terça-feira, 30 de junho de 2020

A Noite Nos Persegue

A Noite Nos Persegue (The Night Comes for Us, Indonésia / EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Timo Tjahjanto
Elenco – Joe Taslim, Iko Uwais, Julie Estelle, Zack Lee, Salvita Decorte, Sunny Pang.

Ito (Joe Taslim) trabalha para a Tríade, a Máfia Chinesa. Após participar de um massacre em uma vila de pescadores que estariam roubando dinheiro da Tríade, Ito se nega a matar uma garotinha e foge com ela. 

Perseguido pelos mafiosos, inclusive por seu antigo amigo Arian (Iko Uwais), Ito precisará defender a garota e também tentar salvar a própria vida. 

O roteiro escrito pelo diretor Timo Tjahjanto é apenas uma desculpa para diversas sequências de ação, em sua maioria lutas violentas repletas de sangue e ossos quebrados. 

Tjahjanto é especialista neste tipo de longa, entregando aqui uma obra melhor que o anterior “Headshot”, que tinha no elenco Iko Uwais, Julie Estelle e Sunny Pang. 

Neste filme que comento, ele escalou como protagonista Joe Taslim, outro astro das artes marciais, o mais famoso da Indonésia ao lado de Iko Uwais. Os dois foram protagonistas do sensacional “Operação Invasão”. 

O resultado é um longa indicado para quem gosta de pancadaria made in Ásia.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Voltando a Viver

Voltando a Viver (Antwone Fisher, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Denzel Washington
Elenco – Denzel Washington, Derek Luke, Joy Bryant, Salli Richardson Whitfield, Malcolm David Kelley, Kevin Connolly, Viola Davis.

Antwone Fisher (Derek Luke) é um jovem marinheiro que tem dificuldades em lidar com sua raiva. Após mais uma briga, ele é obrigado a passar em consulta com o psiquiatria da marinha Jerome Davenport (Denzel Washington). 

A relutância em falar com o médico aos poucos é quebrada pela paciência de Jerome. Quando Antwone começa a contar sua vida, a narrativa intercala as sessões com flashbacks detalhando sua difícil infância. 

Inspirado numa história real, este longa tem o roteiro escrito pelo verdadeiro Antwone Fisher e marcou a estreia na direção do astro Denzel Washington. O grande acerto de Denzel é criar uma narrativa sóbria para uma triste história de vida, mostrando também como algumas pessoas podem ser cruéis. 

Uma pequena licença poética liga a sequência inicial do sonho do protagonista com outra perto do final que pode ser considerada o clímax. São sequências simbólicas em relação ao desejo de uma vida melhor. 

O resultado é um filme triste e humano, que vale a pena ser conhecido.

domingo, 28 de junho de 2020

Os Bad Boys

Os Bad Boys (Bad Boys, EUA, 1995) – Nota 7,5  
Direção – Michael Bay
Elenco – Martin Lawrence, Will Smith, Tea Leoni, Tcheky Karyo, Theresa Randle, Joe Pantoliano, Marg Helgenberger, Nestor Serrano, Julio Oscar Mechoso, Michael Imperioli, Saverio Guerra, Shaun Toub, Kevin Corrigan.

Em Miami, a dupla de detetives Marcus Burnett (Martin Lawrence) e Mike Lowrey (Will Smith) tem pouco tempo para recuperar uma carga de heroína que foi roubada dentro da delegacia. 

A única pista do paradeiro da mercadoria vem de uma garota de programa (Tea Leoni). Em meio a crise, a dupla de policiais e seu chefe (Joe Pantoliano) ainda precisam lidar com uma detetive dos assuntos internos (Marg Helgenberger). 

Este longa policial segue a cartilha dos filmes do gênero dos anos oitenta e noventa ao colocar como parceiros policiais com personalidades distintas, que se completam. O personagem de Martin Lawrence é casado e precisa se equilibrar entre carreira e família, enquanto o de Will Smith é um solteiro mulherengo que gosta de arriscar tudo nas investigações. 

Temos ainda um ótimo vilão vivido pelo francês Tcheky Karyo e uma impagável dupla de policiais latinos (Nestor Serrano e Julio Oscar Mechoso). Esta mistura rende diálogos divertidos e sequências de ações explosivas comandadas por um estreante Michael Bay, que até então era um diretor de videoclipes. 

O estilo agitado de Bay ainda não havia chegado ao exagero de filmes posteriores, sendo um ponto positivo nas cenas de ação. A marcante trilha sonora e a bela fotografia são outros pontos altos. 

O filme também é um marco por ser a então retomada do sucesso da dupla de produtores Don Simpson e Jerry Bruckheimer, que depois de “Um Tira da Pesada I e II” e “Top Gun” estavam em baixa em Hollywood. Este longa foi o inicio de uma série de sucessos de bilheteria que transformaram Bruckheimer em astro fora das telas. Por outro lado, Don Simpson não teve tempo para aproveitar. Ele faleceu de overdose em 1996.

Bad Boys II (Bad Boys II, EUA, 2003) – Nota 6,5
Direção – Michael Bay
Elenco – Martin Lawrence, Will Smith, Jordi Molla, Gabrielle Union, Peter Stormare, Theresa Randle, Joe Pantoliano, Michael Shannon, Jon Seda, Yul Vazquez, Jason Manuel Olazabal, Otto Sanchez, Henry Rollins.

Nesta sequência, os detetives Marcus (Martin Lawrence) e Mike (Will Smith) participam de uma força-tarefa que investiga o chefão cubano Johnny Tapia (Jordi Molla) que tenta dominar o mercado de drogas em Miami, principalmente a venda de ecstasy. Enquanto a dupla tenta chegar ao criminoso, Mike se envolve com a irmã de Marcus (Gabrielle Union). 

Quando comandou este longa, o diretor Michael Bay vinha de uma sequência de sucessos que catapultaram sua carreira. A cada filme, Bay aumentava o exagero na sequências de ação e na quantidade absurda de cortes, tendo chegado ao auge de tudo isso neste filme. 

Muito da comédia e do bom humor do primeiro filme se perde nesta sequência, que é longa na duração e que termina com um explosivo terceiro ato em Cuba. O resultado é muito barulho para pouco conteúdo.

Bad Boys Para Sempre (Bad Boys For Life, EUA, 2020) – Nota 6
Direção – Adil El Arbi & Bilall Fallah
Elenco – Will Smith, Martin Lawrence, Paola Nuñez, Joe Pantoliano, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Charles Melton, Kate Del Castillo, Jacob Scipio, Nicky Jam, Theresa Randle, DJ Khaled, Happy Anderson.

Após ser avô e prestes a se aposentar, o detetive Marcus Burnett (Martin Lawrence) muda de ideia depois que seu parceiro Mike Lowrey (Will Smith) sobrevive a uma tentativa de assassinato. O criminoso (Jacob Scipio) estava a serviço de sua mãe (Kate Del Castillo), uma perigosa assassina que fugiu da cadeia e que deseja vingança contra Lowrey. 

Depois de dezessete anos do longa anterior, esta sequência chega com o objetivo de criar ou recriar uma franquia, deixando um ganho enorme para uma nova continuação. Isto seria até interessante se o roteiro fosse bom, mas pelo contrário, a história é apenas uma desculpa para as cenas de ação intercaladas com piadas sem graça e um final que beira o piegas. 

Até mesmo a química entre a dupla principal pouco funciona, principalmente pela fraca atuação de Martin Lawrence e também por um Will Smith trabalhando no piloto-automático. O grupo de policiais jovens que se une a dupla faz lembrar o estilo da franquia “Velozes e Furiosos”, algo que os produtores podem ter pensado para seguir o mesmo estilo. 

Eu ainda prefiro o primeiro filme. Os dois seguintes são dispensáveis.

sábado, 27 de junho de 2020

O Peso do Passado

O Peso do Passado (Destroyer, EUA, 2018) – Nota 6
Direção – Karyn Kusama
Elenco – Nicole Kidman, Toby Kebbell, Sebastian Stan, Tatiana Maslany, Scoot McNairy, Bradley Whitford, Toby Huss, James Jordan, Beau Knapp, Jade Pettyjohn.

Após quinze anos de ter trabalhado disfarçada em meio a uma quadrilha de assaltantes, a detetive Erin Bell (Nicole Kidman) acredita que o líder dos criminosos retornou para cidade. 

Obcecada em vingar a morte do parceiro da época (Sebastian Stan), Erin inicia uma investigação solitária passando por cima da lei. 

A premissa explora o tema da vingança que é comum a muitos filmes policiais, com uma protagonista decadente e com a vida pessoal destruída. A escolha de dividir a trama em duas narrativas (presente e passado) e a pequena surpresa no final são acertos. 

Por outro lado, a atuação over de Nicole Kidman deixar a desejar, assim como a maquiagem pesada utilizada para envelhecer sua personagem. Em momento algum ela convence no papel de policial. 

O resultado é no máximo razoável.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (Midsommar, EUA / Suécia, 2019) – Nota 6,5
Direção – Ari Aster
Elenco – Florence Pugh, Jack Reynor, Vilhelm Blomgren, William Jackson Harper, Will Poulter, Ellora Torchia, Archie Madekwe.

Uma tragédia familiar deixou a jovem Dani (Florence Pugh) sozinha. Seu namorado Christian (Jack Reynor) está com ela apenas por pena. 

Quando surge o convite de um estudante sueco (Vilhelm Blomgren) para uma viagem de férias de verão até seu país, para eles e os amigos Josh (William Jackson Harper) e Mark (Will Poulter) conhecerem a comunidade em que o rapaz foi criado, Dani vê a chance de esquecer um pouco seus problemas. 

Ao chegar no local isolado, belíssimo por sinal, eles encontram uma comunidade que a princípio parece zelar pela liberdade e felicidade dos moradores, porém que esconde terríveis segredos que serão revelados durante um festival pagão. 

O sucesso de “Hereditário” abriu as portas para o diretor e roteirista Ari Aster comandar este pretensioso longa, principalmente em relação a complexidade da história e os diversos simbolismos inseridos nos estranhos rituais. 

Com certeza o diretor pesquisou muito sobre rituais antigos, cultos e sacrifícios, que ele conseguiu transportar para a tela em sequências assustadoras, com várias delas explorando sexo e fertilidade. 

O grande problema é que Aster estendeu demais a duração (quase duas horas e meia) para dar ênfase em detalhes aos estranhos rituais, que se tornam cansativos. Desde o princípio fica clara a loucura e a inevitável tragédia em que se meteram os visitantes. 

Para quem gosta de cinema antigo, o longa tem algumas semelhanças com o clássico “O Homem de Palha”.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Cardinals

Cardinals (Cardinals, Canadá, 2017) – Nota 6
Direção – Grayson Moore & Aidan Shipley
Elenco – Sheila McCarthy, Katie Boland, Grace Glowicki, Noah Reid, Peter MacNeill, Peter Spence.

Após cumprir pena por ter matado o vizinho atropelado ao dirigir embriagada, Valerie (Sheila McCarthy) volta para sua casa no subúrbio pensando em recomeçar a vida com a ajuda das filhas (Katie Boland e Grace Glowicki) e do ex-marido (Peter MacNeill). 

O problema maior é que o filho do falecido (Noah Reid) a procura para fazer perguntas sobre o que realmente aconteceu, criando uma complicada relação de desconfiança e rancor. 

Este drama canadense lembra as produções para a tv, explorando um roteiro que esconde um segredo que foi o gatilho para o crime. A narrativa segue numa crescente tensão que prende a atenção, mas que perde o impacto na fraca sequência do clímax. A cena final ainda deixa o espectador com dúvidas.

É um filme que desperdiçou a boa premissa.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (St. Elmo’s Fire, EUA, 1985) – Nota 7,5
Direção – Joel Schumacher
Elenco – Rob Lowe, Emilio Estevez, Ally Sheedy, Judd Nelson, Demi Moore, Andrew McCarthy, Mare Winningham, Martin Balsam, Andie McDowell, Joyce Van Patten, Jenny Wright.

Nesta semana o cinema perdeu o diretor Joel Schumacher. Ele deixou uma carreira extremamente eclética, se aventurando por quase todos os gêneros, algumas vezes entregando ótimos trabalhos como “Um Dia de Fúria”, “Os Garotos Perdidos” e “Por um Fio”, em outras sendo detonado pela crítica como nos dois “Batman”. 

Este “O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas” foi seu primeiro sucesso. Ele explorou a temática que se tornou comum na época sobre amigos que precisam encontrar um caminho na vida. São sete amigos que se formaram recentemente e que ainda tentam manter a amizade e também relacionamentos amorosos, se encontrando em um bar em Washington (o St. Elmo’s Fire do título original). 

Schumacher montou o elenco com um grupo de jovens que estavam em ascensão na carreira e que vinham de sucessos. Este termina sendo um daqueles filmes que tem a cara da época em que foi produzido, seja no elenco, no figurino, nos penteados e na forma dos personagens encarar o mundo.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Take Me to the River

Take Me to the River (Take Me to the River, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Matt Sobel
Elenco – Logan Miller, Robin Weigert, Josh Hamilton, Richard Schiff, Ursula Parker, Azura Skye, Elizabeth Franz, Ashley Gerasimovich.

Cindy (Robin Weigert) está viajando de carro da Califórnia até o Nebraska para uma reunião familiar. Ela está com o marido Don (Richard Schiff) e o filho adolescente Ryder (Logan Miler), que se descobriu homossexual há pouco tempo. 

Durante o almoço com a família, uma inusitada situação com a filha de Keith (Josh Hamilton), que é irmão de Cindy, gera um terrível mal estar com Ryder. Nos dois dias seguintes, as frustrações, o rancor e as diferenças entre os familiares vem à tona, atingindo principalmente o inseguro Ryder. 

Em menos de uma hora e meia e sem apelar para violência física, o roteiro escrito pelo diretor estreante Matt Sobel cria um terrível clima de desconfiança entre pessoas que são da mesma família, mas que tem vidas, pensamentos e valores completamente diferentes entre si. 

Esta quase obrigação de convivência durante algum período entre pessoas que não tem nada em comum é o ponto principal do roteiro. Ter o mesmo sangue não significa afinidade. 

É um filme triste, que fica ainda mais doloroso pela sensível atuação de Logan Miller.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Monstros & Juízo Final


Monstros (Monsters, Inglaterra / México / Guatemala, 2010) – Nota 6
Direção – Gareth Edwards
Elenco – Scoot McNairy, Whitney Able.

Seis após um evento espacial trazer para a Terra estranhas criaturas que caíram no México, uma região batizada de “zona infectada” foi criada na fronteira daquele país com os Estados Unidos.

Neste contexto, o jornalista Andrew (Scoot McNairy) está no México em busca de imagens chocantes quando recebe um nova missão de seu editor. Trazer em segurança para os Estados Unidos a filha de um dos donos do jornal que está passeando pelo país.

Ao encontrar a jovem Sam (Whiteny Able), Andrew inicia uma complicada jornada de volta para casa, tendo de enfrentar a corrupção, os obstáculos da natureza e as criaturas. 

Esta produção de baixo orçamento marcou a estreia no cinema do diretor inglês Gareth Edwards, que em seguida faria o fraco “Godzilla” e o interessante “Rogue One”.

Aqui o diretor apresenta algumas boas ideias, como utilizar o elenco de apoio praticamente todo com atores amadores ou moradores dos locais da filmagens, região esta que é muito bem explorada durante a viagem dos protagonistas, dando um ar de realidade crua. 

Infelizmente isso se perde um pouco em meio a narrativa arrastada que gasta mais tempo com os dramas da relação entre os protagonistas do que com o suspense que parece ficar em segundo plano. 

Vale citar que Scoot McNairy e Whitney Able casaram na vida real pouco tempo depois das filmagens, tendo se separado ano passado. 

Juízo Final (Doomsday, Inglaterra / EUA / África do Sul / Alemanha, 2008) – Nota 7
Direção – Neil Marshall
Elenco – Rhona Mitra, Bob Hoskins, Adrian Lester, Malcolm McDowell, Alexander Siddig, David O’Hara, Sean Pertwee, Darren Morfitt, Craig Conway, MyAnna Buring, Martin Compston.

Glasgow, Escócia, 2008. Um vírus desconhecido causa a morte de grande parte da população. Para tentar salvar o restante do Reino Unido, o governo cria um enorme muro de metal isolando a região.

Em 2035, novos casos do vírus aparecem em Londres. O governo monta um grupo de soldados de elite liderados pela tenente Eden Sinclair (Rhona Mitra) para entrar na região isolada em busca do cientista Kane (Malcolm McDowell), que ficou preso entre os infectados enquanto procurava a cura. Eles acreditam que Kane encontrou a cura e que possa salvar o restante do país. 

O diretor inglês Neil Marshall é o responsável por um dos filmes mais claustrofóbicos da história do cinema, o terror “Abismo do Medo”. Este “Juízo Final” pode ser considerado uma mistura de “Fuga de Nova York” com “Mad Max” e “Extermínío”, ou seja, ele utilizou diversas referências para entregar um filme de ficção agitado, recheado de cenas de ação e violência. Mesmo com exageros e alguns furos no roteiro, o longa funciona para quem gosta do gênero. 

domingo, 21 de junho de 2020

Amargo Reencontro

Amargo Reencontro (Big Wednesday, EUA, 1978) – Nota 7
Direção – John Milius
Elenco – Jan Michael Vincent, William Katt, Gary Busey, Patti D’Arbanville, Lee Purcell, Sam Melville, Gerry Lopez, Steve Kanaly, Reb Brown, Robert Englund.

Califórnia, 1962.  Matt (Jan Michael Vincent), Jack (William Katt) e Leroy (Gary Busey) são jovens surfistas considerados lendas na região. 

Aproveitando a vida entre praia, garotas, festas e brigas, tudo começa a mudar quando surgem as responsabilidades da vida adulta e explode a Guerra do Vietnã. 

O diretor e roteirista John Milius fez uma carreira praticamente toda voltada paras filmes de aventura, ação e violência. Este “Amargo Reencontro” é uma surpreendente história de amizade desenvolvida de uma forma sensível, intercalada com ótimas cenas de surf, tudo muito diferente dos demais trabalhos do diretor. 

A primeira parte foca nas festas, aventuras e irresponsabilidades dos jovens, para em um segundo momento mostrar as mudanças culturais da época e principalmente o amadurecimento destes personagens. 

Os dramas de cada personagem são bem desenvolvidos, com destaque para a narração em off que detalha a passagem do tempo e as ótimas sequências de surf, com certeza um grande presente para quem gosta do esporte. 

Vale citar que o trio principal era formado por atores promissores que infelizmente tiveram carreiras no máximo razoáveis. Jan Michael Vincent era conhecido pelo papel em “Assassino a Preço Fixo” ao lado de Charles Bronson e ainda seria o protagonista da série “Águia de Fogo” no anos oitenta, porém problemas com a bebida e um terrível acidente de automóvel praticamente destruíram sua carreira. Ele faleceu esquecido pelo público em 2019. 

William Katt conseguiu algum sucesso na primeira metade dos anos oitenta ao protagonizar a série “Super-Herói Americano” e o longa “A Casa do Espanto”, porém ficou nisso. Ele ainda está na ativa, mas relegado a pequenos papéis em seriados e filmes B. 

Gary Busey é o que ficou mais conhecido, sempre interpretando coadjuvantes e geralmente vilões em filmes como “Máquina Mortífera”, o original “Caçadores de Emoção” e “A Força em Alerta. É outro que ainda trabalha em filmes B.

sábado, 20 de junho de 2020

Sinais

Sinais (Signs, EUA, 2002) – Nota 7
Direção – M. Night Shyamalan
Elenco – Mel Gibson, Joaquin Phoenix, Rory Culkin, Abigail Breslin, Cherry Jones, Patricia Kalember, M. Night Shyamalan.

Após a morte da esposa, o pastor Graham (Mel Gibson) perdeu sua fé em Deus. 

Vivendo em uma fazenda na Pennsylvania com os filhos pré-adolescentes (Rory Culkin e Abigail Breslin) e seu irmão mais novo Merrill (Joaquin Phoenix), ele fica atônito quando estranhos círculos surgem em sua plantação. 

Com a notícia de que os círculos semelhantes estão aparecendo no resto do mundo, fica a dúvida se é um castigo de Deus ou a consequência de um contato alienígena. 

O lançamento deste longa foi esperado pelo cinéfilos com ansiedade após o sucesso de “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”, obras que transformaram o diretor e roteirista M. Night Shyamalan em um dos grandes nomes do cinema na época. 

O filme não é ruim, mas ficou abaixo do esperado. A mistura de religião com ficção científica era uma premissa sensacional, assim como o clima assustador criado pelo diretor em meio a plantação ao redor da fazenda. 

A escolha de explorar o terror psicológico por grande parte do filme também é um acerto, porém isso perde fôlego até chegar ao final que deixa a desejar. 

Mel Gibson dá conta do recado como o pai frustrado e como sempre Joaquin Phoenix se destaca no papel do atormentado irmão. 

O resultado fica um pouco acima da média, porém poderia ser melhor.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Oh Boy

Oh Boy (A Coffe in Berlin, Alemanha, 2012) – Nota 7,5
Direção – Jan Ole Gerster
Elenco – Tom Schilling, Marc Hosemann, Katharina Schuttler, Ulrich Noethen, Friederike Kempter, Inga Birkenfeld.

Em Berlim, Niko (Tom Schilling) é um jovem que abandonou o curso de direito na universidade e que se mostra totalmente sem rumo na vida. 

O que ele não imagina é que enfrentará um dos piores dias de sua vida, começando com o fim de um namoro pela manhã e passando por diversas situações que variam da falta de sorte até o destino enviando mensagens sobre seus erros.

Filmado em preto e branco, este longa tem um roteiro que segue a vida de Niko pela cidade durante um dia e uma noite. Apesar de seus defeitos, o protagonista é quase uma vítima ao enfrentar uma saga cruzando com personagens que demonstram frustração, arrogância, soberba, raiva, vingança e remorso. 

Sem contar que Niko passa todo o filme tentando tomar um simples café, sempre com alguma situação impedindo o ato. 

O resultado é um filme que faz pensar sobre como o ser humano é complexo e egoísta.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A Casa dos Sonhos & Anjo Meu


A Casa dos Sonhos (Dream House, EUA / Canadá, 2011) – Nota 5
Direção – Jim Sheridan
Elenco – Daniel Craig, Rachel Weisz, Naomi Watts, Elias Koteas, Marton Csokas, Jane Alexander, Taylor Geare, Claire Geare.

Will Atenton (Daniel Craig) muda para uma casa no subúrbio de Nova York junto com a esposa Libby (Rachel Weisz) e as duas filhas pequenas. O sonho da nova casa aos poucos se transforma em pesadelo quando fatos estranhos começam a ocorrer e Will descobre que uma família foi assassinada dentro da casa cinco anos atrás. A forma como os vizinhos olham para a família de Will também o incomoda, até que uma surpresa ainda pior vem à tona. 

Este suspense foi uma grande bola fora na carreira do diretor irlandês Jim Sheridan (“Meu Pé Esquerdo” e “Em Nome do Pai”). A primeira parte passa a impressão de que estamos vendo um suspense que pode ser sobre um psicopata ou até algo sobrenatural. A reviravolta absurda no meio da trama joga toda credibilidade no lixo. A surpresa em si, sua explicação e a motivação para os crimes beiram o ridículo. O filme ainda ganha alguns pontinhos pelas razoáveis sequências de suspense. O resultado é uma grande perda de tempo para o espectador.

Anjo Meu (Angel of Mine, Austrália / EUA, 2019) – Nota 6,5
Direção – Kim Farrant
Elenco – Noomi Rapace, Yvonne Strahovski, Luke Evans, Richard Roxburgh, Finn Little, Annika Whiteley.

Sete anos após perder a filha, Lizzie (Noomi Rapace) está separada do marido Mike (Luke Evans) e tenta voltar a vida normal com seu filho Thomas (Finn Little). Num certo dia em uma festa de crianças, ao ver a pequena Lola (Annika Whiteley), Lizzie fica obcecada acreditando ser sua filha. Ela se aproxima dos pais da garota (Yvonne Strahovski e Richard Roxburgh) para investigar e tentar provar sua teoria. 

Grande parte da história deste longa filmado na Austrália se desenvolve como um drama com toques de suspense com uma crescente tensão baseada no desespero da protagonista. Pequenos detalhes deixam em dúvida se a personagem está somente transtornada ou se existe alguma verdade em sua loucura. A narrativa e a própria trama lembram uma produção para TV. Isso faz o filme perder alguns pontos e resultar em uma obra apenas razoável.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Nos Corredores

Nos Corredores (In den Gangen, Alemanha, 2018) – Nota 7,5
Direção – Thomas Stuber
Elenco – Franz Rogowski, Peter Kurt, Sandra Huller, Matthias Brenner, Andreas Leupold.

Christian (Franz Rogowski) começa a trabalhar como repositor de mercadorias em um grande supermercado em Dresden, na Alemanha. 

Mesmo sendo tímido e de poucas palavras, Christian faz amizade com o veterano Bruno (Peter Kurt), que o ensina a operar uma empilhadeira, ao mesmo tempo em que se sente atraído por Marion (Sandra Huller), que também é funcionária do mercado. 

O ponto alto deste longa é a simplicidade com que o diretor Thomas Stuber detalha a vida de pessoas comuns que muitas vezes escondem seus problemas pessoais. 

A narrativa é lenta, assim com o desenrolar da vida dos personagens. O passado de cada um vem à tona através de diálogos banais, encontros inesperados e frustrações. Tudo isso ganha pontos pela melancolia dos personagens que tem pequenos sonhos em meio a uma vida sem perspectivas. 

É um filme triste, sóbrio e realista.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Linha Reta

Linha Reta (The Hummingbird Project, Canadá / Bélgica, 2018) – Nota 6,5
Direção -  Kim Nguyen
Elenco – Jesse Eisenberg, Alexander Skarsgard, Salma Hayek, Michael Mando, Johan Heldenbergh, Sarah Goldberg.

Os primos Vincent (Jesse Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgard) trabalham em uma empresa de tecnologia de ponta especializada em produtos para o mercado financeiro.

Uma ideia maluca faz os primos pedirem demissão e deixarem irritada a proprietária da empresa, Eva Torres (Salma Hayek). 

O projeto dos primos é construir um linha reta de fibra ótica entre Kansas City e Nova York, fazendo com que as informações sobre ações e investimentos sejam espalhadas em milésimos de segundos. Anton é a cabeça pensante da parte técnica, enquanto Vincent é o negociador que precisa fazer o projeto sair do papel. 

A premissa de explorar o desenvolvimento de um projeto misturando tecnologia e investimentos é bastante interessante e atual. Unir dois personagens muitos diferentes que se completam é um clichê comum no cinema, mas que muitas vezes funciona, como aqui. Os obstáculos enfrentados pela dupla são criativos, assim como a ideia em si. 

Infelizmente o filme perde pontos por inserir um drama pessoal que parece não encaixar com a premissa e por entregar um final frio. 

É um filme que faltou aquele toque a mais.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Master

Master (Ma-seu-teo, Coreia do Sul, 2011) – Nota 6
Direção – Ui Seok Jo
Elenco – Byung Hun Lee, Dong Wan Gang, Woo Bin Kim, Ji Won Uhm, Dal Su Oh.

O policial Kim Jae (Dong Wan Gang) lidera uma investigação que foca em uma pirâmide financeira comandada por uma espécie de guru chamado President Jin (Byung Hun Lee). 

Para conseguir provas, Kim Jae pressiona Park Jang (Woo Bin Kim), responsável pela sistema de informática da organização criminosa. Em paralelo, President Jin planeja comprar um banco para lavar o dinheiro fruto de seus investimentos fraudulentos. 

O roteiro divide a história praticamente em dois filmes diferentes. A primeira parte explora o jogo de gato e rato entre policiais e a organização, até a fuga do líder dos criminosos para as Filipinas. A segunda parte leva a ação para aquele país, quando um novo golpe está sendo preparado. 

Esta parte final tem uma boa sequência de ação no clímax, mas ainda é pouco. A longa duração deixa a narrativa bastante irregular. Uns trinta minutos a menos seria o ideal. O resultado é pouco mais do que razoável.

domingo, 14 de junho de 2020

Testemunha Invisível

Testemunha Invisível (Il Testimone Invisibile, Itália, 2018) – Nota 7
Direção – Stefano Mordini
Elenco – Riccardo Scamarcio, Miriam Leone, Fabrizio Bentivoglio, Maria Paiato, Sara Cardinaletti.

O empresário Adriano Doria (Riccardo Scamarcio) é acusado de assassinar a amante Laura (Miriam Leone). 

Numa noite em seu apartamento, Adriano recebe a advogada Virginia (Maria Paiato), especialista em atuar neste tipo de caso e que foi indicada por seu advogado pessoal. 

A advogada deseja saber toda a verdade e afirma que a procuradoria tem uma nova testemunha que pode levar Adriano para a prisão na mesma noite. 

Este longa é um remake da ótima produção espanhola “Contratiempo” que foi escrita e dirigida por Oriol Paulo. Esta nova versão é praticamente uma cópia do original. 

As pistas, o segundo crime, um personagem importante que entra no meio da trama (Fabrizio Bentivoglio) e a reviravolta final não causam surpresa alguma para quem viu o longa espanhol. 

O filme está longe de ser ruim, mas infelizmente nada acrescenta em relação ao original.

sábado, 13 de junho de 2020

Border & Dropa


Border (Grans, Suécia / Dinamarca, 2018) – Nota 5
Direção – Ali Abbasi
Elenco – Eva Melander, Eero Milonoff, Jorgen Thorsson, Ann Petren, Sten Ljunggren.

Tina (Eva Melander) é um mulher de aparência estranha que trabalha como segurança na fronteira marítima da Suécia. Ela tem o dom de “farejar” atitudes fora do comum de pessoas que tentam entrar no país com algo ilegal. Ela vive com Roland (Jorgen Thorsson), que parece não se importar com a companheira.

Tudo muda quando um sujeito chamado Vore (Eero Milonoff), cruza o caminho de Tina na alfândega. O homem é muito parecido com Tina e desperta nela um sentimento diferente. É o inicio de uma estranha relação.

Este é um dos filmes mais bizarros que vi nos últimos tempos. O inicio passa a impressão de ser uma história que vai misturar drama por causa da aparência da protagonista com alguma trama policial ligada à fronteira.

Quando Vore entre em cena, surge uma reviravolta maluca que muda completamente o foco da trama. Várias sequências incomodam por causa do mal gosto, mesmo entendendo ser uma tentativa de explicar a reviravolta.

O roteiro explora ainda a questão da solidão e dos segredos pessoais, mas estes temas acabam sendo atropelados pela bizarrice da história. 

Dropa (Dropa, EUA, 2019) – Nota 5
Direção – Wayne Slaten
Elenco – Jason Douglas, David Matranga, James Hong, Shayla Bagir, Jacob Reynolds, Michelle Ellen Jones.

A União Soviética venceu a Guerra Fria e os EUA se transformou em uma nação socialista. Quando alienígenas batizados como “Dropa” chegaram à Terra, eles primeiro foram inseridos na sociedade e posteriormente eliminados após serem considerados uma ameaça.

Tudo muda quando um Dropa (Jason Douglas) reaparece matando um policial, fazendo com que o parceiro da vítima (David Matranga) inicie uma caçada em busca de vingança. 

A premissa deste filme B é bastante interessante ao misturar um mundo controlado por um governo autoritário e uma ameaça alienígena. O problema é que os pontos positivos ficam nisso.

A narrativa irregular perde tempo com os sonhos do protagonista relembrando seus traumas do passado e a história copia de forma pálida muitos elementos do clássico “Blade Runner”. As atuações são fracas e o único destaque fica para a pequena participação do veteraníssimo James Hong.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Human Capital

Human Capital (Human Capital, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Marc Meyers
Elenco – Liev Schreiber, Marisa Tomei, Peter Sarsgaard, Maya Hawke, Alex Wolff, Betty Gabriel, Paul Sparks, Aasif Mandvi, Fred Hechinger, Fredric Lehne, James Waterston.

No subúrbio de Nova York, o atropelamento de um garçom gera consequências para várias pessoas. 

Drew (Liev Schreiber) é um corretor de imóveis que se aproxima do ricaço Quint (Peter Sarsgaard) querendo participar do fundo de investimento comandado por este. A ligação dos dois está no namoro de seus filhos (Maya Hawk e Fred Hechinger). 

Enquanto Drew precisa de dinheiro ao descobrir que sua nova esposa (Betty Gabriel) está grávida de gêmeos, Quint tem um casamento complicado com Carrie (Marisa Tomei), que parece manter a relação apenas por causa do poder aquisitivo do marido. 

Este longa é um refilmagem de “Capital Humano”, uma produção italiana de 2013 dirigida por Paolo Virzi. O ponto principal da história é mostrar como o ser humano é egoísta, colocando sempre os seus interesses e das pessoas que estão ligadas a ele na frente de tudo. 

Todos os personagens em algum momento tomam decisões que prejudicam um terceiro. Mentiras, traições, frustrações e ganância são os combustíveis para sobrevivência. Mesmo assim, o original italiano é ainda mais cínico nas relações e na total falta de empatia entre os personagens. 

Entre as duas versões, eu indicaria a italiana para quem tem curiosidade com a história.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Minority Report: A Nova Lei

Minority Report: A Nova Lei (Minority Report, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Steven Spielberg
Elenco – Tom Cruise, Colin Farrell, Samantha Morton, Max Von Sydow, Steve Harris, Kathryn Morris, Neal McDonough, Patrick Kilpatrick, Tim Blake Nelson, Lois Smith, Klea Scott, Jessica Capshaw, Peter Stormare, Frank Grillo.

Em um futuro próximo, o crime foi extinto. Uma nova tecnologia detecta as pessoas que possuem “genes” que levariam a cometer algum crime. 

A situação ameaça sair do controle quando o chefe da divisão que investiga estes futuros crimes é apontado como um provável criminoso. Para provar sua inocência, John Anderton (Tom Cruise) precisará enfrentar o sistema que ele sempre apoiou e mostrar que a previsão está errada. 

Baseado em um conto de Philip K Dick, autor das obras que renderam “Blade Runner” e “O Vingador do Futuro”, este longa segue uma linha semelhante ao explorar um futuro onde a tecnologia é mais importante do que o indivíduo. 

A crítica a forma de como a tecnologia pode ser utilizada para oprimir esconde uma trama simples que foi já levada às telas muitas vezes sobre um acusado de forma injusta tentando provar sua inocência. 

O filme ganha muitos pontos pelas ótimas sequências de ação com efeitos especiais de primeira, além do visual caprichado, marca registrada de Steven Spielberg.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Escape from Pretoria

Escape from Pretoria (Escape from Pretoria, Inglaterra / Austrália, 2020) – Nota 7
Direção – Francis Annan
Elenco – Daniel Radcliffe, Ian Hart, Daniel Webber, Mark Leonard Winter, Nathan Page.

África do Sul, inicio dos anos setenta. Tim Jenkin (Daniel Radcliffe) e Stephen Lee (Daniel Webber) são jovens de classe média, estudantes universitários e ativistas contra o Apartheid. 

Eles são presos e condenados após organizarem pequenas explosões que espalham panfletos contra o governo nas ruas. Enviados para a prisão em Pretória, eles logo se unem a outros ativistas presos. Obcecado em escapar para não cumprir os doze anos de sentença, Tim cria um plano que parece impossível de ser executado. 

Baseado em uma história real, este longa ao mesmo tempo em que explora os clichês dos filmes sobre fugas da prisão e apresenta um plano que deixa dúvidas se realmente aconteceu daquela forma, entrega uma narrativa fluída com uma crescente tensão que prende a atenção do espectador até o final. 

A questão do regime racista do Apartheid termina ficando como pano de fundo, perdendo o protagonismo para o desenvolvimento do plano de fuga. 

É um filme que está muito mais para “Alcatraz– Fuga Impossível” do que para um drama político.

terça-feira, 9 de junho de 2020

Lantana & Jindabyne


Lantana (Lantana, Austrália / Alemanha, 2001) – Nota 7,5
Direção – Ray Lawrence
Elenco – Anthony LaPaglia, Geoffrey Rush, Barbara Hershey, Rachael Blake, Kerry Armstrong, Vince Colosimo, Daniela Farinacci, Leah Purcell, Peter Phelps.

Em Lantana, um subúrbio de Sydney na Austrália, a vida de várias pessoas se cruzam. O personagem principal é o policial Leon (Anthony LaPaglia), que passa por uma crise no casamento com Sonja (Kerry Armstrong) e tem um affair com a separada Jane (Rachael Blake).

Sua esposa faz sessões com a psicanalista Valerie (Barbara Hershey), que perdeu a filha assassinada e que tem seu casamento com John (Geoffrey Rush) abalado. Temos ainda um casal (Vince Colosimo e Daniela Farinacci) que é vizinho de Jane e que tem três filhos pequenos.

O ponto principal do roteiro é mostrar as dificuldades de um relacionamento. Perdas, frustrações, traições e silêncio estão entre os temas explorados nesta ciranda de emoções. Uma determinada situação crítica se torna o ponto de conversão para segredos virem à tona.

Apesar de ser uma obra praticamente desconhecida, este longa é um drama de muita boa qualidade, principalmente pela forma sóbria como coloca na tela assuntos complicados.

Jindabyne (Jindabyne, Austrália, 2006) – Nota 7
Direção – Ray Lawrence
Elenco – Gabriel Byrne, Laura Linney, Deborra Lee Furness, John Howard, Chris Haywood, Eva Lazzaro, Sean Rees Wemyss.

Jindabyne, interior da Austrália. Na sequência inicial, um motorista de caminhão (Chris Haywood) sequestra uma jovem de origem aborígene. Pouco tempo depois, quatro amigos vão pescar em um local isolado e encontram o corpo da garota. Uma decisão equivocada acarretará consequências em suas vidas e nas de suas famílias. 

Mesmo sem ter a complexidade do seu filme anterior “Lantana”, o diretor Ray Lawrence consegue desenvolver com qualidade uma história dolorosa sobre pessoas comuns. 

A busca pelo assassino que normalmente seria o principal neste tipo de premissa, aqui é deixada de lado pelo roteiro para focar nos conflitos que surgem entre as pessoas que encontraram o corpo, suas famílias e os parentes da vítima. O roteiro também explora a cultura aborígene em relação a morte. 

O destaque do elenco fica para Laura Linney como a instável esposa do personagem de Gabriel Byrne, que é um dos sujeitos que encontraram o corpo. 

É um drama diferente no estilo da narrativa, nas locações e na questão cultural. 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

O Preço do Talento

O Preço do Talento (Honey Boy, EUA, 2019) – Nota 6
Direção – Alma Har’el
Elenco – Shia LaBeouf, Lucas Hedges, Noah Jupe, Laura San Giacomo, Clifton Collins Jr, Byron Bowers, FKA Twigs, Natasha Lyonne, Maika Monroe, Martin Starr.

Los Angeles, 1995. O garoto Otis (Noah Jupe) é um ator mirim com a carreira em ascensão. Por outro lado, ele vive com o pai James (Shia LaBeouf) em um motel vagabundo. James é um palhaço frustrado com a vida e a carreira que desconta seus problemas no filho. 

Uma narrativa em paralelo pula para 2005, quando apesar do sucesso na carreira adulta, Otis (Lucas Hedges) não conseguiu superar os traumas da infância. Abusando da bebida e das drogas, ele termina obrigado a enfrentar um período em uma clínica de reabilitação. 

O ator Shia LaBeouf escreveu este roteiro autobiográfico e decidiu interpretar o papel do seu próprio pai. A difícil relação entre eles gerou consequências duras para vida de Shia, que por seu lado deixa claro que este filme é uma espécie de complemento de terapia, em que ele ao mesmo tempo em que expurga seus demônios detalhando sua vida ao público, também tenta demonstrar o pouco de carinho que ainda sente pelo pai. 

O filme é cru, doloroso em alguns momentos e cansativo em outros. Como cinema para o público em geral é apenas razoável, mas para Shia LaBeouf com certeza o valor da obra é muito maior.

domingo, 7 de junho de 2020

Sem Saída

Sem Saída (Eden Lake, Inglaterra, 2008) – Nota 6,5
Direção – James Watkins
Elenco – Kelly Reilly, Michael Fassbender, Jack O’Connell, Thomas Turgoose, Tara Ellis, Jumayn Hunter.

A professora Jenny (Kelly Reilly) é levada por seu namorado Steve (Michael Fassbender) para passar o final de semana acampando na beira de um belíssimo lago em uma pequena cidade no interior da Inglaterra. 

Logo na primeira manhã da passeio, um grupo de adolescentes começa a importunar o casal. Conforme Steve rebate as atitudes dos garotos, a situação vai ficando mais tensa, até chegar a um terrível confronto na floresta. 

O ponto principal deste longa escrito e dirigido por James Watkins é mostrar que o mal não tem idade e que muitas vezes ele é enraizado nos jovens pelas próprias famílias. A forma brutal como o casal é atacado gratuitamente é consequência de um ódio passado de pai para filho, em que o diferente ou o forasteiro é visto como um inimigo que deve expulso ou castigado. 

O filme segue para lado do horror, criando sequências repletas de violência e sangue, sem contar a crescente tensão. O problema é que algumas destas sequências são exageradas e o final em aberto é claramente voltado para uma continuação que jamais saiu do papel. 

É um filme para o espectador que tem nervos fortes.

sábado, 6 de junho de 2020

O Preço da Verdade

O Preço da Verdade (Dark Waters, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Todd Haynes
Elenco – Mark Ruffalo, Anne Hathaway, Tim Robbins, Bill Pullman, Bill Camp, Victor Garber, Mare Winningham,William Jackson Harper.

Em 1998, o advogado Rob Bilott (Mark Ruffalo) é procurado pelo fazendeiro Wilbur Tennant (Bill Camp) que acusa a empresa química Du Pont de ter envenenado suas terras com lixo tóxico. A fazenda fica na pequena Parkesburg em West Virginia, cidade natal de Rob e onde ainda vive sua avó. 

Após ver a situação do local e a quantidade de vacas que morreram doentes, Rob utiliza seus contatos na grande empresa de advocacia a qual é sócio para entender o que ocorreu. Aos poucos ele percebe que um enorme crime ambiental foi cometido. 

Baseado em uma história real que ainda gera consequências, este longa segue o estilo de obras como “Erin Brockovich” em que uma denúncia cai nas mãos de alguém que fica obcecado em buscar justiça. 

O roteiro não apresenta surpresas, por sinal ele é até bastante burocrático e previsível. A grande força do filme é a própria história de abuso e irresponsabilidade cometidos pelas corporação. 

A curiosidade é a presença de Mark Ruffalo, que trabalhou em outro filme em que a empresa Du Pont é citada. Na realidade é um longa sobre a vida maluca de um dos herdeiros da empresa, o falecido John Du Pont, que foi detalhada no superior “Foxcatcher”.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Os Aeronautas & Amundsen


Os Aeronautas (The Aeronauts, Inglaterra / EUA, 2019) – Nota 6,5
Direção – Tom Harper
Elenco – Felicity Jones, Eddie Redmayne, Himesh Patel, Vincent Perez, Phoebe Fox, Tom Courtenay, Robert Glenister, Tim McInnerny, Lewin Lloyd.

Londres, 1862. O cientista James Glaisher (Eddie Redmayne) é ridicularizado por defender que é possível fazer previsões meteorológicas. Ele luta para conseguir dinheiro para financiar uma viagem de balão. Ele alcança p sonho quando convence a viúva Amelia Wren (Felicity Jones) a participar da viagem. Amelia perdeu o marido (Vincent Perez) durante uma aventura em um balão.

O roteiro escrito pelo diretor Tom Harper é inspirado na história real de James Glaisher, o pioneiro dos estudos de meteorologia. O filme tem uma narrativa agradável intercalando a aventura no balão com flashbacks detalhando como Glaisher sofreu para conseguir realizar seu objetivo.

O problema é que por ser baseado em história real, Harper criou a fictícia personagem de Amelia Wren, que é uma homenagem a aviadora Amelia Earhart, deixando de lado o verdadeiro parceiro de Glaisher chamado Henry Coxwell. Além disso, Glaisher é mostrado como um nerd atrapalhado, bem diferente do que deve ter sido o verdadeiro cientista.

Todas estas mudanças transformaram o filme em uma ficção ao estilo sessão da tarde, com direito a boas cenas de aventura no balão, sendo algumas até exageradas e personagens rasos.

Amundsen (Amundsen, Noruega / Suécia / República Tcheca, 2019) – Nota 6,5
Direção – Espen Sandberg
Elenco – Pal Sverre Hagen, Christian Rubeck, Katherine Waterston, Trond Espen Seim, Glenn Andre Kaada, Ida Ursin Holm, Fridtjov Saheim.

Desde criança, os noruegueses Roald Amundsen (Pal Sverre Hagen) e seu irmão Leon (Christian Rubeck) desejavam se tornar exploradores. Após algumas aventuras, Leon preferiu se tornar uma espécie de agente do irmão, buscando fundos para financiar as viagens de Roald. O grande sonho de Roald era chegar a um dos Pólos antes de outros exploradores, principalmente na frente do inglês Robert Falcon Scott. 

Este longa detalha a vida e as aventuras do herói norueguês Roald Amundsen. O roteiro intercala as perigosas expedições com os intervalos em que precisava lidar com questões financeiras e um complicado relacionamento amoroso. Sua vida é narrada por seu irmão durante um período em que este esperava notícias relacionadas a última aventura de Roald. 

O filme peca pelo ritmo irregular e pela frieza da narrativa, até mesmo nas sequências das expedições. É um filme que fica abaixo do esperado e vale a sessão apenas para quem gostaria de saber um pouco mais sobre a vida do explorador.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

303

303 (303, Alemanha, 2018) – Nota 8
Direção – Hans Weingartner
Elenco – Mala Emde, Anton Spieker.

Berlin, Alemanha. Jule (Mala Emde) é uma estudante de biologia que acabou de repetir em uma disciplina. Jan (Anton Spieker) é um aluno de ciências sociais que perdeu uma bolsa de estudos por não fazer política em um trabalho universitário. 

O destino faz com que os dois cruzem seus caminhos em um posto de gasolina durante o início das férias de verão. Jule que está dirigindo um velho trailer (modelo 303 do título) a caminho de Portugal para encontrar o namorado, aceita da carona para Jan, que por seu lado segue para Bilbao na Espanha com o objetivo de conhecer seu pai biológico. É o início de uma viagem que mudará a vida dos dois. 

Existem alguns filmes que fazem bem para a alma e o coração. É o caso de“303”, um road movie inspirado na trilogia de Richard Linklater que começou com “Antes do Amanhecer” em 1995. O filme de Hans Weingartner segue o mesmo estilo, porém alongando a relação dos jovens durante uma viagem que atravessa Alemanha, Bélgica, França. Espanha e Portugal. 

A dupla principal conversa sobre temas diversos como capitalismo e comunismo, problemas familiares, amorosos, sexo, frustrações, além de aproveitar para visitar locais belos e simples, com grande destaque para a fotografia. 

A qualidade dos diálogos se casa perfeitamente com as atuações espontâneas de Mala Emde e Anton Spieker. São quase duas horas e meia que passam rapidamente. 

Vale a sessão para quem gosta de obras realistas sobre a expectativa dos jovens em relação a vida.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

White House Farm

White House Farm (White House Farm, Inglaterra, 2020) – Nota 7,5
Direção – Paul Whittington
Elenco – Freddie Fox, Mark Addy, Stephen Graham, Alexa Davies, Scott Reid, Mark Stanley, Gemma Whelan, Cressida Bonas, Nicholas Farrell, Amanda Burton, Alfie Allen.

Essex, Inglaterra, agosto de 1985. Em uma fazenda, pai, mãe, filha e dois netos pequenos da família Bamber são assassinados a tiros. 

As evidências à primeira vista, a ânsia do chefe de polícia (Stephen Graham) em fechar o caso e principalmente o depoimento de Jeremy (Freddie Fox), o outro filho do casal, levam a crer que a filha Sheila (Cressida Bones) matou a família e cometeu suicídio. 

O que eles não esperavam era o olhar apurado do veterano detetive Stan Jones (Mark Addy), que aos poucos percebe detalhes que confrontam a versão de Jeremy. Praticamente sozinho, Stan tenta chegar até a verdade. 

Baseada numa terrível história real, esta minissérie em seis episódios detalha em flashbacks os acontecimentos que levaram ao crime, além é claro da complexa investigação que envolveu diversos personagens, disputa por herança e ódio familiar. 

O roteiro explora ainda a questão política em relação ao chefe de polícia que colocou sua carreira acima da verdade dificultando a solução do caso. 

Os destaques do elenco ficam para Freddie Fox como o arrogante Jeremy Bamber e o comediante Mark Addy em um papel sério como o obcecado detetive. 

É uma boa opção para quem gosta de dramas policiais.

terça-feira, 2 de junho de 2020

The Eichmann Show

The Eichmann Show (The Eichmann Show, Ingaterra / Lituânia, 2015) – Nota 7
Direção – Paul Andrew Williams
Elenco – Anthony LaPaglia, Martin Freeman, Rebecca Front, Andy Nyman, Nicholas Woodeson, Ben Addis.

Israel, 1961. Após ser capturado na Argentina, o criminoso nazista Adolf Eichmann é levado a julgamento. 

Com o objetivo de mostrar os horrores cometidos pelos nazistas nos campos de concentração, o governo de Israel autoriza um canal de TV a transmitir o julgamento. 

O diretor de programação Martin Fruchtman (Martin Freeman) contrata o americano Leo Hurwitz (Anthony La Paglia) para comandar a transmissão. Enquanto Fruchtman a princípio pensa apenas na audiência, Hurtwitz está ansioso para tentar entender o que levou Eichmann a cometer os crimes. 

Baseado numa história real, este longa detalha os bastidores da transmissão do julgamento e também como ele impactou no mundo, alcançando pessoas que ainda não acreditavam que o Holocausto tivesse ocorrido. 

A curiosidade do personagem de Anthony LaPaglia é semelhante ao pensamento da escritora Hannah Arendt, que também queria entender Eichmann através de suas reações no julgamento. 

Existe um filme de 2012 sobra Hannah Arendt que também é extremamente interessante para quem tem interesse no tema.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Anna: O Perigo Tem Nome

Anna: O Perigo Tem Nome (Anna, França / EUA / Canadá / Rússia, 2019) – Nota 7
Direção – Luc Besson
Elenco – Sasha Luss, Helen Mirren, Cillian Murphy, Luke Evans, Lera Abova, Eric Godon, Andrew Howard.

Europa, 1990. Anna (Sasha Luss) é uma agente da KGB que utiliza como disfarce o trabalho de modelo em Paris. 

Enquanto sonha em se aposentar após cinco anos de serviço, Anna participa de inúmeras missões de assassinatos, até se ver envolvida em uma complicada trama de espionagem entre a KGB e a CIA. 

O diretor francês Luc Besson buscou a premissa de “Nikita – Criada Para Matar” que ele mesmo comandou em 1990 e reinventou uma história sobre a jovem drogada que é transformada em assassina profissional. 

Besson também tentou fazer com a modelo Sasha Luss a mesma coisa que fez com sua então namorada Milla Jovovich com “O Quinto Elemento” em 1997 ao transformá-la em heroína de ação. 

Outra fonte de inspiração para o diretor é o atual sucesso da franquia “John Wick” ao criar sequências de ação absurdas, em que a protagonista sozinha elemina um número enorme de inimigos. As sequências no restaurante e na sede da KGB são porradaria pura. 

Um dos acertos é a montagem que desenvolve a história com idas e vindas no tempo para explicar algumas situações, sempre detalhando uma pequena surpresa ou traição. 

O resultado é uma boa diversão para os fãs do cinema de ação.