segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

The Virtues & Deceit

 


The Virtues (The Virtues, Inglaterra, 2019) – Nota 7,5
Direção – Shane Meadows
Elenco – Stephen Graham, Niamh Algar, Helen Behan, Frank Laverty, Mark O’Halloran.

Em Liverpool, Joseph (Stephen Graham) sofre com a mudança de sua ex-esposa que leva seu filho para Austrália. Lutando contra o alcoolismo e sem emprego, Joseph decide voltar para sua cidade natal no interior da Irlanda, local onde enfrentará seus traumas de infância. 

Esta dolorosa minissérie em quatro episódios foi escrita e dirigida por Shane Meadows, responsável pela ótima franquia “This is England”. Novamente Meadows bate forte nos dramas pessoais e nos traumas sofridos na infância e na adolescência, que terminam marcando seus personagens por toda a vida. 

As atormentadas atuações de Stephen Graham e de Niamh Algar são os destaques. Os dois buscam um laço familiar de forma desesperada em meio ao sofrimento causado por suas próprias famílias no passado. 

A minissérie perde alguns pontos pela irregularidade na narrativa, com alguns momentos um pouco cansativos, mas no geral é uma boa opção para quem curte dramas pesados.

Deceit (Deceit, Inlgaterra, 2021) – Nota 6
Direção – Niall MacCormick
Elenco – Niamh Algar, Eddie Marsan, Sion Daniel Young, Harry Treadaway, Nathaniel Martello White, Rochenda Sandall.

Londres, 1992. O brutal assassinato de uma jovem leva a polícia a acreditar que o criminoso é o solitário Colin Stagg (Sion Daniel Young) após o famoso psicólogo Paul Britton (Eddie Marsan) elaborar um perfil. O chefe dos detetives (Harry Treadaway) e o próprio Britton decidem utilizar a detetive Lizzie James (Niamh Algar), que é especialista em trabalhar disfarçada, para se envolver com Stagg e assim conseguir uma confissão. 

Esta minissérie em quatro episódios é baseada em uma complicada história real que coloca em discussão até que ponto um perfil teórico de assassino é confiável e também como o psicológico do policial que trabalha disfarçado é afetado. A protagonista é uma jovem ambiciosa e também perturbada por viver uma personagem falsa. Esta imersão aos poucos afeta sua vida por completo. 

Apesar do tema interessante, a narrativa é bastante irregular, principalmente nos dois primeiros episódios que são bastante cansativos. O ritmo cresce e o interesse na trama melhora nos dois episódios finais. 

É uma séria apenas razoável, ficando um pouco abaixo na comparação com outras produções britânicas.

domingo, 30 de janeiro de 2022

Cavalos Roubados

 


Cavalos Roubados (Ut og Stjaele Hester, Noruega / Suécia / Dinamarca, 2019) – Nota 6
Direção – Hans Petter Moland
Elenco – Stellan Skarsgard, Bjorn Floberg, Tobias Santelmann, Danica Curcic, Pal Sverre Hagen, Gard B. Eidsvold, Jon Ranes, Sjur Vatne Brean.

Novembro de 1999. O viúvo Trond (Stellan Skarsgard) muda para uma casa em um local isolado no interior da Noruega. O contato ocasional com o vizinho Lars (Bjorn Floberg) faz Trond relembrar fatos que vivenciou na adolescência e que mudou sua forma de ver o mundo. 

Uma narrativa em flashbacks volta pra 1949, com um narração em off de Trond detalhando sua vida quando garoto (Jon Ranes), sua relação com o pai (Tobias Santelmann), com seu amigo Jon (Sjur Vatne Brean) e os pais deste (Pal Sverre Hagen e Danica Curcic). 

Baseado em um best seller, este é o quinto filme da parceria entre o diretor Hans Petter Moland e o ator Stellan Skarsgard, por sinal sendo a obra mais fraca desta lista. Os pontos positivos são as belíssimas locações no interior da Noruega e a atuação atormentada de Stellan Skarsgard. 

A premissa de traumas passado vindo à tona também é boa, mas infelizmente a narrativa é lenta e bastante cansativa. Mesmo com uma tragédia em meio a história e o drama familiar, faltou emoção no desenvolvimento e até mesmo empatia pelos personagens. Eu esperava um filme melhor.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Não Olhe Para Cima

 


Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up, EUA, 2021) – Nota 6
Direção – Adam McKay
Elenco – Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Rob Morgan, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet, Ron Perlman, Ariana Grande, Scott Mescudi, Himseh Patel, Melanie Lynskey, Michael Chiklis, Paul Guilfoyle, Robert Joy.

Dois astrônomos (Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) descobrem que um enorme meteoro está viajando na direção da Terra e que o impacto causará da destruição da vida no planeta. Ao alertar as autoridades da tragédia que está prestes a ocorrer, inicia-se uma sucessão de situações absurdas em que diversos personagens tentam se aproveitar do caos em benefício próprio, mesmo com isto podendo custar suas vidas. 

O lançamento deste longa agora em 2021 resultou em uma avalanche de resenhas defendendo ideologias e lados políticos, quando na verdade o roteiro escrito pelo diretor Adam McKay atinge uma gama muito maior de grupos. 

Sobram críticas para esquerda, direita, imprensa, celebridades, gurus da informática e os próprios cientistas. É um verdadeiro saco de gatos em que o pior do ser humano vem à tona. O filme em si é irregular, tanto por ser mais longo do que deveria, quanto pelas várias situações que não tem graça alguma. 

Do elenco cheio de estrelas o destaque fica Mark Rylance como o guru da mídia que acredita ser Deus e que parece um misto de Steve Jobs e Bill Gates. A melhor piada é da sequência durante os créditos finais.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Skin

 


Skin (Skin, Holanda, 2008) – Nota 7,5
Direção – Hanro Smitsman
Elenco – Robert de Hoog, John Buijsman, Juda Goslinga, Sylvia Poorta, Juliann Ubbergen.

Holanda, 1979. Frankie (Robert de Hoog) é um adolescente que tem um relacionamento complicado com o pai (John Buijsman), que é um judeu sobrevivente do Holocausto que carrega vários traumas. 

Quando a mãe de Frankie (Sylvia Poorta) é internada com uma doença terminal, seu ódio em relação ao pai aumenta e ele termina se envolvendo com um grupo de neonazistas. 

O filme é dividido em duas narrativas paralelas, com a principal mostrando a crescente rebeldia e ódio que nasce no protagonista, enquanto a segunda pula para alguns meses a frente quando o jovem está preso por um crime que será revelado apenas na parte final. 

A história é basicamente um estudo de como uma família desestruturada afeta um adolescente, mesmo neste caso sendo em grande parte uma obra do destino os problemas enfrentados pelos pais. 

A atuação visceral de Robert de Hoog é destaque, variando entre explosões de rebeldia com sequências de carinho pelo mãe e por final a terrível sensação de abandono. 

O resultado é um drama forte e pouco conhecido que merece ser descoberto pelos cinéfilos.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Bar Doce Lar & Um Ano em Nova York

 


Bar Doce Lar (The Tender Bar, EUA, 2021) – Nota 7,5
Direção – George Clooney
Elenco – Ben Affleck, Tye Sheridan, Lily Rabe, Daniel Ranieri, Christopher Lloyd, Max Martini, Rhenzy Feliz, Briana Middleton, Max Casella, Sonda James, Michael Braun, Matthew Delamater, Ivan Leung.

Long Island, 1973. O garoto JR (Daniel Ranieri) e sua mãe (Lily Rabe) mudam para a casa dos avós após não terem onde viver. Enquanto a mãe sofre por se sentir fracassada, o garoto aproveita a vida ao lado do tio (Ben Affleck), que é dono de um bar. Uma segunda narrativa pula para 1986, quando JR (Tye Sheridan) consegue uma bolsa de estudos para Yale e inicia sua vida adulta. 

Este simpático longa dirigido pelo ator George Clooney é baseado nas memórias do escritor J.R. Moehringer. Além de detalhar o início da vida adulta do protagonista, o roteiro toca em temas bastante interessantes como a questão do abandono paterno e da busca do adolescente por uma figura que o substitua, no caso aqui pelo personagem do tio vivido por Ben Affleck. 

Os conselhos dados pelo tio são extremamente simples e diretos, sem problematizações ou culpas, com o objetivo de mostrar o melhor caminho para o jovem. O legal é que um filme sobre personagens próximos da realidade e que enfrentam problemas comuns. 

Destaque para as atuações de Affleck e de Tye Sheridan, jovem que vem construindo uma carreira sólida.

Um Ano em Nova York (My Salinger Year, EUA, 2020) – Nota 5,5
Direção – Philippe Falardeau
Elenco – Margaret Qualley, Sigourney Weaver, Douglas Booth, Seana Kerskale, Brian F. O’Byrne, Colm Feore, Hamza Haq.

Nova York, 1995. Joanna (Margareth Qualley) abandona a universidade e consegue uma emprego de assistente da agente literária Margaret (Sigourney Weaver), que por seu lado cuida da carreira do então recluso escritor J.D. Salinger. O objetivo de Joanna é aprender sobre o mercado literário e se tornar escritora, porém terá de enfrentar alguns desafios em sua jornada. 

Baseado em um livro autobiográfico da escritora Joanna Smith Raskoff, este longa detalha o ano que foi primordial em sua vida profissional e pessoal. É aquele tipo de história que é mais interessante para quem viveu, a escritora no caso, do que para o espectador. 

O roteiro explora o conflito sobre a carreira, os problemas em um relacionamento amoroso, a melhor amiga que toma outro rumo, ou seja, tudo bastante previsível. É um filme correto, porém totalmente esquecível e descartável.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Beckett

 


Beckett (Beckett, Itália / Brasil, 2021) – Nota 7
Direção – Ferdinando Cito Filomarino
Elenco – John David Washington, Boyd Holbrook, Vicky Krieps, Alicia Vikander, Yorgos Pirpassopoulos, Michael Stuhlbarg.

Durante uma viagem de férias na Grécia, o casal de namorados Beckett (John David Washington) e April (Alicia Vikander) sofre um acidente. A situação fica ainda mais complicada quando Beckett passa a ser perseguido em consequência de algo que ele presenciou após o acidente. 

Esta mistura de suspense e aventura com toques de conspiração política resulta em um longa com ritmo ágil que agradará aos fãs do gênero. O roteiro explora o clichê do sujeito comum que por conta do destino se envolve algo perigoso, muito maior do que ele. Algumas soluções fáceis e coincidências para amarrar a trama não chegam a atrapalhar a diversão. 

Vale citar que a história ainda entrega uma pequena reviravolta no final relativa a motivação dos perseguidores do protagonista. As locações na Grécia também são destaque.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Cinzas da Guerra

 


Cinzas da Guerra (The Grey Zone, EUA, 2001) – Nota 7
Direção – Tim Blake Nelson
Elenco – David Arquette, Harvey Keitel, Allan Corduner, Steve Buscemi, Daniel Benzali, David Chandler, Michael Stuhlbarg, Velizar Binev, Mira Sorvino, Natasha Lyonne, Kamelia Grigorova, Brian F. O’Byrne, Jessica Hecht, Lee Wilkoff.

No campo de concentração de Auschwitz, alguns judeus de origem húngara trabalhavam como ajudantes dos nazistas levando outros judeus para as câmaras de gás. Estes homens eram conhecidos como “Sonderkommando” e sabiam que mesmo assim seriam executados em algum momento. 

Neste contexto, eles planejam uma fuga contando com a ajuda do médico Miklos Nyiszli (Allan Corduner), um húngaro que para sobreviver se tornou auxiliar do terrível Joseph Mengele. 

Escrito e dirigido pelo ator Tim Blake Nelson, este longa é baseado em uma história real contada em livro pelo verdadeiro Miklos Nyiszli. A premissa explora o mesmo tema do filme húngaro “O Filho de Saul” produzido em 2015 e que levou o Oscar de Filme Estrangeiro. 

Os dois filmes mostram de um forma extremamente dolorosa o martírio dos judeus em meio a crueldade nazista. São várias sequências fortes em dramaticidade, como a fila de pessoas nuas entrando na câmara de gás, a discussão por causa de um relógio e o assassinato com o travesseiro. 

Não chega a ser um grande filme, mas deixa sua marca ao mostrar como a loucura da época fez pessoas comuns se tornarem traidoras e ajudar na morte de outros iguais a elas.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Wicked City

 


Wicked City (Wicked City, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Steven Baigelman
Elenco – Jeremy Sisto, Taissa Farmiga, Gabriel Luna, Ed Westwick, Erika Christensen, Jaime Ray Newman, Evan Ross, Karolina Wydra, Anne Winters, Kirk Baltz, W. Earl Brown, Lew Temple.

Los Angeles, 1982. Um serial killer (Ed Westwick) escolhe como vítimas garotas que frequentam os clubes da então famosa Sunset Strip, até se envolver com uma jovem divorciada (Erika Christensen) que se torna sua parceira nos crimes. 

No seu encalço está o detetive Jack Roth (Jeremy Sisto) e seu parceiro Paco Contreras (Gabriel Luna), enquanto uma jovem aspirante a jornalista (Taissa Farmiga) também se interessa pelo caso após conhecer pessoalmente o assassino. 

Esta série foi desenvolvida com a ideia de contar histórias diferentes em cada temporada, porém foi cancelada logo após a exibição do terceiro episódio. São oito episódios e mesmo deixando um gancho no final ficou com cara de minissérie. No geral a série é irregular, com os dois primeiros episódios sendo intrigantes, para em seguida o desenvolvimento da trama se transformar em mais do mesmo. 

O elenco também não é dos melhores. Os destaques ficam para os policiais vividos por Jeremy Sisto e Gabriel Luna, enquanto o assassino de Ed Westwick é caricato e as personagens de Erika Christensen e Taissa Farmiga inexpressivas. 

É uma série que infelizmente desperdiçou o bom potencial da premissa.

domingo, 23 de janeiro de 2022

Pânico ao Anoitecer & Assassino Invisível

 


Pânico ao Anoitecer (The Town That Dreaded Sundown, EUA, 1976) – Nota 5,5
Direção – Charles B. Pierce
Elenco – Ben Johnson, Andrew Prine, Dawn Welles, Jimmy Clem, Jim Citty, Charles B. Pierce.

Texarkana, 1946. Na pequena cidade na divisa do Texas com o Arkansas, um assassino desconhecido ataca jovens casais que estão namorando dentro de carros em locais isolados. A falta de pistas, mesmo com o auxílio de policiais de outras cidades leva a população a se trancar em casa a noite com medo do assassino. 

Baseado em uma história real, este longa que se tornou cult bebe na fonte do sucesso de “O Massacre da Serra Elétrica” que foi produzido dois anos antes, além de ter uma trama que lembra o “Zodíaco”. A narração sinistra e o estilo quase documental são semelhantes, porém as sequências de suspense e violência neste longa deixam bastante a desejar. 

O roteiro que foca na investigação também é bastante simplório, assim como as interpretações e até a tentativa de comédia com o personagem de um policial atrapalhado vivido pelo próprio diretor Charles B. Pierce. É uma história que merece um filme melhor até mesmo do que a refilmagem que comento abaixo.

Assassino Invisível (The Town That Dreaded Sundown, EUA, 2014) – Nota 6
Direção – Alfonso Gomez Rejon
Elenco – Addison Timlin, Veronica Cartwright, Anthony Anderson, Travis Hope, Gary Cole, Ed Lauter, Joshua Leonard, Edward Herrmann, Denis O’Hare, Spencer Treat Clark.

No início do longa, uma narração over explica que a cidade de Texarkana na divisa do Texas com Arkansas sofreu com um serial killer conhecido como “Fantasma” que agiu em 1946 e que jamais foi preso. Em 1976 um filme sobre os assassinatos foi produzido e considerado maldito pela população. 

A trama pula para 2013, quando um casal de namorados (Addison Timlin e Spencer Treat Clark) é atacado após assistirem ao filme em um drive-in e o rapaz termina morto. O assassino deixa a garota viva e diz que o crime é por causa de “Mary”. Quando ocorre um segundo crime com as mesmas características, a polícia acredita que um novo Fantasma seja o assassino. 

Este longa é ao mesmo tempo uma refilmagem e uma sequência da obra de mesmo título produzida em 1976, o que por si só é uma bela premissa, principalmente porque o criminoso original jamais foi preso, o que abriria várias possibilidades para o roteiro. 

Infelizmente o desenvolvimento da trama se perde em meio a clichês, principalmente no péssimo final, no mau aproveitamento de personagens coadjuvantes interessantes como o Ranger de Anthony Anderson e o sinistro cineasta interpretado por Denis O’Hare, além da inexpressiva atriz principal. 

O diretor pelo menos consegue criar um clima de suspense e alguns sustos melhores do que o fraco filme original.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Em Busca da Honra

 


Em Busca da Honra (In Pursuit of Honor, EUA, 1995) – Nota 6,5
Direção – Ken Olin
Elenco – Don Johnson, Craig Sheffer, Gabrielle Anwar, Bob Gunton, James Sikking, John Dennis Johnston, Rod Steiger.

Em 1932, uma grupamento da cavalaria americana liderada pelo sargento Libbey (Don Johnson) recebe uma ordem para sacrificar diversos cavalos. Com apoio do jovem tenente Marshall Buxton (Craig Sheffer), Libbey bate de frente com o coronel Hardesty (Bob Gunton) e decide salvar os animais, se tornando alvo do próprio exército. 

O grande destaque deste longa é ser baseado em uma história real que faz pensar sobre o dilema de quem se nega a cumprir uma ordem oficial que é injusta ou mesmo ilegal. Esta discussão da disputa entre a obediência cega e a os valores pessoais continua atual. 

O filme em si é irregular, variando entre discussões ideológicas e sequências em que os soldados guiam os cavalos em busca da salvação.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Saída à Francesa

 


Saída à Francesa (French Exit, Canadá / Irlanda / Inglaterra, 2021) – Nota 5
Direção – Azazel Jacobs
Elenco – Michelle Pfeiffer, Lucas Hedges, Tracy Letts, Valerie Mahaffey, Susan Coyne, Imogen Poots, Danielle Macdonald, Isaach De Bankolé, Daniel di Tomasso.

Após viver vários anos com o dinheiro que herdou do marido, a socialite Frances Price (Michelle Pfeiffer) é obrigada a aceitar que está falida. Com o pouco dinheiro que restou da venda dos bens, ela e o filho Malcolm (Lucas Hedges) mudam para Paris. Em um pequeno apartamento eles tentam retomar a vida e acertar os problemas pessoais com o passado. 

Baseado em um livro, este longa é uma total perda de tempo para o espectador. Pouca coisa acontece durante as quase duas horas de duração, variando entre as conversas cínicas e frustradas da mãe e a apatia do filho que deixou a noiva em Nova York. 

A produção é bem cuidada e o único destaque além disso são as sessões espíritas na segunda metade da história.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

O Homem nas Trevas

 


O Homem nas Trevas 2 (Don't Breathe 2, EUA / Sérvia, 2021) – Nota 6,5
Direção – Rodo Sayagues
Elenco – Stephen Lang, Madelyn Grace, Brendan Sexton III, Adam Young, Rocci Boy Williams, Cristian Zagia, Bobbi Schofield, Fiona O’Shaughnessy, Stephanie Arcila.

Alguns anos depois de ter sua casa invadida e destruída, um veterano de guerra cego (Stephen Lang) mudou para uma local isolado onde vive com a garotinha Phoenix (Madelyn Grace). Quando um grupo de sequestradores escolhe Phoenix como alvo, o velho soldado novamente terá de utilizar sua experiência de batalha para enfrentar os bandidos. 

Esta sequência do filme de 2016 é mais violenta, abusando das sequências sangrentas, brigas e mortes, chegando perto do estilo gore. O diretor Rodo Sayagues que foi o produtor do original, acerta a mão nestas sequências e no suspense, explorando a casa e os espaços ao redor, porém a narrativa é mais irregular, com alguns momentos mortos. 

A motivação do crime que vem à tona na parte final também é exagerada, lembrando os filmes de terror B. Destaque para a atuação de Stephen Lang, que com quase setenta anos ainda se mostra ágil nas sequências de brigas.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

A Livraria & A Escavação

 


A Livraria (The Bookshop, Inglaterra / Espanha / Alemanha / França, 2017) – Nota 6,5
Direção – Isabel Coixet
Elenco – Emily Mortimer, Bill Nighy, Patricia Clarkson, Honor Kneafsey, Michael Fitzgerald, Hunter Tremayne, James Lance, Frances Barber, Jorge Suquet.

Inglaterra, 1959. Em uma pequena cidade litorânea, a viúva Florence Green (Emily Mortimer) decide comprar um antigo casarão abandonado para transformar em moradia e também abrir uma livraria, seu sonho de infância. A decisão de Florence desagrada várias pessoas da cidade, principalmente a rica Violet Galmart (Patricia Clarkson) que tinha outra ideia em relação ao casarão. 

Baseado em um livro, este longa explora temas universais como inveja, poder e também a solidariedade, além é claro do amor pelos livros. Os obstáculos enfrentados pela protagonista é algo comum para a maioria dos empreendedores, em menor ou maior escala. 

A questão aqui é mostrar como em uma cidade pequena em que todos se conhecem, muitos escolhem agradar os poderosos para ter vantagens ou não ser visto como um dissidente. 

Destaque para as atuações do quarteto principal, com a sensibilidade de Emily Mortimer, a arrogância da personagem de Patricia Clarkson, a timidez de Bill Nighy e a vitalidade da garota vivida por Honor Kneafsey. 

É um drama em que a emoção que ele mais desperta é o incômodo.

A Escavação (The Dig, Inglaterra, 2021) – Nota 6
Direção – Simon Stone
Elenco – Carey Mulligan, Ralph Fiennes, Lily James, Johnny Flynn, Ken Stott, Ben Chaplin, Paul Ready, Monica Dolan, Arsher Ali.

Suffolk, Inglaterra, 1939. Edith Pretty (Carey Mulligan) acredita que em sua propriedade rural exista um sítio arqueológico. Ela contrata o escavador Basil Brown (Ralph Fiennes), que rapidamente encontra pistas de que algo importante está enterrado ali, mesmo sem saber exatamente o que seria. 

Baseado em uma história real, este longa por mais que tenha um bom elenco deixa a desejar na narrativa lenta e na falta de emoção, mesmo com algumas situações pessoais mais complexas. A questão arqueológica pode interessar aos fãs da matéria, enquanto que para espectador comum falta algo para criar empatia. 

A trama romântica envolvendo a coadjuvante vivida por Lily James também destoa da proposta inicial, parecendo ter sido inserida na trama apenas para agradar um público mais amplo. 

O resultado é um filme apenas razoável.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Nem um Passo em Falso

 


Nem um Passo em Falso (No Sudden Move, EUA, 2021) – Nota 6,5
Direção – Steven Soderbergh
Elenco – Don Cheadle, Benicio Del Toro, David Harbour, Jon Hamm, Brendan Fraser, Ray Liotta, Bill Duke, Amy Seimetz, Noah Jupe, Julia Fox, Kieran Culkin, Crig MuMs Grant, Lucy Holtz, Matt Damon.

Detroit, 1954. Um sujeito chamado Jones (Brendan Fraser) contrata três marginais (Don Cheadle, Benicio Del Toro e Kieran Culkin) para manter em cativeiro a família de Matt Werts (David Harbour), que é obrigado a roubar um documento secreto na empresa em que trabalha. A situação sai do controle dando início a uma complexa trama de mentiras e traições. 

A premissa do roteiro escrito por Ed Solomon é bastante intrigante ao deixar claro que existem vários personagens em busca de objetivos criminosos individuais. Um dos problemas surge quando descobrimos que o motivo principal pela busca dos papéis secretos passa longe de ser interessante. 

A narrativa também é irregular, muito por causa das varias tramas paralelas e as pequenas reviravoltas que não chegam a empolgar, mesmo com o ótimo elenco. 

É uma história que na mão de um Martin Scorsese e com uma motivação principal mais legal, teria tudo para render um grande filme. Infelizmente o resultado é mediano.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Black

 


Black (Black, Bélgica, 2015) Nota – 7,5
Direção – Adil El Arbi & Bilall Fallah
Elenco – Aboubakr Bensaihi, Martha Canga Antonio, Sanaa Alaoui, Sanaa Bourrasse, Soufiane Chilah.

Na periferia de Bruxelas na Bélgica, o jovem Marwan (Aboubakr Bensaihi) conhece na delegacia a adolescente Mavela (Martha Canga Antonio) e logo eles se apaixonam. O problema é que Marwan é membro de uma gangue de jovens marroquinos que praticam pequenos roubos, enquanto Mavela convive com uma violenta gangue de africanos envolvida com o tráfico de drogas. 

Este longa pode ser considerado uma violenta versão do clássico “Romeu e Julieta” misturado com o também clássico “Amor, Sublime Amor”. A história de amor entre membros de gangues rivais ganha um contorno extremamente cruel através de sequências de brigas violentas, execuções e ataque sexuais, semelhante ao que ocorre na periferia das grandes cidades de países da América Latina. 

Os diretores Adil El Arbi e Bilall Fallah são belgas de origem marroquina e com certeza conhecem e talvez foram até testemunhas de situações que são mostradas aqui. Este foi um dos trabalhos da dupla que chamou a atenção de Hollywood e os levou para dirigir o recente e apenas razoável “Bad Boys For Life”. 

É interessante notar que os letreiros finais mostram que vinte e três pessoas ligadas a gangues foram assassinadas entre 2002 a 2015 na Bélgica, enquanto no Brasil este número é menor dos que as mortes diárias por causa deste tipo de crime.

domingo, 16 de janeiro de 2022

A História Soviética

 


A História Soviética (The Soviet Story, Letônia, 2008) – Nota 8
Direção – Edvins Snore
Documentário

Apesar da antiga União Soviética ser o foco principal deste documentário, o diretor letão Edvins Snore também explora bastante as estreitas ligações entre nazismo e comunismo, principalmente como alemães e soviéticos utilizaram destes terríveis regimes para ceifar milhões de vidas. 

Com depoimentos de historiadores, estudiosos sobre o tema e também de pessoas que sobreviveram aos dois regimes, o doc é bastante didático ao detalhar como a ascensão do comunismo na União Soviética à partir dos anos vinte influenciou Hitler em sua política totalitária. 

A diferença básica entre os regimes era que o socialismo tinha como objetivo criar um “novo homem” destruindo a classe média e a elite, que eles chamavam de burgueses, enquanto o nazismo tinha como inimigos os judeus, ou seja, de um lado o foco era o extermínio econômico e do outro o ódio racial. 

O doc deixa claro como é inacreditável que ainda hoje pessoas defendam o comunismo, sendo que a União Soviética matou milhões de pessoas de forma tão cruel quanto os nazistas na Segunda Guerra. Um exemplo foi a fome na Ucrânia nos anos trinta que resultou em um dos casos mais terríveis de maldade contra o ser humano, fato que ficou conhecido como Holodomor. 

Para quem ainda não abriu os olhos para os horrores cometidos pelos comunistas durante décadas, este doc é uma pequena lição de história a ser aprendida.

sábado, 15 de janeiro de 2022

O Fotógrafo de Mauthausen & Retratos de uma Guerra

 


O Fotógrafo de Mauthausen (El Fotógrafo de Mauthausen, Espanha, 2019) – Nota 6,5
Direção – Mar Tagarona
Elenco – Mario Casas, Richard van Weyden, Alain Hernandez, Adria Salazar, Eduard Buch, Stefan Weinert.

Durante a Segunda Guerra Mundial, soldados espanhóis comunistas que lutaram contra as tropas do General Franco e foram derrotados, terminaram presos em campos de concentração de nazistas na França. 

Um destes presos é Boix (Mario Casas), que por entender de fotografia se torna uma espécie de auxiliar do oficial nazista Ricken (Richard van Weyden), que usa sua máquina para documentar tudo sobre o campo de concentração de Mauthausen. 

Baseado em uma história real, este longa espanhol perde pontos na inevitável comparação com várias outras obras similares sobre a Segunda Guerra. É uma história de luta pela sobrevivência e também de guardar provas sobre os terríveis crimes cometidos pelos nazistas. 

Um dos pontos positivos ao lado da produção caprichada são os créditos finais que mostram as verdadeiras fotos que foram recriadas em várias sequências do filme. Por outro lado a narrativa não empolga, tudo é bastante previsível, faltando inclusive a emoção comum aos filmes do gênero.

Retratos de uma Guerra (Ashes in the Snow, Lituânia, 2018) – Nota 6
Direção – Markus A. Markevicius
Elenco – Bel Powley, Lisa Loven Kongsli, Martin Wallstrom, Jonah Hauer King, Peter Franzen, Sam Hazeldine, Tom Sweet, Sophie Cookson, James Cosmo, Sarah Finigan.

Lituânia, 1941. Com a Segunda Guerra Mundial em andamento, o exército soviético que havia avançado sobre os países bálticos no ano anterior seguiu para a Lituânia com o objetivo de prender as pessoas consideradas inimigas do governo. 

Neste contexto, a família da jovem Lina (Bel Powley) é detida e transportada para a Sibéria junto com milhares de pessoas. Seu amor pela arte e a força de sua mãe (Lisa Loven Kongsli) são os combustíveis na luta pela sobrevivência. 

Baseado em um livro que diz ser inspirado em uma história real, este longa tem como destaque os cenários gelados do leste europeu, os figurinos com a reconstituição de época e a dolorosa história que mostra como foi terrível o comunismo soviético. 

Por outro lado, a narrativa irregular e o desenvolvimento da trama com alguns pulos no tempo deixam a desejar. Falta até mesmo um pouco mais emoção, o que seria comum neste tipo de história. 

O destaque do elenco fica para a atuação de Martin Wallstrom como um atormentado soldado soviético, ator conhecido por seu papel na série “Mr. Robot”.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Momo e o Senhor do Tempo

 


Momo e o Senhor do Tempo (Momo, Alemanha Ocidental / Itália, 1986) – Nota 5,5
Direção – Johannes Schaaf
Elenco – Radost Bokel, Mario Adorf, Armin Mueller Stahl, Sylvester Groth, John Huston, Leopoldo Trieste, Ninetto Davoli.

Em um vilarejo da Alemanha Ocidental, a garota Momo (Radost Bokel) é encontrada escondida em um buraco. Mesmo sem saber de onde ela veio, os moradores do local se apegam a doce garotinha. Em paralelo, homens de cinza surgem decididos a controlar as pessoas através do tempo. 

Esta estranha ficção é baseada em um livro do escritor alemão Michael Ende, que aparece na tela durante o prólogo em um vagão de trem onde o Senhor do Tempo vivido por John Huston conta a história de Momo. A curiosa participação de John Huston foi seu último trabalho no cinema como ator. 

Esta obra literária foi levada ao cinema na esperança de obter o mesmo sucesso de “A História Sem Fim” que foi produzido dois anos antes e que também era baseado em livro de Michael Ende. 

A adaptação de Momo fracassou por vários motivos. A complexa trama do livro ficou confusa na adaptação, com os vários simbolismos da história deixando o espectador um pouco perdido. Os efeitos especiais que eram fracos já na época também atrapalharam bastante. A questão do filme não achar um meio termo entre ser uma obra para crianças ou adultos foi o fator negativo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Amor e Monstros

 


Amor e Monstros (Monster Problems, Canadá / EUA / Austrália, 2020) – Nota 7
Direção – Michael Matthews
Elenco – Dylan O’Brien, Jessica Henwick, Michael Rooker, Ariana Greenblatt, Dan Ewing, Ellen Hollman, Ter Hale, Bruce Spence.

Um meteoro que viaja em direção a Terra é destruído, porém as partes que chegam ao chão contaminam os insetos, os transformando em monstros mutantes. 

Sete após o início da catástrofe, Joel (Dylan O’Brien) vive com alguns sobreviventes em um abrigo subterrâneo. Em contato pelo rádio com outros sobreviventes, Joel encontra sua namorada adolescente Aimee (Jessica Henwick) em um abrigo distante. Ele decide iniciar uma perigosa viagem para reencontrar o amor de sua vida. 

Esta mistura de ficção e aventura adolescente é uma grata surpresa. A jornada do protagonista enfrentando monstros e estranhas criaturas é violenta e divertida, assim como as ótimas sequências de ação e os efeitos especiais de qualidade. 

Bons personagens coadjuvantes como o veterano caçador de monstros vivido por Michael Hooker e a carismática garotinha Ariana Greenblatt são os destaques. 

O final ainda deixa um gancho para uma sequência.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Stillwater

 


Stillwater (Stillwater, EUA, 2021) – Nota 6,5
Direção – Tom McCarthy
Elenco – Matt Damon, Camille Cottin, Abigail Breslin, Lilou Siauvaud, Moussa Maaskri, Deanna Dunagan, Anne Le Ny.

Bill (Matt Damon) viaja sempre que possível para Marselha na França para visitar a filha Allison (Abigail Breslin) que está presa há cinco anos condenada por ter assassinado a namorada. 

Vendo a filha alegar inocência desde o início e sua advogada praticamente desistindo do caso, Bill decide investigar por conta própria, conseguindo a inusitada ajuda da francesa Virginie (Camille Cottin), que tem uma filha pequena (Lilou Siauavud). 

Escrito e dirigido por Tom McCarthy, este drama começa de forma intrigante deixando em dúvida se a garota realmente é inocente. A ideia de escalar um protagonista americano que busca respostas mas não fala e nem entende francês e que também sofre com a diferença de costumes é outro acerto. 

Estes pontos perdem um pouco da força pela narrativa irregular, muito por causa da longa duração. O roteiro gasta muito tempo no relacionamento entre o protagonista, a amiga e a filha e ainda tenta inserir discussões sobre política de forma rasa. 

Algo que chama bastante atenção em filmes com locação na França atual é a decadência das periferias de cidades como Paris e Marselha. Comércios e edifícios pichados, sujeira nas ruas e violência, algo parecido com o que ocorre no Brasil.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Neblinas e Sombras, A Outra & Setembro

 


Neblinas e Sombras (Shadows and Fog, EUA, 1991) – Nota 5,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Woody Allen, Mia Farrow, John Malkovich, John Cusack, Madonna, Donald Pleasence, Kathy Bates, Lily Tomlin, Jodie Foster, James Rebhorn, Daniel von Bargen, David Ogden Stiers, Victor Argo, Fred Melamed, John C. Reilly, Philip Bosco, Peter McRobie, Josef Sommer, Kate Nelligan, Kurtwood Smith, Fred Gwynne, Robert Joy, William H. Macy, Wallace Shawn, Kenneth Mars, Peter Dinklage.

Nova York, provavelmente final do século XIX. Para deter um serial killer, um grupo de vigilantes praticamente obriga o trabalhador Kleinman (Woody Allen) a ser uma isca. Em paralelo, um casal de artistas circenses (Mia Farrow e John Malkovich) vive uma crise por conta de uma traição. 

Esta homenagem de Woody Allen ao “expressionismo alemão” é na minha opinião um dos seus trabalhos mais fracos. A parte estética em preto e branco repleta das neblinas e sombras do título é bem interessante, porém tanto a história como os diálogos deixam a desejar, algo incomum na carreira de Allen. 

Uma das coisas que atrapalha é o excesso de personagens que pouco acrescentam a trama, passando a impressão de que os vários astros e estrelas do elenco estão ali apenas para dizer que trabalharam com Allen, em uma época em que os escândalos ainda não o tinham atingido.

A Outra (Another Woman, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Gena Rowlands, Mia Farrow, Ian Holm, Blythe Danner, Gene Hackman, Betty Buckley, Martha Plimpton, John Houseman, Sandy Dennis, David Ogden Stiers, Philip Bosco, Harris Yulin, Frances Conroy, Fred Melamed, Kenneth Welsh.

Marion (Gena Rowlands) é uma respeitada professora de filosofia casada com Ken (Ian Holm) que decide alugar um apartamento para utilizar durante o dia como escritório. Seu objetivo é ter um local tranquilo para escrever um livro. 

A calmaria que buscava se transforma em questionamento de sua própria vida quando ela começa a ouvir pelo duto de ar as conversas das sessões de terapia de um apartamento ao lado, principalmente o caso de uma atormentada mulher que está grávida (Mia Farrow). 

Este drama lento e doloroso faz parte do período em que Woody Allen buscou inspiração nos filmes do sueco Ingmar Bergman em que personagens sofrem com suas frustrações e medos, além é claro da dificuldade nos relacionamentos, este último ponto habitual nas obras de Allen. 

A lentidão da narrativa atrapalha bastante e diferente do estilo normal de Allen, aqui não existe espaço para a ironia, o sarcasmo e os toques de comédia.

Setembro (September, EUA, 1987) – Nota 6
Direção – Woody Allen
Elenco – Mia Farrow, Dianne Wiest, Elaine Stritch, Sam Waterston, Denholm Elliott, Jack Warden.

Durante um final de semana em um casa de veraneio em Vermont, seis pessoas interagem em meio a uma ciranda de amores proibidos, frustrações e traumas que vem à tona. 

O objetivo de Woody Allen aqui foi contar uma história ao estilo de um teatro filmado. O ritmo lento, a câmera com pouco movimento e as atuações pesadas, assim como a própria história triste resultam em uma obra para um público específico. 

A obsessão de Allen em criar um teatro perfeito o levou a filmar o longa inteiro por duas vezes, reescrevendo a trama e descartando a primeira versão que tinha parte do elenco diferente com Sam Shepard, Christopher Walken, Charles Durning e Maureen O’Hara.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

A Hora do Descarrego

 


A Hora do Descarrego (The Cleansing Hour, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Damien LeVeck
Elenco – Ryan Guzman, Kyle Gallner, Alix Angelis, Chris Lew Kum Hoi, Daniel Hoffmann Gill, Emma Holzer, Joanna David.

Dois amigos comandam um programa na internet encenando exorcismos. Max (Ryan Guzman) é o padre e Drew (Kyle Gallner) o produtor, além de mais quatro pessoas que os auxiliam, sendo uma delas a noiva de Drew (Alix Angelis). 

Durante um programa ao vivo, a situação sai totalmente do controle quando um demônio de verdade toma o corpo de uma pessoa. Os amigos são obrigados a enfrentar o espírito do mal para sobreviver. 

Este curioso longa de terror mistura a clássica trama de exorcismo e possessão com a exposição na internet dos dias atuais. São engraçadas e também violentas as exigências feitas pelo demônio, assim como as reações de quem está assistindo. O clima de tensão e o cenário sinistro ajudam bastante, assim como o ritmo ágil da narrativa. 

Eu considero uma boa surpresa, um filme que entrega algo diferente em um gênero que precisa de novidades.

domingo, 9 de janeiro de 2022

The Principal

 


The Principal (The Principal, Austrália, 2015) – Nota 7
Direção – Kriv Stenders
Elenco – Alex Dimitriades, Aden Young, Mirrah Foulkes, Rahel Romanh, Di Adams, Michael Denkha, Andrea Demetriades.

O novato diretor Matt Bashir (Alex Dimitriades) é designado para comandar um colégio de garotos na periferia de Sydney na Austrália. Encontrando um local repleto de adolescentes rebeldes, alguns deles violentos e as disputas entre australianos e muçulmanos, Matt deseja mudar a situação tratando os garotos como pessoas, tentando entender o que se passa. Tudo fica mais complicado quando um dos jovens é assassinado dentro do colégio. É o início de uma investigação que afetará várias pessoas. 

Esta minissérie australiana em quatro episódios começa muito bem ao explorar a verdadeira selva que é a escola, colocando um protagonista que busca mudar a situação. A trama vai bem até a metade, quando o roteiro muda um pouco o foco para mostrar um drama pessoal do diretor. 

Esta questão é válida, o problema é que a crise escolar perde um pouco a força, levando inclusive a trama a um final um pouco decepcionante. Claramente o melhor caminho seria explorar somente os problemas dos alunos, tendo o protagonista como catalisador das mudanças. Mesmo assim é uma boa minissérie que vale a espiada.

sábado, 8 de janeiro de 2022

Quarto 212

 


Quarto 212 (Chambre 212, França, 2019) – Nota 5,5
Direção – Christophe Honoré
Elenco – Chiara Mastroianni, Vincent Lacoste, Benjamin Biolay, Camille Cottin, Carole Bouquett.

Após o marido Richard (Benjamin Biolay) descobrir uma traição de sua esposa Maria (Chiara Mastroianni), ela decide sair do apartamento e se instalar em um hotel do outro lado da rua. 

Enquanto espiona as reações do marido, Maria recebe a “visita” de pessoas que passaram por sua vida, como se fossem diálogos com sua consciência. Surge Richard ainda jovem (Vincent Lacoste), a primeira amante de Richard (Camille Cottin) e diversos homens com quem Maria traiu seu marido. 

Este longa francês é uma cansativa sessão de terapia que tenta normalizar e justificar as traições. A forma quase onírica com que as relações extraconjugais são mostradas, junto com os diálogos filosóficos pode agradar a um público específico. No meu caso foi uma enorme perda de tempo. 

Destaque para a atuação da belíssima Chiara Mastroianni, filha do astro italiano Marcello Mastroianni com a estrela francesa Catherine Deneuve.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Hypnotic & Mortal

 


Hypnotic (Hypnotic, EUA, 2021) – Nota 5
Direção – Matt Angel & Suzanne Coote
Elenco – Kate Siegel, Jason O’Mara, Dulé Hill, Lucie Guest, Jaime M. Callica, Luc Roderique, Tanja Dixon Warren.

Desempregada e solitária, Jenn (Kate Siegel) passa por um momento difícil na vida. Depois de muita insistência de uma amiga, ela aceita se consultar com o psicanalista Colin Meade (Jason O’Mara), um especialista em terapia com hipnose. Quando Jenn começa a ter lapsos de memória, ela desconfia que existe algo de errado no tratamento. 

Este suspense repleto de clichês tem um prólogo assustador e uma premissa interessante ao explorar o lado perigoso da hipnose. O problema é que além dos clichês, o desenvolvimento da trama é cheio de falhas, os personagens são canastrões e o final é típico dos filmes do gênero. 

Vale dar um desconto para a razoável atriz Kate Siegel, que nos últimos anos vem repetindo papéis em filmes de terror e suspense, quase como uma nova Jamie Lee Curtis, a antiga "Rainha do Grito".

Mortal (Mortal, Noruega / EUA / Inglaterra, 2020) – Nota 5
Direção – André Ovredal
Elenco – Nat Wolff, Iben Akerlie, Priyanka Bose, Per Frisch, Arthur Hakalahti.

No interior da Noruega, um jovem andarilho (Nat Wolff) cruza o caminho de um grupo de adolescentes e um deles termina morto de forma inexplicável após tocá-lo. Procurado pela polícia, o jovem consegue ajuda de uma garota (Iben Akerlie), mesmo estando assustada com a estranha situação. É o início da busca por uma resposta para os poderes do rapaz. 

Esta ficção filmada na Noruega tem uma premissa intrigante ao tentar explorar a mitologia nórdica, o que poderia ter rendido um bom longa. Infelizmente são vários problemas que atrapalham o resultado. O roteiro é uma grande bagunça, com furos na história e soluções fáceis sem explicações. As atuações ruins e os efeitos especiais que parecem saídos de um filme dos anos oitenta são outras falhas. 

É uma ficção fraca, que não vale a sessão.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

A Pele Fria

 


A Pele Fria (Cold Skin, Espanha / França, 2017) – Nota 6
Direção – Xavier Gens
Elenco – Ray Stevenson, David Oakes, Aura Garrido, John Benfield.

Junho de 1914, pouco antes do início da 1º Guerra Mundial. Um jovem (David Oakes) é levado para uma ilha isolada onde ficará por meses trabalhando como observador climático. A surpresa de encontrar um estranho guardião do farol (Ray Stevenson) não intimida o jovem, que decide ficar mesmo sabendo que seu antecessor morreu. Logo na primeira noite algo totalmente inesperado acontece, levando o jovem ao desespero. 

Os quinze minutos iniciais passam a impressão de ser um drama de sobrevivência comum, mudando o foco em seguida e transformando a trama em uma violenta ficção. Um dos cartazes do filme já entrega a surpresa, a questão é a forma como os dois sozinhos na ilha precisam lutar para sobreviver e como isso afeta a forma deles verem o mundo. É uma pena que a narrativa seja um pouco cansativa e as sequências de filme repetitivas. 

O resultado é uma obra interessante, mas que faltou alguma coisa.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Casa Própria

 


Casa Própria (Casa Propia, Argentina, 2018) – Nota 6,5
Direção – Rosendo Ruiz
Elenco – Gustavo Almada, Irene Gonnet, Maura Sajeva, Yohanna Pereira, Mauro Alegret, Eugenia Leyes Humbert.

Ale (Gustavo Almada) é um professor que precisa lidar com vários problemas ao mesmo tempo. Ele procura um apartamento para morar, mas falta dinheiro. Vive com sua mãe doente e reclama da pouca ajuda de sua irmã. Ale ainda tem uma relacionamento complicado com a namorada que tem um filho pré-adolescente. 

Esta produção argentina foca na vida ordinária de uma pessoa comum que parece nunca encontrar seu caminho. Os problemas familiares comuns a todos se potencializam pela falta de perspectiva financeira e profissional, com o roteiro explorando como pano de fundo a eterna crise econômica argentina. 

Com erros e acertos, o protagonista vivido por Gustavo Almada enfrenta frustrações diárias, tendo de procurar ânimo para seguir em frente. 

O resultado é um melancólico drama independente sobre a dura realidade da vida para a maioria das pessoas.

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Yella

 


Yella (Yella, Alemanha, 2007) – Nota 6
Direção – Christian Petzold
Elenco – Nina Hoss, Devid Striesow, Burghart Klaussner, Hinnerk Schonemann, Barbara Auer, Christian Redl.

Yella (Nina Hoss) vive em uma cidade do interior da Alemanha, mas conseguiu emprego em Hanover para fugir do ex-marido (Hinnerk Schonemann) que a persegue. Um determinado fato parece selar o destino de Yella, mas algo fora do normal faz com que ela consiga chegar ao destino onde inicia um novo emprego e uma vida completamente diferente. 

O diretor alemão Christian Petzold é conhecido por obras existenciais com histórias incomuns e personagens atormentados, como o interessante “Em Trânsito”. Este “Yella” começa explorando uma trama de relacionamento abusivo, para em seguida mudar o foco para o tema da ambição e voltar para um final simbólico e ambíguo. Por mais que pareça interessante, a narrativa é lenta e tediosa, sendo difícil se envolver com as situações e mesmo com a protagonista. 

É um filme curioso, mas que comigo não funcionou.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

O Sequestro de Daniel Rye & The Journey Is the Destination

 


O Sequestro de Daniel Rye (Ser du Månen, Daniel, Dinamarca / Noruega / Suécia, 2019) – Nota 7
Direção – Niels Arden Oplev & Anders W. Berthelsen
Elenco – Esben Smed, Toby Kebbell, Anders W. Berthelsen, Sara Hjort Ditlevsen, Amir El Masry, Jens Jorn Spottag, Elizabeth Moynihan, Sofie Torp, Andrea Heick Gadeberg.

Após sofrer um acidente em uma competição, o ginasta Daniel Rye (Esben Smed) é obrigado a abandonar o esporte. A chance para uma nova carreira surge com sua paixão pela fotografia. Ele consegue um emprego e passa a viajar por regiões em conflito. Em 2013, durante uma viagem para a Síria, Daniel é sequestrado por terroristas do ISIS levando sua família ao desespero. 

Baseado em uma história real, este longa detalha o sofrimento físico e psicológico enfrentado pelo protagonista durante o longo período em cativeiro. Em paralelo, o roteiro explora a luta de seus familiares para resgatá-lo e a dificuldade em conseguir apoio do governo dinamarquês que se negava a negociar com terroristas. 

Não é um filme com surpresas, o objetivo é mostrar como os extremistas odeiam o ocidente através do relato desta história verdadeira.

The Journey Is the Destination (The Journey Is the Destination, EUA, 2016) – Nota 6,5
Direção – Browen Hughes
Elenco – Ben Schnetzer, Kelly Macdonald, Sam Hazeldine, Ella Purnell, Maria Bello, Joshua Daniel Eady, Yusra Warsama, Tanroh Ishida, Abby Quinn, Gugun Deep Singh.

Estados Unidos, 1992. Ao invés de ir para universidade, Dan Eldon decide se juntar a um grupo de amigos que viaja para África com o objetivo de arrecadar alimentos para o povo da Somália. A viagem desperta em Eldon o gosto pela fotografia e o leva a ser contratado por um agência internacional que no ano seguinte o envia com uma equipe de volta para Somália onde o exército americano lutava contra grupos paramilitares. 

Baseado em uma história real, este longa segue o estilo das obras sobre jornalistas que enfrentam perigos para cobrir conflitos. O protagonista é um idealista que acreditava em fazer o bem e por este motivo muitas vezes arriscava a própria vida. 

Além das locações na África, o destaque fica para a montagem criativa que faz um paralelo entre os cadernos de anotações do protagonista com os acontecimentos reais. 

É um filme correto e sem surpresas.

domingo, 2 de janeiro de 2022

Terra dos Sonhos

 



Terra dos Sonhos (In America, Irlanda / Inglaterra / EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Jim Sheridan
Elenco – Paddy Considine, Samantha Morton, Djimon Housou, Sarah Bolger, Emma Bolger, Juan Carlos Hernandez, Jason Salkey.

Nova York, 1982. Johnny (Paddy Considine), sua esposa Sarah (Samantha Morton) e as filhas pequenas (Sarah e Emma Bolger) são irlandeses que vem do Canadá para tentar uma vida melhor nos EUA. 

Obrigados a morar em um apartamento num prédio decadente, a família luta para encontrar seu caminho. Johnny busca emprego como ator, enquanto Sarah se torna atendente de uma sorveteria. 

Este longa dirigido pelo irlandês Jim Sheridan lembra as obras de Ken Loach em que os protagonistas são pessoas comuns enfrentando problemas reais em um mundo extremamente complicado. A diferença em relação ao estilo de Loach está na esperança que Sheridan insere em sua história, que é narrada por uma das filhas na vida adulta. 

Além das boas atuações do casal principal, vale destacar Djimon Hounsou como o vizinho que se torna amigo da família. Como curiosidade, Sarah e Emma Bolger são também irmãs na vida real, sendo que somente Sarah seguiu carreira.

sábado, 1 de janeiro de 2022

When the Streetlights Go On

 


When the Streetlights Go On (When the Streetlights Go On, EUA, 2020) – Nota 6,5
Direção – Rebecca Thomas & Brett Morgen
Elenco – Chose Jacobs, Sophie Thatcher, Ben Ahlers, Nnamdi Asomugha, Mark Duplass, Kristine Froseth, Queen Latifah, Tony Hale, Cameron Bancroft, Eliza Norbury.

Verão de 1983. Em uma típica cidade americana, duas pessoas são assassinadas friamente aparentemente sem motivo. Enquanto a investigação policial não chega a lugar algum, adolescentes da cidade enfrentam o medo, a desconfiança e os problemas de relacionamento comuns da idade. 

Esta é mais uma microssérie em dez episódios com a duração em torno de oito minutos cada, ou seja, é um longa dividido em episódios extremamente curtos. 

A trama começa de forma promissora, deixando uma enorme interrogação sobre quem seria o assassino. Com o passar dos episódios a narrativa se volta para o mundo adolescente, que acaba sendo mais significativo do que a investigação do crime. 

A narração do personagem vivido por Chosen Jacobs como um adulto nos dias atuais é destaque, mas por outro lado faltou um melhor desenvolvimento da trama, incluindo o final apressado. 

A série tem ainda uma pegadinha em que as participações de Mark Duplass e Queen Latifah, os dois nomes mais conhecidos do elenco, é pequena. É uma série que poderia ser melhor.