sábado, 30 de novembro de 2019

Parasita

Parasita (Gisaengchung, Coreia do Sul, 2019) – Nota 8,5
Direção – Bong Joon Ho
Elenco – Kang Ho Song, Sun Kyun Lee, Yeo Jeong Jo, Woo Sik Choi, Hye Jin Jang, So Dam Park, Ji So Jung.

Uma família de desempregados que vive em um porão fazendo pequenos bicos para sobreviver, vê a chance de mudar de vida quando o filho Ki Woo (Woo Sik Choi) é indicado por um amigo e consegue um emprego para ensinar inglês para a filha adolescente de um casal rico. 

Este é o tipo de filme em que quanto menos o espectador souber maior será a surpresa, ou melhor, as surpresas. 

O roteiro escrito pelo ótimo diretor Bong Joon Ho, de filmes marcantes como “Expresso do Amanhã”, “Mother – A Busca Pela Verdade” e “Memórias de um Assassino” detalha uma história em que as aparências enganam. 

Uma sequência de mentiras que chegam a ser engraçadas na primeira hora se transformam em uma situação insustentável envolvendo ambição e preconceito, chegando até um pesado clímax. 

É mais um filme que comprova a alta qualidade do cinema sul-coreano.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Primeiro Ano

Primeiro Ano (Premiere Année, França, 2018) – Nota 7
Direção – Thomas Lilti
Elenco – Vincent Lacoste, William Lebghil, Michel Lerousseau, Darina Al Joundi.

Benjamin (William Lebghill) é um jovem que está iniciando o primeiro ano no curso de medicina influenciado pelo pai, porém deixa transparecer uma certa dúvida em relação a carreira. 

Antoine (Vincent Lacoste) repetiu duas vezes o primeiro ano e agora tem a última chance de realizar o sonho de se tornar médico. Os dois criam um laço de amizade e passam a estudar juntos para enfrentar o desafio. 

Citei em uma postagem recente do filme “Hipócrates” a história do diretor Thomas Lilti, que também é médico. Ele fez uma trilogia sobre a profissão que segue com “O Insubstituível” que eu ainda não conferi e termina com este “Primeiro Ano”. 

O foco aqui é mostrar a pressão que os alunos enfrentam no primeiro ano de curso de medicina na França, que é utilizado como peneira. No filme é citado que de 2500 alunos, apenas os 329 primeiros serão aprovados e poderão seguir para o segundo ano de curso. 

O roteiro escrito pelo diretor utiliza como exemplo dois protagonistas diferentes no pensamento em relação a profissão. Ele explora também a questão de como estudar. Enquanto alguns aprendem determinada matéria facilmente, outros estudam horas a fio e sofrem para entender ou memorizar. 

É interessante também um coadjuvante citando que os alunos que passam neste concorrido curso nem sempre são os melhores, mas geralmente são aqueles que entendem melhores “os códigos”, ou seja, focam direto no resultado sem preocupação no aprofundamento da matéria. 

É um bom filme para o público comum e provavelmente mais interessante para quem estuda ou estudou medicina.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

O Segredo de Vera Drake

O Segredo de Vera Drake (Vera Drake, Inglaterra / França, 2004) – Nota 7,5
Direção – Mike Leigh
Elenco – Imelda Staunton, Phil Davis, Peter Wight, Daniel Mays, Eddie Marsan, Anna Keaveney, Jim Broadbent, Lesley Manville, Sally Hawkins, Ruth Sheen, Chris O’Dowd.

Londres, 1950. Vera Drake (Imelda Staunton) trabalha como doméstica em várias casas, ajuda alguns vizinhos que enfrentam problemas e ainda cuida de sua família. 

O que o marido (Phil Davis) e o casal de filhos adultos (Daniel Mays e Anna Keaveney) não sabem é que Vera também auxilia jovens solteiras grávidas que querem abortar. A vida da família vira um inferno quando um determinado fato leva Vera a enfrentar a justiça. 

Especialista em dramas que focam em pessoas comuns enfrentando problemas da vida real, neste longa o diretor Mike Leigh explora o polêmico tema do aborto sem apelar para panfletagem. 

Ele deixa claro que a forma que a protagoniza utiliza para auxiliar as jovens é totalmente errada, mas ao mesmo tempo ele cria uma pequena narrativa em paralelo com a personagem de Sally Hawkins mostrando como as pessoas da classe alta na época tinham facilidade para resolver este “problema” pelas vias normais. É um tema que até hoje desperta discussões acaloradas e que acredito que jamais terá um consenso. 

Vale destacar a brilhante atuação de Imelda Staunton, que praticamente cria duas personagens diferentes no mesmo filme. Na primeira parte se mostrando feliz e pronta para ajudar, enquanto na segunda afundando na tristeza ao ver sua vida ser destruída. 

É um drama forte que merece ser conhecido.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Stuber

Stuber (Stuber, EUA, 2019) – Nota 7
Direção – Michael Dowse
Elenco – Kumail Nanjiani, Dave Bautista, Mira Sorvino, Natalie Morales, Iko Uwais, Betty Gilpin, Karen Gillan, Jimmy Tatro.

Vic (Dave Bautista) é um policial que teve a parceira assassinada por um terrorista (Iko Uwais). 

Algum tempo depois, no dia em que fez uma cirurgia para correção de um problema nos olhos, surge uma pista do paradeiro do sujeito.

Mesmo com a visão prejudicada, Vic decide seguir a pista, porém logo tem um acidente com o carro. Obcecado, ele chama o Uber do pobre Stu (Kumail Nanjiani), que se torna seu inusitado parceiro na caçada ao assassino. 

Esta divertida mistura de ação e comédia bebe na fonte dos filmes do gênero dos anos oitenta ao unir o brutamontes Dave Bautista com o comediante Kumail Nanjiani. 

Mesmo com alguns exageros habituais do gênero, o longa tem vários pontos positivos como a química entre a dupla de atores, as agitadas cenas de ação e correria com a boa participação do astro indonésio Iko Uwais, além de diálogos divertidos, vários deles com referência a outros filmes. 

Não se pode deixar de citar também a enorme propaganda do Uber. 

Para um gênero tão desgastado quanto a comédia, este longa acaba sendo uma agradável surpresa.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

A Freira & Exorcismos e Demônios


A Freira (The Nun, EUA, 2018) – Nota 5,5
Direção – Corin Hardy
Elenco – Demian Bichir, Taissa Farmiga, Jonas Bloquet, Bonnie Aarons, Ingrid Bisu, Patrick Wilson, Vera Farmiga, Lili Taylor.

Interior da Romênia, 1952. Em um convento isolado, duas freiras são atacadas por uma força sobrenatural. O corpo de uma delas é encontrado por um jovem aldeão (Jonas Bloquet). O Vaticano envia o padre Burke (Demian Bichir) e a noviça Irene (Taissa Farmiga) para investigar o ocorrido. Na vila próxima ao convento, os moradores demonstram medo acreditando que o local é amaldiçoado. 

O sucesso dos ótimos “Invocação do Mal  1 e 2” abriu caminho para franquias paralelas explorando o mesmo universo, resultando nos três filmes “Annabelle”, em “A Maldição da Chorona” e este "A Freira" que comento aqui. 

O longa começa de forma interessante ao apresentar um clima de tragédia e uma locação sinistra, porém o desenrolar do roteiro e da narrativa deixam bastante a desejar. A história é previsível e várias sequências parecem perdidas, sem grande conexão. São sequências que intercalam sustos com o padre e a noviça, porém sem aprofundamento algum na roteiro. 

É um filme fraco indicado apenas os fãs radicais do gênero.

Exorcismos e Demônios (The Crucifixion, Inlgaterra / Romênia / EUA, 2017) – Nota 5,5
Direção – Xavier Gens
Elenco – Sophie Cookson, Corneliu Ulici, Ada Lupu, Brittany Ashworth, Catalin Babliuc, Matthew Zajac.

Romênia, 2004. Numa pequena vila, um exorcismo comandando por um padre termina na morte da freira que aparentemente estava possuída por um demônio. A notícia chega aos Estados Unidos e a jovem repórter Nicole (Sophie Cookson) consegue convencer seu editor a enviá-la para Romênia para fazer uma matéria sobre o fato. Ao chegar no local e começar sua investigação, a descrente Nicole passa a sofrer com pesadelos e alucinações, ficando em dúvida se realmente o que ocorreu foi algo sobrenatural. 

Os créditos iniciais citam que o filme é baseado em uma história real e a primeira sequência do exorcismo chega a assustar. O clima de misticismo da vila também é interessante, mas infelizmente os pontos positivos ficam por aí. 

O desenvolvimento da história é repleto de clichês ao explorar sustos, personagens bizarros e segredos religiosos. O filme perde pontos também pelas fracas atuações do elenco. 

Como acontece muito neste gênero, a boa premissa acaba desperdiçada, resultando em um obra abaixo do razoável.  

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Tristeza e Alegria

Tristeza e Alegria (Sorg og Glaede, Dinamarca, 2013) – Nota  7,5
Direção – Nils Mamros
Elenco – Jakob Cedergren, Helle Fagralid, Ida Dwinger, Kristian Halken, Nicolas Bro, Soren Pilmark.

Dinamarca, 1984. O diretor de cinema Johannes (Jakob Cedergren) volta de viagem e descobre que sua esposa Signe (Helle Fagralid) matou o bebê do casal. 

Tentando entender os motivos que levaram a mulher a cometer um ato tão terrível e ao mesmo tempo sendo obrigado a lidar com a questão judicial, Johannes é entrevistado por um psiquiatra forense (Nicolas Bro). 

A conversa abre o caminho para flashbacks que detalham a relação do casal e principalmente como o estado mental de Signe foi se deteriorando. 

Este longa é baseado em um fato real ocorrido na vida do diretor Nils Mamros, que por sinal explorou situações de sua vida pessoal em todos os seus trabalhos. Este “Tristeza e Alegria” é considerado pelo diretor como o fechamento de sua carreira. 

É interessante verificar que ele mesmo faz um mea-culpa em relação a forma como tratava a esposa antes da tragédia, sempre demonstrando uma espécie de superioridade intelectual. 

O roteiro escrito por ele também foca em como o ser humano é influenciado por seus sentimentos. A tristeza e a alegria do título muitas vezes surgem da forma como encaramos uma determinada situação ou um simples comentário. 

Apesar do tema forte no início, o filme é sóbrio e realista, que faz pensar sobre o porquê de nossas atitudes e também sobre a complexidade dos relacionamentos.

domingo, 24 de novembro de 2019

O Sonho de Cassandra

O Sonho de Cassandra (Cassandra's Dream, EUA / Inglaterra / França, 2007) – Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Ewan McGregor, Colin Farrell, Tom Wilkinson, Hayley Atwell, Sally Hawkins, John Benfield, Clare Higgins, Phil Davis.

Em Londres, os irmãos Ian (Ewan McGregor) e Terry (Colin Farrell) tem vidas e objetivos bem diferentes, mas em comum a necessidade de conseguir dinheiro. 

Ian administra o restaurante dos pais, mas deseja investir em uma rede de hotéis nos EUA, enquanto Terry perdeu um fortuna no jogo de cartas e precisa de dinheiro com urgência. 

A aparente chance de resolver seus problemas surge quando o tio rico que vive nos EUA (Tom Wilkinson) vem para Londres visitar a família. Ao pedir dinheiro para o tio, os irmãos recebem uma inusitada contraproposta. 

Apesar das críticas ruins na época, este longa segue o estilo comum aos filmes de Woody Allen, explorando situações habituais como relacionamentos, traições, ganância e até uma pitada de violência, além é claro dos diálogos recheados de sarcasmo e ironia. 

Além do trio de ótimos atores britânicos, vale destacar no elenco a bela e então jovem Hayley Atwell e a pouco conhecida na época Sally Hawkins, as duas interpretando as namoradas dos protagonistas. 

Pode parecer repetitivo, mas filmes de Woody Allen são indicados para quem gosta do estilo do diretor. O espectador comum pode ficar um pouco decepcionado com a história e a narrativa.

sábado, 23 de novembro de 2019

Arctic

Arctic (Arctic, Islândia, 2018) – Nota 6
Direção – Joe Penna
Elenco – Mads Mikkelsen, Maria Thelma Smaradottir.

Um sujeito (Mads Mikkelsen) tenta sobreviver no Ártico após sofrer um acidente aéreo. Ele utiliza a fuselagem do pequeno avião para se proteger enquanto espera a chegada do socorro, passando o dia criando formas de conseguir comida e afastar os perigos que o cercam. 

Uma tentativa de resgate por helicóptero fracassa, resultando em um novo acidente e deixando uma sobrevivente (Maria Thelma Smaradottir) em estado grave. O homem precisa decidir entre aguardar um novo resgate ou arriscar a vida enfrentando a região gelada em uma longa caminhada. 

A luta do homem contra a natureza já foi explorada várias vezes no cinema, sendo que algumas destas tentativas falharam pela dificuldade em fazer o espectador manter o interesse na narrativa, principalmente quando são apenas um ou dois atores em cena no meio de uma região inóspita. 

Este filme que marca a estreia como diretor de longa metragem do brasileiro Joe Penna falha exatamente neste quesito e na lentidão da narrativa. As belíssimas paisagens geladas e a criatividade em inventar soluções demonstrada pelo protagonista vivido pelo dinamarquês Mads Mikkelsen não são suficientes para entregar um bom filme. Falta também um pouco mais de suspense, sendo raras as sequências que mexem com o público. 

É um filme indicado muito mais para quem gosta de paisagens e natureza, do que para quem espera ação e emoção.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Predadores Assassinos & Do Fundo Mar


Predadores Assassinos (Crawl, EUA / Sérvia / Canadá, 2019) – Nota 6,5
Direção – Alexandre Aja
Elenco – Kaya Scodelario, Barry Pepper, Morfydd Clark, Ross Anderson.

Um furacão está chegando em uma cidade da Flórida. A jovem nadadora Haley (Kaya Scodelario) não consegue contato com o pai que vive sozinho na região. Contrariando a polícia e o serviço de resgate, Haley segue sozinha para o local e encontra o pai (Barry Pepper) ferido e encurralado por crocodilos no porão da casa. É o início da luta pela sobrevivência.

Este é o tipo de filme que não existe muito o que comentar sobre a história, o foco principal são as boas sequências de ação e suspense em que os protagonistas enfrentam os crocodilos que parecem sobrenaturais.

O resultado é basicamente um violento filme B com efeitos especiais corretos e indicado para quem gosta de sustos e sangue, o que por sinal são as especialidades do diretor Alexandre Aja e do produtor e também diretor Sam Raimi.

Do Fundo do Mar (Deep Blue Sea, EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – Renny Harlin
Elenco – Thomas Jane, Saffron Burrows, Samuel L. Jackson, LL Cool J, Michael Rapaport, Jacqueline McKenzie, Stellan Skarsgard, Aida Turturro.

Um laboratório submarino é utilizado por uma cientista (Saffron Burrows) para estudar tubarões que podem ser a chave para a cura do Mal de Alzheimer. A pequena equipe de apoio não imagina que a cientista fez modificações genéticas nos tubarões para acelerar a pesquisa. Mais fortes e rápidos do que o normal, os animais percebem que podem escapar do tanque e por consequência destruir a base submarina. 

Este misto de ficção e ação tem a cara dos anos noventa com o estilo do diretor Renny Harlin, especialista em filmes explosivos como “Duro de Matar 2” e “Risco Total”. Os pontos principais são as várias sequências de ação e os assustadores tubarões. 

Harlin explora com competência os cenários do base submarina e também os clichês do gênero, com os coadjuvantes se tornando comida de tubarão um a um. 

Os rostos conhecidos do elenco pouco podem fazer no quesito de atuação, mas vale citar como a bela protagonista Saffron Burrows é fraca. 

É um filme para o espectador se divertir com os absurdos. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Steel Country - Uma Verdade Oculta

Steel Country – Uma Verdade Oculta (Steel Country, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Simon Fellows
Elenco – Andrew Scott, Bronagh Waugh, Denise Gough, Christa Beth Campbell, Sandra Ellis Lafferty, Griff Furst, Michael Rose.

Um garoto de seis anos é encontrado morto em um riacho de uma pequena cidade da Pensilvânia. A polícia fecha o caso como sendo um afogamento. 

A morte do garoto mexe com o lixeiro Donald (Andrew Scott), que após demonstrar seus sentimentos pela perda para a mãe do garoto, ouve que ela não acredita na versão da polícia. 

Donald é um sujeito solitário que vive com a mãe doente, que sofre com a dificuldade em se relacionar e com uma instabilidade emocional, mas que por outro lado demonstra muito carinho pela filha (Christa Beth Campbell) que mora com sua ex-namorada. 

Mesmo com suas limitações, Donald decide investigar o caso, criando um claro constrangimento entre alguns moradores que desejam enterrar a história.

Este misto de drama e policial de baixo orçamento foca numa espécie de lei do silêncio de cidades pequenas, onde todas as pessoas se conhecem e ninguém deseja entrar em conflito, preferindo fechar os olhos até mesmo para um crime. 

A atuação do irlandês Andrew Scott é angustiante, principalmente por sua dificuldade em se expressar e por uma certa ingenuidade em suas atitudes que causam pequenos conflitos. 

É um interessante filme independente indicado para quem gosta do gênero.

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Maus Momentos no Hotel Royale

Maus Momentos no Hotel Royale (Bad Times at the El Royale, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Drew Goddard
Elenco – Jeff Bridges, Cynthia Erivo, Dakota Johnson, John Hamm, Chris Hemsworth, Cailee Spaeny, Lewis Pullman, Nick Offerman, Xavier Dolan, Shea Whigham, Mark O’Brien.

Anos sessenta. Um sujeito (Nick Offerman) esconde um bolsa debaixo do assoalho de um hotel de beira de estrada chamado El Royale e em seguida é assassinado. 

Dez anos depois, em meados dos anos setenta, o decadente hotel recebe alguns estranhos hóspedes que escondem segredos. Um padre (Jeff Bridges), um vendedor (John Hamm), uma cantora (Cynthia Erivo) e uma jovem rebelde (Dakota Johnson) terão seus destinos cruzados em meio a uma espiral de violência. 

Este longa escrito e dirigido por Drew Goddard bebe no estilo criado por Quentin Tarantino em “Pulp Fiction” ao misturar personagens estranhos, cenários estilizados, diálogos cínicos e muita violência. 

O roteiro acerta ao mostrar em flashbacks o passado de cada personagem, explicando porque eles chegaram naquele local. Um detalhe curioso surge na segunda metade quando o roteiro insere na trama uma narrativa referente uma seita maluca, fato que era comum nos anos setenta. 

Os destaques do elenco ficam para Jeff Bridges e Chris Hemsworth interpretando personagens marcantes.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Borgman

Borgman (Borgman, Holanda / Bélgica / Dinamarca, 2013) – Nota 7,5
Direção – Alex van Warmerdam
Elenco – Jan Bijvoet, Hadewych Minis, Jeroen Perceval, Alex van Warmerdem, Tom Dewispelaere, Sara Hjort Ditlevsen.

Na sequência inicial, três homens armados incluindo um padre perseguem um sujeito na floresta. O homem (Jan Bijvoet) consegue fugir e avisa dois possíveis comparsas. 

Ele chega até uma belíssima casa e pede para tomar um banho, alegando que conhece a esposa (Hadewych Minis) do homem (Jeroen Perceval) que abriu a porta. 

O estranho é espancado, mas ao invés de ir embora, se esconde na casa de hóspedes. Não demora para ele manipular a dona de casa e se infiltrar na família, que é formada ainda por três crianças pequenas e uma babá (Sara Hjort Ditlevsen). 

Este é com certeza um dos longas mais intrigantes dos últimos ano. Isso não quer dizer que seja um filmaço ou uma bomba, na verdade é uma obra que divide opiniões e que gerou diversas teorias sobre o objetivo do roteiro. 

Para alguns, o filme é um alegoria religiosa sobre o demônio enfiando suas garras em meio a uma família, fazendo despertar o mal que existe em cada pessoa. Para outros, a história é uma parábola sobre os imigrantes ilegais que estão invadindo a Europa, ocupando espaços em vários setores e desestabilizando a sociedade. 

Independente da teoria, o filme apresenta várias sequências que incomodam ao mostrar o lado obscuro do ser humano, que pode vir à tona quando este é pressionado ou simplesmente para conseguir o que deseja, sem medir as consequências para quem está ao lado. 

Para quem deseja encarar uma obra fora do comum, este longa é uma ótima opção.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Noite de Lobos

Noite de Lobos (Hold the Dark, EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Jeremy Saulnier
Elenco – Jeffrey Wright, Alexander Skarsgaard, James Badge Dale, Riley Keough, Julian Black Antelope, Tantoo Cardinal, Macon Blair.

Russell Core (Jeffrey Wright) viaja para uma pequena cidade no Alasca a pedido da jovem Medora Slone (Riley Keough) que alega que seu filho pequeno fora levado por uma matilha de lobos. 

Russell escreveu um livro sobre sua experiência na caçada a um lobo que sequestrou e matou uma criança. Sujeito triste e de poucas palavras, Russell fica intrigado com as atitudes da mulher e com a história de que outras crianças teriam sido levadas por lobos. 

Em paralelo, o marido da jovem (Alexander Skarsgaard) cumpre uma missão como soldado no Iraque. Um fato inesperado muda completamente a situação. 

O diretor Jeremy Saulnier é responsável por filmes estranhos e violentos como “Sala Verde” e “Ruína Azul”, sempre tendo como parceiro o ator e roteirista Macon Blair. 

Este “Noite dos Lobos” foi mal recebido por público e crítica, porém eu considero um filme bastante interessante, com boas ideias escondidas em meio as crenças indígenas que são ponto importante no roteiro. 

Por mais estranhas que possam parecer, as atitudes do casal durante o desenrolar da trama tem uma explicação ligada a forma de viver dos lobos. 

O diretor acerta também nas cenas de violência, principalmente na sangrenta sequência do tiroteio envolvendo policiais e um indígena. 

Destaque para a melancólica atuação de Jeffrey Wright e para as paisagens geladas do Alasca.

domingo, 17 de novembro de 2019

Refém do Jogo

Refém do Jogo (Final Score, Inglaterra, 2018) – Nota 5
Direção – Scott Mann
Elenco – Dave Bautista, Ray Stevenson, Pierce Brosnan, Amit Shah, Martyn Ford, Ralph Brown, Lara Peake.

Michael Knox (Dave Bautista) é um ex-soldado que viaja para a Inglaterra para encontrar a filha de um amigo que morreu em combate. 

Michael leva a garota para ver um jogo de futebol entre o inglês West Ham e o time russo do Dínamo, sem imaginar que um grupo de rebeldes russos liderados por Arkady Belav (Ray Stevenson) pretende tomar o local para encontrar um dissidente que estará vendo a partida. Michael terá de usar suas habilidades para enfrentar os terroristas. 

A premissa de utilizar um estádio de futebol lotado como alvo de terrorismo tinha potencial para um ótimo filme, como se fosse uma espécie de “Duro de Matar” genérico. Mesmo com as primeiras cenas de ação sendo bem legais, aos poucos o filme vai ladeira abaixo. 

A partir da sequência de perseguição de motos na marquise do estádio, o longa se transforma numa sucessão de absurdos e diálogos idiotas, culminando com uma vergonhosa cena de explosão. Nem mesmo o grandalhão Dave Bautista descendo a porrada nos vilões e a pequena participação de Pierce Brosnan conseguem salvar o filme.

sábado, 16 de novembro de 2019

Lutando Pela Família

Lutando Pela Família (Fighting With My Family, EUA / Inglaterra, 2019) – Nota 7
Direção – Stephen Merchant
Elenco – Florence Pugh, Jack Lowden, Lena Headey, Nick Frost, Vince Vaughn, Dwayne Johnson.

Norwich, Inglaterra. Zak (Jack Lowden) e Saraya (Florence Pugh) são irmãos que desde criança participam de shows de luta-livre comandados por seu pai Ricky (Nick Frost) e sua mãe Julia (Lena Headey). 

O sonho dos irmãos é chegar ao WWE, a maior competição de luta-livre do mundo. Quando representantes do WWE vão para Londres fazer uma seleção de novos lutadores, Zak e Saraya acreditam que chegou a hora de realizar o sonho. 

Baseado em uma história real, este longa é interessante até mesmo para quem não acompanha a modalidade. O roteiro segue o estilo de filmes de superação, tanto em relação ao treinamento, quando as frustrações ligadas ao esporte. As cenas de luta são bem coreografadas, fato habitual ao formato da modalidade, que é muito mais um teatro do que uma disputa. 

É legal citar que nos créditos finais são mostradas as pessoas que inspiraram o longa, ficando claro que o elenco conseguiu criar personagens muito parecidos, sendo este um dos pontos altos da obra.

Vale destacar ainda Vince Vaughn como o treinador durão e realista e a pequena participação de Dwayne Johnson, que na vida real ficou famoso primeiro como astro da luta-livre sendo conhecido como “The Rock”.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Coração de Dragão & A Grande Cruzada


Coração de Dragão (DragonHeart, EUA, 1996) – Nota 6
Direção – Rob Cohen
Elenco – Dennis Quaid, Sean Connery, David Thewlis, Pete Postlethwaite, Dina Meyer, Jason Isaacs, Brian Thompson, Julie Christie.

Na Idade Média, um rei tirano é morto durante uma revolta de camponeses e seu filho adolescente ferido no coração. A rainha (Julie Christie) e o cavaleiro Bowen (Dennis Quaid) pedem socorro a um poderoso dragão (voz de Sean Connery), que aceita salvar o príncipe oferecendo parte de seu coração em troca da bondade do jovem Einon.

Doze anos depois, Einon (David Thewlis) se tornou um rei tão cruel quanto o pai. Por outro lado, Bowen persegue o dragão acreditando que a culpa pela maldade do rei seja da criatura.

Esta mistura de ficção e aventura medieval tem como ponto mais interessante a figura do dragão Draco que foi inteiramente criado em computador, algo que ainda era novidade na época. O filme em si é apenas razoável, com algumas boas sequências de lutas e péssimas interpretações. Se o dragão é até realista, por outro lado os efeitos especiais envelheceram mal.

Este longa ainda teve três sequências ainda piores.

A Grande Cruzada (Lionheart, Hungria / EUA, 1987) – Nota 6
Direção – Franklin J. Schaffner
Elenco – Eric Stoltz, Gabriel Byrne, Deborah Barrymore, Nicola Cowper, Dexter Fletcher, Nicholas Clay, Neil Dickson.

Na Idade Média, o jovem idealista Robert Nerra (Eric Stoltz) se junta aos cavaleiros do Rei Ricardo Coração de Leão para lutar contra o Príncipe Negro (Gabriel Byrne), que comanda um pequeno grupo de mercenários que sequestram crianças para vendê-las como escravos. 

O sucesso de “O Feitiço de Áquila” produzido dois anos antes e tendo o então adolescente Matthew Broderick como protagonista inspirou esta produção que escalou o também jovem Eric Stoltz para protagonizar uma trama misturando aventura e fantasia. 

As cenas de ação são apenas razoáveis e o ritmo irregular, além dos efeitos especiais que envelheceram bastante. Hoje vale apenas como curiosidade. 

Como informação, este foi o penúltimo trabalho do diretor Franklin J. Schaffner, responsável por clássicos como “O Planeta dos Macacos”, “Patton” e “Papillon”.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Escape Room

Escape Room (Escape Room, EUA / África do Sul, 2019) – Nota 7
Direção – Adam Robitel
Elenco – Taylor Russell, Logan Miller, Jay Ellis, Tyler Labine, Deborah Ann Woll, Nik Dodani, Yorick van Wageningen.

Seis desconhecidos recebem um estranho cubo e um convite para participar de um jogo em que o vencedor receberá dez mil dólares.

Ao chegarem na sede da empresa que os convidou, eles descobrem que estão presos em uma sala e que uma surpresa desagradável os espera. Eles precisam decifrar um enigma para escapar da sala. O problema é que são várias salas em sequência e um erro pode causar a própria morte. 

Este competente longa de suspense é mais uma obra que bebe na fonte do ótimo “Cubo” dirigido por Vincenzo Natali em 1997, além de explorar algumas ideias da franquia “Jogos Mortais”. O citado “Cubo” praticamente criou um gênero em que desconhecidos se descobrem presos em algum local e precisam se unir para entender o que está ocorrendo, descobrir qual a ligação entre eles e sobreviver. 

Este “Escape Room” explora também um jogo real que foi criado há alguns anos onde algumas pessoas ficam presas em um sala tentando decifrar pistas para escapar, o que provavelmente também foi inspirado no filme “Cubo”. 

Um dos acertos aqui é a produção caprichada que cria armadilhas assustadoras. A ligação entre os personagens e o porquê do jogo também são criativos, mesmo com um final que poderia ser melhor, além é claro do habitual gancho para uma possível continuação. 

O elenco não é dos melhores, com destaque apenas para os personagens de Logan Miller e Tyler Labine.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Fúria em Alto Mar

Fúria em Alto Mar (Hunter Killer, Inglaterra / China / EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Donovan Marsh
Elenco – Gerard Butler, Gary Oldman, Toby Stephens, Michael Nyqvist,  Linda Cardellini, Common, Carter MacIntyre, Michael Gor, Alexander Diachenko, David Gyasi, Caroline Goodall, Corey Johnson, Henry Goodman, Colin Stinton.

No Mar de Barents, um submarino americano e outro russo são torpedeados por um inimigo desconhecido. 

O governo americano envia um submarino liderado pelo capitão Joe Glass (Gerard Butler) para tentar localizar sobreviventes, ao mesmo tempo em que uma equipe de agentes especiais é enviada por terra para descobrir se os russos são os responsáveis pelo ataque. Qualquer erro pode desencadear uma guerra. 

Este bom filme de ação e suspense me surpreendeu. Mesmo com alguns exageros, a história é bem amarrada, as cenas de ação em terra são boas e a tensão é crescente, tanto dentro do submarino, como nas reuniões do alto comando americano. O roteiro ainda explora a questão política e a lealdade entre militares. 

É um bom passatempo para quem curte o gênero.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Uma Longa Viagem

Uma Longa Viagem (The Railway Man, Suíça / Inglaterra / Austrália, 2013) – Nota 7,5
Direção – Jonathan Teplitzky
Elenco – Colin Firth, Nicole Kidman, Jeremy Irvine, Stellan Skarsgard, Sam Reid, Tanroh Ishida, Hiroyuki Sanada, Tom Hobbs, Tom Stokes.

Inglaterra, 1980. Eric Lomax (Colin Firth) é um apaixonado por trens que conhece sua esposa Patti (Nicole Kidman) durante uma viagem pelo interior do país.

Pouco tempo depois, a esposa descobre que Eric sofre de um terrível trauma de guerra, resultado do tempo em que foi prisioneiro dos japoneses em um campo de concentração no sudeste asiático. 

A trama volta pra 1942 em meio a Segunda Guerra Mundial, quando o jovem Eric (Jeremy Irvine) ao lado de colegas de farda são obrigados pelos japoneses a construir uma estrada de ferro, sofrendo torturas e humilhações para sobreviver. 

Baseado numa história real descrita em livro pelo verdadeiro Eric Lomax, este longa tem como ponto principal a questão dos traumas de guerra. As consequências físicas são facilmente detectadas naqueles que foram feridos e sobreviveram, sendo entendidas pelas pessoas ao redor, bem diferente dos traumas psicológicos que muitas vezes se escondem naqueles que não sofreram ferimento algum no corpo. 

Vale citar também a forma como os japoneses encaravam a guerra. As notícias divulgadas pelo alto comando japonês eram sempre que eles estavam vencendo a guerra, criando uma espécie de lavagem cerebral no soldados, que eram “treinados” para lutar até morrer, tudo em nome da honra.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A Justiceira

A Justiceira (Peppermint, Hong Kong /  EUA, 2018) – Nota 7
Direção – Pierre Morel
Elenco – Jennifer Garner, John Gallagher Jr, John Ortiz, Juan Pablo Raba, Annie Ilonzeh, Jeff Hephner, Cailey Fleming, Eddie Shin, Cliff “Method Man” Smith.

Em Los Angeles, uma determinada situação leva o marido e a filha pequena de Riley North (Jennifer Garner) serem assassinados por uma quadrilha de traficantes ligados a um Cartel Mexicano. Os assassinos terminam soltos por falta de provas e Riley desaparece. Cinco anos depois, ela retorna em busca de vingança. 

Especialista em filmes policiais de ação e suspense, o diretor francês Pierre Morel explora a clássica história de vingança pelas próprias mãos se apoiando em roteiro básico e no talento de Jennifer Garner para as sequências de ação. 

A atriz relembra sua fase de protagonista da série “Alias”, mostrando que ainda está em forma para enfrentar brutamontes e tiroteios. Não espere nada muito elaborado, o foco principal são as cenas de ação e a obsessão por vingança. 

Para quem gosta do gênero, o longa é uma boa opção.

domingo, 10 de novembro de 2019

Assim é a Vida

Assim é a Vida (Le Sens de la Fête, Bélgica / Canadá / França, 2017) – Nota 7,5
Direção – Olivier Nakache & Eric Toledano
Elenco – Jean Pierre Bacri, Gilles Lellouche, Jean Paul Rove, Vincent Macaigne, Eye Haidara, Suzanne Clement, Alban Ivanov, Benjamin Lavernhe, Judith Chemla, Helene Vincent.

Max (Jean Pierre Bacri) é o dono de uma empresa que organiza festas de casamento. Veterano neste trabalho, Max tem que demonstrar jogo de cintura e paciência para comandar sua equipe e resolver os mais diversos problemas, como conflitos entre funcionários, comida estragada e um noivo babaca, exigente e arrogante. Ele ainda tem que lidar com seu casamento falido e com a amante que deseja algo sério. 

Esta simpática comédia francesa dirigida pela dupla responsável pelo sucesso “Intocáveis” e por “Samba” é uma divertida brincadeira que explora os bastidores de um grande casamento, além dos erros e exageros deste tipo de evento. 

As pessoas com certeza vão reconhecer vários tipos comuns que aparecem em casamentos. O fotógrafo malandro, a mãe do noivo intrometida, os garçons que querem aproveitar a festa, os chatos que pedem músicas para o cantor, entre outros. 

A mensagem que a história passa é que por mais que pessoas tentem criar um evento perfeito, o melhor da festa acaba sendo os improvisos. 

Vale a sessão para quem quer um filme para descontrair.

sábado, 9 de novembro de 2019

A Rebelião

A Rebelião (Captive State, EUA, 2019) – Nota 6,5
Direção – Rupert Wyatt
Elenco – John Goodman, Ashton Sanders, Jonathan Majors, Vera Farmiga, Kevin Dunn, James Ransone, Alan Ruck, Madeline Brewer, Colson Baker “Machine Gun Kelly”, Kevin J. O’Connor, Ben Daniels, Guy Van Swearingen, D.B. Sweeney.

A Terra foi invadida por alienígenas e os governos foram obrigados a se render. Nove anos após a rendição, o novo governo que se reporta aos alienígenas criou uma polícia especial para investigar possíveis rebeliões, além de ter implantado chips de rastreamento em toda a população. 

Em Chicago, o comissário de polícia (John Goodman) acredita que um grupo rebelde planeja agir. Ele pressiona o jovem Gabriel (Ashton Sanders) para contar detalhes sobre a possível ação contra o governo. Gabriel tinha um irmão (Jonathan Majors) que se tornou uma espécie de mártir da rebelião após aparentemente ter morrido. 

A premissa é extremamente interessante ao explorar um mundo dominado por aliens que utilizam os próprios seres humanos para reprimir a população. A cidade decadente com vários locais destruídos e a sinistra trilha sonora eletrônica que lembra os filmes dos anos oitenta resultam em um clima perfeito para uma ficção apocalíptica. 

Infelizmente o desenvolvimento do roteiro é confuso, com personagens mal explorados e uma surpresa no final que o cinéfilo acostumado ao gênero vai descobrir bem antes. 

No elenco, destaque para a figura de John Goodman e a pequena, mas importante participação de Vera Farmiga.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

O Traidor & Falcone


O Traidor (Il Traditore, Itália / França / Alemanha / Brasil, 2019) – Nota 7,5
Direção – Marco Bellocchio
Elenco – Pierfrancesco Favino, Maria Fernanda Cândido, Luigi Lo Cascio, Fausto Russo Alesi, Fabrizio Ferracane, Nicola Cali.

Palermo, Itália, 1980. Uma disputa de poder entre mafiosos obriga Tommaso Buscetta (Pierfrancesco Favino) a fugir para o Rio de Janeiro, local onde tem um belíssima casa e terra natal de sua esposa Cristina (Maria Fernanda Cândido). A guerra em Palermo entre a Cosa Nostra a qual fazia parte Tommaso e a rival Corleone liderada por Salvatore “Toto” Rina (Nicola Cali) deixa dezenas de mortos.

Quatro anos depois, Tommaso é preso por estar envolvido com o tráfico de drogas e deportado para a Itália. Ele recebe a oferta do promotor Giovanni Falcone (Fausto Russo Alesi) para delatar os companheiros e diminuir sua pena, o que a princípio ele declina, mas muda de opinião após dois de seus filhos serem assassinados por ex-companheiros de crime.

O longa é baseado na vida do maior delator da história da Máfia. Tommaso Buscetta se tornou uma lenda por ter a coragem de entregar os companheiros e também um sujeito marcado para morrer que passou o resto da vida sendo protegido por agentes na Itália e posteriormente nos EUA.

Quem viveu nos anos oitenta com certeza se lembra do barulho que fez esta história no Brasil. Assim como a história do inglês Ronald Biggs que viveu décadas por aqui após assaltar um trem em seu país, a de Tommaso reforçou o clichê explorado pelo cinema dos bandidos que após cometer algum grande crime planejam fugir para o Brasil.

O filme começa de uma forma estranha com sequências que lembram as produções brasileiras dos anos oitenta, porém a narrativa melhora bastante com o desenrolar da história, intercalando cenas de violência e as mudanças na vida do protagonista.

Vale destacar a boa atuação de Pierfrancesco Favino e as absurdas sequências dos julgamentos que renderam um verdadeiro circo.

É uma obra indicada para quem gosta de filmes sobre a Máfia.

Falcone (Falcone, Itália / EUA, 1999) – Nota 7
Direção – Ricky Tognazzi
Elenco – Chazz Palminteri, F. Murray Abraham, Anna Galiena, Andy Luotto, Lina Sastri, Pierfrancesco Favino.

Diferente do recente “O Traidor”, este longa produzido pela HBO foca na vida dos promotores Giovanni Falcone (Chazz Palminteri) e Paolo Borsellino (Andy Luoto), que praticamente abdicaram de uma vida normal para enfrentar a Máfia, colocando em perigo também seus familiares. 

O roteiro explora a relação de Falcone e Borsellino com o mafioso Tommaso Buscetta (F. Murray Abraham), que após ser preso no Brasil em 1984 e ter dois filhos assassinados em Palermo, aceitou se tornar delator revelando detalhes desconhecidos sobre a Cosa Nostra, a Máfia Siciliana e ajudando a condenar quase quatrocentos criminosos. 

Além das conversas entre os promotores e o mafioso, o roteiro explora também as relações pessoais entre Falcone e Borsellino com suas esposas, até os atentados que vitimaram os dois. 

Muito do que é relatado neste filme e em “O Traidor” é parecido com o que vivemos no Brasil em relação ao poder do crime organizado infiltrado em várias esferas. O que aqui se chama Operação Lava Jato, na Itália ficou conhecida como Operação Mãos Limpas.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (Terminator: Dark Fate, EUA / Espanha / Hungria, 2019) – Nota 6,5
Direção – Tim Miller
Elenco – Arnold Schwarzenegger, Linda Hamilton, Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Gabriel Luna, Diego Boneta, Tristan Ulloa.

Dois ciborgues vem do futuro e chegam na Cidade do México. Grace (Mackenzie Davis) foi enviada pelos humanos para salvar a garota Dani Ramos (Natalia Reyes), que terá um papel importante no futuro da humanidade, enquanto o assustador VER-9 (Gabriel Luna) tem como único objetivo matar a jovem. 

O roteiro escrito por várias pessoas, entre elas o diretor James Cameron responsável pelas sensacionais partes I (1984) e II (1991) deixa de lado os três filmes posteriores e segue a história a partir do filme de 1991. Esta escolha de ignorar sequências está se tornando comum, tendo ocorrido recentemente na franquia “Halloween”. 

Infelizmente mesmo com a presença de Cameron, o filme deixa a desejar em alguns aspectos. A escolha de Tim Miller para direção mostra a vontade de agradar ao público jovem, principalmente pelo sucesso do diretor em “Deadpool”, longa recheado de piadinhas infames. 

Estas piadinhas juvenis são soltadas aos montes também neste novo longa, algo bem diferente dos demais filmes da franquia que sempre foram sérios. Mesmo o famoso bordão “I'll be back” era um complemento engraçado e não uma piada para esculachar o filme. 

A personagem de Linda Hamilton que estava insana na parte II, aqui se transformou numa mercenária cínica desperdiçada em diálogos idiotas, assim como Schwarzenegger. Para piorar, a personagem da inexpressiva Natalia Reyes em momento algum convence. 

Para não falar citar que tudo foi ruim, vale destacar a surpreendente Mackenzie Davis, muito bem nas cenas de ação e batendo de frente com o vilão de Gabriel Luna, que praticamente repete o papel de Robert Patrick na parte II. 

É um filme explosivo, repleto de efeitos especiais e correria, mas que fica abaixo do restante da franquia.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

15 Minutos de Guerra

15 Minutos de Guerra (L’Intervention, França / Bélgica, 2019) – Nota 6,5
Direção – Fred Grivois
Elenco – Alban Lenoir, Olga Kurylenko, Sébastien Lalanne, David Murgia, Michael Abiteboul, Guillaume Labbé, Vincent Perez, Josiane Balasko, Kevin Layne, Andre Pierre, Ben Cura.

Fevereiro de 1976. O Djibouti é a última colônia francesa na África. O grupo que luta pela independência do país sequestra um ônibus escolar com crianças francesas e segue para a fronteira da Somália.

O ônibus quebra a poucos metros da fronteira e o governo francês envia um grupo militar especial liderado por André Gerval (Alban Lenoir), com o objetivo de resolver a situação rapidamente. 

Baseado em uma história real, este longa tem duas sequências de ação. A primeira mais simples durante a tentativa dos sequestradores fugirem com o ônibus e a principal que é guardada para os quinze minutos finais com a ação efetiva do grupo de resgate. 

O restante do filme é como uma preparação para a ação, com algumas discussões em relação as ordens do governo e outras cenas em que a professora das crianças (Olga Kurylenko) tenta negociar com os sequestradores. 

É um filme mediano que aborda o tema ainda atual dos sequestros cometidos por terroristas de uma forma simples e previsível.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

The Sinner

The Sinner (The Sinner, EUA, 2017/2018)
Criador – Derek Simonds
Elenco – Bill Pullman, Jessica Biel, Christopher Abbott, Carrie Coon, Natalie Paul, Tracy Letts, Elisha Henig, Dohn Norwood, Abby Miller, Hannah Gross, Jay O. Sanders.

Dividido em duas temporadas de oito episódios cada e com uma terceira programada para o ano que vem, esta série brinca com o título “The Sinner (O Pecador)” em que os pecados de vários personagens vem à tona como resultado de um ato desesperado. 

São histórias diferentes com elencos diferentes, o único personagem presente nas duas temporadas é o detetive vivido por Bill Pullman que investiga o motivo dos dois crimes aparentemente sem explicação. 

Na primeira temporada, um dona de casa (Jessica Biel) tem uma espécie de surto psicótico e assassina um rapaz a facadas em uma praia lotada de pessoas. Na segunda, um garoto (Elisha Henig) mata por envenenamento um casal que aparentemente seriam seus pais. 

A grande sacada das duas temporadas é o desenvolvimento das histórias que vai muito além dos crimes. Nos dois casos a motivação dos assassinos está ligada a traumas e situações no mínimo fora do comum. Quase todos os personagens guardam segredos, inclusive o detetive. 

É uma série bastante interessante para quem gosta de dramas policiais com tramas complexas. 

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Never Grow Old

Never Grow Old (Never Grow Old, Irlanda / Bélgica / França / Luxemburgo / Inglaterra, 2019) – Nota 6,5
Direção – Ivan Kavanagh
Elenco – Emile Hirsch, John Cusack, Déborah François, Sam Lowyck, Danny Webb, Tim Ahern.

Oeste americano, século XIX. O agente funerário irlandês Patrick (Emile Hirsch) e sua esposa francesa Audrey (Déborah François) vivem com o casal de filhos em uma pequena cidade localizada no caminho para a Califórnia. 

O líder do local é um pastor (Danny Webb) que utiliza o medo da religião para impor regras de conduta aos moradores. 

Quando três caçadores de recompensa liderados pelo sinistro Dutch Albert (John Cusack) chegam na cidade, tudo muda. Dutch reabre o saloon e o bordel, eliminando os inimigos. Mesmo vendo tudo que ocorre de errado, Patrick se cala e passa a lucrar com os enterros. 

Se você gosta de western clássico, passe longe deste filme. Aqui temos uma história sombria com sequências noturnas, personagens sinistros e uma cidade decadente com as ruas cheias de lama e barro. 

O roteiro explora temas mais voltados para o drama, como as questões da religião e a defesa da família, criando uma espécie de luta do bem contra o mal, além de testar o protagonista em relação ao pecado da ganância. 

Emile Hirsch defende bem o papel do protagonista dividido entre ganhar dinheiro para família ou ir contra a injustiça. Mesmo canastrão, John Cusach está assustador como o vilão. 

Vale a sessão para quem quiser encarar um western diferente.

domingo, 3 de novembro de 2019

Em Chamas

Em Chamas (Beoning, Coreia do Sul / Japão, 2018) – Nota 7
Direção – Chang Dong Lee
Elenco – Ah In Woo, Steven Yeun, Jong Seo Jun, Soo Kyung Kim, Seong Kun Mun.

Lee (Ah In Woo) é um jovem que trabalha como entregador, mas que sonha em se tornar escritor, citando para todos que está escrevendo uma novela.

Em um certo momento, Lee cruza o caminho da jovem Hae Mi (Jong Seo Jun), que estudou com ele quando criança. Eles iniciam um relacionamento, mas logo Hae Mi viaja para África onde trabalhará numa espécie de missão humanitária. 

Ao retornar meses depois, a garota está acompanhada de Ben (Steven Yeun), um sujeito educado, rico e estranho. Aos poucos, Lee começa a desconfiar das atitudes do novo amigo. 

Para ir direto ao ponto, este filme é um thriller psicológico lento, estranho e que no final faz o espectador pensar, sem entregar todas as respostas. O que tira pontos do filme sem dúvida é a duração de duas horas e meia. Por mais que a fotografia seja caprichada e os detalhes da história vão sem mostrando sinistros com o desenrolar da narrativa, o espectador precisará de paciência para ir até o final.

Também falta carisma ao apático personagem vivido por Ah In Woo, que acaba contrastando com a atuação misteriosa de Steven Yuen, o Glenn de “The Walking Dead”. 

É um bom filme, mas está longe de merecer todos os elogios recebeu.

sábado, 2 de novembro de 2019

Educação

Educação (An Education, Inglaterra / EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Lone Scherfig
Elenco – Carey Mulligan, Peter Sarsgaard, Olivia Williams, Alfred Molina, Cara Seymour, Matthew Beard, Dominic Cooper, Rosamund Pike, Ellie Kendrick, Sally Hawkins.

Subúrbio de Londres, 1960. A adolescente Jenny (Carey Mulligan) está no último ano de colégio e sendo apoiada pelos pais (Alfred Molina e Cara Seymour) para entrar na Universidade Oxford. 

Ao conhecer David (Peter Sarsgaard), um sujeito mais velho, engraçado e que gosta de curtir a vida, Jenny aos poucos abandona a ideia de ir para universidade, preferindo viajar e aproveitar a noite com o novo namorado. Tudo parece ótimo até a realidade bater em sua porta. 

Este simpático drama foca na complicada questão de “pular etapas” na vida. A ânsia em chegar na vida adulta leva a protagonista a tomar decisões apressadas, que parecem ótimas a princípio, mas que pode custar caro a médio prazo. 

O roteiro explora também as mudanças culturais na época ao mostrar como as mulheres estavam alcançado as liberdades profissional e sexual, resultando em um novo tipo de conflito entre filhas e pais. 

Vale destacar a interpretação espontânea de Carey Mulligan e a reconstituição de época.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

A Morte e Vida de Charlie & Um Certo Carro Azul


A Morte e Vida de Charlie (Charlie St. Cloud, EUA / Canadá, 2006) – Nota 6
Direção – Burr Steers
Elenco – Zac Efron, Charlie Tahan, Amanda Crew, Augustus Prew, Donal Logue, Kim Basinger, Ray Liotta, Dave Franco.

Charlie St. Cloud (Zac Efron) ganhou uma bolsa de estudos para a universidade por conta de seu talento para o iatismo. Um acidente que resulta na morte de seu irmão Sam (Charlie Tahan) muda completamente sua vida. Charlie abdica do futuro para trabalhar como zelador do cemitério em que seu irmão foi enterrado. 

Este drama como toques de sobrenatural segue o estilo das adaptações de best-sellers que capricham na produção e exploram cenas emotivas entregando soluções fáceis para agradar ao público-alvo.

Eu gostei da premissa do protagonista não conseguir superar a perda da irmão, mas ao invés do roteiro desenvolver a história focando em algo realista, ele força a barra buscando passar mensagens que lembram os livros de autoajuda. 

É um filme bonitinho e vazio.       

Um Certo Carro Azul (Blue Car, EUA, 2002) – Nota 6,5
Direção – Karen Moncrieff
Elenco – David Straithairn, Agnes Bruckner, Margareth Colin, Frances Fisher, A.J. Buckley, Regan Arnold.

Meg (Agnes Bruckner) é uma adolescente que está no último ano de colégio. Ela tem um complicado relacionamento com a mãe (Margareth Colin) e com a irmã menor (Regan Arnold) que demonstra sofrer de algum tipo de distúrbio. 

A saudade do pai que abandonou a família é outro fator que atormenta Meg. Ela tenta superar tudo através de poemas que chamam a atenção de seu professor de literatura (David Straitharn), com quem inicia um complexo relacionamento. 

Este longa é basicamente um drama focado em uma protagonista perdida na vida, que sofre com a família desestruturada e que precisa tomar decisões difíceis sem ter experiência para isso.

O roteiro explora ainda o clichê da atração entre aluna e tutor de uma forma em que todos percebem como a situação irá terminar. O ritmo lento e as divagações da protagonista ao ler suas poesias em off cansam um pouco. 

O resultado é um filme razoável, triste, doloroso e realista.