierce, Shaun Toub, Burt Young, Bernard White.

Dois anos após os ataques de 11 de Setembro, o veterano do Vietnã Paul (John Diehl) espiona pessoas de origem árabe na periferia de Los Angeles. 

Com um velho furgão repleto de equipamentos de vigilância, Paul acredita ser um agente que está fazendo a sua parte para defender o país de novos ataques. 

Quando sua sobrinha Lana (Michelle Williams) retorna ao país após viver como missionária na Cisjordânia e o procura para reatar os laços familiares, nasce uma estranha relação de amizade entre pessoas com visões de mundo extremamente opostas. 

A carreira do diretor alemão Wim Wenders varia entre filmes com temáticas políticas e sociais, além de documentários. Excluindo os documentários, sua obra-prima é “Asas do Desejo”, com uma menção honrosa para o doloroso “Paris, Texas”, porém depois dos anos noventa seus trabalhos são no máximo razoáveis. 

Este “Medo e Obsessão” parte da interessante premissa das consequências dos atentados de 11 de Setembro, junto com os traumas de quem lutou no Vietnã e ainda focando no lado miserável de Los Angeles, em que moradores de rua tentam sobreviver no dia a dia. 

A paranoia do protagonista em procurar ameaças se perde na verborragia do mesmo conversando solitariamente com seu gravador e numa investigação bizarra. A ideia de mostrar que os atentados afetaram americanos e árabes é desenvolvida de forma simplória, assim como a questão social da crise financeira e do desemprego nos Estados Unidos, situação relatada de forma rasa no trabalho da personagem de Michelle Williams em um abrigo. 

No final fica claro que a premissa é mais interessante do que a realização.

sábado, 13 de janeiro de 2018

Trainspotting I e II


Trainspotting: Sem Limites (Trainspotting, Inglaterra, 1996) – Nota 9      
Direção – Danny Boyle
Elenco – Ewan McGregor, Ewen Brenmer, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Kevin McKidd, Kelly Macdonald, Peter Mullan, James Cosmo, Eileen Nicholas.

Periferia de Edimburgo, Escócia. Mark Renton (Ewan McGregor) é um jovem viciado em heroína que compartilha seu vício e o prazer por loucuras com um grupo de amigos. Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller), Tommy (Kevin McKidd) e o maluco Begbie (Robert Carlyle), além da jovem namorada Diane (Kelly Macdonald). 

Baseado em um livro de Irvine Welsh, este é com certeza o filme mais marcante sobre o efeito das drogas em jovens sem rumo. Por mais que tenham situações dramáticas, o foco da trama é mostrar a loucura do vício misturando desespero, violência, escatologia e até comédia. O ritmo alucinante de várias sequências pontuadas por uma ótima trilha sonora, junto com a narração cínica do protagonista vivido por Ewan McGregor elevam o filme a máxima potência. 

O grande acerto do filme e do livro é mostrar a euforia causada pelas drogas e também o outro lado, as consequências pesadas desta escolha. Tudo isso ganha pontos pelos ótimos personagens, cada um com suas características e maluquices próprias. 

É um filme que incomoda e que com certeza não agrada a muita gente, mas por outro lado é uma obra obrigatória para o cinéfilo que curte longas ousados.

T2 Trainspotting (T2 Trainspotting, Inglaterra, 2017) – Nota 7,5
Direção – Danny Boyle
Elenco – Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, Robert Carlyle, Anjela Nedyalkova, Kelly Macdonald, James Cosmo.

Vinte anos após ir embora da Escócia, Mark Renton (Ewan McGregor) volta para Edimburgo com o objetivo de reencontrar os amigos e tentar acertar as pendências do passado. 

Simon “Sick Boy” (Jonny Lee Miller) é dono de um decadente bar e tenta ganhar um dinheiro extra extorquindo homens que se encontram com a prostituta Veronika (Anjela Nedyalkova), sua namorada. Spud (Ewen Bremner) continua viciado em drogas e sofre por ter sido expulso de casa pela ex-esposa que ficou com o filho do casal. O psicopata Begbie (Robert Carlyle) está preso sem chance de conseguir sair, por isso planeja fugir. 

Diferente do original em que os personagens levavam a vida a mil por hora, nesta sequência o clima é de fim de festa. Isso não é ruim para o filme, pelo contrário, o roteiro mostra as consequências dos excessos na vida de cada um deles. O pensamento dos jovens que acreditam ter a vida inteira pela frente se transforma em melancolia na meia-idade, quando os sonhos se despedaçaram e a alegria das drogas se transformou numa vida vazia. 

Mesmo voltado muito mais para o drama, esta sequência tem bons momentos e alguns até engraçados, como o bizarro karaokê dos protestantes e os flashbacks em que os personagens relembram a juventude ao passarem por alguns locais da cidade. 

Ao final destes dois filmes, fica a mensagem de que podemos escolher como viver, mas também somos responsáveis pelas consequências destas escolhas.  

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Obsessão

Obsessão (The Paperboy, EUA, 2012) – Nota 5
Direção – Lee Daniels
Elenco – Matthew McConaughey, Zac Efron, Nicole Kidman, John Cusack, Macy Gray, David Oyelowo, Scott Glenn, Ned Bellamy, Nealla Gordon.

O jornalista Ward Jansen (Matthew McConaughey) retorna para sua cidade natal na Flórida após receber cartas de uma mulher chamada Charlotte (Nicole Kidman) que alega que seu namorado (John Cusack) foi condenado a morte por um crime que não cometeu. 

Ao lado de outro jornalista (David Oyelowo), Ward decide investigar o caso com a ajuda de seu irmão caçula Jack (Zac Efron). Não demora para os jornalistas encontrarem inconsistências no processo e também para Jack se apaixonar pela volúvel Charlotte. 

Entre o sensível “Preciosa” e o interessante “O Mordomo da Casa Branca”, o diretor Lee Daniels entregou esta verdadeira bomba. O roteiro escrito pelo diretor explora a clássica história do jornalista idealista que tenta resolver um crime, porém a forma como algumas situações se resolvem são fáceis demais. 

O pior mesmo são as várias sequências de extremo mal gosto e os personagens que variam entre irritantes e asquerosos. A tentativa de inserir uma pitada de racismo na trama também não funciona. 

O único ponto interessante é a narração sóbria da cantora Macy Gray, que interpreta a empregada da casa dos Jansens. 

É um filme para passar longe. 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Dark

Dark (Dark, Alemanha, 2017)
Direção – Baran Bo Odar
Elenco – Oliver Masucci, Karoline Eichhorn, Jordis Triebel, Louis Hoffman, Maja Schone, Andreas Pietschmann, Daan Lennard Liebrenz.

Na pequena cidade de Winden no interior da Alemanha, o suicídio de um homem e o desaparecimento de um adolescente são os pontos de partida da série mais complexa dos últimos anos. 

Criada pelo diretor Baran Bo Odar, do ótimo “Invasores: Nenhum Sistema Está a Salvo”, em parceria com Jantje Friese, esta série foi escrita para quebrar a cabeça do espectador. Fica difícil até escrever uma sinopse.

Alguns críticos comparam a série com "Stranger Things" por causa da premissa do desaparecimento de um adolescente, porém esta é muito mais complexa e com uma trama totalmente adulta e sombria. 

Os ingredientes da trama incluem outros desaparecimentos de crianças, viagem no tempo, conflitos familiares, traições, uma usina nuclear e até uma ligação ainda indefinida com a tragédia de Chernobyl na antiga União Soviética. 

A quantidade enorme de personagens é outro fator que deixa o espectador maluco. Vários deles são interpretados por dois ou até três atores, pois a trama se passa em três épocas diferentes. As histórias estão interligadas por acontecimentos em 1953, 1986 e 2019. 

Estes personagens estão divididos e também misturados em quatro famílias que tem seus destinos modificados pelo caos. 

Um dos pontos positivos é que o roteiro responde várias perguntas durante os dez episódios, diferente de séries que enrolam o espectador. Lógico que ganchos foram deixados para uma segunda temporada, que tomara seja tão instigante como a primeira.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Assassin's Creed

Assassin’s Creed (Assassin’s Creed, EUA / França / Inglaterra / Hong Kong / Taiwan / Malta, 2016) – Nota 6
Direção – Justin Kurzel
Elenco – Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Brendan Gleeson, Charlotte Rampling, Michael Kenneth Williams, Matias Varela, Khalid Abdalla.

Após ser executado na prisão, Callum Lynch (Michael Fassbender) ressuscita em um laboratório futurista comandado por Rikkin (Jeremy Irons) e sua filha, a cientista Sofia (Marion Cotillard). 

Lynch descobre que foi poupado da morte para servir como cobaia de uma máquina criada por Sofia, que através do DNA consegue acessar memórias dos ancestrais da pessoa. 

O objetivo de Rikkin e Sofia é descobrir onde Aguilar (Michael Fassbender em papel duplo), ancestral de Lynch, escondeu a maçã de Adão e Eva em 1492 durante uma batalha entre a sociedade dos assassinos contra os templários. 

Baseado no famoso game, este longa divide a trama em duas narrativas (péssima no presente e interessante no passado) e erra feio na trama absurda. As cenas no laboratório, os diálogos fracos e os coadjuvantes inseridos na trama sem muito explicação detonam a narrativa dos dias atuais. 

Por outro lado, as boas sequências de ação no passado ajudam a salvar um pouco o filme, caso contrário resultaria numa gigantesca bomba. 

É um filme indicado apenas como curiosidade para os fãs do game.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O Poder de Alguns

O Poder de Alguns (The Power of Few, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Leone Marucci
Elenco – Christopher Walken, Christian Slater, Anthony Anderson, Tione Johnson, Q’oriana Kilcher, Jordan Prentice, Devon Gearhart, Jesse Bradford, Nicky Whelan, Moon Bloodgood, Navid Negahban, Juvenile, Derek Richardson.

Na periferia de uma decadente cidade, vários personagens se cruzam culminando em uma tragédia. 

Entre eles temos dois moradores de rua (Christopher Walken e Jordan Prentice), um adolescente (Devon Gearhart), uma dupla de policiais (Christian Slater e Nicky Whelan), dois bandidos (Anthony Anderson e Juvenile) perseguindo um sujeito (Jesse Bradford), uma motoqueira que faz entregas (Q’oriana Kilcher) e por fim uma enigmática menina (Tione Johnson). 

O roteiro escrito pelo diretor Leone Marucci inicia suas histórias as duas horas da tarde, mostrando o que aconteceu com cada personagem desde esta hora até o momento da tragédia. Tanto as histórias, quanto os personagens são irregulares, incluindo ainda o roubo de um artefato religioso. 

Os personagens mais interessantes são os moradores de rua, com o veterano Christopher Walken roubando o filme em diálogos malucos com o baixinho Jordan Prentice. A garotinha vivida por Tione Johnson é outra que se destaca. Vale citar ainda a agitada trilha sonora e algumas boas cenas de ação.

Infelizmente, o final tenta passar uma mensagem de paz, algo completamente diferente do que é mostrado durante todo o filme. Isso faz o longa perder pontos. 

Esqueça também o título nacional que passa a impressão de algo paranormal.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Detroit em Rebelião

Detroit em Rebelião (Detroit, EUA, 2017) – Nota 8
Direção – Kathryn Bigelow
Elenco – John Boyega, Anthony Mackie, Jacob Latimore, Algee Smith, Will Poulter, Ben O’Toole, Jack Reynor, Kaitlyn Dever, Hannah Murray, Malcolm David Kelley.

Detroit, 1967. Uma operação policial em uma casa noturna de um bairro pobre da cidade dá início a um confronto entre a população negra e a polícia praticamente toda composta por brancos. 

Durante cinco dias, o conflito se alastra por grande parte da cidade, resultando em prisões, feridos e mortes. 

O roteiro de Mark Boal se baseia em fato real e divide a história em três partes. A parte inicial explora o início dos confrontos misturando filmagens reais da época com a apresentação de vários personagens. Temos um grupo musical, um segurança de loja e três policiais racistas.

O segundo ato é o mais dramático e explosivo. Uma determinada situação leva os policiais racistas e alguns soldados do exército a invadirem um motel dando início a uma violenta abordagem. A parte final foca nas consequências do que ocorreu no motel e infelizmente faz a narrativa esfriar.

O ponto alto do longa é sem dúvida o longo segundo ato dentro do motel. A violência física e psicológica chega a um ponto insuportável, ainda mais sabendo que aquilo realmente ocorreu.

Os destaques do elenco ficam para John Boyega como o segurança que se torna um agente passivo da tragédia e para o cruel policial interpretado por Will Poulter.

Mesmo com a irregularidade da narrativa na parte final, a força da história e os dois primeiros atos tornam este longa uma obra obrigatória.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Encarcerado

Encarcerado (Starred Up, Inglaterra, 2013) – Nota 7,5
Direção – David Mackenzie
Elenco – Jack O’Connell, Ben Mendelsohn, Rupert Friend, Sam Spruell, Peter Ferdinando.

Ao completar dezenove anos de idade, Eric Love (Jack O’Connell) é transferido do reformatório para uma prisão de adultos, local onde reencontra o pai Neville (Ben Mendelsohn). 

Violento e revoltado por ter sido criado como órfão, Eric não demora para arrumar confusão na cadeia. Enquanto seu pai se preocupa com as consequências dos atos de Eric, um assistente social (Rupert Friend) tenta fazer o jovem participar de um grupo de presos que desejam mudar de vida. 

Como é normal aos filmes de prisão, vemos aqui uma violenta história desenvolvida de forma crua com personagens que vivem em meio ao inferno. Por mais que alguns detentos queiram paz e o local tenha um chefão (Peter Ferdinando) que deseja tranquilidade para comandar seus negócios sujos, a violência sempre vem à tona. 

O ator Jack O’Connell, que ficaria famoso no ano seguinte com o drama “Invencível”, desenvolve uma interpretação furiosa, mostrando todo o ódio que seu personagem carrega. 

É um filme forte, com cenas violentas e personagens marginais.

sábado, 6 de janeiro de 2018

It: A Coisa

It: A Coisa (It, EUA / Canadá, 2017) – Nota 8
Direção – Andy Muschietti
Elenco – Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Sophia Lillis, Finn Wolfhard, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer, Wyatt Oleff, Bill Skarsgard, Nicholas Hamilton, Jackson Robert Scott.

Derry, 1988. Na pequena cidade algumas crianças desapareceram. Entre elas está Georgie (Jackson Robert Scott), que foi puxado para dentro do esgoto por um sinistro palhaço (Bill Skarsgard). 

Completando um ano do desaparecimento, um grupo de garotos e uma garota tem pesadelos que parecem reais com o palhaço. Bill (Jaeden Lieberher) acredita que o palhaço seja verdadeiro e que seu irmão Georgie esteja vivo. Com ajuda de informações conseguidas por Ben (Jeremy Ray Taylor) sobre desaparecimentos que ocorrem há anos na cidade, Bill convence seus amigos a investigarem o caso. 

Este longa foca na primeira parte de um famoso livro de Stephen King e termina deixando claro que haverá uma sequência. Esta escolha pareceu mais interessante do que a versão produzida para TV em 1990 em formato de minissérie com três horas de duração e que focava no livro inteiro. Na versão antiga, a trama com as crianças também é muito boa e se passa nos anos sessenta, porém a produção peca na segunda parte quando os adultos entram em cena. 

Esta nova versão lembra o estilo de filmes com crianças dos anos oitenta como “Os Goonies”, porém com cenas de terror assustadoras semelhantes ao seriado atual “Stranger Things”. O longa funciona muito bem, tanto pelas cenas citadas e os bons efeitos especiais, como pela química entre o elenco de crianças e o assustador palhaço Pennywise vivido por Bill Skarsgard, tão competente como o interpretado por Tim Curry na minissérie. 

Agora é esperar a sequência. 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Liberdade Condicional & A Outra Face da Violência


Liberdade Condicional (Straight Time, EUA, 1978) – Nota 7
Direção – Ulu Grosbard
Elenco – Dustin Hoffman, Theresa Russell, Gary Busey, Harry Dean Stanton, M. Emmet Walsh, Rita Taggart, Kathy Bates, Jake Busey, Sandy Baron.

Max Dembo (Dustin Hoffman) é um assaltante que ao ganhar liberdade condicional tenta mudar o rumo de sua vida. Ele consegue um emprego e uma namorada (Theresa Russell). Sua vida volta a se complicar por causa do oficial da condicional (M. Emmet Walsh), um sujeito arrogante que o faz voltar para cadeia. A partir daí, Max espera novamente sair da prisão para se vingar do algoz e retornar ao mundo do crime. 

O ponto principal do roteiro é a crítica social da dificuldade que um ex-presidiário enfrenta quando deseja mudar de vida, expondo o poder absurdo que o agente da condicional possui nos Estados Unidos. Vale lembrar que o filme foi produzido há quarenta anos, época em que a quantidade de criminosos violentos era bem menor que nos dias atuais. 

Outro destaque fica para a atuação de Dustin Hoffman, em um papel bem diferente do que estava acostumado a interpretar.

A Outra Face da Violência (Rolling Thunder, EUA, 1977) – Nota 7
Direção – John Flynn
Elenco – William Devane, Tommy Lee Jones, Linda Haynes, James Best, Dabney Coleman, Luke Askew.

O major Charles Rane (William Devane) volta para sua cidade natal sendo recebido como herói após ter lutado no Vietnã. Ele recebe como prêmio um carro e uma maleta com moedas de prata. Pouco tempo depois, assaltantes invadem sua casa, o deixam ferido, matam sua mulher e filho e roubam as moedas. Com auxílio de outro veterano de guerra (Tommy Lee Jones), Rane prepara sua vingança contra os criminosos. 

No ano anterior, “Taxi Driver” de Martin Scorsese foi o primeiro grande filme a focar nos traumas dos soldados que voltavam do Vietnã. Naquele clássico, o personagem de Robert De Niro é um sujeito que perdia o controle em meio a loucura de uma metrópole como Nova York. 

Aqui, os personagens de William Devane e Tommy Lee Jones são pessoas simples, de uma cidade pequena que planejam a vingança de forma fria. Nos dois filmes os protagonistas sofrem por terem dado parte de suas vidas ao país e receberem em troca desprezo e violência ao voltarem para casa. 

O longa é inferior a Taxi Driver”, mas não deixa de ser uma obra instigante sobre as consequências da guerra em pessoas comuns. 

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A Passageira

A Passageira (Magallanes, Peru / Argentina / Espanha, 2015) – Nota 8
Direção – Santiago Del Solar
Elenco – Damian Alcazar, Magaly Solier, Federico Luppi, Bruno Odar, Christian Meier.

Em Lima, capital do Peru, Harvey Magallanes (Damian Alcazar) é um motorista de táxi que fica abalado ao transportar uma passageira. 

Aos poucos, descobrimos que a jovem se chama Celina (Magaly Solier) e que está ligada ao passado de Magallanes quando este era um soldado e se reportava ao coronel Rivero (Federico Luppi), que hoje sofre de Alzheimer e que também tem ligação com a jovem. 

O reencontro faz com que Magallanes tome decisões perigosas para tentar corrigir um erro do passado. 

O ótimo roteiro escrito pelo diretor peruano Santiago Del Solar mistura drama com uma trama policial focada em personagens que carregam traumas, tanto os “vilões”, como a inocente Celina. Não vou detalhar muito para não entregar a trama, mas posso citar que é dolorosa a forma como os personagens lidam com a situação e com o passado. 

O protagonista vivido pelo mexicano Damian Alcazar está corroído pelo remorso, enquanto o veterano Federico Luppi não fala absolutamente nada, mas mesmo assim consegue passar a agonia do idoso somente com suas expressões faciais. 

Vale citar também algumas boas cenas de suspense e as locações em Lima, tanto na região central, como na periferia. 

Para quem gosta do gênero, este longa é uma ótima opção. 

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Uma Noite em Sampa

Uma Noite em Sampa (Brasil, 2016) – Nota 6
Direção – Ugo Giorgetti
Elenco – Flávia Garrafa, Cris Couto, Roney Facchini, Susana Alves, Thiago Amaral, Angelo Brandini.

Após assistir uma peça no conhecido Teatro Ruth Escobar em São Paulo, um grupo de pessoas se prepara para voltar para suas casas no interior do Estado em um ônibus de excursão. 

Eles e a guia da viagem (Flávia Garrafa) se surpreendem ao encontrarem o ônibus trancado sem o motorista. A princípio imaginando que o sujeito foi para algum local próximo, com o passar do tempo as pessoas começam a se irritar com o desaparecimento do sujeito e mostram suas personalidades em diálogos repletos de preconceitos e medos. 

O diretor Ugo Giorgetti é paulistano e fez toda sua carreira através de filmes em que a cidade de São Paulo é praticamente um dos personagens. Aqui, a visão crítica do diretor se volta para parte da classe média paulistana que saiu da capital para morar em condomínios em cidades próximas procurando uma melhor qualidade de vida e com medo da violência. Este medo enraizado é o combustível da maioria dos diálogos e ao mesmo tempo o “agente” que paralisa as pessoas naquele local. 

Entre os personagens temos a empresária irritante, o sujeito arrogante, o cara casado com uma ex-prostituta, o otimista, a mulher que adora contar casos de violência, entre outros. O diretor também utiliza manequins vestidos como fossem personagens, com a intenção de mostrar que a maioria das pessoas ali são semelhante a bonecos que não reagem. 

É um filme de baixo orçamento com estilo teatral, rodado totalmente na rua que fica em frente ao teatro Ruth Escobar. 

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Especialista em Crise

Especialista em Crise (Our Brand Is Crisis, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – David Gordon Green
Elenco – Sandra Bullock, Billy Bob Thornton, Anthony Mackie, Joaquim de Almeida, Ann Dowd, Scoot McNairy, Zoe Kazan, Dominic Flores, Reynaldo Pacheco.

Jane Bodini (Sandra Bullock) é uma coordenadora de campanha política conhecida por ser implacável, mas que depois de algumas derrotas para Pat Candy (Billy Bob Thornton), decidiu abandonar a carreira. 

A chance de vencer Pat surge quando ela recebe a proposta de comandar a campanha de Pedro Castillo (Joaquim de Almeida) para presidência da Bolívia, sendo que o candidato de Pat está quase trinta pontos na frente nas pesquisas. É o início de uma guerra suja nos bastidores das campanhas. 

Pelas críticas ruins eu esperava uma pequena bomba, mas fiquei surpreso positivamente ao assistir este longa. Mesmo com pitadas de comédia sem muita graça, o filme é extremamente interessante ao mostrar as sujeiras por trás de uma campanha política. A forma como os coordenadores criam situações para manipular os eleitores, transformam o candidato em algo que ele não é e as clássicas promessas que são esquecidas após a eleição deixam uma sensação de vazio ao final. 

O personagem de um voluntário vivido por Reynaldo Pacheco é o típico jovem ingênuo que acredita que pode ajudar a mudar o mundo apoiando um político, assim como o candidato interpretado por Joaquim de Almeida é o exemplo perfeito do político latino-americano. 

O filme mostra que a política é um verdadeiro ímã para pessoas desonestas e sem caráter, não apenas os candidatos, mas também a maioria daqueles que circulam neste meio. 

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Mãe

Mãe! (Mother!, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Darren Aronofsky
Elenco – Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson, Stephen McHattie, Kristen Wigg.

Um casal (Jennifer Lawrence e Javier Bardem) vive em um casarão antigo em um local isolado. Enquanto ela trabalha reformando o casa, ele tenta conseguir inspiração para um novo livro de poesias. 

Sem explicação, pessoas começam a chegar na casa à procura do escritor. Para ele é uma alegria receber os visitantes, enquanto ela sofre por sentir que seu espaço está sendo invadido. 

É muito difícil escrever uma sinopse direta sobre um filme criado em cima de simbolismos religiosos e familiares. Cada espectador encontrará referências diversas, de acordo com seu conhecimento sobre religião e também suas crenças pessoais. 

Temos referências sobre Adão e Eva, Caim e Abel, o dilúvio, o nascimento de Cristo, o apocalipse, a maternidade, o homem provedor e a mulher senhora da casa, entre outras situações. Os temas religiosos e os simbolismos são comuns aos trabalhos de Aronofsky. 

Ele entregou um grande filme em “Pi”, uma obra curiosa e razoável em “Fonte da Vida” e um fiasco com “Noé”. Na minha opinião este “Mãe!” é mais polêmico do que um grande filme, mas não chega a decepcionar. É uma experiência interessante e ao mesmo tempo bizarra.