quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Sob Fogo Cerrado, O Ano em que Vivemos em Perigo & O Cônsul Honorário

 


Sob Fogo Cerrado (Under Fire, EUA / México, 1993) – Nota 7
Direção – Roger Spottiswoode
Elenco – Nick Nolte, Gene Hackman, Joanna Cassidy, Jean Louis Trintignant, Ed Harris, Richard Masur, Holly Palance.

Nicaraguá, 1979. Três experientes jornalistas (Nick Nolte, Gene Hackman e Joanna Cassidy) testemunham e registram com fotos e imagens uma revolução que está prestes a derrubar o ditador Somoza. Ao mesmo tempo, eles estão envolvidos em um triângulo amoroso que gera pequenos conflitos. 

Este longa segue o gênero de colocar jornalistas como protagonistas em meio a um conflito, deixando de lado heroísmos ou ação desenfreada, para focar no testemunho da violência e das injustiças sofridas pela população. O filme não deixa de entregar algumas sequências de tensão e violência. Destaque para os sempre marcantes Nick Nolte e Gene Hackman.

O Ano em que Vivemos em Perigo (The Year of Living Dangerously, Austrália, 1982) - Nota 7,5
Direção – Peter Weir
Elenco – Mel Gibson, Sigourney Weaver, Linda Hunt, Michael Murphy, Bill Kerr.

Indonésia, 1965. Nos últimos momentos antes da queda do presidente Sukarno, um jornalista australiano (Mel Gibson) se envolve com uma funcionária da embaixada americana (Sigourney Weaver) e ao mesmo tempo é auxiliado por um fotógrafo (Linda Hunt que interpreta um homem e ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante pelo papel) na investigação da situação junto aos revolucionários. 

O roteiro entrega uma competente mistura de drama político com romance em meio a algumas sequências tensas e o clima de violência que permeia a história. Destaque para a atuação do trio principal, com Mel Gibson e Sigourney Weaver em um momento de ascensão na carreira.

O Cônsul Honorário (The Honorary Consul, Inglaterra / México, 1983) – Nota 6
Direção – John MacKenzie
Elenco – Michael Caine, Richard Gere, Bob Hoskins, Elpidia Carrillo, Joaquim de Almeida, A Martinez

Durante o governo militar na Argentina, o médico Eduardo Plarr (Richard Gere) retorna ao país e faz amizade com o cônsul inglês Charles Fortnum (Michael Caine). Beberrão e casado com uma ex-prostituta (Elpidia Carrillo), Fortnum termina sequestrado por um grupo terrorista que pretende trocá-lo por companheiros que estão presos. 

Este longa baseado em um livro de Graham Greene tem uma premissa interessante ao explorar as questões políticas da América Latina nos anos setenta e oitenta. O grande problema é que falta emoção ao filme e a narrativa é apenas razoável. Apesar do ótimo elenco, é estranho ouvir Bob Hoskins falando com um falso sotaque espanhol.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

As Montanhas da Lua


As Montanhas da Lua (Mountains of the Moon, EUA, 1990) – Nota 7,5
Direção – Bob Rafelson
Elenco – Patrick Bergin, Iain Glenn, Richard E. Grant, Fiona Shaw, Josh Savident, James Villiers, Peter Vaughan, Bernard Hill, Delroy Lindo, Adrian Rawlins, Christopher Fulford, Roshan Seth

Em 1854, os aventureiros ingleses Richard Burton (Patrick Bergin) e John Speke (Iain Glenn) se conhecem durante uma jornada malsucedida na África. Após voltarem para a Inglaterra, eles se recuperam e conseguem apoio para retomar a aventura com o objetivo de descobrir a nascente do Rio Nilo. 

Este bom filme é baseado na história real descrita em diários dos protagonistas. Basicamente o longa é dividido em quatro partes. O início que termina em tragédia na África, uma segunda parte que apresenta melhor os protagonistas em Londres, para em seguida retornar ao continente africano para a longa sequência de aventuras e os problemas enfrentados pela dupla. 

A parte final apesar de perder um pouco a força, é necessária por mostrar as diferenças pessoais e ideológicas que vem à tona quando a discussão sobre a descoberta da nascente se torna pública. 

É curioso ver que este quase épico foi dirigido por Bob Rafelson, que teve uma carreira voltada para dramas e aqui se aventurou em algo completamente diferente. 

Vale citar que o filme infelizmente fracassou nas bilheterias na época.

 

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Fale Comigo

 


Fale Comigo (Talk to Me, Austrália / Inglaterra, 2022) – Nota 7
Direção – Danny Philippou & Michael Philippou
Elenco – Sophie Wilde, Alexandra Jensen, Joe Bird, Miranda Otto, Marcus Johnson.

Um grupo de adolescentes utiliza uma mão embalsamada, que teria sido de uma médium, para evocar espíritos. O jovem que segura a mão é possuído por um espírito durante alguns segundos, para os outros filmarem como se fosse uma brincadeira, que aos poucos se transforma em algo extremamente perigoso. 

Este longa australiano dirigido pelos irmãos gêmeos Philippou começa de forma bastante intrigante. As primeiras sessões são assustadoras e com as reações típicas dos filmes adolescentes. A narrativa perde um pouco da força depois da metade, para retomar a tensão no final. 

Não chega a ser um grande filme, mas entrega o que promete para quem curte terror adolescente.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Um Lugar Qualquer

 


Um Lugar Qualquer (Somewhere, EUA / Inglaterra / Itália / Japão / França, 2010) – Nota 7
Direção – Sofia Coppola
Elenco – Stephen Dorff, Elle Fanning, Chris Pontius, Michelle Monaghan, Ellie Kemper, Benicio Del Toro, Alden Ehrenreich.

Johnny Marco (Stephen Dorff) é um ator famoso que está em fase de divulgação de seu novo filme e que ao mesmo tempo precisa cuidar da filha pré-adolescente Cleo (Elle Fanning) por alguns dias, enquanto sua ex-esposa passa por uma crise pessoal. 

Mesmo sendo o filme menos conhecido da diretora Sofia Coppola, filha do grande Francis Ford Coppola, este longa é muito mais profundo do que parece. A proposta é mostrar o vazio que muitas vezes toma conta de uma pessoa que chega ao auge do sucesso e que não precisa mais se preocupar com dinheiro ou com as coisas básicas do dia a dia. 

O protagonista vivido por Stephen Dorff parece flutuar pela vida sem um objetivo, intercalando festas, compromissos obrigatórios da profissão e o sexo fácil. Seu único elo profundo é com a filha, com quem passa pouco tempo por conta de separação do casamento e do seu trabalho repleto de viagens. 

É uma ótima sacada mostrar tudo isso através de personagens que parecem reais, fugindo dos clichês habituais de atores explosivos, drogados e dos relacionamentos com filhos rebeldes. O ator é um sujeito comum que enfrenta situações incomuns por causa da profissão e da visibilidade do sucesso, enquanto sua filha é uma criança ingênua, que basicamente vive um final de infância normal, passando longe dos mini adultos que o cinema costuma criar. 

É um filme que entrega muito mais do que promete, nas entrelinhas, é claro.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Verão de 42 & Ensina-me a Viver


Verão de 42 ou Houve uma Vez um Verão (Summer of '42, EUA, 1971) – Nota 7
Direção – Robert Mulligan
Elenco – Jennifer O’Neill, Gary Grimes, Jerry Houser, Christopher Norris.

Hermie (Gary Grimes) é um adolescente de quinze anos que vai passar as férias em uma ilha em Nantucket em 1942 e se envolve com a bela Dorothy (Jennifer O’Neill), uma mulher mais velha que se sente solitária sem o marido que foi lutar na Segunda Guerra Mundial. 

Este longa se tornou um clássico sobre o amor proibido, muito pela sutileza da narrativa, as sequências românticas e o drama. O filme claramente busca inspiração em “A Primeira Noite de um Homem” que fez sucesso no final dos ano sessenta. 

O jovem Gary Grimes trabalhou em alguns filmes nos anos setenta, mas não conseguiu fazer a carreira decolar, enquanto a bela Jennifer O’Neill teve uma carreira razoável até meados dos anos oitenta.

Ensina-me a Viver (Harold and Maude, EUA, 1971) – Nota 7
Direção – Hal Ashby
Elenco – Bud Cort, Ruth Gordon, Cyril Cusack, Vivian Pickles.

Harold (Bud Cort) é um rapaz de vinte anos de família rica que tem obsessão pela morte. Ele simula suicídios e tem o hábito de visitar funerais. Em um destes funerais, ele encontra Maud (Ruth Gordon), um senhora de setenta e nove anos que tem o mesmo hábito incomum. Eles iniciam uma inusitada relação. 

Este longa com uma trama bizarra fracassou na época do lançamento, mas se tornou cult com o passar dos anos. Ao mesmo tempo em que o roteiro coloca personagens que são curiosos em relação a morte, a história também celebra a vida nas atitudes da personagem da veterana Ruth Gordon. 

Ela que era famosa pelo sinistro papel em “O Bebê de Rosemary”, aqui utiliza este lado estranho também para mostrar que apesar da morte ser inevitável em algum momento, a vida tem que ser vivida em seu máximo.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Sly

 


Sly (Sly, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Thom Zimny
Documentário

O ponto principal deste documentário que detalha a carreira de Sylvester Stallone são as explicações que o próprio ator dá sobre a ligação das histórias de seus filmes da franquia “Rocky” com a relação com seu pai. 

Ao lado do irmão Frank que é cantor e também ator, Stallone teve uma infância difícil com a separação dos pais que resultou em uma grande distância da mãe e uma vida diária com um pai autoritário e violento. 

A forma como ele explica as escolhas de cenas criadas para os filmes “Rocky” deixam extremamente claro que o cinema foi uma terapia de vida para o ator. Ele criou no cinema a vida que sonhava ter quando criança, além de dizer abertamente que a falta de amor na infância hoje é compensada pelo carinho dos fãs, o que faz seguir em frente na vida e na carreira.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Máfia da Dor

 


Máfia da Dor (Pain Hustlers, Inglaterra / EUA, 2023) – Nota 7
Direção – David Yates
Elenco – Emily Blunt, Chris Evans, Andy Garcia, Catherine O’Hara, Chloe Coleman, Brian D’Arcy James, Jay Duplass, Amit Shah.

Em 2011, Liza Drake (Emily Blunt) é uma mãe divorciada que ao conhecer em um bar de striptease o vendedor de medicamentos Pete Brenner (Chris Evans), dá início a uma inusitada parceria que levará um medicamento baseado no fortíssimo componente Fentanil a se tornar um sucesso de vendas graças ao marketing e ao suborno. 

Inspirado em uma história real, este longa segue a trilha das minisséries de sucesso “Dopesick” e “Império da Dor”, porém explorando um caso semelhante com uma empresa de medicamentos muito menor. 

O esquema criado pela dupla foi cooptar médicos de cidades menores para receitar o remédio, fazendo as vendas explodirem, até que muitas pessoas começaram a ficar dependentes. A narrativa segue o estilo cínico com pitadas de comédia comuns a vários filmes atuais sobres fraudes ou histórias corporativas.

 Além da dupla principal, destaque para a sumida Catherine O’Hara como a mãe espalhafatosa da protagonista e o perturbado dono da empresa interpretado por Andy Garcia.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A Noite das Bruxas

 


A Noite das Bruxas (A Haunting in Venice, EUA / Inglaterra / Itália, 2023) – Nota 7
Direção – Kenneth Branagh
Elenco – Kenneth Branagh, Tina Fey, Jamie Dornan, Michelle Yeoah, Kelly Reilly, Ricardo Scamarcio, Camille Cottin, Jude Hill, Emma Laird, Ali Khan.

Veneza, Itália, 1947. O aposentado inspetor belga Hercule Poirot (Kenneth Branagh) recebe a visita de sua amiga Ariadne Oliver (Tina Fey), que é uma famosa autora de livros com inspiração em seu trabalho de investigação. 

Poirot aceita participar de uma sessão espírita na Noite das Bruxas em uma enorme casa de três andares que é considerada assombrada. O objetivo da escritora é que Poirot confirme se a médium tem poderes verdadeiros ou é uma farsante. 

Este terceiro longa com Kenneth Branagh interpretando o inspetor Poirot é com certeza o melhor da série até o momento. Por mais que a fórmula das histórias de Agatha Christie seja sempre a mesma, a ideia de colocar elementos de terror em meio a investigação foi uma ótima escolha. 

O cinéfilo acostumado ao gênero e as obras da autora, vai matar rapidamente parte do mistério, como o porquê do protagonista se mostrar desorientado em algumas sequências. Outro acerto foi inserir a personagem de Tina Fey como a escritora que é uma espécie de alter ego de Agatha Christie. Mesmo com uma fórmula batida, este longa é uma obra surpresa.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

O Emissário de Mackintosh, O Quarto Protocolo & A Casa da Rússia

 


O Emissário de MacKintosh (The MacKintosh Man, EUA, 1973) – Nota 7
Direção – John Huston
Elenco – Paul Newman, Dominique Sanda, James Mason, Harry Andrews, Ian Bannen. Michael Hordern, Pete Vaughan

Joseph Rearden (Paul Newman) é contratado para um roubo de joias e termina preso em uma penitenciária britânica. Ele cria um plano de fuga e leva consigo um político britânico que estava preso por espionagem. A partir daí, nada é o que parece ser. 

O diretor John Huston explora o clássico estilo dos filmes de espionagem que lembram as obras de Alfred Hitchcock. Personagens dúbios como o protagonista de Paul Newman ou a femme fatale de Dominique Sanda, além de sequências de suspense como a perseguição com automóveis são exemplos. 

Não chega a ser um grande filme, mas entrega o que promete em relação a premissa e os segredos.

8600 – O Quarto Protocolo (The Fourt Protocol, Inglaterra, 1987) – Nota 6
Direção – John Mackenzie
Elenco – Michael Caine, Pierce Brosnan, Ned Beatty, Joanna Cassidy, Julian Glover, Michael Gough, Ray McAnally, Ian Richardson, Anton Rodgers, Betsy Brantley, Matt Frewer, Alan North.

A KGB envia um espião (Pierce Brosnan) com o objetivo de explodir uma mini bomba nuclear em uma base americana em Londres. O governo inglês escala o agente John Preston (Michael Caine) para investigar o caso e evitar a tragédia. 

Baseado em um best seller de Frederick Forsyth, este longa explora o tema da Guerra Fria que já estava no final, para criar uma trama de suspense sem grande emoção. O filme tem algumas sequências de ação razoáveis e um roteiro com reviravoltas interessantes. Destaque para as interpretações de Michael Caine e do na época pouco conhecido Pierce Brosnan. O resultado é um longa correto e frio.

3302 – A Casa da Rússia (The Russia House, EUA, 1990) – Nota 6
Direção – Fred Schepisi
Elenco – Sean Connery, Michelle Pfeiffer, Roy Scheider, James Fox, Klaus Maria Brandauer, John Mahoney, J. T. Walsh, David Threlfall, Martin Clunes, Colin Stinton.

Um editor britânico (Sean Connery) com negócios na Rússia após a queda do comunismo, se vê no meio de uma complexa trama de espionagem quando uma editora russa (Michelle Pfeiffer) tenta entregar um manuscrito de um cientista (Klaus Maria Brandauer) que deseja divulgar o documento no ocidente. 

Baseado em um livro de John Le Carré, este longa tem uma ótima produção, um competente elenco de nomes talentosos e uma trama extremamente complexa que infelizmente se torna cansativa pela falta de suspense e de sequências mais agitadas. É uma pena, esta escolha resulta em uma narrativa fria, que desperdiça a premissa somente em diálogos.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

As Bestas

 


As Bestas (As Bestas, Espanha / França, 2022) – Nota 7,5
Direção – Rodrigo Sorogoyen
Elenco – Denis Menóchet, Marina Fols, Luis Zahera, Diego Anido, Marie Colomb.

Um casal francês (Denis Menóchet e Marina Fols) deixou seu país para buscar uma vida simples no interior da Galícia na Espanha. Morando em um sítio e cultivando produtos para vender na feira local, aos poucos a vida do casal se transforma em um inferno conforme uma família de vizinhos liderada por um sujeito violento (Luis Zahera) começa a se incomodar com pequenas situações. A crescente tensão leva a uma situação insustentável. 

Inspirado em uma história real ocorrida em 2010, este longa do diretor Rodrigo Sorogoyen, de ótimos trabalhos como “Que Dios Nos Perdone” e “El Reino”, entrega uma narrativa angustiante através de uma pesada tensão psicológica. Ódio e inveja são os sentimentos que dominam os personagens em meio a um local decadente e isolado. Vale citar que na história real o casal era holandês.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Sementes da Violência

 


Sementes da Violência (Blackboard Jungle, EUA, 1955) – Nota 7,5
Direção – Richard Brooks
Elenco – Glenn Ford, Anne Francis, Sidney Poitier, Louis Calhern, Margaret Hayes, Vic Morrow, Paul Mazursky, Jamie Farr, John Hoyt, Richard Kiley.

Richard Dadier (Glenn Ford) é um veterano da Segunda Guerra Mundial que consegue emprego como professor de inglês em uma violenta escola em um bairro pobre. O desejo de ensinar entra em conflito com os alunos arruaceiros que atacam os professores psicologicamente a até fisicamente em alguns momentos. 

Quase setenta anos depois, este longa ainda continua extremamente atual. A pressão sofrida por professores em escolas de periferia das grandes cidades é uma situação que hoje se mostra ainda pior, com os alunos tendo uma espécie de salvo-conduto para fazer o que quiserem. 

Mesmo sendo um veterano de guerra e com larga experiência de vida, o personagem de Glenn Ford sofre todos os tipos de ataques possíveis que causam consequências até mesmo em seu casamento. 

O roteiro deixa claro que os líderes que emergem neste ambiente são os maiores responsáveis pelo mal ou pelo bem. A maioria dos alunos formam uma massa que segue algum líder. No filme, temos o violento personagem de Vic Morrow que lidera uma gangue de alunos, enquanto um jovem Sidney Poitier fica dividido entre liderar para o bem ou seguir uma vida sem se envolver em nada.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Y2K: Bomba-Relógio

 


Y2K: Bomba-Relógio (Time Bomb Y2K, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Brian Becker & Marley Mcdonald
Documentário

Na segunda metade dos anos noventa, alguns especialistas em tecnologia começaram a alertar o público e as autoridades sobre um caos que poderia ocorrer na virada de 1999 para 2000 por causa dos computadores que não estariam programados para mudar suas datas internas. 

Resumindo, eles estariam prontos somente para manter os dois primeiros dígitos, o que faria os sistemas reiniciarem para 1900. Esta teoria se espalhou, sendo batizada de Y2K e apelidada de “O Bug do Milênio”. 

Este documentário tenta detalhar o que aconteceu nestes anos através de diversos depoimentos, muitos de pessoas que aparentemente lucraram bastante ao defender medidas para evitar o problema. 

O doc foca também em situações paralelas, com as pessoas que acreditavam em um crash financeiro e de energia que levaria a conflitos nas ruas e que se preparavam em grupos ou famílias pensando em se esconder em locais isolados, além daqueles que olhavam a questão religiosa interpretando a virada do milênio como o fim do mundo. 

Na verdade nada disso aconteceu, enquanto outros problemas enormes e inesperados ocorreram nestes últimos vinte anos.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Inside Man & O Engenheiro

 


Inside Man (Inside Man, EUA, 2023) – Nota 5,5
Direção – Danny A. Abeckaser
Elenco – Emile Hirsch, Jake Cannavale, Lucy Hale, Ashley Greene, Robert Davi, Vincent Laresca, Danny A. Abeckaser, James Russo, Bo Dietl.

Brooklyn, 1983. Um problema doméstico afeta a carreira do detetive Bobby Belucci (Emile Hirsch), que vê a chance de se redimir ao cruzar o caminho de um jovem mafioso (Jake Cannavale) ligado ao chefão da região (Danny A. Abeckaser). Bobby se infiltra na quadrilha, porém aos poucos se envolve demais nos crimes dos novos amigos. 

Este longa baseado em fatos reais segue a fórmula das histórias sobre a Máfia, colocando o protagonista em uma linha tênue entre o crime e o dever. Mesmo sendo melhor em comparação com “O Engenheiro” produzido em seguida pela mesma dupla do diretor e ator Danny A. Abecksar com o astro Emile Hirsch, além do roteirista Kosta Kondilopoulos, este “Inside Man” peca pelo baixo orçamento e pela falta um roteiro melhor desenvolvido. 

Vale citar como curiosidade as participações do veterano especialista em vilões Robert Davi nestes dois filmes, assim como o também sempre mal encarado James Russo e o ex-policial na vida real Bo Dietl, que se transformou em ator e consultor de filmes do gênero.

O Engenheiro (The Engineer, EUA, 2023) – Nota 5
Direção – Danny A. Abeckaser
Elenco – Emile Hirsch, Angel Bonanni, Danny A. Abecksaser, Robert Davi, Tsahi Halevi, Yarden Toussia Cohen, Stefanie Yunger.

Em 1995, a capital de Israel Tel Aviv foi alvo de diversos ataques suicidas em ônibus. Em um destes ataques, a filha de um senador americano foi uma das vítimas. Enquanto o governo de Israel utiliza um grupo de agentes para localizar o líder dos atentados conhecido como “O Engenheiro”, o senador envia três mercenários para uma caçada em paralelo. 

Este longa que se diz baseado em história real, já que a onda de atentados realmente ocorreu, tinha uma premissa com potencial para um grande filme, porém aconteceu o contrário. O baixo orçamento e a péssima direção de Danny A. Abeckaser, que também atua, desperdiçam a história. 

A tentativa de criar reviravoltas através de suspense durante a caçada são confusas e mal explicadas, assim como a fraca sequência de tiroteio no final. Difícil entender como o bom ator Emile Hirsch vem escolhendo tantos papéis ruins nos últimos anos.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Mil Palhaços

 


Mil Palhaços (A Thousand Clowns, EUA, 1965) – Nota 7
Direção – Fred Coe
Elenco – Jason Robards, Barbara Harris, Martin Balsam, Gene Saks, Barry Gordon, William Daniels, John McMartin.

Murray (Jason Robards) abandonou a carreira como roteirista de um programa de tv infantil e aparentemente decidiu abraçar a liberdade de fazer o que quiser, além de cuidar de seu sobrinho Nick (Barry Gordon) que foi abandonado pela mãe. Tudo se complica quando uma dupla de assistentes sociais (Barbara Harris e William Daniels) aparece para analisar como Murray educa seu sobrinho. 

Este curioso longa que chegou a concorrer ao Oscar de Melhor Filme é uma espécie de teatro filmado pontuado por sequências com músicas de circo. A proposta é mostrar que a liberdade vem junto com a alegria, mas também com a sociedade cobrando um preço para quem faz esta escolha. 

A grande atuação de Jason Robards compensa a duração que parece ser mais longa do que o necessário e que deixa a narrativa cansativa em alguns momentos. É um filme com excesso de diálogos, daqueles que muitos cinéfilos desistiriam de ver no meio da história.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

The Channel

 


The Channel (The Channel, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – William Kaufman
Elenco – Clayne Crawford, Max Martini, Nicoye Banks, Juliene Joyner, Lucky Johnson, Jaren Mitchell.

Em Nova Orleans, uma quadrilha composta por veteranos do Afeganistão assalta um banco, porém a ação é interceptada pela polícia e o FBI. Dois irmãos (Clayne Crawford e Max Martini) conseguem escapar do cerco, mas antes de saírem da cidade precisam lavar o dinheiro, ou seja, trocar as notas roubadas. 

Este é o típico longa de ação raiz, que vai direto ao ponto. São várias sequências de violência com tiroteios explosivos e correria. A história de lealdade, o roubo e a relação de um dos assaltantes com a namorada são puro clichê, porém que funcionam para quem procura um passatempo sem compromisso recheado de adrenalina.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Golda - A Mulher de Uma Nação

 


Golda - A Mulher de Uma Nação (Golda, Inglaterra / EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Guy Nattiv
Elenco – Helen Mirren, Camille Cottin, Lios Ashkenazi, Liev Schreiber, Henry Goodman, Ellie Percy, Rotem Keinan, Rami Heuberger, Dvir Benedek.

Em 1973, a primeira-ministra de Israel Golda Meir (Helen Mirren) enfrenta seu maior desafio no cargo quando o país é atacado de forma simultânea pela Síria e o Egito. Enquanto discute estratégias de defesa e de contra-ataque com o alto escalão do governo, Golda ainda precisa tratar de um linfoma que começa a minar a sua saúde. 

Este interessante longa foca no curto período em que a política precisou lidar com a enorme pressão para salvar seu país de uma derrota gigantesca e ao mesmo tempo ter habilidade para manter o governo americano ao seu lado. 

O filme é um drama que foca principalmente nas atitudes de Golda, na sua forma de aguentar a pressão e a sensibilidade para lidar com cada um de seus pares, além de mostrar força quando necessário. 

Destaque para a atuação de Helen Mirren, que consegue passar toda a emoção de sua personagem de uma forma sóbria. 

É um filme indicado para quem gosta de histórias sobre política internacional e bastidores de guerra.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Sem Pistas, Endure & A Traição

 


Sem Pistas (Abandon, EUA / Alemanha / Canadá, 2002) – Nota 5
Direção – Stephen Gaghan
Elenco – Katie Holmes, Benjamin Bratt, Charlie Hunnam, Zooey Deschanel, Fred Ward, Mark Feuerstein, Melanie Lyskey, Gabriel Mann, Philip Bosco, Will McCormick, Gabrielle Union, Tony Goldwyn

Katie Burke (Katie Holmes) é uma jovem prestes a finalizar seus estudos na universidade com o objetivo de conseguir um ótimo emprego em alguma corporação. Tudo começa a ruir quando o detetive Wade Handler (Benjamin Bratt) reabre o caso do desaparecimento do namorado da garota. O jovem chamado Embry Langan (Charlie Hunnam) sumiu sem deixar pistas. 

Este suspense que começa de forma intrigante aos poucos se mostra uma verdadeira bagunça. São dúvidas e reviravoltas confusas, como nas aparições do rapaz em que o espectador fica sem saber se a protagonista está realmente vendo o sujeito ou tendo alucinações. Os personagens não convencem e falta suspense. O resultado é uma grande perda de tempo para o espectador.

Endure (Endure, EUA, 2010) – Nota 5,5
Direção – Joe O’Brien
Elenco – Judd Nelson, Devon Sawa, Joey Lauren Adams, Tom Arnold, Clare Kramer, Brett Rice, Stuart Stone.

Um desconhecido sequestra uma garota, leva para uma floresta e a deixa amarrada em uma árvore. Ele tira uma foto, volta para estrada, porém sofre um acidente e morre. A polícia encontra a foto e inicia uma investigação para descobrir o paradeiro da garota. 

A premissa detalhada no prólogo é intrigante, deixando aberto o caminho para um ótimo filme policial. Uma série de problemas como a trama paralela da doença da esposa do detetive vivido por Judd Nelson, os clichês da relação deste com o detetive novato de Devon Sawa e um final apressado atrapalham muito. O resultado é um filme policial genérico e esquecível.

A Traição (Tangled, EUA / Canadá, 2001) – Nota 5,5
Direção – Jay Lowi
Elenco – Rachael Leigh Cook, Shawn Hatosy, Jonathan Rhys Meyers, Lorraine Bracco, Estella Warren.

Um jovem (Shawn Hatosy) acorda em um hospital com uma detetive (Lorraine Bracco) ao seu lado. Ela investiga o desaparecimento de Jenny (Rachael Leigh Cook) e David (Jonathan Rhys Meyers), que são amigos do rapaz e também participantes de um triângulo amoroso. 

Este suspense com cara de filme B explora uma trama de mentiras e traições comuns ao gênero. As pistas são mostradas aos poucos, sempre deixando alguma dúvida sobre quem seria realmente o vilão. É um filme razoável e totalmente esquecível.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Titanic – O Épico Nazista Banido

 


Titanic – O Épico Nazista Banido (Titanic, Alemanha, 1943) – Nota 6,5
Direção – Herbert Selpin
Elenco – Hans Nielsen, Sigrid Olinsky, Ernst Fritz Furbringer, Karl Schonbock, Charlotte Thiele.

Este foi o primeiro longa que retratou o naufrágio do Titanic, tendo como curiosidade mórbida ser uma produção alemã filmada no meio da Segunda Guerra Mundial com um roteiro que coloca ingleses e americanos como responsáveis pela tragédia. 

O roteiro segue o formato que se tornaria comum nos filmes catástrofe dos anos setenta, ao focar nos dramas, amores e disputas entre personagens na primeira metade, chegando a uma parte final em que o ponto principal são as sequências de ação do naufrágio. 

A maioria dos personagens são milionários que esperam o sucesso da viagem para lucrar com a alta das ações, enquanto as pessoas que viajam nos porões da segunda classe são quase figurantes. As sequências do navio afundando são tensas e bem filmadas, porém ainda existe uma cena final no julgamento que parece deslocado do restante do filme. 

Vale citar que o diretor Herbert Selpin entrou em conflito com oficiais nazistas que participavam da produção, terminou preso e morreu na cadeia de forma suspeita no dia seguinte ao ser detido. É provável que algumas sequências, como a cena final citada, tenham sido filmadas sem a presença do diretor.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Horror in the High Desert

 


Horror in the High Desert (Horror in the High Desert, EUA, 2021) – Nota 6,5
Direção – Dutch Marich
Elenco – Eric Mencis, Tonya Williams Ogden, Suziey Block, Errol Porter, David Morales.

Em 2017, o jovem Gary Hinge (Eric Mencis) desapareceu no deserto de Nevada ao fazer uma caminhada habitual em que filmava vídeos em locais isolados. Três anos depois, um documentário é produzido revelando detalhes sinistros que foram descobertos sobre o mistério. 

Este falso documentário tem como pontos positivos o clima de suspense, as locações mostradas nos vídeos e principalmente a narrativa, que mesmo tendo um ritmo irregular, consegue fazer com que o espectador até acredite que a história é verdadeira. A surpresa no meio da história e o final impactante também são destaques. Uma sequência foi produzida em 2023.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Os Olhos de Laura Mars

 


Os Olhos de Laura Mars (Eyes of Laura Mars, EUA, 1978) – Nota 6
Direção – Irvin Kershner
Elenco – Faye Dunaway, Tommy Lee Jones, Brad Dourif, Rene Auberjonois, Raul Julia, Frank Adonis, Lisa Taylor, Darlanne Fluegel, Michael Tucker.

Laura Mars (Faye Dunaway) é uma fotógrafa famosa por trabalhos polêmicos envolvendo sexo e morte. Sem explicação lógica, ela começa a enxergar pelos olhos de um psicopata que passa a assassinar seus amigos. Sem saber quem é o criminoso e desacreditada pela história maluca, ela tem apoio somente de um detetive (Tommy Lee Jones). 

Este suspense tem um roteiro escrito pelo ótimo diretor John Carpenter, que ficaria famoso no mesmo ano com o lançamento do clássico “Halloween”. O filme tem uma premissa bastante intrigante e algumas sequências tensas, porém a narrativa é irregular ao perder tempo com um romance e com vários momentos ligados as sessões de fotografia. O final é totalmente clichê, sendo o ponto mais fraco da obra. Destaque para a atuação atormentada de Faye Dunaway.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Drácula – A Última Viagem do Deméter

 


Drácula – A Última Viagem do Deméter (The Last Voyage of the Demeter, EUA / Inglaterra / Canadá / Índia / Alemanha, 2023) – Nota 6,5
Direção – Andre Ovredal
Elenco – Corey Hawkins, Aisling Franciosi, Liam Cunningham, David Dastmalchian, Chris Walley, Jon Jon Briones, Stefan Kapicic, Martin Furulund, Nikolai Nikolaeff, Woody Norman.

Em 1897, um navio cargueiro sai da Romênia em direção a Londres carregando algumas estranhas caixas consideradas amaldiçoadas por um marinheiro que desistiu da viagem. A noite no meio do oceano, uma estranha criatura começa a atacar os tripulantes em busca de sangue. 

Este longa explora a interessante ideia de se basear em apenas um capítulo do livro “Drácula” de Bram Stoker. Esta escolha diferente funciona em parte por fugir do estilo clássico de romancear o personagem, para criar um longa de terror sanguinário, que ao mesmo tempo em que apresenta uma produção caprichada, fica com cara de filme B. 

Os personagens são mal desenvolvidos, na verdade são apenas figurantes a serem atacados um a um pela criatura, no formato repetido a exaustão nos filmes de terror para adolescentes. É um filme que prende a atenção e vai agradar quem procura terror sem se preocupar com os furos no roteiro e os personagens fracos.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

O Homem dos Sonhos

 


O Homem dos Sonhos (Dream Scenario, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Kristoffer Borgli
Elenco – Nicolas Cage, Julianne Nicholson, Michael Cera, Jessica Clement, Lily Bird, Tim Meadows, Dylan Baker, Kate Berlant.

Paul Mattews (Nicolas Cage) é um professor casado com Janet (Julianne Nicholson) e pai de duas filhas adolescentes. Levando uma vida comum e com o objetivo de publicar um livro, tudo muda quando diversas pessoas começam a sonhar com ele sem explicação alguma. O que a princípio o faz se tornar uma pessoa conhecida, aos poucos vira sua vida de cabeça para baixo. 

O destaque deste longa é o criativo roteiro escrito pelo desconhecido diretor Kristoffer Borgli, que consegue transformar uma premissa de ficção em uma simbólica história sobre sucesso e ódio calcados em algo vazio, muito parecido com o que vivemos na realidade dos dias atuais. O mesmo público que eleva uma pessoa ao topo da fama, tem prazer em ajudar a derrubá-la. 

Outra situação que o roteiro apresenta que vem sendo explorada no cinema atual e que também é um reflexo do mundo real, é a questão da fragilidade dos relacionamentos. Na primeira crise, os casamentos se dissolvem como açúcar na água. A trama perde um pouco de força no terceiro ato, mas mesmo assim é um filme que vale a sessão pela originalidade.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Alligator - O Jacaré Gigante

 


Alligator – O Jacaré Gigante (Alligator, EUA, 1980) – Nota 6
Direção – Lewis Teague
Elenco – Robert Forster, Robin Riker, Michael V. Gazzo, Dean Jagger, Sydney Lassick, Jack Carter, Perry Lang, Henry Silva, Bart Braverman.

Uma garotinha em viagem a Flórida traz para casa em Chicago um aparente inofensivo filhote de alligator. Seu pai joga o animal no vaso sanitário, porém doze anos depois uma mutação causada por resíduos tóxicos transforma o filhote em um jacaré gigante assassino que começa a atacar pessoas no esgoto da cidade. 

Esta divertida mistura de ação e terror é totalmente inspirada no sucesso do clássico “Tubarão”. A trilha sonora nas sequências dos ataques são um cópia da famosa música de John Williams, assim como o animal mecânico e o policial protagonista vivido por Robert Forster, que a princípio tem sua teoria ridicularizada. 

O legal é que o diretor Lewis Teague consegue criar uma tensão crescente e até sequências de violência interessantes com o baixo orçamento para os efeitos especiais. É aquele tipo de filme que tem falhas, mas que no final entrega o que promete. É um divertido e violento filme B.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Passageiros do Medo ou O Último Passageiro

 


Passageiros do Medo ou O Último Passageiro (Last Passenger, Inglaterra, 2013) – Nota 6,5
Direção – Omid Nooshin & Ridoin El Aissati
Elenco – Dougray Scott, Kata Tointon, Iddo Goldberg, David Schofield, Lindsay Duncan, Joshua Kaynama.

O médico Lewis (Dougray Scott) está voltando para casa com seu filho pequeno em um trem que saiu de Londres. O que seria uma viagem normal de final de dia, se transforma em pesadelo quando ele e outros passageiros percebem que um desconhecido tomou o controle do trem se trancando no vagão de comando. 

Este agitado suspense ganha pontos por manter a atenção do espectador utilizando somente o trem como cenário e por entregar algumas sequências de ação criativas. Outra boa sacada é não mostrar o vilão diretamente, deixando todo a ação no desespero dos passageiros tentando fazer o trem parar. 

Mesmo com alguns furos e uma sequência final forçada, o filme entrega o que promete para quem busca suspense e ação sem compromisso.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

A Nave da Revolta (1954, 1988 & 2023)

 


A Nave da Revolta (The Caine Mutiny, EUA, 1954) – Nota 8
Direção – Edward Dmytryk
Elenco – Humphrey Bogart, José Ferrer, Van Johnson, Fred MacMurray, Robert Francis, May Winn, E. G. Marshall, Lee Marvin, Claude Akins.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o capitão Queeg (Humphrey Bogart) assume o comando de um submarino e rapidamente entra em conflito com os oficiais subordinados. Seu jeito forte e perfeccionista, misturado com decisões incoerentes levam o tenente Maryk (Van Johnson) a dispensar o capitão alegando que este sofre de problemas mentais. Maryk termina levado à corte marcial. 

Esta é a primeira e a melhor das três versões da mesma história. Com um ótimo elenco encabeçado de forma brilhante por Humphrey Bogart, que interpreta um sujeito extremamente complexo e um roteiro com diálogos fortes e uma tensão crescente nas discussões e no julgamento. 

É um clássico indicado para quem gosta de dramas sobre manipulação e poder.

A Nave da Revolta (The Caine Mutiny Court-Martial, EUA, 1988) – Nota 7
Direção – Robert Altman
Elenco – Eric Bogosian, Jeff Daniels, Brad Davis, Peter Gallagher, Michael Murphy, Kevin J. O’Connor.

Nesta segunda versão da história sobre a insubordinação no submarino Caine, o roteiro foca no julgamento do tenente Maryk (Jeff Daniels) com seus depoimentos e contradições sobre os conflitos que o levaram à corte marcial após afastar o capitão Queeg (Brad Davis) do comando alegando problemas mentais.

Esta versão tem um ar totalmente teatral, tendo como maior destaque a interpretação de Eric Bogosian como o advogado de defesa do protagonista, que com firmeza e seriedade entrega uma de suas melhores atuações da carreira, ao lado do papel como o polêmico locutor do ótimo “Talk Radio – Verdades que Matam”.

A Nave da Revolta (The Caine Mutiny Court-Martial, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – William Friedkin
Elenco – Kiefer Sutherland, Jason Clarke, Jake L acy, Monica Raymund, Lewis Pullman, Jay Duplass, Tom Riley, Lance Reddick, Elizabeth Anweis, François Battiste, Gabe Kessler.

O oficial imediato (Jake Lacy) de um navio de guerra é levado a corte marcial após dispensar do comando seu superior (Kiefer Sutherland), alegando que o homem sofria de problemas mentais. Durante o julgamento vem à tona diversas atitudes do comandante que levaram o oficial e parte da tripulação a duvidar da sanidade do sujeito. 

Esta é a terceira versão da mesma história, sendo atualizada para os dias de hoje, porém mantendo o mesmo formato do segundo longa em utilizar somente a corte de justiça militar como cenário. As atuações são convincentes e as discussões prendem a atenção do espectador. 

O filme tem como triste destaque ser o último trabalho do grande diretor William Friedkin de “O Exorcista” e “Operação França” e também do ator Lance Reddick das séries “Bosch” e “Oz” que faleceram em 2023.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Por Trás da Verdade

 


Por Trás da Verdade (The Good Mother, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Miles Joris Peyrafitte
Elenco – Hilary Swank, Olivia Cooke, Jack Reynor, Dilone, Hopper Penn.

Um jovem viciado em drogas é assassinado. A mãe Marissa (Hilary Swank) que já enfrenta um trauma desde a morte do marido, se surpreende quando a namorada de seu filho Paige (Olivia Cooke) aparece grávida dizendo que eles estavam deixando de consumir drogas. Com ajuda de seu outro filho que é policial (Jack Reynor), Marissa deseja descobrir o porquê do assassinato. 

Este drama policial segue o estilo do gênero sem grandes surpresas até o terço final quando vem à tona uma reviravolta que explica o título original do filme. A proposta do roteiro é mostrar até que ponto uma mãe pode defender seu filho, mesmo sendo obrigada a passar por cima de valores morais ou algo ainda pior. O destaque fica para a atormentada atuação de Hilary Swank, que faz o filme parecer melhor do que realmente é.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Farejando Vingança

 


Farejando Vingança (Muzzle, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – John Stalberg Jr.
Elenco – Aaron Eckhart, Stephen Lang, Penelope Mitchell, Nick Searcy, Diego Tinoco, Delissa Reynolds, Grainger Hines, Paul Johansson.

Jake (Aaron Eckhart) é um policial que tem como parceiro um K-9, ou seja, um cão treinado para farejar drogas. A morte do cão durante uma operação leva Jake a se aprofundar numa investigação solitária em busca dos produtores das drogas que causaram o fim da vida de seu parceiro. 

Esqueça a Los Angeles dos famosos. O que vemos aqui são os locais decadentes tomados por criminosos, drogados e traficantes que mexem com o psicológico do protagonista. Um personagem pergunta em certo momento quando a chamada “Cidade dos Anjos” se transformou em um inferno. 

Esta escolha de mostrar o lado sombrio de Los Angeles com uma narrativa tensa pontuada por uma estranha trilha sonora e a atuação perturbada de Aaron Eckhart resultam em um filme B que entrega muito mais do que promete. Eu considero uma boa surpresa para quem curte drama policial recheado com traumas e violência.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Jogo Suicida & Guerra, S.A.: Faturando Alto

 


Jogo Suicida (Suicide Kings, EUA, 1997) – Nota 6,5
Direção – Peter O’Fallon
Elenco – Christopher Walken, Denis Leary, Henry Thomas, Sean Patrick Flanery, Jay Mohr, Jeremy Sisto, Johnny Galecki, Nina Siemaszko, Cliff De Young, Brad Garrett, Frank Medrano.

Cinco jovens de famílias ricas sequestram um chefão mafioso (Christopher Walken) com o objetivo de fazer o sujeito pagar um valor pedido por outros criminosos que sequestraram a irmã de um deles. 

Esta mistura de policial e comédia com pitadas de humor negro funciona em parte. Os acertos são a divertida interpretação do sempre marcante Christopher Walken, do capanga esquentadinho vivido por Denis Leary e as reviravoltas da trama, que mesmo com alguns furos, são interessantes. 

Por outro lado, a narrativa é irregular e os sequestradores trapalhões vividos por Brad Garrett e Frank Medrano parecem personagens de sitcom, É um passatempo divertido e mediano.

Guerra, S.A.: Faturando Alto (War, Inc., EUA, 2008) – Nota 5,5
Direção – Joshua Seftel
Elenco – John Cusack, Marisa Tomei, Hilary Duff, Joan Cusack, Dan Aykroyd, Sergej Trifunovic, Ned Bellamy, Ben Kingsley.

Hauser (John Cusack) é um mercenário enviado pelo governo americano para matar o líder de um país fictício no Oriente Médio. Ele utiliza o disfarce de um produtor de eventos que irá comandar a reconstrução do país que foi bombardeado pelos EUA por causa do terrorismo. 

A ideia do roteiro escrito por três pessoas, entre elas o astro John Cusack, era fazer uma crítica as guerras que EUA travaram na época no Iraque e no Afeganistão e também da vida conturbada das famosas cantoras pop através da personagem irritante de Hilary Duff. 

Essa mistura bizarra que é recheada com sequências que lembram as paródias dos anos oitenta não funciona. Criticar política internacional, guerras e conflitos de forma engraçada não é fácil, como exemplo de acerto temos “Cães de Guerra” de Todd Phillips que equilibra os elementos na medida certa.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O Mundo Depois de Nós

 


O Mundo Depois de Nós (Leave the World Behind, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Sam Esmail
Elenco – Julia Roberts, Mahershala Ali, Ethan Hawke, Myha´la, Kevin Bacon, Farrah Mackenzie, Charlie Evans.

Durante uma viagem de fim de semana para uma casa de luxo em Long Island, um casal (Ethan Hawke e Julia Roberts) com seus dois filhos (Farrah Mackenzie e Charlie Evans) percebe logo no primeiro dia que o sinal de internet não funciona. E se assustam ao receber a inesperada visita do dono da casa com sua filha (Mahershala Ali e Myha´la) que dizem terem presenciado um apagão. Enquanto esperam entender o que realmente está acontecendo, cresce o medo e a desconfiança. 

O diretor e roteirista Sam Esmail é o responsável pela série cult “Mr. Robot” e também por “Homecoming”, outra série que foi protagonizada por Julia Roberts. Nas duas séries e neste filme que comento aqui, o ponto convergente é o clima de conspiração em que a tecnologia é peça fundamental na manipulação das informações. 

As complexas relações humanas também são exploradas nas nuances de cada personagem, deixando claro que todos temos o lado bom e o ruim, a questão é até que ponto cada um destes lados tem maior força. 

É interessante também a forma como o roteiro mostra que nos dias atuais o medo em relação a uma tragédia global se espalhou. Vale como curiosidade e também análise de alienação e egocentrismo de parte da juventude atual, a obsessão da filha do casal pelo seriado “Friends”.