quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O Que Está Por Vir

O Que Está Por Vir (L’Avenir, França / Alemanha, 2016) – Nota 7
Direção – Mia Hansen Love
Elenco – Isabelle Huppert, André Marcon, Roman Kolinka, Edith Scob.

Nathalie (Isabelle Huppert) é uma professora de filosofia e escritora que aparentemente tem uma vida tranquila ao lado do marido Heinz (André Marcon). Seu casal de filhos tem suas próprias vidas. Seu maior problema é dar atenção a mãe (Edith Scob), um pessoa carente e complicada. 

Respeitada em seu trabalho e também sendo uma espécie de tutora para um ex-aluno (Roman Kolinka) que pretende lançar seu primeiro livro, aos poucos, situações inesperadas abalam sua vida pessoal e profissional. 

O roteiro escrito pela diretora Mia Hansen Love foca nas mudanças que ocorrem à revelia nas vidas das pessoas. A protagonista de meia-idade precisa enfrentar estas mudanças e se adaptar as novas situações. O roteiro explora também as questões políticas e sociais. As reuniões da protagonista com seus editores deixam claro que cultura só interessa quando gera lucro. As conversas com o ex-aluno também são outro ponto alto. 

É um filme interessante com situações bem próximas da realidade.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Secuestro

Secuestro (Secuestro, Espanha, 2016) – Nota 7,5
Direção – Mar Targarona
Elenco – Blanca Portillo, Antonio Dechent, Jose Coronado, Vicente Romero, Marc Domenech, Nausicaa Bonnin, Andrés Herrera, Macarena Gomez.

Um garoto (Marc Domenech) é encontrando perdido em uma estrada com um pequeno ferimento no rosto. Levado para delegacia, o inspetor Requena (Antonio Dechent) entra em contato com a mãe do garoto, a importante advogada Patricia de Lucas (Blanca Portillo). 

O garoto que é surdo e tem dificuldade na fala, alega que foi sequestrado por um homem na porta da escola e que conseguiu fugir do cativeiro. O retrato falado leva a polícia a acreditar que o culpado é o ex-presidiário Charlie (Andrés Herrera), que nega sua participação crime. 

Quando a notícia do sequestro é divulgada na mídia, o fato dá início uma série de desencontros e mentiras. 

Mesmo não tendo o mesmo impacto dos ótimos "El Cuerpo" e “Contratiempo” dirigidos por Oriol Paulo, que aqui escreveu apenas o roteiro, este longa é competente na proposta de criar suspense através de uma trama complexa. 

O emaranhado de situações leva até um surpreendente final, especialidade do roteirista e diretor Oriol Paulo. O roteiro explora todos os pontos habituais do gênero. A trama policial envolve corrupção, manipulação, mentiras e violência. 

É mais uma boa opção para quem curte o gênero.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Uma Dia Difícil

Um Dia Difícil (Kkeut-Kka-Ji-Gan-Da, Coreia do Sul, 2014) – Nota 7,5
Direção – Seong Hun Kim
Elenco – Sun Kyun Lee, Jin Woong Jo, Man Sik Jeong, Dong Young Kim.

Seguindo para a funerária para tratar do enterro da mãe, o detetive Go Geon Soo (Sun Kyun Lee) atropela e mata um sujeito. Desesperado, ele esconde o corpo no porta-malas. 

Na mesma noite, policiais da corregedoria encontram dinheiro de suborno na sua gaveta, incriminando Go e seus parceiros detetives. É o início de uma corrida desesperada para para tentar escapar da cadeia e se livrar do corpo. 

Com toques de humor negro, este criativo longa sul-coreano brinca com a “teoria do caos” em um primeiro momento, quando um fato desencadeia uma sequência de situações que complicam a vida do protagonista. Na segunda metade, a trama insere um perigoso personagem e transforma a trama num jogo de gato e rato. 

Tirando de lado alguns exageros, principalmente no clímax, o longa prende a atenção do início do fim e ainda faz o espectador rir com alguma peripécias do protagonista. 

Vale que citar que o título nacional é enganoso, a trama começa em uma noite e se desenrola por mais de um dia.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O Sistema & Matem-me Se Puderem


O Sistema (The Glass House, EUA, 1972) – Nota 7,5
Direção – Tom Gries
Elenco – Alan Alda, Vic Morrow, Clu Gulager, Billy Dee Williams, Dean Jagger.

O professor universitário Jonathon Paige (Alan Alda) é condenado a prisão após cometer um assassinato sem intenção. Levado para uma prisão de segurança máxima, Paige encontra um terrível mundo de violência, injustiças e corrupção, além de ter de ser proteger contra um perigoso bandido (Vic Morrow). 

Este drama sobre a vida na cadeia é baseado numa história escrita pelo famoso Truman Capote em parceria com Wyatt Cooper, que fizeram uma pesquisa com detentos verdadeiros. 

A narrativa seca imposta pelo diretor Tom Gries resulta num clima de assustadora realidade. Enquanto o protagonista tenta sobreviver, se torna também testemunha das atrocidades cometidas no local. Um personagem jovem que é perseguido e estuprado é o exemplo do desespero daqueles que caíram no inferno. 

Este é sem dúvida um dos filmes mais realistas sobre a vida na prisão, mesmo sendo apenas uma produção para TV. 

Matem-me Se Puderem (Kill Me If You Can, EUA, 1977) – Nota 7,5
Direção – Buzz Kulik
Elenco – Alan Alda, Talia Shire, John Hillerman, Barnard Hughes, John P. Ryan, John Randolph, Philip Baker Hall, James Sikking.

Em 1948, a polícia de Los Angeles prendeu Caryl Chessman (Alan Alda) com acusações de roubo, sequestro e estupro. Extremamente inteligente e arrogante, Chessman dispensou advogados e se defendeu sozinho perante a justiça, alegando inocência até ser executado em 1960. 

Chessman ficou conhecido como “O Bandido da Luz Vermelha”, denominação que a imprensa brasileira copiou para um criminoso que atuou em São Paulo nos anos sessenta e que ficou preso por trinta anos, até ser assassinado poucos meses depois de ser posto em liberdade em 1998. 

O longa é um interessante drama sobre a vida no corredor da morte e principalmente sobre um personagem forte como Chessman, que chegou a escrever livros durante os doze anos em que ficou preso. Vale citar que Chessman foi condenado com provas circunstanciais, deixando dúvidas até hoje no processo. 

A interpretação do ótimo Alan Alda é outro destaque neste longa produzido para TV.

domingo, 26 de novembro de 2017

O Mistério de Stella

O Mistério de Stella (The Driftless Area, Canadá / EUA, 2015 – Nota 6
Direção – Zachary Sluser
Elenco – Anton Yelchin, Zooey Deschanel, John Hawkes, Alia Shawkat, Frank Langella, Ciaran Hinds, Aubrey Plaza.

Em uma pequena cidade americana na fronteira com o Canadá, o destino liga a vida de três personagens. O assaltante Shane (John Hawkes), o barman Pierre (Anton Yelchin) e a enigmática Stella (Zooey Deschanel). 

A história é narrada por Carrie (Alia Shawkat), que é amiga de Pierre e ainda abre espaço para outros personagens estranhos como o solitário Tim Geer (Frank Langella), um vendedor de carros corrupto (Ciaran Hinds) e sua funcionária (Aubrey Plaza). 

Alguns filmes são tão estranhos que fica difícil até mesmo escrever uma simples sinopse. É o caso deste longa que mistura drama, crime e até ficção com toques de espiritismo. A trama não é toda linear, com a narrativa explorando algumas idas e vindas na história. Não é difícil acompanhar a trama, o problema está na explicação da situação. O espectador precisa comprar a ideia para aceitar o final totalmente fora do comum. 

É basicamente um filme independente e esquecível.

sábado, 25 de novembro de 2017

Z - A Cidade Perdida

Z – A Cidade Perdida (The Lost City of Z, EUA, 2016) – Nota 7,5
Direção – James Gray
Elenco – Charlie Hunnam, Robert Pattinson, Sienna Miller, Tim Holland, Edward Ashley, Angus Macfadyen, Ian McDiarmid, Clive Francis.

Irlanda, 1906. O major e também cartógrafo Percy Fawcett (Charlie Hunnam) recebe uma proposta da Sociedade de Geografia Real da Inglaterra para viajar até a Amazônia e mapear a fronteira entre Brasil e Bolívia.

Mesmo sabendo dos perigos, Fawcett deixa esposa (Sienna Miller) e um filho pequeno para enfrentar o desafio. Ao lado do explorador Henry Costin (Robert Pattinson), Fawcett fica encantado com a floresta e com a possibilidade de existir uma cidade perdida. Ele dedicará boa parte de sua vida para procurar a cidade. 

O diretor James Gray se baseou em um livro que conta a fantástica história real do explorador Percy Fawcett e sua busca pela cidade perdida que ele mesmo batizou de Z. Não espere uma aventura agitada, o ritmo é cadenciado, focando nas pequenas descobertas e nos perigos básicos de uma expedição selvagem. Este enfoque desagradou o público que procurava ação. 

Mesmo tendo duas horas e vinte minutos de duração, a história é recheada de acontecimentos que poderiam render um filme ainda mais longo. O diretor preferiu inserir pulos no tempo para diminuir a duração, solução que deixou o filme um pouco irregular, além de resumir a quantidade de viagens do protagonista. O verdadeiro Fawcett participou de sete expedições ao Amazonas. 

No geral, é um filme muito bom na parte técnica, com um bonita fotografia que explora aos cenários naturais da floresta e uma história intrigante. 

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Regressão

Regressão (Mindscape ou Anna, Espanha / EUA / Inglaterra / França, 2013) – Nota 7
Direção – Jorge Dorado
Elenco – Mark Strong, Taissa Farmiga, Brian Cox, Saskia Reeves, Richard Dillane, Indira Varma, Alberto Ammann, Noah Taylor.

Num futuro próximo, uma empresa desenvolveu uma máquina que utiliza sensitivos para acessarem as memórias de pessoas comuns. Os resultados das “viagens” na memória servem até mesmo para elucidar crimes. 

Um destes detetives da memória é John Washington (Mark Strong), que volta ao trabalho algum tempo após perder a esposa. Ele recebe a missão de fazer a adolescente Anna (Taissa Farmiga) interromper uma espécie de greve de fome. 

A garota é filha de milionários e tem um QI extremamente elevado, porém se envolveu em diversos problemas. Conforme John se aprofunda no caso, surge a dúvida se as memórias da garota são verdadeiras ou se ela está manipulando suas lembranças. 

A premissa é muito interessante. Por mais que tentar descobrir o gatilho para traumas através do passado seja algo comum na psicologia e psicanálise, a chance das lembranças pessoais serem distorcidas é enorme. 

As pessoas tendem a lembrar de algum fato importante de sua vida de acordo com o tipo de sentimento que ele traz, ou seja, muitas vezes amplificando o que realmente aconteceu. As sessões mostradas no filme seguem este caminho. 

Por outro lado, mesmo com a dúvida sobre quem está dizendo verdade, o roteiro se mostra previsível e até um pouco apressado e confuso no final. 

É um filme que vale a sessão pela interessante ideia e pelo clima de suspense que se mantém por boa parte da história.  

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Tarde para la Ira

Tarde para la Ira (Tarde para la Ira, Espanha, 2016) – Nota 7,5
Direção – Raul Arévalo
Elenco – Antonio de la Torre, Luis Callejo, Ruth Diaz, Raul Jimenez, Manolo Solo.

Jose (Antonio de la Torre) é um sujeito calado que divide seu tempo entre visitar o pai em coma no hospital e passar algumas horas no bar de Juanjo (Raul Jimenez). 

A princípio, Jose parece visitar o bar porque está interessado na irmã de Juanjo, Ana (Ruth Diaz), que tem um filho pequeno e que está esperando o marido sair da cadeia. 

Curro (Luis Callejo) é libertado após cumprir oito anos de prisão por ter participado de um violento assalto em que os outros três comparsas fugiram. Assim que Curro volta para casa, o verdadeiro objetivo de Jose vem à tona. 

Vencedor do Goya de 2016, o prêmio de melhor filme espanhol, este competente longa sobre vingança marcou a estreia na direção do ator Raul Arévalo (“Pecados Antigos, Longas Sombras” e “Cem Anos de Perdão”). 

O roteiro escrito por Arévalo em parceria com David Pulido revela aos poucos a motivação do protagonista e ainda guarda uma pequena surpresa no final. 

Vale destacar a atuação de Antonio de la Torre, perfeito como o sujeito frio e obcecado em conseguir o que deseja.  

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Sangue Jovem

Sangue Jovem (Son of a Gun, Austrália / Inglaterra / Canadá, 2014) – Nota 7
Direção – Julius Avery
Elenco – Ewan McGregor, Brenton Thwaites, Alicia Vikander, Matt Nable, Tom Budge, Jacek Koman.

O jovem JR (Brenton Thwaites) é condenado a cumprir uma pena de seis meses em um presídio numa cidade do interior da Austrália. 

Ao tentar defender um outro jovem detento, JR termina por se aproximar do famoso ladrão Brendan Lynch (Ewan McGregor), se tornando seu protegido. Após sair da cadeia, JR precisa cumprir uma missão para Lynch e assim entra de vez no mundo do crime. 

Apesar de guardar uma pequena surpresa para o final, o roteiro deste competente longa é previsível. Isso não chega a atrapalhar. O que faz o filme ganhar pontos são as cenas de violência, a sequência do assalto e a relação que é ao mesmo paternal e de desconfiança entre os personagens de Ewan McGregor e Brenton Thwaites. Vale destacar ainda beleza de Alicia Vikander. 

É um filme indicado para quem gosta de uma trama policial básica e direta.  

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Centurião & A Legião Perdida


Centurião (Centurion, Inglaterra / França / EUA, 2010) – Nota 7
Direção – Neil Marshall
Elenco – Michael Fassbender, Dominic West, Olga Kurylenko, Imogen Poots, Liam Cunnigham, David Morrissey, Ulrich Thomsen. JJ Feild, Paul Freeman, Noel Clarke, Riz Ahmed.

No ano 117 D.C., o centurião Quintus Dias (Michael Fassbender) consegue escapar de uma tribo selvagem no norte da Bretanha após seu batalhão ser dizimido. Ele termina salvo pelo Nona Legião comandada pelo general Virilus (Dominic West), que tem a missão de enfrentar os selvagens para montar uma colônia romana na região. Desconhecendo o perigoso e inóspito território, a Nona Legião se torna alvo dos selvagens. Os poucos soldados que sobrevivem ao ataque tentam fugir a todo custo. 

O roteiro escrito pelo diretor Neil Marshall utiliza como ponto de partida a história real da Nona Legião romana que desapareceu sem deixar vestígios numa região montanhosa que hoje pertence a Escócia. O mistério do desaparecimento da legião deu espaço para inúmeras teses sobre o que realmente aconteceu, porém prova alguma foi encontrada até hoje. 

O roteiro não apresenta grandes surpresas, seguindo o estilo dos filmes de ação, como muita violência, batalhas bem filmadas e sangue jorrando aos montes. As belas paisagens naturais da região são um dos pontos alto do longa. É um filme que agrada quem curte o estilo, porém para quem tiver curiosidade, procure o assustador e claustrofóbico “Abismo do Medo”, o melhor trabalho do diretor Neil Marshall até o momento.

A Legião Perdida (The Eagle, Inglaterra / EUA, 2011) – Nota 6
Direção – Kevin Macdonald
Elenco – Channing Tatum, Jamie Bell, Donald Sutherland, Mark Strong, Tahar Rahim, Ned Dennehy, Denis O’Hare.

Vinte anos após a Nona Legião Romana desaparecer no norte da Bretanha e perder a águia dourada símbolo do império, o oficial Marcus (Channing Tatum) é enviado por Roma para liderar o exército na região. Marcus é filho do comandante da legião desaparecida. Ele acredita que poderá descobrir o que aconteceu com o pai. Após uma terrível batalha, Marcus é ferido e em seguida dispensado do exército por sua bravura. O destino faz com que ele se alie ao escravo Esca (Jamie Bell) e juntos encarem a jornada de tentar encontrar a águia perdida. 

Baseado em um romance de Rosemary Sutcliff, que por sua vez utilizou como inspiração o mistério do desaparecimento da Nona Legião, este longa resulta em um novelão repleto de clichês, principalmente na segunda metade da trama. 

A forma como o oficial romano e o escravo enfrentam o perigo na parte final é totalmente inverossímil, com soluções fáceis demais. Uma cena forte com uma criança que surge do nada também é uma exemplo das falhas do roteiro. Fica como ponto positivo a primeira parte, até a sequência da batalha no forte. O restante do filme é descartável.

domingo, 19 de novembro de 2017

O Sol da Noite

O Sol da Noite (That Evening Sun, EUA, 2009) – Nota 7,5
Direção – Scott Teems
Elenco – Hal Holbrook, Ray McKinnon, Walton Goggins, Mia Wasikowska, Carrie Preston, Barry Corbin, Dixie Carter.

Aos oitenta anos, Abner Meechum (Hal Holbrook) abandona a casa de repouso onde vive e viaja de volta para sua fazenda no Tennessee.

Chegando ao local, ele se surpreende ao descobrir que seu filho vendeu a fazenda para Lonzo Choat (Ray McKinnon), um sujeito com fama de bêbado e vagabundo. Morando com sua esposa (Carrie Preston) e filha (Mia Wasikowska), Lonzo se nega a desfazer o negócio, enquanto Abner decide ficar na cabana ao lado da casa, afirmando que jamais sairá de sua antiga propriedade.

Este drama é um daqueles filmes em que personagem algum está totalmente certo ou errado. Decisões unilaterais, circunstâncias complicadas e destino levam os personagens a um conflito que parece não ter solução.

O roteiro explora também os conflitos familiares e os problemas da terceira idade. É difícil para uma pessoa idosa aceitar abandonar sua casa porque os familiares não querem que ela fique sozinha, assim como um sujeito frustrado pode descontar seu sofrimento nas pessoas que estão próximas.

Vale destacar a sensível e sóbria interpretação do veteraníssimo Hal Holbrook, que na época estava com oitenta e quatro anos. Atualmente, o ator continua na ativa em pequenos papéis no alto do seus noventa e dois anos.

sábado, 18 de novembro de 2017

The Ardennes

The Ardennes (D’Ardennen, Bélgica, 2015) – Nota 7
Direção – Robin Pront
Elenco – Kevin Janssens, Jeroen Perceval, Veerle Baetens, Jan Bijvoet.

Um assalto não sai como planejado e leva o violento Kenny (Kevin Janssens) para a cadeia. Seu irmão Dave (Jeroen Perceval) e Sylvie (Veerle Baetens), que era namorada de Kenny, escapam e iniciam um romance. 

Quatro anos depois, Kenny sai da cadeia e volta para casa querendo reativar o relacionamento com Sylvie, sem saber que ela e seu irmão estão juntos. O temperamento violento de Kenny levará Dave e Sylvie a um beco sem saída. 

O ponto principal deste longa é o clima de tragédia anunciada que permeia toda a história. O roteiro explora a clássica premissa de pessoas que tentam sair do mundo do crime, mas que são atraídos pelo destino ou por algum personagem que os empurram de volta para o buraco. 

É um filme simples e violento, que apresenta uma surpresa no final e que se mostra extremamente eficiente em sua proposta.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Conflito das Águas

Conflito das Águas (También la Lluvia. Espanha / França / México, 2010) – Nota 7
Direção – Iciar Bollain
Elenco – Luis Tosar, Gael Garcia Bernal, Juan Carlos Aduviri, Karra Elejalde, Raul Arévalo, Carlos Santos, Cassandra Ciangherotti.

Cochabamba, Bolívia, 2000. Uma equipe de cinema está na cidade para filmar um longa sobre a vida de Cristovão Colombo na América. 

O produtor Costa (Luis Tosar) e o diretor Sebastian (Gael Garcia Bernal) escolhem moradores locais para papéis de figurantes indígenas e um sujeito chamado Daniel (Juan Carlos Aduviri) para ser o líder destes personagens que lutaram contra a colonização espanhola. 

Enquanto Costa pensa apenas no dinheiro que está sendo investido, Sebastian vê o filme como a principal obra de sua vida. Tudo começa a desmoronar quando a população de Cochabamba inicia um protesto contra a privatização da distribuição de água e Daniel se torna um dos líderes do movimento. 

O roteiro explora a história real da revolta popular ocorrida na Bolívia, para criar uma trama de ficção sobre a visão dos estrangeiros que estavam no país na época. A forma como as pessoas da equipe de filmagem encaram a situação é interessante, enquanto alguns fecham os olhos pensando apenas no filme, outros querem sair país e somente um realmente se envolve no conflito. 

Não é um grande filme analisando a parte técnica ou as interpretações, mas ganha força por abordar uma violenta e complexa história real, que mostra a importância da água e como ela poderá ser um fator decisivo para conflitos no futuro.  

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Terra Selvagem

Terra Selvagem (Wind River, Inglaterra / Canadá / EUA, 2017) – Nota 8
Direção – Taylor Sheridan
Elenco – Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Graham Greene, Jon Bernthal, Gil Birmingham, Tantoo Cardinal, Kelsey Abile.

O caçador Cory Lambert (Jeremy Renner) encontra uma jovem morta numa reserva indígena denominada “Wind River”. Localizada numa região gelada e montanhosa do Wyoming, Cory e o xerife indígena (Graham Greene) esperam o FBI para investigar o caso. 

Para surpresa da dupla, é enviada a agente novata Jane Banner (Elizabeth Olsen), que além da falta de experiência, não conhece absolutamente nada sobre a região. A agente termina por pedir ajudar para Cory, que aceita a missão também pensando em encontrar respostas para uma tragédia que acabou com seu casamento. 

Não espere um filme de ação ou suspense agitado, a narrativa é sóbria com o roteiro dando as respostas aos poucos. O interessante desenvolvimento da dupla de protagonistas eleva a qualidade do longa. 

O roteiro ainda explora a falta de perspectivas dos descendentes indígenas que vivem na reserva, inclusive com o envolvimento de alguns com drogas e violência. 

Outro ponto alto são paisagens naturais da região, que são ao mesmo tempo belíssimas e duras para quem vive o dia a dia. As locações já valem a sessão.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Desafio no Gelo & Estrada Para Glória


Desafio no Gelo (Miracle, Canadá / EUA, 2004) – Nota 7,5
Direção – Gavin O’Connor
Elenco – Kurt Russell, Patricia Clarkson, Noah Emmerich, Sean McCann, Kenneth Welsh, Eddie Cahill, Patrick O’Brian Demsey, Michael Mantenuto, Nathan West, Kenneth Mitchell, Eric Peter Kaiser.

Em 1979, Herb Brooks (Kurt Russell) é escolhido para treinar a seleção americana de hóquei no gelo que no início de 1980 disputaria a Olimpíada de Inverno em Lake Placid, Nova York. Na época, era proibido que jogadores profissionais disputassem a Olimpíada, o que obrigava os americanos a montarem uma seleção com atletas universitários. 

Por outro lado, comunistas alegavam que os esportes em seus países não eram profissionais e por este motivo convocavam seus melhores atletas para disputar a competição. Neste contexto, a então União Soviética era praticamente imbatível no hóquei no gelo. 

Tratado com desprezo até mesmo pelo comitê olímpico americano, o obcecado Herb Brooks enfrenta o desafio de tentar vencer os soviéticos. Extremamente exigente nos treinamentos, Brooks precisa também ganhar a confiança dos jovens jogadores. 

Baseado numa belíssima história real, este longa relata um daqueles milagres que de tempos em tempos acontece no esporte. A dura jornada em busca da vitória é detalhada nas discussões, nas contusões e nas eletrizantes sequências dos jogos, principalmente a partida contra os soviéticos que é retratada por quase trinta minutos. Mesmo com as cenas de jogos cansando um pouco, não se pode negar que elas são emocionantes. 

É um filme competente na proposta de emocionar ao retratar um feito fora do comum. 

Estrada Para Glória (Glory Road, EUA, 2006) – Nota 7
Direção – James Gartner
Elenco – Josh Lucas, Derek Luke, Austin Nichols, Jon Voight, Evan Jones, Schin A.S. Kerr, Sam Jones III, Alphonso McAuley, Mehcad Brooks, Damaine Radcliff, Al Shearer, Emily Deschanel, Red West.

Em 1966, o então treinador de uma equipe feminina de basquete Don Haskins (Josh Lucas), recebe uma proposta para treinar a equipe masculina da universidade de Western Texas. Pela falta de tradição da universidade no esporte e com poucos atletas, Haskins decide enfrentar o preconceito da região e oferece bolsas de estudo para sete jogadores negros. 

A princípio tratados com desprezo pelos adversários e torcedores rivais, a cada nova vitória a equipe mostra seu valor, até conseguir um feito inédito que abriu caminho para os jogadores negros se tornarem os protagonistas do basquete americano. 

Baseado em uma surpreendente história real, o longa segue a fórmula dos filmes sobre esporte. Acompanhamos a montagem do time, os conflitos entre os jogadores e com o próprio técnico e por fim a superação. O roteiro não se aprofunda em algumas situações mais polêmicas, seguindo uma narrativa linear e até previsível. O filme ganha pontos pelas boas cenas das partidas e pela emoção do clímax. 

É um filme correto, que vale como registro de uma sensacional história real.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Pandora

Pandora (Pandora, Coreia do Sul, 2016) – Nota 8
Direção – Jong Woo Park
Elenco – Nam Gil Kim, Yeo Ji, Do Bin Baek, , Jung Hee Moon, Yeong Ae Kim, Myung Min Kim.

Numa pequena cidade do interior da Coreia do Sul, cinco crianças conversam ingenuamente sobre a usina nuclear que foi construída no local. 

Anos depois, quase toda a população trabalha na usina, inclusive o jovem Jae Hyeok (Nam Gil Kim), que planeja sair da cidade em busca de dinheiro para dar uma vida melhor para sua família. 

Quando um terremoto atinge a região, a usina é afetada e precisa ser reparada com urgência antes de entrar em colapso. É o início de um inferno. 

Este ótimo blockbuster sul-coreano não deixa nada a dever em comparação aos semelhantes americanos. Cenas de ação caprichadas, tensão crescente, drama familiar, corrupção política e uma trilha sonora assustadora são os ingredientes principais. 

O estilo de atuação oriental pode desagradar um pouco quem não está acostumado, assim como a duração um pouco longa, mas por outro lado, os personagens são muito mais próximos da realidade do que os heróis das produções de Hollywood. A sequência final mostra toda a fragilidade do ser humano frente a morte, mesmo em um momento de heroísmo. 

Cada vez mais o cinema sul-coreano se firma entre os melhores do mundo.  

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Doidão

Doidão (The Wackness, Inglaterra / EUA, 2008) – Nota 7
Direção – Jonathan Levine
Elenco – Josh Peck, Ben Kingsley, Famke Janssen, Olivia Thirlby, Mary Kate Olsen, Jane Adams, Method Man, Aaron Yoo, Talia Balsam, David Wohl.

Nova York, verão de 1994. O jovem Luke Shapiro (Josh Peck) ganha a vida traficando drogas escondidas em um carrinho de sorvete, enquanto espera o início das aulas na universidade. 

Solitário, Luke tem como único amigo o psiquiatra Dr. Squires (Ben Kingsley). De paciente, Luke se transformou em fornecedor de drogas e amigo do maluco Squires, que vive um casamento falido (Famke Janssen é a esposa) e que sonha em reviver os tempos de juventude. 

Luke também sofre com a dificuldade financeira dos pais e pela atração que sente por Stephanie (Olivia Thirlby), que é enteada de Squires. 

Não se deixe enganar pelo título nacional que lembra uma comédia rasgada, na verdade o longa é um drama independente sobre amizade, juventude e frustrações, com pitadas de humor a cargo do inusitado personagem de Ben Kingsley. 

É muito interessante a relação entre o jovem traficante e o psiquiatra. Enquanto o primeiro acredita estar deprimido, o segundo diz que a o remédio para se sentir bem é viver da melhor forma possível, ou seja, de um lado temos um jovem que sofre por não ter vivido e do outro um homem de meia-idade que sabe que seus melhores anos de vida não voltarão. 

É um filme bem mais profundo do que aparenta, com destaque para a atuação da dupla principal.

domingo, 12 de novembro de 2017

Guerreiro

Guerreiro (Warrior, EUA, 2011) – Nota 8
Direção – Gavin O’Connor
Elenco – Joel Edgerton, Tom Hardy, Nick Nolte, Jennifer Morrison, Frank Grillo, Kevin Dunn, Maximiliano Hernandez, Denzel Whitaker, Gavin O’Connor.

Muitos anos após ter partido com a mãe, Tommy (Tom Hardy) retorna a Pittsburgh e reencontra o pai Paddy (Nick Nolte). Mesmo tendo abandonado a bebida e se mostrando arrependido por ter sido um péssimo marido e pai, Paddy não é perdoado por Tommy. 

Em paralelo, Brendan (Joel Edgerton), que também é filho de Paddy, sofre com a possibilidade de perder sua casa por causa de uma dívida bancária. A única coisa que liga a família é o gosto pela luta. Paddy era treinador, enquanto Tommy e Brendan foram lutadores. O destino da família se cruza quando um torneio de MMA em Atlantic City que dará cinco milhões ao vencedor se torna o objetivo dos irmãos. 

Eu não assisto MMA, mas por outro não é necessário ser fã do esporte para gostar deste ótimo longa que une conflitos familiares e lutas de uma forma emocionante. O sofrido relacionamento entre pai e irmãos carrega uma forte carga dramática, que é potencializada pelas ótimas lutas filmadas de uma forma extremamente realista, com destaque para as atuações no ringue de Tom Hardy e Joel Edgerton. 

De uma forma inusitada, eu diria que o filme é uma mistura de “Rocky” com “O Grande Dragão Branco”.

sábado, 11 de novembro de 2017

O Jogo do Exterminador

O Jogo do Exterminador (Ender’s Game, EUA, 2013) – Nota 6
Direção – Gavin Hood
Elenco – Asa Butterfield, Harrison Ford, Hailee Steinfeld, Ben Kingsley, Abigail Breslin, Viola Davis, Aramis Knight, Suraj Partha, Moises Arias, Nonso Anozie.

Cinquenta anos após a Terra ter sido atacada por alienígenas e conseguir deter o que seria uma invasão, os governos criaram um programa de defesa para evitar um novo ataque. O programa recruta crianças para desenvolverem estratégias de ataque e defesa em simuladores especiais e que tenham potencial para enfrentarem batalhas reais. 

Ender Wiggin (Asa Butterfield) é um destes garotos, que rapidamente demonstra uma inteligência acima da média para situações complexas e perigosas. Tendo o Coronel Graff (Harrison Ford) como uma espécie de tutor, Ender é preparado para liderar uma frota contra o inimigo. 

Este longa é mais uma adaptação de um livro de ficção infanto-juvenil, gênero que se tornou comum nos últimos anos. Por mais que a produção seja caprichada e agrade principalmente a geração que curte games, o filme é um amontoado de clichês que mistura disciplina militar, técnicas de liderança e disputa por poder. 

Para quem é um pouco mais velho, a premissa lembra o explosivo “Tropas Estelares” de Paul Verhoeven, porém diferente daquele longa repleto de cenas de ação, aqui praticamente toda a história se passa durante o treinamento do protagonista em simuladores, o que torna o filme cansativo. 

O final também deixa a desejar e chega a ser piegas, tudo para deixar um gancho. Como o longa fracassou nas bilheterias, não acredito que a sequência saia do papel.  

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Prece Para um Condenado & Agenda Secreta


Prece Para um Condenado (A Prayer for the Dying, Inglaterra, 1987) – Nota 5,5
Direção – Mike Hodges
Elenco – Mickey Rourke, Bob Hoskins, Alan Bates, Sammi Davis, Christopher Fulford, Liam Neeson, Camille Coduri, Alison Doody.

Na Irlanda do Norte, um grupo de terroristas do IRA falha ao tentar explodir um comboio do exército inglês e termina por atingir um ônibus cheio de crianças. Martin Fallon (Mickey Rouke) e Liam Docherty (Liam Neeson) conseguem fugir. Fallon segue para Londres onde deseja conseguir novos documentos e dinheiro para fugir aos Estados Unidos, porém seu contato na cidade faz uma proposta. 

Ele deverá assassinar um sujeito para conseguir o que deseja, senão terá de se virar sozinho para fugir. Fallon aceita a missão e ao matar o homem dentro de um cemitério, percebe em seguida que um padre (Bob Hoskins) testemunhou a execução. Mesmo usando a criatividade para não matar o padre e fazer com que ele não o entregue à polícia, Fallon se torna alvo do mandante do crime (Alan Bates) e de seus antigos parceiros do IRA. 

Por mais incrível que pareça hoje, Mickey Rourke era um dos maiores astro do cinema em 1987. Infelizmente, a derrocada da carreira de Rourke começou com este equivocado trabalho. A premissa de explorar uma trama política que era atual na época parecia interessante, o problema surgiu na execução. A narrativa lenta e irregular, além do roteiro previsível não ajudaram em nada. A situação piora com as péssimas atuações. Com exceção de Bob Hoskins, perfeito como padre, o restante do elenco parece interpretar uma peça de teatro ruim. Rourke com o cabelo pintado quase ruivo para parecer irlandês, com um sotaque falso e exagerando na pose chega a ser patético. 

Finalizando, ainda escolheram para diretor Mike Hodges, que durante anos trabalhou apenas na tv após ter feito o péssimo “Flash Gordon” em 1980. 

Agenda Secreta (Hidden Agenda, Inglaterra, 1990) – Nota 7
Direção – Ken Loach
Elenco – Frances McDormand, Brian Cox, Brad Dourif, Mai Zetterling.

Apesar de serem americanos, a advogada Ingrid Jessner (Frances McDormand) e o ativista político Paul Sullivan (Brad Dourif) lutam para levar a público as provas da ação violenta do governo britânico contra os separatistas da Irlanda da Norte. O trabalho da dupla incomoda o governo e resulta no assassinato de Sullivan. 

Decidido a continuar seu trabalho, Jessner recebe a ajuda de um investigador inglês Peter Kerrigan (Brian Cox), que se mostra inconformado com as atitudes do governo britânico e dos colegas de polícia. 

Neste trabalho, o cinema político de Ken Loach vai além da crítica social. O roteiro explora o ódio entre ingleses e irlandeses separatistas através de uma conspiração que envolve poderosos. É um drama policial que lembra os filmes de espionagem. O ritmo lento e a falta de ação atrapalham um pouco o resultado. O ponto principal termina sendo a própria história.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Despedida em Grande Estilo

Despedida em Grande Estilo (Going in Style, EUA, 2017) – Nota 6,5
Direção – Zach Braff
Elenco – Michael Caine, Morgan Freeman, Alan Arkin, John Ortiz, Matt Dillon, Ann Margret, Joey King, Maria Dizzia, Christopher Lloyd, Anthony Chisholm, Siobhan Fallon Hogan, Josh Pais, Peter Serafinowicz, Kenan Thompson.

O aposentado Joe (Michael Caine) se sente encurralado quando recebe um aviso do banco ameaçando tomar sua casa por conta de uma hipoteca em atraso. 

Sua situação fica pior quando a empresa em que trabalhou durante trinta anos avisa que fechará as portas no país e deixará de pagar os pensionistas. O problema da empresa atinge também seus amigos Willie (Morgan Freeman) e Al (Alan Arkin). Acreditando não ter nada a perder, Joe convence os amigos a assaltarem o banco que está tentando tomar sua casa. 

Esta simpática sessão da tarde é uma refilmagem de um longa de 1979. O ponto principal é o elenco recheado de veteranos, que se divertem com os diálogos bem humorados que brincam com a questão da idade. 

A cena do assalto ao banco, assim como “o teste” no supermercado são bizarros, mas dentro do esperado pela proposta do longa. 

Além do trio principal, no elenco temos outros veteranos como Christopher Lloyd e Anthony Chisholm, além da estrela dos anos sessenta e setenta Ann Margret. 

Como se dizia antigamente, este é um filme para toda a família.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O Dono do Jogo

O Dono do Jogo (Pawn Sacrifice, EUA / Canadá, 2014) – Nota 7
Direção – Edward Zwick
Elenco – Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg, Lily Rabe, Robin Weigert, Seamus Davey Fitzpatrick, Aiden Lovekamp, Sophie Nélisse, Conrad Pla.

Em 1972, o russo campeão mundial de xadrez Boris Spassky (Liev Schreiber) enfrentou o americano Bobby Fischer (Tobey Maguire) na Islândia. O vencedor seria aquele que vencesse primeiro doze partidas. Antes disso, o roteiro detalha a vida de Fischer, começando por sua infância pobre no Brooklyn e a descoberta do talento para o jogo. 

Desde criança, Fischer (interpretado por Seamus Davey Fitzgerald) se mostra obcecado pelo jogo e também com um temperamento difícil. Ao chegar na vida adulta, ele tem como único objetivo se tornar campeão mundial de xadrez e derrotar os russos que eram considerados quase invencíveis. 

Seu talento é apoiado e explorado pelo governo americano, que vê em Fischer uma forma de vencer os russos em plena Guerra Fria, mesmo sendo algo apenas simbólico. Ao mesmo tempo, sua arrogância e paranoia aumentam, criando situações constrangedoras e afetando sua vida pessoal. 

Não é necessário entender de xadrez para gostar do filme, que na verdade é uma biografia sobre uma pessoa com um talento excepcional para o jogo, mas que infelizmente sofria de problemas psicológicos complexos.   

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe

Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (The Meyerowitz Stories (New and Selected), EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Noah Baumbach
Elenco – Adam Sandler, Ben Stiller, Dustin Hoffman, Grace Van Patten, Elizabeth Marvel, Emma Thompson, Judd Hirsch, Rebecca Miller, Sigourney Weaver, Adam Driver, Candice Bergen, Michael Chernus.

Harold Meyerowitz (Dustin Hoffman) é um professor de artes aposentado e também escultor frustrado com a falta de reconhecimento pelo talento que acredita ter. 

Danny (Adam Sandler) e Jean (Elizabeth Marvel) são seus filhos do primeiro casamento, que mesmo carregando traumas pela falta de atenção do pai quando crianças, ainda tentam ajudá-lo na carreira de escultor. Danny sofre também pela separação recente e pela ida da filha Eliza (Grace Van Patten) para universidade. O terceiro filho de Harold e também seu preferido é Matthew (Ben Stiller). Filho de outra esposa, Matthew também guarda mágoas do pai. 

Não sou grande apreciador do cinema de Noah Baumbach, geralmente vejo seus trabalhos como obras que não se aprofundam na proposta de mostrar conflitos pessoais e familiares. Seu estilo lembra bastante Woddy Allen, principalmente nos personagens. Geralmente são pessoas ligadas a arte e de origem judaica. Os diálogos escritos por Baumbach não tem a mesma qualidade de Allen e as vezes são mais amargos. 

Este novo trabalho me agradou um pouco mais, muito por causa da qualidade do elenco. Adam Sandler e Dustin Hoffman tem ótimas atuações, além da garota Grace Van Patten. A inglesa Emma Thompson está caricata como a esposa atual do escultor, uma espécie de hippie alcoólatra e totalmente fora do seu tempo. 

Por mais que seja curiosa a crise familiar, chegam a ser irritantes os diálogos onde cada um fala o que quer e não tem a mínima vontade de ouvir o que outro está falando. Uma cena de briga pastelão também incomoda e não acrescenta nada à história. 

Longe de ser um grande filme, vale a sessão para quem gosta do estilo de Baumbach e de filmes com personagens excêntricos.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Correspondente Estrangeiro & Trama Macabra


Correspondente Estrangeiro (Foreign Correspondent, EUA, 1940) – Nota 7
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Joel McCrea, Laraine Day, Herbert Marshall, George Sanders, Albert Bassermann, Edmund Gwen, Robert Benchley.

Pouco tempo antes do início da Segunda Guerra Mundial em 1939, um famoso jornal americano envia o repórter John Jones (Joel McCrea) para a Europa em busca de notícias sobre a situação. Passando por Londres e Amsterdam, Jones se envolve com um político (Herbert Marshall) que comanda um Partido Pacifista, com a bela filha do sujeito (Laraine Day) e ainda participa da investigação de uma conspiração que tem como alvo um político holandês (Albert Bassemann). 

Apesar de ter sido indicado a seis prêmios Oscar, inclusive o de melhor filme, este trabalho de Alfred Hithcock apresenta uma trama confusa e um pouco sem sentido em relação a guerra. O motivo da conspiração não convence. O filme ganha pontos por algumas sequências criativas, como a perseguição em meio a várias pessoas com guarda-chuvas, a cena na torre de Londres e principalmente a parte final que envolve um avião. 

Não colocaria este longa entre os melhores do diretor.

Trama Macabra (Family Plot, EUA, 1976) – Nota 7
Direção – Alfred Hitchcock
Elenco – Bruce Dern, Barbara Harris, Karen Black, William Devane, Ed Lauter, Cathleen Nesbitt, Katherine Helmond.

Blanche (Barbara Harris) é uma falsa vidente que durante uma sessão com uma senhora rica, recebe uma proposta de dez mil dólares para encontrar o sobrinho da mulher que foi dado para adoção há quarenta anos. Gananciosa, ela e o namorado George (Bruce Dern) iniciam uma investigação para encontrar o paradeiro do sujeito. As pistas levam os picaretas a cruzar o caminho de um casal de sequestradores (William Devane e Karen Black). 

Este longa que mistura suspense, policial e pitadas de humor negro foi o último trabalho do grande Alfred Hitchcock. Mesmo sendo previsível, a trama prende a atenção, principalmente nas sequências em que o curioso personagem de Bruce Dern investiga o sumiço do sobrinho da milionária. Por sinal, o ator é o melhor do elenco. Barbara Harris como a vidente e o William Devane como o sequestrador estão caricatos. 

O resultado é um filme apenas mediano.

domingo, 5 de novembro de 2017

O Valor de um Homem

O Valor de um Homem (La Loi Du Marché, França, 2015) – Nota 7,5
Direção – Stéphane Brizé
Elenco – Vincent Lindon, Karine de Mirbeck, Matthieu Schaller.

Thierry (Vincent Lindon) é um sujeito de meia-idade em busca de emprego para sustentar a esposa (Karine de Mirbeck) e o filho (Matthieu Schaller), que precisa de cuidados especiais, mas que mesmo assim está próximo de conseguir uma bolsa de estudos na universidade. 

O roteiro não oferece grandes explicações, na verdade o filme se divide em pequenas sequências que mostram a saga de Thierry em busca de emprego, que o colocam em situações que são consequências da falta de dinheiro e por fim sua vida no novo trabalho. 

A proposta é mostrar como muitas situações consideradas normais nos dias atuais são cruéis. As entrevistas de emprego em que o selecionador se coloca numa posição superior, julgando os candidatos e fazendo com que eles mesmos se critiquem é de uma terrível violência consentida. 

A gerente de banco tentando vender seguro de vida para um desempregado e o diretor da escola pressionando o garoto deficiente são exemplos de como uma fala macia e aparentemente educada pode ofender tanto quanto um grito. 

Quando Thierry consegue um emprego e precisa vigiar as pessoas, ele percebe como é estar do outro do lado do espelho. 

É um filme lento, com um narrativa crua potencializada pela falta de trilha sonora e por situações constrangedoras, resultando numa obra que nos faz entender porque as pessoas estão cada vez mais distantes e insensíveis.

sábado, 4 de novembro de 2017

The Hero

The Hero (The Hero, EUA, 2017) – Nota 7
Direção – Brett Haley
Elenco – Sam Elliott, Laura Prepon, Nick Offerman, Krysten Ritter, Katharine Ross.

Lee Hayden (Sam Elliott) é um veterano astro de westerns que divide o tempo entre gravar comerciais de tv explorando sua potente voz e fumar maconha na casa do amigo Jeremy (Nick Offerman), um ator fracassado que se tornou traficante. 

Sua acomodada vida muda quando ele é diagnosticado com câncer, ao mesmo tempo em que conhece a jovem comediante Charlotte (Laura Prepon) e também é convidado a receber um prêmio pela carreira. A possibilidade de não sobreviver a doença o leva a tentar se reaproximar da filha (Krysten Ritter) e também o faz pensar sobre sua vida. 

Este sensível drama sobre velhice, família e carreira deu chance ao competente Sam Elliott ter um merecido papel de protagonista. Ator conhecido por personagens duros, Sam Elliott interpreta aqui alguém que precisa lidar com seus erros e acertos do passado, um personagem bem mais próximo da realidade do que o herói do título. 

Vale citar que o longa marca a volta ao cinema da veterana Katharine Ross, estrela dos anos sessenta e setenta e que fez poucos trabalhos desde que se casou com o ator Sam Elliott em 1984. É curioso citar que este foi o quinto casamento de Katharine e o primeiro e único de Sam Elliott.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O Convite

O Convite (The Invitation, EUA, 2015) – Nota 7
Direção – Karyn Kusama
Elenco – Logan Marshall Green, Tammy Blanchard, Michiel Huisman, John Carroll Lynch, Emayatzy Corinealdi, Mike Doyle, Michelle Krusiec, Jordi Vilasuso, Jay Larson, Marieh Delfino, Lindsay Burdge, Toby Huss.

Will (Logan Marshall Green) e sua namorada Kira (Emayatzi Corinealdi) são convidados para uma reunião de um grupo de amigos na casa de sua ex-esposa Eden (Tammy Blanchard). Will e Eden se separaram após a morte do filho.

Após dois anos vivendo no México, Eden retornou a Los Angeles com seu novo namorado David (Michiel Huisman). A aparente felicidade de Eden, junto com as atitudes suspeitas de David e a chegada de um estranho (John Carroll Lynch), deixam Will desconfiado. Os demais convidados acreditam que Will esteja sofrendo com as lembranças da vida antes da morte do filho. A dúvida sobre o que realmente está ocorrendo será desvendada apenas na meia hora final. 

Diretora conhecida pelo péssimo “Aeon Flux”, Karyn Kusama surpreendentemente acertou a mão neste longa que mantém a atenção do espectador através de um clima que mistura suspense, desconfiança e desolação. A fotografia escurecida explora os cenários da belíssima casa e também da noite nas colinas de Los Angeles, passando uma sensação de que algo está para ocorrer. 

No elenco recheado de atores de tv, os destaques ficam para o atormentado Logan Marshall Green e para o enigmático John Carroll Lynch. O resultado é um competente filme de suspense. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Johnny Vai à Guerra

Johnny Vai à Guerra (Johnny Got His Gun, EUA, 1971) – Nota 8
Direção – Dalton Trumbo
Elenco – Timothy Bottoms, Kathy Fields, Marsha Hunt, Jason Robards, Donald Sutherland, Charles McGraw.

Primeira Guerra Mundial. No primeiro dia no campo de batalha, o soldado Joe Bonham (Timothy Bottoms) é atingido em um bombardeio, perdendo braços, pernas e tendo o rosto desfigurado. De forma inacreditável, ele sobrevive e fica preso a uma cama no hospital militar. 

Sem poder falar, ouvir, cheirar ou se mexer, Johnny apenas sente. Os médicos acreditam que ele não tenha atividade cerebral e o mantém vivo como uma cobaia, apenas para analisar quanto tempo o corpo suportará sem que a pessoa possa interagir. A situação de Johnny desperta compaixão em uma enfermeira (Kathy Fields), que aos poucos tenta se comunicar com o pobre soldado. 

Clássico pacifista, este longa é uma crítica dolorosa ao absurdo da guerra e da falta de humanidade no atendimento médico. O desespero do soldado que não consegue se comunicar é de uma brutalidade única. 

Vale citar que o filme é o único trabalho como diretor de Dalton Trumbo, roteirista e escritor que foi perseguido pelo Macarthismo e que por muitos anos escreveu roteiros utilizando pseudônimos para driblar os inimigos. A vida de Trumbo neste período foi retratada há pouco tempo no cinema.   

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Graduação

Graduação (Bacalaureat, Romênia / França / Bélgica, 2016) – Nota 7,5
Direção – Cristian Mungiu
Elenco – Adrian Titieni, Maria Dragus, Lia Bugnar, Malina Manovici, Vlad Ivanov, Rares Andrici.

Em uma cidade do interior da Romênia, o médico Romeo (Adrian Titieni) está ansioso pelos exames finais de sua filha Eliza (Maria Dragus) no colégio. Ela precisa de notas altas para garantir uma bolsa de estudos em uma universidade em Londres. 

Um dia antes dos exames começarem, Romeo deixa a filha a um quarteirão do colégio, sem imaginar que a garota seria atacada por um estuprador. O crime transforma a aparente vida comum de Romeo em um inferno, desencadeando diversos problemas que podem destruir sua família. 

O diretor e roteirista Cristian Mungiu é especialista em longas que criticam a sociedade romena, país que ainda sofre com os vícios deixados pelo terrível regime comunista. O sonho do protagonista em ver sua filha tendo uma vida melhor do que ele e sua esposa o leva a tomar decisões precipitadas e de caráter duvidoso. 

O roteiro mostra também como a corrupção é algo enraizado na sociedade na romena. Pequenos favores são vistos como normais, mesmo prejudicando terceiros, situações que lembram muito o Brasil. 

Seguindo a linha de alguns diretores europeus, Mungiu não utiliza trilha sonora, filma muitas sequências na rua e explora uma narrativa crua, muito próximo da vida real de pessoas comuns.