terça-feira, 31 de janeiro de 2017

The Hollow Point

The Hollow Point (The Hollow Point, EUA, 2016) – Nota 5,5
Direção – Gonzalo Lopez Gallego
Elenco – Patrick Wilson, Ian McShane, Lynn Collins, John Leguizamo, James Belushi, Deborah Lee Douglas.

Wallace (Patrick Wilson) retorna a sua cidade natal para substituir o veterano xerife Leland (Ian McShane) que matou um suspeito durante uma abordagem. 

A cidade que fica na fronteira entre Estados Unidos e México é rota de traficantes e contrabandistas. O sujeito assassinado pelo xerife transportava munição para um cartel. Sua morte dá início a uma vingança comandada pelo cartel, que envia um assassino (John Leguizamo) para eliminar os envolvidos no caso. 

A premissa tinha ótima potencial por focar num tema explosivo como a violência na fronteira americana, porém o diretor espanhol Gonzalo Lopez Gallego erra feio no estilo da narrativa. A caçada entre policial e assassino beira o humor negro em alguns momentos, inclusive com alguns diálogos constrangedores. 

A trama também é mal explicada, com furos e alguns absurdos. É uma premissa que claramente pedia uma abordagem séria e também um roteiro mais próximo da realidade. O resultado é um desperdiço de tempo para o espectador.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Testemunha Fatal & Pesadelo na Rua Carroll


Testemunha Fatal (Eyewitness, EUA, 1981) – Nota 5,5
Direção – Peter Yates
Elenco – William Hurt, Sigourney Weaver, Christopher Plummer, James Woods, Irene Worth, Kenneth McMillan, Pamela Reed, Albert Paulsen, Steven Hill, Morgan Freeman.

Daryll Deever (William Hurt) é um veterano da Guerra do Vietnã que trabalha como zelador em um edifício comercial. Quando um empresário vietnamita é assassinado no local, Daryll se aproveita de ter visto a cena do crime para se aproximar de uma repórter de tv (Sigourney Weaver) por quem ele é apaixonado.

A jornalista também se aproveita da situação para tentar montar sua reportagem, ao mesmo tempo em que a polícia investiga o crime e tem como suspeito um ex-funcionário do edifício (James Woods) que é amigo de Daryll.

O roteiro extremamente confuso ainda insere na trama o noivo da jornalista (Christopher Plummer) que está envolvido com espionagem entre judeus e russos, além de parceiros vietnamitas da vítima que pouco acrescentam a trama.

O desenvolvimento dos personagens é outro ponto fraco. O protagonista interpretado por William Hurt é um ingênuo apaixonado em alguns momentos e um manipulador que tenta conquistar a repórter em outros, enquanto a personagem de Sigourney Weaver varia entre a jornalista curiosa e a jovem insegura que tem medo dos próprios pais.

É um filme equivocado, um dos mais fracos da carreira do diretor inglês Peter Yates, famoso pelo clássico “Bullitt” e pela ficção “Krull”.

Pesadelo na Rua Carroll (The House on Carroll Street, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção – Peter Yates
Elenco – Kelly McGillis, Jeff Daniels, Mandy Patinkin, Jessica Tandy.

No início dos anos cinquenta, Emily Crane (Kelly McGillis) perde o emprego de editora de uma revista após se negar a entregar suas fontes para o comitê do governo que investigava atitudes antiamericanas. Precisando de dinheiro, ela aceita um emprego para ser dama de companhia de uma senhora (Jessica Tandy) que vive em uma casa de subúrbio. 

Num certo dia, ao ouvir pessoas conversando em alemão na casa vizinha, Emily fica intrigada com a presença de um senador (Mandy Patinkin) que fez parte do comitê que a havia pressionado. Sabendo que estava sendo vigiada por um agente do FBI (Jeff Daniels) por causa do problema com o governo, Emily decide falar com o sujeito e contar sobre a atitude suspeita do senador. A curiosidade levará a descoberta de uma conspiração. 

O roteiro mistura a chamada “caça aos comunistas”, com a atuação de nazistas que fugiram após a guerra e foram acobertados por governos ou pessoas influentes. O longa tem uma boa reconstituição de época e uma trama que prende atenção, mesmo com um ritmo irregular. A coincidência das casas vizinhas e alguns furos no roteiro tiram pontos do longa, que resulta em uma obra mediana. 

Vale destacar a participação da hoje praticamente esquecida Kelly McGillis, que foi uma estrela dos anos oitenta ao protagonizar filmes famosos como “Top Gun” ao lado de Tom Cruise e o ótimo “A Testemunha” com Harrison Ford.                       

domingo, 29 de janeiro de 2017

Jovens, Loucos e Mais Rebeldes

Jovens, Loucos e Mais Rebeldes (Everybody Wants Some!!, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Richard Linklater
Elenco – Blake Jenner, Glen Powell, Juston Street, Austin Amelio, Ryan Guzman, Tyler Hoechlin, Wyatt Russell, Temple Baker, J. Quinton Johnson, Will Brittain, Zoey Deutch.

Agosto de 1980. Quatro dias antes do início das aulas em uma Universidade do Texas, alunos que formam a equipe de beisebol procuram se divertir. O personagem principal é o calouro Jake (Blake Jenner), que logo fica atraído por uma garota (Zoey Deutch) e que também rapidamente se enturma com os colegas de equipe.  

O diretor Richard Linklater retorna ao estilo que o fez famoso no início de carreira ao explorar a cultura jovem de uma determinada época. Até mesmo a tradução nacional do título faz referência a “Jovens, Loucos e Rebeldes (Dazed e Confused)”, que também se passava no Texas, terra natal do diretor, porém em um colégio nos anos setenta e que era superior a este longa, muito pelo ótimo elenco que tinha jovens na época como Matthew McConaughey, Joey Lauren Adams, Cole Hauser, Milla Jovovich e Ben Affleck. 

Este novo trabalho é competente, simpático e agradável ao mostrar a juventude de uma época bem diferente do dias atuais. É basicamente um filme sobre jovens descobrindo a liberdade da vida adulta dentro de uma universidade, com os exageros típicos da idade.

Finalizando, o longa lembra também o clássico “Clube dos Cafajestes” de John Landis.

sábado, 28 de janeiro de 2017

A Bruxa de Blair (1999 & 2016)


A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, EUA, 1999) – Nota 6
Direção – Daniel Myrick & Eduardo Sanchez
Elenco – Heather Donahue, Michael C. Williams, Joshua Leonard.

Três estudantes de cinema (Heather Donahue, Michael C. Williams e Joshua Leonard) viajam até a floresta de Burkittsville com o objetivo de filmar um documentário sobra a lenda da “Bruxa de Blair”. De acordo com a lenda, na década de quarenta um sujeito assassinou sete crianças na região e ao ser preso alegou ter sido possuído pelo espírito de uma bruxa. A história do documentário é contada através de fitas de vídeo que foram encontradas no local um ano depois dos acontecimentos. 

Apesar do grande sucesso, este longa deve ser lembrado muito mais por ter sido o primeiro a explorar a internet para chamar a atenção do público, mostrando a força da ferramenta que na época atingia um parcela pequena da população e também quase que por criar o estilo “câmera na mão”, hoje copiado a exaustão, muitas vezes com melhor qualidade. 

Para quem não viveu a época ou não se lembra, a história que se espalhou pela internet é que as fitas utilizadas no filme eram reais, o que atraiu a curiosidade de muita gente. 

Eu considero um filme cansativo e com uma história fraca. A câmera tremendo em meio a escuridão por boa parte do longa não me agrada. Vejo como um produto de marketing que deu certo naquele momento e nada mais. Por sinal, dos envolvidos no projeto, apenas o ator Joshua Leonard conseguiu seguir uma carreira razoável, os demais ficaram pelo caminho. 

Bruxa de Blair (Blair Witch, EUA / Canadá, 2016) – Nota 5
Direção – Adam Wingard
Elenco – James Allen McCune, Callie Hernandez, Corbin Reid, Brandon Scott, Wes Robinson, Valorie Curry.

Quinze anos após os acontecimentos do filme original, o irmão da garota que desapareceu com os dois amigos (James Allen McCune) encontra uma vídeo na internet que pode ser uma pista para descobrir o paradeiro da irmã. Junto com a namorada e um casal de amigos, James vai ao encontro de outro casal que teria postado o vídeo. Com o grupo montado, eles seguem para a floresta de Burkittsville. Logo na primeira noite, fatos estranhos começam a ocorrer e eles descobrem estarem perdidos no meio do nada. 

Esta sequência tardia do filme de 1999 pouco acrescenta ao original, que na minha opinião já não era um grande filme. Até a metade da história, o roteiro explora os clichês dos filmes de terror adolescente, através de conflitos entre os personagens e pequenos sustos. A parte final tenta copiar o estilo do original, através do desespero dos personagens em meio a escuridão, com imagens captadas em câmeras manuais. Se não tivesse o selo da franquia, com certeza seria apenas um filme B de terror e suspense, igual a muitos que são produzidos anualmente.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Germinal

Germinal (Germinal, França / Bélgica / Itália, 1993) – Nota 7,5
Direção – Claude Berri
Elenco – Renaud, Gerard Depardieu, Miou-Miou, Jean Carmet, Laurent Terzieff.

Em meados do século XIX, Etienne Lantier (Renaud) chega a uma vila francesa e descobre que o único trabalho do local é em uma mina de carvão. Sem outra opção, ele aceita o emprego e logo faz amizade com Toussaint Maheu (Gerard Depardieu), pai de vários filhos e casado com Maheude (Miou-Miou). 

A exploração dos patrões que pagam uma miséria para os trabalhadores e as terríveis condições de trabalho, despertam em Lantier a vontade de lutar. Aos poucos, ele se torna um líder entre os trabalhadores, que ameaçam fazer uma greve caso não tenham suas exigências atendidas. A situação mudará para sempre a vida dos envolvidos. 

Este interessante longa francês é baseado em um livro de Emile Zola que foca na luta entre capitalismo e socialismo. Não li o livro para comparar, mas o filme tem a seu favor um roteiro que detalha o início da luta entre patrões e empregados na Europa, com a criação dos sindicatos e até a defesa da anarquia por alguns. 

Mesmo com os trabalhadores sendo mostrados como vítimas, fato comum ao socialismo, o roteiro também explora os conflitos entre eles, principalmente as discussões a favor e contra a greve, deixando claro que não existiam santos de lado algum. 

É necessário destacar a belíssima reconstituição de época e as cenas de violência. O filme perde um pouco o ritmo por ser longo e por alguns pulos no tempo mal explicados, mas no geral é uma obra competente sobre uma época extremamente difícil para o trabalhador comum. 

Para o cinéfilo mais curioso, a história lembra em alguns detalhes o clássico de John Ford “Como Era Verde o Meu Vale”, obra com qualidade superior.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo

Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (Deepwater Horizon, Hong Kong / EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Peter Berg
Elenco – Mark Wahlberg, Kurt Russell, John Malkovich, Gina Rodriguez, Kate Hudson, J. D. Evermore, Ethan Supplee, Dylan O’Brien, Robert Walker Branchaud, Peter Berg.

Golfo do México, abril de 2010. A base de exploração de petróleo chamada Deepwater Horizon sofre um terrível acidente, por sinal, o maior da história dos Estados Unidos em relação a extração de combustível. 

A trama é basicamente esta, focando principalmente em três personagens. O chefe de manutenção Mike Williams (Mark Wahlberg), o capitão Jimmy Harrell (Kurt Russell) e o representante da empresa chamado Vidrine (John Malkovich). 

A primeira hora é reservada para sermos apresentados a um pouco da vida de Mike e a discussão do capitão Jimmy com Vidrine sobre a exploração ou não de um novo poço. A hora final dá espaço a um show de efeitos especiais para mostrar o desastre e a luta dos trabalhadores pela sobrevivência. 

É um típico filme que nos anos setenta seria considerado “Cinema Catástrofe” e que hoje em dia é chamado de Blockbuster. O ponto principal são as cenas de ação extremamente eficientes, que prendem a atenção do espectador e que não chegam a ser exageradas, dado o tamanho da tragédia real.

Para quem gosta do estilo, o longa é uma ótima opção.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Sequestro de Patty Hearst, Sequestro Sem Pista & Sequestrados


O Sequestro de Patty Hearst (Patty Hearst, EUA, 1988) – Nota 6
Direção – Paul Schrader
Elenco – Natasha Richardson, William Forsythe, Ving Rhames, Jodi Long, Dana Delany, Olivia Barash, Frances Fisher, Peter Kowanko.

Nos anos setenta, a jovem Patty Hearst (a falecida Natasha Richardson) foi sequestrada por um grupo revolucionário que tinha como objetivo receber dinheiro pelo resgate, pois a garota era nada menos que neta de William Randolph Hearst, o magnata da imprensa que foi a inspiração para “Cidadão Kane”. Para surpresa geral, a garota se une aos revolucionários e termina presa ao participar de um assalto. Na cadeia, ela alega que participou do crime por vontade própria. 

Esta maluca história real foi relatada em livro pela própria Patty Hearst e transformada neste estranho longa, que apresenta uma narrativa fria e personagens que não passam emoção alguma. A história merecia um filme melhor. 

Sequestro Sem Pista (Without a Trace, EUA, 1983) – Nota 7,5
Direção – Stanley R. Jaffe
Elenco – Kate Nelligan, Judd Hirsch, David Dukes, Stockard Channing, Daniel Bryn Corkill.

Em Nova York, o garotinho Alex (Daniel Bryan Corkill) desaparece no caminho para escola. Mesmo divorciados, o desespero faz sua mãe Susan (Kate Nelligan) e seu pai Graham (David Dukes) se unirem na busca pelo filho. Para piorar ainda mais a situação, o detetive encarregado do caso (Judd Hirsch) desconfia da participação de um deles no sequestro. 

Este interessante drama foi reprisado várias vezes na tv aberta nos anos oitenta e noventa. É um filme angustiante em alguns momentos e apresenta a melhor atuação da carreira da hoje esquecida Kate Nelligan. Vale destacar ainda a atuação de Judd Hirsch, na época famoso na tv pela sitcom “Taxi”.

Sequestrados ou A Fortaleza (Fortress, Austrália, 1985) – Nota 7
Direção – Arch Nicholson
Elenco – Rachel Ward, Sean Garlick, Rebecca Rigg, Robin Mason.

Numa cidade do interior da Austrália, uma quadrilha de homens mascarados sequestra uma professora (Rachel Ward) e seus nove alunos. Eles são levados para uma caverna, enquanto os sequestradores pedem um resgate. Ao invés de ficarem quietos, professora e alunos tentam fugir de todas as formas. 

Este angustiante telefilme australiano explora os cenários naturais do país, criando uma crescente de tensão não muito comum em filmes com crianças. Vale destacar a atuação da então famosa Rachel Ward no papel principal. Como curiosidade, este é um dos muitos longas que passaram dezenas de vezes na sessões de filmes do SBT nos anos noventa.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Inimigo

O Inimigo (Neprijatelj, Sérvia / Bósnia / Croácia / Hungria, 2011) – Nota 7,5
Direção – Dejan Zecevic
Elenco – Aleksandar Stojkovic, Vuk Kostic, Tihomir Stanic, Ljubomir Bandovic, Slavko Stimac, Marija Pikic.

Poucos dias após a assinatura do tratado de paz que terminou com a Guerra dos Balcãs em 1995, um grupo de soldados sérvios tem a missão de desativar minas terrestres em uma região rural do país. 

Durante uma visita a uma fábrica abandonada, os soldados encontram um sujeito (Tihomir Stanic) que foi emparedado. O homem diz se chamar Daba e que foi preso por inimigos. Levado a uma casa onde fica uma espécie de base do grupo, o desconhecido aos poucos demonstra atitudes estranhas que despertam desconfiança no soldados. Quando dois outros soldados surgem tentando matar o homem, a situação fica ainda mais tensa. 

Este interessante longa de suspense explora as consequências psicológicas do terror da guerra na mente dos soldados para criar uma história que beira o sobrenatural. Não espere fantasmas ou sustos hollywoodianos, a proposta é fazer com que os personagens sejam influenciados pelo sinistro desconhecido somente com a sugestão de que ele seja mais poderoso do que parece. 

Situações como o ódio entre etnias, as consequências das temíveis minas terrestres e a desesperança das pessoas que tiveram suas vidas destruídas pela guerra são outros componentes da história. 

É um filme indicado para o cinéfilo que gosta de obras que fogem do lugar comum.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Apenas uma Noite

Apenas uma Noite (Last Night, EUA, 2010) – Nota 6
Direção – Massy Tadjedin
Elenco – Keira Knightley, Sam Worthington, Eva Mendes, Guillaume Canet, Griffin Dunne, Daniel Eric Gold, Stephanie Romanov.

Durante uma festa em Nova York, Joanna (Keira Knightley) desconfia que seu marido Michael (Sam Worthington) tenha um caso com a bela Laura (Eva Mendes), uma nova colega de trabalho do rapaz. Eles discutem em casa e aparentemente fazem as pazes. 

No dia seguinte, Michael viaja a trabalho para Filadélfia com Laura e com o amigo Andy (Daniel Eric Gold). Enquanto Michael parece despertar o desejo por Laura, sua esposa Joanna reencontra em Nova York um antigo amante. O francês Alex (Guillaume Canet) se reaproxima e aproveita a viagem de Michael para tentar seduzir Joanna. 

O roteiro escrito pela diretora iraniana Massy Tadjedin explora a dificuldade que os casais atuais tem em resistir as tentações durante momentos de crise. Relembrar um amor antigo ou curtir uma pessoa nova são dilemas que mexem com as pessoas, despertando ao mesmo tempo desejo por aventura e medo de perder o companheiro por causa da traição. 

O tema é comum ao cinema e já rendeu bons filmes, o problema aqui está na escolha da diretora em transformar a “noite da tentação” em uma discussão sem fim entre os dois casais clandestinos. Esse excesso de diálogos acaba cansando o espectador e resultando num longa no máximo razoável.   

domingo, 22 de janeiro de 2017

Almas Perversas & Desejo Humano


Almas Perversas (Scarlet Street, EUA, 1945) – Nota 7,5
Direção – Fritz Lang
Elenco – Edward G. Robinson, Joan Bennett, Dan Dureya, Margaret Lindsay.

No dia em que completa vinte e cinco anos de trabalho como caixa de banco, Christopher Cross (Edward G. Robinson) recebe um relógio como presente do patrão, além de uma confraternização com os colegas.

No caminho de volta para casa, ele vê uma jovem (Joan Bennett) sendo agredida por um sujeito (Dan Dureya). Motivado pela comemoração e pela bebida, ele ataca o sujeito e defende a mulher, que retribui o agrado com uma caminhada até sua casa. Christopher se apaixona pela jovem, sem saber que ela é gananciosa e amante do sujeito que a agrediu. Para piorar, Christopher vive ainda uma casamento falido com uma viúva desprezível (Margaret Lindsay).

O ótimo roteiro explora o tema clássico do sujeito de meia-idade que leva uma vida ordinária e que decide arriscar tudo ao se apaixonar por uma jovem. A questão principal aqui é a falta de caráter de vários personagens, com exceção do protagonista que se deixa levar pela paixão e mostra uma ingenuidade enorme. O veterano Edward G. Robinson, famoso por interpretar gângsteres e personagens durões, aqui encarna um sujeito totalmente oposto. É uma história que chega a ser cruel e que resulta num interessantíssimo drama.

Desejo Humano (Human Desire, EUA, 1954) – Nota 7,5
Direção – Fritz Lang
Elenco – Glenn Ford, Gloria Grahame, Broderick Crawford, Edgar Buchanan.

Após lutar na Guerra da Coreia, Jeff Warren (Glenn Ford) volta para sua cidade natal no meio-oeste americano e retoma o trabalho em uma estação ferroviária. Ele termina por testemunhar um assassinato cometido por um casal. Carl (Broderick Crawford) e Vicki (Gloria Grahame) matam um ex-amante dela. 

Ao invés de delatar para polícia, Jeff prefere ficar calado e utilizar o fato para se aproximar de Vicki, por quem ele sente atração. É o início de um complicado triângulo onde os dois sujeitos tentam dominar a mulher e a situação. 

Baseado num livro de Emile Zola, este longa também é uma versão de “A Besta Humana”, clássico francês de Jean Renoir que é considerado por muitos um filme melhor e mais forte. Eu não assisti ao original para comparar. Gostei da versão de Fritz Lang, que cria um noir competente, daqueles em que personagem algum é confiável, com a curiosidade de utilizar a estação ferroviária como locação em várias sequências. Para quem gosta do gênero, é mais uma boa opção.

sábado, 21 de janeiro de 2017

A Qualquer Preço

A Qualquer Preço (At Any Price, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Ramin Bahrani
Elenco – Dennis Quaid, Zac Efron, Kim Dickens, Maika Monroe, Heather Graham, Chelcie Ross, Clancy Brown, Ben Marten, Red West, Dan Waller

Em Iowa, Henry Whipple (Dennis Quaid) é um grande fazendeiro que revende sementes de milho modificadas para os produtores locais. Sempre pensando em aumentar o negócio, Henry compra novas terras que pretende dar ao filho mais velho que está prestes a voltar para casa após servir o exército. Ele disputa mercado com outro grande fazendeiro (Clancy Brown). 

Seu filho mais novo Dean (Zac Efron) ajuda na fazenda, mas pretende se tornar corredor de Nascar. Ele disputa corridas locais e espera a grande chance. O conflito por causa da diferença de ideais é apenas um dos problemas que pai e filho precisarão enfrentar e resolver. 

O tema explorado pelo diretor Ramin Bahrani sobre a questão das sementes é incomum para o cinema, porém ao mesmo tempo é atual. A disputa entre fazendeiros para revender sementes e a negociação com a empresa que criou o produto modificado geneticamente foca na questão dos grandes negócios, onde todos tentam levar vantagem. 

O conflito entre pai e filho é clássico, inclusive mostrando que o sangue fala mais forte no momento de crise. Esta situação fica clara também nas atitudes da personagem de Kim Dickens, que interpreta a esposa do protagonista e mãe do jovem corredor. Muitas vezes as pessoas sacrificam até mesmo seu caráter para defender a família. 

Apesar de ter recebido críticas ruins, o longa é um interessante drama familiar, inclusive pesado em alguns momentos. 

Na sequência, Bahrani dirigiu outro drama sobre família e dinheiro, o mais bem elaborado “99 Homes”.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Águas Rasas

Águas Rasas (The Shallows, EUA, 2016) – Nota 7
Direção – Jaume Collet Serra
Elenco -  Blake Lively, Oscar Jaenada, Brett Cullen, Sedona Legge, Angelo Josue Lozano Corzo, Pablo Calva.

Nancy (Blake Lively) consegue chegar em um praia isolada, praticamente desconhecida, local que sua mãe visitou quando estava grávida dela. 

Deixada na praia por um morador local (Oscar Jaenada), Nancy entra no mar para enfrentar as ondas em sua prancha. Dois surfistas estão próximos, mas logo vão embora, enquanto a garota decide ficar. 

Um incidente faz com que Nancy seja atacada por um tubarão. Ela escapa do ataque, mas tem a perna ferida e fica presa em uma rocha no meio do mar, cercada pelo animal faminto. 

O diretor catalão Jaume Collet Serra consegue prender a atenção do espectador explorando um fio de história, com a atriz Blake Lively sozinha na tela por quase todo o longa. A curta duração também ajuda bastante para não deixar o filme cansativo.  

Vale destacar a interpretação da atriz, tanto nas cenas dramáticas, como nas sequências de ação em que ela demonstra talento para natação, inclusive em cenas submarinas. Não sei se era ela mesma nas cenas de surfe. Em caso positivo, destaque também para o talento em cima da prancha. 

O único ponto que desagradou um pouco foi a sequência final, quando o diretor se rendeu ao exagero para finalizar a trama. 

No geral, é um bom filme de suspense com uma ameaça assustadora e uma belíssima locação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Ele Está de Volta

Ele Está de Volta (Er Ist Wieder Da, Alemanha, 2015) – Nota 7,5
Direção – David Wnendt
Elenco – Oliver Masucci, Fabian Busch, Katja Riemann, Christoph Maria Herbst, Franziska Wulf.

Setenta anos após o final da Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler (Oliver Masucci) acorda assustado no meio de um canteiro, sem saber que a guerra terminou e que estamos em 2015. 

Vestido com seu uniforme, Hitler anda pelas ruas de Berlim e acaba descoberto por um inseguro repórter freelancer (Fabian Busch), que acredita poder vender para um canal de tv a história do maluco que aparentemente imita o Fuhrer. Por mais louco que pareça, uma diretora de tv (Katja Reimann) vê no sujeito a chance de aumentar sua audiência. 

Esta sensacional premissa é desenvolvida como uma crítica social e política com toques de comédia de uma forma que brinca com a bizarra situação. Hitler é mostrado como uma figura que tem o dom da oratória e não tem medo de defender seus ideias. Suas palavras fortes inseridas no contexto atual em que a Alemanha enfrenta a questão dos refugiados, são as mesmas que ele utilizou na década de trinta para colocar o povo ao seu lado no que seria o Terceiro Reich. 

Várias sequências fazem paralelo entre a Alemanha Nazista e o país atual. Em algumas delas, as pessoas conversam com Hitler pensando que estão na frente de um personagem e soltam frases preconceituosas contra estrangeiros. Outro exemplo é a cena em que Hitler descobre a televisão e rapidamente entende o poder dela como instrumento para espalhar suas ideias. 

É um filme que deixa que claro que a forma que Hitler utilizou para manobrar massas é praticamente a mesma que os políticos atuais e a mídia exploram. Falam o que povo deseja ouvir, mas na verdade desejam apenas poder e dinheiro. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Elle

Elle (Elle, França / Alemanha / Bélgica. 2016) – Nota 7,5
Direção – Paul Verhoeven
Elenco – Isabelle Huppert, Laurent Lafitte, Anne Consigny, Charles Berling, Virginie Efra, Judith Magre, Christian Berkel, Jonas Bloquet, Alice Isaaz, Vimala Pons.

Na cena inicial, Michele (Isabelle Huppert) é estuprada por um sujeito mascarado no chão de sua cozinha. O que normalmente seria um trauma que poderia até destruir sua vida, para Michele é apenas mais um obstáculo a ser ultrapassado. 

Aos poucos, o espectador passa a conhecer a complexa figura de Michele. Ela é dona de uma empresa que desenvolve games, onde desperta um misto de amor e ódio nos funcionários. Sua vida pessoal é conturbada. Ela se mostra decepcionada com o filho, manipula o ex-marido, utiliza o marido da melhor amiga como amante e ainda cria uma estranha relação com o vizinho casado. 

A vitória deste longa em Cannes está ligada a dois fatores: a interpretação de Isabelle Huppert e as polêmicas da história que envolvem sexo e traição. A ótima atriz francesa consegue transmitir com competência as complicadas atitudes da protagonista. Ela jamais se coloca como vítima, mesmo nos momentos em que relembra o estupro, suas atitudes são de reação. 

Ela manipula as pessoas ao seu redor, inclusive mostrando crueldade no trato com a mãe e ódio pelo pai, com quem é obrigada a carregar um pesado trauma de infância. O sexo é outra forma que a personagem utiliza para controlar as pessoas e conseguir o que deseja. Mesmo quando parece que estar sendo usada, na verdade ela está no comando. 

Não considero que seja um grande filme, na verdade é uma interessante obra que pode ser considerada um detalhado estudo sobre uma personalidade complexa e totalmente fora do comum, valorizada pela ótima interpretação de Isabelle Huppert.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Um Ato de Coragem & O Sequestro do Ônibus 657


Um Ato de Coragem (John Q, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Nick Cassavetes
Elenco – Denzel Washington, Robert Duvall, James Woods, Anne Heche, Kimberly Elise, Eddie Griffin, David Thornton, Shawn Hatosy, Ray Liotta, Laura Harring, Ethan Suplee, Obba Babatunde, Kevin Connolly.

John Quincy Archibald (Denzel Washington) sofre com problemas financeiros, mas mesmo assim leva uma vida aparentemente feliz com a esposa (Kimberly Elise) e o filho. Sua vida entra em parafuso quando o filho sofre um mal súbito durante um jogo de beisebol e no hospital descobrem que a garoto precisa de um transplante de coração urgente. O seguro saúde de John não cobre as despesas para o transplante, que desesperado por não ter como arrecadar o valor, decide tomar de refém parte do corpo clínico do hospital, exigindo em troca a cirurgia do filho. 

Por mais que a trama seja absurda, existe um boato de que algo semelhante ocorreu no Canadá nos anos noventa, servindo de inspiração para o filme. O longa precisa ser analisado por perspectivas distintas. A loucura cometida pelo pai é também uma crítica ao sistema de saúde americano, que assim como acontece no Brasil, oferece facilidades para quem tem dinheiro, enquanto os trabalhadores sofrem para conseguir atendimento minimamente humano. É apenas cinema, mas imaginem a dor de um pai ao saber que o filho pode morrer porque ele não tem dinheiro. É algo revoltante.

Por outro lado, analisando como cinema, o filme é competente ao criar uma crescente de tensão valorizada pela interpretação de Denzel Washington e na relação desenvolvida com o negociador da polícia vivido por Robert Duvall. No elenco, vale destacar ainda Ray Liotta como o chefe de polícia e James Woods que interpreta um médico. O longa perde alguns pontos por levar a um final previsível, tipicamente hollywoodiano.

O Sequestro do Ônibus 657 (Heist, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Scott Mann
Elenco – Jeffrey Dean Morgan, Robert De Niro, Dave Bautista, Gina Carano, Morris Chestnut, Lydia Hull, Kate Bosworth, D . B. Sweeney, Mark Paul Gosselaar, Stephen Cyrus Sepher.

Precisando de dinheiro para pagar um transplante para a filha pequena, Vaughn (Jeffrey Dean Morgan) é ignorado por seu patrão Pope (Robert De Niro), que é dono de um barco cassino. Desesperado e revoltado, Vaughn se une a um segurança do cassino (Dave Bautista), que junto com outros dois comparsas decidem roubar o local. O plano dá errado e ao fugirem do cassino os assaltantes são perseguidos por capangas de Pope. Eles terminam por sequestrar um ônibus e passam a ser caçados também pela polícia. 

Por mais que a premissa seja um grande clichê, o desenvolvimento da trama durante sua primeira hora prende a atenção pela agilidade da narrativa e pelas boas cenas de ação, incluindo a perseguição ao ônibus que lembra o ótimo “Velocidade Máxima”

A história desanda na meia-hora final. Por mais que o roteiro escrito pelo também ator Stephen Cyrus Sepher, que interpreta um do assaltantes, tenha uma surpresa esperta em relação ao plano de assalto, ela se perde em meio a um final vergonhoso. São alguns absurdos que forçam para terminar a história de forma positiva, com direito a um diálogo totalmente piegas e incompatível com o restante do filme. A nota seis vale apenas pela primeira hora.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Traços da Lei

Traços da Lei (Brasil, 2013) – Nota 5,5
Direção – Alessandro Luz Braz
Elenco – Alessandro Luz Braz, Gabriela Ramos, Elaine Baldanza, Jackson Junior, Binho Chaveiro.

Marlon das Neves (Alessandro Luz Braz) é um policial civil que investiga uma rede de pedofilia no subúrbio do Rio do Janeiro. Em meio ao trabalho, ele se envolve com a policial militar Carla (Gabriela Ramos). 

Esta produção independente de baixo orçamento foi filmada durante um ano e meio sem verba pública, apenas com apoio de pequenas empresas e dos envolvidos e lançada diretamente no Youtube. 

As interpretações são amadoras, assim como algumas cenas em que pedófilos são espancados que foram filmadas com a imagem distorcida e ângulos estranhos para esconder a falta de talento dos atores para luta. 

O roteiro explora clichês do gênero, como o protagonista que sofre com o passado e que precisa decidir entre seguir a lei ou fazer justiça com as próprias mãos. 

O filme vale como curiosidade e pelo esforço dos envolvidos em fazer cinema com pouco dinheiro. 

A mesma produtora está filmando um novo longa policial que deverá ser lançado em 2017.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Ruína Azul

Ruína Azul (Blue Ruin, EUA / França, 2013) – Nota 7,5
Direção – Jeremy Saulnier
Elenco – Macon Blair, Devin Ratray, Amy Hargreaves, Kevin Kolack, Eve Plumb, David W. Thompson.

Um solitário (Macon Blair) que mora em um carro velho e sobrevive de pequenos furtos, é avisado por uma policial, que aparentemente o conhece, sobre o caso de um detento que fora libertado após cumprir pena por duplo assassinato. Sem dizer palavra alguma, o sujeito decide procurar o ex-presidiário para se vingar. 

Este interessante e violento longa explora a clássica premissa da justiça pelas próprias mãos de uma forma detalhista. Aos poucos, o espectador descobre a motivação da vingança, como ela afetou a vida do solitário andarilho e de algumas pessoas ao seu redor. 

Apesar de várias cenas violentas, a narrativa é sóbria, quase calculista, assim como a vingança planejada pelo protagonista. 

O diretor e roteirista Jeremy Saulnier se mostra extremamente promissor, com ótimo domínio da parte técnica e da narrativa. Seu trabalho seguinte foi o ainda mais violento “Sala Verde”. Agora é esperar para conferir se Saulnier confirmará seu talento nos próximos trabalhos.

sábado, 14 de janeiro de 2017

A Estalagem Maldita

A Estalagem Maldita (Jamaica Inn, Inglaterra, 1939) – Nota 6,5
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Charles Laughton, Maureen O’Hara, Robert Newton, Leslie Banks, Marie Ney.

Cornwal, litoral da Inglaterra, 1819. Após a morte dos pais, a jovem irlandesa Mary (Maureen O’Hara) chega na região para viver com os tios em um hotel chamado “Jamaica Inn”. 

Rapidamente ela descobre que o tio (Leslie Banks) utiliza o local para esconderijo de ladrões e assassinos que formam uma gangue especializada em causar naufrágios para roubar as cargas dos navios. 

A princípio, Mary acredita que possa ser ajudada por Sir Pengallan (Charles Laugton), o magistrado da cidade. Ela não imagina que o homem é o líder por trás da quadrilha. 

Produzido há quase oitenta anos, este longa é uma obra menor na carreira de Hitchcock, fruto ainda de seus trabalhos da chamada “fase inglesa” da carreira. 

Visto hoje, várias sequências filmadas em estúdio se mostram estranhas, assim como as interpretações que são caricatas, com exceção de uma bem jovem Maureen O’Hara, que já vivia uma personagem forte, o que repetiria várias vezes em sua carreira. 

É um filme que hoje vale apenas como curiosidade cinematográfica para os fãs do diretor. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Lenny, O Show Deve Continuar & Star 80


Lenny (Lenny, EUA, 1974) – Nota 7,5
Direção – Bob Fosse
Elenco – Dustin Hoffman, Valerie Perrine, Jan Miner, Stanley Beck.

No início dos anos sessenta, o comediante Lennie Bruce (Dustin Hoffman) ganha fama na vida noturna ao falar de temas tabus como sexo, drogas e preconceito em um show de stand up. A língua solta do comediante também chama a atenção das autoridades, resultando em prisões e processos por ser acusado de desrespeitar os chamados “bons costumes”.

O falecido diretor e coreógrafo Bob Fosse escolheu contar a história real de Lenny Bruce como se fosse um documentário. A vida Lenny é mostrada em flashback desde o início de carreira quando era considerado um imitador medíocre, passando pelo complicado relacionamento com sua esposa Honey (Valerie Perrine) que era stripper, até chegar ao sucesso e aos problemas com as autoridades e com as drogas. Tudo isto é intercalado com depoimentos da esposa, do seu agente (Stanley Beck) e de sua mãe (Jan Milner).

Várias sequências são dos shows de Lennie, que era um sujeito complicado e ao mesmo tempo a frente do seu tempo em relação a falar abertamente sobre tudo. Ele falava há cinquenta anos, sem pudor algum, o que os comediante atuais falam.

O filme e a história de Lennie beiram a depressão. Ele parece angustiado até mesmo nos momentos de felicidade. Vale destacar a atuação exuberante de Dustin Hoffman e a melancolia de Valerie Perrine, que protagoniza algumas cenas ousadas para época. O filme é todo em preto e branco.

O Show Deve Continuar (All That Jazz, EUA, 1979) – Nota 7
Direção – Bob Fosse
Elenco – Roy Scheider, Jessica Lange, Ann Reinking, Leland Palmer, Bem Vereen, Cliff Gorman, Sandahl Bergman, John Lithgow, Max Wright.

Joe Gideon (Roy Scheider) é um famoso diretor de cinema e coreógrafo que trabalha na edição de seu último filme e nos ensaios de um novo musical. Abusando de bebidas, cigarros, drogas e sexo, Joe sofre um infarto que o deixa à beira da morte. Enquanto luta para sobreviver, ele relembra sua vida através de memórias que se transformam em números musicais e conversas com as mulheres de sua vida. 

Este longa é um registro quase autobiográfico da vida e carreira de Bob Fosse. Tendo dirigido apenas cinco filmes e trabalhado como coreógrafo em vários outros, Fosse foi um sujeito que viveu no limite e que faleceu aos sessenta anos em 1987. 

O longa fez grande sucesso, tendo sido indicado para nove Oscars e vencido em quatro categorias. Para quem gosta de musicais ousados, o filme é uma ótima pedida. Para meu gosto, é um filme apenas interessante. 

Star 80 (Star 80, EUA, 1983) – Nota 7
Direção – Bob Fosse
Elenco – Mariel Hemingway, Eric Roberts, Cliff Robertson, Carroll Baker, Roger Rees, David Clennon, Josh Mostel.

No final dos anos setenta, Dorothy Stratten (Mariel Hemingway) é uma jovem canadense que sonha em se tornar modelo e atriz. Seu namorado Paul Snider (Eric Roberts) vê a chance de lucrar investindo na carreira da garota, que logo consegue trabalhos, inclusive posando para a revista Playboy comandada pelo milionário Hugh Hefner (Cliff Robertson). 

A grande chance de alavancar a carreira de atriz surge quando um renomado cineasta (Roger Rees) a contrata para um filme. O que seria um sonho realizado, se transforma em terror quando seu namorado passa a acreditar que está sendo traído. A obsessão do sujeito levará a uma tragédia. 

Baseado na história real da atriz e modelo Dorothy Stratten, este longa foi o último trabalho do diretor Bob Fosse. O filme foca nos bastidores da fama e na paixão doentia de Paul Snider pela jovem. Na vida real, o cineasta com quem Stratten teria tido um caso foi Peter Bogdanovich, que a dirigiu na comédia “Muito Riso e Muita Alegria” de 1981. O roteiro não cita o nome de Bogdanovich, provavelmente para evitar algum processo. 

O filme fracassou nas bilheterias, mas rendeu boas críticas para a atuação de Eric Roberts, que na época era um ator promissor, mas que infelizmente se tornou um “operário” do cinema.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Spectral

Spectral (Spectral EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Nic Mathieu
Elenco – James Badge Dale, Emily Mortimer, Max Martini, Bruce Greenwood, Clayne Crawford, Cory Hardrict, Gonzalo Menendez, Ursula Parker, Stephen Root.

Um soldado das Forças Especiais Americanas é assassinado por algo aparentemente sobrenatural durante uma Guerra Civil na Moldávia. Uma espécie de espectro é captado pelos óculos especiais utilizado pelo soldado. 

Para tentar entender o que aconteceu, um general (Bruce Greenwood) convoca o engenheiro que criou os óculos para analisar a imagem. Clyne (James Badge Dale) fica surpreso ao ver a imagem. Com o auxílio de uma agente da CIA (Emily Mortimer) e de um grupo de soldados liderados pelo Capitão Sessions (Max Martini), Clyne instala uma câmera de maior potência em um tanque e juntos seguem para o campo de batalha com o objetivo de filmar novamente a criatura. É o início de uma terrível batalha. 

Esta produção da Netflix resulta num eficiente longa de ação, ficção e terror, que tem como ponto principal as eletrizantes cenas de ação. A parte técnica muito bem trabalhada é um complemento, incluindo os cenários da cidade destruída e a imagem da “ameaça” que ataca os soldados. 

O roteiro também não compromete, criando até mesmo uma explicação interessante para o que ocorreu, fato revelado na parte final. 

É basicamente um filme pipoca que agradará aos fãs do gênero. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Café Society

Café Society (Café Society, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Blake Lively, Corey Stoll, Jeannie Berlin, Ken Stott, Sari Lennick, Stephen Kunken, Parker Posey, Paul Schneider, Sheryl Lee.

Nos anos trinta, Bobby (Jesse Eisenberg) viaja de Nova York para Los Angeles com o objetivo de conseguir trabalho com seu tio Phil (Steve Carell), que é um importante agente de atores em Hollywood. 

Bobby começa como uma espécie de office boy do tio, que aos poucos o apresenta para os famosos em grandes festas. A vida na alta sociedade não seduz Bobby, que fica mais interessante na jovem secretária do tio, Vonnie (Kristen Stewart). Em paralelo, seu irmão Ben (Corey Stoll) faz carreira como gângster em Nova York, inclusive utilizando um clube noturno como fachada. 

O olhar crítico de Woody Allen para Hollywood mais uma vez é um dos pontos principais neste simpático longa, além é claro do carinho que demonstra pelos tempos passados. A Hollywood dos anos trinta é mostrada como um local de glamour e futilidades, assim como o paralelo que é feito com submundo novaiorquino, onde bandidos e celebridades se divertiam nos mesmos locais. 

Como é habitual nos filmes de Allen, o roteiro explora ainda os desencontros do amor, as traições e as piadas sobre judaísmo e família. 

A boa química entre Jesse Eisenberg e Kristen Stewart é outro destaque, assim como a interpretação de um contido Steve Carell. 

É mais um bom filme de Allen, indicado principalmente para seus fãs.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Sob a Sombra do Mal & Terror nas Sombras


Sob a Sombra do Mal (Bad Influence, EUA, 1990) – Nota 6,5
Direção – Curtis Hanson
Elenco – Rob Lowe, James Spader, Lisa Zane, Christian Clemenson, Marcia Cross, Kathleen Wilhoite.

Michael (James Spader) é um jovem funcionário de uma corporação que demonstra insegurança ao disputar uma promoção com um colega de trabalho inescrupuloso. Uma discussão em um bar o aproxima de Alex (Rob Lowe), que o defende. O novo amigo se torna uma espécie de conselheiro para Michael. Ele leva o jovem para curtir a noite, influencia o fim do noivado do rapaz e o pressiona a se defender no trabalho. Aos poucos, o nível de perigo das atitudes de Alex aumenta, assustando Michael que não sabe como se livrar do sujeito.

O roteiro escrito por David Koep (“Missão Impossível”, “O Quarto do Pânico”) explora um típico tema adolescente, em que um amigo mais forte e esperto manipula o nerd inseguro. Aqui a trama vai além, a manipulação chega a um ponto em que se transforma em caso de polícia.

Na época, Rob Lowe e James Spader eram atores promissores, que chegaram até a se tornar astros, porém Rob Lowe levou uma bela queda na carreira quando um vídeo íntimo com duas garotas veio a público no início dos anos noventa.

É um filme razoável, com todo o estilo dos anos oitenta.

Terror nas Sombras (The New Kids, EUA, 1985) – Nota 6
Direção – Sean S. Cunningham
Elenco – Shannon Presby, Lori Loughlin, James Spader, John Philbin, Eric Stoltz, Tom Atkins, Page Price.

Os irmãos Loren (Shannon Presby) e Abby (Lori Loughlin) vão morar com os tios em uma pequena cidade da Califórnia após a morte de seus pais em um acidente. Não demora para o irmão conseguir uma namorada (Page Price) e Abby também um namorado (Eric Stoltz). Os problemas surgem quando o traficante Eddie (James Spader) se sente atraído por Abby. Ao lado de alguns amigos violentos, Eddie começa a aterrorizar Abby, que precisa ser defendida pelo irmão, criando um perigoso conflito. 

Este é um dos vários filmes produzidos nos anos oitenta que exploravam a violência entre jovens. O ponto principal é a crescente tensão da narrativa que segue até o explosivo clímax. 

O filme tem algumas curiosidades. O diretor Sean S. Cunningham é conhecido por ser o criador da franquia “Sexta-Feira 13”, isso quando a palavra franquia sequer era utilizada no cinema. O longa original foi o único sucesso da carreira do diretor. 

O elenco tem James Spader e Eric Stoltz que ficariam famosos nos anos oitenta e noventa e que até hoje estão na ativa. A bela Lori Loughlin também era um rosto conhecido na época, tendo seu papel mais importante no seriado “Full House”. Enquanto isso, o protagonista Shannon Presby não fez carreira. 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Uma Repórter em Apuros

Uma Repórter em Apuros (Whiskey Tango Foxtrot, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – Glenn Ficarra & John Requa
Elenco – Tina Fey, Margot Robbie, Martin Freeman, Alfredo Molina, Christopher Abbott, Billy Bob Thornton, Nicholas Braun, Josh Charles, Stephen Peacocke, Sheila Vand.

Em 2003, Kim Baker (Tina Fey) é a editora de um programa de notícias de um canal de tv em Nova York. Ela decide trocar a vida tranquila ao aceitar um trabalho como repórter de campo para cobrir a Guerra no Afeganistão. O que seria um trabalho de três meses se transforma em três anos no meio do conflito. 

Baseado numa história real descrita em livro pela verdadeira Kim Baker, este surpreendente longa enfoca o trabalho e a vida dos repórteres que arriscam a própria vida em busca da notícia. 

O título nacional explora a presença de Tina Fey como protagonista para tentar vender este drama de guerra como se fosse uma comédia. Por mais que a história seja contada com bom humor intercalando sequências mais fortes e um pouco de drama pessoal, o filme está muito longe de ser uma comédia. 

O roteiro acerta ao mostrar um Afeganistão perigoso, pobre e atrasado, porém ao mesmo tempo humanizando os personagens, sem apelar para o clichê de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. Como exemplos, vemos o político afegão interpretado por Alfred Molina e o guia vivido por Christopher Abbott. 

É um filme interessante para quem gosta do tema e na minha opinião, sendo ainda o melhor trabalho da dupla Glenn Ficarra e John Requa.  

domingo, 8 de janeiro de 2017

Evocando Espíritos

Evocando Espíritos (The Haunting in Connecticut, EUA / Canadá, 2009) – Nota 6
Direção – Peter Cornwell
Elenco – Virginia Madsen, Kyle Gallner, Martin Donovan, Elias Koteas, Amanda Crew, Sophie Knight, Ty Wood.

Em meados de 1987, Sara (Virginia Madsen) e seu marido Peter (Martin Donovan) lutam para salvar o filho adolescente Matt (Kyle Gallner) que sofre de câncer. 

Para ficarem mais perto do hospital onde o garoto faz o tratamento, Sara aluga um velho casarão em Connecticut, levando ainda o casal de filhos pequenos e uma sobrinha (Amanda Crew), enquanto Peter viaja durante a semana para trabalhar. 

Não demora para Matt começar a ver fantasmas de pessoas que morreram na casa. Aos poucos, os fantasmas passam a aterrorizar toda a família. 

O longa segue o gênero das adaptações para o cinema de histórias reais sobre fenômenos sobrenaturais, porém sem o mesmo sucesso de obras como “Sobrenatural” e “Invocação do Mal”. O roteiro é previsível e ainda explora coincidências um pouco forçadas como a entrada em cena de um padre (Elias Koteas). 

Para o cinéfilo acostumado ao gênero, nem mesmo as cenas de suspense assustam. Por sinal, as cenas mais sinistras são as que mostram o passado da casa. 

Durante os créditos finais, são mostradas fotos que deixam em dúvida se foram feitas para o filme ou se são realmente da casa verdadeira. 

O longa teve um continuação em 2013 considerada ainda pior. Não assisti para comparar.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Imperium

Imperium (Imperium, EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Daniel Ragussis
Elenco – Daniel Radcliffe, Toni Collette, Tracy Letts, Sam Trammell, Nestor Carbonell, Chris Sullivan, Seth Numrich, Pawel Szajda, Devin Druir, Burn Gorman.

Nate Foster (Daniel Radcliffe) é um jovem agente do FBI sem experiência alguma em missões de campo. Mesmo assim, sua inteligência acima da média chama a atenção da agente Angela Zamparo (Toni Collette), que investiga grupos que pregam a supremacia racial. 

Ela acredita que mesmo sem experiência, Nate seria o sujeito ideal para se infiltrar nestas organizações e descobrir o plano de um provável ataque terrorista interno. O jovem acaba aceitando a perigosa missão. 

O explosivo tema já rendeu grandes filmes como “A Outra História Americana”. Aqui, a premissa se mostra melhor que o filme. O primeiro erro foi escalar Daniel Radcliffe para o papel principal. Ele funciona como o jovem nerd do início do filme, porém fica difícil vê-lo como agente infiltrado em meio a neonazistas e skinheads. 

O roteiro também foca em pelo menos três grupos racistas diferentes, situação que seria para deixar dúvida em relação ao grupo que teria o plano de ataque, porém esta escolha faz com que a trama fique confusa. Além disso, alguns pulos no tempo sem muita explicação e a facilidade com que o protagonista passa pelos três grupos são outros pontos negativos. 

Mesmo não sendo um filme ruim, o resultado fica bem abaixo do potencial da história. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Exame

Exame (Exam, Inglaterra, 2009) – Nota 7
Direção – Stuart Hazeldine
Elenco – Luke Mably, Jimi Mistry, Nathalie Cox, Pollyanna McIntosh, Adar Beck, Gemma Chan, Chukwudi Iwuji, John Lloyd Fillingham, Colin Salmon.

Quatro homens e quatro mulheres disputam uma vaga de emprego em uma grande corporação. Colocados em uma sala com estilo futurista e ao mesmo tempo com mesas e cadeiras escolares, eles recebem uma folha de papel com o seu número de candidato e ouvem um sujeito (Colin Salmon) explicar algumas regras aparentemente sem sentido. 

O homem sai da sala e deixa apenas um segurança armado com ordem de desclassificar o candidato que não seguir as regras. A partir daí, mesmo sem entender o que devem fazer, o grupo de pessoas inicia uma verdadeira batalha de egos, mentiras e manipulações para tentar vencer a disputa. 

O roteiro escrito pelo diretor Stuart Hazeldine faz um crítica as chamadas “dinâmicas de grupo” comuns aos processos seletivos das grandes empresas, criando uma disputa bizarra em várias momentos, incluindo toques de ficção em relação ao mercado explorado pela corporação.

Fica claro que o objetivo do longa é mostrar como o ser humano é egocêntrico. Logo no início, um personagem cita que este tipo de disputa pode fazer emergir o melhor ou o pior de cada pessoa. 

O cinéfilo mais atento com certeza não se surpreenderá com a pequena reviravolta no final envolvendo um personagem. 

Mesmo utilizando apenas um cenário, o longa não é cansativo e prende a atenção do início ao fim.