quinta-feira, 30 de abril de 2015

Vida de Adulto & Geração Prozac


Vida de Adulto (Adult World, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Scott Coffey
Elenco – Emma Roberts, John Cusack, Evan Peters, Armando Riesco, Cloris Leachman, John Cullum, Catherine Lloyd Burns, Reed Birney, Shannon Woodward.

Após se formar na universidade, Amy (Emma Roberts) tem certeza que se tornará uma grande escritora e poetisa, porém ao enfrentar o mundo real, descobrirá a imensa dificuldade em publicar seus textos ou até mesmo em conseguir um emprego. Sem dinheiro, com uma dívida estudantil e a pressão dos pais, Amy aceita trabalhar como balconista em um sex shop. O destino faz com que ela cruze o caminho de Rat Billings (John Cusack), um escritor que teve como único sucesso seu primeiro livro, mas que Amy considera seu ídolo. A jovem sonhadora tenta a todo custo se aproximar do sarcástico escritor, que não demonstra interesse algum nas obras da garota. 

O ponto principal do roteiro é mostrar a diferença entre os sonhos da juventude e realidade da vida adulta. A personagem de Emma Roberts é cheia de energia e extremamente ingênua, semelhante a milhares de jovens que acreditam na teoria aprendida na universidade e que ficam frustrados ao se deparar com as dificuldades da vida real. 

Por outro lado, o personagem de John Cusack é o sujeito calejado, que experimentou o sucesso e depois foi obrigado a aceitar o sistema para sobreviver na carreira. 

Está longe de ser um grande filme, mas vale a sessão por alguns diálogos interessantes e pelos personagens curiosos, inclusive os coadjuvantes que gravitam pelo sex shop. 

Geração Prozac (Prozac Nation, EUA / Alemanha / Canadá, 2001) – Nota 6,5
Direção – Erik Skjoldbjaerg
Elenco – Christina Ricci, Jason Biggs, Anne Heche, Michelle Williams, Jonathan Rhys Meyers, Jessica Lange, Jesse Moss, Nicholas Campbell.

Em 1985, Elizabeth (Christina Ricci) entra para a Universidade de Yale para estudar jornalismo. Com um histórico de depressão, Elizabeth acredita que possa superar o problema entrando de cabeça nos estudos, no trabalho e na diversão. Um texto sobre o cantor Lou Reed abre as portas da revista Rolling Stone para a jovem, que é contratada para outros trabalhos. Em paralelo, Elizabeth curte festas, bebidas, drogas e sexo com os amigos, até perceber que não está conseguindo escrever. A depressão volta junto com mudanças de humor, mentiras e explosões de raiva, potencializadas pelo complicado relacionamento com a mãe (Jessica Lange) e a distância do pai ausente (Nicholas Campbell). 

Baseado num livro da jornalista Elizabeth Wurtzel, este longa, pelo título dá a impressão de ser uma crítica ao uso indiscriminado dos antidepressivos, porém na verdade é a história de um período da vida da garota, que coincide com o surgimento do medicamento Prozac, que se tornou um grande auxílio para amenizar seu problema. 

A personagem principal narra a sua própria história, dando ênfase aos vários conflitos causados por seu distúrbio psicológico e as consequências nos relacionamentos com amigos, com o namorado (Jason Biggs) e a família. 

Apesar de ser não admirador da atriz Christina Ricci, aqui é ela defende muito bem o papel da jovem que alterna momentos de fúria, em que destila crueldade nas palavras, com outros em que se mostra fragilizada. 

É um filme em que muitas pessoas irão se identificar com as situações, principalmente quem sofre ou quem convive com alguém que tenha este tipo de problema. 

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Festa

Ontem o país perdeu o grande ator e apresentador Antonio Abujamra. Com uma carreira quase toda dedicada ao teatro, Abujamra também deixou sua marca em alguns trabalhos no cinema, em novelas e principalmente no programa de entrevistas "Provocações".

Sei que grande parte público sequer conhece o programa, que ficou no ar durante quase quinze anos pela TV Cultura de São Paulo, de 2000 até ontem.

Para quem jamais assistiu, os programas estão disponíveis no site da TV Cultura. 

Esqueçam os programas de entrevista com futilidades, a proposta de Abujamra era provocar o entrevistado com perguntas diretas sobre a vida e o trabalho desenvolvido pela pessoa. Ele entrevistou intelectuais, celebridades, artistas, esportistas e desconhecidos, sempre com perguntas inteligentes que deixavam muitas vezes o entrevistado sem resposta ou se contradizendo. 

Em todas as entrevistas, a última pergunta dava um verdadeiro nó na cabeça do entrevistado. Com sua voz marcante, Abujamra perguntava "O Que É a Vida?". As respostas eram as mais malucas possíveis.

Como homenagem a esta grande figura, comento seu primeiro trabalho no cinema, a interessante comédia "Festa" dirigida por Ugo Giorgetti.

Festa (Brasil, 1989) – Nota 7,5
Direção – Ugo Giorgetti
Elenco – Antonio Abujamra, Adriano Stuart, Jorge Mautner, Iara Jamra, Otávio Augusto, Nei Latorraca, José Lewgoy, Patricia Pillar, Marcelo Mansfield.

Em um casa de luxo no bairro do Jardins em São Paulo, dois jogadores de sinuca (Antonio Abujamra e Adriano Stuart) e um músico (Jorge Mautner) são contratados para entreter os convidados, porém ao entrarem na residência, são levados para o andar de baixo onde ficam esperando horas para serem chamados ao trabalho. 

Com a festa a todos vapor no andar de cima, os dois malandros jogadores de sinuca passam o tempo jogando conversa fora, tentando convencer o músico a disputar um partida por dinheiro e pedindo bebidas e comidas para os empregados da casa, que praticamente ignoram os sujeitos. Entre os empregados, temos o mordomo linha dura (Otávio Augusto), o garçom arrogante (Marcelo Mansfield) e a irritante babá que adora falar (Iara Jamra).

O roteiro escrito pelo diretor Ugo Giorgetti faz uma crítica engraçada e ferina as relações sociais. A classe alta é mostrada como fútil e esnobe, mas que perde “a classe” após beber. Vemos os empregados que são obrigados a obedecer, ao mesmo tempo em que cometem absurdos e tratam os contratados com desprezo. A cena do garçom que sofre um ataque epiléptico e a solução encontrada pelos empregados para resolver a situação são de um absurdo impar.

Os jogadores de sinuca representam a malandragem que ainda existia naquela época, os sujeitos que ganhavam a vida arrancando trocados de incautos em partidas de sinuca, no jogo das bolinhas ou qualquer tipo de aposta que envolvesse dinheiro. A cena em que o personagem de Antonio Abujamra tenta fazer uma aposta com um criança para ganhar algumas moedas é de uma engraçada falta de caráter. Já o músico interpretado por Jorge Mautner é o pobre coitado que passa a noite inteira esperando para tocar, sendo tratado como um ninguém.

O elenco inteiro tem ótimas atuações, neste divertido e crítico filme, que merece ser descoberto. 

terça-feira, 28 de abril de 2015

A Teoria de Tudo

A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, Inglaterra, 2014) – Nota 7,5
Direção – James Marsh
Elenco – Eddie Redmayne, Felicity Jones, Charlie Cox, David Thewlis, Harry Lloyd. Emily Watson, Simon McBurney, Maxine Peake.

Biografias são sempre complicadas, primeiro porque transportam para a tela uma versão da história e segundo porque esta versão muitas vezes não é a do biografado, mas de alguém que conviveu com ele ou mesmo de algum escritor que colheu testemunhos diversos. 

Esta biografia do físico Stephen Hawking (Eddie Redmayne) é baseada no livro de sua ex-esposa Jane Hawking (Felicity Jones), que conviveu com ele durante mais de vinte anos. Por este motivo, fica a sensação de que as crises entre o casal foram amenizadas, numa espécie de lembrança poética. Além disso, o foco principal no relacionamento do casal deixa a carreira de Hawking com suas teorias revolucionárias em segundo plano. 

A trama começa em 1963, quando Hawking está prestes a finalizar seu doutorado e durante uma festa conhece a jovem Jane. Os dois começam a namorar, mas não demora para Hawking demonstrar os primeiros sinais de uma doença degenerativa, diagnosticada por um médico que projeta apenas mais dois anos de vida para o então estudante. Mesmo sabendo do terrível problema que terão de enfrentar, Jane e Hawking se casam, com a esperança de superar a doença. 

O filme mostra apenas parte das dificuldades enfrentadas pelo casal durante o tempo em que viveram juntos, emocionando em alguns momentos, mas sem grandes exageros. Cenas como a do jantar onde Hawking não consegue segurar os talheres ou a sequência em que tenta subir a escada se arrastando, são exemplos das dificuldades que poderiam ter transformando o físico em alguém revoltado com o mundo, porém vemos o contrário, ele prefere sempre seguir em frente. 

A magnífica interpretação física de Eddie Redmayne é um dos pontos altos do filme e rendeu merecidamente o Oscar de Melhor Ator. 

É basicamente uma história de superação.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Laços de Sangue

Laços de Sangue (Blood Ties, França / EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Guillaume Canet
Elenco – Clive Owen, Billy Crudup, Marion Cotillard, Mila Kunis, Zoe Saldana, Matthias Schoenaerts, James Caan, Noah Emmerich, Lili Taylor, Domenick Lombardozzi, John Ventimiglia, Griffin Dunne, Jamie Hector, Yul Vazquez.

Brooklyn, 1974, após cumprir uma pena de doze anos por assassinato, Chris (Clive Owen) ganha a liberdade, sendo recebido pela irmã Marie (Lili Taylor) e o irmão Frank (Billy Crudup). Mesmo sendo detetive, Frank abre as portas de sua casa para Chris, que aparentemente deseja mudar de vida. Ele consegue um emprego em uma loja de carros usados e tenta se aproximar do casal de filhos que teve com a prostituta Monica (Marion Cotillard). Enquanto isso, Frank lida ainda com a paixão por Vanessa (Zoe Saldana), uma jovem com quem ele teve um caso e que hoje tem um filho com um bandido que o próprio Frank prendeu. 

Este longa é uma refilmagem de uma produção francesa de 2008 dirigida por Jacques Maillot e protagonizada por Guillaume Canet e François Cuzet. A curiosidade desta refilmagem é ter na direção o ator Canet (“A Praia”, “Amor ou Consequência”), que fez uma espécie de parceria com o diretor americano James Gray (“Os Donos da Noite”, “Caminho sem Volta”), que assina o roteiro aqui. 

Não conheço a carreira de Canet como diretor, mas fica claro que este longa tem todo o estilo de James Gray. Os elementos aqui são semelhantes as outras obras do diretor. Temos a disputa entre policial e bandido envolvendo família e lealdade, as relações amorosas complicadas e a vida no submundo de Nova York. Esta boa premissa acaba sendo mais interessante que o filme, que resulta em uma trama previsível, principalmente em relação ao destino dos personagens principais. 

Um dos pontos positivos é o ótimo elenco, que tem como destaque a dupla principal e entre os coadjuvantes a bela e sempre competente Marion Cotillard e o veterano James Caan como o patriarca da complicada família. 

Vale destacar ainda a reconstituição de época baseada principalmente nas roupas, nos carros e nos penteados, além da trilha sonora em boa parte incidental, inclusive na sequência inicial da batida policial. 

No final, fica o sentimento de que poderia ter resultado um filme melhor.

domingo, 26 de abril de 2015

Dying of the Light

Dying of the Light (Dying of the Light, Bahamas, 2014) – Nota 5
Direção – Paul Schrader
Elenco – Nicolas Cage, Anton Yelchin, Alexander Karim, Irene Jacob.

Ao descobrir que está sofrendo de demência, o veterano agente da CIA Evan Lake (Nicolas Cage) tenta esconder a doença dos superiores. Quando outro agente, Milton Schultz (Anton Yelchin), consegue uma pista que pode provar que um terrorista inimigo de Lake ainda está vivo, mesmo considerado morto há mais de vinte anos, ele tenta convencer seus superiores a montar uma força-tarefa. Sua tentativa falha, seu chefe diz saber de sua doença e Lake acaba perdendo o emprego. Determinado e com a ajuda de Milton, Lake decide seguir a pista viajando para Romênia por conta própria, com o objetivo de localizar o antigo inimigo. 

Mais uma vez o astro Nicolas Cage fez uma escolha ruim, agora tendo ao seu lado o outrora grande roteirista Paul Schrader, parceiro de Scorsese em clássicos como “Touro Indomável” e “Taxi Driver”. O roteiro escrito por Schrader é repleto de clichês e chega até a ser absurdo, porém para um filme de ação, isto nem sempre é um problema. O que mais pesa aqui é a falta de habilidade de Schrader como diretor de cenas de ação e suspense, o que resulta em uma narrativa irregular e péssimas soluções para os conflitos. 

Fica a dúvida de até que ponto os erros podem ser creditados apenas ao diretor, pois consta que Schrader foi afastado da pós-produção e o filme terminou montado pela produtora Grindstone. Nicolas Cage, Anton Yelchin e o diretor Nicolas Winding Refn, que foi o produtor executivo, criticaram a decisão da empresa através de camisetas personalizadas, pois não podiam falar em razão dos contratos. 

No final, todos saíram perdendo. O filme fracassou nos cinemas americanos e aqui no Brasil sequer foi lançado e nem mesmo ganhou um título nacional. 

sábado, 25 de abril de 2015

Os Mercenários 3

Os Mercenários 3 (The Expendables 3, EUA / França, 2014) – Nota 7,5
Direção – Patrick Hughes
Elenco – Sylvester Stallone, Jason Statham, Harrison Ford, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson, Wesley Snipes, Dolph Lundgreen, Randy Couture, Terry Crews, Kelsey Grammer, Antonio Banderas, Glen Powell, Victor Ortiz, Ronda Rousey, Kellan Lutz, Jet Li, Robert Davi.

Durante uma missão, o grupo de mercenários comandado por Barney Ross (Sylvester Stallone) se surpreende ao encontrar o traficante de armas Stonebanks (Mel Gibson), que aparentemente estava morto e que após o violento confronto consegue fugir. Stonebanks foi um dos fundadores do grupo ao lado de Barney, que conhecendo bem a violência e o caráter do ex-amigo, decide contratar novos mercenários para enfrentar o sujeito, dispensando o grupo atual, que fica sem entender o porquê. 

Este terceiro longa consegue renovar a franquia aos misturar os personagens antigos do grupo com jovens mercenários, incluindo uma mulher, a lutadora de MMA Ronda Rousey. O contraste entre a tecnologia utilizada pelos jovens e a brutalidade dos antigos, gera alguns diálogos engraçados. 

O filme também ganha pontos ao trazer para franquia Harrison Ford, Mel Gibson e Wesley Snipes, além das citações cinematográficas. A sequência inicial do resgate de Snipes da cadeia é uma referência ao tempo que o astro passou preso por sonegação de impostos. Harrison Ford pilotando é uma homenagem engraçada a Han Solo e apesar de ser o vilão, o maluco interpretado por Mel Gibson lembra seu policial aloprado de “Máquina Mortífera”. Destaque ainda para os diálogos entre Stallone e Staham e a participação de Schwarzenegger. 

Quem viveu os anos oitenta e noventa, jamais imaginaria que um dia veria no mesmo filme Stallone, Schwarzenegger, Ford e Gibson. É um verdadeiro dream team do cinema ação, que por si só já valeria a sessão.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Os Cinco Rapazes de Liverpool & Na Trilha da Vingança


Em quase vinte anos de carreira, o ator Stephen Dorff passou de jovem promissor para canastrão protagonista de filmes B. 

Nesta postagem, comento o trabalho que marcou o auge da carreira do ator em 1994 e também, provavelmente seu pior filme, que foi produzido em 2012.

Os Cinco Rapazes de Liverpool (Backbeat, Inglaterra / Alemanha, 1994) – Nota 7
Direção – Iain Softley
Elenco – Stephen Dorff, Sheryl Lee, Ian Hart, Gary Bakewell, Chris O’Neill, Scot Williams, Paul Duckworth, Kai Wiesinger, Jennifer Ehle.

Liverpool, 1960, ainda desconhecida e com cinco integrantes, a banda “The Beatles” viaja para Hamburgo na Alemanha com o objetivo de tocar em locais pequenos e quem sabe conseguir um contrato com uma gravadora. Os amigos John Lennon (Ian Hart) e Stuart Sutcliffe (Stephen Dorff), se aproximam do músico e artista plástico Klaus Voormann (Kai Wiesenger), que fascinado com o som da banda, pede para sua namorada, a jornalista Astrid Kirchherr (Sheryl Lee), ajudar na divulgação na cidade. Não demora para Stuart e Astrid se apaixonarem. Ele, que também é pintor, fica dividido entre continuar com a banda ou seguir a carreira de pintor ao lado da nova namorada. 

Baseado numa história que na época era conhecida apenas pelos fãs da banda, o longa fez sucesso por esta curiosidade e também pela ótima trilha sonora repleta de canções do grupo inglês. O filme em si é apenas razoável, a trama foca principalmente na história de amor e nas dúvidas do protagonista. O elenco de apoio é fraco, os atores que interpretam Paul, George e Ringo são inexpressivos. 

Como informação, Stephen Dorff e Sheryl Lee eram rostos promissores na época. Ele tinha uma carreira desde criança, que seguiu com altos e baixos, sem nunca chegar a ser um grande astro. Enquanto isso, Sheryl Lee ainda aproveitava a fama conseguida pela interpretação de Laura Palmer em “Twin Peaks”, porém depois deste trabalho sua carreira se apagou. Ainda na ativa, Sheryl Lee está relegada a pequenos papéis em seriados e filmes menores.

Na Trilha da Vingança (Tomorrow You’re Gone, EUA, 2012) – Nota 4
Direção – David Jacobson
Elenco – Stephen Dorff, Michelle Monaghan, Willem Dafoe, Robert LaSardo, Tara Buck.

Ao sair da prisão, Charlie Rankin (Stephen Dorff) vai ao encontro de um ex-companheiro de cela conhecido como Buda (Willem Dafoe), que o contrata para assassinar um sujeito. Charlie tem uma espécie de dívida de amizade com o Buda. Antes de cometer o crime, Charlie cruza o caminho da prostituta Florence (Michelle Monaghan), com quem se envolve. 

A história basicamente é esta, parece que nada acontece durante os noventa minutos de duração. A relação entre o dois personagens marginais é estranha e o crime encomendado não tem grandes explicações. Em meio a tudo isso, o personagem principal ainda sofre alucinações, filmadas com direito a imagens distorcidas. Fica difícil analisar um filme tão ruim que tenta ser vendido como cult. 

É provavelmente o pior trabalho do trio principal. 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Os Desafinados

Os Desafinados (Brasil, 2008) – Nota 5,5
Direção – Walter Lima Jr
Elenco – Rodrigo Santoro, Cláudia Abreu, Selton Mello, Alessandra Negrini, Ângelo Paes Leme, Jair Oliveira, André Moraes, Genésio de Barros, Antonio Pedro, Vanessa Gerbelli, Arthur Kohl, Benê Silva, Renato Borghi, Ailton Graça.

No início dos anos sessenta, quatro amigos (Rodrigo Santoro, Ângelo Paes Leme, Jair Oliveira e André Moraes) montam o grupo musical “Os Desafinados” e participam de uma espécie de concurso para tocar em Nova York. Mesmo não sendo escolhido, o grupo decide viajar para tentar a sorte nos Estados Unidos, com a companhia do jovem cineasta Dico (Selton Mello). Um dos integrantes, Joaquim (Rodrigo Santoro), deixa a namorada grávida (Alessandra Negrini) prometendo voltar logo, porém ao chegar em Nova York, se envolve com a cantora Glória (Cláudia Abreu). Em paralelo, vemos o reencontro dos amigos nos dias atuais, quando Dico (agora interpretado por Arhur Kohl) deseja fazer um documentário sobre a banda. 

Alguns cineastas brasileiros, geralmente os que surgiram na década de sessenta e foram ligados ao chamado “Cinema Novo”, insistem até hoje em contar tramas semelhantes ao que passaram na vida e principalmente citar ditadura, repressão e Bossa Nova, quase sempre de forma rasa. O diretor Walter Lima Jr seguiu esta linha, tentando fazer um longa sobre a “sua geração”, que na verdade mostra a realidade apenas dos jovens da classe alta carioca dos anos sessenta, passando longe da geração da época. 

A premissa e a primeira metade chegam a ser interessantes, com os jovens tentando começar uma carreira na América, porém a trama se perde em meio a ciranda amorosa e as sequências em que o diretor tenta inserir questões políticas. Os agentes de deportação são risíveis, a cena da artista que deseja esconder o marido subversivo parece fora do contexto e a absurda sequência na Argentina, que foi criada apenas para mostrar como a ditadura por lá foi cruel.

Foi um filme que me decepcionou, daqueles onde tudo parece bem feito, mas o conteúdo é vazio. Para piorar, nada mais chato que ouvir um sem número de canções da Bossa Nova. Quem gosta do estilo musical, ao menos irá se divertir com as canções. 

terça-feira, 21 de abril de 2015

Salvador - O Martírio de um Povo & Romero


Salvador – O Martírio de um Povo (Salvador, EUA / Inglaterra, 1986) – Nota 7,5
Direção – Oliver Stone
Elenco – James Woods, James Belushi, John Savage, Elpidia Carrillo, Michael Murphy, Tony Plana, Cynthia Gibb.

Estamos em 1980, o decadente jornalista Richard Boyle (James Woods) é enviado para El Salvador com o objetivo de registrar a guerra civil que teve como estopim o assassinato do Padre Oscar Romero. Ao lado do amigo Doctor “Doc” Rock (James Belushi), Boyle a princípio acredita que será um trabalho qualquer, em um lugar onde poderá continuar sua rotina de usar drogas e pegar mulheres, porém não imagina que a experiência mudará sua vida. Ele ficará no meio do conflito entre a violenta ditadura apoiada pelo governo americano e os rebeldes camponeses que decidiram pegar em armas para enfrentar a situação. 

Lançado quase que simultaneamente com “Platoon”, este “Salvador” é um drama político tão forte e violento como o longa vencedor do Oscar. Os dois trabalhos transformaram o então roteirista Oliver Stone em diretor do primeiro escalão, tendo seu cinema comparado na época com as obras políticas do grego Costa Gavras e do polonês Andrzej Wajda (“Danton”, “Katyn”). 

O filme é baseado em uma história real e tem como um dos grandes destaques a interpretação de James Woods. De um sujeito egoísta e indiferente com o mundo, o jornalista amadurece ao ser testemunha de muito sofrimento, injustiças e mortes, em sequências retratadas por Oliver Stone de uma forma realista, quase cru, porém sem os exageros que o diretor mostraria em alguns trabalhos posteriores. 

Como informação, El Salvador sofreu com a guerra civil por doze anos, de 1980 até 1992.

Romero (Romero, EUA, 1989) – Nota 7
Direção – John Duigan
Elenco – Raul Julia, Richard Jordan, Eddie Velez, Ana Alicia, Alejandro Brachom Tony Plana, Harold Gould.

Como praticamente toda América Latina nos anos setenta, El Salvador sofreu com uma ditadura violenta que perseguia os oposicionistas e enfrentava milícias de camponeses. Neste contexto, oficialmente a Igreja Católica tentava se manter neutra, porém seus integrantes se mostravam divididos. Alguns defendiam a aliança com o governo, que era apoiado pelos americanos, enquanto outros auxiliavam os camponeses. 

A princípio, o padre Oscar Romero (Raul Julia) defendia que a Igreja deveria ficar neutra, posição mantida até testemunhar atos de violência do exército contra o povo, perseguições e mortes, inclusive de um padre amigo (Richard Jordan). O fato faz com que Romero passe a defender o povo pobre e atacar o governo através de discursos nas missas e pela rádio, se tornando assim alvo da ditadura. 

O roteiro segue a vida do padre Romero de 1977 até 1980, quando ele foi assassinado e se transformou em mártir para o povo e as milícias, que declararam guerra ao governo, dando início ao conflito que durou doze anos. 

É um história forte, um drama pesado que denuncia os abusos ocorridos em El Salvador, mas não chega a ser um grande filme. O ponto principal é a atuação do falecido Raul Julia, talentoso ator que durante a carreira interpretou outros personagens fortes e engajados em lutas como Chico Mendes em “Amazônia em Chamas” e o preso político de “O Beijo da Mulher Aranha”. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Interestelar

Interestelar (Interestelar, EUA / Inglaterra / Canadá, 2014) – Nota 8,5
Direção – Christopher Nolan
Elenco – Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Michael Caine, John Lithgow, Casey Affleck, Matt Damon, Mackenzie Foy, Timothée Chalamet, David Gyasi, Wes Bentley, Topher Grace, William Devane, Bill Irwin, Josh Stewart.

Em um futuro próximo, a Terra sofre com o desequilíbrio da natureza, causando escassez de recursos naturais, falta de alimentos, além de violentas tempestades de poeira. A crise obriga grande parte da população a voltar a trabalhar na agricultura para sobreviver. 

Neste contexto, Cooper (Matthew McConaughey), um ex-piloto da Nasa, vive em sua fazenda com o casal de filhos (Mackenzie Foy e Timothée Chalamet) e o sogro (John Lithgow). Um fato aparentemente inexplicável, leva pai e filha até um local secreto no deserto, onde Cooper descobre que a Nasa ainda mantém suas atividades comandadas pelo Professor Brand (Michael Caine). O objetivo de Brand é enviar um grupo de pessoas para o espaço, seguindo as coordenadas enviadas por três missões que exploraram outros planetas à procura de um novo lar para os terráqueos. 

Esta belíssima ficção comandada por Christopher Nolan é um longa tão complexo, que tentar resumir a trama em poucas palavras é extremamente difícil. O roteiro escrito por Nolan e seu irmão Jonathan mistura tragédia climática, viagem espacial, física quântica e drama familiar de uma forma tão bem amarrada que as quase três horas de duração passam rapidamente. 

Os irmãos são especialistas em tramas complexas, todos os seus filmes deixam o espectador pensando após o final da sessão, até mesmo a trilogia Batman, que na teoria seriam filmes tipicamente hollywoodianos, resultam em obras cinematográficas de primeira qualidade. 

Os destaques do elenco ficam para os veteranos John Lithgow e Michael Caine, este último parceiro habitual do diretor, para a sempre competente Jessica Chastain e novamente para Matthew McConaughey, que nos últimos dois anos emplacou quatro ótimos papéis em grandes filmes. Além deste, McConaughey deu um show na série “True Detective”, no drama “Clube de Compras Dallas” e até na pequena participação em “O Lobo de Wall Street”. Seu personagem aqui é a alma do filme. 

sábado, 18 de abril de 2015

Lansky - A Mente do Crime & Dillinger e Capone


Lansky – A Mente do Crime (Lansky, EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – John McNaughton
Elenco – Richard Dreyfuss, Eric Roberts, Anthony LaPaglia, Max Perlich, Beverly D’Angelo, Illeana Douglas, Matthew Settle, Ryan Merriman, Dean Norris, Robert Miano.

No final da vida, o gângster de origem judaica Meyer Lansky (Richard Dreyfus) está sendo investigado pelo governo e com medo de ir para cadeia, procura uma chance de sair do país. Enquanto isso, ele relembra sua vida, desde criança no início do século XX, quando vivia num bairro pobre de Nova York, passando pela juventude quando começou a cometer delitos, até a idade adulta quando se tornou um dos chefões mais poderosos do país, sendo parceiro de figuras como Charlie “Lucky” Luciano (Anthony LaPaglia) e Bugsy Siegel (Eric Roberts). 

O roteiro de David Mamet foca em acontecimentos importantes na vida do sujeito, como o relacionamento com outros gângsteres e com a esposa (Beverly D’Angelo), passando por situações como a sua influência no crescimento dos cassinos em Las Vegas, além é claro, das disputas por poder que resultaram em um enorme número de assassinatos. 

Mesmo tendo a qualidade técnica das produções HBO, este longa para tv resulta numa obra razoável, que vale apenas como curiosidade para quem gosta do tema.

Dillinger e Capone (Dillinger e Capone, EUA, 1995) – Nota 4
Direção – Jon Purdy
Elenco – Martin Sheen, F. Murray Abraham, Stephen Davies, Catherine Hicks, Don Stroud, Michael Oliver, Jeffrey Combs, Michael C. Gwynne.

Chicago, 1934, um sujeito é assassinado dentro de um teatro e todos acreditam que seja o famoso assaltante John Dillinger (Martin Sheen). Seis anos depois, Dillinger vive como outro nome em uma área rural ao lado da esposa (Catherine Hicks) e do filho (Michael Oliver). No mesmo ano, Al Capone (F. Murray Abraham) é liberado da prisão e deseja recuperar uma fortuna em dinheiro que deixou escondida em Chicago, local dominado por um novo chefão. Com ajuda apenas de um fiel assistente (Stephen Davies), Capone descobre que Dillinger está vivo. Ele arma um plano onde sequestra a família de Dillinger e o obriga a voltar ao mundo do crime para roubar seu próprio dinheiro. 

A premissa de utilizar personagens reais para criar uma trama de ficção é interessante, porém o problema é que neste caso nada mais funciona. Os diálogos primários, os tiroteios mal filmados, as explosões toscas e as interpretações exageradas dão tom desta produção do lendário Roger Corman, que aos oitenta e nove anos de idade e após mais de quatrocentos filmes produzidos, ainda continua na ativa. 

Por sinal, a interpretação de F. Murray Abraham (Oscar de Melhor Ator por “Amadeus”) é uma das mais exageradas da história do cinema, ao criar um Al Capone totalmente maluco por causa da sífilis. Martin Sheen ainda interpreta o seu Dillinger com dignidade, mas é pouco para salvar o longa.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Sem Lei e Sem Esperança

Sem Lei e Sem Esperança (The Great Northfield Minnesota Raid, EUA, 1972) – Nota 6
Direção – Philip Kaufman
Elenco – Cliff Robertson, Robert Duvall, Luke Askew, R. G. Armstrong, Dana Elcar, Donald Moffat, Matt Clark, Elisha Cook Jr, John Pearce.

Após ajudaram colonos que estavam sendo atacados por bandidos, os irmãos James (Cliff Robertson e John Pearce) e Younger (Robert Duvall, Luke Askew e Matt Clark) são anistiados de seus crimes pelas autoridades do Missouri. 

O perdão preocupa os banqueiros e a ferrovia, que temem que os irmãos continuem cometendo assaltos. Eles estavam certos, as duas quadrilhas se juntam para roubar o maior banco de Minnesota. O plano falha e os assaltantes passam a ser perseguidos pelos agentes da Pinkerton. 

Este incursão do então novato Philip Kaufman na direção de um westen, resulta num filme irregular, com algumas passagens mortas e uma narrativa lenta, pecados mortais para ao gênero. A história dos irmãos James e Younger já renderam diversos filmes melhores. Este filme vale apenas como curiosidade. 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

A Taberna do Inferno

A Taberna do Inferno (Paradise Alley, EUA, 1978) – Nota 7
Direção – Sylvester Stallone
Elenco – Sylvester Stallone, Armand Assante, Lee Canalito, Anne Archer, Frank McRae, Kevin Conway, Terry Funk, Tom Waits.

Meados dos anos quarenta, em Hell’s Kitchen, Nova York, os irmãos Carboni tentam sobreviver em meio a pobreza da região. Lenny (Armand Assante) é um veterano que voltou ferido da Segunda Guerra, que se tornou um sujeito triste e que trabalha em uma funerária. Cosmo (Sylvester Stallone) é o malandro que deseja ganhar dinheiro para sair do bairro e que utiliza a força do irmão mais novo Victor (Lee Canalito) para armar lutas clandestinas num bar chamado “Paradise Alley”. A chance de ganhar uma bolada surge quando Cosmo consegue marcar uma luta entre Victor e o campeão do bairro, o violento Frankie “O Batedor” (Terry Funk). 

Com o sucesso de “Rocky, um Lutador”, Stallone decidiu escrever um novo roteiro incluindo elementos semelhantes, como os personagens pobres vivendo à margem da sociedade e a chance de mudança de vida através da luta, mesmo neste caso sendo uma disputa clandestina. 

O roteiro ainda desenvolve conflitos entre os personagens, principalmente entre Lenny e Cosmo. Lenny acredita que Cosmo se aproveita da força e da inocência de Victor para lucrar, enquanto Cosmo tem certeza que esta é a única chance de mudar a vida da família. 

É uma história simples, que tenta emocionar em alguns momentos e que se aproveita da empatia dos personagens perdedores. 

Também é legal ver Stallone em um papel diferente dos heróis durões que marcaram sua carreira. 

Como informação, este foi um primeiro trabalho de Stallone como diretor. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

A Casa da Rua 92

A Casa da Rua 92 (The House on 92nd Street, EUA, 1945) – Nota 6,5
Direção – Henry Hathaway
Elenco – William Eythe, Lloyd Nolan, Signe Hasso, Gene Lockhart, Leo G. Carroll.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ainda na universidade, Bill Dietrich (William Eythe) é procurado pelos alemães para se tornar um espião. Filho de alemães e com nacionalidade americana, Dietrich seria o agente perfeito, porém o jovem faz de conta que aceita a proposta, mas se apresenta ao FBI. Dietrich se torna um agente duplo. 

Ele segue para Hamburgo e inicia um treinamento de seis meses, até voltar para os Estados Unidos com o objetivo de espionar o governo americano ao lado de um grupo de agentes alemães que vivem disfarçados na América. Com apoio do agente do FBI Briggs (Lloyd Nolan), Dietrich fará de tudo para desbaratar a conspiração. 

Pontuado por uma narração formal, que logo no início cita que a trama é uma mistura de vários casos reais, para em seguida explicar passo a passo a atuação do FBI, citando que as cenas foram filmadas em locais onde aconteceram os fatos originais, este longa é uma verdadeira propaganda do trabalho do FBI. 

Mesmo com o roteiro “chapa branca”, o diretor Henry Hathaway (“Bravura Indômita” e “Os Filhos de Katie Elder”) consegue prender a atenção do espectador com a interessante trama de espionagem. 

Vale como curiosidade cinematográfica.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Homem que Mudou o Jogo

O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Bennett Miller
Elenco – Brad Pitt, Jonah Hill, Philip Seymour Hoffman, Robin Wright, Chris Pratt, Stephen Bishop, Reed Diamond, Brent Jennings, Ken Medlock, Jack McGee, Nick Searcy, Glenn Morshower.

Início de 2002, Billy Beane (Brad Pritt) é o manager do Oakland Athletics, a equipe de beisebol com menor orçamento da Liga Americana. Desanimado pela sucessão de resultados ruins e a falta de dinheiro que faz o clube perder os melhores jogadores a cada nova temporada, Beane procura novas ideias para remontar o time. 

A novidade surge quando Beane conhece o jovem economista Peter Brand (Jonah Hill), um sujeito gordinho que jamais jogou beisebol, mas que criou uma fórmula matemática para analisar o desempenho individual dos jogadores em cada fundamento. Percebendo que os resultados continuariam ruins se seguisse o caminho normal de contratar jogadores indicados por olheiros na base da intuição, Beane contrata Brand como seu assistente e juntos decidem montar uma nova equipe baseada nas estatísticas de desempenho, o que a princípio é considerado uma loucura pelos “especialistas” do esporte, mas que aos pouco revoluciona a forma de administrar uma equipe. 

Baseado numa história real, este longa de Bennett Miller (“Capote” e “Foxcatcher”) é centrado na vontade do protagonista em deixar um legado para o esporte, como uma espécie de compensação pelo seu fracasso como jogador. Ainda adolescente, enquanto jogava por ligas menores, Billy Beane foi encontrado por um olheiro que lhe ofereceu um contrato para jogar na equipe do New York Mets, dizendo com todas as palavras que ele tinha talento para se tornar um astro do esporte. A previsão não se confirmou e Beane, que desistiu da universidade para ser jogador, sentiu que a forma de escolher atletas estava longe de ser perfeita. O relativo sucesso da análise das estatísticas dos jogadores no caso de Beane, fez com que as outras equipes adotassem o mesmo modelo, hoje utilizado em vários outros esportes, inclusive no futebol.

A história mostrada aqui é um pouco romanceada. Por exemplo, o personagem de Peter Brand é fictício, na verdade, quem auxiliou Billy Beane em parte do processo foi Paul DePodesta, um ex-jogador de futebol americano que entrou em conflito com a produção do longa e por este motivo teve seu nome retirado do personagem, que sofreu várias modificações até ser encarnado por Jonah Hill. Por sinal, as interpretações de Brad Pitt e Jonah Hill merecem elogios, tendo os dois sido indicados aos Oscar. 

Mesmo se você não gosta de esportes, não se preocupe, as cenas de jogos não são exageradas e servem principalmente para dimensionar a emoção e a angústia sentida pelo personagem de Brad Pitt, que não consegue assistir as partidas, preferindo ficar sozinho fazendo outras coisas, enquanto ouve algumas informações pelo rádio ou vê uma ou duas jogadas pela tv.  

domingo, 12 de abril de 2015

O 5º Passo & No Limite do Silêncio


O 5º Passo (Levity, EUA / França, 2003) – Nota 6,5
Direção – Ed Solomon
Elenco – Billy Bob Thornton, Morgan Freeman, Holly Hunter, Kirsten Dunst, Manuel Aranguiz, Geoffrey Wigdor.

Após cumprir pena de vinte e um anos pelo assassinato de um jovem balconista de uma loja de conveniência, Manuel Jordan (Billy Bob Thornton) é solto por bom comportamento. Sem saber o que fazer da vida em liberdade, Manuel vaga pela cidade, até que uma situação inusitada o faz conhecer Miles Evans (Morgan Freeman), um pastor que cuida de um estacionamento ao lado de uma casa noturna. Ao invés de cobrar pelo estacionamento, Miles obriga os jovens que vão para balada a ouvir quinze minutos do seu culto antes da diversão. Manuel passa a trabalhar com Miles, que também distribui comida para moradores de rua e deixa os jovens pobres do bairro utilizarem o local para ficarem longe de problemas. 

Arrependido do crime que cometeu, Manuel deseja cumprir cinco passos como uma espécie de penitência, sendo o quinto passo o mais complicado, que seria se desculpar com alguém que sofreu pela sua atitude. Ele se aproxima de Adele (Holly Hunter), irmã do rapaz que assassinou, mas não tem coragem de contar a verdade. 

O tema principal é a redenção, tanto do personagem de Billy Bob Thornton, quanto dos coadjuvantes. Todos carregam traumas e cada um enfrenta seus problemas de uma forma diferente. Morgan Freeman tenta ajudar os abandonados, Holly Hunter sofre para educar sozinha o filho adolescente e Kirsten Dunst foge da realidade nas baladas regadas a drogas e bebidas. 

É um típico filme independente, com uma narrativa lenta, que foca em personagens problemáticos e que não se aprofunda nas discussões propostas.  

No Limite do Silêncio (The Unsaid, EUA / Canadá, 2001) – Nota 7
Direção – Tom McLoughlin
Elenco – Andy Garcia, Vincent Kartheiser, Linda Cardellini, Teri Polo, Chelsea Field, Brendan Fletcher, Sam Bottoms.

Após do suicídio do filho adolescente, o psiquiatra Michael Hunter (Andy Garcia) sente o mundo desabar sobre sua cabeça. Ele se culpa pela ocorrido, fato que faz acabar seu casamento com Penny (Chelsea Field), que também acredita que o suicídio do filho esteja ligado ao relacionamento do garoto com o pai. 

Três anos depois, Michael abandonou o atendimento clínico, se tornou escritor e palestrante. Quando uma ex-aluna (Teri Polo) o procura pedindo para analisar o caso de um jovem (Vincent Katheiser), que vive em um orfanato e que mostra sinais de distúrbio psicológico, Michael aceita atender o jovem ao saber que anos atrás ele testemunhou o próprio pai assassinando sua mãe. O caso despertará em Michael e em sua filha (Linda Cardellini) sentimentos confusos pela semelhança do garoto com o filho suicida. 

O roteiro foca nas consequências de uma tragédia na vida das pessoas envolvidas e na questão do limite no relacionamento entre psiquiatra e paciente. No primeiro quesito vemos que cada pessoa reage de uma forma, algumas se culpam e outros se fecham tentando esquecer. No segundo ponto, a questão emocional vem à tona. O personagem de Andy Garcia deixa seus sentimentos em relação ao filho morto influenciarem na relação com o jovem traumatizado. 

É um filme indicado para quem gosta de drama familiar com toques de psicologia. 

sábado, 11 de abril de 2015

Caça aos Gângsteres

Caça aos Gângsteres (Gangster Squad, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Ruben Fleischer
Elenco – Josh Brolin, Ryan Gosling, Sean Penn, Emma Stone, Anthony Mackie, Robert Patrick, Michael Peña, Giovanni Ribisi, Nick Nolte, Mirelle Einos, Holt McCallany, Troy Garity, Jon Polito, John Aylward, Jack Conley, Jack McGee.

Los Angeles, 1949, a cidade está dominada pelo gângster Mickey Cohen (Sean Penn), que comanda uma rede de tráfico, prostituição e jogatina. Com vários policiais corruptos trabalhando para Cohen, que tem ainda em seu bolso alguns políticos e um juiz, a única chance de desmantelar sua quadrilha seria agir à margem da lei. 

Neste cenário, o chefe de polícia (Nick Nolte) oferece ao honestíssimo sargento John O’Mara (Josh Brolin) a chance de criar uma esquadrão clandestino para destruir o império de Cohen. O’Mara é um herói de guerra que aceita o desafio e recruta cinco policiais para a missão, tendo como seu braço direito o sargento Jerry Wooters (Ryan Gosling). 

Apesar de ser baseado numa história real, a narrativa imposta pelo diretor Ruben Fleischer foca basicamente nas cenas de ação, resultando em um filme que pode ser considerado uma diversão passageira. 

As cenas de ação citadas são competentes, com brigas, torturas e tiroteios extremamente violentos, embalados por uma trilha sonora que em alguns acordes lembra a fantástica trilha de Enio Morricone para “Os Intocáveis”. 

O roteiro é totalmente previsível, assim como os personagens são unidimensionais. Temos o policial honesto até a médula (Josh Brolin), a esposa dedicada (Mirelle Einos), o gângster psicopata (Sean Penn) e a amante tratada como propriedade do sujeito (Emma Stone). O único personagem um pouco melhor desenvolvido é o de Ryan Gosling, que demonstra atitudes mais próximas da realidade. 

Quem gosta de um filme de ação ágil e não se importar com estes defeitos citados, vai se divertir com a caçada.   

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Era Uma Vez em Tóquio

Era Uma Vez em Tóquio (Tokyo Monogatari, Japão, 1953) – Nota 9
Direção – Yasujiro Ozu
Elenco – Chishu Ryu, Chieko Higashiyama, Setsuko Hara, Haruko Sugimura, So Yamamura, Kuniko Miyake, Kyoko Kagawa.

Shukichi (Chishu Ryu) e Tomi (Chieko Higashiyama) são um casal de idosos que vive numa pequena cidade do litoral do Japão e que decide viajar de trem até Tóquio para visitar os filhos. Acostumados com a vida simples da pequena cidade, o objetivo do casal é simplesmente rever os filhos, que por seu lado, mesmo sem admitir para os pais, encaram a visita como um problema. 

O filho mais velho é um médico que atende a população do bairro onde mora, enquanto a outra filha é dona de um salão de beleza. Os dois estão mais preocupados com suas vidas, não tendo tempo para acompanhar o casal de idosos, que acaba sendo mais bem tratado pela nora (Setsuko Hara), que é viúva de outro filho do casal que faleceu na guerra. 

Este sensível drama sobre família e envelhecimento é considerado por muitos críticos uma obra-prima. A câmera do diretor Yasujiro Ozu foca nas pequenas situações do cotidiano, que aparentemente são simples, mas que no fundo são exemplos de egoísmo e de como muitas pessoas olham para os idosos como um estorvo. 

O roteiro também foca nas mudanças de costumes pelo quais o Japão passava após a Segunda Guerra. O respeito pelos idosos e pela família ainda existia, porém a preocupação em pensar primeiro em si próprio e as diferenças entre o ritmo de vida de uma cidade do interior em relação a uma metrópole como Tóquio, já eram fatos que alteravam a relação entre as pessoas. 

O exemplo de que em pouco tempo as mudanças seriam radicais, também está na atitude dos netos. Dois garotos que não demostram o menor interesse em dar atenção ao avós, além de um deles reclamar muito após o pai deixar de levá-lo para passear porque foi obrigado a atender um paciente. 

A sutileza oriental das interpretações do casal principal e da nora, rendem diálogos primorosos. A sequência em que sogra e nora conversam sobre a vida no pequeno apartamento da segunda e a conversa do avó com dois amigos em um bar durante uma bebedeira, são ao mesmo tempo simples e geniais. Nestas duas sequências os personagens comentam sobre família, filhos, casamento, solidão e velhice. 

Muitas vezes li críticos elogiando as obras de Ozu e este é o primeiro filme do diretor que assisto. Com certeza procurarei outros para conferir. 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Brazil, o Filme & 1984


Brazil, o Filme (Brazil, Inglaterra, 1985) – Nota 7.5
Direção – Terry Gilliam
Elenco – Jonathan Pryce, Kim Greist, Robert De Niro, Ian Holm, Michael Palin, Bob Hoskins, Peter Vaughan, Ian Richardson, Katherine Helmond, Jim Broadbent.

Visto nos dias de hoje, “Brazil, o Filme” pode ser considerado uma obra profética, que misturava os problemas que o mundo enfrentava na época, com outros que surgiriam nas décadas seguintes. A história se passa num futuro cinzento, em uma sociedade opressora onde o papel do Estado é basicamente dominar a população na base da burocracia exagerada e do medo. A escolha do “Brazil” como título pode ser uma alusão ao final da ditadura pelo qual o país passava no início dos anos oitenta e também pela sociedade anacrônica da época, onde a burocracia era tão grande que existia até mesmo o Ministério da Desburocratização. 

No filme, o governo totalitário utiliza computadores enormes e máquinas estranhas para catalogar as pessoas, tudo criado pela mente do ótimo Terry Gilliam. O personagem principal é o funcionário público Sam Lowry (Jonathan Pryce) sujeito politicamente alienado, que passa seu tempo livre sonhando em voar, com o mar e também com uma garota (Kim Greist). Quando Sam descobre que a garota realmente existe, o sujeito apaixonado se envolve com a jovem que luta contra o governo. A decisão amalucada de Sam o coloca como um terrorista procurado pelo governo. 

A profecia que citei no início do texto, pode ser comprovada por situações mostradas no filme, como o hábito das personagens mais velhas em se submeterem a cirurgias plásticos absurdas, a importância dos computadores em “organizar” e “ vigiar” a sociedade e até o terrorismo, perigo comum na atualidade. 

Vale destacar ainda a participação de Robert De Niro como um encanador que também luta contra o governo e os vários bons coadjuvantes com Ian Holm, Bob Hoskins e Michael Palin. Por sinal, Palin e o diretor Terry Gilliam foram companheiros de “Monty Python” e o estilo de comédia visual anárquica do grupo é um dos pontos principais deste filme. 

Alguns críticos citam que “Brazil, o Filme” pode ser considerado uma mistura de “1984” de Orwell, com “O Processo” de Kafka e o humor do Monty Python. 

Não é uma obra para todos os gostos, mas não deixa ter uma grande importância cinematográfica, sendo um verdadeiro cult.

1984 (Nineteen Eighty-Four, Inglaterra, 1984) – Nota 7
Direção – Michael Radford
Elenco – John Hurt, Richard Burton, Susanna Hamilton, Cyril Cusack, Gregor Fisher.

Após a guerra atômica, em uma sociedade futurista totalitária, Winston Smith (John Hurt) é um funcionário do Ministério da Verdade que não se importa em se submeter as vontades do governo, entre elas, a obrigação de diariamente adorar a figura do “Grande Irmão”, uma espécie de Deus. 

Winston praticamente não lembra de seu passado e trabalha publicando novas versões de notícias antigas, sempre de acordo com os interesses do governo. Sua vida passa a correr perigo, quando ele começa a sentir-se atraído por uma colega de trabalho (Susanna Hamilton), lembrando que o sexo é autorizado apenas para procriação. Ao mesmo tempo, um burocrata do partido do governo (Richard Burton) se aproxima de Winston, a princípio como um amigo, mas tendo como verdadeira intenção utilizar o sujeito como um instrumento político. 

O clássico livro de George Orwell escrito em 1949 se baseou no poder que líderes mundiais demonstraram naquela época. Carniceiros como Hitler e Stalin foram exemplos de figuras que controlavam as massas com apoio de uma elite repressora. Neste contexto, o controle do Estado sobre a população seria o ponto principal, situação que por mais de quarenta anos foi comum nos países comunistas e em outras ditaduras espalhadas pelo mundo. 

O filme é frio, o futuro mostrado é cinza e as pessoas parecem zumbis obedecendo cegamente as leis, sem questionamento algum. 

Vale destacar a atuação de um assustado e sofrido John Hurt e citar que este foi o último trabalho do grande Richard Burton, que faleceria no mesmo ano.  

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Regras do Brooklyn

Regras do Brooklyn (Brooklyn Rules, EUA, 2007) – Nota 7
Direção – Michael Corrente
Elenco – Freddie Prinze Jr., Scott Caan, Jerry Ferrara, Mena Suvari, Alec Baldwin.

Brooklyn, 1985, Mike (Freddie Prinze Jr.), Carmine (Scott Caan) e Bobby (Jerry Ferrara) são amigos desde a infância, que agora na vida adulta tem objetivos diferentes. Mike entrou para a universidade pensando em mudar sua vida, principalmente para sair do bairro. Bobby está prestes a se casar e pretende conseguir um emprego nos correios. Carmine é seduzido pela vida fácil de Máfia e passa a fazer pequenos serviços para Caesar (Alec Baldwin), o chefão do bairro. 

Uma briga com um mafioso em um restaurante coloca a vida dos amigos em perigo A situação fica ainda mais complicada com o posterior assassinato do “Chefe dos Chefes” da Máfia de Nova York. O fato transforma o Brooklyn em um palco de guerra entre bandidos. 

O roteiro de Terence Winter utiliza como pano de fundo a história real da guerra entre mafiosos ocorrida em 1985 após o assassinato de Paul Castellano, o chefe da Família Gambino, para contar uma história de amizade entre jovens que cresceram em um bairro marcado pela violência da Máfia. 

A amizade do trio principal é o ponto principal do longa. São três personagens com personalidades e objetivos diferentes, mas que são unidos pela amizade de uma vida inteira. Mesmo sem se aprofundar, a trama mostra como inocentes eram obrigados a conviver com bandidos e muitas vezes se tornavam alvos ou sofriam violência apenas por estarem no lugar errado na hora errada. 

Vale destacar a ótima trilha sonora com sucessos da época, a química entre o trio principal e um Alec Baldwin à vontade como o assustador Caesar. 

É um filme interessante indicado para quem gosta de dramas sobre amizade e também sobre a Máfia.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Ódiquê?

Ódiquê? (Brasil, 2004) – Nota 6,5
Direção – Felipe Joffily
Elenco – Alexandre Moretzsohn, Cauã Reymond, Dudu Azevedo, Leonardo Carvalho, Cássia Kiss, Henri Pagnoncelli.

Monet (Alexandre Moretzsohn), Tito (Cauã Reymond) e Duda (Dudu Azevedo) são três jovens da classe média carioca que planejam passar o carnaval em Arraial D’Ajuda na Bahia. O problema é que eles estão sem dinheiro e Monet é o único que trabalha, mas que pretende pedir demissão para viajar. 

O trio vê a chance de conseguir dinheiro se aproximando de Paulinho Tan Tan (Leonardo Carvalho), um playboy filho de deputado que gosta de se mostrar valentão. O quarteto encara uma verdadeira noite de loucuras que inclui drogas, armas, bebidas, traficantes, violência e até um sequestro. 

Em grande parte do filme, a proposta do diretor é mostrar uma juventude perdida, que não tem limite e não respeita pessoa alguma. Por este motivo, se torna estranho a reviravolta final que ameniza a atitude dos personagens, principalmente por ser num momento em que a tensão da narrativa está no seu auge. 

O filme também tem problemas no exagero das interpretações, apresentando personagens que são esteriótipos. O mais exagerado é Tito interpretado por Cauã Reymond, um jovem debochado, malandro e violento, que protagoniza uma das cenas mais canalhas da história do cinema, ao maltratar por duas vezes um flanelinha que é uma criança negra e deficiente. 

Os exageros citados e a escolha do diretor em deixar de lado na parte final a loucura proposta por quase toda a história, transformam, o filme em uma obra irregular.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo

Procura-se um Amigo Para o Fim do Mundo (Seeking a Friend for the End of the World, EUA / Singapura / Malásia / Indonésia, 2012) – Nota 7,5
Direção – Lorene Scafaria
Elenco – Steve Carell, Keira Knightley, Connie Britton, Adam Brody, Rob Corddry, Martin Sheen, Mark Moses, Melanie Lynskey, William Petersen, Patton Oswalt, Derek Luke.

A última missão enviada para tentar deter um gigantesco asteroide que se aproxima da Terra falha. As autoridades avisam que a colisão deverá ocorrer dentro de trinta dias e a vida na Terra será dizimada. A falta de futuro é a senha para que cada pessoa decida fazer o que quiser. 

Neste contexto, Dodge (Steve Carell) vê sua esposa sair do carro e desaparecer dentro da noite. Diferente da maioria das pessoas que passam a cometer exageros que não teriam coragem em um mundo normal, Dodge sonha em encontrar alguém para viver seus últimos dias. Quando pessoas começam a saquear e destruir o bairro onde mora, Dodge foge junto com a jovem vizinha Penny (Keira Knightley), uma inglesa que gostaria de voltar ao seu país para reencontrar a família antes de morrer. Como última aventura, Dodge convence Penny a acompanhá-lo para reencontrar um velho amor da juventude, carregando a tiracolo um pequeno cão abandonado. 

O tema apocalipse geralmente resulta em filmes sobre caos, destruição e luta pela sobrevivência. Aqui, a grande sacada do roteiro está em mostrar as diferentes formas como as pessoas enfrentam o provável fim do mundo. Os protagonistas presenciam caos e violência, mas também passam por lugares e cruzam com pessoas que tentam viver seus últimos momentos festejando, bebendo, transando ou até mesmo mantendo a mesma rotina, como se não quisessem encarar a tragédia. 

É legal também ver que o personagem de Steve Carell é como uma espécie de espectador, que observa toda a loucura ao seu redor sem deixar que ela interfira em seu sonho. Não se pode deixar de destacar a sensível personagem interpretada pela bela Keira Knightley e a melancolia do âncora de tv vivido por Mark Moses. 

O resultado é um filme que tem o fim do mundo como tema principal, mas que faz o espectador pensar sobre a vida.

domingo, 5 de abril de 2015

Vício Inerente

Vício Inerente (Inherent Vice, EUA, 2014) – Nota 6,5
Direção – Paul Thomas Anderson
Elenco – Joaquin Phoenix, Josh Brolin, Owen Wilson, Katherine Waterston, Joanna Newsom, Benicio Del Toro, Jena Malone, Reese Witherspoon, Martin Short, Peter McRobbie, Martin Donovan, Eric Roberts, Serena Scott Thomas, Maya Rudolph, Michael Kenneth Williams, Hong Chau.

Em 1970, na região de Gordina Beach na Califórnia, Larry “Doc” Sportello (Joaquin Phoenix) é um hippie maconheiro que trabalha como investigador particular. Ao ser contratado por sua ex-namorada Shasta (Katherine Waterston) para investigar o desaparecimento de seu amante, o milionário Wolfmann (Eric Roberts), Doc se envolve numa maluca trama que envolve tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e prostituição. 

A premissa lembra os antigos filmes noir, porém fica nisso, o restante da história é um desfile de personagens excêntricos e situações malucas. Por mais que eu goste e reconheça o talento de Paul Thomas Anderson, neste trabalho o roteiro repleto de personagens e a trama rocambolesca resultam num filme arrastado, onde fica difícil manter o interesse durante as duas horas e meia de duração. 

A parte técnica é perfeita, com ótimos enquadramentos, com uma boa reconstituição de época nas roupas, nos carros e uma trilha sonora marcante, assim como a interpretação maluca de Joaquin Phoenix. 

O roteiro ainda brinca com situações comuns da época, como o preconceito contra os hippies, a liberdade sexual, as drogas e a proliferação de seitas na Califórnia dos anos sessenta e setenta. 

Infelizmente tudo isso fica um pouco perdido por causa do confuso roteiro. 

sábado, 4 de abril de 2015

A Classe

A Classe (Klass, Estônia, 2007) – Nota 8,5
Direção – Ilmar Raag
Elenco – Vallo Kirs, Part Uusberg, Lauri Pedaja, Paula Solvak, Mikk Magi, Riina Ries.

Em um colégio de uma cidade na Estônia, o tímido adolescente Joosep (Part Uusberg) é humilhado diariamente por seus colegas de classe, que são comandados pelo cruel Anders (Lauri Pedaja). Cansado de ver o garoto apanhar, outro aluno da classe, Kaspar (Vallo Kirs), decide tentar protegê-lo dos colegas, fato que dá início a uma verdadeira guerra dentro da escola. 

A princípio, a trama poderia ser comparada com “Elefante”, pois também é baseada em uma história real, porém diferente do filme de Gus Van Sant, que é um olhar pelo lado de fora da tragédia, este ótimo drama estoniano vai fundo nos conflitos diários, nas humilhações e na violência física e mental, resultando numa voadora no peito do espectador, assim como ocorre em uma das cenas mais impressionantes do longa. 

Este “A Classe” está muito mais próximo do ótimo e violento filme dinamarquês “Ondskan – Raízes do Mal”, dirigido pelo sueco Mikael Hafstrom, que mostrava a vida em um colégio interno onde o bullying era considerado uma tradição. 

Além da tensão psicológica da narrativa, o roteiro também mostra que a culpa pela violência adolescente deve ser dividida com todos os que estão ao redor destes jovens. Aqui vemos professores que não sabem como agir com a situação. Alguns fazem vistas grossas, enquanto outros se preocupam apenas com os conflitos em sua aula, fato que fica claro nas brigas nos corredores e arredores do colégio, onde adulto algum se interessa pelo que está acontecendo. A diretora tranquila em sua sala, totalmente fora da realidade do colégio e os pais que não tem preparo algum para lidar com os filhos, ajudam no caos que se torna a relação entre os adolescentes. 

É interessante a escolha do diretor Ilmar Raag em dividir a história em alguns dias, utilizando para cada um deles uma frase que simboliza o que irá ocorrer. 

Poucas vezes o cinema mostrou o bullying e suas consequências de forma tão cruel como neste filme.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Última Tentação de Cristo

A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation on Christ, EUA, 1988) – Nota 7,5
Direção – Martin Scorsese
Elenco – Willem Dafoe, Harvey Keitel, Barbara Hershey, Roberts Blossom, Harry Dean Stanton, Verna Bloom, David Bowie, Barry Miller, Irvin Kershner.

Martin Scorsese nasceu e foi criado no Queens em Nova York. Diz a lenda que Scorsese em uma entrevista comentou que em seu bairro nos anos cinquenta e sessenta os jovens tinham três caminhos para escolher: ser bandido, policial ou padre. Scorsese escolheu ser padre e cursou o seminário, mas para sorte dos cinéfilos desistiu da carreira eclesiástica e se transformou em um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos. Esta sua vivência no seminário, com certeza influenciou a forma como ele levou às telas a vida de Jesus Cristo. 

O longa tem um roteiro escrito pelo também diretor Paul Schrader (“A Marca da Pantera”, “Temporada de Caça”) sendo baseado em um livro do grego Nikos Kazantzakis, que mostra Jesus Cristo como uma pessoa normal, com dúvidas, medos, desejos e todo tipo de sentimento comum ao ser humano. 

Esta abordagem racional e algumas cenas como a sequência das tentações no deserto e o sonho em que Jesus (Willem Daofe) tem relações com Maria Madalena (Barbara Hershey) causaram revolta em muitos fiéis e na Igreja Católica, que tentou proibir o filme aqui no Brasil sem sucesso. O barulho em torno do filme criou uma grande curiosidade no público, mas não chegou a transformar o longa em sucesso. 

Não o coloco entre os melhores filmes de Scorsese, mas por outro lado, não deixa de ser uma obra interessante e que analisando sem tomar partido de religião, pode ser considerada uma biografia respeitosa, comandada por um católico aparentemente devoto. 

Vale destacar a boa atuação de Willem Dafoe como Cristo e a fotografia do alemão Michael Ballhaus, colaborador habitual de Scorsese.  

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Filmes Brasileiros Antigos - Resenhas Rápidas

Ed Mort (Brasil, 1997) – Nota 4
Direção – Alain Fresnot
Elenco – Paulo Betti, Cláudia Abreu, Otávio Augusto, Ari Fontoura, José Rubens Chachá, Luiza Thomé, Irene Ravache.

Produzido quando o cinema brasileiro estava tentando se reerguer após os trágicos anos noventa, esta adaptação do personagem criado por Luis Fernando Verisssimo, que também foi protagonista nos quadrinhos, resultou numa comédia totalmente sem graça. 

Ed Mort (Paulo Betti) é um decadente detetive particular que é contratado para encontrar um sujeito especialista em disfarces conhecido como Silva, ao mesmo tempo em que procura um garoto desaparecido que trabalhava em uma pastelaria. Um dos pontos negativos é a patética escolha do diretor utilizar várias pessoas para se passarem pelo tal de Silva, entre elas Marília Gabriela e Chico Buarque. 

Se dependesse deste longa, o cinema brasileiro jamais sairia do fundo do poço.

Sua Excelência o Candidato (Brasil, 1992) – Nota 5,5
Direção – Renato Pinto e Silva
Elenco – Renato Borghi, Lucinha Lins, Eurico Martins, Iara Jamra, Claudio Mamberti, Renato Consorte, Ken Kaneko, Supla, Giovanna Gold, Marcelo Mansfield.

Baseado numa peça teatral de sucesso, está comédia tenta fazer rir através das trapalhadas de um político corrupto que tenta emplacar sua candidatura para presidente. O político é Orlando (Renato Borghi), sujeito mulherengo que tem um caso com Laura (Lucinha Lins), mulher do líder de seu partido (Renato Consorte), ao mesmo tempo em que foge de assumir a paternidade do filho que tem com a espevitada Marli (Iara Jamra). Orlando ainda precisa lidar com um sindicalista (Ken Kaneko), que o acusa de ter desviado verba do sindicato. Junte outros personagens estranhos e está armada uma confusão no estilo de encontros e desencontros. 

O resultado é uma comédia rasteira e nada mais do que isso.

As Três Marias (Brasil, 2002) – Nota 5
Direção – Aluízio Abranches
Elenco – Marieta Severo, Júlia Lemmertz, Maria Luisa Mendonça, Luiza Mariani, Carlos Vereza, Enrique Diaz, Tuca Andrada, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Cassiano Carneiro, Alexandre Moraes.

No interior da Bahia, quando o marido e dois filhos de Filomena (Marieta Severo) são assassinados, ao invés de chorar a morte dos entes queridos, ela decide obrigar as três filhas batizadas como Maria (Júlia Lemmertz, Maria Luiza Mendonça e Luiza Mariani) a contratarem assassinos para vingarem a morte do pai e dos irmãos. 

Repleto de simbolismos e com atuações teatrais exageradas, este é o tipo de filme em que o espectador precisa comprar a ideia do diretor. Eu não gostei, ao meu ver resultou em uma obra estranha, com pouca história para muita experimentação.

Eu Tu Eles (Brasil, 2000) – Nota 6,5
Direção – Andrucha Waddington
Elenco – Regina Casé, Lima Duarte, Stênio Garcia, Luiz Carlos Vasconcelos, Nilda Spencer.

Baseado numa reportagem que contava a história de um mulher que vivia com três maridos no nordeste brasileiro, este longa fez grande sucesso nos cinemas, muito pela inusitada história. A protagonista é Darlene (Regina Casé), que volta para uma pequena cidade do sertão trazendo seu filho e logo aceita casar com o velho Osias (Lima Duarte). Pouco tempo depois, o primo de Osias, Zezinho (Stênio Garcia), vai morar na mesma casa e engravida Darlene. Ozias faz de conta que está tudo normal, até que entra na vida do trio o desconhecido Ciro (Luiz Carlos Vasconcelos), que também se transforma em amante de Darlene, que novamente fica grávida. 

Mesmo sendo complicado ver na tela a intragável Regina Casé, o filme não deixa de ser um drama interessante e original.

Através da Janela (Brasil, 2000) – Nota 5,5
Direção – Tata Amaral 
Elenco – Laura Cardoso, Fransérgio Araújo, Leona Cavalli, Ana Lucia Torres, Antonio Petrim, João Acaiabe, José Rubens Chachá.

Selma (Laura Cardoso) é uma enfermeira aposentada e viúva, que mora em uma casa num bairro de classe média com o filho Raimundo (Fransérgio Araújo). Como uma ligação forte e estranha que beira o erotismo, mãe e filho passam a se desentender quando ela acredita que Raimundo esteja escondendo que está namorando. 

É um filme pesado, com uma narrativa lenta e uma história que incomoda. Apesar de muitos críticos elogiarem o filme, vejo como único destaque a ótima interpretação da veterana Laura Cardoso como a mãe possessiva.