segunda-feira, 31 de julho de 2017

A Espiã

A Espiã (Zwartboek, Holanda / Alemanha / Inglaterra / Bélgica, 2006) – Nota 8,5
Direção – Paul Verhoeven
Elenco – Carice van Houten, Sebastian Koch, Thom Hoffman, Halina Reijn, Waldemar Kobus, Derek de Lint, Christian Berkel, Dolf de Vries, Michiel Huisman, Matthias Schoenaerts, Johnny de Mol.

Israel, 1956. Entre um grupo de turistas que visita um Kibutz, uma mulher (Halina Rejn) reconhece a professora que está dando aula para crianças e a chama pelo nome, Ellis de Vries (Carice Van Houten). As duas conversam rapidamente enquanto a excursão não segue seu caminho, mas fica clara a relação de amizade que existia no passado. 

Depois deste rápido prólogo, Ellis fica pensativa e a história volta para 1944 na Holanda, em meio a Segunda Guerra Mundial. A partir daí, conheceremos a história de Ellis, que na verdade se chama Rachel Stein e pertencia a uma família judia que queria fugir do país antes de serem capturados pelos nazistas, porém uma série de situações coloca a então jovem no meio da Resistência Holandesa.

Durante muitos anos, o diretor Paul Verhoeven e o roteirista Gerard Soeteman coletaram histórias verdadeiras sobre a luta dos holandeses contra o nazismo. O resultado é este ótimo longa que mistura drama, espionagem e ação através de um complexo roteiro repleto de reviravoltas e traições. 

Por mais que o diretor Paul Verhoeven tenha sido elogiado pelo recente “Elle”, este “A Espiã” é um filme mais sólido e que tem a cara do diretor. As habituais cenas de violência e o toque de sacanagem com cenas de nudez estão presentes, com um detalhe, nada disso é gratuito, tudo faz parte do terrível contexto em que se passa a história. 

Mesmo levando em conta o fracasso de “Showgirls”, a carreira de Verhoeven é extremamente sólida, desde sua primeira fase holandesa nos anos setenta e início dos oitenta, passando pelos trabalhos em Hollywood (“Robocop”, “Conquista Sangrenta”, “O Vingador do Futuro”, “Instinto Selvagem”) até a volta ao seu país natal. 

Vale destacar a belíssima produção de época, as cenas de ação eletrizantes e o ótimo elenco. A belíssima e desinibida Carice van Houten está ótima no papel principal, assim como o holandês Derek de Lint como o líder da resistência e os alemães Sebastian Koch e Christian Berkel interpretando oficiais nazistas. 

É um grande filme indicado para quem gosta de cinema de ação com conteúdo. 

domingo, 30 de julho de 2017

Felizes Dezesseis

Felizes Dezesseis (Sweet Sixteen, Inglaterra / Alemanha / Espanha, 2002) – Nota 7,5
Direção – Ken Loach
Elenco – Martin Compston, William Ruane, Annmarie Fulton, Michelle Abercromby, Michelle Coulter, Gary McCormack.

Em Greenock, na Escócia, Liam (Martin Compston) é um adolescente que termina expulso de casa pelo avó e o padrasto que são traficantes. Ele vai morar com a irmã (Annmaria Fulton) que vive com um filho pequeno. 

Ao lado do amigo Pinball (William Ruane), Liam vende cigarros para juntar dinheiro com o objetivo de conseguir um lugar para morar com a mãe (Michelle Coulter) que está prestes a sair da cadeia. Percebendo a chance de ganhar mais, os amigos roubam as drogas do padrasto de Liam e iniciam seu próprio negócio ilegal, mesmo sabendo que as consequências podem ser graves. 

O diretor inglês Ken Loach é especialista em filmes com críticas sociais. O foco aqui é a vida sem perspectivas de um adolescente que cresceu em meio a uma família de pequenos criminosos. O destaque fica para a atuação sincera de Martin Compston, que mesmo sem ser ator até aquele momento, foi escolhido pelo diretor por ter nascido na cinzenta Greenock. A obsessão de seu personagem em reunir a família é o combustível para algumas loucuras. 

É um drama seco, que aborda a vida dura de pessoas comuns que precisam lidar com a marginalidade ao seu redor.  

sábado, 29 de julho de 2017

O Candidato

O Candidato (Kandidaten, Dinamarca, 2008) – Nota 6,5
Direção – Kasper Barfoed
Elenco – Nikolaj Lie Kaas, Ulf Pligaard, Laura Christensen, Tuva Novotny, David Dencik, Kim Bodnia.

Um ano após seu pai ter falecido em um suspeito acidente automobilístico, o advogado Jonas Bechmann (Nikolaj Lie Kaas) se candidata a vaga de trabalho deixada pelo pai em um grande escritório de advocacia. 

Como Jonas acredita que a morte do pai esteja ligada a um caso de condenação de um grande criminoso, um dos sócios do escritório (Ulf Pilgaard) diz que não poderá contratá-lo. 

Após uma noite de bebedeira com um amigo, Jonas se vê envolvido em um crime e numa posterior chantagem. Para salvar sua vida e da namorada (Tuva Novotny), ele precisa descobrir quem o está chantageando. 

O roteiro explora a clássica premissa do sujeito comum que precisa encontrar respostas em meio a uma conspiração. Por mais que seja interessante, o desenrolar da trama deixa a desejar. Ela é ao mesmo tempo confusa e previsível. Não é difícil entender quem está por trás da conspiração, a questão é que o roteiro dá várias voltas para chegar ao mesmo lugar. É um filme que ficou no meio do caminho. Faltou aquele algo a mais. 

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Viagem ao Centro da Terra & O Mundo Perdido


Viagem ao Centro da Terra (Journey to the Center of the Earth, EUA, 1959) – Nota 8
Direção – Henry Levin
Elenco – James Mason, Pat Boone, Arlene Dahl, Diane Baker, Thayer David, Peter Ronson.

Edimburgo, Escócia, 1880. Após receber o título de Sir, o professor Oliver Lindenbrook (James Mason) é presenteado por seu aluno Alec McEwan (Pat Boone) com uma rocha vulcânica que o jovem encontrou em Londres. Ao analisar a pedra, Lindenbrook acidentalmente descobre um objeto dentro dela com o nome do cientista Arne Saknussemm, que anos atrás havia desaparecido em uma expedição na Islândia que tinha o objetivo de chegar ao centro da Terra.

Lindenbrook e McEwan decidem fazer o mesmo caminho de Saknussemm. Na Islândia, eles se juntam a um morador local (Peter Ronson) e a viúva de outro cientista (Arlene Dahl). Ao adentrar em um vulcão extinto, o grupo encontrará diversas surpresas.

Clássico da sessão da tarde, este longa é uma da melhores adaptações de Jules Verne para o cinema. Com uma belíssima fotografia em Panavision, efeitos especiais de qualidade levando em consideração a época em que foi produzido e cenas de ação extremamente criativas, temos aqui um ótimo filme de aventuras.

Por sinal,  algumas cenas de ação foram copiadas ou utilizadas como inspiração em filmes posteriores. Entre elas, vemos uma cena com uma pedra gigante rolando atrás dos personagens igual em “Os Caçadores da Arca Perdida”, a clássica sequência em que uma ponte (de pedra ou madeira) desaba e até a cena do local fechado que é inundado com os personagens escapando por um pequeno buraco no minuto final. Hoje são cenas clichês, mas na época eram inéditas.

Vale destacar o elenco encabeçado pelo clássico ator inglês James Mason e pelo famoso cantor americano Pat Boone. Como curiosidade, a atriz Arlene Dahl, que ainda está viva com mais de noventa anos, é mãe do ator canastrão Lorenzo Lamas da série “Renegade”.   

O Mundo Perdido (The Lost World, EUA, 1960) – Nota 6
Direção – Irwin Allen
Elenco – Michael Rennie, Jill St. John, David Hedison, Claude Rains, Fernando Lamas, Richard Haydn, Jay Novello, Vitina Marcus, Ian Wolfe.

Em Londres, o professor Challenger (Claude Rains) é ridicularizado por seus colegas ao afirmar que em sua viagem pela Amazônia descobriu um local onde ainda existem dinossauros. Para provar sua afirmação, ele monta uma expedição que segue em direção a Amazônia. O grupo é composto por seu rival professor Summerle (Richard Haydn), o jovem jornalista Ed Malone (David Hedison), a bela Jennifer Holmes (Jill St. John) e o aventureiro Lord Roxton (Michael Rennie). 

Baseado em um livro de Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, este longa dirigido por Irwin Allen peca pelos efeitos especiais precários, alguns até bizarros como uma aranha verde gigante e pela ingenuidade dos diálogos.

Algumas situações também são bobinhas, como o violão do guia vivido pelo argentino Fernando Lamas que teima em aparecer em sequências sem explicação ou a roupa rosa da personagem de Jill St. John, que serve apenas como enfeite feminino na trama. É um filme que infelizmente envelheceu mal. 

Vale citar que Irwin Allen ficaria famoso nos anos sessenta ao produzir séries marcantes de ficção como “O Túnel do Tempo”, “Perdidos no Espaço” , “Terra de Gigantes” e “Viagem ao Fundo do Mar”. Nos anos setenta, Allen voltaria a cena como diretor e produtor de filmes catástrofes como “O Destino do Poseidon” e o clássico “Inferno na Torre”.  

quinta-feira, 27 de julho de 2017

O Jardim das Aflições

O Jardim das Aflições (Brasil, 2017) – Nota 7,5
Direção – Josias Teófilo
Documentário

O filósofo e escritor Olavo de Carvalho é o personagem principal deste documentário baseado em seu livro “O Jardim das Aflições”. 

Odiado pela esquerda brasileira, que inclusive fez campanha contra o doc, Olavo vive há muitos anos no estado da Virginia nos Estados Unidos. O doc mostra um pouco da rotina de Olavo com a família e sua vida tranquila em uma casa simples numa área rural. 

Além da questão familiar, o foco principal é dar espaço ao escritor para descrever sua maneira de ver a vida e o mundo, além de expor seu pensamento em relação aos problemas brasileiros, principalmente a questão política e a disseminação da ideologia socialista, a qual ele é um grande crítico.

Quem nunca ouviu Olavo falar e conhece seu nome apenas pelas críticas dos esquerdistas, o imagina como um radical maluco. O doc mostra outra coisa, um sujeito inteligente, com ideias atuais e que incomoda por ser firme em suas posições contra o socialismo e contra a classe política. 

Diferente de filmes chapa-branca produzidos com dinheiro da Lei Rouanet, este doc foi bancado através de Crowdfunding, sem um tostão de verba pública. 

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Cadillac Records

Cadillac Records (Cadillac Records, EUA, 2008) – Nota 7
Direção – Darnell Martin
Elenco – Adrien Brody, Jeffrey Wright, Columbus Short, Gabrielle Union, Beyoncé Knowles, Eamon Walker, Mos Def, Emmanuelle Chriqui, Cedric the Entertainer, Norman Reedus, Jay O. Sanders, Vincent D’Onofrio, Isiah Whitlock Jr, Eric Bogosian.

Chicago, 1941. Leonard Chess (Adrien Brody) é o dono de um ferro-velho que decide mudar de ramo e abre uma bar noturno em um bairro de negros. Muddy Waters (Jeffrey Wright) saiu do Mississippi com o sonho de se tornar músico. O destino faz com que os dois cruzem o caminho e iniciem uma parceria que resulta na Chess Records, gravadora que se transformaria no berço do Blues e do Rock’n Roll.

O roteiro detalha a história da dupla e da gravadora durante pelo menos vinte anos, período em que nomes como Little Walter (Columbus Short), Howlin Wolf (Eamon Walker), Etta James (Beyoncé Knowles) e Chuck Berry (Mos Def) se tornaram famosos.

O filme segue o estilo das adaptações de biografias, mostrando o início da carreira, a chegada do sucesso e do dinheiro, as mulheres e os problemas familiares, financeiros e com drogas. Tudo isso intercalado por ótimas músicas.

Pela grande quantidade de informações e o longo período em que se passam os acontecimentos, algumas situações são mostradas rapidamente, sem que isso atrapalhe a agradável narrativa.

A história é narrada em off por Willie Dixon, personagem de Cedric the Entertainer.

Para quem gosta de Blues e do Rock em seus primórdios, este longa é uma boa pedida

terça-feira, 25 de julho de 2017

Unacknowledged

Unacknowledged (Unacknowledged, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Michael Mazzola
Documentário

Narrado pelo ator Giancarlo Esposito, este documentário foca no trabalho do físico e ufólogo Steven M. Greer em levar ao público provas da visita de extraterrestres em nosso planeta e como a tecnologia trazida por eles é explorada pelos governos, principalmente o americano. 

O doc vai além do estilo comum de mostrar objeto estranhos voando, a proposta de Greer e os depoimentos de autoridades e de pessoas que trabalharam para empresas ligadas aos governo americano é mostrar o porquê do interesse em manter o fato escondido da população. 

As pessoas ouvidas aqui citam que a tecnologia que o governo americano tem acesso através do estudo destas naves que caíram em nossa planeta seria capaz de resolver situações como a fome no mundo e a produção de energia limpa, entre outras soluções. 

Por mais que quem assista o doc seja cético, muito do que é citado pode realmente estar acontecendo. É um doc indicado para quem tem curiosidade sobre o tema.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Cápsula

Cápsula (Capsule, Inglaterra, 2015) – Nota 7,5
Direção – Andrew Martin
Elenco – Edmund Kingsley, Lisa Greenwood.

Em 1962, o governo britânico enviou de forma secreta um foguete espacial para navegar pela órbita da Terra. Guy Taylor (Andrew Martin) era um experiente piloto de avião que foi treinado para missão. 

Pouco tempo antes do previsto para retornar à Terra, o foguete apresenta alguns defeitos e muda de rota. Guy perde o contato com a sala de comando durante algum tempo. Neste período, o serviço espacial russo entra em contato com Guy e o pressiona a mudar novamente a direção da nave. 

Por incrível que pareça, esta maluca história é baseada em fato real ocorrido na primeira viagem espacial britânica. O grande acerto do diretor Andrew Martin é fazer o espectador manter o interesse pela história explorando o cenário único do interior foguete durante quase todo o filme.

O protagonista é mostrado em close e conversa com outros personagens apenas pelo rádio. Com estes diálogos e com a pressão que o astronauta enfrenta, o filme cresce em tensão, inclusive nas cenas em que Guy sonha com a esposa que o espera na Terra. 

O surpreendente final é outro ponto positivo. 

É basicamente um filme B. 

domingo, 23 de julho de 2017

A Hora Final & By Dawn's Early Light


A Hora Final (On The Beach, EUA, 1959) – Nota 6,5
Direção – Stanley Kramer
Elenco – Gregory Peck, Ava Gardner, Fred Astaire, Anthony Perkins, Donna Anderson.

Em 1964, uma guerra nuclear destruiu grande parte do planeta. A princípio, a Austrália não foi afetada, porém a previsão é que a nuvem radioativa chegue até a região em alguns meses. Para analisar a situação, o governo australiano envia um submarino americano que escapou da guerra. Comandado por Lionel Towers (Gregory Pecky), o submarino segue até os EUA para determinar o tamanho da destruição. Logo, o cientista que acompanha a expedição (Fred Astaire) chega a conclusão que a vida na Terra será dizimada em pouco tempo.

O diretor Stanley Kramer deixou uma carreira marcada por obras críticas, sempre focando em temas que eram atuais naquele momento. O racismo e o preconceito foram os temas de “O Vento Será Tua Herança”, “Acorrentados” e de “Adivinhe Quem Vem Para Jantar?”, enquanto o nazismo e as suas consequências estão em “Julgamento em Nuremberg” e “A Nau dos Insensatos”. O foco aqui era o medo de uma guerra nuclear, situação que perdurou durante quase toda a Guerra Fria entre EUA e União Soviética.

O diretor não toma lado algum, a questão principal era mostrar o absurdo que seria um guerra nuclear. Infelizmente o roteiro perde muitos pontos e tempo ao focar em dois romances. O primeiro entre o protagonista vivido por Gregory Pecky e a belíssima e avançada Ava Gardner. O segundo na crise que se instala no casamento entre Anthony Perkins e Donna Anderson por causa do possível fim do mundo. A parte final quando os personagens tentam viver da melhor forma seus últimos dias é um pouco deslocada do resto da trama, resultando num pacifismo ingênuo. No final fica a impressão de que assistimos um filme mais romântico do que dramático.

By Dawn’s Early Light (By Dawn’s Early Light, EUA, 1990) – Nota7
Direção – Jack Sholder
Elenco – Powers Boothe, Rebecca De Mornay, James Earl Jones, Martin Landau, Darren McGavin, Rip Torn, Jeffrey DeMunn, Peter MacNicol, Glenn Withrow, Ronald William Lawrence, Kieran Mulroney, Nicolas Coster, Ken Jenkins, Daniel Benzali.

Um míssil nuclear é enviado da Turquia em direção a União Soviética. Ninguém sabe exatamente quem fez o lançamento. O presidente soviético responde ao ataque enviando mísseis em direção a Washington e outras bases militares americanos. Antes do conflito se tornar fatal para o mundo, o mesmo presidente soviético entra em contato com o presidente americano (Martin Landau) tentando negociar um cessar fogo. Sem saber até que ponto é verdadeira a proposta soviética e pressionado por militares, o presidente americano precisa decidir se aceita o cessar fogo ou se revida o ataque contra o inimigo. 

Mesmo com este telefilme tendo sido produzido pela HBO numa época em que a tensão entre americanos e russos havia diminuído muito e o bloco soviético está começando a se desintegrar na Europa, o resultado é surpreendente e assustador. A trama faz uma previsão das consequências se algum país ou terrorista detonasse um artefato nuclear. 

O roteiro cria algumas interessantes reviravoltas, mostrando autoridades que querem parar a tragédia, enquanto outras entendem ser a chance de destruir o inimigo. A reação também de um grupo de pilotos encarregados de bombardear Moscou é extremamente humana. Quatro homens e uma mulher entram em conflito entre eles mesmos sobre cumprir ou não a ordem. Deixando de lado as limitações de uma produção para tv, este longa vale a sessão para quem tem interesse no tema.

sábado, 22 de julho de 2017

Mal do Século

Mal do Século (Safe, Inglaterra / EUA, 1995) – Nota 6
Direção – Todd Haynes
Elenco – Julianne Moore, Xander Berkeley, Peter Friedman, April Grace, James LeGros, Steven Gilborn.

Subúrbio de San Fernando Valley, Califórnia, 1987. Carol White (Julianne Moore) é uma dona de casa que aparentemente leva uma vida tranquila e confortável ao lado do marido (Xander Berkeley) e do enteado pré-adolescente. 

Sem motivo específico, Carol começa a ter ataques de pânico, demonstrando também desânimo e falta de apetite sexual. Ao lado do marido, ela inicia uma via sacra por médicos em busca da causa de seu problema. Sem respostas claras, ela decide procurar terapias alternativas, até encontrar um guru (Peter Friedman) que comanda um retiro no deserto. 

A premissa do roteiro escrito pelo diretor Todd Haynes deixa a impressão de que a proposta seria mostrar o sofrimento de pessoas que desenvolvem doenças psicossomáticas, muitas vezes para preencher o vazio da própria vida, mesmo que essa aparente ser perfeita. 

O problema do roteiro é que a história parece rodar, rodar e não sair do lugar. Mesmo quando a trama segue para o retiro no deserto, a história não avança. A narrativa fria é outro ponto negativo. No final, a trama não se aprofunda ou sequer cita a questão da síndrome do pânico. 

É um filme estranho, daqueles que o espectador precisa entrar no clima criado pelo diretor.   

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Regras da Atração & Segundas Intenções


Regras da Atração (The Rules of Attraction, EUA, 2002) – Nota 7
Direção – Roger Avary
Elenco – James Van Der Beek, Shannyn Sossamon, Ian Somerhalder, Kip Pardue, Jessica Biel, Clifton Collins Jr, Thomas Ian Nicholas, Jary Baruchel, Kate Bosworth, Eric Stoltz, Swoosie Kurtz, Faye Dunaway, Fred Savage.

Anos oitenta, Escola de Artes Camden. O jovem Sean Bateman (James Van Der Beek) é um pequeno traficante que se aproveita de sua aparência para conquistar e dispensar garotas. Quando começa a receber bilhetes de uma admiradora secreta, Sean imagina que a garota seja a bela Lauren (Shannyn Sossamon), que está guardando a virgindade para seu namorado (Kip Pardue) que está viajando. Sean também é alvo de Lara (Jessica Biel) e do bissexual Paul (Iam Somerhalder). 

Esta ciranda de desejos, traições e sexo é baseada numa obra de Bret Easton Ellis, escritor famoso por retratar o lado decadente dos jovens de classe alta americana. Por sinal, na obra de Ellis, o jovem Sean Bateman é irmão mais novo de Patrick Bateman, personagem principal de “Psicopata Americano”. Os dois personagens são frios, egoístas e amorais, quase como uma metáfora das mudanças de comportamento dos jovens à partir dos anos oitenta, quando a satisfação pessoal e a ambição se tornaram obrigatórias. 

O ator James Van Der Beek tentava aqui mudar sua imagem ao aceitar um papel completamente oposto ao protagonista certinho da série “Dawson’s Creek” que ele interpretava na época. Sua atuação é competente, assim com Ian Somerhalder como o afetado Paul e a curiosidade de ver o outrora astro infantil Fred Savage no papel de um drogado. Vale destacar ainda a ótima trilha sonora com músicas dos anos oitenta.

Segundas Intenções (Cruel Intentions, EUA, 1999) – Nota 7
Direção – Roger Kumble
Elenco – Ryan Phillippe, Sarah Michelle Gellar, Reese Witherspoon, Selma Blair, Sean Patrick Thomas, Joshua Jackson, Louise Fletcher, Christine Baranski, Swoosie Kurtz, Eric Mabius.

Os jovens Kathryn (Sarah Michelle Gellar) e Sebastian (Ryan Phillippe) se tornaram quase irmãos quando seus pais se casaram pela segunda vez. Vivendo em Manhattan, ricos e amorais, eles fazem uma aposta após Kathryn ser abandonada pelo namorado que a trocou pela ingênua Cecile (Selma Blair). Kathryn desafia Sebastian a seduzir Cecile. Ele aceita, mas aumenta a proposta. Sebastian diz que seduzirá também a jovem Annette (Reese Witherspoon), conhecida por ser virgem e que se conseguir o intento, terá direito de ir para cama com sua "irmã" Kathryn, que por seu lado aceita receber o carro do “irmão” caso ele não tenha sucesso no plano. 

O roteiro escrito pelo diretor Roger Kumble é uma adaptação moderna da famosa obra “Ligações Perigosas”, que rendeu dois ótimos filmes de época no final dos anos oitenta. O ponto principal da história é a total falta de caráter dos protagonistas, que brincam com a vida das pessoas ao seu redor. Para eles não basta ter uma vida de luxo, o prazer está também em manipular as pessoas. 

O elenco de jovens em início de carreira na época tem ótimas atuações, por sinal, Ryan Phillippe e Sarah Michelle Gellar tem provavelmente seus melhores momentos no cinema. A então coadjuvante Reese Witherspoon é quem mais sucesso obteve na sequência da carreira.  

quinta-feira, 20 de julho de 2017

O Cidadão Ilustre

O Cidadão Ilustre (El Ciudadano Ilustre, Argentina / Espanha, 2016) – Nota 8
Direção – Gaston Duprat & Mariano Cohn
Elenco – Oscar Martinez, Dady Brieva, Andrea Frigerio, Nora Navas, Manuel Vicente.

Vivendo há quase quarenta anos na Europa, o escritor argentino Daniel Mantovani (Oscar Martinez) recebe um convite para visitar sua cidade natal, a pequena Salas no interior do país. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Mantovani aceita o convite e decide viajar sem avisar a imprensa. 

Desde a confusa viagem de carro entre Buenos Aires e Salas, Mantovani enfrenta tudo o que ele sempre quis manter distância. A princípio tratado como celebridade na pequena cidade, aos poucos ele precisa lidar com bajuladores, pedidos de ajuda, inveja e até com um antigo amigo (Dady Brieva) que se casou com sua ex-namorada de adolescência (Andrea Frigerio). 

Os diretores Gaston Duprat & Mariano Cohn focaram na hipocrisia da classe emergente no interessante “O Homem do Lado”. Aqui, o ponto principal é mostrar que a aparente hospitalidade das pessoas nas cidades pequenas é uma lenda, na verdade os defeitos e preconceitos são iguais em qualquer lugar. 

O protagonista é tratado com respeito enquanto suas atitudes agradam as pessoas. A partir do momento em que diz não em algumas situações, ele se torna persona non grata. É como se ele fosse obrigado a doar vários pedaços de si mesmo para as pessoas da cidade. 

Vale destacar ainda o ótimo Oscar Martinez como o protagonista que precisa ter jogo de cintura para lidar com várias situações complicadas. 

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Juventude em Fúria

Juventude em Fúria (Hesher, EUA, 2010) – Nota 6,5
Direção – Spencer Susser
Elenco – Joseph Gordon Levitt, Devin Brochu, Rainn Wilson, Piper Laurie, Natalie Portman, Brendan Hill, John Carroll Lynch.

TJ (David Brochu) é um adolescente que sofre pela perda da mãe e pela apatia do pai (Rainn Wilson), que entrou em depressão após a morte da esposa. 

Enfrentando também problemas com um colega de escola, TJ cruza o caminho do jovem maluco Hesher (Joseph Gordon Levitt), que sem ter onde morar, se muda para a casa do garoto. 

A estranha relação que se cria inclui ainda a avó de TJ (Piper Laurie) e uma solitária jovem que trabalha como caixa de supermercado (Natalie Portman). 

O enganoso título nacional passa a impressão de ser um filme sobre violência de gangues ou algo do gênero, porém o longa é basicamente um drama independente sobre personagens perdidos na vida, com um roteiro que explora suas frustrações e insere pitadas de violência, além de algumas cenas exageradas. 

Os destaques do elenco ficam para o maluco interpretado por Joseph Gordon Levitt e a participação de Natalie Portman, que na época tinha vinte e nove anos de idade e um rosto de dezesseis. 

terça-feira, 18 de julho de 2017

Corra!

Corra! (Get Out, EUA, 2017) – Nota 7,5
Direção – Jordan Peele
Elenco – Daniel Kaluuya, Allison Williams, Catherine Keener, Bradley Whitford, Caleb Landry Jones, Lil Rel Howery, Marcus Henderson, Betty Gabriel, Lakeith Stansfield, Stephen Root.

Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams) estão namorando há pouco tempo. Rose decide levar Chris para passar um final de semana na casa dos pais, que vivem em uma região de pessoas brancas e ricas. 

Preocupado por ser negro e por sua namorada não ter contado o fato para os pais, Chris se mostra apreensivo ao chegar no local. A princípio sendo bem recebido, aos poucos ele percebe que existe algo de errado com as pessoas que ali moram, inclusive dois estranhos serviçais. 

Jordan Peele é um ator com a carreira voltada para séries de comédia que estreia aqui como diretor e roteirista em um longa que foge do lugar comum. A história mistura terror, ficção e preconceito de uma forma bizarra e interessante. A primeira metade do longa deixa claro que aquele estranho mundo em que o protagonista se envolveu esconde algo desagradável. Quando começa o terror, a trama revela uma surpresa maluca, que lembra um filme de terror B. 

É um filme que vale a sessão pelo clima sinistro e pela crescente tensão.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

John Wick: Um Novo Dia Para Matar

John Wick: Um Novo Dia Para Matar (John Wick: Chapter Two, EUA / Hong Kong / Itália / Canadá, 2017) – Nota 7,5
Direção – Chad Stahelski
Elenco – Keanu Reeves, Riccardo Scamarcio, Ian McShane, Ruby Rose, Common, Claudia Gerini, Lance Reddick, Laurence Fishburne, Tobias Segal, John Leguizamo, Bridget Moynahan, Thomas Sadoski, David Patrick Kelly.

Após os acontecimentos do filme anterior, quando voltou a ativa para vingar a morte de seu cachorro e agora ao resgatar seu carro que fora roubado, o assassino aposentado John Wick (Keanu Reeves) é procurado por um membro do “Sindicato do Crime” (Riccardo Scamarcio) que deseja cobrar uma dívida de trabalho. 

O sujeito pressiona John para assassinar sua irmã e assim se tornar ainda mais poderoso no alto escalão dos criminosos. John é obrigado a aceitar a proposta para honrar seu nome, mesmo sabendo que o “serviço” poderá o transformar em alvo de outros assassinos. 

O filme anterior foi uma agradável surpresa ao misturar violência, narrativa cínica e uma boa história. Esta inevitável sequência mantém a qualidade em todos os quesitos. A história novamente é bem amarrada, deixando inclusive um final em aberto preparando um terceiro filme. As cenas de ação são outro ponto alto. Keanu Reeves se diverte e também apanha bastante enfrentando vários assassinos. 

Vale destacar a participação de Laurence Fishburne num papel que lembra um pouco o Morpheus de “Matrix”, fato explicado pelo diretor Chad Stahelski ter sido o dublê de Keanu Reeves na famosa trilogia. As sequências em que Reeves e Fishburne contracenam juntos é uma pequena homenagem aos filmes dos irmãos Wachowski. 

Agora é esperar o terceiro filme. 

domingo, 16 de julho de 2017

Uma Mulher Contra Hitler

Uma Mulher Contra Hitler (Sophie Scholl – Die Letzen Tage, Alemanha, 2005) – Nota 7
Direção – Marc Rothemund
Elenco – Julia Jentsch, Alexander Held, Fabian Hinrichs, Johanna Gastdorf, André Hennicke.

Alemanha, fevereiro de 1943. Sophie Scholl (Julia Jentsch) e seu irmão Hans (Fabian Hinrichs) são membros de um movimento estudantil clandestino denominado “A Rosa Branca”. 

Eles escrevem manifestos e imprimem panfletos criticando Hitler e o nazismo. Ao distribuírem panfletos na universidade de Munique, os irmãos terminam presos. Interrogados separadamente pela Gestapo, eles tentam livrar da prisão os outros membros do movimento. 

Baseado numa história real, este longa deixa um pouco de lado o movimento de “A Rosa Branca” para focar em Sophie Scholl, que após a guerra se tornou mártir da resistência alemã contra o nazismo. 

O roteiro cria uma versão romanceada da garota, que tinha apenas vinte e anos e que é mostrada com uma força interior difícil de acreditar. Esta escolha do roteiro deixa de lado os outros participantes do movimento, inclusive seu irmão Hans. 

O ponto mais interessante da história é a relação que se cria entre Sophie e um interrogador (Alexander Held), resultando em ótimos diálogos sobre escolhas e crenças individuais. 

Para quem tem interesse na história detalhada do movimento, existe um filme chamado “A Rosa Branca” dirigido por Michael Verhoeven em 1982.    

sábado, 15 de julho de 2017

A Assombração de Enfield & A Troca


A Assombração de Enfield (The Enfield Haunting, Inglaterra, 2015) – Nota 7
Direção – Kristoffer Nyholm
Elenco – Timothy Spall, Matthew Macfadyen, Juliet Stevenson, Eleonor Worthington Cox, Fern Deacon, Rosie Cavaliero.

Londres, bairro de Enfield, agosto de 1977. Peggy Hogdson (Juliet Stevenson) cria sozinha duas filhas adolescentes e dois filhos menores após ser abandonada pelo marido. A vida fica muito mais complicada quando estranhos fenômenos começam a ocorrer na casa. Móveis se movimentam, portas batem e objetos voam pela casa. 

Para analisar a situação, a polícia indica uma associação que envia o inventor Maurice Grosse (Timothy Spall) e o especialista em fenômenos paranormais Guy Playfair (Matthew Macfadyen). Os dois se assustam com os acontecimentos e acreditam que eles estejam ligados a uma das filhas, a esperta Janet (Eleanor Worthington Cox). 

Esta minissérie em três episódios explora de forma mais realista a mesma história real abordada em “Invocação do Mal 2”. O roteiro aqui é baseado no livro do verdadeiro Guy Playfair, que detalha como a família Hogdson enfrentou a situação, a questão da dúvida se os acontecimentos eram mesmo verdadeiros ou invenção das adolescentes e por fim a crise pessoal que Maurice Grosse enfrentava com a esposa (Juliet Stevenson). Grosse entrou para a associação após perder a filha em um acidente. Um dos seus objetivos era tentar contato com o espírito da jovem. 

A minissérie perde alguns pontos pelo ritmo irregular e pelos poucos momentos de tensão. Vale a sessão para quem gosta do tema e pela competente e sensível interpretação de Timothy Spall.

A Troca ou O Intermediário do Diabo (The Changeling, EUA, 1980) – Nota 7
Direção – Peter Medak
Elenco – George C. Scott, Trish Van Devere, Melvyn Douglas, Jean Marsh, John Colicos, Barry Morse.

O compositor John Russell (George C. Scott) perde esposa e filha em um acidente durante uma viagem de férias. Pouco tempo depois, John tente retomar a vida como professor de música em Seattle. Por indicação de uma corretora de imóveis (Trish Van Devere), ele se muda para uma enorme casa colonial. Não demora pra John perceber que algo estranho ocorre no local. Ruídos inexplicáveis como portas fechando e janelas batendo o levam a investigar o passado da casa e dos antigos moradores. 

O longa explora o estilo do terror clássico, em que fatos sobrenaturais e o passado do lugar são as peças de um sinistro quebra-cabeças. Não chega a ter grandes sustos, mesmo com um final explosivo. O ponto principal é o roteiro que amarra muito bem a história. É um longa indicado para que curte o terror estilo anos sessenta e setenta. 

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Circuito Fechado

Circuito Fechado (Closed Circuit, EUA / Inglaterra, 2012) – Nota 6
Direção – John Crowley
Elenco – Eric Bana, Rebecca Hall, Ciaran Hinds, Riz Ahmed, Jim Broadbent, Kenneth Cranham, Anne Marie Duff, Julia Stiles, Denis Moschitto.

Um atentado no centro do Londres mata cento e vinte pessoas. Uma denúncia anônima leva para prisão o terrorista que seria o mentor do plano. Seu advogado indicado pelo governo comete suícidio. Para substituí-lo é chamado Martin Rose (Eric Bana). 

Por ser terrorismo, algumas provas não poderão se tornar públicas e para isso uma advogada especialista em processos secretos (Rebecca Hall) também defenderá o acusado. Quando os advogados começam a investigar a fundo o caso, logo são pressionados por agentes governo para facilitar a condenação do sujeito e enterrar a verdadeira história. 

A premissa de explorar os bastidores sujos do serviço de espionagem e a verdade por trás de um atentado são interessantes, mas infelizmente o roteiro deixa a desejar. O filme flui razoavelmente bem até metade da história, enquanto os advogados tentam decifrar as pistas do caso. A partir do momento em que os segredos começam a vir à tona, as soluções apresentadas pelo roteiro se mostram ingênuas em alguns momentos e previsíveis no desfecho. 

A questão da vigilância tecnológica que pelo título seria um dos pontos principais, acaba se mostrando apenas um complemento da trama. O atentado na sequência inicial é criativo ao mostrar várias imagens do mesmo momento divididas na tela. As demais cenas de ação e tensão são poucas e no máximo razoáveis. O resultado é uma boa trama mal explorada.     

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Perigo Extremo & A Lâmina Fatal


Perigo Extremo (Lung Foo Fong Wan ou City on Fire, Hong Kong, 1987) – Nota 7,5
Direção – Ringo Lam
Elenco – Chow Yun Fat, Danny Lee, Sun Yueh, Roy Cheung.

Um policial infiltrado em uma quadrilha especializada em roubos de joalherias tem sua identidade descoberta e termina assassinado. Para tentar desbaratar a violenta quadrilha, o inspetor de polícia Lau (Sun Yueh) convence seu sobrinho Ko Chow (Chow Yun Fat) a tomar o lugar do policial assassinado. Chow é um policial que trabalha disfarçado nas ruas e que pretendia se aposentar para se casar. Ele aceita a proposta do tio na condição de ser seu último trabalho.

Quando Quentin Tarantino lançou “Cães de Aluguel”, citou que sua inspiração foi este “Perigo Extremo”. Vários situações são semelhantes, inclusive a clássica cena de três sujeitos apontando as armas entre si. O sucesso de Tarantino fez com que as obras de Ringo Lam fossem descobertas no ocidente e o próprio diretor convidado para dirigir “Risco Máximo” com Jean Claude Van Damme. O filme fracassou, assim como mais dois trabalhos que ele faria em parceria com Van Damme.

Para quem conhece e gosta do cinema de Hong Kong dos anos oitenta e início dos noventa, sabe que diretores como John Woo e Tsui Hark comandaram longas sensacionais em termos de violência e ação. O trabalho de Ringo Lam é um pouco diferente. O filme é muito mais um drama policial sobre lealdade com algumas boas cenas de perseguição, chegando ao clímax no explosivo tiroteio final.

Vale destacar a presença de Chow Yun Fat, o grande astro dos filmes de John Woo em Hong Kong e que fez também bons filmes americanos como “O Corruptor” e “Assassinos Substitutos”.

A Lâmina Fatal (Shao Lin Men, Hong Kong, 1976) – Nota 6
Direção – John Woo
Elenco – Tao Liang Tan, James Tien, Jackie Chan, Sammo Hung, John Woo.

Shih (James Tien) é um ex-aluno do templo de Shaolin que abandonou seu mestre e formou se próprio exército denominado Manchu. Ela envia seus homens liderados por Tu Ching (Sammo Hung) para destruir o templo e matar todos que estiverem lá. Um aluno, Yun Fei (Tao Liang Tan), consegue escapar e abraça a missão de vingar os amigos assassinados. Ele se une a um jovem que deseja vingar a morte do irmão (um jovem Jackie Chan) e mais a alguns renegados para derrotar Shih e seu bando. 

Nos anos noventa, quando o diretor John Woo e os atores Jackie Chan e Sammo Hung se tornaram astros internacionais, este curioso longa rodado nos anos setenta foi resgatado e lançado em dvd. Diferente dos filmes explosivos dirigidos por Woo nos anos oitenta e noventa em Hong Kong e das coreografias divertidas das lutas protagonizadas por Chan e Hung também naquela época, este longa segue o estilo das obras de Kung Fu dos anos setenta, com trama clássica, lutas sérias e muitos gritos. 

Poucos acreditariam que os envolvidos neste razoável longa transformariam o cinema de Hong Kong em sucesso internacional anos depois.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Que Dios Nos Perdone

Que Dios Nos Perdone (Que Dios Nos Perdone, Espanha, 2016) – Nota 8
Direção – Rodrigo Sorogoyen
Elenco – Antonio de la Torre, Roberto Álamo, Javier Pereira, Luis Zahera, Raul Prieto.

Madrid, 2011. Uma idosa é encontrada morta com sinais de violência sexual. Os detetives Valverde (Antonio de la Torre) e Alfaro (Roberto Álamo) são os responsáveis pela investigação. 

Após ocorrer um segundo crime semelhante, os detetives acreditam que um serial killer esteja agindo. Como faltam poucos dias para o Papa visitar a cidade, o chefe de polícia pressiona os detetives para resolverem o caso e principalmente para a história não vazar para a imprensa. 

A clássica premissa de caçada a um serial killer ganha pontos pelo ótimo roteiro que esconde a identidade do assassino até o terço do final do longa, pelo realismo da narrativa e pela violência que surge de várias formas. 

O desenvolvimento dos personagens é outro ponto positivo. Valverde é o detetive gago, minucioso e inseguro, enquanto Alfaro é o falastrão de pavio curto que enfrenta problemas no casamento. O assassino também é assustador, principalmente por aparentar ser uma pessoa normal. Sua motivação para os crimes é muito bem detalhada. 

Para quem gosta do gênero, este longa é uma ótima pedida e comprova mais uma vez o alto nível do cinema espanhol  

terça-feira, 11 de julho de 2017

Não Ultrapasse

Não Ultrapasse (Trespass Against Us, Inglaterra, 2016) – Nota 6
Direção – Adam Smith
Elenco – Michael Fassbender, Brendan Gleeson, Lyndsey Marshal, Rory Kinnear, Georgie Smith, Killian Scott, Sean Harris, Kingsley Ben Adir.

Chad (Michael Fassbender) vive com a esposa Kelly (Lyndsey Marshal) e um casal de filhos pequenos em um campo de trailers no interior do Inglaterra comandado por seu pai Colby (Brendan Gleeson). 

Colby é um veterano ladrão que fez Chad e um outro filho que está preso seguirem o mesmo caminho do crime. No local, vivem outros sujeitos, dois deles casados que também trabalham para Colby. 

Mesmo sonhando em mudar de vida e sendo perseguido por um policial (Rory Kinnear), Chad aceita participar de um novo assalto planejado pelo pai. 

Era para se esperar bem mais de um drama sobre uma família de criminosos tendo os ótimos Michael Fassbender e Brendan Gleeson como protagonistas. 

A história até que começa bem ao mostrar a péssima e violenta influência do pai sobre o filho, mas infelizmente o roteiro se perde na meia-hora final quando a situação sai do controle por um motivo muito mais psicológico do que real. Esta escolha leva a um final ingênuo, diferente da proposta dramática inicial. 

É um daqueles filmes que ficam no meio do caminho e que rapidamente são esquecidos. 

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Neve Negra

Neve Negra (Nieve Negra, Argentina / Espanha, 2017) – Nota 7
Direção – Martin Hodara
Elenco – Ricardo Darin, Leonardo Sbaraglia, Laia Costa, Federico Luppi, Dolores Fonzi.

A morte do pai faz com que Marcos (Leonardo Sbaraglia) volte da Espanha para a Argentina com sua esposa Laura (Laia Costa) que está grávida. 

O pai deixou uma enorme propriedade na região da Patagônia, local onde vive Salvador (Ricardo Darin), o recluso irmão mais velho de Marcos que sofre há décadas pela morte acidental de um irmão menor durante uma caçada. A família tem ainda a irmã Sabrina (Dolores Fonzi), que está internada em um hospital psiquiátrico. O reencontro entre os irmãos reabre as feridas do passado. 

Além da narrativa principal que se passa nos dias atuais, o diretor utiliza flashbacks para mostrar detalhes da vida dos irmãos quando eles eram adolescentes e principalmente para desvendar aos poucos o que realmente ocorreu na caçada que vitimou o irmão mais novo da família. Para o cinéfilo acostumado ao gênero fica fácil descobrir o que aconteceu, a surpresa fica para a motivação do ato. 

O filme ganha pontos pela bonita fotografia que explora as paisagens naturais da gelada Patagônia e pelo ótimo elenco. Assim como a locação, a narrativa também é fria e um pouco irregular. Não está entre as melhores produções argentinas dos últimos anos, mas mesmo assim é uma obra competente. 

domingo, 9 de julho de 2017

A Troca

A Troca (Changeling, EUA, 2008) – Nota 8
Direção – Clint Eastwood
Elenco – Angelina Jolie, John Malkovich, Jeffrey Donovan, Michael Kelly, Amy Ryan, Colm Feore, Denis O’Hare, Jason Butler Harner, Peter Gerety.

Los Angeles, 1929. Christine Collins (Angelica Jolie) é uma mãe solteira que trabalha como supervisora de telefonistas em uma empresa do ramo. 

Ao voltar para casa após um dia normal de trabalho, Christine fica desesperada ao não encontrar o filho pré-adolescente. A polícia é acionada, mas não consegue pista alguma sobre o paradeiro criança. 

Meses depois, uma criança é deixada em uma lanchonete na zona rural e a polícia o identifica como o filho de Christine. Precisando mostrar eficiência para o povo, a polícia decide entregar o garoto para a mãe na presença de jornalistas. Na hora, ela percebe que não é seu filho, mas pressionada pelo capitão Jones (Jeffrey Donovan), Christine aceita a criança sem imaginar que a decisão transformará sua vida em um inferno. 

Baseado numa absurda história real, este longa foi mais um belo trabalho na carreira de Clint Eastwood como diretor. O roteiro vai além da troca da criança, se aprofundando em outros temas. Temos a questão política em relação a polícia que era vista como violenta e corrupta, motivo pelo qual era quase impossível aceitarem corrigir o erro e se desculparem. 

Vemos ainda o tratamento desumano em um hospital psiquiátrico e por fim o sinistro caso que é descoberto por acaso por um policial honesto (Michael Kelly) e que se mostra ligado ao desaparecimento do garoto. 

Vale destacar a marcante interpretação de Angelina Jolie, que passa todo o desespero da mãe que perdeu o filho e o sempre competente John Malkovich como o pastor que tem importância enorme na trama. 

É um belo drama indicado para quem gosta do gênero e também dos trabalhos do grande Clint Eastwood.

sábado, 8 de julho de 2017

Ouro e Cobiça

Ouro e Cobiça (Gold, EUA, 2016) – Nota 8
Direção – Stephen Gaghan
Elenco – Matthew McConaughey, Edgar Ramirez, Bryce Dallas Howard, Corey Stoll, Tobu Kebbell, Bill Camp, Joshua Harto, Craig T. Nelson, Maicon Blair, Timothy Simons, Adam LeFevre, Frank Wood.

Em 1988, Kenny Wells (Matthew McConaughey) está à beira da falência. A empresa de mineração herdada do pai sequer tem uma sede. Ele e os poucos funcionários que restaram operam dentro de um bar. 

O sonho de reerguer a empresa surge com a notícia de que o geólogo Mike Costa (Edgar Ramirez) defende uma tese de que existe ouro em um local no interior da Indonésia. A tese de Costa é tratada como piada no mercado de mineração. Wells decide procurar Costa para tentar levar adiante a ideia de procurar ouro. Os dois criam uma sociedade e se aventuram na floresta em busca da riqueza. 

Inspirado numa complexa história real, este ótimo longa apresenta pelo menos três reviravoltas que valem a sessão. Não vou entrar em detalhes sobre as reviravoltas e aconselho que não assistam ao trailer ou leiam mais sobre a trama, esperem pelas surpresas. 

O ponto principal do roteiro é a ganância. Junto com ela surge o gosto pelo poder, pelo status e o ego inflado, ao mesmo tempo em que o dono do dinheiro se vê cercado de abutres loucos para conseguir uma mordida da fortuna. 

Vale destacar a interpretação de Matthew McConaughey, que mais uma vez se entrega totalmente a um papel, inclusive fisicamente. Careca e com uma barriga de cerveja, seu personagem é o típico negociante exagerado e obcecado, inclusive na sua relação com Kay (Bryce Dallas Howard). 

Outro destaque são as locações na selva da Indonésia, com várias sequências debaixo de uma chuva tropical.

Considero o longa uma agradável surpresa.   

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Rebelião em Milagro

Rebelião em Milagro (The Milagro Beanfield War, EUA, 1988) – Nota 6
Direção – Robert Redford
Elenco – Ruben Blades, Sonia Braga, Christopher Walken, Chick Vennera, Carlos Riquelme, Daniel Stern, John Heard, Richard Bradford, Melanie Griffith, Julie Carmen, James Gammon, Jerry Hardin.

Na pequena cidade de Milagro no Novo México, a água pertence a uma empresa que planeja construir um clube de campo na região. Sem água, os pequenos fazendeiros são obrigados a vender suas terras. 

Um deles, Joe Mondagron (Chick Vennera), decide ficar e desvia a água para sua pequena plantação de feijão. A moradora Ruby Archuleta (Sonia Braga) explora a desobediência do fazendeiro para tentar unir a sofrida população contra a empresa. 

Este longa foi a segunda incursão do astro Robert Redford na direção. Ele foi muito elogiado em sua estreia no drama “Gente Como a Gente”. Aqui, Redford levou às telas a adaptação de um livro que focava na clássica disputa entre pobres e ricos. O viés do livro é claramente socialista ao mostrar “a força do povo sofrido” contra o progresso do capitalismo malvadão de um forma até ingênua. O que a história não explica é que o povo do local vive na miséria e luta para continuar vivendo na miséria, em momento algum existe movimento para mudar a própria vida para melhor. 

Deixando de lado a questão política, o filme deixa a desejar pela narrativa arrastada e a grande quantidade de personagens, alguns mal desenvolvidos e que pouco agregam a trama, como Melanie Griffith e Daniel Stern. O destaque fica para o desconhecido e hoje falecido Carlos Riquelme como o idoso que conversa com um amigo morto e que tem os melhores momentos do filme. Christopher Walken como o policial corrupto e Sonia Braga como a agitadora também estão competentes nos papéis. 

O final em que tudo ser acerta é outra escolha ingênua do roteiro. 

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo

Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (I Don’t Feel at Home in This World Anymore, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Macon Blair
Elenco – Melanie Lynskey, Elijah Wood, Gary Anthony Williams, Devon Graye, Jane Levy, David Yow, Robert Longstreet, Christine Woods, Macon Blair.

Ruth (Melanie Lynskey) está desanimada com a vida. Depressiva, frustrada com o trabalho e cansada de enfrentar a falta de respeito das pessoas, ela chega ao limite quando alguém invade sua casa, rouba seu laptop, seus remédios e um jogo de talheres que era da sua falecida avó. 

Tratada com desprezo até mesmo pela polícia ao fazer o boletim de ocorrência, Ruth decide investigar por conta própria. O destino faz Ruth cruzar o caminho de Tony (Elijah Wood), um vizinho solitário e revoltado assim como ela. Os dois se unem para buscar justiça, dando início a uma sequência de acontecimentos bizarros. 

Este estranho longa marca a estreia na direção do ator Macon Blair, parceiro constante do diretor Jeremy Saulnier (“Ruína Azul”, “Sala Verde”). A influência de Saulnier neste trabalho de Blair é clara. Os personagens perdedores que se envolvem numa situação bizarra que termina em violência explícita é marca do diretor. 

A história começa de forma interessante. As pequenas situações irritantes que a protagonista enfrenta no dia a dia lembram a premissa do ótimo “Um Dia de Fúria”, mas diferente do personagem de Michael Douglas que parte para a loucura total, a Ruth de Melanie Lynskey ainda tenta resolver a situação na base da conversa, antes de partir para o tudo ou nada. 

É um filme que foge totalmente do lugar comum, indicado para cinéfilos que curtem obras diferentes com um pé na loucura. 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

A Criança

A Criança (L’Enfant, Bélgica / França, 2005) – Nota 7,5
Direção – Jean Pierre & Luc Dardenne
Elenco – Jeremy Renier, Déborah François, Jereme Segard, Fabrizio Rongione, Olivier Gourmet.

Logo após dar a luz a uma menina, a jovem Sonia (Déborah François) procura seu namorado Bruno (Jeremie Renier) para assumir a criança.

Bruno vive de pequenos roubos e golpes, vendendo e comprando produtos. A princípio ele aceita a assumir a filha, mas logo em seguida decide vender o bebê. A terrível decisão resultará em drásticas consequências. 

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes, este longa apresenta o habitual estilo seco dos irmãos Dardenne. Com a câmera sempre próxima aos personagens, sem trilha sonora e com locações na periferia de alguma cidade europeia, o espectador acaba por conhecer a vida e os problemas de pessoas comuns. 

O desenvolvimento dos personagens é outro destaque. As atitudes do casal mostram jovens inconsequentes, quase infantis, que precisam amadurecer ao enfrentar as consequências de suas decisões. Além do bebê, Bruno e Sonia também são quase crianças, como se fosse uma alusão ao título do filme. 

Para quem gosta do tema e do estilo dos irmãos Dardenne, este longa é uma boa opção.

terça-feira, 4 de julho de 2017

O Homem de Lugar Nenhum & O Profissional


O Homem de Lugar Nenhum (Ajeossi, Coreia do Sul, 2010) – Nota 8
Direção – Jeong Beom Lee
Elenco – Bin Won, Sae Ron Kim, Tae Hoon Kim, Hee Won Kim, Seong Oh Kim, Thanayong Wongtrakul.

Chae Tae Sik (Bin Won) é o solitário e calado dono de uma loja de penhores. O passado do sujeito é uma incógnita. Vizinho de uma dançarina de boate viciada em drogas, Chae é sempre procurado pela filha da mulher, a garotinha Jeong So Mi (Sae Ron Kim). Mesmo não dando muita atenção, a garotinha mostra afeição por Chae.

Quando a mãe de Jeong rouba um pacote de drogas na boate onde trabalha, produto que fazia parte de uma negociação entre as máfias coreana e chinesa, ela e a sua filha se tornam alvo das duas quadrilhas. Para salvar Jeong, Chae se envolve na situação, que tem ainda a participação da polícia.

O cinema coreano é especialista em thrillers e dramas policiais. Este é mais um belo exemplo de como explorar um roteiro comum de forma competente, criando suspense, drama e ótimas cenas de ação que misturam tiroteios e lutas. É interessante a forma como aos poucos o roteiro detalha o passado do protagonista. A história lembra “O Profissional”, longa que Luc Besson comandou nos anos noventa e que postarei uma resenha em seguida.

O Profissional (Léon, França, 1994) – Nota 8
Direção – Luc Besson
Elenco – Jean Reno, Gary Oldman, Natalie Portman, Danny Aiello, Michael Badalucco, Ellen Greene.

Léon (Jean Reno) é um solitário e deprimido assassino profissional que vive em Nova York. Sua vida muda quando a família vizinha é assassinada por policiais corruptos liderados por Stansfield (Gary Oldman). Apenas a garota Mathilda (Natalie Portman) consegue escapar. Mesmo com apenas doze anos de idade, Mathilda jura vingança contra seus agressores. Léon termina por “adotar” Mathilda, criando um inusitado sentimental, inclusive ensinando a garota a se defender e até a matar se necessário for para sobreviver. 

O cuidado com a parte técnica sempre foi o ponto alto da filmografia de Luc Besson, inclusive nos trabalhos em que ele é apenas o produtor. Neste longa, Besson consegue unir seu talento neste quesito com uma história sensível e um roteiro que desenvolve com competência a relação entre os personagens de Jean Reno e Natalie Portman, que ainda adolescente entrega uma das suas melhores interpretações da carreira. 

Consta que a relação entre os personagens seria mais complexa e até com toques de sedução, porém a decisão final foi de criar uma relação menos polêmica para não chocar o público da época e também evitar problemas com a censura. A decisão se mostrou acertada e o longa se tornou um grande trabalho de Besson.  

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A Educação de Charlie Banks

A Educação de Charlie Banks (The Education of Charlie Banks, EUA, 2007) – Nota 7,5
Direção – Fred Durst
Elenco – Jesse Eisenberg, Jason Ritter, Chris Marquette, Eva Amurri Martino, Sebastian Stan, Gloria Votsis.

Nova York, anos setenta. Desde criança, mesmo sem nunca ter sido agredido, Charlie Banks (Jesse Eisenberg) demonstra medo de Mick (Jason Ritter), um violento bad boy. Em uma festa, pouco tempo antes de se formar no colégio, Charlie testemunha Mick surrando dois rapazes até quase matá-los. Ele faz uma denúncia para polícia, mas acaba desistindo de depor antes do caso ir a julgamento.

Dois anos depois, morando no campus da universidade com seu amigo Danny (Chris Marquette), Charlie se surpreende ao encontrar Mick no seu quarto. Ele foi convidado por Danny, que o encontrou vagando na região sem ter onde ficar. A partir daí, Mick se envolve na vida de Charlie, Danny, do jovem milionário Leo (Sebastian Stan) e duas garotas (Eva Amurri Martino e Gloria Votsis), a princípio demonstrando que poderiar ter mudado com o passar do tempo.

Narrado pelo personagem de Jesse Eisenberg, este longa se aprofunda até certo ponto na questão da influência do ambiente nas atitudes das pessoas. Durante boa parte do filme, o espectador se pergunta se realmente uma pessoa pode se regenerar estando no ambiente correto ou ainda se a personalidade pode se modificar na convivência com novas pessoas.

É um filme instigante que toca ainda em outros temas como caráter, desejo, amizade e preconceito.

domingo, 2 de julho de 2017

Simplesmente Amor

Simplesmente Amor (Love Actually, Inglaterra / EUA / França, 2003) – Nota 7,5
Direção – Richard Curtis
Elenco – Hugh Grant, Bill Nighy, Colin Firth, Liam Neeson, Emma Thompson, Alan Rickman, Laura Linney, Keira Knightley, Andrew Lincoln, Chiwetel Ejiofor, Rowan Atkinson, Rodrigo Santoro, Kris Marshall, Martine McCutcheon, Thomas Sangster, Lúcia Moniz, Gregor Fisher, Billy Bob Thornton, Elisha Cuthbert, Claudia Schiffer, Shannon Elizabeth, Denise Richards.

Próximo ao Natal, o roteiro do diretor Richard Curtis detalha pequenas histórias sobre o amor em Londres. 

O Primeiro Ministro Inglês (Hugh Grant) se apaixona pela secretária (Martine McCutcheon), uma mulher solitária (Laura Linney) fica sem ação quando tem a chance de um encontro com um colega de trabalho (Rodrigo Santoro), um escritor (Colin Firth) viaja para França querendo esquecer um amor perdido, um viúvo (Liam Neeson) e seu enteado (Thomas Sangster) precisam se adaptar a nova convivência, um casal de meia-idade (Emma Thompson e Alan Rickman) passa por uma crise e um triângulo amoroso pode surgir entre um casal (Keira Knightley e Chiwetel Ejiofor) com o melhor amigo do homem (Andrew Lincoln). 

Esta ciranda de amores é muito bem delineada de forma sensível pelo roteiro de Curtis e pelas interpretações do ótimo elenco. 

Alguns anos depois, o diretor americano Garry Marshall tentou copiar o estilo nos fracos “Idas e Vindas do Amor” e “Noite de Ano Novo”.

sábado, 1 de julho de 2017

A Rua Sem Nome

A Rua Sem Nome (The Street With No Name, EUA, 1948) – Nota 7,5
Direção – William Keighley
Elenco – Mark Stevens, Richard Widmark, Lloyd Nolan, Barbara Lawrence, Ed Begley, Donald Buka, Joseph Pevney, John McIntire.

Uma gangue especializada em grandes assaltos em Nova York se torna alvo do FBI após cometer dois assassinatos. 

O inspetor Briggs (Lloyd Nolan) recruta o jovem agente Gene Cordell (Mark Stevens) para investigar o caso no submundo da cidade e tentar se infiltrar entre os ladrões. 

Não demora para Cordell descobrir que o líder do bando é Alec Stiles (Richard Widmark), que se apresenta como dono de uma academia de boxe para esconder suas atividades criminosas. 

Apesar do filme ser uma clara propaganda do governo para mostrar a eficiência do FBI, inclusive utilizando uma narração formal em off, este longa vale a sessão pelo bom desenvolvimento da trama. 

O roteiro é muito bem amarrado, explorando a entrada do protagonista no mundo do crime, ao mesmo tempo em que outro agente (John McIntire) o vigia para mantê-lo vivo caso seja descoberto. 

Diferente da tecnologia atual, os contatos eram feitos de modo simples, através de luzes nas janelas, cabines telefônicas e bilhetes deixados em locais públicos. 

Para quem gosta de filmes policiais antigos, este longa é uma ótima opção, tendo ainda o grande Richard Widmark como o impiedoso vilão.