sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Demons - Filhos das Trevas & O Quebra-Cabeça


Demons – Filhos das Trevas (Démoni, Itália, 1985) – Nota 6
Direção – Lamberto Bava
Elenco – Urbano Barberini, Natasha Hovey, Karl Zini, Paola Cozzo, Fiore Argento.

Um sujeito mascarado distribui na rua ingressos para a sessão especial de um filme. Vários pessoas aceitam o convite e comparecem ao cinema. Ao começar a sessão eles descobrem que o filme é sobre um grupo de jovens que entra em um castelo e encontra o túmulo de Nostradamus, porém quando um deles coloca uma máscara como brincadeira, se transforma em um zumbi assassino. A situação fica maluca quando os personagens dos filmes saem da tela e passam a perseguir os espectadores. 

O longa lembra os filmes de zumbi George Romero misturados aos “giallos italianos”, filmes baratos de terror criados por diretores como Mario Bava (pai de Lamberto Bava diretor deste), Dario Argento (produtor de “Demons”) e Lucio Fulci, entre outros. 

O roteiro é basicamente uma luta pela sobrevivência dos espectadores, tendo como personagens principais um casal que se forma durante o terror, interpretados pelos canastrões Urbano Barberini e Natasha Hovey. Os clichês comuns ao gênero e o excesso de sangue e violência com certeza agradarão os fãs, mesmo que no absurdo final até mesmo um helicóptero caia dentro do teatro. 

Finalizando, a trilha sonora recheada de bandas de heavy metal pontua o longa, que teve uma sequência no ano seguinte, também dirigida por Bava. 

O Quebra-Cabeça (Body Puzzle, Itália, 1992) – Nota 4,5
Direção – Lamberto Bava
Elenco – Joanna Pacula, Tomas Arana, François Montagut, Gianni Garko.

A polícia descobre que uma série de assasssinatos estão ligados por causa do modus operandi do criminoso, que retira órgãos diferentes de cada vítima. A questão é que os órgãos retirados são os mesmos que foram doados por um falecido pianista. Sua esposa (Joanna Pacula) tende entender porque o assassino está montando uma espécie de quebra-cabeça macabro com os órgãos de seu marido. 

A curiosa premissa segue bem até mesmo na escolha do diretor em não esconder a identidade do assassino, porém se perde no desenvolvimento de um roteiro ruim e atuações amadoras dos coadjuvantes. Nem mesmo a bela polonesa Joanna Pacula (“Assassinato no Parque Gorky”) consegue salvar o filme.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Tão Forte e Tão Perto

Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Stephen Daldry
Elenco – Tom Hanks, Sandra Bullock, Thomas Horn, Max Von Sydow, John Goodman, Viola Davis, Jeffrey Wright, Zoe Caldwell.

Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto inteligente, que tem algumas manias e que fala como adulto. Sua relação extremamente próxima com o pai (Tom Hanks) é cortada repentinamente pelos ataques de onze de setembro. A mãe (Sandra Bullock) não consegue se aproximar do filho, que sente a falta do pai, que tinha o hábito de criar desafios para o garoto. Quando Oskar encontra uma chave e o nome “Black” em um envelope, ele acredita ser um pista deixada pelo pai, assim decide procurar pela cidade o que a chave abriria. 

Este sensível drama do diretor inglês Stephen Daldry é um pouco inferior a seus outros trabalhos como “Billy Elliott” e “O Leitor”, mas mesmo assim a busca do garoto Oskar prende a atenção. O roteiro tem boas ideias, como mostrar a ligação entre os personagens do garoto Oskar e do veterano personagem de Max Von Sydow, que passaram por terríveis tragédias. Por sinal, Von Sydow tem outra interpretação marcante na carreira, mesmo com um personagem que não fala uma palavra sequer. Já as presenças de Tom Hanks e Sandra Bullock são pequenas em relação ao garoto Thomas Horn, que na realidade é o personagem principal. 

O filme dividiu opiniões, mas no geral é um bom drama.   

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Meu Jantar com André

Meu Jantar com André (My Dinner with Andre, EUA, 1981) – Nota 7
Direção – Louis Malle
Elenco – Wallace Shawn, Andre Gregory.

Neste filme, o falecido diretor francês Louis Malle pode ser considerado apenas espectador de uma conversa entre dois sujeitos que discutem filosoficamente temas como carreira, teatro, destino, casamento, crenças, entre vários outros durante um jantar de quase duas horas. 

O longa foi uma ideia do ator Wallace Shawn e do diretor de teatro Andre Gregory, que durante um jantar real decidiram que a conversa entre os dois poderia render um roteiro. Eles repetiram o jantar algumas vezes e a partir daí desenvolveram o roteiro que resultou neste interessante filme. 

Exceto um prólogo que tem em torno de cinco minutos, com o ator Wallace Shawn se deslocando por Nova York para encontrar o amigo Andre e o epílogo quando ele retorna para casa de taxi analisando a conversa do jantar, o restante do filme se passa em um restaurante no tempo real do jantar da dupla. 

Os atores interpretam basicamente a si mesmos. Shawn estudava teatro com Andre e sonhava ser dramaturgo, mas desistiu da carreira pelo falta de oportunidades e decidiu se tornar ator. O fato o deixa preocupado em reencontrar o amigo após vários anos, também por que as informações que ele tinha era que Andre tinha surtado, abandonado carreira e família para viajar o mundo. 

Logo que se encontram, Shawn parece receoso, mas logo é envolvido pela fluente conversa do amigo, que conta ter viajado o mundo para ter novas experiências, o que conseguiu ao passar por vários países como Polônia, Índia e Tibete. 

Os diversos temas levantados por Andre fazem Shawn se envolver e opinar, o que gera um interessante debate, que mostra Shawn como um sujeito racional, que não acredita no acaso e deseja apenas ganhar seu dinheiro para viver, enquanto Andre procura algo mais do que bens materiais ou carreira. 

É difícil descrever o teor das conversas, algumas discussões chegam a ser incompreensíveis pela enorme quantidade de divagações ou por citações filosóficas demais. Os dois atores são o protótipo dos intelectuais novaiorquinos que Woody Allen costuma satirizar em seus filmes. É o tipo de longa que os cinéfilos que gostam apenas dos filmes de arte amam, enquanto o cinéfilo comum pode ser cansar com o falatório exagerado. Eu fico no meio termo, considero a premissa interessante, resultando em alguns bons diálogos que nos fazem refletir sobre a vida, porém o excesso de conversa filosófica acaba cansando e diminui a força da ideia.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Poderoso Chefão

O Poderoso Chefão (The Godfather, EUA, 1972) – Nota 10
Direção – Francis Ford Coppola
Elenco – Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Richard Castellano, John Cazale, Diane Keaton, Talia Shire, Robert Duvall, Sterling Hayden, John Marley, Richard Cont, Al Lettieri, Abe Vigoda, Gianni Russo.

Don Vito Corleone (Marlon Brando) é o chefe de uma das famílias mafiosas de Nova York nos anos quarenta. Ele comanda a família com a ajuda do filho mais velho Sonny (James Caan) e de seu filho adotivo Tom Hagen (Robert Duvall) que é seu conselheiro. Vito Corleone tem ainda o filho Fredo (John Cazale), considerado o sujeito mais fraco da família, o caçula Michael (Al Pacino) a quem ele deseja que tenha uma vida fora da Máfia e a filha Connie (Talia Shire). 

O sensacional roteiro do escritor Mario Puzo, que adaptou sua obra para o cinema em parceria com Coppola, venceu o Oscar de Roteiro Adaptado (assim como o longa venceu o de Melhor Filme e Melhor Ator para Marlon Brando) segue a disputa por território e negócios da família Corleone com outras famílias mafiosas, através de alianças, traições e muita violência. 

Várias sequências se tornaram clássicas, como a da cabeça do cavalo sobre a cama, o assassinato de Sonny e até a curiosa cena em que um cantor pede a Don Vito que interceda junto a um produtor de cinema para conseguir um papel, cena esta que dizem ter sido escrita por Mario Puzo baseada na história real de um pedido de Frank Sinatra a um mafioso. Existe ainda a história de que Sinatra deu um soco em Puzo durante um evento irritado por causa da cena. 

Para completar, além da ótima direção de Coppola, o filme vale cada segundo pelo ótimo elenco. Brando venceu merecidamente o Oscar criando um personagem marcante que até hoje é imitado, Pacino tem seu primeiro grande papel no cinema e os coadjuvantes perfeitos, Caan, Cazale, Keaton, Duvall, Shire e Hayden completam o show.    

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

História Real

História Real (The Straight Story, França / Inglaterra / EUA, 1999) – Nota 8
Direção – David Lynch
Elenco – Richard Farnsworth, Sissy Spacek, Harry Dean Stanton, Everett McGill.

Alvin Straight (Richard Farnsworth) tem setenta e três anos e mora numa comunidade rural de Iowa com a filha Rose (Sissy Spacek), que tem um desenvolvimento intelectual mais devagar que o normal. Quando Rose recebe uma ligação informando que o irmão de Alvin sofreu um derrame, ela avisa seu pai e ele decide viajar até pequena cidade onde mora o irmão em Wisconsin para fazer as pazes, pois os dois não se falam há dez anos. O problema é que Alvin anda com a ajuda de duas bengalas e não pode dirigir um carro. Para surpresa de todos, ele decide atravessar os mais de quinhentos quilômetros dirigindo um cortador de grama que puxa um pequeno trailer. 

É difícil acreditar que este sensível drama baseada numa história real tenha sido dirigido por David Lynch, não por causa de seu talento, mas pela história simples, completamente diferente dos personagens esquisitos e das tramas malucas que ele costuma criar. Lynch conta com simplicidade e no ritmo de vida do interior dos Estados Unidos, a viagem do velho Alvin, que pelo caminho cruza com várias pessoas com quem ele divide as experiências da vida. 

Um dos acertos é contar fatos importantes da vida de Alvin através de diálogos que ele tem com diferentes pessoas, com destaque para o sensível encontro com outro idoso, com quem divide lembranças da Segunda Guerra, a simples lição sobre o que é a família que Alvin oferece aos gêmeos mecânicos e por fim a frase que ele solta para responder a um jovem que pergunta o que é mais triste na velhice: Alvin diz “O triste da velhice é lembrar da juventude”. 

O pouco conhecido Richard Farnsworth começou no cinema como dublê ainda nos trinta, depois trabalhou na tv até ter dois importantes papéis no cinema. Trabalhou em “Raízes da Ambição” ao lado de James Caan e Jane Fonda por onde foi indicado ao Oscar de Coadjuvante e em seguida teve um papel de destaque como protagonista de “A Raposa Cinzenta” em 1982. A partir daí sua carreira teve pequenos papéis como coadjuvante até que David Lynch o convidou para protagonizar este filme, que se tornou o maior papel de sua carreira e lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator aos setenta e nove anos. O fato triste é que Farnsworth já estava doente durante as filmagens e no ano seguinte, em 2000, não suportando as dores da doença, cometeu suicídio.   

domingo, 26 de agosto de 2012

Bob Roberts & Promessas de um Cara de Pau


Nesta postagem comento dois filmes bem diferentes entre si, porém tendo como tema principal a eleição para presidente dos Estados Unidos. 

Bob Roberts (Bob Roberts, EUA, 1992) – Nota 7,5
Direção – Tim Robbins
Elenco – Tim Robbins, Giancarlo Esposito, Gore Vidal, Ray Wise, Alan Rickman, Susan Sarandon, James Spader, Pamela Reed, Fred Ward, Peter Gallagher, John Cusack, Helen Hunt, Bob Balaban, Brian Murray, Harry Lennix, David Straithairn, Tom Atkins, Lynne Thigpen, Jack Black, Fisher Stevens, Jeremy Piven.

O ator Tim Robbins é um sujeito engajado politicamente que participa de várias ações ao lado de sua esposa, a também atriz Susan Sarandon. Ele estreou na direção com este longa filmado em estilo de documentário, contando a ascensão do jovem político Bob Roberts (Tim Robbins), um famoso cantor de música folk que se aventura na política, se elege senador e passa a ser um potencial candidato a presidência americana. 

Bob Roberts é um sujeito com pinta de galã, que arrasta multidões em seus comícios que se misturam com show e representa o estilo neoliberal que se tornou comum na política a partir dos anos noventa. O seu modo de agir faz com que as classes média e alta o apoiem, além de grande parte da mídia que o mostra como símbolo de sucesso. Por trás da aparência, existe a ligação com um empresário corrupto (Alan Rickman) que é investigado por um repórter (Giancarlos Esposito). 

Considerados por muitos como uma sátira política, o filme vai além ao mostrar toda a mentira por trás das campanhas eleitorais, criticando a forma como os candidatos são apresentados ao povo, muitas vezes com apoio da mídia que deseja algo em troca. Além disso, a esquerda representada aqui pelo candidato do partido democrata interpretado pelo falecido escritor Gore Vidal, é mostrada como totalmente inapta e sem proposta alguma. 

O filme fez algum sucesso no Brasil na época em virtude da comparação do candidato Bob Roberts com o então presidente Fernando Collor de Mello, que eram figuras semelhantes no modo de pensar, agir e de como eram tratados pela mídia quando estavam no auge.     

Promessas de um Cara de Pau (Swing Vote, EUA, 2008) – Nota 6
Direção – Joshua Michael Stern
Elenco – Kevin Costner, Madeline Carroll, Paula Patton, Kelsey Grammer, Dennis Hopper, Nathan Lane, Stanley Tucci, George Lopez, Judge Reinhold, Charles “Chip” Esten, Richard Petty, Willie Nelson, Mare Winningham.

Bud Johnson (Kevin Costner) trabalha numa fábrica embalando ovos, mora com a filha pré-adolescente Molly (Madeline Carroll) e não liga a mínima para nada. A contrário do pai, a filha é inteligente, madura e preocupada com o país. Ela decide inscrever o pai como eleitor na votação para presidente. Como Bud é um irresponsável, ele acaba deixando deixando Molly o esperando sozinha na seção eleitoral, situação que faz com que a garota resolva votar no lugar do pai, porém um incidente faz com o que voto fique pendente e a eleição termine empatada. Após descobrirem que o voto de Bud irá decidir as eleições, os candidatos (Kelsey Grammer e Dennis Hopper) junto com seus assistentes, dão início a uma corrida onde vale tudo para conseguir o voto do sujeito. 

Acredito que o roteirista se baseou na confusa contagem de votos da eleição em que George W. Bush venceu Al Gore em 2000, para criar está história que tem um pé na fábula e que infelizmente derrapa nos clichês mais manjados do gênero. Temos o pai irresponsável e a criança que parece um adulto, os candidatos caricatos que farão de tudo para vencer a eleição e o final politicamente correto. 

É uma pena, o filme poderia ter sido uma sátira corrosiva ao sistema eleitoral americano, mas acabou sendo uma comédia de poucos risos. 

sábado, 25 de agosto de 2012

O Rio Selvagem & Águas Perigosas


O Rio Selvagem (The River Wild, EUA, 1994) – Nota 7
Direção – Curtis Hanson
Elenco – Meryl Streep, Kevin Bacon, David Strathairn, Joseph Mazzello, John C. Reilly, Benjamin Bratt, William Lucking.

Gail Hartman (Meryl Streep) é uma ex-guia de turismo que junto com o marido (David Straithairn) e o filho pequeno (Joseph Mazzello) decide descer o rio Colorado em um bote. No caminho eles encontram dois sujeitos (Kevin Bacon e John C. Reilly), que dizem estar perdidos e que precisam de um guia para encontrar alguns amigos em um determinado local, mas na verdade os dois homens são assaltantes que necessitam do guia para fugir da polícia. 

A trama extremamente simples é bem conduzida por Curtis Hanson (“Los Angeles – Cidade Proibida”), que cria boa sequências de aventura e suspense no rio e na floresta, valorizadas pelo bom elenco. A dupla de bandidos cumpre bem o papel, o sempre bom David Straithairn faz o marido que se vê impotente com a situação e a surpresa é ver Meryl Streep em cenas de ação. A grande atriz acostumada a papéis dramáticos, se mostra aqui desenvolta num papel que exigiu muito na parte física. O resultado é um interessante longa de suspense filmado no meio de belas paisagens naturais. 

Águas Perigosas (White Water Summer, EUA, 1987) – Nota 6,5
Direção – Jeff Bleckner
Elenco – Kevin Bacon, Sean Astin, Jonathan Ward, K. C. Martell, Matt Adler.

Alan (Sean Astin) é um adolescente tímido que é forçado pelos pais a participar de uma aventura nas montanhas comandada pelo guia Vic (Kevin Bacon). Os pais acreditam que Alan precisa de uma experiência como esta para se desenvolver. O garoto acaba tendo de enfrentar além das dificuldades normais de uma difícil trilha, também a tirania de Vic, que força ao limite físico e psicológico ele e os outros três garotos que participam da aventura. A situação fica ainda mais complicada quando Vic sofre um acidente e os garotos são os únicos que podem salvá-lo. 

Um dos clássicos da sessão da tarde dos anos oitenta, esta aventura aproveitava Sean Astin após o sucesso de “Os Goonies” para ser o contraponto ao “vilão” interpretado por Kevin Bacon. As cenas de ação nas montanhas e as sequências no rio são bem filmadas e divertidas, competentes para uma aventura infanto juvenil.  

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Passagem Para a Índia

Passagem Para a Índia (A Passage to India, Inglaterra / EUA, 1984) – Nota 8
Direção – David Lean
Elenco – James Fox, Judy Davis, Victor Banerjee, Peggy Aschcroft, Alec Guinness, Nigel Havers, Richard Wilson, Art Malik, Saeed Jaffrey, Roshan Seth.

Na década de 20, quando a Índia ainda era uma colônia britânica, a jovem Adele (Judy Davis) e sua futura sogra Sra. Moore (Peggy Aschcroft) seguem para o país onde Adele encontrará seu noivo Ronny (Nigel Havers). Chegando na Índia, as duas mulheres fazem amizade com o administrador do colégio inglês Mr. Fielding (James Fox), o professor Godbole (Alec Guinnes) que defende a independência do país e também com o médico indiano Dr. Aziz (Victor Banerjee). 

A curiosidade em conhecer o interior do país, faz com que as duas mulheres aceitem o convite de Aziz para visitar as Cavernas de Marabar. Dentro de uma das cavernas, a Sra. Moore sente-se mal e desiste do passeio, equanto isso Aziz e Adele continuam a visitação, porém pouco tempo depois Adele volta correndo e acusa o médico de estupro. Aziz é preso e comos indianos estavam lutando pela independência, o fato é usado politicamente e aumenta a tensão entre indianos e ingleses. 

Este drama histórico baseado num livro de E. M. Foster foi o primeiro filme que assisti no cinema. Pode parecer estranho um adolescente escolher um drama para ver no cinema, porém alguns fatos explicam a história. Diferente dos dias atuais em que nas férias os cinemas são dominados por filmes voltados para crianças e adolescentes, nos anos oitenta o único “filme de férias” era a produção anual de “Os Trapalhões”. 

Além disso, a escolha deste filme foi quase aleatória. Eu e alguns amigos queríamos ir ao cinema e compramos um jornal no dia anterior para ver os filmes em cartaz e como era época do Oscar, resolvemos escolher um filme que estava concorrendo e este “Passagem para Índia” tinha onze indicações. A temática era indiferente, queríamos ir ao cinema. 

Foi uma ótima experiência ver aquela tela gigante numa sala enorme (diferente das pequenas salas atuais) e me marcou muito a cena em que os personagens viajam de trem pelo interior da Índia, principalmente quando o trem atravessa uma ponte sobre um desfiladeiro, uma belíssima cena. 

Quanto ao filme em si, descobri anos depois quem era David Lean e a história por trás deste filme. O inglês Lean fez clássicos absolutos como “A Ponte do Rio Kway”, “Lawrence da Arábia” e “Dr. Jivago”, entre outros, mas em 1970 após ver o ótimo drama “A Filha de Ryan” ser massacrado pela crítica, ele se afastou do cinema por catorze anos, voltando apenas em 1984 quando fez este que fora seu último trabalho. Este hiato na carreira de Lean pode ser considerado uma perda tão grande para o cinema como para ele mesmo. 

Para quem gosta de drama histórico, “Passagem para a Índia” é um ótimo longa ambientado num período turbulento do país, que tem belíssimas imagens e um elenco de primeira qualidade, que por sinal rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante para Peggy Aschcroft, que tinha 77 anos e se tornou a vencedora mais velha da história do Oscar e de Melhor Trilha Sonora para Maurice Jarre. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Preciosa

Preciosa (Precious, EUA, 2009) – Nota 8
Direção – Lee Daniels
Elenco – Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Paula Patton, Mariah Carey, Sherri Shepherd, Lnny Kravitz, Stephannie Andujar, Chyna Layne.

Harlem, 1987, a jovem obesa de dezesseis anos Clareece Precious Jones (Gabourey Sidibe) vive um inferno. Grávida pela segunda vez do próprio pai, ela ainda precisa enfrentar a mãe (Mo’Nique) que a humilha constantemente alegando que a garota roubou seu marido. 

Quando a direção da escola descobre que Precious está grávida novamente, ela acaba sendo expulsa e enviada para uma escola especial. Neste novo local ela encontra a professora Blu Rain (Paula Patton) que procura mostrar as garotas excluídas daquela classe, que elas devem mostrar seus sentimentos e assumir suas responsabilidades para melhorar de vida. 

Este doloroso drama é baseado num livro da ex-professora Sapphire, que durante anos lecionou para jovens pobres do Harlem e com esta experiência fez uma compilação dos problemas que foi testemunha para escrever o livro. 

É com certeza um dos filmes mais tristes dos últimos anos, que mostra uma realidade vivida silenciosamente por muitas pessoas no mundo, aqui representada pela sensível interpretação da novata Gabourey Sidibe, que cria uma personagem que se fechou em seu mundo para tentar sobreviver aos abusos. É obrigatório aplaudir também a sensacional atuação da comediante Mo’Nique como a terrível mãe, papel que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante. 

Como curiosidade, vale destacar as participações da cantora Mariah Carey, que sem maquiagem alguma interpreta uma assistente social e o cantor Lenny Kravitz como um enfermeiro. 

O resultado fica longe dos filmes que criam uma situação de redenção para o protagonista, aqui a realidade é nua e crua. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Escritor Fantasma

O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, França / Inglaterra / Alemanha, 2010) – Nota 7,5
Direção – Roman Polanski
Elenco – Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Olivia Williams, Tom Wilkinson, Kim Cattrall, Timothy Hutton, James Belushi, John Bernthal, Eli Wallach.

Em Londres, um ghost writer (Ewan McGregor) recebe um convite para finalizar a biografia do ex-Primeiro Ministro inglês Adam Lang (Pierce Brosnan), após o primeiro escritor cometer suicídio. Mesmo sem muita vontade, ele aceita o trabalho que pagará um ótimo valor. Ele viaja para os Estados Unidos onde Adam Lang está hospedado em um casarão numa praia deserta. Logo o escritor percebe que se meteu em algo complicado. Lang é acusado de crimes de guerra e precisa se defender, além disso fica clara sua confusa relação com a esposa (Olivia Williams) e com uma assistente intrometida (Kim Cattrall). Para piorar, o escritor desconfia que o suicídio do seu antecessor pode ter sido um crime premeditado. 

Este bom trabalho de Roman Polanski pode ser visto em duas vertentes: A mais simples é que a questão do escritor preso no casarão do figurão inglês, não podendo sair enquanto a imprensa está no cola do sujeito, é um fato que remete a vida real de Polanski que virou de ponta cabeça na época, quando os Estados Unidos solicitam sua extradição e ele ficou em prisão domiciliar na Suiça por um bom tempo. O segundo ponto é a questão política, com o personagem de Pierce Brosnan claramente sendo baseado em Tony Blair e a partir daí o roteiro criando uma trama cheia de mentiras, politicagens e traições. 

O desenrolar da história é interessante e prende atenção, porém a revelação no final do longa que sela o destino do personagem de Ewan McGregor é falha, já que acaba modificando completamente a forma de agir do sujeito, que cria coragem após ter medo durante todo o filme. 

Como curiosidade, vale destacar a pequena participação do veteraníssimo Eli Wallach aos noventa e cinco anos
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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Top Gun - Ases Indomáveis - O Adeus a Tony Scott

Top Gun – Ases Indomáveis (Top Gun, EUA, 1986) – Nota 7,5
Direção – Tony Scott
Elenco – Tom Cruise, Kelly McGillis, Val Kilmer, Anthony Edwards, Tom Skerritt, Meg Ryan, Michael Ironside, Rick Rossovich, John Stockwell, Barry Tubb, Tim Robbins, Clarence Gilyard Jr, Whip Hubley, James Tolkan, Meg Ryan, Adrian Pasdar.

O cinema perdeu neste domingo o cineasta Tony Scott, que cometeu suicídio pulando de uma ponte, ao que parece por causa da descoberta de um problema de saúde incurável.

Tony Scott começou na publicidade dirigindo comerciais, assim como seu irmão Ridley, que por seu lado abriu caminho para a dupla no cinema após o sucesso de "Alien - O Oitavo Passageiro". Tony estreou em 1983 com o cult "Fome de Viver', longa que fez sucesso com a crítica e deixava a impressão de que um cineasta voltado para filmes de arte estava nascendo, porém logo no trabalho seguinte deu uma guinada na carreira ao comandar "Top Gun", um filme totalmente comercial que teve grande sucesso de público, mas que a crítica torceu o nariz.

O estilo mostrado em "Top Gun", com montagem acelerada, cenas de ação bem filmadas e trilha sonora marcante se tornaram especialidade do diretor, que mesmo não sendo celebrado pela crítica, fez uma ótima carreira comercial, com longas de apelo popular, onde as tramas geralmente recheadas de clichês eram compensadas pela parte técnica sempre de alta qualidade e a parceira com astros, principalmente Denzel Washington, com quem fez cinco filmes.

Mesmo longe de ser seu melhor filme, escolhi homenagear o diretor com "Top Gun" em virtude de ser seu maior sucesso, longa que se transformou em ícone dos anos oitenta.

A trama de "Top Gun" tem como protagonista o jovem Maverick (Tom Cruise), que é escolhido para fazer um treinamento com o objetivo de se tornar piloto de caça da Força Aérea Americana. Durante o treinamento ele faz amizade com Goose (Anthony Edwards) e cria uma rivalidade com Iceman (Val Kilmer). Maverick faz o estilo rebelde e entra em conflito com seus superiores (Tom Skerrit e Michael Ironside), ao mesmo tempo que se envolve com a bela instrutora Charlie (Kelly McGillis). 

A história é puro clichê, misturando drama, ação e romance, mas fez sucesso por ter Tom Cruise no auge da juventude, pelas magníficas cenas aéreas de ação e a montagem esperta, que em várias cenas valoriza o corpo dos personagens, como no jogo de vôlei e na cena de sexo entre Cruise e Kelly McGillis. 

Alguns críticos, inclusive o diretor Quentin Tarantino, acreditam que o roteiro tenha uma mensagem subliminar sobre uma atração homossexual entre os personagens de Cruise e Val Kilmer, fato que já virou até piada em filme. 

No geral é um longa interessante que marcou época, tendo ainda uma trilha sonora fantástica, talvez a melhor do cinema nos anos oitenta.   

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Bombas - Filmes Estranhos de Terror e Suspense

Nasce um Monstro (It’s Alive, EUA, 1974) – Nota 5
Direção – Larry Cohen
Elenco – John P. Ryan, Sharon Farrell, James Dixon, Andrew Duggan.William Wellman Jr, Guy Stockwell, Michal Ansara.

Um casal (John P. Ryan e Sharon Farrell) espera ansiosamente o nascimento do filho, porém o parto se torna um terror. A mãe dá a luz a uma criança deformada que mata o médico e sua equipe, fugindo em seguida, deixando uma trilha de mortes e sendo perseguida pela polícia e pelo próprio pai. Este clássico trash do cinema de terror (que teve um continuação em 1978), na verdade uiliza muito mais a sugestão e o terror psicológico para assustar. A absurda história com certeza deixou muitas mulheres grávidas com medo na época. Como curiosidade, o diretor Larry Cohen é mais conhecido como roteirista de filmes como “Por um Fio” e “Celular – Um Grito de Socorro”. Como diretor, seus outros trabalhos mais conhecidos são o suspense “A Ambulância” e o terror “A Coisa”.

Enigma do Deserto (High Desert Kill, EUA, 1989) – Nota 5
Direção – Harry Falk
Elenco – Anthony Geary, Marc Singer, Micah Grant, Chuck Connors.Vaughn Armstrong.

Quatro amigos (Anthony Geary, Marc Singer, Micah Grant e Vaughn Armstrong) seguem para uma floresta no  território indigena com o objetivo de caçar, ritual que repetem todos os anos. O problema é que desta vez eles não encontram animal algum para caçar e logo começam a ter visões que geram desconfiança entre eles, já que não conseguem diferenciar o real do imaginário. O fraco roteiro tentar explicar as alucinações dos personagens através de uma lenda sobre espíritos indígenas, numa história confusa que parece não ir para lugar algum. A curiosidade fica por conta do elenco. Marc Singer era um ator promissor no início dos anos oitenta, quando estrelou a ficção B “O Príncipe Guerreiro” e a série original “V – A Batalha Final”, mas não se firmou e o falecido Chuck Connors era uma veterano vilão de westerns, aqui em um dos seus últimos trabalhos.

O Poço e o Pêndulo (The Pit and the Pendulum, EUA, 1991) – Nota 5,5
Direção – Stuart Gordon
Elenco – Lance Henriksen, Rona De Ricci, Jonathan Fuller, Oliver Reed, Jeffrey Combs.

Na época da Inquisição Espanhola, durante uma missa, Maria (Rona De Ricci) não aceita a imposição da Igreja e ao reclamar é acusada de bruxaria e acaba presa. Seu noivo Antonio (Jonathan Fuller) tenta de tudo para soltar a amada, porém por azar, o temível Torquemada (Lance Henriksen) se apaixonou por Maria e não deseja libertar a jovem. Este longa é uma livre adaptação da obra de Edgar Allan Poe que resultou num filme curioso, que tem um clima estranho, especialidade do diretor Stuart Gordon (“Re-Animator”) e uma assustadora interpretação de Lance Henriksen, porém o baixo orçamento e o fraco roteiro atrapalham um pouco. Como curiosidade, temos as participações do falecido Oliver Reed como o Cardeal e de Jeffrey Combs, protagonista de “Re-Animator”, como um monge.

Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos (Necronomicon, EUA / França, 1993) – Nota 5,5
Direção – Christophe Gans, Shusuke Kaneko & Brian Yuzna
Elenco – Jeffrey Combs, Bruce Payne, Belinda Bauer, Richard Lynch, David Warner, Bess Meyer, Millie Perkins, Dennis Christopher, Signy Coleman, Obba Babatunde, Don Calfa, Juan Fernandez.

Dividido em três pequenas histórias ligadas ao Necronomicon (O Livro dos Mortos) que aparece num prólogo narrado por Jeffrey Combs, protagonista do clássico “Re-Animator” e ícone do cinema de terror. A primeira história dirigida pelo francês Christophe Gans (“Terror em Silent Hill”) coloca um sujeito (Bruce Payne) que herda uma enorme mansão assombrada. O segundo epísódio dirigido pelo japonês Shusuke Kaneko mostra um cientista (David Warner) que desenvolve um líquido para ressuscitar mortos e está sendo investigado por um repórter (Dennis Christophr). O episódio final dirigido por Brian Yuzna (produtor de “Re-Animator” e diretor de “Do Além”) tem uma policial (Signy Coleman) qu após perseguir um bandido fica presa numa casa que parece o inferno, cheia de monstros e estranhas criaturas. O prólogo é interessante, inclusive com um sinistro atentado a bomba, porém os episódios são irregulares, numa típica produção B. O interessante é ver vários coadjuvantes conhecidos do cinema de terror, entre eles David Warner, Richard Lynch e Bruce Payne. 

A Vingança de Jack (Jack Be Nimble, Nova Zelândia, 1993) – Nota 4,5
Direção – Garth Maxwell
Elenco – Alexis Arquette, Sarah Smuts Kennedy, Bruno Lawrence, Tony Barry.

Quando a mãe sofre uma crise nervosa, os filhos (um casal de bebês) são entregues para adoção, porém para famílias diferentes. Quando chegam a juventude, Jack (Alexis Arquette) e Dora (Sarah Smuts Kennedy) sofrem com suas famílias adotivas e mesmo sem se conhecer, sentem que precisam se encontrar para juntos vingar o sofrimento que passaram quando crianças. Este suspense com um clima estranhíssimo é uma produção neozelandesa que mistura perversão, telepatia e vingança numa história confusa. É um dos poucos papéis do hoje transsexual Alexis Arquette (irmão das atrizes Patrícia e Rosanna do ator David e filho do falecido ator Lewis Arquete) como protagonista. 

domingo, 19 de agosto de 2012

Loucos do Alabama

Loucos do Alabama (Crazy in Alabama, EUA, 1999) – Nota 7,5
Direção – Antonio Banderas
Elenco – Melanie Griffith, David Morse, Lucas Black, Meat Loaf Aday, Cathy Moriarty, John Beasley, Rod Steiger, Richard Schiff, Noah Emmerich, Robert Wagner, Elizabeth Perkins, Paul Mazursky, Paul BenVictor, Brad Beyer.

Em 1965 no Estado do Alabama, a dona de casa Lucille Vinson (Melanie Griffith) vive sonhando em ser atriz, porém na realidade enfrenta um marido que não a respeita. Num certo dia, Lucille envenena o marido e corta a cabeça do sujeito. Ela decide ir atrás do seu sonho, abandona os filhos e sai com seu carro em direção a Hollywood, com um detalhe, leva a cabeça do falecido marido. 

Em paralelo, seu sobrinho Peejoe (Lucas Black) testemunha o assassinato de um garoto negro cometido por um policial, situação que o força a participar da luta dos direitos civis dos negros, sendo que o Alabama era um dos Estados mais conservadores em 1965 e qualquer pessoa que participasse da discussão se tornaria um alvo, mesmo sendo um garoto. 

Este diferente longa foi a estreia na direção do astro Antonio Banderas, que deu um papel principal sob medida para sua esposa Melanie Griffith, que mesmo já não estando na melhor fase da carreira, conseguiu uma boa interpretação como a sonhadora maluca e até certo ponto ingênua. 

Outro destaque é o garoto Lucas Black, que ficou conhecido com o papel do menino que faz amizade com Billy Bob Thornton em “Na Corda Bamba” e aqui confirmou seu potencial. Nos últimos anos, Lucas Black teve bons papéis em “Soldado Anônimo” e “Segredos de um Funeral”. 

Apesar do roteiro misturar drama (os conflitos raciais) com comédia de humor negro (a cabeça transportada por Melanie Griffith), o que poderia gerar um filme ruim, o resultado surpreende pelas interpretações e a boa direção de Banderas, que voltaria a comandar um longa apenas em 2006 com “O Caminho dos Ingleses”. 

sábado, 18 de agosto de 2012

A História das Coisas

A História das Coisas (The Story of Stuff, EUA, 2007) – Nota 8,5
Direção – Louis Fox                       
Documentário – Annie Leonard

Este documentário com pouco mais de vinte minutos é uma crítica inteligente e bem humorada ao capitalismo, principalmente a sociedade consumista em que vivemos. 

A narradora Annie Leonard pesquisou durante anos como funciona todo a cadeia de produção de bens consumo, inclusive até o final quando o produto é descartado. O interessante é que ela comenta como este processo é baseado na exploração sem limites das riquezas da terra e da mão de obra barata, criando um círculo vicioso onde a ganância dos poderosos (grandes corporações e governos) estão acima de tudo. 

O formato do documentário é simples e as explicações diretas, Annie aparece de corpo inteiro narrando e ao fundo o conteúdo é apresentado em forma de cartoon com uma tela branca e os personagens e objetos representados como se fossem a lápis. 

Este é apenas o primeiro documentário de uma série que conta com mais quatro vídeos com temas ligados diretamente ao consumismo e a exploração do planeta. Os temas são “A História da Água Engarrafada”, “A História dos Eletrônicos”, “A História dos Cosméticos” e “A História do Cap & Trade”. Neste último Annie explica a verdade sobre a venda das famosas licenças para emissão de carbono. Estes quatro vídeos tem em torno de oito minutos cada e são imperdíveis. 

Indico estes documentário a todos que tenham interesse em entender como funciona nossa sociedade, principalmente a disputa consumismo x meio ambiente.

Finalizando, os vídeos estão disponíveis no YouTube em versão legendada.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A Bússola de Ouro

A Bússola de Ouro (The Golden Compass, Inglaterra / EUA, 2007) – Nota 5,5
Direção – Chris Weitz
Elenco – Nicole Kidman, Daniel Craig, Dakota Blue Richards, Ben Walker, Sam Elliott, Eva Green, Tom Courtenay, Jim Carter, Christopher Lee e vozes de Freddie Highmore, Ian McKellen, Ian McShane, Kristin Scott Thomas, Kathy Bates.

O sucesso da magnífica trilogia “Senhor dos Anéis” e da franquia “Harry Potter”, abriu caminho para que diversos outros livros infanto-juvenis fossem adaptados para o cinema, sempre com a esperança dos produtores em obter sucesso para transformar em uma nova franquia. Na adaptação de “A Bússola de Ouro” os produtores foram além, assistindo ao filme fica claro que eles tinham certeza do sucesso e acabaram caindo cavalo em virtude desta arrogância. 

O longa se passa numa época em que cada pessoa vive com um animal chamado de “daemon”, eles representam a alma da pessoa e a acompanham por toda vida. Neste mundo, a órfã Lyra Belacqua (a boa atriz Dakota Blue Richards) e seu daemon (voz do garoto Freddie Highmore de “A Fantástica Fábrica de Chocolates”) vivem na Universidade de Oxford em Londres onde seu tio, Lord Asriel (Daniel Craig) é professor. Asriel vive em conflito com um grupo chamado “Magisterium” que seriam as autoridades, em virtude de um pó que afetaria as crianças. Ao mesmo tempo, várias crianças desaparecem de Londres e a pequena Lyra acaba sendo “emprestada” para Sra. Coulter (Nicole Kidman), enquanto seu tio viaja para tentar descobrir mais sobre o tal pó. 

Fica difícil escrever mais sobre uma trama cheia de detalhes que acabou picotada por um péssimo roteiro, que acelerou as situações sem dar muitas explicações, fazendo personagens pouco aparecerem ou sumirem no meio do filme, como o Lord Asriel de Daniel Craig e a bruxa interpretada pela bela Eva Green. Além disso, a interpretação de Nicole Kidman é caricata, sem contar seu rosto cada vez mais estranho, provavelmente em virtude de cirurgias plásticas, deixando no passado a beleza que atriz apresentava no anos noventa. 

Para piorar, o filme acaba no meio da história,  lembrando um pouco o que George Lucas fez em “O Retorno de Jedi”, deixando o público esperando o próximo capítulo, a diferença é que o filme de Lucas era uma sequência de uma mega sucesso, enquanto este longa de Chris Weitz era apenas uma aposta que naufragou merecidamente nos cinemas. 

Para os fãs do livro, fica a decepção de não poder ver a sequência da história no cinema, já que uma continuação foi totalmente descartada.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Arabesque

Arabesque (Arabesque, EUA, 1966) – Nota 6,5
Direção – Stanley Donen
Elenco – Gregory Peck, Sophia Loren, Alan Badel, Kieron Moore, Carl Duering, John Merivale.

David Pollock (Gregory Peck) é um professor americano especialista em escritas antigas que leciona numa universidade em Londres. Pollock é procurado por Sloane (John Merivale) que o convida a conhecer o poderoso Nejim Beshraavi (Alan Badel) que deseja contratá-lo para decifrar um antigo hieróglifo. Ao mesmo tempo, Pollock também é contactado por Hassan Jena (Carl Duering ), Primeiro-Ministro de um país do Oriente Médio que pede para o professor aceitar a proposta de Nejim e espioná-lo para descobrir o sujeito pretende. Os problemas começam rapidamente, quando Pollock se envolve com a bela Yasmin Azir (Sophia Loren), amante de Nejim. 

O roteiro segue o esquema dos filmes de espionagem dos anos sessenta, gênero popular na época após o sucessos dos primeiros filmes de James Bond, com uma trilha sonora claramente datado e várias reviravoltas na trama. A questão é algumas situações não convencem e os diversos diálogos engraçadinhos deixam o longa no limite entre o suspense e a comédia, provavelmente pela direção de Stanley Donen (“Cantando na Chuva”), especialista em músicais e comédias. Além disso, o vilão interpretado por Alan Badel é totalmente caricato nos trejeitos, nas roupas e nos óculos escuros que utiliza durante todo o longa. Os pontos são altos são a sequência de ação com um guindaste dentro de um galpão e a química do par principal. Gregory Peck se mostra competente como em toda a carreira e a voluptuosa Sophia Loren estava no auge da beleza.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Al Capone & Capone, o Gângster


Al Capone (Al Capone, EUA, 1959) – Nota 7,5
Direção – Richard Wilson
Elenco – Rod Steiger, Fay Spain, James Gregory, Martin Balsam, Nehemiah Persoff, Murvyn Vye.

Este longa de baixo orçamento conta a trajetória de vida de Al Capone (Rod Steiger), começando por sua chegada em Chicago no início da Lei da Seca, quando se torna guarda-costas do mafioso Johnny Torrio (Nehemiah Persoff). Ao poucos, Capone aumenta seu poder dentro da organização até se tornar o líder, além de se envolver com a bela Maureen (Fay Sprain). Seu jeito violento o faz entrar em conflito com Bugs Moran (Murvyn Vye) dando início a uma guerra entre famílias mafiosas, o que o transforma no inimigo público nº 1 da cidade. 

A força principal do filme está na interpretação visceral de Rod Steiger, que cria um Al Capone marcante e violento. O roteiro segue basicamente estilo “ascensão e queda” do personagem. Vale destacar ainda o sempre competente Martin Balsam como um jornalista. 

Capone, o Gângster (Capone, EUA, 1975) – Nota 7
Direção – Steve Carver
Elenco – Ben Gazzara, Harry Guardino,Susan Blakely, Sylvester Stallone, John Cassavetes, Frank Campanella, Carmen Argenziano, Royal Dano, Dick Miller.

Este longa produzido por Roger Corman, conta a história de Al Capone (Ben Gazzara) desde criança, quando fez de tudo para entrar no bando de Johnny Torrio (Harry Guardino), passando por sua ascensão dentro da máfia mafiosa através de variados crimes e assassinatos até mesmo de parceiros, seguindo até sua decadência. 

O filme é simples e segue a linha dos trabalhos do produtor Corman, baixo orçamento e violência para atrair o público. A curiosidade é o elenco, que tem ainda o também diretor John Cassavetes e principalmente Sylvester Stallone antes da fama no papel do assassino Frank Nitti. Antes explodir com “Rocky, um Lutador” em 1976, Stallone trabalhou com Corman em outros filmes como “Ano 2000 – Corrida da Morte” e “Cannonbal – A Corrida do Século”. 

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Amanhecer Violento & Invasão USA


Fiquei surpreso ao descobrir que em tempos politicamente corretos e chatos como nos dias de hoje, Hollywood aceitou refilmar um dos longas mais reacionários da história do cinema. A nova versão de "Amanhecer Violento", o clássico cult de John Milius, atualiza o inimigo, colocando os norte-coreanos como vilões. Resolvi escrever sobre o controvertido longa original e incluir a resenha de outro filme com roteiro paranoico, o absurdo "Invasão USA" estrelado por Chuck Norris.

Amanhecer Violento (Red Dawn, EUA, 1984) – Nota 7
Direção – John Milius
Elenco – Patrick Swayze, Charlie Sheen, C. Thomas Howell, Lea Thompson, Jennifer Gray, Ron O'Neal, Powers Boothe, Ben Johnson, Harry Dean Stanton, Darren Dalton, Brad Savage, William Smith, Frank McRae.

Antes do créditos, um prólogo informa que a União Soviética está em crise, Cuba e Nicaragua reuniram um grande exército, o México sofre uma revolução, a OTAN foi dissolvida e os Estados Unidos estão sozinhos. Em seguida, a ação começa num colégio de uma pequena cidade do Colorado, onde paraquedistas soviéticos surgem do nada metralhando alunos e professores. Apenas oito alunos conseguem escapar e fogem para as montanhas carregando rifles de caça, pistolas e arco e flecha, após descobrirem que os Estados Unidos estão sendo invadidos por soviéticos e cubanos. A partir daí o grupo terá de sobreviver em meio a natureza e ainda enfrentar os invasores. 

Esta absurda história saiu de um roteiro do próprio diretor John Milius e de Kevin Reynolds, que comandaria “Robin Hood – O Princípe dos Ladrões” e o ótimo “A Fera da Guerra”. Mesmo com a “Guerra Fria” praticamente terminada na época, Milius se baseou no medo americano do comunismo como ponto principal, situação que ainda era comum nos tempos do governo Reagan e resultou em outros filmes como “Rambo II – A Missão”. 

Além de diretor, Milius é famoso por ser co-roteirista de “Apocalipse Now” e conhecido por filmes de ação protagonizados por personagens durões. Milius também é militante da controvertida “Associação Nacional do Rifle”, ou seja, um sujeito completamente de direita que confirma isto em seus filmes, seja como diretor ou roteirista. 

De tão absurdo, o filme se torna legal pelas ótimas cenas de ação ao estilo anos oitenta e cult em virtude do elenco recheado de jovens astros da época. Além do falecido Patrick Swayze e de Charlie Sheen, C. Thomas Howell foi astro de filmes como “Uma Escola Muito Louca” e do ótimo “A Morte Pede Carona”, Jennifer Grey ficou famosa com “Dirty Dancing” fazendo par com Swayze e Lea Thompson foi a mãe de Michael J. Fox em “De Volta Para o Futuro”. 

Invasão USA (Invasion U.S.A., EUA, 1985) – Nota 5
Direção – Joseph Zito
Elenco – Chuck Norris, Richard Lynch, Melissa Prophet, Alexander Zale, Billy Drago.

O terrorista russo Mikhail Rostov (Richard Lynch) cria um pequeno exército de mercenários com o objetivo de invadir os Estados Unidos. O grupo consegue entrar no país pelo mar e inicia uma série de atentados. Os alvos são os mais diversos possíveis: Jovens num bairro latino de Los Angeles, famílias que moram no subúrbio e até mesmo um ônibus cheio de crianças e uma igreja. Para resolver a situação, o governo americano convoca o agente aposentado Matt Hunter (Chuck Norris), que vive nos pântanos da Louisiana caçando crocodios. Ele aceita voltar a ação, dando início a missão de destruir o exército de mercenários. 

Absurdo até a medula e extremamente violento, o filme fez sucesso nas locadoras na época, com Chuck Norris interpretando um herói tão frio e violento quanto o vilão do recentemente falecido Richard Lynch, especialista neste tipo de papel. O clímax pelas ruas de Miami com Chuck Norris enfrentando sozinho os mercenários, termina com ele utilizando uma bazuca para enfrentar o vilão em uma das sequências mais exageradas já filmadas. 

Finalizando, o longa foi mais umas produções picaretas da Cannon, empresa dos israelenses Menahem Golan e Yoram Globus.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

V de Vingança

V de Vingança (V for Vendetta, EUA, 2005) – Nota 8
Direção – James McTiegue
Elenco – Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, Stephen Fry, John Hurt, Tim Pigott Smith, Rupert Graves, Roger Allam, Ben Miles, Sinead Cusack, John Standing, Eddie Marsan.

Em 2020 a Inglaterra está sob o poder de um ditador. Adam Sutler (John Hurt) comanda o país utilizando todos os canais de televisão e os jornais para fazer propaganda do governo, ao mesmo tempo em que um esquadrão especial de polícia liderado pelo sinistro Creed (Tim Pigott Smith) sequestra cidadãos que sejam considerados ameaças. 

Neste cenário surge a figura de V (Hugo Weaving) que na noite de 05 de novembro salva a jovem Evey (Natalie Portman) de ser violentada por dois policiais que trabalham para Creed. Na mesma noite, V convida Evey para um evento, que para supresa da garota é um atentado que derruba um velho edifício do governo. Além disso, V consegue invadir um canal de televisão e transmitir um comunicado convidando o povo a se rebelar e avisando que no dia 05 de novembro do ano seguinte ele daria início a revolução. Durante um ano Sutler exige que Creed localize V e Evey. Em paralelo, o inspetor de polícia Finch (Stephen Rea) investiga o caso e descobre terríveis segredos. 

Após a trilogia “Matrix”, os irmãos Wachowski resolveram produzir este longa baseado em quadrinhos de Alan Moore, que por seu lado se inspirou no duro governo de Margareth Thatcher na Inglaterra dos anos oitenta para criar a história, que lembra também a Alemanha Nazista, inclusive na interpretação de John Hurt que pode ser comparado a Hitler, a polícia de Creed seria a SS e a propaganda governamental semelhante ao ocorrido na Alemanha dos anos trinta. 

A política de “guerra ao terror” comandada por Bush nos EUA após 11 de setembro, provavelmente deu a ideia para os irmãos Wachowski investirem na história, mas ao invés de dirigirem o filme, deixaram o trabalho para James McTiegue, um colaborador habitual que estreou como diretor principal. O filme tem muito dos irmãos Wachowski, principalmente na recriação de Londres em estúdio, porém as cenas de luta são mais contidas do que “Matrix”, com o roteiro dando ênfase a uma trama bem elaborada e personagens interessantes. 

Stephen Rea como sempre é competente, Natalie Portman também acerta o tom como a jovem que precisa vencer seus medos e até Hugo Weaving que trabalha com um máscara o filme inteiro, consegue ter uma boa interpretação utilizando apenas a voz. 

Finalizando, a data de 05 de novembro se refere a Guy Fawkes, um revolucionário que tentou explodir o parlamento inglês neste dia em 1606, foi pego e acabou executado. A máscara utilizada por Weaving é uma reprodução do rosto de Fawkes.

domingo, 12 de agosto de 2012

Habemus Papam

Habemus Papam (Habemus Papam, Itália / França, 2011) – Nota 7
Direção – Nanni Moretti
Elenco – Michel Piccoli, Nanni Moretti, Jerzy Stuhr, Renato Scarpa, Margherita Buy.

O Papa morreu. Cento e oito cardeais se reunem de portas fechadas no Vaticano para escolher o sucessor. A primeira votação não aponta o vencedor, apenas na segunda votação é escolhido um candidato que não estava entre os favoritos, o cardeal Melville (Michel Piccoli), porém no  momento de ser apresentado ao público no balcão em frente a Praça de São Pedro, ele tem um ataque de pânico e foge da responsabilidade. 

É o início de uma inesperada crise no Vaticano, onde os cardeais não sabem o que fazer para Melville aceitar a escolha e o porta voz (Jerzy Stuhr) tenta soluções diferentes, como chamar um psicanalista (Nanni Moretti) para conversar com o novo Papa. A trama se passa durante alguns dias e foca principalmente no Papa eleito vivido pelo veteraníssimo francês Michel Piccoli, que tenta descobrir o aconteceu com sua vida e o porquê do vazio que sente. 

O diretor, ator e roteirista Nanni Moretti que é ateu, mostra os cardeais como idosos alienados, que se fecham para escolher o Papa e ao mesmo estão fechados para o mundo, com a curiosa cena em que eles estão reunidos para votar e todos rezam pedindo para não serem escolhidos, já que na visão de Moretti ser o Papa é um fardo que cardeal algum deseja carregar. 

O roteiro do próprio Moretti critica a Igreja Católica, principalmente sua liderança no Vaticano que vive distante do povo, além de sobrar farpas para a mídia que nos dias atuais adora criar a notícia, mesmo que seja apenas para causar polêmica. Estas situações são mostradas de forma irônica, porém sem grande profundidade. 

O melhor do longa é a busca pessoal do cardeal Melville, que ao poucos deixa claro ao espectador toda a frustração de alguém que não acredita mais no que faz. Por outro lado, algumas passagens são descartáveis, como o jogo de vôlei entre os cardeais, situação que tenta criticar a divisão política e geográfica entre eles, mas a sequênca não funciona. Além disso, o próprio personagem de Moretti parece um intruso no meio da trama, acrescentando pouco ao filme. 

A ótima premissa tinha tudo para render um grande filme, mas infelizmente desta vez Moretti (que fez o ótimo drama "O Quarto do Filho") acertou apenas parcialmente.

sábado, 11 de agosto de 2012

Plano de Vôo

Plano de Vôo (Flightplan, EUA, 2005) – Nota 7
Direção – Robert Schwentke
Elenco – Jodie Foster, Peter Sarsgaard, Sean Bean, Kate Beahan, Michael Irby, Erika Christensen, Marlene Lawston, Assaf Cohen, Brent Sexton, Greta Scacchi, John Benjamin Hickey, Christian Berkel.

Após a morte do marido, Kyle Pratt (Jodie Foster) resolve sair de Berlim e voltar para os Estados Unidos com a filha pequena Julia (Marlene Lawston). Abalada pela situação, Kyle que ainda leva o corpo do marido para ser enterrado nos Estados Unidos, decide dormir um pouco durante o vôo utilizando algumas poltronas vazias, assim como sua filha. Quando Kyle acorda, percebe que Julia sumiu e pessoa alguma a viu, situação que dá início a uma busca desesperada dentro do gigantesco avião. Aos poucos a tripulação e os outros passageiros passam a acreditar que a criança não existe e que Kyle está maluca em virtude da morte do marido. 

Tramas de suspense em locais fechados tem a favor o clima de claustrofobia, fato que existe aqui e mantém o interesse pela história em pelo menos três quartos do longa, enquanto o espectador também tem dúvidas sobre a sanidade de Kyle, porém ao mesmo tempo o diretor deve ter a criatividade de explorar o local e não exagerar nos absurdos. 

Nestes mesmos primeiros três quartos os espaços do enorme avião são bem explorados, mesmo com as falhas no roteiro. Os problemas surgem na parte final, quando a explicação pelo sumiço da criança se mostra no mínimo fantasiosa, culminando no batido clímax de ação. 

No elenco o único destaque é Jodie Foster, que como sempre cumpre bem o papel, lembrando sua interpretação em “O Quarto do Pânico”. Em contrapartida a garota Marlene Lawston é totalmente inexpressiva. 

O diretor alemão Robert Schwentke se saiu um pouco melhor no divertido “Red – Aposentados e Perigosos”.    

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Denise Está Chamando & A Vida On-Line


Denise Está Chamando (Denise Calls Up, EUA, 1995) – Nota 6,5
Direção – Hal Salwen
Elenco – Alanna Ubach, Tim Daly, Aida Turturro, Dana Wheeler Nicholson, Sylvia Miles, Liev Schreiber, Mark Blum, Caroleen Feeney.

Produzido na metade dos anos noventa, quando a internet ainda estava se popularizando, este filme independente é quase uma prévia de como as relações humanas se transformariam nestes últimos anos. O roteiro foca na questão da distância entre as pessoas em consequência do avanço tecnológico, aqui demonstrado através do contato pela internet e principalmente pelo telefone. 

A personagem principal é Denise (Alanna Ubach) que está grávida e tem um círculo de amigos com que o contato é feito apenas através de telefone ou internet, inclusive sua gravidez é fruto de uma inseminação artificial. É engraçado verificar que os personagens por mais que tentem o contato físico, falham, como no caso de dois personagens (Liev Schreiber e Caroleen Fenney) que acabam transado por telefone ou ainda a morte de um personagem onde amigo algum comparece ao funeral. 

Em alguns momentos o exagerado de conversas pelo telefone cansa um pouco, mas no geral vale como uma despretensiosa crítica ao modo solitário de viver dos dias atuais. 

A Vida On-Line (On Line, EUA, 2002) – Nota 5,5
Direção – Jed Weintrob
Elenco – Josh Hamilton, Harold Perrineau Jr, Isabel Gillies, John Fleck, Vanessa Ferlito, Eric Millegan, Liz Owens.

John (Josh Hamilton) e Moe (Harold Perrineau Jr) são amigos e criadores do site Intercon X, especializado em pornografia, onde cada cliente satifaz seus desejos no mundo virtual. O roteiro foca basicamente em como o mundo virtual está se tornando um substituto da vida real para muitas pessoas. 

Aqui a situação é exemplificada pelo personagem de John, que é um craque em programação, mas não sabe lidar com as relacionamentos reais. Ele acaba se apaixonando por uma garota de programa virtual. Enquanto isso, Moe é um mulherengo que termina se interessando por Moira (Isabel Gillies), uma jovem diferente do tipo de mulher que ele costuma se envolver. Outros personagens se cruzam no mundo virtual em busca de prazer e até amor. 

A premissa é interessante, porém o ritmo irregular deixa claro que faltou um melhor roteiro e um diretor mais experiente. No final é um longa que cumpre pouco do que promete.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Caiu do Céu

Caiu do Céu (Millions, EUA / Inglaterra, 2004) – Nota 7,5
Direção – Danny Boyle
Elenco – Alex Etel, Lewis McGibbon, James Nesbitt, Daisy Donovan, Christopher Fulford.

Após a morte da mãe, os irmãos Damian (Alex Etel) e Anthony (Lewis McGibbon) se mudam com o pai Ronnie (James Nesbitt) para uma casa no subúrbio de Londres. Apesar de unidos, os dois irmãos são bem diferentes entre si. O mais velho Anthony é prático e rápido no raciocínio, principalmente quanto tem dinheiro envolvido, enquanto o garotinho Damian é a inocência em pessoa. Ele conhece a data de nascimento e morte de todos os santos, sendo que alguns como São Pedro e São Francisco de Assis aparecem para o garoto com quem tem diálogos estranhos e até divertidos. 

No seu mundo de sonhos, Damian constrói uma casa de papelão ao lado da linha de trem e do nada uma mala cheia de dinheiro cai sobre sua construção. Damian mostra a mala ao irmão, que decide não contar ao pai para que a família não tenha de pagar imposto ao governo, porém o problema é que o dinheiro está em libras esterlinas, que após alguns dias será substituído por euros. Os garotos resolvem gastar o dinheiro, com Anthony usando para comprar coisas e conseguir favores de amigos da escola, enquanto Damian acredita que o dinheiro veio de Deus e por isso decide ajudar os pobres, tarefa extremamente complicada. 

O diretor Danny Boyle comanda aqui seu filme mais leve, contado ao estilo de uma fábula moderna, ele brinca com a dependência das pessoas em relação ao dinheiro utilizando como personagem principal uma criança totalmente pura, que acredita na bondade humana e deseja ajudar ao próximo, porém os adultos são mostrados como realmentre são, gananciosos, egoístas e colocando suas necessidades a frente de tudo. 

Esta crítica fica clara em personagens como os mórmons gananciosos e os pobres aproveitadores a quem Damian resolve pagar uma refeição. Até mesmo seu irmão e seu pai interpretado pelo ótimo James Nesbitt (“Domingo Sangrento”) colocam a realidade na frente da caridade. 

O resultado é um simpático longa para ser visto como uma sessão da tarde descompromissada.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os Suspeitos

Os Suspeitos (The Usual Suspects, EUA, 1995) – Nota 10
Direção – Bryan Singer
Elenco – Stephen Baldwin, Gabriel Byrne, Kevin Spacey, Chazz Palminteri, Kevin Pollak, Benicio Del Toro, Pete Postlethwaite, Suzy Amis, Giancarlo Esposito, Dan Hedaya, Paul Bartel.

Um navio explode no porto de Los Angeles matando vinte e sete pessoas, deixando apenas dois sobreviventes: Um homem que não fala inglês com quase todo o corpo queimado e o bandido pé-de-chinelo Roger “Verbal” Kint (Kevin Spacey), um sujeito manco e falastrão. O detetive Dave Kujan (Chazz Palminteri) é o encarregado de interrogar Verbal, com o objetivo de descobrir os responsáveis pelo crime, já que além das mortes, sumiram do navio quase cem milhões de dólares em cocaína. 

Verbal decide contar com detalhes como entrou nesta história, voltando para seis semanas antes quando ele e mais quatro picaretas (Gabriel Byrne, Stephen Badwin, Kevin Pollak e Benicio Del Toro) foram levados pela polícia como suspeitos e após serem liberados descobriram que teriam de pagar uma dívida para o terrível gângster húngaro Keyser Soze, participando de uma misteriosa missão. 

O sensacional roteiro de Christopher McQuarrie que venceu o Oscar, é um dos mais inteligentes já levados as telas. Dividindo a trama entre o interrogatório de Verbal e os flashbacks da história contada pelo sujeito, o espectador vai montando um quebra-cabeças que chega  a um final brilhante e ao mesmo tempo simples. Todas os detalhes estão ali na frente do espectador, porém a engenhosidade de como eles são mostrados surpreende. 

A direção de Bryan Singer (em seu segundo filme) mostrava que um cineasta promissor estava nascendo, situação que ficou mais clara com o ótimo “O Aprendiz”, antes dele decidir seguir o caminho dos blocksbusters. 

Vale destacar também a edição ágil e a trilha sonora, ambas de John Ottman e principalmente o elenco. Kevin Spacey venceu o Oscar de Ator Coadjuvante e se firmou como grande ator, além dele o restante do elenco cumpre com louvor seus papéis, não deixando de citar a reação incrédula do personagem de Chazz Palminteri ao descobrir o verdadeiro mentor do crime.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

2 Coelhos

2 Coelhos (Brasil, 2012) – Nota 8
Direção – Afonso Poyart
Elenco – Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Marat Descartes, Thaíde, Thogun, Neco Villa Lobos, Roberto Marchese, Norival Rizzo, Robson Nunes, Aldine Muller, Djair Guilherme.

Existe vida nova no cinema brasileiro. Este divertido longa do diretor estreante Afonso Poyart (que veio da publicidade e também é produtor, montador e roteirista do longa) bebe na fonte dos filmes de Guy Ritchie e nos diálogos divertidos de Tarantino, utilizando vários personagens do submundo numa trama não linear, misturando humor, violência, animação, cultura pop e uma ótima narração do protagonista Edgar (Fernando Alves Pinto), sujeito que comanda toda a história. 

Os personagens são a promotora de justiça Julia (Alessandra Negrini) casada com Henrique (Neco Villa Lobos), um advogado de porta de cadeia que defende o assaltante Maicon (Marat Descartes), que tem como segurança o violento Bolinha (Thogun). Henrique tem ligação com um deputado corrupto (Roberto Marchese), que por seu lado está ligado ao passado de Edgar. Temos ainda um ladrão que se disfarça de motoboy (Thaíde) e o pai de Edgar (Norival Rizzo) dono de um restaurante que tem como funcionário o calado Walter (Caco Ciocler). 

O inteligente roteiro liga todos os personagens numa trama que faz ainda uma crítica a corrupção instalada no país, sem precisar fazer panfletagem ou algo parecido. 

A parte técnica é outro destaque, com uma montagem dinâmica sem exageros e cenas de ação bem filmadas, inclusive algumas explosões que não ficam a dever em comparação com os filmes americanos, além disso o diretor explora bem o centro de São Paulo como cenário de vários sequências. 

O elenco está perfeito, com Fernando Alves Pinto tendo um ótimo e merecido papel principal, o rapper Thaíde como o escape cômico da trama e o ótimo e pouco conhecido Marat Descartes brilhando como o violento Maicon. Marat já havia feito um ótimo trabalho em “Os Inquilinos” de Sergio Bianchi. 

O resultado é um ótimo filme e uma grande e promissora estreia de Afonso Poyart, provando que o cinema brasileiro pode produzir filmes comerciais de qualidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Julgamento em Nuremberg (1961 & 2000)


Estas duas produções separadas por quase quarenta anos, utilizam como cenário o tribunal criado pelos aliados (principalmente americanos e ingleses) em Nuremberg na Alemanha, para julgar os nazistas considerados criminosos de guerra, porém os longas mostram julgamentos diferentes. O original de 1961 foca no julgamento de quatro juízes ligados ao Partido Nazista e a versão para a tv produzida em 2000, mostra o julgamento da alta cúpula nazista que sobreviveu ao final da guerra.

Julgamento em Nuremberg (Judgement at Nuremberg, EUA, 1961) – Nota 9
Direção – Stanley Kramer
Elenco – Spencer Tracy, Burt Lancaster, Richard Widmark, Marlene Dietrich, Maximilian Schell, Judy Garland, Montgomery Clift, William Shatner, Werner Klemperer, Kenneth MacKenna, Edward Binns.

Em 1948 os aliados criaram um tribunal em Nuremberg para julgar nazistas criminosos de guerra. Neste contexto, o juiz aposentado Dan Haywood (Spencer Tracy) é convidado para comandar um importante julgamento de quatro juízes alemães que teriam colaborado com os nazistas e condenado injustamente a morte milhares de pessoas. Tentando entender o que realmente aconteceu e até que ponto a população alemã sabia das atrocidades cometidas pelos nazistas, Dan procura se manter imparcial no embate no tribunal entre o promotor americano coronel Ted Lawson (Richard Widmark) e o brilhante advogado alemão Hans Rolfe (Maximilian Schell). 

Hans defende o juiz alemão Dr. Ernst Janning (Burt Lancaster), considerado um sujeito brilhante em sua profissão, que supreendeu muitas pessoas quando aceitou se aliar aos nazistas. Durante boa parte do julgamento o Dr. Janning fica calado, porém quando resolve dar seu depoimento temos um dos grandes momentos do filme, que são vários por sinal. O momento mais chocante são os filmes que mostram quando os campos de concentração foram libertados e milhares de corpos empilhados foram descobertos. 

Vale destacar ainda os depoimentos de Montgomery Clift como um sujeito que foi esterelizado em virtude de seu pai ser comunista e de Judy Garland em um dos seus últimos papéis. Com trinta e nove anos na época, ela interpreta uma sofrida mulher que fora julgada por sua relação com um judeu e nem de longe lembrava a garotinha adorável do clássico “O Mágico de Oz”. 

O elenco é fantástico, além de Clift e Garland que concorreram ao Oscar de Coadjuvantes, Spencer Tracy concorreu a Melhor Ator e perdeu para seu colega de filme, o austríaco Maximilian Schell, sem contar ainda Burt Lancaster muito bem como o nazista arrependido e o mito Marlene Dietrich como a víuva de um oficial nazista. No total, o filme concorreu a onze prêmios Oscar e venceu dois, além de Schell, venceu também o de roteiro. 

Finalizando, mesmo não sendo surpreendente nos dias de hoje, após tantos do Holocausto, este longa do diretor Stanley Kramer (“Deu a Louca no Mundo” e “Adivinhe Quem Vem Para Jantar”, protagonizados também com Spencer Tracy) ainda emociona ao debater os horrores da guerra. 

O Julgamento de Nuremberg (Nuremberg, EUA / Canadá, 2000) – Nota 7
Direção – Yves Simoneau
Elenco – Alec Baldwin, Jill Hennessy, Brian Cox, Christopher Plummer, Herbert Knaup, Len Cariou, Matt Craven, Michael Ironside, Colm Feore, Charlotte Gainsbourg, Robert Joy, Scott Gibson, Max Von Sydow.

Esta produção para a tv é uma versão do julgamento de parte da alta cúpula nazista após o final da Segunda Guerra. Alec Baldwin é o promotor americano Robert Jackson encarregado de liderar a acusação contra os criminosos nazistas. O longa mostra desde a escolha do local do julgamento, a análise de uma lista dos nazistas que seriam julgados, tendo sido escolhidos de acordo com a importância deles na guerra, passando por provas e testemunhos do Holocausto, finalizando com a execução daqueles que foram considerados culpados. 

O desenrolar da história é frio e didático, com poucos momentos de emoção, destacando a cena em que um filme verdadeiro com cenas de campos de concentração é mostrado no julgamento e principalmente a atuação de Brian Cox como Herman Goring, o primeiro homem abaixo de Hitler. Cox cria uma sujeito inteligente, cínico e manipulador, que acredita nos seus ideais e na lealdade a Hitler até a morte. 

Algumas tramas paralelas são mal inseridas, como a disputa entre o personagem de Baldwin e o juiz americano Biddle interpretado por Len Cariou e o caso de amor com sua secretária, a bela Jill Hennessy de “Crossing Jordan”. 

Outra interessantre atuação é a do alemão Herbert Knaup como Albert Speer, um dos ministros mais poderosos aliados de Hitler, que tenta mostrar todo seu remorso pela participação no absurdo daquela guerra. 

Vale a sessão para quem gosta do tema e quer saber um pouco mais sobre este julgamento que tinha como objetivo servir como um exemplo de justiça.