terça-feira, 31 de março de 2015

Cyrus

Cyrus (Cyrus, EUA, 2010) – Nota 6,5
Direção – Jay e Mark Duplass
Elenco – John C. Reilly, Jonah Hill, Marisa Tomei, Catherine Keener, Matt Walsh.

John (John C. Reilly) é um sujeito carente que sofre por causa do divórcio ocorrido há sete anos. A ex-esposa (Catherine Keener) está prestes a se casar novamente e tentando ajudar o ex-marido, o convida para uma festa. O destino faz com que John cruze o caminho da bela Molly (Marisa Tomei), com quem se envolve rapidamente. 

Logo, ele descobre que Molly tem filho de vinte e dois anos, o estranho gordinho Cyrus (Jonah Hill). A princípio, John parece se entender com o jovem, mas não demora para perceber que Cyrus utiliza o lado sensível de Molly para tentar sabotar o relacionamento da mãe. 

O roteiro escrito pelos irmãos Duplass fica no meio termo entre comédia e drama. Algumas situações constrangedoras geram risadas, enquanto outras que pendem para o drama se mostram rasas. 

O filme ganha pontos pela atuação do trio principal. John C. Reilly novamente mostra que é um ator competente, principalmente na sequência da festa, tendo uma boa química com a bela Marisa Tomei. A atriz, que já chegou na casa dos cinquenta anos, continua linda e esbanja simpatia com seu sorriso. 

Enquanto isso, o filho manipulador e mimado interpretado por Jonah Hill deixa o espectador em dúvida a cada cena. Seu olhar fixo com cara de criança abandonada e suas estranhas conversas, não revelam ser ele é maluco, se está bravo ou armando algo para atrapalhar John e Molly. 

É um filme diferente, com uma premissa curiosa e um resultado mediano.

domingo, 29 de março de 2015

Whiplash: Em Busca da Perfeição

Whiplash: Em Busca da Perfeição (Whiplash, EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Damien Chazelle
Elenco – Miles Teller, J. K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist, Austin Stowell, Nate Lang, Chris Mulkey.

Até que ponto se pode chegar na busca pela perfeição? Ou qual o limite de pressão que um professor pode exercer sobre seus alunos? Estas duas questões martelam a cabeça do espectador após assistir “Whiplash” e consequentemente geram discussões com diversos pontos de vista. 

A complexa relação entre o jovem estudante de música Andrew (Miles Teller) e seu professor Terence Fletcher (J. K. Simmons), resulta num dos mais fortes duelos de personagens dos últimos anos. Andrew é um jovem inexperiente que estuda na famosa escola de música Shaffer, tendo como objetivo se tornar o melhor baterista do mundo. Durante um ensaio, ele é escolhido pelo temido maestro Fletcher, que comanda a orquestra principal da escola e trata os alunos com uma dureza poucas vezes vista no cinema. 

A pressão psicológica criada pelo maestro assusta a todos alunos, ao mesmo tempo em que faz com que Andrew veja a situação como um desafio pessoal ser aceito como um grande músico pelo sujeito. O que a princípio parece ser uma relação entre algoz e vítima, aos poucos revela que os dois personagens são parecidos, sendo obcecados pela perfeição, mesmo que isto os transforme em figuras solitárias. 

As tensas sequências de ensaio, os solos de bateria do personagem principal e as interpretações da dupla professor/aluno são os pontos altos do longa. O jovem Miles Teller acerta na transformação do personagem durante o filme. O jovem inseguro do início, se torna um homem que se vê obrigado a enfrentar seus medos para tentar vencer. 

Do outro lado da disputa, o veterano J. K. Simmons dá um show como o maestro irônico, manipulador e até canalha em vários momentos. Simmons já tinha mais de quarenta anos e era quase um desconhecido quando ganhou o papel do detento neonazista Vern Schillinger em “Oz – A Vida É uma Prisão”. Seu desempenho canalha e cheio de fúria na série, lembra bastante o maestro que lhe rendeu o Oscar este ano. Para quem acompanhou a série, a figura de Simmons por si só é assustadora. 

No final, espectador algum ficará indiferente a forte história.

sábado, 28 de março de 2015

Prometheus

Prometheus (Prometheus, EUA, 2012) – Nota 7,5
Direçõ – Ridley Scott
Elenco – Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba, Guy Pearce, Logan Marshall Green, Sean Harris, Rafe Spall, Emun Elliott, Benedict Wong, Kate Dickie.

Durante uma escavação, o casal de cientistas Elizabeth (Noomi Rapace) e Charlie (Logan Marshall Green), descobre vestígios de que a Terra fora visitada por povos de outros planetas na antiguidade. Em seguida, o filme pula para 2093, quando o casal está hibernando a bordo da nave Prometheus com destino à lua LV-223, local onde possivelmente os visitantes alienígenas vivem. 

A expedição foi patrocinada pelo milionário Peter Weyland (Guy Pearce, irreconhecível debaixo de uma maquiagem pesada), sendo comandada pela executiva Meredith Vickers (Charlize Theron), com auxílio de um robô quase humano chamado David (Michael Fassbender). Para os cientistas, o objetivo da expedição é entrar em contato com aqueles que seriam nossos criadores, enquanto a fria executiva pensa no investimento que foi feito. Além de uma tripulação eclética, no meio desta disputa está o robô David, que tem planos diferentes sobre a expedição. 

O longa é um prequel do clássico “Alien, o 8º Passageiro”. dirigido pelo próprio responsável pelo original, o inglês Ridley Scott. Esperado com ansiedade pelos fãs, o longa rendeu apenas críticas razoáveis em virtude de vários fatores. 

O filme tem uma boa premissa, mas é inferior ao original, inclusive na questão do elenco. Se Michael Fassbender e Charlize Theron estão bem, a protagonista sueca Noomi Rapace é quase uma cópia da Ripley de Sigourney Weaver, porém sem o carisma da atriz americana. 

O roteiro é interessante, mas peca em alguns momentos ao deixar perguntas no ar, provavelmente pensando em ser o início de uma nova franquia e ter outras histórias para explorar. A parte técnica é competente, com os aliens aparecendo em diversas formas, sempre assustadores. As cenas de ação são tensas, tendo como deslize apenas a exagerada sequência da cirurgia. 

Sem grandes surpresas, o filme diverte os fãs do gênero.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Amazônia em Chamas & O Curandeiro da Selva


Amazônia em Chamas (The Burning Season, EUA, 1994) – Nota 7,5
Direção – John Frankenheimer
Elenco – Raul Julia, Sonia Braga, Nigel Havers, Kamala Dawson, Carmen Argenziano, Edward James Olmos, Tomas Milian, Esai Morales, Tony Plana, Luiz Guzman, Marco Rodriguez.

Produzido pela HBO, este longa que conta a vida do seringueiro, ambientalista e líder sindical Chico Mendes (Raul Julia), foi produzido para o mercado americano e por este motivo acabou muito criticado no Brasil, injustamente por sinal. Muito críticas ocorreram porque o filme é falado em inglês e o elenco formado por atores americanos de origem latina. A questão é que não houve envolvimento algum do Brasil no projeto, que foi comandado por produtores americanos e filmado no México. 

O roteiro detalha a luta de Chico Mendes contra os fazendeiros e madeireiros que exploravam e ainda exploram os trabalhadores e também as riquezas da região, além das desavenças com o governo. O personagem é mostrado como um pacifista, que terminou assassinado em 1988 e se tornou um mártir da causa ambiental. Como toda biografia, fica difícil saber o que realmente aconteceu, mas isso não tira pontos do longa. 

Além do grande interesse sobre a história, vale destacar também o elenco, com o falecido Raul Julia tendo uma grande atuação no papel do protagonista, sendo seu penúltimo trabalho no cinema. O ator já estava doente na época, o que fica claro na fisionomia abatida e no corpo magro. Raul Julia faleceria no ano seguinte. As atuações de Sonia Braga como a companheira do protagonista e de Edward James Olmos também foram elogiadas e renderam indicações a prêmios. 

Longe de ser um grande filme, este trabalho do falecido John Frankenheimer cumpre o objetivo de mostrar ao mundo um pouco da gananciosa exploração que a Amazônia sofre. 

O Curandeiro da Selva (Medicine Man, EUA, 1992) – Nota 6,5
Direção – John McTiernan
Elenco – Sean Connery, Lorraine Bracco, José Wilker.

O Dr. Robert Campbell (Sean Connery) é um excêntrico cientista que após se separar da esposa, viaja para a Amazônia onde se isola do mundo e por três anos trabalha em uma pesquisa bancada por uma grande corporação. Sem explicar o porquê, Campbell solicita ao representante da empresa (José Wilker), que o visita de tempos em tempos, a contratação de um biólogo para auxiliá-lo. É enviada a Dra. Rae Crane (Lorraine Bracco), que a princípio não é aceita por Campbell por ser mulher. Sua forma dura de tratá-la e seus métodos pouco ortodoxos de pesquisa criam um conflito. 

Na verdade, Campbell acredita ter encontrado uma planta que seria o componente principal para cura do câncer, porém para desenvolver a fórmula precisaria da ajuda de um especialista. Para complicar a situação, ele precisa ainda enfrentar a ganância dos madeireiros que exploram as terras de uma tribo indígena, local onde cresce a importante planta. 

Como a maioria dos filmes americanos que se passam na Amazônia, esta produção recebeu duras críticas no Brasil. O longa também fracassou no resto do mundo, muito pelo ritmo irregular e a falta de jeito do diretor John McTiernan para manter a atenção do público tendo apenas dois personagens na maioria das cenas. A especialidade do diretor sempre foi filmes de ação, vide “Duro de Matar” e “O Predador”. O envolvimento amoroso dos dois personagens também não convence. 

O longa ganha pontos pela interessante premissa que utiliza a ideia, ou mito, de que a Amazônia esconderia plantas que poderiam curar todas as doenças, assim como a crítica às empresas que exploram a floresta. A fotografia também capta bem as belezas naturais da região, assim como um pouco da vida das tribos amazônicas. 

O resultado é apenas razoável, nada mais do que isso.

quinta-feira, 26 de março de 2015

A Fuga de Mr. Moto

A Fuga de Mr. Moto (Mysterious Mr. Moto, EUA, 1938) – Nota 6,5
Direção – Norman Foster
Elenco – Peter Lorre, Mary Maguire, Henry Wilcoxon, Erik Rhodes, Harold Huber, Leon Ames.

Entre 1937 e 1939, o ator Peter Lorre (“M, O Vampiro de Dusseldorf”, “Muralhas do Pavor”) protagonizou oito filmes interpretando o agente secreto Mr. Moto, um japonês que trabalha para uma certa “polícia internacional” investigando crimes. Seis destes filmes foram dirigidos por Norman Foster. 

Este filme começa com Mr. Moto disfarçado de presidiário fugindo da temida prisão da Ilha do Diabo na Guiana junto com o famoso assassino francês Brissac (Leon Ames). A dupla consegue fugir pela floresta, depois pelo rio utilizando um barco e por final embarcam em um navio de volta para Europa. 

Em Londres, Mr. Moto mantém seu disfarce e aceita trabalhar para Brissac como mordomo, com o objetivo de desbaratar a “liga de assassinos”, organização a qual o francês pertence e principalmente descobrir quem é o líder da quadrilha. 

A trama é interessante, mesmo com um final um pouco apressado (são pouco mais de uma hora de duração), a narrativa é ágil, as cenas de ação são bem filmadas considerando a época e ver o pequenino Peter Lorre saindo na porrada e derrubando bandidos maiores do que ele é imperdível. 

Ainda não tive chance de assistir os demais filmes com o personagem, mas fiquei extremamente curioso.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Parceiro do Silêncio

Parceiro do Silêncio (Silent Partner, Canadá, 1978) – Nota 7
Direção – Daryl Duke
Elenco – Elliott Gould, Christopher Plummer, Susannah York, Céline Lomez, Michael Kirby, Sean Sullivan, Ken Pogue, John Candy.

Miles (Elliott Gould) é o caixa de um banco localizado dentro de um shopping center em Toronto, no Canadá. Num determinado dia, Miles percebe a atitude estranha de um sujeito vestido de Papai Noel (Christopher Plummer), que aparentemente pretende assaltar o local, mas que acaba sendo atrapalhado por uma criança. 

Acreditando que o sujeito volte para concretizar o assalto no dia seguinte, Miles arma um plano. Assim que o ladrão aparece na porta da agência, Miles esconde uma grande quantia de dinheiro em sua bolsa pessoal e entrega ao sujeito um pequeno valor, acionando a polícia em seguida. O assaltante consegue fugir, mas sabendo que foi enganado por Miles, decide persegui-lo, dando início a um jogo de gato e rato entre ladrões. 

A divertida premissa rende alguns bons momentos, como as trocas de telefonemas entre Miles e o ladrão e as engenhosas armações criadas pelo bancário para ficar com a grana.

O carisma de Elliott Gould é outro ponto alto. Apesar de ainda estar ativa e as vezes conseguindo bons papéis, o auge da carreira de Gould foi nos anos setenta. 

Vale destacar ainda o veterano Christopher Plummer como o violento assaltante e a pequena participação do falecido John Candy como um dos funcionários do banco.

terça-feira, 24 de março de 2015

Assassinato a Sangue Frio

Assassinato a Sangue Frio (The Onion Field, EUA, 1979) – Nota 7
Direção – Harold Becker
Elenco – John Savage, James Woods, Franklyn Seales, Ted Danson, Ronny Cox, David Huffman, Christopher Lloyd, Dianne Hull.

Los Angeles, 1963. Numa determinada noite, uma dupla de detetives (John Savage e Ted Danson) intercepta um carro com dois suspeitos (James Woods e Franklyn Seales) para averiguação. Os policiais são surpreendidos e sequestrados pelos bandidos, que os levam para a zona rural, especificamente para uma plantação de cebolas (o “Onion Field” do título original). Um dos policiais é assassinado com vários tiros, enquanto o outro consegue fugir. Na mesma noite os assassinos são presos, dando início a um processo judicial que se arrastará por anos. 

O longa é baseado numa história real descrita em um livro do ex-policial Joseph Wambaugh, que assina também o roteiro. Diferente de uma trama policial comum, este longa foca nas consequências do ocorrido naquela noite, tanto na vida do policial, que sofre pela falta de apoio dos superiores e por sentir-se culpado pela morte do colega, quanto na luta dos assassinos para escaparem do corredor da morte. 

Hoje o filme se mostra um pouco irregular na narrativa, mas ainda vale pelo conteúdo, que coloca em discussão as falhas do sistema judicial americano. 

Finalizando, é interessante ver James Woods e Ted Danson ainda bem jovens, além do então astro John Savage ("O Franco Atirador"), que desde os anos noventa está relegado a pequenos papéis e trabalhos em filmes de baixo orçamento.  

segunda-feira, 23 de março de 2015

O Homem do Lado

O Homem do Lado (El Hombre de al Lado, Argentina, 2009) – Nota 7,5
Direção – Mariano Cohn & Gastón Duprat
Elenco – Rafael Spregelburd, Daniel Aráoz, Eugenia Alonso, Inés Budassi.

Leonardo (Rafael Spregelburd) é um designer industrial que trabalha também como professor e que vive com a esposa e a filha adolescente na cidade de La Plata, em uma casa de estilo moderno desenhada pelo famoso arquiteto Le Corbusier. 

Quando o vizinho Victor (Daniel Aráoz) começa uma reforma em sua casa, abrindo uma nova janela na parede em frente a sala do designer, o fato deixa Leonardo furioso, criando uma disputa constrangedora e quase surreal. 

O curioso ponto de partida da trama é uma deixa para um desfile de preconceitos e arrogância, além de deixar o espectador acostumado com as produções americanas, à espera de um grande conflito ou uma explosão de ódio, porém ele ficará surpreso com a pequena reviravolta no final. 

O roteiro se apoia no desenvolvimento e nos diálogos entre os protagonistas. Leonardo é o típico emergente arrogante, que se considera superior e trata com desprezo seus alunos, porém não sabe dizer não para a fútil esposa, é ignorado pela filha adolescente e morre de medo cada vez que precisa conversar com Victor. Por outro lado, Victor é um sujeito forte, com uma voz aguda ameaçadora e que fala o que pensa de forma direta, sem meias palavras. 

O filme faz o espectador pensar sobre o direito à privacidade e o preconceito em relação a classe social e a educação, que são discussões universais e atuais.

domingo, 22 de março de 2015

Felon

Felon (Felon, EUA, 2008) – Nota 7,5
Direção – Ric Roman Waugh
Elenco – Stephen Dorff, Val Kilmer, Harold Perrineau Jr, Sam Shepard, Marisol Nichols, Nick Chinlund, Anne Archer, Johnny Lewis, Chris Browning, Greg Serano, Nate Parker.

Wade Porter (Stephen Dorff) tem um pequeno negócio de construção que está em expansão e uma família feliz ao lado da esposa (Marisol Nichols) e do filho pequeno. Numa determinada noite, Wade acorda ao ouvir um barulho em sua casa e encontra um sujeito tentando roubar algo. Ele corre atrás do ladrão e o mata com um golpe de bastão. A polícia não encontra arma com o ladrão e por isso a justiça não aceita a alegação de legítima defesa. Wade é condenado a três de cadeia. 

Durante a ida para a prisão, ocorre um assassinato de um detento dentro do ônibus e Wade se vê envolvido em novo crime. Ele praticamente é jogado em uma ala de segurança máxima, onde terá de conviver com assassinos e com violentos guardas comandados pelo cruel tenente Jackson (Harold Perrineau Jr). Para sobreviver, ele faz amizade com um temível sujeito que matou dezesseis pessoas por vingança, o enigmático John Smith (Val Kilmer). 

Filmes de prisão geralmente seguem o mesmo roteiro. Novato sofrendo na cadeia, violência, grupos divididos por raças e guardas corruptos. O que diferencia este longa é a tentativa de mostrar o lado pessoal de alguns personagens, se baseando na teoria de que qualquer pessoa pode ser tornar violenta para defender quem ama, assim como a violência também é consequência do meio onde o sujeito vive e dos problemas que ele enfrenta diariamente. 

Mesmo com estilo e orçamento de filme B, é legal ver os outrora astros e hoje decadentes Stephen Dorff e Val Kilmer em papéis que vão além do piloto automático que ligaram na carreira nos últimos anos. O personagem de Dorff é a vítima do acaso que precisa se adaptar ao sistema, criando forças na esperança de rever a família, enquanto Kilmer interpreta o sujeito que perdeu tudo na vida e decidiu fazer justiça com as próprias mãos, se tornando alguém que apenas espera a morte. Vale destacar ainda o papel de Harold Perrineau Jr (o Michael de “Lost”), que tenta ser um bom pai de família, mas que desconta todas as suas frustrações nos detentos. 

Deixe de lado os furos do roteiro e divirta-se com este violento drama penitenciário, que vai além do que ocorre por trás das grades.

sábado, 21 de março de 2015

Copiando Tarantino - Resenhas Rápidas

O estrondoso sucesso de "Pulp Fiction" praticamente criou um novo gênero com histórias policiais com diversos personagens que se cruzam, misturando violência, cultura pop, diálogos engraçadinhos e humor negro.

Como a grande maioria dos diretores não tem o mesmo talento de Tarantino, este filão rendeu vários longas razoáveis e outros bem fracos.

Neste postagem comento rapidamente cinco exemplares deste gênero.

Fúria Urbana (All the Rage, EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – James D. Stern
Elenco – Joan Allen, Jeff Daniels, Andre Braugher, Robert Forster, Anna Paquin, David Schwimmer, Giovanni Ribisi, Josh Brolin, Bokeem Woodbine, Gary Sinise.

A trama começa com um empresário (Jeff Daniels) matando seu sócio que tinha um caso com sua esposa (Joan Allen). O assassino alega que pensou estar atirando em um desconhecido que estaria invadindo sua casa. Seu advogado (Andre Braugher) aceita o caso mesmo não acreditando na alegação do sujeito. Um detetive (Robert Forster) tenta provar que foi um crime premeditado, enquanto em paralelo, o advogado, que tem um romance com outro homem (David Schwimmer), acaba por se envolver com uma garota rebelde (Anna Paquin). Estes vários personagens terão suas vidas mudadas pela violência, principalmente pela presença de armas para resolver as desavenças. Apesar de irregular, a trama prende a atenção por passar a ideia de que qualquer pessoa com uma arma na mão pode ser tornar um assassino. O bom elenco também é destaque. 

Contrato de Risco (2 Days in the Valley, EUA, 1996) – Nota 6
Direção – John Herzfeld
Elenco – Danny Aiello, Jeff Daniels, James Spader, Eric Stoltz, Glenne Headly, Greg Crutwell, Paul Mazursky, Marsha Mason, Teri Hatcher, Peter Horton, Keith Carradine, Charlize Theron, Louise Fletcher, Austin Pendleton.

Durante dois dias, vários personagens se cruzam em Los Angeles. Tudo começa com uma dupla de assassinos (Danny Aiello e Jeff Daniels) se preparando para um serviço. Durante a fuga, um deles toma como reféns um comerciante de artes (Greg Crutwell) e sua assistente (Glenne Headly).  O crime passa a ser investigado por um detetive corrupto (Keith Carradine). Some a estes personagens um diretor de tv suicida (James Spader) e duas mulheres voluptuosas (Charlize Theron e Teri Hatcher) para completar a rocambolesca trama. As várias situações inusitadas que surgem nestes dois dias, abusam do humor negro e de diálogos engraçadinhos, inclusive com uma patética sequência em que o veterano Danny Aiello mostra que usa peruca. O destaque é o elenco cheio de rostos conhecidos.   

Flypaper (Flypaper, EUA, 1999) – Nota 5
Direção – Klaus Hoch
Elenco – Craig Sheffer, Robert Loggia, Sadie Frost, John C. McGinley, Illeana Douglas, Talisa Soto, Sal Lopez, Shane Brolly, Lucy Alexis Liu, James Wilder, Jeffrey Jones, Julie White.

Na Califórnia, um veterano empresário (Robert Loggia) segue para um motel de beira de estrada para tentar ajudar a filha (Sadie Frost) a largar o vício em drogas e afastá-la do violento namorado (Craig Sheffer), que também tem interesse no dinheiro do sujeito. No mesmo local, outro homem (John C. McGinley) trai a noiva (Illeana Douglas) com uma jovem (Talisa Soto). Outros personagens (Lucy Liu, Shane Brolly) que vagam pelo local também tentam ganhar algum dinheiro com a situação. O destino destes personagens se cruza numa trama de violência, mentiras e traições. Um roteiro cheio de furos, diálogos constrangedores e muita violência dão o tom deste longa com cara de filme B. Vale destacar negativamente o canastrão Craig Sheffer como protagonista.

Efeito Zero (Zero Effect, EUA, 1998) – Nota 5,5
Direção – Jake Kasdan
Elenco – Bill Pullman, Ben Stiller, Ryan O’Neal, Kim Dickens, Angela Featherstone

O famoso detetive particular Dary Zero (Bill Pullman) e seu assistente Steve Arlo (Ben Stiller) são contratados por um milionário (Ryan O’Neal) para descobrir quem o está chantageando. Durante a investigação, o excêntrico Zero se envolve com uma misteriosa mulher (Kim Dickens). Por mais que o personagem do detetive pareça interessante a princípio, tudo se perde no fraco roteiro, na narrativa em que pouca coisa acontece e nos diálogos enfadonhos. A falta de carisma de Bill Pullman também não ajuda.  O filme marcou a estreia na direção de Jake Kasdan, filho de Lawrence Kasdan. Este é um caso de filho que não conseguiu superar o pai em talento. Como informação, este é um dos poucos trabalhos de Ryan O’Neal para o cinema nos últimos vinte anos. O’Neal foi um dos grandes astros de Hollywood nos anos setenta, até sua carreira entrar em declínio nos anos oitenta e hoje ser um ator praticamente esquecido. 

Contragolpe (Thick as Thieves, EUA, 1999) – Nota 5
Direção – Scott Sanders
Elenco – Alec Baldwin, Andre Braugher, Michael Jai White, Rebecca DeMornay, Bruce Greenwood, Robert Miano, Janeane Garofalo, Richard Edson, Khandi Alexander, Ricky Harris.

Um experiente ladrão (Alec Baldwin) é contratado por um mafioso para cometer um roubo. Após fazer o serviço, o chefão decide enviar seus capangas para matar o ladrão, ao mesmo tempo em que o crime é investigado por uma obstinada policial (Rebecca DeMornay). Reviravoltas, violência e diálogos vazios são os pontos principais do roteiro que tenta transformar o filme em cult, mas que terminam por entregar uma obra fraca. É mais um exemplo de bom elenco desperdiçado.

sexta-feira, 20 de março de 2015

I Am Slave

I Am Slave (I Am Slave, Inglaterra, 2010) – Nota 6,5
Direção – Gabriel Range
Elenco – Wunmi Mosaku, Isaach De Bankolé, Lubna Azabal, Igal Naor, Hiam Abass, Nonso Anozie.

Uma vila no Sudão é atacada por mercenários que matam vários moradores e sequestram diversas crianças para serem vendidas como escravas. Entre as crianças sequestradas está Malia, filha do campeão de lutas da vila (Isaach De Bankolé) e considerada uma espécie de princesa do local. Desesperado, o pai tenta seguir o rastro dos mercenários para encontrar a filha. Em paralelo, a narrativa avança seis anos e mostra Malia (Wunmi Mosaku) já adulta e vivendo como escrava doméstica em Londres para uma família de origem árabe. 

Baseado na história real de uma refugiada do Sudão que foi mantida como escrava por seis anos, este drama pesado e ao mesmo tempo sensível, recria a saga da jovem pela liberdade, mostrando o sequestro, passando pelo tempo vivido como escrava de uma família em um país árabe não identificado, até ser levada para Londres onde sonha diariamente em fugir dos novos donos. 

Vale destacar a sensível interpretação da nigeriana Wunmi Mosaku, que com seu olhar desemparado e poucas palavras, passa todo o sofrimento que sua personagem sente. 

Um dos produtores do longa é o ator marfinense Isaach De Bankolé, que interpreta o pai da jovem e que tem uma vasta carreira internacional, tendo trabalhado quatro vezes com o diretor cult Jim Jarmusch e uma pequena participação em “007 – Cassino Royale”. 

Os créditos finais citam que apenas na Inglaterra são estimados mais de cinco mil imigrantes vivendo como escravos, assim como o tráfico humano infelizmente ainda é algo comum em algumas regiões da África.

quinta-feira, 19 de março de 2015

O Protetor

O Protetor (The Equalizer, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – Antoine Fuqua
Elenco – Denzel Washington, Marton Csokas, Chloe Grace Moritz, David Harbour, Haley Bennett, Bill Pullman, Melissa Leo, Johnny Skourtis.

Robert McCall (Denzel Washington) é um sujeito solitário com um passado misterioso, que trabalha em um hipermercado de materiais para construção. Sofrendo de insônia, todas as noites ele visita uma lanchonete, local onde cruza o caminho da jovem prostituta Teri (Choe Grace Moritz), com quem cria um laço de amizade. 

Quando a jovem é espancada por seu cafetão, Robert mostra seu lado oculto. Ele visita o restaurante que serve de escritório para o cafetão, tenta negociar e termina por assassinar o sujeito e seus comparsas. O que Robert não sabe, é que os bandidos pertencem a máfia russa, que envia um assassino cruel (Marton Csokas) para descobrir quem cometeu os assassinatos. 

Treze anos após o ótimo “Dia de Treinamento”, o diretor Antoine Fuqua e o astro Denzel Washington se reencontram neste longa que é a adaptação de uma série que fez algum sucesso nos anos oitenta e que continua inédita por aqui. 

O roteiro é previsível, a história do sujeito que tenta esconder o passado e que precisa recorrer as suas habilidades em uma nova situação, já foi contada várias vezes. O que chama atenção aqui é o carisma de Denzel Washington, sempre à vontade no papel do anti-herói, além de sua ótima forma para cenas de ação, mesmo já estando na casa dos sessenta anos. 

O ritmo ágil e os criativos enquadramentos de câmera do diretor Fuqua também são interessantes. A trama deixa um pequeno gancho que pode render uma continuação, que por sinal está sendo especulada. 

Vale destacar ainda a garota Chloe Grace Moritz, que aos dezessete anos começa a deixar de lado os papéis de criança e já apresenta um corpo de mulher. 

Longe de ser um grande trabalho, este longa prende a atenção para quem gosta do gênero e não exige muito. 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Contra Todos

Contra Todos (Brasil, 2004) – Nota 7
Direção – Roberto Moreira
Elenco – Leona Cavalli, Silvia Lourenço, Giulio Lopes, Ailton Graça, Martha Meola, Dionísio Neto, Ismael de Araújo.

Em um bairro da periferia de São Paulo vive Teodoro (Giulio Lopes), sua esposa Cláudia (Leona Cavalli) e a filha de seu casamento anterior, a jovem Soninha (Silvia Lourenço). Por trás da família simples se escondem vários segredos. 

Teodoro aparenta ser um sujeito religioso, porém é amante de uma colega de igreja (Martha Meola) e tem como profissão ser um matador de aluguel, trabalhando com o parceiro Waldomiro (Ailton Graça). A insatisfeita Cláudia também tem um amante (Ismael de Araújo) e a filha Soninha deseja seduzir Waldomiro. Esta ciranda de mentiras e traições segue para um desfecho trágico. 

O roteiro do próprio diretor Roberto Moreira não poupa personagem algum, todos são culpados de algo. A crítica atinge ainda o estilo de vida da classe média baixa, a hipocrisia religiosa e a violência na periferia. 

É um filme seco, quase cru, com cenas fortes, nudez e personagens que não passam empatia alguma ao público. O único que chega próximo disso é Waldomiro, mesmo estando longe de ser uma pessoa confiável. 

As atuações aumentam a sensação de falta de valores. Teodoro é um sujeito frio, Cláudia é a suburbana falsa e a filha Soninha a adolescente rebelde. 

O resultado é um filme pesado, que deixa o espectador incomodado ao final da sessão.

terça-feira, 17 de março de 2015

True Detective

True Detective (True Detective, EUA, 2014)
Criador - Nic Pizzolatto
Direção - Cary Joji Fukunaga
Elenco - Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Michelle Monaghan, Michael Potts, Tori Kittles.

Para os fãs do gênero policial, esta é com certeza uma da melhores séries já produzidas.

Com o padrão HBO de qualidade, a série em oito episódios é praticamente perfeita, tudo funciona. O ótimo roteiro, o suspense da narrativa, o clima de terror em algumas sequências, a assustadora música tema que gruda nos ouvidos e as grandes interpretações da dupla principal, que criam personagens extremamente complexos.

O roteiro divide a trama em duas narrativas, a primeira em 1995 e outra nos dias atuais.

Tudo começa em 1995 nos pântanos da Lousiana, quando o corpo de uma garota é encontrado ao lado de uma árvore com claros sinais de um ritual macabro. Para investigar o caso, são designados os detetives Rust Cohle (Matthew McConaughey) e Marty Hart (Woody Harrelson).

O que parecia ser um crime cometido por um psicopata, se mostra algo muito maior quando os detetives descobrem pistas que ligam o assassinato da garota com outros crimes cometidos na região, principalmente desaparecimentos de crianças e mulheres.

Em paralelo, a segunda narrativa se passa nos dias atuais, quase vinte anos após o assassinato original, quando os detetives não mais trabalham na polícia e estão passando informações sobre o caso para uma outra dupla de policiais (Michael Potts e Tori Kittles), que estão investigando um novo assassinato semelhante ao antigo caso.

Marty agora é um investigador particular, enquanto Rust trabalha como atendente em um decadente bar. Mesmo fora da polícia e com as vidas pessoais complicadas, o caso da garota assassinada ainda assombra os ex-detetives, que terão um nova chance de resolver o caso.

As narrativas intercaladas mostram aos poucos os depoimentos de cada personagem em paralelo ao que realmente ocorreu durante a investigação. Estas idas e vindas entre verdade e versão, vai deixando pistas sobre o caso e amarrando a história de uma forma que aguça a curiosidade do espectador.

Tudo isso é valorizado pelos ótimos personagens principais. O detetive de Matthew McConaughey é um sujeito estranho, frio, avesso as amizades, que diz o que pensa para todo mundo e que carrega um trauma familiar. Sua composição do personagem é fantástica, tal qual seu trabalho em "Clube de Compras Dallas".

O personagem de Woody Harrelson é o oposto. Ele faz o típico policial machista, que gosta de falar e que muitas vezes age pela emoção ao invés da razão, fato que afeta drasticamente seu casamento com a personagem de Michelle Monaghan.

A diferença de personalidades, pensamentos e atitudes é um dos pontos altos da série, rendendo vários diálogos sensacionais e algumas sequências de tensão.

A série terá uma segunda temporada, porém como era uma história fechada e a proposta é criar uma trama diferente, com personagens diferentes em cada temporada, infelizmente não teremos mais a oportunidade de ver esta dupla em cena. O criador Nick Pizzolatto terá um grande desafio em criar uma nova história tão interessante quanto esta primeira temporada.

Quem gostou da série jamais vai esquecer de Carcosa e o Rei de Amarelo. Se você não tem a mínima ideia do que seja, assista a série.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Gigantes de Aço

Gigantes de Aço (Real Steel, EUA, 2011) – Nota 7
Direção – Shawn Levy
Elenco – Hugh Jackman, Dakota Goyo, Evangeline Lilly, Anthony Mackie, Kevin Durand, Hope Davis, James Rebhorn, Karl Yune, Olga Fonda, John Gatins.

Em 2020, para saciar a fome do público por violência, as lutas de boxe são disputadas por robôs de última geração. Neste contexto, Charlie Kenton (Hugh Jackman) é um ex-boxeador que tenta ganhar algum dinheiro comandando um robô em lutas clandestinas pelo país. 

Cheio de dívidas, Charlie tem seu robô destruído durante uma luta e parece ter chegado ao fundo do poço. Ele busca ajuda com a amiga Bailey (Evangeline Lilly) e vê a chance de conseguir um bom dinheiro quando sua ex-cunhada (Hope Davis) deseja fazer um acordo para ficar com a guarda do filho de Charlie, o garoto Max (Dakota Goyo) que ele sequer conhece e que perdeu a mãe recentemente. 

Charlie faz um acordo com o marido da ex-cunhada (James Rebhorn). Ele recebe um valor alto para ficar com o garoto durante o verão e devolvê-lo em seguida, para que casal possa viajar tranquilamente para Europa, porém não imagina que o violento esporte de luta entre robôs também é uma paixão para Charlie. 

Esta divertida colcha de retalhos produzida por Spielberg tem ótimos efeitos especiais, uma narrativa ágil e um roteiro repleto de clichês. A história baseada em um conto de Richard Matheson, falecido roteirista de dezenas de filmes e da série “Além da Imaginação”, parece juntar pedaços de vários filmes.

A relação entre pai irresponsável ex-lutador de boxe e filho pequeno lembra o clássico “O Campeão” de Franco Zefirelli, porém sem drama. Lembra também a trama de “Falcão – O Campeão dos Campeões”, bomba estrelada por Stallone nos anos oitenta. A luta de boxe entre os robôs é quase uma cópia do final de “Rocky – Um Lutador” em estilo videogame. 

O resultado é um filme para não ser levado a sério, valendo apenas como diversão passageira.

domingo, 15 de março de 2015

The Edukators

The Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei, Alemanha / Áustria, 2004) – Nota 7,5
Direção – Hans Weingartner
Elenco – Daniel Bruhl, Julia Jentsch, Stipe Erceg, Burghart Klaussner.

Em Berlin, os amigos Jan (Daniel Bruhl) e Peter (Stipe Erceg) são ativistas contra o capitalismo que protestam de uma forma inusitada. A dupla invade mansões durante a noite quando os moradores não estão em casa. Os amigos não tem interesse em roubar, ele apenas mudam móveis e objetos de lugares. O objetivo é assustar a elite, criando insegurança na aparente vida perfeita destas pessoas. 

Quando Peter precisa viajar, ele pede para Jan ajudar sua namorada Jule (Julia Jenstch) em uma mudança. Por sentir-se atraído pela garota, Jan conta o segredo das invasões para Jule, que vê a chance de se vingar de um milionário que arruinou sua vida. Uma surpresa durante a invasão mudará para sempre a vida dos envolvidos. 

O roteiro escrito pelo diretor Weingartner em parceria com Katharina Held faz ao mesmo tempo uma crítica à ganância capitalista e a ingenuidade dos jovens revolucionários. O ponto principal são os vários diálogos que colocam estas questões em discussão, com destaque para a conversa entre os jovens e o empresário milionário (Burghart Klaussner). A sequência compara as atitudes dos jovens rebeldes da atualidade, com aqueles que durante anos sessenta queriam mudar o mudo, mas que com o passar do tempo foram absorvidos pelo sistema. 

Uma pequena reviravolta que ocorre na parte final se mostra uma escolha correta do diretor, por se casar perfeitamente com a proposta do filme.    

sábado, 14 de março de 2015

Muito Mais Que um Crime

Muito Mais Que um Crime (Music Box, EUA, 1989) – Nota 7,5
Direção – Costa Gavras
Elenco – Jessica Lange, Armin Mueller Stahl, Frederic Forrest, Donald Moffat, Lukas Haas, Michael Rooker, Cheryl Lynn Bruce.

Após quase quatro décadas morando nos Estados Unidos, o imigrante húngaro Michael Laszlo (Armin Muller Stahl) é acusado pelo governo americano de ser um criminoso de guerra. As provas indicam que Laszlo foi um oficial da polícia húngara, que durante a Segunda Guerra apoiou os nazistas perseguindo, torturando e matando judeus, ciganos e comunistas. 

A filha de Laszlo, a advogada Ann (Jessica Lange), acredita que o governo esteja acusando o homem errado, confundindo seu pai com algum homônimo. A pedido do pai, ela mesmo aceita defendê-lo, porém assim que começa o julgamento e várias pessoas testemunham contra o velho Laszlo, Ann passa a questionar qual a verdadeira história de vida do pai. 

O roteiro de Joe Eszterhas, que havia escrito “Atraiçoados” um ano antes também para Costa Gavras e que ficaria famoso pouco tempo depois pelo roteiro de “Instinto Selvagem”, é vagamente inspirado na vida de um criminoso de guerra russo que fugiu para os Estados Unidos, levou uma vida normal por décadas até ser descoberto nos anos oitenta. 

Mesmo sem grandes surpresas, a narrativa prende a atenção pela força da história e tem como um dos pontos altos os relatos das vítimas que sobreviveram as torturas. 

Também vale destacar a direção sempre segura de Costa Gavras, especialista em filmes políticos e a atuação da dupla principal. Consta que Walter Matthau e Kirk Douglas queriam o papel de Laszlo, que acabou nas mãos do ótimo Armin Mueller Stahl, que cria o velho sujeito que trata a família com carinho, ao mesmo tempo em que nega com veemência as acusações. A sensível atuação de Jessica Lange rendeu uma merecida indicação ao Oscar. 

sexta-feira, 13 de março de 2015

Twin Peaks & Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer


Twin Peaks (Twin Peaks, EUA, 1990) – Nota 8  
Direção – David Lynch
Elenco – Kyle MacLachlan, Michael Ontkean, Sherilyn Fenn, Joan Chen, Ray Wise, Sheryl Lee, Lara Flynn Boyle, James Marshall, Dana Ashbrook, Everett McGill, Grace Zabriskie, Russ Tamblyn, Wendy Robie, Richard Beymer.

Quando o episódio piloto de quase duas horas de duração foi lançado em 1990, “Twin Peaks “ se tornou um fenômeno instantâneo e criou um novo estilo de seriado. Aqui no Brasil, os oito episódios da primeira temporada foram mostrados pela Globo nos domingos a noite. Na época não existia internet e as poucas séries que chegavam por aqui passavam na tv aberta em horários como domingo a tarde e muitas vezes sem sequência de episódios. Por todos estes fatores da época, eu assisti apenas o ótimo episódio piloto e até hoje ainda não conferi a série completa. 

O episódio piloto apresentava uma premissa intrigante. Na aparente pacata cidade de Twin Peaks, a adolescente Laura Palmer (Sheryl Lee) era encontrada assassinada. Para investigar o caso, o FBI envia o estranho agente Dale Cooper (Kyle MacLachlan), que terá a ajuda do xerife Harry S. Truman (Michael Ontkean). O crime brutal esconde diversos segredos que serão revelados durante a série, criando a famosa pergunta “Quem Matou Laura Palmer?”. 

O clima de suspense do episódio piloto é marcado pelo nevoeiro que encobre a cidade e os estranhos personagens que cruzam o caminho do agente Cooper, até maluca sequência final na sala vermelha. 

A primeira temporada fez grande sucesso, gerando uma segunda que perdeu audiência a partir da metade quando foi revelado o assassino de Laura Palmer. 

Não sou fã dos trabalhos de David Lynch, suas histórias malucas geralmente não me agradam, mas tenho de admitir que “Twin Peaks” é ótima, pelo menos o episódio piloto que assisti. 

Twin Peaks – Os Últimos Dias de Laura Palmer (Twin Peaks: Fire Walk With Me, EUA, 1992) – Nota 5
Direção – David Lynch
Elenco – Sheryl Lee, Ray Wise, Kyle MacLachlan, Chris Isaak, Kiefer Sutherland, James Marshall, Harry Dean Stanton, David Bowie, Madchen Amick, Dana Ashbrook, Grace Zabriskie, David Lynch, Jurgen Prochnow, Lenny Von Dohlen, Pamela Gidley, Miguel Ferrer, Heather Graham.

Como citei anteriormente, assisti apenas ao piloto da série, mas minha curiosidade fez encarar está versão para o cinema dos últimos dias de Laura Palmer (Sheryl Lee) e me decepcionei. Como geralmente acontece com seus trabalhos, David Lynch exagera na dose de loucuras com tramas cheias de pontas que parecem não chegar a lugar. 

Aqui, a história começa um ano antes da morte de Laura, quando o agente do FBI Chester Demond (o cantor Chris Isaak) investiga a morte de outra jovem, Teresa Banks (Pamela Gidley). Esta investigação é abandonada pelo roteiro, que segue para mostrar a última semana de vida de Laura Palmer, através de seu relacionamento com os dois namorados, as drogas, o sexo por dinheiro, a estranha relação com o pai e a aparente vida normal no colégio, finalizando com seu assassinato. Lógico que tudo isso com o estilo de Lynch, com direito a cenas surreais e uma narrativa entrecortada.

Lynch tem muitos fãs por causa deste estilo fora do normal, porém vejo em vários de seus trabalhos histórias sem sentido que servem apenas para o espectador procurar respostas que não existem. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Menino do Rio & Bete Balanço


Menino do Rio (Brasil, 1982) – Nota 5,5
Direção – Antonio Calmon
Elenco – André de Biase, Cláudia Magno, Ricardo Graça Melo, Nina de Pádua, Sérgio Mallandro, Cissa Guimarães, Evandro Mesquita, Claudia Ohana, Adriano Reyss, Ricardo Zambelli.

Ricardo Valente (André de Biase) é um surfista que ganha a vida consertando pranchas e que passa boa parte do tempo com um grupo de amigos na praia. Quando Valente se apaixona por Patrícia (Cláudia Magno), uma jovem mimada de família rica que está noiva, ele faz de tudo para conquistar a garota, sem saber que além do noivo, ela também tem como amante o pai do próprio Valente, o veterano Braga (Adriano Reys). 

Quando decidiu comandar este drama adolescente, o diretor Antonio Calmon era conhecido por filmes policiais, com destaque para o competente “Eu Matei Lúcio Flávio”. Sua virada na carreira resultou num grande sucesso de bilheteria, ao mesmo tempo em que a qualidade do trabalho se mostrou bastante inferior. 

Hoje este longa se transformou quase em cult por mostrar até de forma ingênua a vida da juventude carioca dos anos oitenta. Os amores, o luau, as músicas e até os baseados são parte de um roteiro simplista recheado de diálogos ao estilo “Malhação”. Mesmo com estes defeitos, o filme tem seu charme, principalmente para quem viveu a época e por causa do curioso elenco repleto rostos conhecidos, hoje veteranos da tv. 

O sucesso do longa gerou uma continuação fraquíssima chamada “Garota Dourada” e serviu de inspiração para a série de tv “Armação Ilimitada” que tinha o mesmo André de Biase como um dos protagonistas. 

Como informação, o filme foi inspirado na canção “Menino do Rio” de Caetano Veloso. 

Finalizando, este longa foi produzido por Bruno Barreto, que está preparando um remake.

Bete Balanço (Brasil, 1984) – Nota 5,5
Direção – Lael Rodrigues
Elenco – Débora Bloch, Lauro Corona, Diogo Vilela, Hugo Carvana, Maria Zilda, Cazuza.

Bete (Débora Bloch) é uma jovem que deixa sua cidade natal, Governador Valadares em Minas Gerais e segue para o Rio de Janeiro com o objetivo de ser tornar cantora. Na nova cidade, ela vai morar de favor com seu amigo Paulinho (Diogo Vilela), enquanto não consegue um contrato com uma gravadora. Sua busca por oportunidade esbarra em portas fechadas, até que uma determinada situação a coloca no caminho do fotógrafo Rodrigo (Lauro Corona). Os dois iniciam um romance e Rodrigo tenta ajudá-la a realizar seu sonho. 

Com uma história fraquinha, o longa foi uma espécie de propaganda para várias bandas de rock/pop que estavam surgindo na época e que tiveram suas músicas incluídas na trilha sonora. A música tema do Barão Vermelho fez enorme sucesso, assim como o filme, além do próprio grupo aparecer na tela. 

A trilha sonora foi um dos pontos que ajudaram no sucesso do longa, assim como as cenas quentes entre Débora Bloch e o falecido Lauro Corona e os temas como drogas, sexo, nudez e ditadura que eram tabus para época. 

É mais um filme que envelheceu mal e um exemplo de que pouca coisa se salva no cinema brasileiro dos anos oitenta.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Irmãos Desastre

Irmãos Desastre (The Skeleton Twins, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Craig Johnson
Elenco – Bill Hader, Kristen Wiig, Luke Wilson, Ty Burrell, Boyd Holbrook, Joanna Gleason.

Após tentar o suicídio sem sucesso, Milo Dean (Bill Hader) recebe no hospital a visita da irmã gêmea Maggie (Kristen Wiig). Os irmãos estão separados há dez anos e a quase tragédia faz com que tentem recomeçar a relação. 

Maggie convida Milo para sair de Nova York e se mudar para sua casa no subúrbio, para passar um tempo ao lado dela e do marido Lance (Luke Wilson). A reaproximação faz com que os irmãos tragam à tona seus traumas e escancarem os problemas psicológicos que enfrentam na vida adulta. 

O título nacional deixa a impressão de ser uma comédia rasgada, porém a trama é extremamente simples e voltada para o drama. Ela foca basicamente na estranha relação entre os irmãos e na repetição dos erros pessoais, como se fosse uma espécie de autodestruição de relacionamentos. 

É interessante ver o comediante Bill Hader, especialista em personagens malucos e dublagens, interpretando aqui um sujeito irônico e depressivo. Kristen Wigg também dá conta do recado como a irmã que tenta esconder seus defeitos. Vale destacar a importância dos coadjuvantes, com Luke Wilson interpretando o ingênuo marido, Ty Burrell como um homossexual enrustido e a veterana Joanna Gleason como a péssima mãe metida a guru existencial. 

É um filme pequeno, sensível e estranho, que vale como curiosidade para quem gosta do estilo.

terça-feira, 10 de março de 2015

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman: Or (The Unexpected Virtue of Ignorance), EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Alejandro Gonzalez Iñarritu
Elenco – Michael Keaton, Emma Stone, Edward Norton, Naomi Watts, Zack Galifianakis, Andrea Riseborough, Amy Ryan, Lindsay Duncan.

Apesar de ser um ótimo filme, chega a surpreendente a vitória no Oscar, principalmente pela trama que é uma crítica ferina ao cinema, ao teatro e a todos aqueles que trabalham ao redor deste mundo, como críticos, jornalistas e agentes. 

O personagem principal é o veterano e decadente ator Riggan (Michael Keaton), que foi famoso vinte anos antes quando protagonizou três filmes sobre um “Homem-Pássaro” (o Birdman do título). Tentando recuperar o sucesso, ele investe tudo em uma peça de teatro baseada num livro de Raymond Carver. Na verdade, Riggan deseja não somente recuperar o prestígio, mas também provar para si mesmo que sua vida não é um fracasso. Sua esposa (Amy Ryan) o abandonou, ele jamais deu atenção para filha (Emma Stone) que tem problemas com as drogas e trata sua amante (Andrea Riseborough) com indiferença. 

O roteiro segue os bastidores malucos da montagem da peça, recheados de problemas causados pelos atores e pelo próprio Riggan. Além de Riggan e a amante, a peça tem um ator arrogante (Edward Norton) e uma atriz insegura (Naomi Watts), sem contar o agente (Zack Galifianakis) que tenta colocar ordem na loucura. 

Os dramas criados pelos personagens são exagerados, sendo uma curiosa forma de mostrar o ridículo das atitudes baseadas em inveja, ciúme e medo, assim como as “viagens” de Riggan, que conversa sozinho com seu alter-ego Birdman e imagina conseguir voar e mover objetos apenas com o pensamento, situação que resulta em algumas das melhores sequências do filme. 

Um dos pontos que ajudaram para a vitória no Oscar foram os vários e longos planos-sequência, com personagens se cruzando pelos bastidores do teatro, num magistral trabalho de câmera e de direção de atores. 

Na minha opinião, outro grande acerto foi a escolha de Michael Keaton para o papel principal. A carreira de Keaton tem semelhanças com a vida do personagem Riggan. Para quem não conhece a história, Keaton surgiu no início dos anos oitenta como comediante e assim estrelou diversos filmes do gênero como “Os Trapaceiros da Loto” e “Fábrica de Loucuras”. 

Em 1988, após ser elogiado pelo trabalho em “Os Fantasmas se Divertem” de Tim Burton, o diretor o escalou para viver Batman no ano seguinte. Sua escolha foi polêmica, mas Keaton deu conta do recado e protagonizou também a sequência. Infelizmente, a continuação da carreira Keaton sofreu com altos e baixos, até o renascimento com este novo filme. 

Como curiosidade, o poster de Birdman que aparece no camarim do personagem de Keaton é muito parecido com o Batman que ele protagonizou e que até então tinha sido o ponto alto de carreira. 

O resultado é um filme diferente, com uma criativa visão dos bastidores do teatro e de tudo que cerca a vida dos atores.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Sabotagem

Sabotagem (Sabotage, EUA, 2014) – Nota 7
Direção – David Ayer
Elenco – Arnold Schwarzenegger, Olivia Williams, Sam Worthington, Terrence Howard, Joe Manganiello, Josh Holloway, Mireille Enos, Max Martini, Martin Donovan.

Um esquadrão de elite do DEA liderado por Breacher (Arnold Schwarzenegger), invade o esconderijo de um cartel de drogas, assassina os traficantes e rouba dez milhões de dólares. O sumiço de uma quantia tão elevada chamada a atenção do governo, que suspeita de Breacher e seus comandados. 

Após alguns interrogatórios, nada é provado e Breacher volta para seu trabalho. O golpe aparentemente perfeito se transforma em problema quando o dinheiro desaparece e os parceiros de Breacher começam a ser assassinados. Uma detetive de homicídios (Olivia Williams) é indicada para investigar as mortes e se vê no meio de uma trama repleta de mentiras e traições. 

O roteiro escrito pelo diretor David Ayer (“Os Reis da Rua”, “Marcados para Morrer”) em parceria com Skip Woods, é bem amarrado, tem boas reviravoltas, cria um clima de desconfiança entre os personagens e dúvida no espectador. 

O ponto alto são as cenas de ação extremamente violentas, que lembram o estilo dos anos oitenta, mas diferente da recente franquia “Os Mercenários”, a trama aqui não tem espaço para piadas, tudo é muito sério. 

Mesmo longe do preparo atlético de antigamente, o astro Schwarzenegger ainda dá conta do recado como herói. 

Para quem curte o estilo, este é um bom filme de ação.

sábado, 7 de março de 2015

Harry Brown

Harry Brown (Harry Brown, Inglaterra, 2008) – Nota 7,5
Direção – Daniel Barber
Elenco – Michael Caine, Emily Mortimer, Charlie Creed Miles, David Bradley, Iain Glen, Liam Cunningham, Ben Drew, Sean Harris, Jack O’Connell.

Harry Brown (Michael Caine) é um militar aposentado que vive em um condomínio de classe baixa em um bairro de Londres dominado por traficantes. Harry divide seu tempo entre visitar a esposa no hospital e jogar xadrez com o amigo Leonard (David Bradley). 

No mesmo dia em que sua esposa morre, Harry é procurado por Leonard, que pede ajuda. Ele diz estar sendo perseguido por jovens traficantes que infernizam sua vida. Para se defender, Leonard carrega uma adaga. Harry tenta sem sucesso fazer o amigo procurar a polícia. No dia seguinte, uma dupla de detetives (Emily Mortimer e Charlie Creed Miles) procura Harry para avisá-lo que seu amigo fora espancado e morto. Sem acreditar na justiça, o velho militar decide eliminar os traficantes por conta própria. 

Com um pé no clássico “Desejo de Matar”, esta produção inglesa coloca o veterano Michael Caine como um justiceiro com problemas de saúde e desajeitado. Apesar de trágico, o roteiro é inteligente ao criar um personagem que não tem nada mais a perder na vida e que decide limpar seu bairro na base da violência. 

A trama tem alguns desdobramentos interessantes, como a forma arrogante com que os jovens traficantes enfrentam os policiais no interrogatório e a politicagem do chefe de polícia. 

Como é habitual, vale destacar a sempre sóbria interpretação de Michael Caine.

sexta-feira, 6 de março de 2015

A Última Viagem a Vegas

Última Viagem a Vegas (Last Vegas, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Jon Turteltaub
Elenco – Michael Douglas, Robert De Niro, Morgan Freeman, Kevin Kline, Mary Steenburgen, Jerry Ferrara, Romany Malco, Roger Bart, Joanna Gleason, Michael Ealy, Bre Blair, Curtis “50 Cent” Jackson.

Billy (Michael Douglas) é um solteirão de setenta anos que decide se casar com uma jovem na casa dos trinta. Antes da cerimônia que será em Las Vegas, Billy convida seus amigos de infância para um final de semana na cidade, o que se transforma em uma despedida de solteiro. 

Sam (Kevin Kline) está casado e leva uma vida de aposentado na Flórida. Archie (Morgan Freeman) tem problemas no coração e por este motivo é tratado como criança pelo filho e a nora. Paddy (Robert De Niro) é um viúvo mal humorado que não consegue superar a morte da esposa. Estes sujeitos tão diferentes, porém unidos por uma amizade de quase sessenta anos, terão um maluco final de semana para agitar suas vidas. 

O roteiro de Dan Fogelman tem parte da inspiração em “Se Beber, Não Case!”, ao mostrar as estripulias de um grupo de amigos em Las Vegas, com a diferença de que aqui os personagens são sujeitos na casa dos setenta anos. 

Algumas tiradas são divertidas, como a falta de conhecimento dos personagens em relação as diversões atuais e as piadas envolvendo a idade, além da boa química entre os protagonistas e a cantora interpretada por Mary Steenburgen. 

Não espere uma grande história ou situações mais profundas, o estilo do diretor Jon Turteltaub é entregar filmes comerciais que divertem no momento, mas que logo são esquecidos. Ele teve sucessos como “Enquanto Você Dormia” e “A Lenda do Tesouro Perdido”, mas ainda considero seu trabalho mais legal, o divertido e sensível “Jamaica Abaixo de Zero”. 

A sessão aqui vale pelo ótimo elenco.  

quinta-feira, 5 de março de 2015

Silverado

Silverado (Silverado, EUA, 1985) – Nota 8
Direção – Lawrence Kasdan
Elenco – Kevin Kine, Scott Glenn, Kevin Costner, Danny Glover, Brian Dennehy, John Cleese, Todd Allen, Rosanna Arquette, Jeff Goldblum, Linda Hunt, Joe Seneca, Ray Baker, James Gammon, Lynn Whitfield, Jeff Fahey, Jake Kasdan, Richard Jenkins, Earl Hindman, Thomas Wilson Brown.

Em 1985, o gênero western havia praticamente desaparecido das telas. Naquele ano, Clint Eastwood se arriscou no competente “Cavaleiro Solitário”, mas quem mostrou que o gênero ainda poderia render grandes filmes, foi Lawrence Kasdan com este divertido “Silverado”. 

De um modo criativo, Kasdan utiliza citações de clássicos e todos os clichês possíveis para homenagear o gênero. Na sequência inicial, o pistoleiro Emmett (Scott Glenn) mata alguns bandidos com tranquilidade, para em seguida reencontrar num local isolado no deserto, seu amigo Padden (Kevin Kline), um pistoleiro aposentado que ele convida para segui-lo até a cidade de Silverado, onde seu irmão maluco Jake (Kevin Costner) o espera. 

Na pequena cidade dominada por fazendeiros que exploram os colonos, logo eles entram em conflito com os pistoleiros contratados pelos donos de terras e com um xerife corrupto (Brian Dennehy). Ao trio, se junta o solitário Mal (Danny Glover), um negro tratado com preconceito pela população. 

A trama é simples, porém o filme é valorizado pela bela fotografia, pelas boas cenas de tiroteios e o ótimo elenco. Além dos personagens citados, vale destacar as participações de Rosanna Arquette como uma pequena fazendeira que tenta sobreviver em meio a uma sociedade de homens, John Cleese como outro xerife e pequenos papéis para Jeff Goldblum, para o veterano Joe Seneca, para a baixinha Linda Hunt como a dona do saloon e para mal encarado Jeff Fahey como outro pistoleiro. 

Como curiosidade, Lawrence Kasdan excluiu o personagem de Kevin Costner da montagem final de “O Reencontro”, filme anterior do diretor e por este motivo prometeu que daria ao ator um bom papel em seu próximo trabalho, que foi este “Silverado”. Apesar de se destacar, Costner ficaria famoso apenas dois anos depois com “Os Intocáveis” de Brian DePalma.

quarta-feira, 4 de março de 2015

The Strain

The Strain (The Strain, EUA, 2014/2015)
Criadores - Guilhermo Del Toro & Chuck Hogan
Elenco - Corey Stoll, David Bradley, Mia Maestro, Kevin Durand, Jonathan Hyde, Richard Sammel, Sean Astin, Miguel Gomez, Jack Kesy, Natalie Brown.

Um trio de médicos especializados em epidemias, um vampiro nazista, um milionário moribundo, um excêntrico agente de dedetização, um jovem criminoso hispânico, um veterano caçador de vampiros e uma estranha criatura chamada de "mestre", formam a espinha dorsal de uma das séries mais bizarras dos últimos anos.

Criado pelo ótimo diretor Guillermo Del Toro em parceria com Chuck Hogan, a trama começa com um avião chegando no aeroporto de Nova York sem que os pilotos entrem em contato com a torre. Assim que o avião pousa, as luzes se apagam e o silêncio toma conta da aeronave. Os médicos Ephraim Goodweather (Corey Stoll) e Nora Martinez (Mia Maestro) entram no avião e descobrem que os passageiros estão mortos, com exceção de quatro pessoas, entre elas o piloto.

Por questões políticas e pressão da imprensa, as autoridades liberam os sobreviventes, sem saber que eles carregam no corpo vermes que podem dar início a uma gigantesca epidemia. Os vermes transformam as pessoas num misto de vampiros e zumbis sedentos de sangue. Para combatê-los, os médicos se unem a Abraham Setrakian (David Bradley), um sobrevivente do Holocausto tratado como maluco a princípio, mas que prova como combater os vampiros. Este é apenas o início de uma complexa trama repleta de violência.

Por enquanto assisti até a metade da primeira temporada e ainda estou em dúvida sobre o que esperar dos próximos episódios e da segunda temporada que já está engatilhada. A série tem altos e baixos, com muitas perguntas ainda sem respostas.

A série tem um estilo moderno que lembra histórias em quadrinhos para atingir o público atual, na minha opinião com três claras inspirações. O episódio piloto com o sinistro avião e as várias perguntas sem resposta, assim como os diversos personagens que ainda irão se cruzar lembram "Lost". Os vampiros e os personagens como Abraham Setrakian e o piloto Redfern, são homenagens ao clássico "Drácula", assim com o medo dos zumbis em relação a luz do dia, sem contar as balas e facas de prata que brincam com o mito do "Lobisomem". A última inspiração vem da sensacional "The Walking Dead", ao criar uma epidemia e explorar cenas de ação recheadas de sangue e violência.

Até o momento "The Strain" é uma promessa, tem pontos altos como os personagens dos ótimos David Bradley e Kevin Durand, a narrativa ágil e o potencial do desenrolar do trama. A série ainda falha em alguns furos do roteiro, nos clichês dos dramas familiares e em alguns personagens que ainda no mostraram o porquê de estarem na trama. Vale um registro negativo também para a peruca do bom ator Corey Stoll.

Na segunda temporada descobriremos se a série tem história para se tornar um bom filhote de "The Walking Dead" ou se será uma enganação ao estilo "Heroes" e "The Event".

terça-feira, 3 de março de 2015

G.I. Joe: Retaliação

G.I. Joe: Retaliação (G.I. Joe: Retaliation, EUA, 2013) – Nota 5,5
Direção – Jon M. Chu
Elenco – Dwayne Johnson, Jonathan Pryce, Byung Hun Lee, Bruce Willis, Elodie Yung, Ray Stevenson, D. J. Cotrona, Adrianne Palicki, Channing Tatum, Ray Park, Luke Bracey, Walton Goggins, Arnold Vosloo, Joe Mazzello, RZA.

Analisando apenas como cinema, deixando de lado o lucro visado pelos produtores, esta sequência do filme de 2009 é totalmente desnecessária. 

O original tinha uma premissa legal, boas cenas de ação, porém um péssimo desenvolvimento dos personagens e diálogos ruins, resultando numa diversão passageira, não mais do que mediana. Aqui salvam-se apenas as cenas de ação repletas de efeitos especiais, o restante é um desperdício de tempo do espectador. 

A trama começa com uma sequência em que o comando G.I. Joe é atacado pelo próprio exército americano a mando do presidente (Jonathan Pryce), que na verdade é um impostor que deseja libertar o Comandante Cobra e utilizar seu disfarce para forçar os demais países a destruírem suas armas nucleares. Apenas três G. I Joes sobrevivem (Dwayne Johnson, D. J. Cotrona e Adrianne Palicki), para procurar a ajuda de outros ex-combatentes para enfrentar a situação. 

Não existe muito mais o que falar sobre a trama, a partir são cenas de ação seguidas e aparições de personagens caricatos, como um deslocado Bruce Willis soltando piadas infames. 

O roteiro ainda deixa a história aberta para mais uma continuação, que dificilmente sairá do papel após este fiasco. 

É um filme para passar longe. 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Código do Silêncio

Código do Silêncio (Code of Silence, EUA, 1985) – Nota 7
Direção – Andrew Davis
Elenco – Chuck Norris, Henry Silva, Bert Remsen, Mike Genovese, Ron Henriquez, Molly Hagan, Ron Dean, Dennis Farina, John Mahoney.

Em Chicago, o policial Eddie Cusack (Chuck Norris) é mal visto pelos colegas por ter testemunhado contra outro policial que atirou em um adolescente. Quando começa uma violenta disputa entre duas quadrilhas mafiosas, incluindo vários assassinatos e o sequestro da filha de um chefão, Eddie percebe que está sozinho para investigar o caso. 

Ao lado do divertido “Comando Delta”, este longa policial é um dos poucos bons filmes da carreira de Chuck Norris. A trama é básica, sem grandes surpresas, os pontos positivos estão na narrativa bem construída pelo então desconhecido diretor Andrew Davis (“O Fugitivo”, “A Força em Alerta”) e as boas cenas de ação que misturam tiroteios e pancadaria de forma eficiente, além da explosiva sequência final. 

Vale destacar também o vilão interpretado pelo sinistro Henry Silva, ator especialista neste tipo de personagem, que voltou a trabalhar com o diretor Davis em “Nico – Acima da Lei”, filme que marcou a estreia de Steven Seagal no cinema. 

Para quem gosta de filmes policiais dos anos oitenta, esta produção é uma interessante opção.

domingo, 1 de março de 2015

A Reencarnação de Peter Proud, Os Dois Mundos de Jennie Logan & Em Algum Lugar do Passado


A Reencarnação de Peter Proud (The Reincarnation of Peter Proud, EUA, 1975) – Nota 6,5
Direção – J. Lee Thompson
Elenco – Michael Sarrazin, Jennifer O’Neill, Margot Kidder, Cornelia Sharpe, Paul Hecht.

O professor Peter Proud (Michael Sarrazin) sofre com sonhos constantes que se passam em um local que ele não conhece, além de ser assassinado em um lago por uma mulher desconhecida. Cada vez mais preocupado com a situação, Peter procura ajuda de um professor especialista em sonhos (Paul Hecht), que a princípio descobre que aparentemente Peter não tem sonho algum. Extremamente confuso, Peter passa a acreditar que pode estar tendo visões de uma vida passada. Após ver uma imagem na tv de um local que pode ser o do seu sonho, ele decide viajar para Nova Inglaterra levando a namorada (Cornelia Sharpe) para tentar descobrir a verdade sobre seus sonhos. 

A premissa é muito interessante, o sofrimento do professor na primeira parte é angustiante em algumas sequências. O filme vai bem até o momento em que Peter chega ao local dos sonhos e se infiltra na vida de alguns personagens. A partir daí, a trama perde ritmo, até chegar a um final previsível. O filme sofre também com a estranha trilha sonora, que hoje se mostra envelhecida e até irritante. 

Como informação, a bela Jennifer O’Neill nasceu no Brasil e teve bons papéis em filmes como “Houve Uma Vez um Verão”, “Scanners – Sua Mente Pode Destruir” e “Caravanas”, outro trabalho ao lado de Michael Sarrazin. Por sinal, a carreira do canadense Michael Sarrazin teve o auge nos setenta, com os filmes citados e outros como “Roy Bean – O Homem da Lei” e o clássico “A Noite dos Desesperados”. Infelizmente nos anos oitenta a carreira do ator entrou em decadência e ele ficou preso a papéis de coadjuvante em seriados de tv. Sarrazin morreu em 2011 praticamente esquecido pelo cinéfilos.   

Os Dois Mundos de Jennie Logan (The Two Worlds of Jennie Logan, EUA, 1979) – Nota 6
Direção – Frank De Felitta
Elenco – Lindsay Wagner, Marc Singer, Alan Feinstein, Linda Gray, Henry Wilcoxon.

O casal Michael (Alan Feinstein) e Jennie (Lindsay Wagner) tenta recomeçar a vida em uma enorme casa vitoriana na zona rural de Connecticut. Michael, que é professor, teve um caso com uma aluna e agora tenta se redimir, porém Jennie tem dificuldades em aceitar a reaproximação do marido. No sótão da nova casa, Jennie encontra um velho vestido e também um quadro em que uma bela mulher o está vestindo. 

Jenny fica apaixonada pelo vestido e decide experimentá-lo. Por um motivo inexplicado, ela passa mal, desmaia e em seguida acorda no mesmo local, porém décadas no passado, na época em que viveu a verdadeira dona do vestido. Após algumas “viagens” ao passado com o vestido, Jennie se apaixona pelo pintor David (Marc Singer) e tenta interferir nos acontecimentos para mudar a história de vida do sujeito. 

A premissa desta produção para a tv é interessante, porém o filme envelheceu mal. Os desmaios de Jenny são estranhos, assim como as sequências no passado lembram um filme amador, completando com interpretações ruins. 

Como informação, o elenco era formado por nomes famosos da tv na época. Lindsay Wagner era protagonista da série “A Mulher Biônica”, Marc Singer fez “V: A Batalha Final” e Linda Gray era famosa por seu papel no dramalhão “Dallas”. 

Em Algum Lugar do Passado (Somewhere in Time, EUA, 1980) – Nota 7
Direção – Jeannot Szwarc
Elenco – Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plummer, Teresa Wright, Bill Irwin, William H. Macy.

O escritor Richard Collier (Christopher Reeve) é visitado por uma senhora durante a estreia de sua peça, sendo presenteado por ela com um antigo relógio. Em seguida, a senhora pede que ele volte para ela. Intrigado, Richard começa a investigar e descobre que a mulher é uma antiga atriz, que faleceu logo após lhe entregar o relógio. Vendo a foto dela quando jovem (Jane Seymour), ele fica obcecado em voltar ao passado para conhecê-la. 

Esta mistura de romance com ficção fez muito sucesso na época, tanto pela história de amor, quanto pelo carisma de Christopher Reeve, que vinha em alta depois de estrear no cinema com o hoje clássico “Superman – O Filme”. 

Deixando de lado alguns furos no roteiro, inclusive a estranha forma que o personagem de Reeve utiliza para voltar no tempo, o filme agrada aos fãs de histórias românticas.