Quem gosta de filmes e histórias de terror pode estranhar por ver três nomes famosos gênero ligados à bombas cinematográficas.
Os três citados acima já dirigiram grandes filmes do gênero, mas também erraram feio em algumas ocasiões, sendo que hoje apenas Wes Craven ainda é um nome forte na cinema, os outros dois entraram em decadência há algum tempo.
Wes Craven apareceu para a crítica quando fez o sinistro "Quadrilha de Sádicos" ainda nos anos setenta, depois sofreu até explodir com "A Hora do Pesadelo" em 1984. Escrevo abaixo sobre um filme que ele fez neste meio tempo e outro longa ruim produzido em 1990. Depois disso ele consolidou sua carreira com longas como "Vôo Noturno" e principalmente a série "Pânico".
O nome de Tobe Hooper sempre estará ligado a sua estréia no cinema, com o cultuado "O Massacre da Serra Elétrica". Depois deste sucesso, Hooper fez alguns filmes que nem chegaram ao Brasil e foi abraçado por Spielberg na produção de "Poltergeist". Um ótimo filme, porém que tem mais a cara de Spielberg do que de Hooper. Com este novo sucesso, Hooper partiu para o interessante "Força Sinistra", que teve sucesso de público, mas não de crítica. Este longa é de 1985 e a partir deste data a carreira de Hooper foi ladeira abaixo, com produções cada piores, como as duas que cito nesta postagem.
Já Clive Barker era conhecido do fãs de terror por seus livros e HQs e quando se aventurou no cinema em 1987 com "Hellraiser" se tornou também famoso como diretor. Por sinal, Hellraiser teve diversas continuações sem a participação efetiva de Barker. Após este sucesso todos esperavam o novo filme de Barker e com certeza se decepcionaram com os dois trabalhos posteriores. Provavelmente ele também se decepcionou, pois estes dois filmes foram seus últimos trabalhos como diretor.
O Monstro do Pântano (Swamp Thing, EUA, 1982) – Nota 4
Direção – Wes Craven
Elenco – Louis Jourdan, Adrienne Barbeau, Ray Wise, David Hess, Nannette Brown.
O cientista Alec Holland (Ray Wise) criou junto com sua irmã (Nannette Brown) um fórmula para cultivo de super vegetais, sendo por este motivo perseguido pelo vilão Anton Arcane (Louis Jourdan). O governo envia a agente Alice Cable (Adrienne Barbeau) que consegue salvar a fórmula, mas não impede que o vilão destrua o laboratório e mate a irmã do cientista. Alec consegue fugir e após ter contato com sua própria fórmula, se transforma no Monstro do Pântano, pois seu laboratório ficava ao lado de um pântano. O longa é baseado nos quadrinhos da D.C. Comics, mas foi levado ao cinema numa época em este tipo de adaptação na maioria das vezes se dava em filmes de baixo orçamento como este. O diretor Wes Craven erra feio aqui, mas iria se redimir dois anos depois com o lançamento de “A Hora do Pesadelo”.
Shocker – 100.000 Volts de Terror (Shocker, EUA, 1990) – Nota 5,5
Direção – Wes Craven
Elenco – Peter Berg, Michael Murphy, Camille Cooper, Mitch Pileggi, Richard Brooks, Ted Raimi.
Numa pequena cidade americana, o jovem Jonathan Parker (o hoje diretor Peter Berg) sonha que sua família será assassinada por um técnico de tv a cabo. O crime acaba acontencendo e o assassino é Horace Pinker (Mitch Pileggi da série “Arquivo X”). Horace é preso pelo policial Don Parker (Michael Murphy) sendo condenado a cadeira elétrica. Na hora da execução a descarga elétrica não mata Horace e sim o transforma em alguém com poderes de se apoderar do corpo das pessoas e de se transportar através de ondas magnéticas. Desta forma Horace dá início a uma série de assassinatos. A premissa é interessante, assim como personagem Horace Pinker, que conforme Wes Craven foi criado com a idéia de ser um novo Freddy Krueger, porém o roteiro maluco transformou o filme numa grande confusão.
A Morte Veste Vermelho (I’m Dangerous Tonight, EUA, 1990) – Nota 2
Direção – Tobe Hooper
Elenco – Madchen Amick, Corey Parker, Dee Wallace Stone, Anthony Perkins, R. Lee Ermey.
Uma tunica asteca se mistura a tecidos nos dias atuais e acaba sendo transformada em vestido para uso da bela Amy (Madchen Amick de “Twin Peaks”), o problema é que o pano carrega uma maldição, fazendo com que as pessoas passem a ter um comportamente libertino e assassino. Dos trabalhos de Hooper que eu assisti, com certeza este é o pior. O roteiro absurdo, os tempos mortos e o elenco totalmente perdido ajudam a tornar este filme produzido para a tv totalmente descartável. Até a presença do sinistro Anthony Perkins em um dos seu últimos trabalhos é inútil, seu personagem nada tem a fazer como um professor perdido no meio da história.
Noites de Terror (Night Terrors, Canadá / Egito / EUA) – Nota 3
Direção – Tobe Hooper
Elenco – Robert Englund, Zoe Trilling, Alona Kimhi, Chandra West, William Finley.
O filme começa no século 18 com o Marquês de Sade (Robert Englund, o Freddy Krueger original) sendo espancado por um carcereiro e levado para uma prisão. Em seguida a história pula para os dias atuais, onde o arqueólogo Dr. Mattheson (William Finley) recebe sua filha Genie (Zoe Trilling) no Egito onde faz uma escavação importante. A jovem é salva de um estupro por uma estranha (Alona Kimhi) e ao fazer amizade com ela acaba entrando numa espécie de culto ao sexo e as depravações descritas pelo Marquês de Sade. O roteiro extremamente confuso e cheio de furos transforma este longa do outrora famoso Tobe Hooper num trabalho no mínimo trash. As cenas de sadomasoquismo e sexo são levadas a sério, sendo o mais interessante do filme, principalmente pela presença da bela e fraquinha atriz Zoe Trilling. Por conta destes trabalhos é que a carreira de Hooper afundou.
Criaturas das Trevas (Nightbreed, EUA, 1990) – Nota 5
Direção – Clive Barker
Elenco – Craig Sheffer, Anne Bobby, David Cronenberg, Hugh Quarshie, Charles Haid, Doug Bradley.
Aaron Boone (Craig Sheffer) sofre com pesadelos que se passam num mundo habitado por monstros chamado Midian. Para tentar descobrir o porquê dos pesadelos, Aaron vai se consultar com um psiquiatra (o diretor David Cronenberg), que logo o entrega para a polícia, pois os sonhos de Aaron são descrições completas de assassinatos que ocorreram na região. Aaron consegue fugir e em sua busca pelo culpado, chega na verdadeira cidade de Midian. Na época o cartaz de Clive Barker estava no auge, após o sucesso de “Hellraiser”, os fãs esperavam esta adaptação de seu próprio trabalho em HQ, mas o resultado foi frustrante. Apesar das cenas de violência bem feitas, o roteiro é confuso e o elenco fraco, principalmente o canastrão Craig Sheffer. Salva-se apenas o diretor David Cronenberg como o enigmático psiquiatra.
O Mestre das Ilusões (Lord of Illusions, EUA, 1995) – Nota 5,5
Direção – Clive Barker
Elenco – Scott Bakula, Kevin J. O'Connor, Famke Janssen, Sheila Tousey, Vincent Schiavelli, Daniel Von Bargen.
No início dos anos oitenta, Philip Swan (Kevin J. O’Connor) arma uma revolta contra o líder de um seita que pretendia sacrificar uma jovem. Philip e outros membros matam o líder chamado Nix (Daniel Von Bargen). Nos dias atuais, Dorothea Swan (a bela Famke Janssen) contrata o detetive Harry D’Amour (Scott Bakula) para proteger seu marido Philip, hoje um mágico famoso que está sendo ameaçado por antigos seguidores de Nix, que desejam ressuscitar o sujeito. Harry acaba sendo jogado no meio de uma trama onde fica difícil saber o que é ilusão ou verdade. Nesta terceira incursão de Clive Barker na direção, novamente ele utiliza um conto de sua autoria, mas entrega um filme fraco e confuso, que tem como único ponto interessante o veterano ator de séries de tv Scott Bakula.