quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um Caminho Para Recomeçar

Um Caminho Para Recomeçar (The Open Road, EUA, 2009) – Nota 7,5
Direção – Michael Meredith
Elenco – Jeff Bridges, Justin Timberlake, Kate Mara, Mary Steenburgen, Harry Dean Stanton, Ted Danson, Lyle Lovett.

O jovem jogador de baseball Carlton Garrett (Justin Timberlake) está desanimado com a carreira e fica ainda mais preocupado quando sua mãe (Mary Steenburgen) precisa fazer um cirurgia no coração. 

Antes de ir para mesa de operação, ela deseja rever seu ex-marido Kyle (Jeff Bridges), um astro aposentado do baseball. O problema é que Carlton não fala com o pai há cinco anos, mas para satisfazer a mãe, ele resolve buscar o pai e leva consigo a ex-namorada Lucy (Kate Mara), que também é sua melhor amiga. 

O reencontro de pai e filho não será fácil, principalmente por um problema que faz com o que trio tenha de atravessar o país de carro. A viagem se torna uma espécie de terapia, onde problemas não solucionados e frustrações vem à tona. 

O filme teve críticas ruins, porém mesmo utilizando clichês do gênero, tem uma história agradável e personagens simpáticos. Até mesmo os dramas são discutidos com um certo bom humor, sem tornar a história pesada. O destaque é o veterano Jeff Bridges, que interpreta um sujeito falastrão que adora ser o centro das atenções.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Morte Passou Por Perto

A Morte Passou Por Perto (Killer’s Kiss, EUA, 1955) – Nota 7
Direção – Stanley Kubrick
Elenco – Frank Silvera, Jamie Smith, Irene Kane, Jerry Jarrett.

O decadente boxeador Vincent Rapallo (Frank Silvera) perde sua última luta e decide voltar para sua cidade. Antes disso, ele vê sua vizinha (Irene Kane) sendo atacada por um sujeito (Jamie Smith) e tenta ajudá-la, começando uma relação com a jovem. O problema é que o homem que a atacou é seu patrão, um gângster obcecado pela garota. 

Este longa é um típico filme de baixo orçamento dos anos cinquenta que aproveitava o estilo noir. Na época foram produzidos vários filmes B neste formato, geralmente com curta duração (este tem pouco menos de 70 minutos) com histórias sobre o submundo e personagens marginais. 

O diferencial deste trabalho é a direção de Stanley Kubrick antes da fama. Apesar deste trabalho ser hoje cultuado, seu primeiro filme com algum destaque foi “O Grande Golpe”,  longa produzido no ano seguinte (1956) tendo como trama um assalto ao jóquei clube.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu Primo Vinny - A Zebra no Oscar

Meu Primo Vinny (My Cousin Vinny, EUA, 1992) – Nota 7
Direção – Jonathan Lynn
Elenco – Joe Pesci, Ralph Macchio, Marisa Tomei, Mitchell Whitfield, Lane Smith, Fred Gwynne, Bruce McGill, Maury Chaykin, James Rebhorn.

Ontem tentei assistir ao Oscar e novamente não tive paciência para ver até o final. As sátiras criadas especificamente para a cerimônia e as piadinhas estilo sitcom me cansam, além dos intermináveis intervalos comerciais. Há muitos anos que o Oscar se transformou de uma entrega de prêmios para um programa de tv, que precisa ter audiência para agradar aos anunciantes. Outra situação totalmente sem graça para o meu gosto é o chamado “Tapete Vermelho”, que é recheado de entrevistas fúteis, com sorrisos falsos e comentários de “especialistas” sobre as roupas das estrelas. 

Depois de falar mal do Oscar (rs) e para fugir do senso comum, nesta postagem comento sobre uma das maiores zebras da entrega do prémio, a vitória de Marisa Tomei como Atriz Coadjuvante por “Meu Primo Vinny”. Se na época existia aposta em dinheiro sobre o prêmio, alguém deve ter ficado rico com este resultado. Nada indicava que Marisa Tomei poderia vencer, já que ela disputava com quatro famosas atrizes: A australiana Judy Davis e as britânicas Vanessa Redgrave, Joan Plowright e Miranda Richardson. 

O filme era um comédia competente, porém simples, sobre dois amigos (Ralph Macchio e Mitchell Whitfield) que acabam presos por engano no Alabama e resolvem chamar um primo falastrão (Joe Pesci), que é formado em direito, mas nunca trabalhou como advogado. Marisa Tomei interpretava a namorada de Joe Pesci, uma jovem exagerada que fazia o tipo burra e gostosa. 

O ponto principal do filme era Joe Pesci, que interpretava um malandro que usava a lábia para tentar salvar os garotos da cadeia, já que o eterno “Karatê Kid” Ralph Macchio estava em declínio na carreira, o que se confirmou rapidamente. 

Para completar, até este filme, Marisa Tomei tinha feito apenas pequenas participações no cinema e na tv, sendo seu único papel de algum destaque, a filha de Sylvester Stallone na fracassada comédia “Oscar – Minha Filha Quer Casar”. 

Como curiosidade, existe uma lenda sobre esta premiação, onde alguns acreditam que o grande Jack Palance quando anunciou a vencedora do prêmio, apenas repetiu o nome da última candidata, dando a vitória para Marisa Tomei por engano.    

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paixões Sem Destino & O Crime que o Mundo Esqueceu


Nesta postagem comento dois filmes em algum produtor ou diretor resolveu transformar Nick Nolte e DebraWinger em par romântico, mesmo que sejam filmes mais voltados para o drama.

Na época, Nick Nolte era um ator em ascensão com o sucesso de "48 Horas" ao lado de Eddie Murphy e Debra Winger além de linda, era uma estrela após sucessos como "A Força do Destino" e "Laços de Ternura", mas nada indicava que os dois poderiam funcionar como par romântico nas telas, o que foi confirmado com estes dois filmes apenas razoáveis.

Paixões Sem Destino (Cannery Row, EUA, 1982) – Nota 6,5
Direção – David S. Ward
Elenco – Nick Nolte, Debra Winger, Audra Lindley, Frank McRae, M. Emmet Walsh.

Durante a Depressão Americana, Doc (Nick Nolte) é um biólogo que vai trabalhar na pequena Cannery Row, uma cidade decadente à beira do mar. Logo ele se envolve com Suzy (Debra Winger), mulher de personalidade forte, que fora prostituta e hoje é dona de um bar. Nasce entre os dois uma complicada paixão em meio a pobreza e falta de perspectivas da época. 

Este interessante drama de época é baseado num livro de John Steinbeck, que dedicou grande parte de sua carreira a escrever sobre as dificuldade de se viver nos anos trinta nos Estados Unidos, quando o país vive uma gigantesca crise econômica.

O Crime que o Mundo Esqueceu (Everybody Wins, EUA, 1990) – Nota 6
Direção – Karel Reisz
Elenco – Nick Nolte, Debra Winger, Will Patton, Judith Ivey, Kathleen Wilhoite, Jack Warden, Frank Converse, Frank Military.

Um detetive (Nick Nolte) é contratado por um prostituta de luxo (Debra Winger) que tem caso com vários homens influentes, para investigar um assassinato que levou um jovem (Frank Military) a cadeia, mas que ela diz ser inocente. O detetive acaba se envolvendo com a prostituta que tem um distúrbio de múltipla personalidade e se meterá numa teia de mentiras. 

Apesar do bom elenco e da história baseada em um conto de Arthur Miller, o falecido diretor theco Karel Reisz não consegue dar vida a trama, que parece nunca engrenar, um dos motivos talvez seja a falta de química entre o casal Nolte/Winger. O resultado final frustra em virtude de ser uma história com potencial para render um filme bem mais interessante.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Fuga de Nova York

Fuga de Nova York (Escape From New York, EUA / Inglaterra, 1981) – Nota 10
Direção – John Carpenter
Elenco – Kurt Russell, Lee Van Cleef, Ernest Borgnine, Donald Pleasence, Isaac Hayes, Harry Dean Stanton, Adrienne Barbeau, Season Hubley, Tom Atkins, Charles Cyphers.

Este é um dos meus filmes favoritos, considero ainda o melhor trabalho da carreira de John Carpenter, que teve seu auge durante dez anos. Entre “Halloween” em 1978 e “Eles Vivem” em 1988, Carpenter fez onze filmes, além dos citados vale lembrar o ótimo “Enigma do Outro Mundo”, “Christine – O Carro Assassino”, “O Príncipe das Sombras” e o criticado porém divertido “Os Aventureiros do Bairro Proibido”. Estes filmes transformaram Carpenter é um diretor cult, já que todos seus trabalhos tinham tramas de filmes B com orçamento baixo e muita criativade, além das sinistras e inconfundíveis trilhas sonoras criadas por ele próprio. 

Em “Fuga de Nova York”, Carpenter consegue reunir todos os detalhes de um filme B e criar um longa que mistura ação e suspense numa história absurda (no melhor sentido da palavra) repleta de personagens carismáticos. A trama se passa em 1997, quando a cidade de Nova York foi transformada em um presídio e isolada completamente pelo rio que cerca a ilha de Manhattan. Todos os bandidos da cidade foram jogados no local numa espécie de prisão perpétua. 

O que parecia ser uma solução contra a criminalidade, se torna um grande problema quando o avião do Presidente Americano (Donald Pleasence) cai na ilha e o chefão do local, Duque (o falecido cantor Isaac Hayes, que fazia também a voz do Chefe em “South Park”) o faz de refém. Para complicar ainda mais a situação, o Presidente carrega uma importane fita que acabaria com um iminente conflito mundial. 

Sem ter como invadir o local para resgatar o Presidente, o chefe de segurança Hauk (Lee Van Cleef) chama um ex-combatente que está preso, Snake Plissken (Kurt Russell) e oferece a liberdade para o sujeito, desde que ele traga o Presidente em menos de 22 horas. O rebelde Snake aceita, mas recebe em seu corpo uma droga para não tentar fugir. Ele terá apenas as 22 horas para voltar com o Presidente e receber o antídoto. Todos estes detalhes surgem em apenas quinze minutos de filme, a partir daí começa a correria de Snake para cumprir a missão. 

Além do grande desempenho de Kurt Russell, outro ponto positivo são os diversos personagens que aparecem na tela. Temos os já citados Lee Van Cleef como o policial durão, o veterano Donald Pleasence como o Presidente e Isaac Hayes como o bandidão Duque. Completando o elenco temos Ernest Borgnine como um taxista no meio de uma Nova York destruída, Harry Dean Stanton como um cientista conhecido como “Cérebro” e sua esposa vivida por Adrienne Barbeau, que na época era casada com o diretor John Carpenter. 

Apesar do baixo orçamento, as cenas de ação são bem legais, como por exemplo o pouso do aeroplano no World Trade Center e a sequência final da perseguição na ponte do Brooklin. 

Um clássico cult absoluto.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Fronteira da Violência

Fronteira da Violência (The Border, EUA, 1982) – Nota 6
Direção – Tony Richardson
Elenco – Jack Nicholson, Harvey Keitel, Valerie Perrine, Warren Oates, Elpidia Carrillo, Shannon Wilcox.

Charlie Smith (Jack Nicholson) trabalha como policial da imigração em Los Angeles e recebe um salário baixo. A situação desagrada a fútil esposa Marcy (Valerie Perrine), que acaba quase obrigando o marido a pedir transferência para El Paso, na fronteira com o México, onde uma amiga conseguiu uma bela casa para o casal morar. 

Mesmo sendo bem recebido pelos companheiros em El Paso, Charlie não está feliz. Sua esposa resolve gastar muito sem se preocupar com o que ele recebe e seu novo parceiro, Cat (Harvey Keitel), participa de um esquema onde recebe dinheiro para ajudar um grupo que cobra dos imigrantes ilegais para atravessá-los pela fronteira. Para complicar ainda mais a situação, Charlie resolve ajuda a jovem imigrante Maria (Elpidia Carrillo) que teve o filho seqüestrado. 

Este drama policial produzido há trinta anos toca num tema ainda extremamente atual, a imigração ilegal na fronteira México/Estados Unidos e toda a corrupção e violência que existe na região. Apesar do tema ser rico, a condução da trama é irregular, provavelmente pela direção do falecido inglês Tony Richardson, que não tem ligação alguma com o assunto, tendo como seu principal sucesso a comédia “As Aventuras de Tom Jones”. 

Os personagens tão são mal explorados, com exceção de Nicholson que interpreta bem o policial desanimado com a vida e a carreira, que procura algum sentido ao ajudar a jovem Maria, enquanto o restante do elenco é puro clichê. Harvey Keitel faz o sujeito corrupto, aquele personagem em que o espectador percebe rapidamente que existe algo de errado, Valerie Perrine repete seu irritante papel de mulher chata que lhe deu alguma fama como a amante de Lex Luthor no original “Surperman” e ainda temos o desperdício do bom ator e também falecido Warren Oates, que pouco aparece na história. 

Como curiosidade, a jovem mexicana Elípidia Carrillo trabalhou no primeiro “O Predador”, sendo a única mulher de um elenco recheado de brutamontes naquele filme.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cabana do Inferno

Cabana do Inferno (Cabin Fever, EUA, 2002) – Nota 6,5
Direção – Eli Roth
Elenco – Rider Strong, Jordan Ladd, James De Bello, Cerina Vincent, Joey Kern, Arie Verveen, Giuseppe Andrews.

Um grupo de cinco amigos de faculdade decide passar alguns dias de férias em uma cabana no meio de uma floresta. Enquanto um casal fica na cabana fazendo sexo, os outros três resolvem caçar esquilos e acabam cruzando com um sujeito (Arie Verveen) que está sangrando e com a pele cheia de feridas. O grupo afugenta o homem que morre dentro de um riacho, contaminando a água que transmitirá um estranho vírus para os jovens, transformando as férias em terror. 

Este longa é a estréia de Eli Roth (“O Albergue I e II”) na direção e já mostra o seu gosto por sangue, violência e sexo em altas doses, acima do normal dos típicos filmes de terror atuais. 

Apesar dos personagens caricatos, o filme fez grande sucesso e tem alguns detalhes interessante, como utilizar como vilão uma ameaça mais real que o sobrenatural comum a estas produções e as boas locações na floresta. 

Como curiosidade, James De Bello e Giuseppe Andrews trabalharam juntos três anos antes na simpática comédia “Detroit Rock City”.

O filme teve uma continuação em 2009 sem Eli Roth.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Budapeste

Budapeste (Brasil / Hungria / Portugal, 2009) – Nota 4
Direção – Walter Carvalho
Elenco – Leonardo Medeiros, Gabriella Hámori, Giovanna Antonelli, Ivo Canelas, Antonie Kamerling, Paola Oliveira, Débora Nascimento.

Pretensioso. É o adjetivo que cabe a este filme baseado no livro de Chico Buarque. Não li o livro e nem mesmo sou fã de Chico Buarque, mas fiquei curioso em relação ao filme em virtude de grande parte das cenas terem sido filmadas em Budapeste, a capital da Hungria, porém me decepcionei. 

A história tem como protagonista José Costa (o competente Leonardo Medeiros), um ghost writer que vive em crise por não ser reconhecido por seu trabalho, que tem ainda um casamento frio com a fútil jornalista Vanda (Giovanna Antonelli, linda com um belíssimo corpo, mas fraquinha como atriz). Suas únicas boas lembranças são de uma passagem rápida por Budapeste, cidade que ele vê como um local de poetas. Tentando encontrar algo diferente na vida, ele viaja para Budapeste onde se envolve com uma professora de húngaro (Gabriella Hámori), que o ajuda a aprender a língua local. 

Como grande parte dos críticos culturais aplaudem tudo que tenha o nome de Chico Buarque envolvido e também de outros nomes da MPB, esta se torna a única explicação para este filme não ter sido massacrado pela crítica. O resumo da história que tentei escrever é apenas parte de um filme chato, arrastado e repleto de personagens clichês, que exagera nas divagações e dramas existenciais do personagem principal nas suas idas e vindas entre Budapeste e Rio de Janeiro. 

O ponto alto para nós homens e a nudez total de várias atrizes, principalmente Giovanna Antonelli em cenas ousadas, além de rápidas participações de Paola Oliveira e Débora Nascimento. 

Voltando a um pouco de seriedade, outro ponto alto é a bela fotografia que utiliza bem os cenários naturais de Budapeste, mas isso é pouco para valer a sessão.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Senna

Senna (Senna, Inglaterra, 2010) – Nota 9
Direção – Asif Kapadia
Documentário – Ayrton Senna, Alain Prost, Ron Dennis, Frank Williams.

Durante anos, o projeto de um filme sobre a vida de Ayrton Senna foi comentado pela imprensa, mas nunca saiu do papel. O boato era que o filme seria protagonizado por Antonio Banderas, que seria um grande fã de Senna.

Com este projeto engavetado, somente em 2010 o inglês de origem indiana Asif Kapadia resolveu montar um documentário sobre a história do piloto. O documentário é correto na parte técnica, sem inovações, porém o roteiro é perfeito ao contar a trajetória de Senna na Fórmula 1, mostrando suas vitórias inesquecíveis, seus títulos, acidentes, a disputa dentro e fora das pistas com Alain Prost, sua briga com o chefão da categoria na época, o francês Jean Marie Balestre, até a trágica corrida em Ímola, tudo isso recheado com imagens inéditas de bastidores da Fórmula 1 e da vida pessoal de Senna.

Um dos grandes acertos do diretor é passar a emoção na medida certa e não apelar para o dramalhão, o que poderia acontecer facilmente na parte final da história não mãos de algum diretor que quisesse lucrar com a polêmica.

Analisando o histórico de filmes sobre corridas, fiquei feliz que a vida de Senna tenha sido contada em um documentário através de imagens reais, já que uma produção de Hollywood provavelmente distorceria a história, que nós brasileiros conhecemos tão bem e principalmente admiramos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Atirando Para Matar

Atirando Para Matar (Shoot to Kill, EUA, 1988) – Nota 7,5
Direção – Roger Spottiswoode
Elenco – Sidney Poitier, Tom Berenger, Kirstie Alley, Clancy Brown, Richard Masur, Andrew Robinson, Frederick Coffin.

Hoje o grande ator Sidney Poitier (que está aposentado do cinema desde 2001) completa oitenta e cinco anos e como homenagem comento um filme que se não está entre seus grandes trabalhos, tem como destaque a magnífica forma física do ator na época, quando ele já tinha sessenta e um anos e encarou difíceis cenas de ação.

A trama tem como protagonista o agente do FBI Warren Stantin (Poitier), que persegue um perigoso assassino que se infiltra no meio de um grupo de turistas que visita uma montanha. Stantin chega a pequena cidade na beira da montanha e precisa de alguém para guiá-lo pela perigosa região. O escolhido é o arredio Jonathan Knox (Tom Berenger), que aceita o trabalho apenas quando descobre que o assassino está entre os turistas guiados por sua namorada (Kirstie Alley).

Como já citei, a performance de Poitier nas cenas de ação surpreende, lógico que nas cenas perigosas foram usados dublês, mas isso não diminui o suspense, nem tira a força destas cenas, que lembram um pouco o posterior “Risco Total” com Stallone.

Outro ponto de destaque é a relação entre os personagens de Poitier e Berenger, enquanto o primeiro é um sujeito urbano, o segundo é o chamado bicho do mato, o que causa um inevitável choque de personalidades e também cultural.

No geral é um bom divertimento para quem gosta de filmes de ação.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Entrevista & Romance e Cigarros


Steve Buscemi e John Turturro são talentosos atores da mesma geração. Os dois apareceram no final dos anos oitenta em papéis coadjuvantes e logo se tornaram figuras carimbadas no cinema. A carreira da dupla tem várias semelhanças além da geração: Os dois tem origem italiana, mesmo longe de serem galãs, são carismáticos e intercalam papéis em filmes sérios, produções europeias e comédias pastelão com Adam Sandler. 

Esta falta de medo de encarar todo tipo de papel levou a dupla a enfrentar o desafio atrás das câmeras. Turturro dirigiu quatro filmes, sendo "Mac" o que conseguiu melhores críticas. Já Buscemi treinou a direção em episódios de "Oz - A Vida É uma Prisão" e "A Família Soprano", até dirigir o razoável "O Solitário Jim".

Nesta postagem comento dois filmes dirigidos por estes atores, que apesar de não serem trabalhos ruins, ficam abaixo do que se poderia esperar em comparação ao talento da dupla na frente das câmeras.

Entrevista (Interview, EUA, 2007) – Nota 6,5
Direção – Steve Buscemi
Elenco – Steve Buscemi, Sienna Miller, Michael Buscemi, Tara Elders, MusMs.

Um jornalista especializado em política (Steve Buscemi) é escalado para entrevistar uma fútil atriz de seriados de tv (Sienna Miller). Enquanto ele vai para entrevista por obrigação e sem preparação alguma, pois gostaria de estar em Washington cobrindo uma crise política, a atriz chega muita atrasada e não se conforma com a atitude do jornalista. 

Este é o início de uma noite de revelações e disputas entre dois personagens manipuladores e egocêntricos com personalidades problemáticas. Enquanto o jornalista é irônico, a atriz é falsa até a médula e nunca sabemos quem está sendo sincero nesta catarse de emoções que afloram nos diálogos afiados. 

Não é um grande filme, na verdade é praticamente um teatro filmado, mas que tem como destaque as interpretações da dupla principal, que segura o longa que se passa em grande parte num único cenário, o apartamento da atriz.

Romance e Cigarros (Romance & Cigarettes, EUA, 2005) – Nota 6
Direção – John Turturro
Elenco – James Gandolfini, Susan Sarandon, Kate Winslet, Steve Buscemi, Mary Louise Parker, Mandy Moore, Aida Turturro, Bobby Cannavale, Christopher Walken, Barbara Sukowa, Elaine Stritch, Eddie Izzard.

Nick Murder (James Gandolfini) está casado há muitos anos com Kitty (Susan Sarandon), que com quem tem três filhas e uma relação desgastada, que piora quando ela descobre que Nick tem um caso com Tula (Kate Winslet), um vendedora vulgar e desbocada. A partir daí, Nick fica dividido em viver com a amante ou se reconciliar com a esposa. 

A história parece comum a diversos dramas familiares, porém o enfoque utilizado pelo ator John Turturro em seu terceiro trabalho atrás das câmeras é mesclar drama, musical e até humor negro. Esta mistura de estilos gera um filme irregular, com cenas e personagens exagerados, além de falhas na passagem do tempo. 

As cenas musicais são estranhas, tendo como mais interessante a participação de Christopher Walken, que faz o primo de Kitty metido a valentão. Walken especialista em vilões e personagens estranhos, faz com que suas cenas de dança sejam no mínimo curiosas, mas somente isso não vale a sessão.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Palco de Ilusões

Palco de Ilusões (Punchline, EUA, 1988) – Nota 7
Direção – David Seltzer
Elenco – Tom Hanks, Sally Field, John Goodman, Mark Rydell, Kim Greist, Pam Matheson, Taylor Negron, Paul Mazursky, Damon Wayans.

Vinte anos antes da moda Stand Up chegar por aqui, este estilo de comédia já era famoso nos Estados Unidos e rendeu este pequeno filme que é um interessante misto de drama com comédia. 

A história tem como protagonistas, a dona de casa Lilah (Sally Field) e o jovem Steven (Tom Hanks). Lilah é casada e mãe de três filhos, mas tem como sonho se tornar comediante. O problema é que em suas primeira apresentações em clubes e bares ela não consegue fazer o público rir. Num destes locais ela conhece Steven, que também tenta se firmar como comediante, porém além da dificuldade normal da profissão, ele precisa enfrentar a oposição do pai que deseja que ele se torne médico assim como o irmão (John Goodman). Estas duas pessoas bem diferentes encontram nos problemas mútuos a forçar para tentar realizar um sonho. 

Hoje pode parece curioso, mas na época Sally Field era mais famosa que Tom Hanks, que começava naquele ano a ser reconhecido pela crítica como um bom ator, não apenas um comediante, principalmente após concorrer ao Oscar por “Quero Ser Grande”. 

O diretor David Seltzer tem diversos trabalhos como roteirista e outro filme ainda mais simpático e sensível, o drama adolescente “A Inocência do Primeiro Amor”. 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

As Sete Faces do Dr. Lao

As 7 Faces do Dr. Lao (7 Faces of Dr. Lao, EUA, 1964) – Nota 7,5
Direção – George Pal
Elenco – Tony Randall, Barbara Eden, Arthur O’Connell, John Ericson, Kevin Tate, Noah Beery Jr.

Este longa foi um clássico absoluta da sessão da tarde nos anos oitenta. 

A história se passa no início do século XX numa pequena cidade americana onde chega o circo do chinês Dr. Lao (Tony Randall). O que parece ser apenas um local de espetáculos comuns, surpreenderá os habitantes da cidade com a presença de figuras como o Abominável Homem das Neves, Merlin o Mágico, Medusa, entre diversas outras atrações estranhas que influenciarão no destino de várias pessoas. 

O filme tem ainda uma trama paralela, onde um homem rico (Arthur O’Connell) tem a intenção de intermediar a chegada da ferrovia à cidade, sendo combatido por um jornalista (John Ericson), que se envolve com um viúva (Barbara Eden, a Jeannie é um Gênio do seriado). 

Os trunfos do filme são a ótima interpretação de Tony Randall, que interpreta além do Dr. Lao, todos os outros personagens do circo, temos ainda a história simpática e os efeitos especiais extremamente bem produzidos para a época. 

O diretor George Pal comandou também outro clássico da ficção, o ótimo “A Máquina do Tempo” produzido em 1960, que foi refilmado com resultado inferior há alguns anos com Guy Pearce no papel principal.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Fomos Heróis

Fomos Heróis (We Were Soldiers, EUA, 2002) – Nota 7,5
Direção – Randall Wallace
Elenco – Mel Gibson, Madeleine Stowe, Sam Elliott, Greg Kinnear, Chris Klein, Keri Russell, Barry Pepper, Ryan Hurst, Jsu Garcia, Clark Gregg, Dylan Walsh, Blake Heron, Desmond Harrington, Daniel Roebuck.

O filme conta a história da primeira batalha da Guerra do Vietnã em 1965, quando 400 soldados americanos liderados pelo Tenente-Coronel Hal Moore (Mel Gibson) receberam a missão de tomar uma espécie de colina com a certeza de enfrentar uma dura batalha, porém sem saber que teriam 2000 soldados vietnamitas para defender o local. 

Este péssimo planejamento foi uma prévia da longa guerra que os americanos enfrentariam e seriam derrotados definitivamente nove anos depois. 

O longa mescla bem as ótimas cenas de batalha com os dramas das mulheres dos oficiais que ficaram na América e tem principalmente a bela Madeleine Stowe num bom papel, como a esposa do Coronel Moore, que se encarrega de entregar as cartas oficiais dos mortos em batalha para as esposas. 

Mesmo assim, o forte são as cenas de batalha que não poupam sangue e lembram muito o realismo de filmes como “O Resgate do Soldado Ryan” e “Coração Valente”.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mal dos Trópicos

Mal dos Trópicos (Sud Pralad ou Tropical Malady, Tailândia / França / Alemanha / Itália, 2004) – Nota 7
Direção – Apichatpong Weerasethakul
Elenco – Banlp Lomnoi, Sakda Kaewbuadee.

Desde que assisti o estranho “Tio Boonmee, que Pode Recodar Suas Vidas Passadas”, fiquei curioso em descobrir a filmografia do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul, mais conhecido como “Joe”. Descobri e gostei de “Síndromes e um Século”, provavelmente seu filme mais normal, apesar de ser lento e contemplativo. 

Este “Mal dos Trópicos” tem os mesmos elementos que o diretor utiliza nos outros filmes, o contraste entre as vidas urbana e rural na Tailândia, uma bela fotografia que aproveita bem as florestas tailandesas e a integração entre homem, animal e natureza, através de lendas e simbolismos. 

O filme é dividido em duas partes. Na primeira, o soldado Keng (Banlop Lomnoi) está de folga do trabalho e se aproxima do jovem Tong (Sakda Kaewbuadee, ator habitual nos filmes de Joe). O que parece ser uma amizade, se revela uma história de amor. Na segunda parte a história vai para selva, onde o soldado Keng se separa do seu grupo para perseguir um tigre, que teria matado algumas vacas na região. Conforme uma lenda local, o tigre é representado por um homem, no filme representado pelo jovem Tong, que corre nu pela selva fugindo do soldado, porém aos poucos o perseguidor se sente acuado pela floresta e seus mistérios. 

Este filme venceu o prêmio do Jurí do Festival de Cannes em 2004 e por ser o primeiro trabalho de Joe que foi visto no ocidente, é considerado por muitos como seu melhor filme. Como eu assisti primeiro outros filmes, o impacto deste longa foi menor. Gostei mais de “Tio Boonmee” e principalmente de “Síndromes e um Século”, o que não tira a força deste trabalho, totalmente diferente em relação ao cinema ocidental.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

40 Dias e 40 Noites & Ressaca de Amor


40 Dias e 40 Noites (40 Days and 40 Nights, EUA, 2002) – Nota 7
Direção – Michael Lehmann
Elenco – Josh Hartnett, Shannyn Sossamon, Paulo Costanzo, Adam Trese, Vinessa Shaw, Griffin Dunne, Mary Gross, Maggie Gyllenhaal, Emmanuelle Vaugier.

O jovem Matt (Josh Hartnett) é dispensado pela namorada Nicole (Vinessa Shaw) e mesmo aproveitando a vida com diversas garotas, não esquece a ex-namorada. Quando ele descobre que a sua ex-namorada ficou noiva, Matt resolve ficar quarenta dias sem fazer sexo, como um ato de purificação, usando uma interpretação distorcida do jejum de Cristo no deserto após discussões com seu irmão que vai se tornar padre. 

Nesse meio tempo, a simpática Erica (Shannyn Sossamon) aparece na vida de Matt que ficará dividido entre a atração pela jovem e o cumprimento da promessa de abstinência, gerando uma engraçada confusão. 

Comédia ligeira com muitas piadas sobre sexo, porém engraçadas, principalmente a aposta que os amigos de Matt fazem para saber quanto tempo ele irá agüentar. 

No geral é uma boa sessão da tarde. 

Ressaca de Amor (Forgetting Sarah Marshall, EUA, 2008) – Nota 7
Direção – Nicholas Stoller
Elenco – Jason Segel, Mila Kunis, Kristen Bell, Russell Brand, Bill Hader, Liz Cackowski, Jonah Hill, Paul Rudd, Branscombe Richmond, William Baldwin, Jason Bateman, Steve Landsberg.

O compositor Peter Bretter (Jason Segel) é reponsável pela trilha sonora do seriado policial que sua bela namorada Sarah Marshall (Kristen Bell) é a protagonista, porém sua vida vira de ponta de cabeça quando ela o dispensa para viver com o namorado, o roqueiro inglês Aldous Snow (Russell Brand). 

Deprimido, Peter resolve passar alguns dias no Havaí e por azar fica no mesmo hotel em que a ex-namorada se hospeda com seu novo amor. A partir daí muita confusão, com desencontros e cenas de ciúme, principalmente com a entrada em cena da recepcionista do hotel (Mila Kunis de ”That’s 70 Show”) que se interessa por Peter. 

A produção de Judd Apatow carimba as boas piadas do filme, em sua maioria sobre sexo e como sempre tendo no elenco boa parte de sua turma, com Jason Segel estrelando um longa pela primeira vez e assinando o roteiro, além dos engraçados Jonah Hill, Paul Rudd e Bill Hader. 

O resultado final não é tão bom como “Ligeiramente Grávidos” ou “O Virgem de 40 Anos”, mas mesmo assim vale uma boa sessão de risadas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sargento York

Sargento York (Sergeant York, EUA, 1941) – Nota 7
Direção – Howard Hawks
Elenco – Gary Cooper, Walter Brennan, Joan Leslie, George Tobias, Stanley Ridges, Ward Bond, June Lockhart, Dickie Moore.

Numa pequena cidade do Tennessee, Alvin York (Gary Cooper) mora com a mãe e um casal de irmãos menores, sendo dono de um pequeno pedaço de terra onde tenta cultivar para sobreviver. Ele tem interesse em casar com a bela Gracie Williams (Joan Leslie) e para isso deseja comprar terrar férteis na planície próxima a cidade. 

Após alguns infortúnios, ele acaba se tornando um homem religioso, também com a ajuda de um pastor (Walter Brennan), porém quando explode a Primeira Guerra Mundial, Alvin é convocado e tenta ser dispensado alegando que sua religião o proíbe de matar um inimigo. Mesmo assim ele é obrigado ir para guerra e se torna um herói. 

Baseado no diário de Alvin C. York, herói da Primeira Guerra Mundial, este longa dirigido pelo ótimo Howard Hawks é competente na primeira metade onde mostra a vida de Alvin York no pequeno povoado e sua descoberta da fé. Na segunda parte, apesar de algumas boas cenas de ação, a forma como é mostrado o heroísmo do personagem quase beira o absurdo. 

Fica claro que o filme foi produzido no meio da Segunda Guerra Mundial como uma forma de propaganda militar, assim como outros longas e também a participação ativa de alguns astros de Hollywood junto as tropas americanas. 

Outro detalhe que incomoda é a idade Gary Cooper, na época ele tinha quarenta anos e interpretava um jovem que deveria estar na casa dos vinte. Funciona como diversão, mas não pode ser levado a sério. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A Cor de um Crime

A Cor de um Crime (Freedomland, EUA, 2006) – Nota 7,5
Direção – Joe Roth
Elenco – Samuel L. Jackson, Julianne Moore, Edie Falco, Ron Eldard, William Forsythe, Aunjanue Ellies, Anthony Mackie, LaTanya Richardson Jackson, Clarke Peters, Peter Friedman, Domenick Lombardozzi, Aasif Mandvi, Philip Bosco, Fly Williams III, Portia.

Nova Jersey, 1999, nos arredores de um conjunto residencial de classe baixa, onde a maioria dos moradores é de origem negra, Brenda Martin (Julianne Moore) alega que seu carro fora roubado por um jovem negro e que seu filho de seis anos estaria dormindo no banco traseiro. 

Com as mãos ensangüentadas e confusa, Brenda confirma a história para o detetive Lorenzo Council (Samuel L. Jackson), sujeito que conhece todos os moradores, sendo uma espécie de protetor do local. A situação fica ainda mais complicada, porque Brenda tem um irmão policial, o valentão Danny Martin (Ron Eldard), que vê o caso como algo pessoal e consegue fazer com que seu chefe crie um cerco no local, proibindo os moradores de entrar e sair enquanto a criança não for encontrada, revoltando a população e podendo causar um sério conflito racial. 

O longa é baseado numa história real e tem uma interessante premissa, que cria suspense em relação ao desaparecimento da criança, dúvida sobre a veracidade da história contada pela personagem de Julianne Moore e o iminente conflito racial, porém o desenrolar da trama é irregular, principalmente a parte final, deixando a impressão de que o resultado poderia ser melhor, mesmo que o filme esteja longe de ser ruim, graças também aos bons de desempenhos de Samuel L. Jackson e Julianne Moore.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

The Cooler - Quebrando a Banca

The Cooler – Quebrando a Banca (The Cooler, EUA, 2003) – Nota 6,5
Direção – Wayne Kramer
Elenco – William H. Macy, Maria Bello, Alec Baldwin, Shawn Hatosy, Ron Livingston, Paul Sorvino, Estella Warren, Arthur J. Nascarella, Joey Fatone, M. C. Gainey, Ellen Greene, Tony Longo.

Las Vegas é com certeza um dos melhores locais para filmes sobre personagens solitários e derrotados, sendo nesse clima que somos apresentados a Bernie Lootz (William H. Macy), um sujeito solitário que trabalha como “cooler”, não sei se isto realmente existe, mas ele é o famoso “pé-frio” e por onde passa acaba com a sorte de todos. 

Em virtude deste “dom”, ele é pago pelo dono do cassino e espécie de gerente de mafiosos Shelly (Alex Baldwin), sujeito manipulador e violento. As coisas começam a mudar quando o azarado Bernie se envolve com a garçonete Natalie (Maria Bello) e parece que sua sorte nasceu, o que não agrada ao patrão. 

Este drama com tema estranho é no fundo um filme sobre personagens solitários que começam a perceber que o mundo está mudando e cada vez mais eles tem menos importância, ficando bem claro no personagem de Shelly, que acaba sendo pressionado pela máfia a aceitar um novo administrador no cassino (Ron Livingston) e principalmente a do veterano cantor Buddy (Paul Sorvino), que sentindo estar no fim da carreira, se afunda nas drogas. 

O roteiro não consegue dar um final realista e entrega o destino dos personagens e do filme nas mãos da sorte, assim como a vida de Bernie.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Bombas - Terror Vagabundo - Anos Oitenta

O sucesso de filmes como "Poltergeist", "A Hora do Pesadelo" e "A Hora do Espanto" abriram caminho para uma explosão na produção de filmes de terror nos anos oitenta, rendendo grandes longas e também muitos filmes ruins.

Neste postagem cito algumas bombas do gênero produzidas na época.


Mutante (Night Shadows, EUA, 1984) – Nota 4
Direção – John Bud Cardos
Elenco – Wings Hauser, Bo Hopkins, Jody Medford, Lee Montgomery.

Dois irmãos em férias (Wings Hauser e Lee Montgomery) chegam a uma pequena cidade e começam a ser atacados por pessoas que agem como zumbis após terem sido contaminadas pela água, em virtude de uma indústria química ter despejado resíduos tóxicos em um rio. 

Este filme de baixo orçamento tem apenas como curiosidade o elenco, que tem Wings Hauser, ator que foi vilão em diversos filmes como “A História de um Soldado” e hoje é mais conhecido como o pai de Cole Hauser e o veterano Bo Hopkins, que trabalhou em filmes famosos como “O Expresso da Meia Noite”. 

O diretor John Bud Cardos é uma espécie de faz tudo no cinema, tendo trabalhado em muitas produções na área técnica e as vezes se aventurando na direção em bombas como esta.

Escapes – Fronteira da Imaginação (Escapes, EUA, 1986) – Nota 5,5
Direção – David Steensland
Elenco – Vincent Price, Todd Fulton, Jerry Grisham.

Dirigido, produzido e roteirizado pelo desconhecido David Steensland, este filme é quase uma homenagem a antiga série “Além da Imaginação”. Lançado direto em vídeo na época, se tornou um destes filmes cults que os curiosos fãs de terror encontravam no fundo das locadoras. 

O nome e o rosto de Vincent Price na capa eram apenas um chamariz, ele aparecia apenas no início da história como um carteiro que entregava uma misteriosa fita de vídeo para um jovem (Todd Fulton). Curioso por não saber quem enviou a fita, o rapaz resolve assistir e encontra cinco histórias curtas de suspense e terror. As histórias são simples e pouco assustam, mas a idéia é interessante e a realização totalmente B dá algum charme ao filme.

O Portão (The Gate, EUA, 1987) – Nota 4
Direção – Tibor Takacs
Elenco – Stephen Dorff, Louis Tripp, Christa Denton, Kelly Rowan, Jennifer Irwin.

Uma árvore é cortada no quintal do garoto Glen (Stephen Dorff) e no dia seguinte abre-se um estranho buraco e através das músicas de um disco de rock satânico, ele e seu amigo Terry (Louis Tripp) descobrem que ali é um portal para o inferno e que as criaturas esperam dois sacríficos humanos e um animal para invadirem a Terra. Os dois, junto com a irmã de Glen, Alexandra (Christa Denton) terão de lutar para impedir a tragédia. 

Esta história maluca é o ponto de partida para este terror de baixo orçamento com efeitos especiais primitivos, que tem como única atração a presença de Stephen Dorff ainda muito garoto no papel principal. 

O filme teve uma seqüência em 1990 também dirigida pelo húngaro Tibor Takacs e com apenas Louis Tripp de volta ao elenco.

O Beijo Mortal (The Kiss, Canadá / EUA, 1988) – Nota 5,5
Direção – Pen Densham
Elenco – Joanna Pacula, Meredith Salenger, Mimi Kuzyk, Nicholas Kilbertus, Shawn Levy, Jan Rubes.

Felice (Joanna Pacula) reaparece após vinte cinco anos e se aproxima de sua sobrinha Amy (Meredith Salenger). Com a volta da tia, assassinatos violentos começam a ocorrer ao redor da família. Como Felice não explica ao certo onde estave todo este tempo, Amy começa acreditar que sua tia trouxe alguma maldição. 

O ingês Pen Densham tem em seu currículo diversos trabalhos como produtor e roteirista, tendo nesta aventura na direção pouco sucesso. O filme tem até um clima interessante, mortes violentas e a beleza sedutora de Joanna Pacula, porém o roteiro é previsível e o resto do elenco é fraco, inclusive a na época jovem Meredith Salenger, que havia estrelado a aventura da Disney “Viagem Clandestina”, mas que não conseguu emplacar na carreira adulta.  

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Era do Rádio

A Era do Rádio (Radio Days, EUA, 1987) – Nota 7,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Seth Green, Mia Farrow, Dianne Wiest, Julie Kavner, Michael Tucker, Julie Kurnitz, Wallace Shawn, Josh Mostel, Danny Aiello, Jeff Daniels, Robert Joy, Richard Portnow, Tony Roberts, Diane Keaton, Kenneth Mars, Larry David, Todd Field, William H. Macy.

No início dos anos quarenta, o garoto Joe (Seth Green) vive com sua família de origem judia que tem como única diversão o rádio. A mãe (Julie Kavner) é uma dona de casa e o pai (Michael Tucker) tenta esconder do filho que trabalha como taxista, situação que por sinal rende uma cena engraçada quando o garoto descobre a verdade. 

A família é grande e vive toda na mesma casa, tendo um casal de tios, os avós e a tia solteirona (Dianne Wiest) que sempre escolhe o cara errado para namorar. 

O roteiro de Woddy Allen (que também faz a narração) é em parte autobiográfico, porém mistura a vida em família com acontecimentos com personagens do rádio, principalmente a aspirante a atriz Sally White (Mia Farrow), que luta para conseguir sua grande chance. 

O longa é também uma grande homenagem de Allen ao rádio, que era o grande veículo de comunicação até o início dos anos cinqüenta quando a televisão começou a tomar o seu lugar

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Grimm

Grimm (Grimm, EUA, 2011/2012)
Criadores - Stephen Carpenter, David Greenwalt e Jim Kouf
Elenco - David Giuntoli, Russell Hornsby, Bitsie Tulloch, Silas Weir Mitchell, Sasha Roiz, Reggie Lee, Kate Burton.

Após assistir seis episódios desta nova série, tive a certeza de que uma interessante premissa foi desperdiçada.

A série transporta diversos contos de fadas para os dias atuais transformando-os em histórias policiais.

O protagonista é o detetive Nick Burkhardt (David Giuntoli) que logo no primeiro episódio recebe a visita de uma tia distante (Kate Burton), que conta ao rapaz que eles pertencem a família Grimm, que por gerações enfrentam monstros que vivem disfarçados de humanos. Logo Nick se vê envolvido na investigação de crimes com a participação destes monstros, que se dividem em raças com aparências diferentes, que só ele consegue ver.

Nick trabalha com seu parceiro Hank (Russel Hornsby) e vive com a namorada Juliette (Bitsie Tulloch), porém eles não sabem a verdade. Para completar, o chefe de Nick, Capitão Renard (Sasha Roiz) sabe que Nick é um Grimm e esconde um segredo que o público ainda não sabe se o fará vilão ou aliado do protagonista.

Infelizmente as tramas dos episódios são repletas de clichês, todos os crimes tem participação dos monstros e a namorada de Nick ainda  é veterinária. A tentativa de manter alguns segredos é pífia, já que o elenco é muito fraco. O protagonista David Giuntoli é inexpressivo e os coadjuvantes não tem carisma algum, com a exceção de Monroe, um do monstros que faz de tudo para manter seu lado selvagem em controle e por acaso faz amizade com o detetive. Este personagem tem as melhores falas, misturando ironia com pitadas de comédia, sendo interpretado por Silas Weir Mitchell, um eterno coadjuvante de filmes e séries policiais como "24 Horas" e "Prison Break", quase sempre sempre vivendo algum vilão sem importância e aqui tem depois de muito tempo um papel interessante, que pode lhe abrir portas para algum trabalho maior.

David Greenwalt, um dos criadores da série, foi também responsável por trabalhos como "Buffy" e "Angel", o que explica esta nova série seguir o estilo de "monstro da semana", com um pouco de ação e praticamente nada de conteúdo.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Val Kilmer & Cuba Gooding Jr

Após assistir um filme vagabundo chamado "Invasor de Mentes" estrelado por Cuba Gooding Jr e Val Kilmer, resolvi escrever este post sobre a dupla.

Os dois são talentosos, já provaram isso em vários trabalhos. Cuba Gooding Jr chegou a vencer o Oscar de Ator Coadjuvante por "Jerry Maguire" e teve outro bons papéis em "Os Donos da Rua" e "Melhor é Impossível". Val Kilmer praticamente incorporou Jim Morrison em "The Doors" e o ator pornô John Holmes no pouco visto "Crimes em Wonderland", além de bons papéis em "Ases Indomáveis" e "Fogo Contra Fogo", porém nos últimos anos as escolhas da dupla foram péssimas na maioria da vezes.

Nesta postagem comento quatro filmes que apenas ajudaram a manchar a carreira destes atores.

Invasor de Mentes (Hardwired, EUA / Canadá, 2009) – Nota 5 

Direção – Ernie Barbarash
Elenco – Cuba Gooding Jr, Val Kilmer, Michael Ironside, Tatiana Maslany, Eric Breker, Juan Riedinger.

Num futuro próximo, os governos decretaram falência e as grandes corporações dominaram o mundo (não muito diferente dos dias atuais). Quando Luke Gibson (Cuba Gooding Jr) sofre um acidente de automóvel e sua esposa morre, uma corporação chamada Hope paga as despesas no hospital e utiliza Gibson como cobaia. Eles implantam um chip na cabeça de Gibson que faz com que ele tenha visões de propagandas, que apenas desaparecem se ele comprar os produtos anunciados em sua mente. Junte-se a isso que ele perdeu a memória. Durante suas visões Gibson acaba sendo procurado por um grupo rebelde que luta contra a corporação Hope e que precisa de sua ajuda. 


A ideia das propagandas diretas no cérebro tenta ser uma crítica ao consumismo atual, mostrando até onde poderia chegar a ganância das corporações, porém o resultado se torna absurdo em virtude do péssimo roteiro, que faz desaparecer personagens como a irmã de Gibson e deixa o filme com cara de piloto de seriado vagabundo, inclusive deixando um gancho forte para um continuação, que espero não seja produzida. Para completar, Val Kilmer faz um vilão que lembra um cientista louco, totalmente caricato. É por estas escolhas que a carreira Cuba Gooding Jr não decolou depois dos Oscar de coadjuvante por “Jerry Maguire”.

Acerto de Contas (Wrong Turn at Tahoe, EUA, 2009) – Nota 5,5
Direção – Franck Khalfoun
Elenco – Cuba Gooding Jr, Miguel Ferrer, Harvey Keitel, Mike Starr, Alex Meneses, Leonor Varela, Michael Tighe, Noel Gugliemi, Johnny Messner, Louis Mandylor.

Joshua (Cuba Gooding Jr) é o braço direito do mafioso Vincent (Miguel Ferrer). Quando Joshua e seu parceiro Mickey (Johnny Messner) recebem a informação de que um traficante deseja matar Vincent, a dupla avisa o chefe que resolve pegar o sujeito de supresa, dando início a um espiral de violência e vingança.

O diretor Khalfoun é mais um dos que tentam beber na fonte do estilo Tarantino, misturando um roteiro cheio de violência com personagens que são ao mesmo tempo sérios mas que adoram diálogos engraçadinhos, o que não funciona. A história tem até uma reviravolta curiosa depois da metade, porém os personagens caricaturais, entre eles o mafioso feito por Miguel Ferrer e a falta de carisma e até identidade do personagem de Cuba Gooding, junto com o final que pretende ser sério mas se mostra idiota, tornam o filme um policial fraco. 

O Assassino do Presidente (Blind Horizon, EUA, 2003) – Nota 6
Direção – Michael Haussman
Elenco – Val Kilmer, Neve Campbell, Sam Shepard, Noble Willingham, Amy Smart, Gil Bellows. Giancarlo Esposito, Charles Ortiz, Leo Fitzpatrick, Faye Dunaway.

Um sujeito (Val Kilmer) é encontrado no deserto após ser baleado e sobrevive. No hospital ele acorda com amnésia e não consegue responder as perguntas do xerife Jack Kolb (Sam Shepard). Intrigado, o xerife ao investigar a situação encontra a jovem Chloe (Neve Campbell) que diz ser noiva do desconhecido e que ele se chama Frank. Aos poucos Frank vai tendo flashes do sua vida que indicam que o presidente americano sofrerá um atentado, mas sem provas ninguém acredita sua história. A partir daí figuras estranhas aparecerão na pequena cidade e fica claro que há algo de verdade nas visões de Frank. 

O elenco é o melhor do filme, Val Kilmer não compromete, Sam Shepard também interpreta bem o policial caipira, mas extremamente esperto e a veterana estrela Faye Dunaway faz um pequeno papel. Apesar deste bom elenco, o filme é repleto de clichês e fica fácil para qualquer cinéfilo que goste do gênero, descobrir grande parte do mistério rapidamente.

Dinheiro Sujo (Run for the Money ou Hard Cash, EUA / Aruba, 2002) – Nota 5
Direção – Peter Antoniejevic
Elenco – Christian Slater, Val Kilmer, Sara Downing, Vincent Laresca, Balthazar Getty, Bokeem Woodbine, Daryl Hannah, Rod Rowland, William Forsythe, Verne Troyer, Peter Jason.

Appos fugir da prisão, Taylor (Christian Slater) reune antigos parceiros para roubar o jóquei clube. O roubo acontece, porém o bando descobre que as notas foram marcadas por um agente corrupto do FBI (Val Kilmer), que seqüestra a filha de Taylor, obrigando o grupo a assaltar o um cassino. 

O diretor sérvio Peter (Predrag) Antonijevic tenta misturar violência com algumas cenas engraçadas e erra feio. O roteiro meia-boca abusa dos clichês e as interpretações no piloto automático de Slater e Val Kilmer ajudam a piorar ainda mais o resultado. 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Monty Python ao Vivo no Hollywood Bowl

Monty Python ao Vivo no Hollywood Bowl (Monty Python Live at Hollywood Bowl, EUA, 1982) – Nota 8
Direção – Terry Hughes & Ian MacNaughton
Elenco – John Cleese, Graham Chapman, Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin, Terry Gilliam, Neil Innes, Carol Cleveland.

Um anos antes do último filme no cinema, que seria “O Sentido da Vida”, o grupo Monty Python se reuniu para uma histórica apresentação ao vivo no Hollywood Bowl em Los Angeles. 

Neste show o grupo apresenta vários dos seus quadros famosos do programa de tv “Monty Python’s Flying Circus” que foi ao na Inglaterra de 1969 a 1974, quando partiram para o cinema. Os quadros misturam o típico humor inglês com uma grande pitada de anarquia e deboche, com destaque para a canção do lenhador, o programa de perguntas estrelado por comunistas famosos, os juízes gays e a canção do 69 que abre o espetáculo. 

Os quadros ainda são entrecortados por animações e sem a censura da tv, o grupo solta a língua sem pudor. 

Após “O Sentido da Vida” o grupo se separou, com John Cleese, Michael Palin, Eric Idle e Graham Chapman trabalhando como atores em diversos filmes e Terry Jones e Terry Gilliam seguindo a carreira de diretores, com Gilliam sendo o mais bem sucedido. 

Graham Chapman faleceu em 1989 e o restante do grupo ainda continua na ativa.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Amém

Amém (Amen., França / Alemanha / Romênia, 2002) – Nota 8
Direção – Costa Gavras
Elenco – Ulrich Tukur, Mathieu Kassovitz, Ulrich Muhe, Michel Duchaussoy, Ion Caramitru, Sebastian Koch, Marcel Iures, Friedrich Von Thun.

Durante a 2º Guerra Mundial, o químico e oficial da S. S. Kurt Gerstein (Ulrich Tukur) trabalha no departamento de higienização responsável pela purificação da água que os soldados levam para a guerra. Mesmo fazendo parte do exército nazista, Gerstein é um católico praticante que não compactua com a maioria das atitudes do partido. 

Quando ele é “convidado” por um oficial superior (Ulrich Muhe) a conhecer um campo de concentração na Polônia, Gerstein fica chocado ao descobrir que os judeus estão sendo assassinados nas câmaras de gás e para piorar a situação, ele é obrigado a utilizar seus conhecimentos químicos para participar da chamada “Solução Final”. Mesmo sozinho, Gerstein resolve fazer o que for possível para atrapalhar as execuções. 

Ele procura também um representante do Vaticano na Alemanha para contar o que viu, com o intuito da informação chegar ao Papa, mas acaba sendo praticamente expulso pelo Cardeal, porém um jovem padre jesuíta (Mathieu Kassovitz) acredita em sua história e decide tomar partido na luta para mostrar ao mundo o que os nazistas estavam fazendo. 

Este drama de guerra baseado numa história real, é mais um ótimo filme do diretor grego Costa Gavras (“Missing – O Desaparecido”, “Estado de Sítio”), especialista em escancarar a hipocrisia das instituições, dos governos e neste caso da Igreja Católica em relação aos crimes nazistas. 

Aqui sobram críticas para todos os lados, para a burguesia alemã que fechou os olhos para a perseguição contra os judeus, para o governo americano que não teve interesse algum em tentar resolver a situação, já que tinha como prioridade vencer a guerra a qualquer custo e principalmente para a Igreja Católica, que além de se calar, ainda negociou com os nazistas e ajudou seus oficiais a fugirem da Europa após a guerra. 

O filme gerou muita polêmica na época, principalmente na Europa, em razão do tema espinhoso e do cartaz que colocava a palavra amém no centro de uma suástica. 

Como curiosidade, em 2006 os atores Ulrich Tukur, Ulrich Muher e Sebastian Koch protagonizaram o ótimo drama sobre a polícia secreta da Alemanha Oriental chamado “A Vida dos Outros”.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vício Frenético (1992)

Vício Frenético (Bad Lieutenant, EUA, 1992) – Nota 8
Direção – Abel Ferrara
Elenco – Harvey Keitel, Victor Argo, Paul Calderon, Leonard Thomas.

Um tenente de polícia (Harvey Keitel) tem esposa, filhos pequenos e uma boa carreira, porém é viciado em drogas. Logo nas primeiras cenas vemos ele deixar os filhos no colégio e em seguida cheirar cocaína antes de ir para o trabalho. Além das drogas, ele é viciado em apostas e mesmo devendo um valor alto para um bookmaker, continua apostando, brincando com a própria sorte. Em paralelo, ele tenta capturar os estupradores de um freira. 

O diretor Abel Ferrara é uma espécie de Martin Scorsese independente, que não tem pudor em misturar nos seus filmes sexo, drogas, violência e religião. Neste trabalho específico, ele cria um roteiro (junto com os atores Victor Argo, Paul Calderon e Zoe Lund) que mostra a descida ao inferno de um personagem dominado pelo vício, valorizado pela visceral interpretação de Harvey Keitel, que se entrega totalmente ao personagem. 

Outro ponto interessante é a decisão tomada pelo personagem de Keitel em relação aos criminosos, algo totalmente diferente do que seria o comum neste tipo de filme. 

Como curiosidade, em um Festival de Cannes dos anos noventa, Abel Ferrara deu uma entrevista para Rubens Ewald Filho totalmente drogado. Ele estava descabelado, ria sem parar e não conseguia completar um raciocínio sequer. Os seus próprios demônios talvez possam explicar a temática realista dos seus filmes e os personagens marginais que neles habitam. 

Finalizando, o diretor alemão Werner refilmou o longa em 2009 alegando que não assistiu ao filme de Ferrara e mudou quase toda a trama. Abel Ferrara não gostou de ver seu filme ligado a esta refilmagem e os dois diretores que são polêmicos, trocaram farpas pela imprensa na época.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski


O diretor polonês Krzysztof Kieslowski ficou famoso com a série "Decálogo" (foram dez filmes de uma hora baseados no Dez Mandamentos) produzida para a tv de seu país, que posteriormente se transformou em dois ótimos longas, "Não Amarás" e "Não Matarás", que já comentei no blog. Quem quiser saber um pouco mais, visite o link abaixo:

http://cinema-filmeseseriados.blogspot.com/2011/10/nao-amaras-nao-mataras.html

Seu trabalho mais famoso internacionalmente foi esta trilogia que faz uma homenagem as cores da bandeira da França, contando três histórias sensíveis protagonizadas por três belas atrizes francesas.

A Liberdade é Azul (Trois Couleurs: Bleu, França / Polônia /Suiça, 1993) – Nota 8
Direção – Krzysztof Kieslowski
Elenco – Juliette Binoche, Benoit Regent, Florence Pernel, Charlotte Very.

Num acidente automobilístico, Julie (Juliette Binoche) perde o marido e a filha. Desiludida com a vida, Julie tenta deixar tudo para trás, a casa, os amigos, mas durante este processo ela encontra fotos do marido com uma mulher e desconfia que ele a estava traindo. 

O marido era um compositor famoso que pouco antes de morrer trabalhava numa peça musical que seria tocada em diversas capitais da Europa, como um hino de unificação, mas pela dor que sente, Julie tenta destruir a obra inacabada, o que não será fácil, assim como a triste e dolorosa liberdade que surge em sua vida. 

O primeiro filme da “Trilogia da Cores” de Kieslowski é um drama de poucos diálogos, com a bela e ótima atriz Juliette Binoche interpretando uma mulher que procura superar a tragédia da perda e ainda uma traição, tentando se distanciar das pessoas, mas percebe que isso é quase impossível.

A Igualdade é Branca (Trois Couleurs: Bialy, França / Polônia / Suiça, 1994) – Nota 8
Direção – Krzysztof Kieslowski
Elenco – Zbigniew Zamachowski, Julie Delpy, Janusz Gajos, Jerzy Stuhr, Juliette Binoche.

A segunda parte da Trilogia das Cores do diretor Kieslowski, conta a história do polonês Karol (Zbigniew Zamachowski) que após conhecer e se casar com a bela francesa Dominique (Julie Delpy) vai morar em Paris e não consegue consumar o casamento. Abandonado pela esposa, ele passa a viver nas ruas da cidade e acaba sendo ajudado por outro polonês, Mikolay (Janusz Gajos), para voltar ao seu país. De volta à Polônia, ele traça um plano meticuloso para se vingar da ex-esposa. 

Kieslowski mostra aqui todo seu talento para contar uma história de amor que se transforma em ódio e volta ser amor, mas sem um final feliz normal. A história é contada de modo peculiar, onde a igualdade de direitos é usada como combustível de vingança pelo personagem de Zamachowski.

A Fraternidade é Vermelha (Trois Couleurs: Rouge, França / Suiça / Polônia, 1994) – Nota 8
Direção – Krzysztof Kieslowski
Elenco – Irene Jacob, Jean Louis Trintignant, Frederique Feder, Jean Pierre Lorit, Samuel Le Bihan, Zbigniew Zamachowski, Julie Delpy, Benoit Regent, Juliette Binoche.

O terceiro episódio da “Trilogia das Cores” de Kieslowski se passa em Paris, tendo como protagonista a jovem modelo suíça Valentine (Irene Jacob), que atropela por acidente o cão de um juiz aposentado (Jean Louis Trintignat). Valentine resolve devolver o cão para o juiz e descobre que o ressentido homem ouve clandestinamente as conversas ao telefone dos vizinhos. A relação que começa confusa, aos poucos se torna amizade e revela que as duas pessoas com vidas e idades tão diferentes, podem ter muita coisa em comum.

Fica difícil escolher qual o melhor filme da trilogia, são ao mesmo tempo muito diferentes nos temas e situações e semelhantes na qualidade da direção, do roteiro de Krzysztof Piesiewicz e na fotografia de Zbigniew Preisner. 

O fechamento da trilogia é também o encerramento da carreira de Kieslowski, que chegou a dizer que abandonaria o cinema e por ironia do destino acabou falecendo em 1996. Uma perda irreparável para o cinema.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Mistério da Rua 7

Mistério da Rua 7 (Vanishing on 7th Street, EUA, 2010) – Nota 5
Direção – Brad Anderson
Elenco – Hayden Christensen, John Leguizamo, Thandie Newton, Jacob Latimore, Taylor Groothuis.

Num cinema de shopping em Detroit, o projecionista Paul (John Leguizamo) exibe um filme quando as luzes se apagam e todas as pessoas desaparecem, ficando apenas suas roupas. Ao mesmo tempo, o repórter Luke (Hayden Christensen) acorda em seu apartamento e não encontra ninguém. Luke sai pela cidade e percebe algo que vem da escuridão e faz as pessoas desaparecem. Estes dois personagens se cruzam num bar, onde está escondido o garoto James (Jacob Latimore) e onde também chegará a desesperada enfermeira Rosemary (Thandie Newton). 

Tentando seguir o gênero de filme apocalíptico, o diretor Brad Anderson (dos interessantes “O Operário” e “Próxima Parada Wonderland”) derrapa feio num péssimo roteiro, que mistura vários clichês do gênero. O elenco também é ruim, com personagens caricatos, principalmente os interpretados por Christensen e Thandie Newton, além do ritmo arrastado e a total falta de explicação da trama, que deixa no ar motivos religiosos e punição. 

Um ponto interessante para quem gosta de história também foi pouco aproveitado. O personagem de John Leguizamo cita por duas vezes a história da colônia perdida de Roanoke, um fato que ocorreu na Carolina do Norte durante a colonização americana, quando um grupo de pessoas de um povoado sumiu sem deixar vestígios, deixando apenas a palavra “croatoan” riscada em uma árvore, situação até hoje sem explicação. 

Infelizmente é um filme para passar longe.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Rio Congelado

Rio Congelado (Frozen River, EUA, 2008) – Nota 7,5
Direção – Courtney Hunt
Elenco – Melissa Leo, Misty Upham, Charlie McDermott, Michael O’Keefe, Mark Boone Junior.

Na gelada divisa entre Estados Unidos e Canadá, Ray (Melissa Leo) precisa encontrar o marido viciado em jogo que sumiu com o dinheiro reservado para pagar a nova casa pré-montada. Ray encontra o carro do marido em frente a um bingo no território indígena dos Mohawks, porém quem está dirigindo é uma jovem índia (Misty Upham). 

Logo as duas entram em conflito, porém como Ray precisa de dinheiro também para sustentar dois filhos, aceita o convite da jovem para atravessar o rio congelado do título e vender o carro para um receptador no Canadá. Chegando lá, Ray descobre que na verdade o trabalho é transportar imigrantes ilegais em troca de dinheiro, o que ela acaba aceitando, começando uma espécie de parceira com a índia. 

O interessante deste filme lento e gelado como a região onde foi filmado, é o roteiro que mostra a vida de algumas pessoas com total falta de perspectivas, quase desesperadas, que aceitam participar de algo ilegal por acreditarem ser a única saída. 

Outro destaque é a interpretação de Melissa Leo, que concorreu ao Oscar naquele ano. O caso de Melissa Leo é curioso, mas não incomum, aconteceu a mesma situação com Thomas Haden Church em 2004 com “Sideways”. Ele estava quase aposentado após trabalhar na série “Cheers” e acabou indicado ao Oscar por este pequeno filme, renascendo na carreira. 

Já Melissa Leo fez pontas em diversos seriados, até se firmar em “Homicide: Life on the Street” nos anos noventa. Quando a série acabou, Melissa se tornou coadjuvante em filmes sem importância, até conseguir este papel que colocou seu nome em evidência e transformou sua carreira.