sábado, 7 de dezembro de 2013

Desejo de Matar

Esta série de cinco filmes foi iniciada em 1974 com um clássico que mistura com qualidade drama com policial e que durante vinte anos rendeu continuações que transformaram o personagem principal em piada.

Desejo de Matar (Death Wish, EUA, 1974) – Nota 8
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Vincent Gardenia, Hope Lange, Steven Keats, William Redfield, Stuart Margolin, Olympia Dukakis, Jeff Goldlum, Denzel Washington.

Após passar férias no Havaí, o arquiteto Paul Kersey (Charles Bronson) volta para Nova York com a esposa (Hope Lange). Numa noite, a esposa e a filha voltam para o apartamento e são atacadas por três assaltantes. Os bandidos matam a esposa e violentam a garota, que entra em trauma profundo. Num primeiro momento Paul tentar retomar sua vida acreditando que a polícia possa prender os assassinos, porém com o passar do tempo ele percebe que o caso foi deixado de lado. 

Numa viagem a trabalho para o Arizona, Paul descobre que no local a taxa de crimes é baixa pois grande parte da população anda armada. Um cliente (Stuart Margolin) o leva para treinar tiro em um stand, fato que faz com Paul lembre do tempo em que esteve na Guerra da Coréia. Mesmo sendo um sujeito pacifista, Paul sabe atirar bem e por isso ganha como presente do amigo um revólver. De volta a Manhattan, Paul decide sair armado pelas ruas escuras da cidade, como se fosse um teste. Não demora para um delinquente tentar assaltá-lo, o que faz Paul reagir e matar o sujeito, dando início a sua carreira de vigilante e chamando a atenção de um detetive (Vincent Gardenia). 

Apesar de ter trabalhado em muitos filmes, sendo vários clássicos, Charles Bronson sempre será lembrado por este papel. O filme alavancou a carreira de Bronson nos Estados Unidos, depois dele passar quase uma década estrelando longas na Europa que faziam sucesso por lá e passavam despercebidos pela América. 

Diferente das sequências que focam mais nas cenas de ação, este longa em boa parte é um drama que mostra como ser vítima da violência pode transformar uma pessoa. Apenas na segunda metade é que o personagem de Bronson passa a agir como vigilante, mas longe de ser um herói, na maioria das mortes ele atira a sangue frio, até mesmo pelas costas. 

Como curiosidade, o filme marcou a estreia no cinema de dois futuros astros: Jeff Goldblum é um dos assaltantes que matam a esposa de Bronson e Denzel Washington tem uma rápida aparição com um dos bandidos que é morto por Bronson em um beco. 

O tema de justiça com as próprias mãos tinha sido abordado três anos antes no violento “Sob o Domínio do Medo” de Sam Peckinpah, mas a polêmica foi mais forte com este filme de Bronson, que por conseqüência fez grande sucesso e abriu caminho para vários outros longas explorarem o tema.

Desejo de Matar 2 (Death Wish II, EUA, 1982) – Nota 6,5
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Jill Ireland, Vincent Gardenia, Anthony Franciosa, J. D. Cannon, Robin Sherwood, Larry Fishburne.

Após assassinar vários bandidos em Nova York, Paul Kersey (Charles Bronson) deixa a cidade a pedido do detetive Ochoa (Vincent Gardenia) mudando para Los Angeles. Tentando recomeçar a vida, Paul está namorando Geri (Jill Ireland, esposa de Bronson na vida real) e sua filha (Robin Sherwood) se recupera da violência que sofreu em Manhattan. 

Durante um passeio com a namorada, um grupo de punks tenta assaltá-los, porém Paul reage e consegue afastar os sujeitos que roubam apenas sua carteira. O que ele não imagina que os punks planejam vingança. Eles invadem a residência de Paul, estupram e matam a empregada, além de sequestrar a filha. A nova tragédia faz Paul voltar ao passado de vigilante. Ele aluga um quarto em um hotel vagabundo e ronda a região disfarçado à procura dos punks assassinos. 

Diferente do original que mostrava aos poucos a mudança do personagem de Bronson, nesta sequência ele volta rapidamente a ação, desta vez utilizando armas mais pesadas e procurando especificamente os assassinos da filha através de um plano, não matando bandidos aleatórios como o original. 

Na época as sequências de sucessos estavam se tornando comuns e pensando neste nicho os produtores israelenses Menahem Golan e Yoram Globus (donos da produtora Cannon) compraram os direitos do personagem e conseguiram fazer com que Bronson assinasse contrato não apenas para este longa, mas se tornasse ao lado de Chuck Norris e Michael Dudikoff um do astros da produtora, sempre protagonizando filmes de ação vagabundos. 

Perto das absurdas sequências posteriores, este longa ainda segue uma lógica na trama e cria cenas de ação sem muito exagero.  

Desejo de Matar 3 (Death Wish 3, EUA, 1985) – Nota 5
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Deborah Raffin, Ed Lauter, Martin Balsam, Gavan O’Herlilhy, Alex Wynter, Tony Spiridakis.

Paul Kersey (Charles Bronson) volta a Nova York para visitar um amigo e o encontra assassinado por espancamento. O homem morava em um apartamento numa região dominada por gangues que apavoram os moradores locais, muitos deles idosos. Quando a polícia chega e encontra Kersey ao lado corpo, acaba detendo o sujeito como suspeito. O delegado (Ed Lauter) encarregado do caso conhece Kersey e seu passado como vigilante. Sabendo que ele não é o culpado, o delegado propõe a Kersey que passe algum tempo na perigosa região para aniquilar os bandidos e assim não ser processado. Kersey aceita a proposta de limpar a área sem que a polícia o incomode. 

Este terceiro longa transformou o personagem de Bronson numa máquina de matar e consequentemente a série num absurdo sem limites. Na época Bronson tinha sessenta e três anos e durante o longa ele elimina no mínimo uns cinquenta bandidos, utiliza diversas armas e ainda sobra tempo para namorar a bela Debora Raffin que tinha a metade de sua idade. 

A partir deste longa pouca coisa se salva nas carreiras de Bronson e do diretor inglês Michael Winner.

Desejo de Matar 4 – Operação Crackdown (Death Wish 4: The Crackdown, EUA, 1987) – Nota 4
Direção – J. Lee Thompson
Elenco – Charles Bronson, Kay Lenz, John P. Ryan, Perry Lopez, George Dickerson, Soon Tek Oh, Dana Barron.

Morando novamente em Los Angeles, trabalhando como arquiteto e namorando uma bela jovem (Kay Lenz), Paul Kersey parece ter retomado uma vida normal após assassinar dezenas de bandidos. Quando a enteada morre de overdose e o namorado dela é assassinado por um traficante, Kersey é procurado por um empresário (John P. Ryan) que o conhece e que deseja limpar a região eliminando duas gangues rivais. Kersey aceita a proposta e passa a atuar como uma espécie de espião para criar uma guerra entre as gangues e assim destruí-los. 

Se a terceira parte era um filme de ação descerebrado, esta nova sequência tenta criar uma trama mais séria, porém desvirtua completamente o foco do personagem de Bronson. Nos dois primeiros filmes o personagem agia como um vingador que aos poucos mostrava seu lado de psicopata, na parte três ele se transformou numa absurda máquina de matar e aqui age como um mercenário. 

Como informação, Bronson e o diretor inglês J. Lee Thompson trabalharam juntos em nove filmes.

Desejo de Matar V (Death Wish V: The Face of Death, EUA, 1994) – Nota 3
Direção – Allan A. Goldstein
Elenco – Charles , Lesley Anne Down, Saul Rubinek, Robert Joy, Michael Parks, Miguel Sandoval.

De volta para Nova York, Paul Kersey (Charles Bronson) vive agora no programa de proteção a testemunhas utilizando um nome falso e trabalhando como professor de arquitetura. Novamente namorando uma mulher com a metade da idade, a estilista Olivia (Lesley Anne Down), não demora para ele se meter em confusão quando descobre que ex-marido da namorada (Michael Parks) é um perigoso bandido que utiliza a empresa da mulher para lavar dinheiro. Assim que a mulher é atacada brutalmente por um assassino de aluguel, Kersey dá inicio a um plano de vingança para destruir a quadrilha. 

Vinte anos depois do longa original e com setenta e três anos de idade, Bronson já se mostrava cansado e desmotivado para interpretar o personagem, deixando a clara impressão de que o longa se tratava de um caça níquel sem sentido, comandado por um diretor inexpressivo e com orçamento baixo. Nem mesmo as explosivas e exageradas cenas de ação das partes três e quatro são vistas aqui, falta tudo neste filme equivocado, que se torna um triste fim para a série.

2 comentários:

Anônimo disse...

O primeiro é uma obra prima. Já os demais, se perderam no caminho cada vez mais, até abandonarem por completo a identidade.

Hugo disse...

Kleiton - O final de carreira de Charles Bronson é repleto de filmes ruins. Infelizmente ele não soube aceitar que não tinha mais idade para este tipo de papel.

Abraço