segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Próxima Parada: Bairro Boêmio

Próxima Parada: Bairro Boêmio (Next Stop, Greenwich Village. EUA, 1976) – Nota 7
Direção – Paul Mazursky
Elenco – Lenny Baker, Shelley Winters, Ellen Greene, Christopher Walken, Lois Smith, Dori Brenner, Antonio Fargas, Lou Jacobi, Mike Kellin, Jeff Goldblum.

Em meados dos anos cinquenta, o jovem Larry Lapinsky (Lenny Baker) se muda da casa dos pais no Brooklyn para o Greenwich Village, bairro famoso por abrigar artistas e intelectuais. Lenny deseja se tornar ator, para desespero de sua mãe superprotetora (Shelley Winters). 

Ao lado da namorada (Ellen Greene) e de um grupo de amigos, Lenny aproveita a vida e sobrevive trabalhando em uma mercearia, enquanto não consegue uma chance no cinema. 

O diretor, ator e roteirista Paul Mazursky utilizou lembranças autobiográficas para desenvolver este simpático filme sobre juventude, amizade, sonhos e frustrações. 

A recriação do Greenwich Village e do Brooklyn dos anos cinquenta e a exploração dos costumes da época como as festas, as frases, as roupas e a forma de encarar o sexo, são os pontos principais deste simpático longa. 

Os destaques do elenco ficam para Shelley Winters como a mãe judia que adora dramatizar as situações, um novato Christopher Walken como um arrogante conquistador e a pequena participação de Jeff Goldblum como um temperamental aspirante a ator. O protagonista interpretado por Lenny Baker é um pouco exagerado, mas não compromete o filme. 

Como informação, este foi o único papel principal de Lenny Baker, ator que fez carreira na tv e que faleceu cedo em 1982.  

domingo, 29 de novembro de 2015

Jogada de Mestre

Jogada de Mestre (Kidnapping Mr. Heineken, Bélgica / Holanda / EUA / Inglaterra, 2015) – Nota 6,5
Direção – Daniel Alfredson
Elenco – Jim Sturgess, Sam Worthington, Ryan Kwanten, Anthony Hopkins, Mark van Eeuwen, Thomas Cocquerel, Jemima West, David Dencik.

Amsterdã, Holanda, 1982. Após sofrerem com a falência de sua pequena empresa de construções, serem ignorados pelos bancos ao solicitarem empréstimos e terem seu imóvel invadido por punks que estavam protegidos pela lei, cinco amigos decidem arriscar tudo em um complicado sequestro. 

Liderados por Cor (Jim Sturgess) e Willem (Sam Worthington), o grupo sequestra o milionário Alfred Heineken (Anthony Hopkins), dono da famosa cervejaria, junto com seu chofer. Acreditando que poderiam enganar as autoridades fazendo-os acreditar que a ação fora organizada por algum grupo terrorista, os amigos esperam receber rapidamente o resgate. Como não existe crime perfeito, com o passar do tempo sem resposta da polícia ou da família do empresário, a situação fica a cada dia mais tensa. 

Baseado numa história real, este longa trabalha a clássica premissa dos grandes crimes, que se mostram infalíveis no papel, mas que resultam em situações inesperadas para todos os envolvidos. 

Os personagens são mostrados como sujeitos normais que decidem fazer uma loucura para mudar de vida, mesmo que os letreiros no final do longa passem uma impressão diferente em relação ao destino de alguns deles. 

A narrativa prende a atenção e se desenvolve de maneira correta, explorando os conflitos entre os criminosos e um pouco da relação com o excêntrico Heineken interpretado por Anthony Hopkins, mas está longe de ser um grande filme. 

Como informação, o diretor sueco Daniel Alfredson dirigiu as partes II e III da ótima trilogia Millenium.

sábado, 28 de novembro de 2015

Maze Runner: Prova de Fogo

Maze Runner: Prova de Fogo (Maze Runner: The Scorch Trials, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Wes Ball
Elenco – Dylan O’Brien, Ki Hong Lee, Kaya Scodelario, Thomas Brodie Sangster, Jacob Lofland, Aidan Gillen, Patricia Clarkson, Giancarlo Sposito, Rosa Salazar, Dexter Darden, Lili Taylor, Barry Pepper, Alan Tudyk.

Após conseguirem escapar do labirinto e serem resgatados por soldados desconhecidos, o grupo de jovens liderados por Thomas (Dylan O’Brien) é levado para uma espécie de base militar, onde são recebidos por Janson (Aidan Gillen), que diz para os jovens ficarem tranquilos, que no local vivem outros garotos que fugiram do labirinto e que em breve todos serão transportados para outro lugar ainda mais seguro. 

A desconfiança de Thomas quanto as palavras de Janson chama a atenção de outro garoto, Aris (Jacob Lofland), que vive isolado. Rapidamente, Aris mostra para Thomas o que realmente está ocorrendo na base e que a única chance de sobreviver será fugindo. 

O longa original foi uma agradável surpresa ao apresentar uma história interessante com cenas de ação e suspense em alta voltagem dentro do sinistro labirinto. Esta sequência ainda tem boas cenas de ação e um ritmo ágil, mas perde pontos pela falta de originalidade da história, que costura ideias de filmes de zumbis, tramas de apocalipse nuclear e até situações que lembram o clássico “O Império Contra Ataca”. O labirinto era um dos grandes trunfos do primeiro filme, além do suspense em relação ao porque dos jovens estarem presos ali. 

Esta sequência  não chega a ser ruim, a questão é que a expectativa era maior em relação ao bom filme anterior. Agora é esperar o fechamento da trilogia. 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Blindspot

Blindspot (EUA, 2015)
Criador - Martin Gero
Elenco - Sullivan Stapleton, Jaimie Alexander, Rob Brown, Audrey Sparza, Ashley Johnson, Marianne Jean Baptiste, Ukweli Roach.

Uma mulher nua (Jamie Alexander) com o corpo repleto de tatuagens é encontrada viva em uma mala em pleno Times Square. Entre as tatuagens está o nome do agente do FBI Kurt Weller (Sullivan Stapleton).

A jovem é levada para o FBI, ficando aos cuidados do grupo de investigação liderado por Weller e aos poucos, descobre-se que cada tatuagem representa uma ação criminosa que está prestes a acontecer.

A situação é mais complicada porque a jovem não lembra coisa algum de seu passado, o porque das tatuagens e nem mesmo seu nome. Por ser uma total desconhecida, ela recebe o nome de Jane Doe e se transforma em uma espécie de consultora nas investigações de suas tatuagens.

A premissa é instigante e aberta a muitas possibilidades de desenvolvimento da história, ao mesmo tempo em que é necessário criatividade para apresentar explicações verossímeis para cada tatuagem e para o passado da desconhecida.

Os primeiros dez episódios da temporada são competentes, mesclando cenas de ação, investigação, conspiração e segredos revelados a cada novo episódio. Estão previstos ainda mais treze episódios para fechar a temporada a partir de fevereiro do ano que vem,

Não sei se é um ponto positivo ou negativo, acredito que depende do gosto de cada espectador, mas a série tem um visual "clean", ao estilo de produções semelhantes como "Hawai 5.0." e outras mais antigas como "Cold Case" e "Without a Trace".

O elenco pode ser considerado politicamente correto. O protagonista é o galã durão, a jovem desconhecida é linda e entre os coadjuvantes temos o agente negro, a agente latina e a nerd especialista em tecnologia.

Eu gostei da série, cumpre o papel de divertir e prender a atenção, mas me parece outra história que a princípio terá fôlego apenas para uma temporada.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Zipper

Zipper (Zipper, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Mora Stephens
Elenco – Patrick Wilson, Lena Headey. Ray Winstone, Richard Dreyfuss, John Cho, Dianna Agron, Christopher McDonald, Alexandra Beckenridge, Penelope Mitchell.

O procurador de justiça Sam Ellis (Patrick Wilson) está com a carreira em ascensão e com a pretensão de entrar para a política, sempre com o apoio da esposa (Lena Headey), que inclusive conseguiu que um amigo jornalista (Ray Winstone) faça uma reportagem sobre o marido. 

Após atuar em um caso onde uma jovem celebridade tenta esconder seu passado de garota de programa, o sucesso profissional de Sam acaba entrando em conflito com a tentação. Habitual visitante de sites de pornografia, Sam passa a visitar também sites de acompanhantes, até que o desejo se torna mais forte do que a razão. 

Apesar de não ter recebido boas críticas, este “Zipper” é um interessante drama sobre sexo, poder e desejo. O personagem interpretado por Patrick Wilson é o protótipo de um sem número de homens, que casados há muito tempo, sentem que a idade está chegando e que este é o momento de aproveitar as delícias do sexo fácil, mesmo arriscando casamento e carreira. 

O roteiro também faz uma comparação entre prostituição e política, mostrando com sutileza as semelhanças das duas profissões que se baseiam na mentira, na troca de favores e nas aparências. A cena do envelope de dinheiro no final do longa é perfeita. 

Vale destacar ainda as quentes de cenas de sexo, muito bem filmadas por sinal. 

É um filme que vale a sessão para quem gosta do tema.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Prazeres Mortais

Prazeres Mortais (The Loft, Bélgica / EUA, 2014) – Nota 7,5
Direção – Erik Van Looy
Elenco – Karl Urban, James Marsden, Wentworth Miller, Eric Stonestreet, Matthias Schoenaerts, Isabel Lucas, Rachael Taylor, Rhona Mitra, Valerie Cruz, Kali Rocha, Elaine Cassidy, Margarita Levieva, Kristin Lehman, Robert Wisdom.

Ao entrar em luxuoso loft em Manhattan, Luke (Wentworth Miller) encontra uma garota algemada na cama, nua e morta. Desesperado, ele liga para quatro amigos. Vincent (Karl Urban), Chris (James Marsden), Marty (Eric Stonestreet) e Philip (Matthias Schoenaerts). 

A partir daí, o espectador descobre que o loft é utilizado como refúgio dos sujeitos para levaram suas amantes sem que suas esposas saibam. O problema é que cada um tem uma chave e todos alegam não conhecerem a jovem morta. Enquanto decidem o que fazer, a trama intercala cenas futuras em que eles estão sendo interrogados pela polícia, com flashbacks que mostram pistas sobre o que pode ter ocorrido no loft na noite em que a garota morreu. 

Este interessante suspense é uma refilmagem de um longa belga de 2008 dirigido pelo mesmo Erik Van Looy. Não assisti este longa para comparar, mas do diretor conheço o ótimo “O CasoAlzheimer”, que é uma credencial de respeito. 

O filme aqui prende a atenção através das idas e vindas da trama, que explora as três narrativas sem confundir o espectador e também sem entregar as respostas. Apenas na meia-hora final é que as pontas são amarradas. 

É um bom suspense policial, que om certeza agradará ao fãs do gênero.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Cut Bank

Cut Bank (Cut Bank, EUA, 2014) – Nota 6
Direção – Matt Shakman
Elenco – Liam Hemsworth, Teresa Palmer, John Malkovich, Billy Bob Thornton, Michael Stuhlbarg, Bruce Dern, Oliver Platt.

Na área rural da pequena cidade de Cut Bank em Montana, Dwayne (Liam Hemswoth) está filmando a namorada Cassandra (Teresa Palmer), quando numa estrada próxima ocorre um assassinato. A câmera de Dwayne filma um desconhecido dando dois tiros em um entregador dos correios (Bruce Dern) e roubando sua caminhonete. 

Dwayne mostra a filmagem para seu sogro (Billy Bob Thornton) e posteriormente para o xerife Vogel (John Malkovich), que se assusta com a cena. O bárbaro crime esconde uma complexa trama e ainda faz com que um sujeito recluso (Michael Stuhlbarg) inicie uma incessante busca por uma encomenda que desapareceu com o assalto. 

O roteiro explora a clássica trama do golpe aparentemente perfeito que falha ao deixar pistas e também ao atingir terceiros, causando situações inesperadas. 

Diferente de muitos filmes do gênero que levam a trama a sério, aqui o diretor insere pitadas de humor negro em meio as cenas violentas. 

O ritmo lento segue o estilo de vida nas pequenas cidades americanas, com personagens peculiares como o policial sensível interpretado por John Malkovich e coadjuvantes como a senhora atendente dos correios e a ex-miss que trabalha no bar. 

É um filme indeciso, estranho e que vale apenas como curiosidade. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Nu em Nova York & Dias Quentes em Hollywood

 

Nu em Nova York (Naked in New York, EUA, 1993) – Nota 5,5
Direção - Dan Algrant
Elenco - Eric Stoltz, Mary Louise Parker, Jill Clayburgh, Ralph Macchio, Timothy Dalton, Tony Curtis, Kathleen Turner, Whoopi Goldberg, Paul Guilfoyle, Roscoe Lee Browne, Calista Flockhart, LisaGay Hamilton, David Johansen.

Jake Briggs (Eric Stoltz) é um jovem que sonha em se tornar dramaturgo, enquanto sua namorada Joanne (Mary Louise Parker) inicia a carreira de fotógrafa. Os dois decidem morar juntos em Boston e Joanne consegue um emprego em uma galeria. Ao mesmo tempo, Jake recebe o convite para acompanhar a montagem de uma peça em Nova York que será baseada em sua primeira obra como autor. A distância entre as cidades e o assédio do proprietário da galeria (Timothy Dalton) sobre Joanne, colocam o relacionamento em cheque. 

O roteiro foca nos problemas de um relacionamento amoroso causado pela ambição profissional. O personagem de Eric Stoltz fica dividido entre o relacionamento e o ego em ver sua obra encenada no teatro. Sua visão da vida muda quando ele percebe o vazio dos relacionamentos entre os intelectuais novaiorquinos, seja ele profissional ou pessoal. 

Infelizmente, o filme é irregular, com personagens coadjuvantes caricaturais e uma história que não empolga, mesmo com a simpatia do personagem principal interpretado por Eric Stoltz. Entre os coadjuvantes, é curioso ver o outrora astro Tony Curtis e o eterno "Karatê Kit" Ralph Macchio interpretando um jovem homossexual. 

Dias Quentes em Hollywood ou Anjos da Violência (Quiet Days in Hollywood, Alemanha, 1997) – Nota 5,5
Direção – Josef Rusnak
Elenco – Hilary Swank, Peter Dobson, Daryl Mitchell, Meta Golding, Chad Lowe, Natasha Gregson Wagner, Bill Cusack, Jake Busey.

Num determinado dia em Hollywood, vários personagens se cruzam pela cidade e enfrentam seus problemas pessoais. A prostituta Lolita (Hilary Swank) faz um programa com Angel (Daryl Mitchell), que namora a garçonete Julie (Meta Golding), que no mesmo dia entra em conflito com o arrogante advogado Rich (Chad Lowe), que tentou agarrá-la no banheiro do restaurante onde trabalha. Rich é um mal caráter que tem um caso com a esposa do chefe (Natasha Gregson Wagner). O elenco tem ainda o ator Peter (Peter Dobson), que esconde ter um amante homem (Bill Cusack) para não atrapalhar sua carreira. 

Esta é mais uma produção que tentou seguir o filão criado por “Pulp Fiction”, o do gênero em que vários personagens marginais tem a vida modificada a partir de encontros, desencontros e conflitos. Infelizmente as histórias são desenvolvidas sem grande profundidade ou boas interpretações. O destaque do elenco fica para Hilary Swank, que se tornaria estrela no ano seguinte com o ótimo papel em “Meninos Não Choram”. 

domingo, 22 de novembro de 2015

A História Verdadeira

A História Verdadeira (True Story, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Rupert Goold
Elenco – Jonah Hill, James Franco, Felicity Jones, Maria Dizzia, Ethan Suplee, Robert John Burke, Gretchen Mol.

Após fazer uma matéria na África, o jornalista Michael Finkel (Jonah Hill) é demitido do New York Times por ter modificado a história para parecer mais realista. Ao mesmo tempo, um sujeito chamado Chris Longo (James Franco) é preso no México por ter fugido do país após assassinar a família no Oregon. 

O ponto em comum entre os dois casos está na atitude de Longo, que utilizava a identidade falsa de Finkel, mesmo sem jamais ter conhecido o jornalista pessoalmente. Ao ser avisado do caso por outro jornalista, o desempregado Finkel decide visitar Longo na cadeia para descobrir porque o sujeito utilizava seu nome. A inusitada situação dá início a uma relação de amizade antes do julgamento de Longo, mesmo com Finkel em dúvida sobre a culpa ou não do novo amigo. 

O primeiro ponto a se destacar nesta inacreditável história real é a dupla de protagonistas interpretada por Jonah Hill e James Franco, atores que geralmente se reúnem em comédias de Judd Apatow e Seth Rogen. Aqui a história é séria, o que faz com que o espectador tenha de encarar os dois atores de uma outra forma. Mesmo sem terem grandes atuações, os dois dão contam do recado. 

Ao mesmo tempo em que a trama é inusitada, não demora para o espectador entender o que realmente ocorreu. 

É um filme competente, que em alguns momentos tem cara de produção para tv, mas que não atrapalha a qualidade.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Abrigo Nuclear

Abrigo Nuclear (Brasil, 1981) – Nota 7
Direção – Roberto Pires
Elenco – Conceição Senna, Sasso Alano, Roberto Pires, Ronny Pires, Sandra Martins, Norma Bengell.

Em um futuro próximo, para fugir da poluição radioativa na Terra, os sobreviventes passaram a viver em um abrigo subterrâneo. Comandados com mão de ferro por Avo (Conceição Senna), as pessoas se vestem iguais e cumprem as ordens narradas diariamente. 

Durante uma exploração na superfície, Lat (o diretor Roberto Pires) percebe que algo estranho está ocorrendo e que pode resultar em consequências perigosas para as pessoas no abrigo. 

Ao retornar para o abrigo, Lat é proibido de investigar a situação por Avo e pressionado a ficar calado. Decidido, Lat se une a outras pessoas inconformadas por estarem "presas" no local e iniciam uma conspiração para descobrir a verdade sobre a vida na superfície Terra. 

Utilizando ideias dos filmes de ficção B dos anos cinquenta, com o estilo dos anos setenta, o diretor baiano Roberto Pires conseguiu criar com perfeição um abrigo nuclear asséptico, com corredores largos e efeitos especiais competentes para a época, principalmente por terem sido produzidos no Brasil. Vale citar ainda o estranho carro criado pelo diretor e utilizado pelo personagem principal nas expedições na superfície. 

O roteiro também explora com inteligência o totalitarismo comum as sociedades futuristas retratadas no cinema, sempre em conflito com a liberdade desejada pelo ser humano, além da preocupação com a poluição do planeta e a questão do medo de uma guerra nuclear que ainda era grande em 1981. 

Mesmo com interpretações teatrais, o filme vale a sessão por ser uma rara obra brasileira de ficção com qualidade. 

Descobri este surpreendente filme através do site CinePipocaCult da amiga Amanda.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Funeral em Berlim

Funeral em Berlim (Funeral in Berlin, EUA / Inglaterra, 1966) – Nota 6,5
Direção – Guy Hamilton
Elenco – Michael Caine, Paul Hubschmid, Oskar Homolka, Eva Renzi, Guy Doleman.

Harry Palmer (Michael Caine) é um agente do Serviço Secreto Inglês que está em Berlim com a missão de ajudar um coronel russo (Oskar Homolka) a atravessar o muro do lado oriental para o ocidente. O coronel deseja desertar  entregando informações sigilosas em troca de imunidade para viver na Inglaterra. Para completar a missão, Harry precisa ainda lidar com uma bela agente israelense (Eva Renzi) e com um agente duplo alemão (Paul Hubschmid). 

O ator Michael Caine interpretou o agente secreto Harry Palmer em três filmes nos anos sessenta e mais dois produzidos para a tv nos anos noventa. Harry Palmer foi um dos vários agentes que nasceram em livros sobre espionagem que foram adaptados para o cinema na esteira do sucesso de 007. Por sinal, o diretor Guy Hamilton dirigiu quatro filmes da franquia Bond na época. Este é o segundo filme com o personagem Harry Palmer, que tem como características principais o cinismo e a falta de respeito pelos superiores. 

A interpretação de Caine é um dos pontos altos, ao lado da complexa trama repleta de mentiras e traições. O problema é a narrativa lenta e a falta de ação. São duas ou três cenas de brigas que envelheceram bastante e um pouco de suspense na sequência final. É uma pena, o personagem e a trama tinham potencial para um filme bem melhor.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Quando Eu Era Vivo

Quando Eu Era Vivo (Brasil, 2014) – Nota 6
Direção – Marco Dutra
Elenco – Antônio Fagundes, Marat Descartes, Sandy Leah, Gilda Nomacce, Helena Albergaria. Lourenço Mutarelli.

Após perder o emprego e se separar da esposa, Júnior (Marat Descares) volta para a casa do pai (Antônio Fagundes), com quem mantém uma relação distante. No local, ele descobre que o pai alugou seu antigo quarto para Bruna (Sandy Leah), uma jovem estudante de música. 

Com uma personalidade introspectiva e insegura, Júnior sofre com sonhos sobre a infância, em que vê a mãe e o irmão participando de um estranho ritual na casa. Aos poucos, a obsessão pelo passado, a complicada relação com o pai e a atração por Bruna abalam o senso de realidade de Júnior. 

A parte inicial deixa a impressão de que veremos um drama sobre questões familiares e perdas, porém a história muda o foco durante o desenvolvimento, transitando entre o drama e o suspense com pitadas de terror. 

A tentativa de ser fazer algo do gênero no Brasil é válida, mas infelizmente o longa apresenta falhas na narrativa irregular e no estranho final. 

O elenco também é irregular, com o veterano Antônio Fagundes competente como o pai de uma família fora do comum, o bom ator Marat Descartes exagerando na apatia de seu personagem e a cantora Sandy apenas desfilando sua beleza. 

É um filme diferente, que vale mais como curiosidade do que pela qualidade.  

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Ninja - A Máquina Assassina & McQuade, o Lobo Solitário


Ninja – A Máquina Assassina (Enter the Ninja, EUA, 1981) – Nota 5  
Direção – Menahem Golan
Elenco – Franco Nero, Susan George, Sho Kosugi, Christopher George, Alex Courtney.

Um ninja vestido de branco é perseguido por vários outros ninjas com roupas vermelhas. Após derrubar todos os inimigos, o ninja branco tira a máscara e o espectador descobre que o personagem é interpretado pelo italiano Franco Nero, ator que fez grande parte da carreira em westerns e que na verdade aquilo era um teste para se tornar um verdadeiro ninja no Japão. 

Após ser cumprimentado pelos outros participantes, vemos que apenas um oriental (Sho Kosugi) demonstra não ter gostado da situação. Em seguida, a trama segue para as Filipinas, onde o novo ninja encontra um velho amigo que está sendo pressionado por uma quadrilha para vender suas terras após descobrirem que no local existe petróleo. 

Este longa absurdo fez um inacreditável sucesso na época, muito pelo público fã dos filmes de Kung Fung produzidos em Hong Kong nos anos setenta e que aqui tinham a chance de ver um ator ocidental como protagonista. 

Tudo no filme é clichê, começando pelo título que é um plágio do clássico “Operação Dragão (Enter the Dragon)”, passando pelos vilões caricatos, chegando até a luta final contra o desafeto interpretado pelo japonês Sho Kosugi. 

O sucesso do filme alavancou financeiramente a carreira dos produtores Menahem Golan e Yoram Globus, que produziram dezenas de tranqueiras pela Cannon nos anos oitenta. 

Finalizando, não se pode deixar de destacar a total falta de jeito de Franco Nero para o papel, tendo sido visivelmente substituído por um dublê em várias sequências. 

McQuade, o Lobo Solitário (Lone Wolf McQuade, EUA, 1983) – Nota 6,5
Direção – Steve Carver
Elenco – Chuck Norris, David Carradine, Barbara Carrera, Leon Isaac Kennedy, Robert Beltran, L.Q. Jones, Dana Kimmell, R.G. Armstrong, Sharon Farrell, William Sanderson.

J.J. McQuade (Chuck Norris) é um Texas Ranger considerado rebelde, que trabalha sozinho e que faz justiça a sua maneira. Quando sua filha (Dana Kimmell) fica à beira da morte por ter sido atacada após testemunhar o roubo de um carregamento de armas do exército pela quadrilha de Rawley Wilkes (David Carradine), McQuade inicia uma obsessiva caçada aos bandidos em busca de vingança. 

Típico filme dos anos oitenta repleto de clichês, mas que diverte pelas boas cenas de ação. Os tiroteios lembram um western spaghetti, enquanto o clímax é uma esperada luta de artes marciais entre Norris e o falecido David Carradine. 

O resultado é um interessante filme de ação para quem não exigir muito.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Maggie

Maggie – A Transformação (Maggie, EUA, 2015) – Nota 6
Direção – Henry Hobson
Elenco – Arnold Schwarzenegger, Abigail Breslin, Joely Richardson, Douglas M. Griffin, J.D. Evermore, Jodie Moore.

Uma epidemia causada por um vírus está transformando as pessoas em zumbis. A pessoa infectada passa por um período de transformação em torno de duas semanas, até chegar num ponto em que a fome por carne humana se torna maior que a consciência. 

Neste contexto, no meio-oeste americano, o fazendeiro Wade Vogel (Schwarzenegger) localiza a filha Maggie (Abigail Breslin) que fora infectada após ser mordida e que estava em observação num hospital. Com ajuda de um amigo médico, Wade consegue liberar a filha, que pela lei deveria ser entregue as autoridades e levada para quarentena. Durante vários dias, Wade sofrerá com a dúvida sobre o que fazer quando a filha se transformar, enquanto a pobre Maggie tentará levar uma vida normal até o fim. 

Os filmes sobre zumbis seguem sempre a mesma cartilha, sendo complicado fugir dos clichês. Este longa tem mudar o enfoque criando alguns detalhes diferentes. Aqui, a pessoas vivas é que se transformam, aparentemente os mortos não voltam. O tempo de infecção é maior, o que deixa margem para o governo criar um plano de contingência, mesmo que seja para exterminar os infectados. Desta forma, consequentemente o caos é menor. 

A partir destes detalhes, o filme se revela muito mais um drama do que um longa sobre zumbis. Não espere cenas de ação ou violência. A premissa é até interessante, o problema está na realização. A narrativa é arrastada, a fotografia desbotada é estranha e os inusitados ângulos de câmera também não funcionam. 

É uma pena, colocar Schwarzenegger para interpretar um papel dramático em um filme com zumbis sem cenas de ação resulta num grande desperdício.  

domingo, 15 de novembro de 2015

3 Dias Para Matar

3 Dias Para Matar (3 Days to Kill, EUA / França, 2014) – Nota 6,5
Direção – McG
Elenco – Kevin Costner, Amber Heard, Hailee Steinfeld, Connie Nielsen, Tomas Lemarquis, Richard Sammel.

Durante uma missão, o agente da CIA Ethan Renner (Kevin Costner) passa mal e descobre que está com um câncer terminal. Aposentado compulsoriamente, Ethan decide se reaproximar da esposa (Connie Nielsen) e da filha adolescente (Hailee Steinfeld) que moram em Paris. 

A tentativa de resolver a vida pessoal antes de morrer acaba se confundindo com um novo trabalho e uma chance de sobrevida. Outra agente da CIA (Amber Heard) o procura oferecendo uma droga experimental que pode salvar sua vida, mas em troca deseja que Ethan mate dois terroristas conhecidos como “O Albino” e “O Lobo”. 

Esta trama de ação filmada na França é mais uma obra produzida e escrita por Luc Besson, que explora os cenários da Europa escalando um astro americano para ser o herói da vez. 

O filme mistura os estilos de Besson e do diretor McG, apresentando uma narrativa ágil, cenas de ação aceleradas e explosivas, com toques de drama e pitadas de comédia. 

Não tem muito o que analisar, é um filme para o espectador que gosta do gênero se divertir com os absurdos, assim como o astro Kevin Costner parece ter se divertido no papel principal. 

sábado, 14 de novembro de 2015

A Conspiração

A Conspiração (The Conspiracy, Canadá, 2012) – Nota 7
Direção – Christopher MacBride
Elenco – Aaron Poole, James Gilbert, Alan C. Peterson, Ian Anderson.

Os documentaristas Aaron (Aaron Poole) e Jim (James Gilbert) estão entrevistando um estranho sujeito especialista em teorias de conspiração chamado Terrence (Alan C. Peterson). O homem coleciona recortes de jornais e revistas sobre assuntos que acredita serem pequenas partes de uma conspiração global. 

Quando o sujeito desaparece, Aaron fica curioso com a quantidade de fatos que o homem catalogou e decide tentar encontrar um padrão nas teorias conspiratórias. Por outro lado, o cético Jim acompanha Aaron na investigação apenas por causa da amizade. 

Desde o inesperado sucesso de “A Bruxa de Blair” em 1999, o cinema abraçou o gênero do falso documentário, rendendo diversas obras, algumas ruins e outras interessantes como este “A Conspiração”. 

O filme pode ser dividido em dois atos. No primeiro, a narrativa cita “recortes” de situações que realmente parecem uma conspiração, como por exemplo os ataques de 11 de Setembro, a reunião do Grupo Bilderberg e a teoria da Nova Ordem Mundial, utilizando o personagem de Terrence como interlocutor. A partir do momento do sumiço de Terrence, a trama muda o foco para o suspense, com a entrada em cena de um enigmático personagem (Ian Anderson) e a história de uma sociedade secreta. 

A estranha trilha sonora, a câmera nervosa e a paranoia dos personagens ajudam a criar um clima de suspense interessante, que prende atenção do início ao fim. 

Vale destacar ainda os questionamentos que ficam após o final do falso doc. Por mais que seja uma obra de ficção, muitos dos fatos abordados aqui podem ser verdadeiros, mesmo que em versões um pouco diferentes. 

Para quem gosta do tema, indico os documentários investigativos de Alex Jones que estão disponíveis no Youtube e que no mínimo deixarão uma dúvida na cabeça de quem assistir. 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Bata Antes de Entrar

Bata Antes de Entrar (Knock Knock, EUA / Chile, 2015) – Nota 6,5
Direção – Eli Roth
Elenco – Keanu Reeves, Lorenza Izzo, Ana de Armas, Aaron Burns, Ignacia Allamand, Colleen Camp.

Na véspera do feriado do Dia dos Pais, o arquiteto Evan Webber (Keanu Reeves) decide ficar sozinho em sua bela casa no subúrbio para trabalhar em um projeto, enquanto sua esposa (Ignacia Allamand) segue com o casal de filhos para a praia. 

No início da madrugada, durante uma chuva forte, duas belas garotas (Lorenza Izzo e Ana de Armas) batem em sua porta e pedem ajuda para localizar um endereço. Querendo ser educado e ao mesmo tempo sentindo-se atraído pelas jovens, Evan as deixa entrar, dando início a um jogo de sedução que se transforma numa assustadora perseguição. 

O roteiro escrito por Eli Roth não apresenta grandes surpresas e recicla ideias de filmes como “Menina Má.com” e o clássico “Atração Fatal” , mas conhecendo o estilo do diretor, o destaque positivo é o suspense criado na maluca relação das garotas com o personagem de Keanu Reeves, com situações que fogem do derramamento de sangue, bem diferente de seus trabalhos anteriores. 

Vale destacar ainda a cena de sexo a três extremamente quente e bem filmada, deixando ótima margem para a imaginação do espectador. 

Não se preocupe com a costumeira interpretação ruim de Reeves ou algumas situações sem explicação, divirta-se com o jogo de gato e rato, ou ainda, fique incomodado com o sofrimento do personagem principal.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Cake - Uma Razão Para Viver

Cake – Uma Razão Para Viver (Cake, EUA, 2014) – Nota 7,5
Direção – Daniel Barnz
Elenco – Jennifer Aniston, Adriana Barraza, Anna Kendrick, Sam Worthington, Mamie Gummer, Felicity Huffman, William H. Macy, Chris Messina, Lucy Punch, Britt Robertson.

Em uma reunião de um grupo de apoio, a coordenadora (Felicity Huffman) tenta saber o sentimento das participantes em relação a uma colega (Anna Kendrick) que cometeu suicídio. Após alguns depoimentos, Claire Bennett (Jennifer Aniston) choca as companheiras ao questionar a escolha da pessoa que se suicidou, a forma que ela encontrou para realizar seu desejo de pôr fim à vida e os detalhes do ocorrido. 

Claire sofre com dores terríveis nas pernas, tem várias cicatrizes pelo corpo, está viciada em analgésicos e abusa da ironia e do cinismo para enfrentar o dia a dia. Sua relação mais próxima é com a empregada Silvana (Adriana Barraza), que mesmo sendo obrigada a aguentar o mau humor de Claire, se preocupa com a patroa como se fosse uma filha. 

Intrigada com o suicídio da colega e tentando entender seu próprio sofrimento, Claire se aproxima do marido da jovem, Roy (Sam Worthington), que tenta seguir a vida criando o filho pequeno. 

Um dos pontos positivos deste drama sobre depressão e tragédia é não cair no melodrama. O roteiro de Patrick Tobin descreve com realismo o sofrimento enfrentado pela personagem de Jennifer Aniston, revelando aos poucos os detalhes da tragédia que mudou completamente sua vida. 

Esta sobriedade é valorizada pelas interpretações de Jennifer Aniston e Adriana Barraza, que criam uma inusitada relação permeada por diferenças de atitudes, de costumes e do modo de enfrentar a vida. Aniston mostra que além da conhecida veia cômica, também tem talento para personagens mais profundas. 

É um drama triste, mas com pitadas de esperança.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Busca Implacável 3

Busca Implacável 3 (Taken 3, França, 2014) – Nota 6
Direção – Olivier Megaton
Elenco – Liam Neeson, Forest Whitaker, Famke Janssen, Maggie Grace, Dougray Scott, Sam Spruell, Don Harvey, Dylan Bruno, Leland Orser, David Warshofsky, Jon Gries.

Após salvar a família nos filmes anteriores, o agente secreto aposentado Bryan Mills (Liam Neeson) tenta levar uma vida normal, até que a ex-esposa (Famke Janssen) é assassinada em sua casa e ele passa a ser o principal suspeito. Perseguido por um detetive detalhista (Forest Whitaker), Bryan utiliza sua experiência para investigar o caso por conta própria e assim provar sua inocência. 

Além das cenas de ação eletrizantes, os dois filmes anteriores tinham como diferencial a locação em cidades europeias, sem contar as tramas que eram até certo ponto bem amarradas. 

Infelizmente este terceiro longa falha no roteiro totalmente previsível e nos vilões sem carisma algum. Até mesmo as cenas de ação não empolgam. 

A tentativa de dar um plus a série com a entrada de Forest Whitaker pouco ajuda. O ator volta a interpretar um policial que lembra seu trabalho na antiga série “The Shield”. 

Liam Neeson continua competente como protagonista de ação, mas desta vez o filme fica aquém do esperado. 

Como curiosidade, o canastrão Dougray Scott quase foi o escolhido para ser 007 após a saída de Pierce Brosnan da série. Para sorte dos fãs, o papel ficou com Daniel Craig.

domingo, 8 de novembro de 2015

A Grande Virada

A Grande Virada (The Company Men, EUA / Inglaterra, 2010) – Nota 7
Direção – John Wells
Elenco – Ben Affleck, Tommy Lee Jones, Chris Cooper, Kevin Costner, Maria Bello, Craig T. Nelson, Rosemarie DeWitt, Eamonn Walker, Anthony O’Leary, Angela Rezza, John Doman.

Após divulgar o balanço anual, a corporação GTX vê suas ações despencarem. Para acalmar o mercado, o CEO Salinger (Craig T. Nelson) determina um grande corte de custos, começando pela dispensa de vários funcionários. 

Entre os dispensados está o executivo Bobby Walker (Ben Affleck), que é casado, tem dois filhos e um alto padrão de vida. Acreditando que conseguirá emprego rapidamente, Bobby inicia uma peregrinação, primeiro em uma empresa de recolocação, depois em diversas entrevistas frustantes. 

O roteiro escrito pelo próprio diretor John Wells, utiliza como premissa a crise financeira que os Estados Unidos passava na época e a consequente onda de desemprego que tomou conta do país. 

Além do personagem de Affleck, a trama acompanha também o vice-presidente da empresa vivido por Tommy Lee Jones, que começa a questionar sua vida profissional ao ver antigos amigos serem demitidos, como o diretor vivido por Chris Cooper e sua vida pessoal, como seu casamento falido e a relação com a amante ambiciosa (Maria Bello). 

A crítica sobre a ganância dos executivos das grandes empresas, os processos seletivos hipócritas e as falsas amizades profissionais são os pontos altos o longa. 

O filme perde pontos ao exagerar em uma determinada decisão de um personagem e querer compensar através de um final esperançoso, porém um pouco longe da realidade.  

sábado, 7 de novembro de 2015

Dope

Dope (Dope, EUA, 2015) – Nota 7,5
Direção – Rick Famuyiwa
Elenco – Shameik Moore, Toni Revolori, Kiersey Clemons, Kimberly Elise, Keith Stanfield, Blake Anderson, Rakim Mayers “A$ap Rocky”, Zoe Kravitz, De’aundre Bonds, Chanel Iman, Quincy Brown, Roger Guenveur Smith, Forest Whitaker.

Malcolm (Shameik Moore), Jib (Toni Revolori) e Diggy (Kiersey Clemons) são adolescentes que estão no último ano de colégio e pretendem entrar na universidade. A dificuldade encontrada por estes jovens é que eles vivem no violento bairro de Inglewood em Los Angeles. 

Verdadeiros geeks que se vestem e cortam o cabelo como se estivessem nos anos noventa e ainda curtem o hip-hop da época, o trio é visto como pessoas diferentes da maioria dos jovens do bairro. 

Quando Malcolm fica atraído pelo namorada de um jovem traficante e acaba convidado pela garota para ir a festa de aniversário do sujeito, ele e os amigos não imaginam que serão testemunhas de um tiroteio. Após fugirem da confusão, Malcolm descobre que alguém colocou vários pacotes de drogas em sua mochila. 

Quando o então jovem diretor John Singleton estreou aos vinte e três anos comandando “Boyz'n the Hood - Os Donos da Rua”, ele não imaginava que estaria criando um novo gênero, o de filmes sobre os bairros pobres de Los Angeles. 

O diretor Rick Famuyiwa bebe na fonte da obra de Singleton para criar uma história com a cara dos dias atuais. Diferente do longa de 1991, que era uma drama violento e pesado, aqui a violência se mistura a esperança de uma vida melhor, até mesmo utilizando toques de comédia em algumas sequências, dando um ar mais leve para narrativa. 

O trio de jovens retratados aqui são pessoas normais, que sofrem pela violência ao redor, mas que levam uma vida correta e acabam envolvidos com traficantes por conta do destino. 

É interessante também a forma como o roteiro faz com que os jovens resolvam a situação, utilizando seu conhecimento de tecnologia e fugindo dos clichês do gênero. 

Vale destacar a atuação espontânea do trio principal e a narração de Forest Whitaker.

Como curiosidade, no início do filme surge na tela uma explicação sobre a palavra dope. Uma gíria que pode significar drogas, sujeito drogado ou ainda uma pessoa ingênua.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Desaparecidos

Desaparecidos (Trade, EUA / Alemanha, 2007) – Nota 7,5
Direção – Marco Kreuzpaintner
Elenco – Kevin Kline, Cesar Ramos, Alicja Bachleda, Paulina Gaitan, Marco Perez, Linda Emond, Zack Ward, Kate Del Castillo, Tim Reid, Pascha D. Lychnikoff.

Na Cidade do México, Jorge (Cesar Ramos) ganha a vida enganando turistas com a ajuda de seus amigos. Quando sua irmã de apenas treze anos Adriana (Paulina Gaitan) é sequestrada por traficantes de pessoas, Jorge inicia uma busca desesperada pela garota. 

Ao seguir a pista dos traficantes, Jorge cruza o caminho de Ray (Kevin Kline), um detetive particular americano que procura outra garota. Mesmo tendo vidas opostas e uma grande diferença de idade e de valores, o objetivo em comum faz com que juntem forças para a caçada. 

A premissa é instigante, assim como a primeira parte que se passa na Cidade do México e mostra os sequestros da menina Adriana e de uma garota polonesa (Alicja Bachleda) que se torna vítima do clássico golpe do emprego falso. 

O desenvolvimento da trama no estilo road movie durante a incessante busca também é competente, destacando ainda a crueldade com que os sequestradores tratam as vítimas. Algumas sequências de abusos são de virar o estômago. 

Alguns problemas do roteiro surgem no terço final, quando coincidências levam até um clímax que flerta com os clichês do gênero policial. 

Os letreiros finais citam o enorme número de pessoas que são vendidas como escravas em pleno século XXI e como as autoridades fecham os olhos para a situação. Por sinal, o “Trade” do título significa “Comércio”.  

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Narcos

Narcos (Narcos, EUA, 2015)
Direção - José Padilha, Fernando Coimbra, Guillermo Navarro & André Baiz
Elenco - Wagner Moura, Boyd Holbrook, Pedro Pascal, Joanna Christie, Maurice Compte, Paulina Gaitan, Danielle Kennedy, Richard T. Jones, Luis Guzman, Juan Pablo Raba, Raul Mendez, André Mattos, Roberto Urbina, Michael St. Spirit, Ana de la Reguera.

No final dos anos oitenta, o colombiano Pablo Escobar (Wagner Moura) se tornou um dos homens mais ricos do mundo ao comandar uma rota de tráfico internacional entre a Colômbia e os Estados Unidos.

Na época, o governo americano ainda estava mais preocupado com os comunistas do que com o tráfico de drogas. Mesmo assim, soldados americanos atuavam na Colômbia e o DEA enviou Steve Murphy (Boyd Holbrook) para analisar a situação das drogas no país.

A chegada de Murphy em Medellin coincide com a tentativa de Escobar em entrar para a política, fato que colocou o traficante no radar dos americanos e deu início a uma série de assassinatos, atentados e sequestros por toda a Colômbia.

Esta série com dez episódios é baseada na história real de Pablo Escobar, um sujeito frio, calculista, violento e obcecado pelo poder, que não aceitava ser confrontado. Ele nasceu pobre no bairro de Antioquia em Medellin e aos poucos foi construindo seu império através do tráfico e da violência, ao mesmo tempo em que tinha a simpatia de muitas pessoas humildes por construir casas, escolas, campos de futebol e até distribuir dinheiro.

A história de Escobar é um verdadeiro roteiro de cinema e demorou bastante para uma grande produção explorar o tema. Apenas "Profissão de Risco" de 2001 abordava parte da história de Escobar, porém seu personagem era um coadjuvante, pois a trama focava em George Jung (Johnny Depp), o sujeito que abriu as portas dos Estados Unidos para o tráfico de cocaína.

A série mistura com competência cenas de violência em paralelo com a corrupção da polícia e do exército, além dos bastidores políticos das negociações de Escobar com o governo e com outros traficantes. Um dos personagens mais importantes da série é o ex-presidente colombiano César Gaviria (Raul Mendez), que foi eleito após outro candidato que era seu amigo ser assassinado e obrigado a enfrentar uma enorme onda de violência.

Apesar de ser uma boa série, algumas coisas incomodam. É estranho ver Wagner Moura falando em espanhol e com um olhar perdido, como se estivesse sempre depressivo à espera de um motivo para descontar seu ódio em alguém.

O personagem de Boyd Holbrook não convence. Mesmo sendo o narrador da história, em momento algum ele passa a força que seu personagem deveria ter. Falta carisma e um pouco mais de talento para o ator,

Acredito ainda que com mais de dois ou três episódios a história fecharia mais compacta. O que restou da história real para a segunda temporada, a princípio parece pouca coisa para segurar mais dez episódios. Vamos esperar para conferir.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Na Próxima, Acerto no Coração

Na Próxima, Acerto o Coração (La Prochaine fois je Viserai le Coeur, França, 2014) – Nota 6,5
Direção – Cédric Anger
Elenco – Guillaume Canet, Ana Girardot, Jean Yves Berteloot, Patrick Azam, Douglas Attal.

Cidade de Osie, França, 1978. Uma garota de bicicleta é atropelada e brutalmente assassinada com um tiro sem motivo algum. O assassino é Franck Neuhart (Guillaume Canet), um jovem policial que trabalha na guarda nacional, a chamada Gendarmeria. 

Sem levantar suspeitas dos companheiros de trabalho, Franck participa ativamente da busca pelo assassino, que ele é mesmo, além de enviar cartas para a polícia ameaçando cometer outros assassinatos. 

Baseado numa história real, este longa policial avisa nos letreiros iniciais que o espectadora verá uma história absurda, que foi transportada para o cinema a partir dos documentos oficiais da investigação. 

O ponto principal do roteiro não é o suspense, desde o início o espectador sabe quem é o assassino, a proposta é dissecar a personalidade distorcida do protagonista, mostrando seu incômodo ao conversar com os pais, o carinho pelo irmão menor, as mentiras no trabalho e a complexa relação de amor e ódio com a doce namorada (Ana Girardot). 

Quase tudo é estranho no filme, começando pelo protagonista, passando pela narrativa, até a trilha sonora que parece de filme de terror B. 

No final, a história se mostra mais interessante que o filme.   

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Aliança do Crime

Aliança do Crime (Black Mass, EUA / Inglaterra, 2015) – Nota 8
Direção – Scott Cooper
Elenco – Johnny Depp, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Dakota Johnson, Kevin Bacon, Peter Sarsgaard, Jesse Plemons, Rory Cochrane, David Harbour, Adam Scott, Corey Stoll, Julianne Nicholson, W. Earl Brown, Bill Camp, Juno Temple.

Sul de Boston, 1975. Jimmy “Whitey” Bulger (Johnny Depp) comanda um grupo de bandidos descendentes de irlandeses que dominam a região. Quando o amigo de infância John Connolly (Joel Edgerton) volta para o bairro, agora trabalhando como agente do FBI, nasce um insólito acordo. 

O objetivo do ambicioso Connolly é acabar com a Máfia Italiana que é inimiga dos irlandeses. Para isso, Connolly promete proteger Whitey em troca de informações que levem os mafiosos italianos para prisão. Para a situação ficar ainda mais complexa, Whitey tem um irmão que é Senador (Benedict Cumberbatch). Esta relação de favores e corrupção durará mais de vinte anos. 

Baseado numa história real que lembra a corrupção no Brasil, este ótimo drama policial apresenta mais uma grande atuação de Johnny Depp, que novamente se transforma na aparência, estando quase careca e na voz soturna que faz gelar a alma dos inimigos. 

O roteiro segue com detalhes a violenta saga de Whitey, um personagem complexo e contraditório. Ele se mostra ao mesmo tempo amoroso com sua família e totalmente cruel com os inimigos, principalmente aqueles que ele considera traidores. Uma contradição, levando em conta que ele mesmo era informante do FBI, mas não aceitava ser considerado um delator. 

Vale destacar ainda o ótimo elenco de apoio, com Peter Sarsgaard como um bandido pé-de-chinelo, o estranho Jesse Plemons como um capanga e o braço-direito de Whitey vivido por Rory Cochrane, ator promissor nos anos noventa, que há muito não conseguia um bom papel no cinema. 

Não tem a mesma qualidade ou o talento do envolvidos, mas mesmo assim o longa lembra um pouco o clássico “Os Bons Companheiros”. 

Para quem gosta do estilo, o filme é uma ótima opção.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Nocaute

Nocaute (Southpaw, EUA, 2015) – Nota 7,5
Direção – Antoine Fuqua
Elenco – Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Forest Whitaker, Oona Laurence, Curtis “50 Cent” Jackson, Miguel Gomez, Skylan Brooks, Naomi Harris.

Após vencer mais uma luta pelo título mundial de boxe e manter sua invencibilidade na carreira, Billy Hope (Jake Gyllenhaal) fica dividido entre o desejo da esposa Maureen (Rachel McAdams) para que ele abandone a carreira e a pressão de seu empresário (Curtis “50 Cent” Jackson) para assinar um milionário contrato que prevê mais três combates. Antes de decidir qual caminho seguir, um fato inesperado mudará completamente a vida de Billy. 

Mesmo tendo perdido espaço na mídia nos últimos anos para o MMA, o boxe ainda é um esporte com potencial para grandes histórias, tanto pelo talento, carisma e ambição dos lutadores, quanto pela violência, ganância dos empresários e corrupção. 

Esta incursão do diretor Antoine Fuqua (“Dia de Treinamento”, “O Protetor”) no gênero explora todos estes detalhes, incluindo os altos e baixos da carreira do boxeador e de sua vida pessoal. 

O roteiro não apresenta surpresas, as situações mostradas aqui nós já vimos em vários filmes sobre boxe, como a série “Rocky” e o clássico “Marcado Pela Sarjeta” com Paul Newman, mas isso não é demérito, Fuqua consegue manter o interesse na trama durante todo o filme, através de uma boa narrativa e pelo talento de atores como Gyllenhaal e Forest Whitaker. 

Não é nada que irá revolucionar o cinema, mas se mostra um competente drama sobre o mundo do boxe.