terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Breaking Bad - O Final


Breaking Bad (Breaking Bad, EUA, 2008-2013)
Elenco - Bryan Cranston, Anna Gunn, Aaron Paul, Dean Norris, Betsy Brandt, RJ Mitte, Bob Odenkirk, Steven Michael Quezada, Jonathan Banks, Giancarlo Esposito, Mark Margolis, Jesse Plemons, Laura Fraser, Matt Jones, Charles Baker, Christopher Cousins, Michael Bowen.
Criador - Vince Gilligan

Quando estreou em 2008, esta série despertou a curiosidade pela insólita premissa, mas como normalmente ocorre, ninguém esperava que se tornasse uma das melhores séries de todos os tempos.

A trama começa quando o professor de química Walter White (Bryan Cranston) descobre que está com câncer no pulmão. Com cinquenta anos de idade, casado com Skyler (Anna Gunn), tendo um filho adolescente (R. J. Mitte) que utiliza muletas e tem problemas na fala, ganhando pouco no trabalho e precisando de um segundo emprego como caixa em uma lava-rápido para completar o orçamento, sua vida vira de ponta cabeça com o diagnóstico e ao mesmo tempo com a descoberta de que a esposa está grávida.

Desesperado ao pensar que pode morrer e deixar a família em péssima situação financeira, já que seu plano de saúde não cobre o tratamento, Walter tem um ideia maluca para ganhar dinheiro. Seu cunhado Hank (Dean Norris) é um agente do DEA que o convida para ver uma batida policial numa casa onde funciona um laboratório de metanfetamina. Walter fica no carro enquanto os agentes invadem a casa e acaba vendo um jovem fugir pelo janela lateral. Walter percebe que o jovem é um ex-aluno seu chamado Jesse Pinkman (Aaron Paul). Ele não conta o que viu ao cunhado e resolve procurar Jesse para saber como funciona o negócio ilegal, dando início a uma inusitada parceria.

Esta premissa poderia se tornar uma comédia ou mesmo um seriado policial de rotina, mas é muito provável que o criador Vince Gilligan já tivesse planejado quase toda a história, o que fez com a trama não perdesse rumo, fato que infelizmente ocorre na maioria da séries.  Até mesmo séries sensacionais como "Lost" e "A Família Soprano" tiveram deslizes, com episódios onde pouca coisa acontecia ou até mesmo uma temporada sem grande emoção. Quem acompanhou "Breaking Bad" do início ao fim, dificilmente encontrará um episódio chato ou algum que não tenha ocorrido algo importante, sem contar que o elenco principal foi mantido.

Outro ponto que na minha opinião sempre eleva o nível de uma série é a história contínua. Muitas séries policiais trabalham com episódios isolados, onde as vezes uma subtrama ou algum fato pendente é tratado de um episódio para outro. Este tipo de série diverte, mas dificilmente atinge o nível de uma série com história fechada.

Tão carismáticos como o elenco principal, são os personagens coadjuvantes, vários deles marcantes. O advogado picareta Saul Goodman (Bob Odenkirk) tinha uma frase cínica para toda situação sendo o alívio cômico da série, o assassino profissional Mike (Jonathan Banks), o chefão Gus Fring (Giancarlo Esposito), a dupla de drogados Badger e Skinny Pete (Matt Jones e Charles Baker) e o sinistro "velho do sininho" Tio Salamanca (Mark Margolis) são figuras que ajudaram muito no sucesso da série.

Por sinal, pouquíssimas vezes o cinema ou a tv acertou no tom desta mistura de violência, comédia e humor negro como foi visto aqui. Personagens violentos como Tio Salamanca e Mike eram ao mesmo tempo assustadores e engraçados, assim como a exagerada violência de alguns episódios se tornava palatável pelo humor negro associado a situação.

Dentro do ótimo elenco principal, sem dúvida o show ficou por conta de Bryan Cranston e um pouco menos de Aaron Paul. O jovem Aaron Paul tinha no currículo participações esparsas em seriados até conseguir este papel do drogado e temperamental Jesse Pinkman. O desenvolvimento do personagem é fantástico, de um drogado cabeça de vento na primeira temporada, aos poucos a violência que ele participa ou testemunha durante a jornada ao inferno desperta uma onda de remorso que se transforma em vingança resultando no trágico final de alguns personagens.

O veterano Bryan Cranston tinha também quase toda a carreira como coadjuvante em séries e algumas pequenas participações no cinema até conseguir o papel de um dentista metido a comediante em "Seinfeld". Sua engraçada participação em alguns episódios ajudaram a ganhar o papel na série "Malcolm in the Middle" , onde por sete temporadas interpretou o pai do personagem principal de Frankie Muniz. A série era uma espécie de "Os Simpsons" de carne e osso, extremamente engraçada, com Cranston fazendo o pai atrapalhado e covarde, que se metia em confusões com os quatro filhos. Sua escolha para ser o protagonista de "Breaking Bad" foi uma aposta arriscada, já que o ator estava marcado por comédias, mas surpreendentemente sua atuação foi fantástica. No início da série, Walter White é um sujeito com medo de perder o emprego, com uma vida medíocre e frustrada. Seu envolvimento com as drogas trouxe dinheiro e poder, despertando o gosto pela vida e por manipular as pessoas. Mesmo no meio da violência, ele parecia desafiar seus limites ao enfrentar traficantes e assassinos com planos malucos. Seu último diálogo com a esposa Skyler deixa claro sua motivação, sem contar o background do personagem, como a empresa que ele deixou para os sócios que ficaram milionários, sendo um deles sua ex-namorada.

Mesmo ficando o vazio do fim de uma fantástica série como esta, é necessário louvar o criador por encerrar a história no seu auge. Ainda havia espaço para o desenrolar da trama, mas dificilmente se manteria o nível de qualidade. Eu faço analogia com duas outras séries que colocaria no meu top five. Finalizar no auge do sucesso foi uma receita correta para "Seinfeld", que por este motivo fugiu do lugar comum. Enquanto encerrar a trama com algo bem longe de um final feliz foi um dos grandes acertos de "The Shield" e aqui Vince Gilligan tomou a mesma decisão. Seria no mínimo estranho levar "Breaking Bad" a um final feliz, depois de tanta violência, mortes e mentiras que ocorreram nestas cinco temporadas.

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