terça-feira, 30 de junho de 2015

Livrai-nos do Mal

Livrai-nos do Mal (Deliver Us From Evil, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Scott Derrickson
Elenco – Eric Bana, Edgar Ramirez, Olivia Munn, Joel McHale, Chris Coy, Dorian Missick, Sean Harris, Lulu Wilson, Olivia Horton.

Trabalhando no turno da noite, o detetive Ralph Sarchie (Eric Bana) e seu parceiro Butler (Joel McHale) atendem a um chamado em que um ex-soldado (Chris Coy) agrediu sua esposa sem motivo. O sujeito totalmente descontrolado é levado em custódia. Na noite seguinte, outros dois chamados aleatórios, o primeiro no zoológico e o segundo na casa de uma família, resultam em situações sem explicação. 

Após entrar em cena um padre rebelde (Edgar Ramirez), que tem amizade com uma das pessoas envolvidas nos incidentes, o detetive Sarchie percebe que algo fora do normal está ocorrendo e que ele e sua família poderão ser afetados. 

Especialista em filmes de terror e suspense, o diretor Scott Derrickson volta ao gênero neste competente longa que mistura uma trama policial com pitadas do clássico “O Exorcista”. Mesmo sendo um pouco inferior a “O Exorcismo de Emily Rose” e “A Entidade”, outros trabalhos do diretor que seguem o mesmo estilo, este “Livrai-nos do Mal” prende a atenção do espectador pelo clima sinistro, com a maioria das cenas filmadas a noite e através do bom roteiro, que amarra de forma inteligente a trama, até o assustador final, mesmo que um pouco exagerado. 

O longa perde pontos nas fracas atuações de Eric Bana e Edgar Ramirez. O único destaque do elenco fica para Joel McHale, que tem boas tiradas e se torna o alívio cômico da pesada história. 

O curioso é que o filme é inspirado em um suposto fato real ocorrido em 2013, descrito pelo verdadeiro detetive Sarchie.  

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Skinning

Skinning (Skinning, Sérvia, 2010) – Nota 6,5
Direção – Stevan Filipovic
Elenco – Nikola Rakocevic. Viktor Savic, Natasa Solak, Nikola Kojo, Bojana Novakovic, Predrag Ejdus, Dragan Micanovic.

Em Belgrado na Sérvia, o adolescente Novica (Nikola Rakocevik) demonstra facilidade para aprender matemática, ao mesmo tempo em que se mostra inseguro em relação a vida. Quando Relja (Viktor Savic), um jovem que pertence ao um grupo neonazista se aproxima de Novica no colégio e o convida para assistir uma palestra de um professor que prega o nacionalismo, o garoto tem seu primeiro contato com o tema, ficando curioso em relação ao mundo dos skinheads.

Ao conhecer os jovens do grupo de Relja, Novica sente atração por Mina (Bojana Novakovic). Rapidamente, Novica se envolve com Mina e se integra ao grupo que prega ódio aos estrangeiros, homossexuais, judeus, muçulmanos e aos inimigos croatas. 

O polêmico tema tinha potencial para render um ótimo filme, muito por ser um problema atual em alguns países da Europa como a Sérvia, que sofreu com a sangrenta guerra civil dos Balcãs nos anos noventa e que até hoje mantém abertas as feridas entre os povos da região.

O problema do filme está na direção, que utiliza estranhos flashbacks e que falha na condução das fracas cenas de ação, que parecem terem sido produzidas para tv. A narrativa também falha ao mudar muito rapidamente o comportamento do protagonista, que passa de jovem inseguro para skinhead violento em pouquíssimo tempo. 

O ponto positivo está na abordagem do roteiro sobre a forma como intelectuais de direita, políticos e policiais corruptos utilizam estes grupos como massa de manobra para criarem confusões, propagarem sua ideias ou mesmo os transformarem em criminosos para esconderem seus próprios delitos. 

No final, fica a clara sensação de que a trama poderia render um filme bem melhor.  

domingo, 28 de junho de 2015

Meu Filho, Olha o Que Fizeste

Meu Filho, Olha o Que Fizeste (My Son, My Son, What Have Ye Done, EUA / Alemanha, 2009) – Nota 6
Direção – Werner Herzog
Elenco – Michael Shannon, Willem Dafoe, Chloe Sevigny, Udo Kier, Michael Peña, Grace Zabriskie, Brad Dourif, Irma P. Hall, Loretta Devine.

Em San Diego na Califórnia, o desajustado Brad (Michael Shannon) assassina a mãe (Grace Zabriskie) e se refugia armado em sua casa, aparentemente com dois reféns. A polícia é chamada e dois detetives (Willem Dafoe e Michael Peña) tentam a princípio negociar com o sujeito. Logo, chegam ao local a noiva do homem (Chloe Sevigny) e o diretor de teatro (Udo Kier) que o comandava em uma peça. Os dos contam aos detetives como Brad enlouqueceu no último ano, após voltar de uma viagem ao Peru. 

Baseado em uma absurda história real, os malucos Werner Herzog (direção) e David Lynch (produção) entregam um filme estranho, com uma narrativa arrastada e vários momentos cansativos. 

A narrativa intercala o cerco policial com flashbacks que mostram o processo de enlouquecimento do personagem principal e sua fixação com a mãe dominadora, que aumenta após ele protagonizar uma peça de teatro baseada numa tragédia grega. 

Alguns pontos comuns a filmografia de Herzog estão aqui, como o personagem com problemas emocionais e a disputa do homem com a natureza, mostradas nas belas sequências na floresta peruana, local que Herzog adora e onde filmou "Fitzcarraldo" e "Aguirre - A Cólera dos Deuses.

O filme ganha pontos pela assustadora interpretação de Michael Shannon como o sujeito desequilibrado. Seu rosto duro e sua voz estranha são perfeitas para o papel. 

Vale destacar ainda Grace Zabriskie repetindo pela enésima vez o papel de mãe maluca e Brad Dourif como o excêntrico tio do personagem principal. 

sábado, 27 de junho de 2015

Stalker

Stalker (Stalker, EUA, 2014)
Criador - Kevin Williamson
Elenco - Dylan McDermott, Maggie Q, Victor Rasuk, Mariano Klaveno, Elisabeth Rohm, Mira Sorvino.

A grande quantidade de opções de séries, além de muitos filmes interessantes para assistir, faz com que tenhamos de fazer escolhas.

No meu caso, geralmente tento acompanhar duas, três ou no máximo quatro séries de cada vez.

Algumas vezes acabo perdendo o início da série e deixo de lado, como no caso de "Hannibal", que parece ter sido cancelada. Em outros casos, após poucos episódios desisto de acompanhar, geralmente por causa da trama. Um exemplo é "Grimm", achei a trama sem graça e os personagens fracos. É uma série mais voltada para o público adolescente.

Gosto de séries policiais, dramas, suspense e terror. Não tenho mais paciência para acompanhar sitcoms. Depois de assistir todos os episódios de "Seinfeld", hoje vejo um outro episódio esparso de alguma sitcom quando estou zapeando e nada mais,

Quando "Stalker" foi lançada, me chamou a atenção o foco principal, que seria a caçada da polícia aos "perseguidores" de pessoas, na maioria das vezes figuras desequilibradas que buscam ex-parceiros ou paixões platônicas para perseguir.

Acompanhei os vinte episódios por ser fã do gênero, mas infelizmente a série se resume a um amontoado de clichês, especialidade do roteirista Kevin Williamson, que fez a mesma coisa com "The Following", série que acompanhei apenas a primeira temporada. Seu estilo funcionou na série de filmes "Pânico", muito mais pelo talento do diretor Wes Craven e a sacada de transformar a franquia numa espécie homenagem aos clichês do gênero.

Aqui em "Stalker", por diversas vezes vemos perseguidores mascarados entrando nas casas sem explicação, vultos que passam no fundo da cena, portas batendo, policial atirando no criminoso no último segundo antes dele matar alguém, além dos dramas rasos entre os protagonistas, inclusive um caso de perseguição totalmente inverossímil.

O elenco também na ajuda. Dylan McDermott interpreta no controle remoto o policial que tenta reerguer sua vida, papel semelhante ao que fazia na série "Dark Blue". A havaiana Maqqie G como a chefe dos detetives se mostra totalmente inexpressiva e os coadjuvantes estão longe de serem marcantes.

Provavelmente para tentar alavancar a audiência, nos últimos episódios surgiu a personagem de Mira Sorvino, como uma policial que precisava resolver um caso envolvendo o ex-marido. Esta trama seria o gancho para a segunda temporada, porém a série acabou cancelada, deixando a história em aberto.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Atirar Num Elefante & Hamas: Por Trás da Máscara


Atirar num Elefante (To Shoot an Elephant, Espanha, 2009) – Nota 6,5
Direção – Alberto Arce & Mohammad Rujailah
Documentário

Este triste documentário mostra o sofrimento dos palestinos que vivem na Faixa de Gaza durante os bombardeios do exército israelense entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, que vitimou quase mil e quinhentos civis, destruindo casas, edifícios e até mesmo um hospital e um depósito onde estavam guardados roupas e mantimentos enviados por outros países como doação ao povo palestino. 

Além dos ataques sofridos pelos palestinos, o foco do doc é o dia a dia dos médicos que trabalham nas ambulâncias para atender as pessoas feridas que foram atingidas pelos israelenses. Estes médicos, vários deles voluntários, se tornam alvos de atiradores que não querem deixá-los resgatar os feridos e os mortos. 

A guerra entre israelenses e palestinos chegou a um ponto que parece sem solução, dos dois lados existem inocentes e culpados. Com um grande arsenal bélico, Israel não pensa duas vezes em atacar os palestinos, que por seu lado revidam com ataques suicidas e mísseis de baixo alcance. As cenas são chocantes, algumas revoltantes, com a sequência das crianças mortas. 

Analisado o doc como cinema, o resultado é no máximo mediano. Não existe uma narrativa coerente ou algo parecido, a montagem foi feita com episódios que os diretores consideraram mais fortes, entrecortados por depoimentos esparsos. 

Vale como denúncia de uma guerra suja que o restante do mundo parece não ter grande interesse em ajudar na resolução. 

Hamas: Por Trás da Máscara (Hamas: Behind The Mask, Canadá, 2005) – Nota 6,5
Direção – Shelley Saywell
Documentário

A documentarista canadense Shelley Saywell procura mostrar como funciona o pensamento, os ideais e a ação do grupo Hamas, o braço armado dos palestinos que enfrenta o poderio bélico de Israrel.

O doc apresenta depoimentos de palestinos e israelenses, explicitando as várias posições em relação ao conflito. A maioria dos civis palestinos desejam apenas viver em paz, porém isto é impossível por causa da posição do governo israelense, que os trata como inimigos. Por outro lado, o Hamas se torna uma espécie de exército que vê na luta armada o único caminho para libertação dos palestinos. 

Aqui vemos como os líderes do Hamas recrutam jovens, adolescentes e até crianças como soldados, incitando o sentimento de ódio em relação a Israel. Pelo lado de Israrel, pessoas comuns acham correto quando o governo ataca com mísseis os assentamentos palestinos como retaliação aos ataques do Hamas, mesmo resultando na morte de civis. 

O doc deixa claro que a paz é algo quase impossível no caldeirão de ódio que se tornou aquela região.   

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Julho Sangrento

Julho Sangrento (Cold July, EUA / França. 2014) – Nota 7
Direção – Jim Mickle
Elenco – Michael C. Hall, Sam Shepard, Don Johnson, Vinessa Shaw, Wyatt Russell, Nick Damici.

Julho de 1989, em uma pequena cidade do Texas, Richard Dane (Michael C. Hall) está dormindo com a esposa Ann (Vinessa Shaw) quando ouve um estranho barulho dentro da casa. Ele desce as escadas para verificar e encontra um sujeito encapuzado na sala. Assustado, Richard mata o sujeito com um tiro. 

O xerife (Nick Damici) rapidamente identifica o morto como sendo um perigoso bandido que estava foragido. O xerife considera a morte do bandido como legítima defesa e inocenta Richard. No dia seguinte, Richard fica muito preocupado ao descobrir que o bandido morto é filho de um ex-presidiário (Sam Shepard), que está na cidade para o enterro do sujeito. 

Esta premissa passa a impressão de que a história seguiria o caminho da vingança, comum a muitos filmes do gênero, com o veterano bandido pressionando a família do sujeito que por acaso matou seu filho, porém o roteiro apresenta duas interessantíssimas reviravoltas, que mudam completamente o relacionamento, a atitude e o destino dos personagens. 

Além da dupla principal, vale destacar ainda o veterano Don Johnson, que entra em cena no meio da trama com um papel importante. 

É legal também a estética dos anos oitenta nos cortes de cabelo dos personagens, nos carros e principalmente na trilha sonora. 

É um filme diferente, que ganha pontos por fugir do lugar comum das produções do gênero.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Grandes Olhos

Grandes Olhos (Big Eyes, EUA / Canadá, 2014) – Nota 7
Direção – Tim Burton
Elenco – Amy Adams, Christoph Waltz, Danny Huston, Krysten Ritter, Jason Schwartzman, Terence Stamp, Jon Polito, Delaney Raye, Madeleine Arthur.
Direção – Tim Burton

Em 1958, a dona de casa Margaret (Amy Adams) abandona o marido e leva a filha pequena (Delaney Raye) para morar em San Francisco. Sem nunca ter trabalhado e com experiência apenas nas pinturas que produzia como hobbie, Margaret consegue emprego em uma fábrica de móveis para decorar berços com pinturas infantis. 

Num domingo, ao expor seus quadros em uma feira em um parque, ela conhece o também pintor Walter Keane (Christoph Waltz), um sujeito extrovertido com boa conversa. Logo, eles se casam e juntos tentam vender seus quadros. Para surpresa de Walter, os quadros de Margaret, que mostram crianças com olhos enormes, é que chamam a atenção do público após um inusitado incidente. Aproveitando da insegurança da esposa, Walter diz ser o autor das obras, transformando os quadros da esposa em sucesso comercial. Por muitos anos a mentira é mantida em sigilo, até se tornar um fardo pesado demais para Margaret. 

Baseado num absurdo fato real, este longa é o trabalho mais convencional da carreira de Tim Burton, mas fica longe de ser um demérito. Diferente de seus outros filmes, em que a parte técnica colorida e chamativa é sensacional, aqui Burton está comedido, o incomum deixa de ser a estética para focar na história maluca. 

Vale destacar a ótima reconstituição de época, principalmente nos carros, no figurino, nos utensílios domésticos e nos penteados da protagonista muito bem interpretada por Amy Adams, que passa toda a angústia de sua personagem, que guarda o segredo durante anos. Christoph Waltz também se destaca como o ganancioso Walter Keane. 

Não o coloco entre os melhores trabalhos de Burton, considero um filme simpático e apenas mediano. Algumas escolhas do roteiro não funcionam, como o personagem de Jason Schwartzman, que fica calado mesmo aparentemente sabendo da mentira e as passagens de tempo que pulam anos sem muita explicação.  

terça-feira, 23 de junho de 2015

Alemanha Ano Zero

Alemanha Ano Zero (Germania Anno Zero, Itália / França / Alemanha, 1948) – Nota 8
Direção – Roberto Rossellini
Elenco – Edmund Meschke, Ernst Pittschau, Ingetraud Hinze, Franz Otto Kruger.

Existem pensamentos e frases que de tanto serem repetidas se tornam verdades no inconsciente popular, enquanto na realidade não passam de mito. A história de que durante uma crise ou após uma tragédia a solidariedade aumenta, na minha opinião é um destes mitos. O diretor italiano Roberto Rossellini, um dos pais do Neo-Realismo, provavelmente tinha a mesma opinião, que fica explicitada neste triste filme sobre as consequências da Segunda Guerra para a população alemã. 

Filmado em Berlin, quando grande parte da cidade ainda estava destruída, a trama tem como protagonista Edmund (Edmund Meschke), um garoto de doze anos que vaga pela cidade tentando conseguir dinheiro e comida para a família sobreviver. Sua família é composta por um pai doente, uma irmã que ganha trocados dançando com estrangeiros em um night club e um irmão que está escondido com medo de ser preso por ter sido soldado nazista durante a guerra. A família vive em um decadente edifício de dois andares em que o dono foi obrigado pelo governo a abrir os apartamentos para cinco famílias. 

A saga do garoto Edmund é uma das mais cruéis da história do cinema. Tentando ser esperto, mas com a ingenuidade comum a um menino de sua idade, Edmund é enganado e maltratado por várias pessoas que cruzam seu caminho, todas extremamente egoístas, que desejam apenas lucrar ou sobreviver em meio ao caos, mesmo que para isso façam seus semelhantes sofrerem. 

É um filme doloroso que deixa o espectador deprimido com a mesquinhez do ser humano.  

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Conselheiro do Crime

O Conselheiro do Crime (The Counselor, EUA / Inglaterra, 2013) – Nota 7
Direção – Ridley Scott
Elenco – Michael Fassbender, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Javier Bardem, Brad Pitt, Bruno Ganz, Rosie Perez, Ruben Blades, Goran Visnjic. Edgar Ramirez, Dean Norris, John Leguizamo.

Um advogado (Michael Fassbender) se aproveita da amizade com um grande traficante (Javier Bardem) para ingressar no ramo do amigo, pensando apenas no lucro, sem se preocupar com o preço que poderá pagar. O desejo do advogado é viver tranquilamente ao lado da esposa ingênua (Penélope Cruz), enquanto o traficante parece enfeitiçado pela sensualidade de sua gananciosa amante (Cameron Diaz). 

Esta é a premissa de uma complexa trama que se passa na fronteira entre México e Estados Unidos, mostrando a vida de luxo dos grandes traficantes e a violência sem limite dos cartéis que dominam a região. 

É uma pena que o roteiro de Cormac McCarthy, autor dos livros que resultaram nos longas “A Estrada” e “Onde os Fracos Não Têm Vez”, seja em parte desperdiçado pela direção de Ridley Scott, que não soube explorar o cinismo dos personagens e a ironia de várias situações. 

Vários diálogos poderiam se tornar clássicos nas mãos dos irmãos Cohen. O vendedor de diamantes metido a filósofo vivido por Bruno Ganz e o chefão do tráfico de Ruben Blades divagando sobre vida, morte e perda são exemplos, assim como quase todas as cenas em que aparece o “intermediário” vivido por Brad Pitt, além do quase surreal diálogo entre Dean Norris e John Leguizamo. 

A direção de Scott também resulta em um ritmo arrastado na primeira hora e meia, melhorando bastante nos quarenta e cinco minutos finais, quando cresce a tensão da trama e a crise entre os personagens se torna incontrolável. 

Ridley Scott acerta na sensual cena inicial de sexo entre Fassbender e Cruz e nas sequências de violência, inclusive no inusitado artefato utilizado para decapitar um dos personagens. 

É uma trama, um diretor e um elenco que tinham potencial para render um grande filme, porém o resultado é apenas mediano.

domingo, 21 de junho de 2015

Expresso Transiberiano

Expresso Transiberiano (Transsiberian, Espanha / Alemanha / Inglaterra / Lituânia, 2008) – Nota 7
Direção – Brad Anderson
Elenco – Woody Harrelson, Emily Mortimer, Kate Mara, Eduardo Noriega, Ben Kingsley, Thomas Kretschmann.

O casal Roy (Woody Harrelson) e Jessie (Emily Mortimer) termina um trabalho voluntário em Pequim com crianças carentes e antes de voltar aos Estados Unidos, decide viajar de trem até Moscou, atravessando a Sibéria no famoso Expresso Transiberiano. 

Assim que trem faz a primeira parada, o casal precisa dividir a cabine com outro casal, a jovem Abby (Kate Mara) e o espanhol Carlos (Eduardo Noriega). O que eles não imaginam, é que o jovem casal transporta heroína e tem no seu encalço um policial russo corrupto (Ben Kingsley). 

O roteiro cria uma boa trama de suspense, com algumas sequências interessantes, como as cenas dentro da igreja abandonada na floresta gelada e aquelas em que a personagem de Emily Mortimer se mostra desesperada para esconder um segredo. 

O desenvolvimento dos personagens também é bem construído. Woody Harrelson interpreta o sujeito correto e ingênuo, enquanto Emily Mortimer demonstra um caráter duvidoso e uma inquietação entre ser a esposa certinha ou se entregar a seus desejos. 

Vale destacar ainda Ben Kingsley se divertindo como vilão e Eduardo Noriega interpretando o canalha conquistador. 

É um filme que prende a atenção do início ao fim e explora bem as belas paisagens geladas da Sibéria.  

sábado, 20 de junho de 2015

Copenhagen

Copenhagen (Copenhagen, Canadá / EUA / Dinamarca, 2014) – Nota 7,5
Direção – Mark Raso
Elenco – Gethin Anthony, Frederikke Dahl Hansen, Sebastian Armesto, Olivia Grant.

William (Gethin Anthony), o amigo Jeremy (Sebastian Armesto) e sua namorada Jennifer (Olivia Grant) chegam a Copenhagem na Dinamarca. William deseja encontrar seu avô, que ele não conhece, para entregar uma carta escrita pelo falecido pai. O primeiro obstáculo é a própria atitude de William. O desprezo pelas pessoas ao redor e a falta de respeito que demonstra com Jennifer, faz o casal de amigos abandoná-lo na cidade. 

Sozinho e sem falar a língua local, William pede informações a uma funcionária do hotel, a jovem Effy (Frederikke Dahl Hansen), que mesmo percebendo a falta de sensibilidade e imaturidade do sujeito, decide ajudá-lo a encontrar o avô. Os dois personagens de caráter e cultura bastante distintas, dão início a uma inusitada jornada que passará por vários locais de Copenhagen, resultando em algumas surpresas que mudarão a vida de William. 

O filme marca a promissora estreia do diretor Mark Raso, que tinha no currículo alguns curtas e que aqui mostra talento no desenvolvimento dos personagens, na simplicidade do roteiro e na narrativa envolvente. Os dois personagens são muito bem delineados, com uma história de vida que é destrinchada aos poucos e que explica a atitude de cada um deles no presente. 

Basicamente é um filme independente sobre descobertas e amadurecimento.   

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Hacker

Hacker (Blackhat, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Michael Mann
Elenco – Chris Hemsworth, Leehom Wang, Wei Tang, Viola Davis, Holt McCallany, Andy On, Ritchie Coster, John Ortiz, Yorick van Wageningen.

Um hacker envia um poderoso vírus que causa um acidente em uma usina nuclear na China. O governo chinês indica o agente Chen (Leehom Wang) como responsável pela investigação do caso. Especialista em tecnologia, Chen segue para os Estados Unidos onde é recebido pela agente Barrett (Viola Davis). Chen explica a situação para os americanos e praticamente exige trabalhar com o hacker Nick Hathaway (Chris Hemsworth), que seria o único sujeito capaz de descobrir quem foi o responsável pelo ataque. O problema é que Hathaway está cumprindo uma pena de quinze anos em uma prisão federal. O governo americano aceita fazer um acordo com Hathaway, que se junta ao grupo de especialistas para iniciar a caça ao terrorista virtual. 

O longa foi um grande fracasso de bilheteria nos Estados Unidos e sequer foi lançado no Brasil, porém apresenta um roteiro interessante e a habitual qualidade técnica dos trabalhos de Michael Mann. 

Mann é obcecado pela fotografia noturna, tanto nas sequências de suspense e ação, como nas cenas aéreas que mostram grandes cidades iluminadas por edifícios. Los Angeles, Hong Kong e Jacarta são as cidades exploradas por Mann neste filme. 

O roteiro tem algumas falhas, mas a ideia principal é atual, mostrar o embate entre criminosos e policiais através da tecnologia. 

O cabeça dos ataques é uma verdadeira sombra, que surge apenas na parte final do longa. Sua ação é comandada por um teclado de computador, enquanto que o serviço sujo é feito por meia dúzia de capangas. 

Mesmo que nem sempre as tramas sejam consistentes, os trabalhos de Michael Mann são obras visuais e estilosas, seguindo uma linha que começou com sucesso do seriado “Miami Vice” nos início dos anos oitenta.    

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Os Mais Jovens

Os Mais Jovens (Young Ones, África do Sul / Irlanda / EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Jake Paltrow
Elenco – Michael Shannon, Nicholas Hoult, Elle Fanning, Kodi Smit McPhee, Robert Hobbs, David Butler, Aimee Mullins.

Em um futuro próximo, várias regiões do mundo sofrem com a falta de água. Num destes locais, Ernest Holm (Michael Shannon) vive com os filhos Mary (Elle Fanning) e Jerome (Kodi Smit McPhee) e tenta se manter vendendo suprimentos para funcionários de uma empresa que trabalham na construção de dutos de água. 

Quando a mina de água que passa em seu terreno fica seca, Ernest tenta negociar a construção de um duto até sua casa, sendo ignorado pelo responsável pela empresa. A situação fica mais complicada, quando Flem (Nicholas Hoult), um jovem revoltado por seu pai ter perdido as terras da família, decide roubar os suprimentos dos empreiteiros utilizando um robô mecânico que pertence a Ernest, sem contar que ele namora escondido a jovem Mary, filha de Ernest. 

Dividido em três atos, sendo que cada ato é protagonizado por um personagem, este curioso longa começa devagar, dando a impressão de que a história não irá para lugar algum. Mas de forma surpreendente, a trama muda de rumo por duas vezes, prendendo a atenção do espectador até o final. 

É interessante a forma como o roteiro faz uma analogia sobre a disputa de gerações, mostrando que os jovens sempre tentam superar a geração anterior, criando uma eterna disputa por espaço e poder. 

Pela premissa do roteiro de Jake Paltrow, num período de crise e caos, as gerações tendem a ser engolidas mais rapidamente, abrindo espaço para jovens com cada vez menos idade. 

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Viagem Sem Volta

Viagem Sem Volta (Magic Magic, Chile / EUA, 2013) – Nota 6
Direção – Sebastian Silva
Elenco – Michael Cera, Juno Temple, Emily Browning, Catalina Sandino Moreno, Agustin Silva.

A jovem Alicia (Juno Temple) chega a Santiago do Chile para encontrar a amiga Sara (Emily Browning). Rapidamente, Sara apresenta Alicia para seus amigos, o americano Brink (Michael Cera) e os chilenos Bárbara (Catalina Sandino Moreno) e Agustin (Agustin Silva), que a esperavam para seguir viagem em direção ao sul do país. 

No meio do caminho, Sara recebe uma ligação misteriosa e decide retornar para Santiago, deixando Alicia com seus amigos, mesmo a contragosto da garota. Os quatro chegam ao destino, uma ilha isolada em uma região remota do país. Preocupada e ansiosa pela volta de Sara, que prometeu viajar no dia seguinte, Alicia tem dificuldades em se relacionar com os outros três jovens, além de começar a sofrer de insônia e ter pesadelos que parecem reais. 

Detonado pela crítica, este misto de drama e suspense tem até bons momentos com sustos que exploram o psicológico da personagem principal e um estranho clima que explora a inóspita ilha. 

O roteiro tenta criar mistério deixando o espectador tirar suas próprias conclusões. São várias perguntas que ficam em aberto. A narrativa lenta com alguns tempos mortos também faz o filme perder pontos. 

O destaque fica para a perturbadora interpretação de Juno Temple. 

É uma trama que tinha potencial para render um filme melhor.

terça-feira, 16 de junho de 2015

A Condenação

A Condenação (Conviction, EUA, 2010) – Nota 7,5
Direção – Tony Goldwyn
Elenco – Hilary Swank, Sam Rockwell, Minnie Driver, Melissa Leo, Peter Gallagher, Loren Dean, Juliette Lewis, Ari Graynor, Karen Young, Clea DuVall, Talia Balsam.

Em 1980, na zona rural de uma cidade de Massachusetts, uma mulher é brutalmente assassinada com diversas facadas e uma pancada na cabeça. Uma policial local (Melissa Leo) desconfia de Kenny Waters (Sam Rockwell), um jovem com fama de beberrão que foi preso algumas vezes por brigas e arruaças, mas nada próximo a um assassinato. Sem provas, Kenny é solto. 

Dois anos depois, Kenny é preso novamente, com a mesma policial comandando a ação. Desta vez, a policial alega ter duas testemunhas. A ex-esposa (Clea DuVall) e a amante de Kenny (Juliette Lewis). Mesmo jurando inocência, Kenny termina condenado a prisão perpétua. Inconformada, sua irmã Betty Anne (Hilary Swank) decide entrar na universidade de Direito para se formar advogada e assim tentar salvar o irmão. 

Baseado em uma inusitada história real, este drama dirigido pelo também ator Tony Goldwyn, tem como pontos principais a forte relação entre os irmãos e a obsessão da jovem interpretada por Hilary Swank em provar a inocência do irmão, mesmo deixando sua pessoal vida em segundo plano por anos. 

O roteiro toca também na questão das falhas do sistema penal americano, que muitas vezes são utilizadas sem escrúpulos por policiais, promotores e advogados. 

Vale destacar o ótimo elenco. Hilary Swank não chega a brilhar como em outros trabalhos, mas se mostra competente como sempre. O grande papel fica para Sam Rockwell, que alterna sequências de fúria, angústia e até de carinho, além de acertar no tom das mudanças que seu personagem sofre pelo passar dos anos na cadeia. 

Entre os coadjuvantes, os destaques ficam para a sempre sombria Melissa Leo e para uma bagaceira Juliette Lewis. 

O resultado é um bom drama sobre sofrimento, injustiça e persistência.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Malévola

Malévola (Maleficent, EUA / Inglaterra, 2014) – Nota 6
Direção – Robert Stromberg
Elenco – Angelina Jolie, Elle Fanning, Sharlto Copley, Lesley Manville, Imelda Staunton, Juno Temple, Sam Riley, Brenton Thwaites, Kenneth Cranham.

Eu procuro assistir filmes de todos os gêneros, algumas vezes até mesmo aqueles em que a temática não me agrada. Um destes é o subgênero criado recentemente, que atualiza as versões dos contos de fadas. Nem mesmo quando era criança tinha interesse em contos de fadas, por este motivo estes novos filmes não me chamaram a atenção. Uma pessoa conhecida acabou emprestando este “Malévola” em meio a outros filmes e por isso decidi conferir. 

Por mais que a parte técnica seja excelente, o início com as crianças seja interessante e as três fadas tenham uma divertida participação, esta versão alternativa de “A Bela Adormecida” é indicada para quem gosta do gênero ou para os fãs de Angelina Jolie, que parece se divertir no papel da bruxa. 

domingo, 14 de junho de 2015

Boca do Lixo: A Bollywood Brasileira

Boca do Lixo: A Bollywood Brasileira (Brasil, 2011) – Nota 8
Direção – Daniel Camargo
Documentário

Nos anos cinquenta, duas produtoras foram criadas em São Paulo com a expectativa de tornarem a cidade um polo cinematográfico. O sonho da Vera Cruz e da Maristela acabou antes do final da década. 

No início dos anos sessenta, o cinema brasileiro vivia dos filmes do chamado Cinema Novo no Rio de Janeiro e das produções de Oswaldo Massaini em São Paulo. Quando “O Pagador de Promessas”, produzido por Massaini, venceu a Palma de Ouro em Cannes, ele tinha seu escritório no centro de SP, local que ficou conhecido como Boca do Lixo e que hoje faz parte da sinistra Cracolândia. A proximidade do local com os trens da estação da Luz facilitava a distribuição de seus filmes para o interior de SP. Outros produtores também montaram seus escritórios na região, entre as ruas dos Gusmões e do Triunfo. 

Este belo documentário conta a história do nascimento, crescimento e decadência do cinema produzido na Boca do Lixo, que foi apelidado pejorativamente de pornochanchada por alguns críticos, quando na realidade os filmes feitos no local mantiveram o cinema brasileiro vivo durante quase duas décadas, sem contar que dali saíram obras de todos os gêneros: drama, suspense, policial, erótico e até o terror do grande José Mojica Marins, o Zé do Caixão. 

Com depoimentos de diversas pessoas que viveram esta aventura, o doc detalha em episódios as histórias dos produtores, dos diretores, dos filmes e das estrelas, principalmente as atrizes que se tornaram musas do gênero, como Aldine Muller, Helena Ramos, Nicole Puzzi, Neide Ribeiro e Débora Muniz, entre várias outras. 

Entre os depoimentos masculinos, vale destacar o ator, produtor e diretor David Cardoso, que comandou diversos filmes de sucesso, os diretores Guilherme de Almeida Prado, Alfredo Sternheim, José Miziara e os recentemente falecidos Carlos Reichenbach e Adriano Stuart. 

A parte final mostra a decadência do gênero durante os anos oitenta, quando os filmes pornôs americanos chegaram ao Brasil e as produções da Boca do Lixo foram obrigadas a abraçar o sexo explícito, mudando completamente o foco. 

Apesar do preconceito que muitos críticos ainda demonstram em relação aos filmes que foram produzidos na Boca do Lixo, esta experiência foi a mais próxima que o país teve em algo parecido com uma indústria de cinema. 

É um doc obrigatório para os cinéfilos.

sábado, 13 de junho de 2015

Júlio Sumiu

Júlio Sumiu (Brasil, 2014) – Nota 3
Direção – Roberto Berliner
Elenco – Lília Cabral, Fiuk, Carolina Dieckman, Augusto Madeira, Stepan Nercessian, Dudu Sandroni, Leandro Firmino, Pedro Nercessian, Babu Santana.

As comédias e os filmes sobre favelas se destacam no crescimento do cinema brasileiro dos últimos quinze anos, muitas vezes não pela qualidade, mas pela quantidade de obras que exploram estes gêneros. Os produtores aqui tiveram a “sensacional” ideia de juntar os dois gêneros, resultando em um dos piores filmes brasileiros dos últimos anos. 

A trama tem como protagonista a dona de casa Edna (Lília Cabral), que ao acordar em um determinado dia, descobre que o filho Julio desapareceu. Desesperada, enquanto o marido (Dudu Sandroni) acredita que o rapaz está se divertindo com alguma garota, ela decide procurar a polícia, mas mesmo o delegado (Augusto Madeira) não mostra interesse algum no caso. 

Após uma confusão causada pelo filho mais velho (Fiuk), um maconheiro desocupado, Edna recebe uma ligação e passa a acreditar que Júlio foi sequestrado pelo traficante Tião Demônio (Leandro Firmino). Ela decide investigar por conta própria, inclusive subindo o morro em busca do filho. 

A premissa provavelmente resultaria em um filme melhor se a proposta fosse uma trama policial, como comédia o resultado é constrangedor. Os personagens são caricatos (o policial babão, o delegado corrupto, a gostosa manipuladora, os jovens drogados), os diálogos são horrorosos e as piadas ao estilo das piores novelas globais. 

Alguns críticos elogiaram Lília Cabral, atriz que na minha opinião interpreta sempre o mesmo papel. O seu trabalho aqui é semelhante a interpretação no razoável “Divã”. 

Infelizmente, enquanto as péssimas comédias brasileiras bancadas pela Globo Filmes continuarem a lucrar na bilheteria, dificilmente veremos a qualidade do gênero melhorar.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Annabelle

Annabelle (Annabelle, EUA, 2014) – Nota 5
Direção – John R. Leonetti
Elenco – Annabelle Wallis, Ward Horton, Tony Amendola, Alfre Woodard, Eric Ladin, Brian Howe, Kerry O’Malley.

Desde os anos oitenta, quando o terror se popularizou, praticamente todo filme de sucesso do gênero rendeu uma sequência ou alguma obra que utiliza elementos do original para tentar lucrar enquanto a história está “quente” na mente do espectador. Este equivocado “Annebelle” segue a regra da continuação apressada. 

No ótimo “Invocação do Mal” de James Wan, a boneca Annabelle era um elemento interessante na trama sobrenatural baseada em fato real. Como era uma história fechada, a produtora New Line utilizou o gancho da sinistra boneca para contar como ela se tornou um objeto amaldiçoado. 

A trama de “Invocação do Mal” se passava em 1971, aqui a história volta para os anos sessenta, quando o casal Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton) estão recém casados e esperando um filho. O marido presenteia a esposa com a tal boneca, um pouco antes de um casal de malucos seguidores de uma seita invadirem sua casa para atacá-los. O casal sobrevive, porém algum tempo depois, eles e a criança que acabou de nascer, passam a ser assombrados por um espírito que utiliza a boneca como catalisador. 

A trama é fraca e repleta de clichês, com soluções e personagens inverossímeis, principalmente a amiga do casal vivida por Alfre Woodard, que se mostra totalmente deslocada no roteiro e protagoniza um final no mínimo absurdo. O casal de protagonistas também é inexpressivo. 

A parte técnica é correta, principalmente pela direção ficar a cargo de John R. Leonetti, que tem um currículo sólido como diretor de fotografia e câmera. O problema é que seus trabalhos como diretor são ruins. Ele é responsável por outras duas continuações caça-niqueis. O péssimo “Efeito Borboleta 2” e o fraco “Mortal Kombat – A Aniquilição”.  

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Para Sempre Alice

Para Sempre Alice (Still Alice, EUA / França, 2014) – Nota 7,5
Direção – Richard Glatzer & Wash Westmoreland
Elenco – Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth, Hunter Parrish, Shane McRae.

Após completar cinquenta anos de idade, Alice (Julianne Moore) começa a ter lapsos de memória. Com uma vida intelectual ativa, trabalhando como palestrante e com uma sólida carreira como professora na Universidade de Columbia em Nova York, Alice decide procurar um neurologista. Após alguns exames, Alice é diagnosticada como o Mal de Alzheimer, fato raro para uma pessoa na sua idade. A partir daí, o roteiro segue os passos da decadência física e intelectual da protagonista, além de sua relação com os filhos e com o marido (Alec Baldwin) que é um renomado pesquisador. 

Filmes sobre doenças são sempre depressivos e tem o objetivo de fazer o espectador se emocionar com a luta de algum personagem, porém este longa, que deu um merecido Oscar de Melhor Atriz para Julianne Moore, muda um pouco o foco. 

O roteiro é quase um manual sobre as fases do terrível de Mal de Alzheimer. A forma como a doença é mostrada está muito próxima da realidade. Tenho uma pessoa da família sofrendo desta doença e passando por situações semelhantes as enfrentadas pela personagem de Julianne Moore. A luta para lembrar de coisas e palavras, a repetição das falas e a desorientação dentro da própria casa são fatos comuns nesta situação. 

O filme em si é didático e quase episódico. Vemos uma determinada situação e em seguida o roteiro dá um salto no tempo para chegar na próxima fase da doença. 

O ponto alto é sem dúvida a interpretação de Julianne Moore, que se entrega ao papel de forma assustadora. 

O único momento em que a emoção aflora um pouco mais, é durante a palestra em que a protagonista fala sobre sua doença. 

Como informação, o diretor Richard Glatzer sofria também de uma doença degenerativa e por este motivo teve como co-diretor seu parceiro Wash Westmoreland. Glatzer faleceu em março deste ano.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Kingsman: Serviço Secreto

Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, Inglaterra, 2014) – Nota 8
Direção – Matthew Vaughn
Elenco – Colin Firth, Taron Egerton, Mark Strong, Samuel L. Jackson, Michael Caine, Sofia Boutella, Jack Davenport, Mark Hamill, Geoff Bell.

Em 1997, o agente Harry Hart (Colin Firth), que trabalha para uma organização governamental secreta, tem a vida salva por outro agente que morre durante uma missão. Dezessete anos depois, mais um agente é assassinado, abrindo nova vaga na organização. Cada agente veterano indica um novato que passará por testes para disputar a vaga. Harry indica o filho do amigo que faleceu na missão de 1997, o jovem rebelde Eggsy (Taron Egerton). Ao mesmo tempo, Harry investiga o milionário Richmond Valentine (Samuel L. Jackson), suspeito de estar por trás de uma conspiração. 

O inglês Matthew Vaughn está entre os melhores diretores/roteiristas que surgiram na última década, sendo especialista em filmes de ação que misturam aventura, fantasia e cultura pop. 

No ótimo “Kick-Ass”, ele subverteu as premissas dos filmes de super heróis criando uma trama em que pessoas comuns, sem poderes especiais, se fantasiam de heróis para defenderem a cidade dos criminosos, que por seu lado também criam personagens. 

Neste também ótimo “Kingsman”, Vaughn vira novamente a premissa de ponta cabeça, desta vez utilizando personagens comuns de filmes de espionagem, para criar sequências de ação semelhantes aos longas de super heróis. É como se ele transformasse 007 em protagonista de um filme de super herói. 

Para ajudar na brincadeira, vale destacar Colin Firth perfeito como agente almofadinha, Mark Strong como o “professor” dos novatos e Samuel L. Jackson se divertindo no papel do vilão. 

É o tipo de filme que o espectador precisa aceitar o estilo, mesmo sendo um pouco exagerado, para se divertir com a trama, os diálogos e as sequências de ação.  

segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Beijo da Morte (1947 & 1995)


O Beijo da Morte (Kiss of Death, EUA, 1947) – Nota 7,5
Direção – Henry Hathaway
Elenco – Victor Mature, Brian Donlevy, Coleen Gray, Richard Widmark, Taylor Holmes, Karl Marlden.

Nick Bianco (Victor Mature) é um ex-presidiário que aceita participar de um assalto com três comparsas, porém termina baleado na perna e preso. Sabendo que Nick tem esposa e duas filhas, o promotor (Brian Donlevy) oferece um acordo. Nick deveria entregar seus parceiros para ganhar a liberdade. Acreditando na honra entre ladrões e que sua família seria sustentada por seu chefão enquanto estivesse preso, Nick não aceita a proposta, até descobrir que sua esposa e filhas foram abandonadas. 

Mesmo tendo ficado marcado como canastrão, o então astro Victor Mature (“Sansão & Dalila” e “O Manto Sagrado”) se mostra um oponente a altura do assassino interpretado por Richard Widmark. Por sinal, a sinistra risadinha do personagem Widmark é assustadora. 

Vale destacar a sempre segura direção de Henry Hathaway, que em mais de quarenta anos de carreira, deixou uma sólida e extensa filmografia, com clássicos como “Os Filhos de Katie Elder” e “Bravura Indômita”.

A interessante trama mistura drama, policial e suspense, resultando num competente filme noir. 

O Beijo da Morte (Kiss of Death, EUA, 1995) – Nota 6
Direção – Barbet Schroeder
Elenco – David Caruso, Samuel L. Jackson, Nicolas Cage, Helen Hunt, Kathryn Erbe, Michael Rapaport, Stanley Tucci, Ving Rhames, Philip Baker Hall, Anthony Heald.

O ex-presidiário Jimmy Kilmartin (David Caruso) deseja mudar de vida, porém é obrigado a participar de um “trabalho” como motorista para o mafioso Little Junior Brown (Nicolas Cage). O serviço dá errado e Jimmy acaba detido pela polícia. Para não voltar a prisão, Jimmy aceita se tornar informante, mesmo sabendo que sua vida e de sua esposa (Helen Hunt) passarão a correr perigo caso seu disfarce seja descoberto. 

Na época do lançamento, o filme foi massacrado pela crítica, mesmo não sendo tão ruim quanto possa parecer. A crítica comparou com o longa original de 1947 que tinha uma trama diferente e era bem superior, além de detonar as atuações ruins de um exagerado Nicolas Cage e de David Caruso, que no mesmo ano estrelou a bomba “Jade” e que havia sido muito criticado por ter abandonado a série “Nova York Contra o Crime” (NYPD Blue), que era o grande sucesso do momento. 

Assistindo hoje, o destaque fica por conta do elenco recheado de atores conhecidos em papéis coadjuvantes, como Samuel L. Jackson, Stanley Tucci e Ving Rhames. 

sábado, 6 de junho de 2015

O Médico Alemão

O Médico Alemão (Wakolda, Argentina / Espanha / Noruega / França, 2013) – Nota 7,5
Direção – Lucia Puenzo
Elenco – Alex Brendemuhl, Natalia Oreiro, Diego Peretti, Elena Roger, Guillermo Pfening, Florencia Bado, Alan Daicz.

A diretora Lucia Puenzo, filha do também diretor Luis Puenzo, vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro por “A História Oficial”, comandou este longa baseado em seu próprio livro, que mistura uma trama ficcional, com o personagem real do criminoso nazista Joseph Mengele. A trama se passa em 1960 na Patagônia, época em que o verdadeiro Mengele estava desaparecido e que hoje muitos historiadores acreditam que ele estivesse escondido no interior da Argentina, antes de passar pelo Paraguai e chegar ao Brasil, onde morreu afogado em 1979 em uma praia de Bertioga, litoral de São Paulo.

O longa começa com uma família viajando pela Patagônia em direção a uma comunidade alemã, local onde os pais da esposa (Natalia Oreiro) tinham uma pousada. A ideia da família é reabrir o estabelecimento. Em uma parada no meio da estrada, a família cruza o caminho de um médico alemão que diz se chamar Gunther (Alex Brendemuhl) e que está indo para a mesma comunidade. O pai (Diego Peretti) fica um pouco incomodado em viajar em caravana com o sujeito, mas acaba aceitando. Assim que chegam ao local, o médico se hospeda na pousada e logo demonstra interesse na filha do casal, a pequena Lilith (Florencia Bado), que tem doze anos, porém um corpo de nove. O médico convence a mãe da garota a começar um tratamento para o crescimento da menina, ao mesmo tempo em que receita vitaminas para a mulher que está grávida, tudo às escondidas do marido. 

O roteiro tem três pontos como pilares principais. O primeiro é a estranha relação que surge entre a menina Lilith e o médico nazista, quase um jogo de sedução, tendo de um lado a curiosidade da garota e por outro a frieza do médico. 

O segundo ponto é a crítica à sociedade argentina, principalmente a elite que fechou os olhos para as centenas de nazistas que se abrigaram no país após a Segunda Guerra. Mesmo tendo uma enorme comunidade judaica, a Argentina foi um refúgio seguro para estes fugitivos, principalmente porque o governo de Juan Peron era simpático aos ideais nazistas e auxiliou até mesmo na criação de novas identidades. 

O terceiro pilar é a quase certeza de que mesmo foragido, Mengele continuou com seus experimentos baseados na Eugenia e na manipulação de DNA. Existe uma grande suspeita de que ele tenha se escondido na cidade de Cândido Godói no Rio Grande do Sul nos anos sessenta, onde teria trabalhado como médico acompanhando mulheres grávidas e por consequência gerado uma explosão de nascimentos de gêmeos. A cidade se transformou na recordista mundial de nascimento de gêmeos, até hoje sem uma explicação científica, além é claro, da provável manipulação genética feita pelo médico psicopata.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Brincando com a Morte & A Última Palavra


Brincando Com a Morte (Playing God, EUA, 1997) – Nota 5
Direção – Andy Wilson
Elenco – David Duchovny, Timothy Hutton, Angelina Jolie, Michael Massee, Peter Stormare, Andrew Tiernan, Gary Dourdan, John Hawkes, Tracey Walter.

Viciado em anfetaminas, o médico Eugene Sands (David Duchovny) perde sua licença após cometer erros em uma cirurgia que resulta na morte de um paciente. Algum tempo depois, ao procurar drogas em uma boate, Eugene se torna testemunha de um tiroteio e acaba salvando Raymond Blossom (Timothy Hutton), sem saber que o sujeito é um mafioso. Como gratidão, Raymond oferece um emprego para Eugene. Ele deverá atender de forma clandestina os “associados” de Raymond que forem feridos durante o “trabalho”. Eugene aceita a proposta e para deixar a situação ainda mais perigosa, ele se aproxima da sensual Claire (Angelina Jolie), namorada de Raymond. 

Quando este longa foi produzido, a série “Arquivo X” estava no auge da popularidade e era a chance do ator David Duchovny migrar sua carreira para o cinema. Por azar ou pela péssima escolha do ator, o filme fracassou, abortando a carreira cinematográfica. 

Realmente o filme não é grande coisa, tanto pelo roteiro repleto de clichês, quanto pelos personagens ruins. Duchovny faz o anti-herói, enquanto o outrora talentoso Timothy Hutton exagera no papel de vilão e a bela Angelina Jolie ainda estava longa da fama atual. 

A Última Palavra (The Last Word, EUA, 1995) – Nota 5
Direção – Tony Spiridakis
Elenco – Timothy Hutton, Joe Pantoliano, Michelle Burke, Chazz Palminteri, Tony Goldwyn, Richard Dreyfuss, Roma Downey, Cybil Shepherd, Jimmy Smits, Dayton Callie

Em Detroit, Martin Ryan (Timothy Hutton) é o colunista de um jornal, que ganha fama após escrever um livro sobre a Máfia utilizando histórias contadas por seu amigo Doc (Joe Pantoliano), sujeito que tem ligações com pequenos mafiosos. Percebendo a chance de ganhar dinheiro com o livro do amigo e pagar suas dívidas com a Máfia, Doc convence Martin a vender sua história para um produtor de Hollywood. Em paralelo, Martin tem um caso com uma stripper (Michelle Burke), que por confiança, conta segredos sobre sua vida. Martin se aproveita das novas histórias e escreve parte delas em sua coluna no jornal. O jornalista consegue ao mesmo tempo irritar sua amante e também os mafiosos, que temem ver suas histórias mostradas no cinema. 

Vendido como um filme sobre a Máfia, na verdade a história é um fraco drama sobre um jornalista sem escrúpulos e seu amigo ganancioso. O ritmo arrastado é outro ponto fraco, além do desperdício de bons atores. Os nomes de Chazz Palminteri e Richard Dreyfuss são apenas um chamariz, a participação dos atores é mínima. 

Para quem não sabe, Timothy Hutton venceu o Oscar de Ator Coadjuvante por “Gente Como a Gente” em 1980 quando tinha apenas vinte anos, porém jamais cumpriu a expectativa de se tornar um grande ator.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Invencível

Invencível (Unbroken, EUA, 2014) – Nota 7,5
Direção – Angelina Jolie
Elenco – Jack O’Connell, Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa “Miyavi” Ishihara, Fin Wittrock, Jai Courtney.

Algumas histórias reais são tão inacreditáveis, que até mesmo provas vivas podem deixar dúvidas. A história de vida do atleta olímpico Louis Zamperini (Jack O’Connell) durante a Segunda Guerra Mundial é um destes casos. 

A rápida passagem da vida de Louis quando criança e o inicio de sua carreira como corredor dos cinco mil metros, inclusive com sua participação na Olimpíada de 1936 em Berlim, são uma espécie de introdução para mostrar a verdadeira saga que o atleta enfrentou durante a guerra. 

Eu não conhecia a história do personagem, o que me deixou mais perplexo descobrindo os percalços enfrentados pelo sujeito. Por este motivo, não vale a pena citar mais sobre a trama, o ideal é o espectador assistir e sofrer passo a passo com o protagonista. 

No elenco de rostos pouco conhecidos, os destaques ficam para o protagonista Jack O’Connell, que defende muito bem o papel do obstinado Zamperini e para o cantor pop japonês Takamasa “Miyavi” Ishihara, como o cruel chefe do campo de prisioneiros, um dos personagens mais asquerosos dos últimos anos no cinema. 

A estrela Angelina Jolie mostra talento na direção e coragem por ter escolhido uma história forte, com estilo que dificilmente agrada ao grande público. Como o roteiro é assinado pelos irmãos Cohen, fica ainda como exercício de imaginação, como resultaria o filme se a direção tivesse ficado nas mãos da dupla. 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Chappie

Chappie (Chappie, (EUA / México / África do Sul, 2015) – Nota 7,5
Direção – Neill Blomkamp
Elenco – Sharlto Copley, Dev Patel, Hugh Jackman, Sigourney Weaver, Ninja, Yo-Landi Visser, Jose Pablo Cantillo, Brando Auret.

Em 2016, Joanesburgo na Africa do Sul sofre com a violência fora de controle. Para mudar a situação, uma corporação cria robôs policiais, que são comprados pelo governo e que em pouco tempo ajudam a diminuir a criminalidade. 

Mesmo com o sucesso do projeto, o jovem Deon (Dev Patel), que criou os robôs, sonha em montar um novo modelo que tenha consciência própria. Seu desejo é descartado pela CEO da corporação (Sigourney Weaver). Deon decide continuar o projeto por conta própria, utilizando um robô que seria descartado como sucata e que mais tarde será batizado como Chappie. Ao mesmo tempo, um ex-militar que hoje é engenheiro (Hugh Jackman), não aceita que seu projeto de um robô controlado de forma remota tenha sido preterido pelos robôs policiais de Deon. 

O terceiro filme do diretor sul-africano Neill Blomkamp, mistura ideias dos seus dois primeiros trabalhos, com retalhos de outras obras como “A. I. – Inteligência Artificial”, do “Robocop” original e até mesmo do clássico da sessão da tarde dos anos oitenta “Short Circuit – O Incrível Robô”. 

Por incrível que pareça, esta salada resulta numa divertida e agitada ficção, repleta de boas cenas de ação, efeitos especiais competentes e um personagem cativante como o robô Chappie, com a voz do ator Sharlto Copley, parceiro habitual de Blomkamp. 

Assim como nos dois filmes anteriores, Blomkamp mostra Joanesburgo como uma metrópole decadente e violenta, em contraste com a evolução tecnológica. No mundo do diretor e muitas vezes na vida real, a tecnologia é ao mesmo tempo a salvação e a maldição. A educação pela qual passa o robô Chappie é o grande exemplo. Com sua inteligência artificial criada a princípio para o bem, sua educação é moldada pelas pessoas que vivem ao seu redor, cada uma pensando em seus próprios interesses. 

Além dos astros Hugh Jackman e Sigourney Weaver em papéis de coadjuvante, vale destacar o casal de músicos malucos da banda Die Antwoord, Ninja e Yo-Landi Visser interpretando ladrões. 

Blomkamp ainda não fez outro filme no mesmo nível de “Distrito 9”, mas sua originalidade e estilo sempre valem a sessão.  

terça-feira, 2 de junho de 2015

Corações de Ferro

Corações de Ferro (Fury, EUA / China / Inglaterra, 2014) – Nota 8
Direção – David Ayer
Elenco – Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jon Bernthal, Jason Isaacs, Brad William Henke, Jim Parrack, Anamaria Marinca, Alicia von Rittberg, Scott Eastwood.

Próximo ao final da Segunda Guera Mundial, em abril de 1945, os aliados estão em território alemão avançando em direção a Berlim, enfrentando ainda a resistência do que restou do exército alemão. 

Neste contexto, o jovem Norman (Logan Lerman) é enviado para o front e incorporado a equipe do sargento Don Collier (Brad Pitt), que comanda um tanque ao lado de três soldados (Shia LaBeouf, Michael Peña e Jon Bernthal) e que acabou de perder um companheiro em batalha. Jovem religioso que foi convocado para serviços burocráticos, Norman não tem experiência e sequer treinamento em combate, sendo jogado no meio da batalha ao lado dos quatro soldados calejados e obrigado a aprender a matar para sobreviver. 

Mesmo com uma sequência final em que o heroísmo um pouco exagerado vem à tona, este drama de guerra é um belíssimo filme, por mostrar os campos de batalha e as situações enfrentadas pelos soldados bem próximas da realidade de um conflito. 

Lembrando um pouco o estilo de “O Resgate do Soldado Ryan”, vemos aqui campos de batalhas e estradas enlameadas, tanques defeituosos e soldados sujos lutando sem honra alguma, saqueando os vilarejos e se aproveitando das mulheres. Esta falta de humanidade dos soldados é questionada pelo jovem interpretado por Logan Lerman, que não consegue aceitar a violência que está testemunhando. 

Por outro lado, em alguns momentos surge o lado humano de cada personagem. Por exemplo, o sargento de Brad Pitt se isola, respira e chega quase a chorar após praticar algum ato que ele sabe ser errado, mas que considera essencial para sobreviver na guerra. A sequência do almoço na casa das duas mulheres alemãs é outro momento em que o personagem de Brad Pitt tenta demonstrar um pouco de civilidade em meio ao caos. 

Para quem gosta do gênero, esta é uma ótima opção. 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Machuca

Machuca (Machuca, Chile / Espanha / Inglaterra / França, 2004) – Nota 8
Direção – Andrés Wood
Elenco – Matias Quer, Ariel Mateluna, Manuela Martelli, Aline Kuppenheim, Ernesto Malbran, Francisco Reyes, Federico Luppi.

Meados de 1973, Santiago, capital do Chile, está dividida politicamente, com os pobres apoiando o governo socialista de Salvador Allende e as classes média e alta protestando, pedindo a saída do presidente. 

Neste contexto, o garoto Gonzalo (Matias Quer) vive com os pais e a irmã adolescente em um bairro de classe média alta e estuda em um colégio inglês para meninos chamado Saint Patrick. Sem entender nada dos problemas políticos do país e da divisão de classes, Gonzalo faz amizade com um novo aluno no colégio, o garoto Pedro Machuca (Ariel Mateluna). Machuca, assim como alguns outros alunos, ganharam bolsas de estudos oferecidas pelo padre McEnroe (Ernesto Malbran), que via nas mudanças do país, a chance de ajudar os menos favorecidos. A convivência com Machuca faz Gonzalo descobrir uma realidade completamente diferente da sua. 

Utilizando como pano de fundo os conflitos pré-golpe militar que ocorreu em setembro de 1973, o diretor Andrés Wood entrega um belíssimo filme sobre descobertas, mentiras, preconceito e hipocrisia. 

O personagem Gonzalo sofre ao testemunhar o preconceito e a injustiça que a família de Machuca e outros garotos pobres são obrigados a enfrentar. Gonzalo também se torna uma espécie de cúmplice involuntário da mãe (Aline Kuppenheim), uma dona de casa fútil que tem um caso com um velho argentino (Federico Luppi) e que o leva para brincar na casa do amante enquanto o marido (Francisco Reyes) está trabalhando. 

A sensibilidade da história contrasta com o trágico período que o Chile estava começando a viver e que duraria mais de vinte e cinco anos.