terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Bagdad Café & Rosalie Vai as Compras


Bagdad Café (Out of Rosenheim, Alemanha Ocidental / EUA, 1987) – Nota 7,5
Direção – Percy Adlon
Elenco – Marianne Sagebrecht, CCH Pounder, Jack Palance, Christine Kaufmann, Monica Calhoun, Darron Flagg, George Aguilar.

Um casal alemão que viaja de carro pelo deserto de Nevada em direção a Las Vegas se desentende e o rude marido abandona a esposa Jasmin (Marianne Sagebrecht) no meio da estrada. Carregando uma mala, Jasmin chega até um decadente hotel e restaurante situado num posto de gasolina, o Bagdad Café do título. Jasmin se hospeda no local e desperta a curiosidade da proprietária, a estressada Brenda (CCH Pounder), que acabou de expulsar de casa o marido e que sofre para cuidar da filha adolescente insolente, do filho que só pensa em tocar piano e do neto que ainda é bebê. As enormes diferenças entre as duas mulheres aos poucos se torna uma amizade que mudará vida de todos ao redor. 

Este longa independente se tornou um inesperado sucesso cult na época, principalmente pela atuação espontânea da gordinha alemã Marianne Sagebrecht, inclusive desinibida em algumas sequências com o personagem do pintor interpretado pelo veterano e hoje falecido Jack Palance. 

Vale destacar também a boa atriz CCH Pounder, que fez quase toda a carreira na tv, tendo seu melhor papel como a detetive honesta do ótimo seriado “The Shield”. 

Visto hoje, o longa tem algumas sequências que parecem não ser encaixar bem, principalmente a parte final um pouco exagerada, porém o restante da história deixa uma boa mensagem sobre como a amizade pode superar as diferenças.

Rosalie Vai as Compras (Rosalie Goes Shopping, Alemanha Ocidental / EUA, 1989) – Nota 6
Direção – Percy Adlon
Elenco – Marianne Sagebrecht, Brad Davis, Judge Reinhold, Alex Winter, John Hawkes.

No interior do Arkansas, a alemã Rosalie (Marianne Sagebrecht) vive aparentemente o sonho americano ao lado marido (Brad Davis), que trabalha pulverizando plantações com seu avião e dos sete filhos. Não demora para o espectador descobrir que a boa vida do casal se deve aos golpes praticados por Rosalie, que falsifica cartões de crédito e cheques para comprar tudo o que deseja. Quando sua tática fica conhecida na cidade, Rosalie não se envergonha em roubar dinheiro dos filhos e até mesmo criar um golpe por computador, mesmo que na época este tipo de roubo ainda fosse incomum. 

Este foi o terceiro e último trabalho em parceira do diretor Percy Adlon e da atriz Marianne Sagebrecht, resultando num filme inferior a “Bagdad Café”, porém mais cínico e realista.O primeiro chamado "Estação Doçura" eu não assisti.

O objetivo aqui foi fazer uma crítica ao consumismo exagerado que estava em alta na sociedade americana, conseqüência da política do governo Reagan em que o sucesso financeiro era o ponto principal. Vinte e cinco anos depois o mal do consumismo é ainda pior, o que mantém o tema deste longa bem atual. 

O filme em si apresenta alguns exageros estéticos e nos personagens, como o marido vivido por Brad Davis e o padre interpretado por Judge Reinhold, este último que é consultado várias vezes pela protagonista para se confessar e pedir perdão por seus pecados financeiros. 

Para meu gosto como cinéfilo o resultado não agrada, hoje valendo apenas como uma curiosidade cinematográfica.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Enigma de Kaspar Hauser

O Enigma de Kaspar Hauser (Jeder für sich und Gott gegen alle, Alemanha Ocidental, 1974) – Nota 7,5
Direção – Werner Herzog
Elenco – Bruno S., Walter Landegast, Brigitte Mira, Hans Musaus.

Em meados do século XIX, numa cidade da Alemanha, um homem (Bruno S.) é abandonado no centro da praça com uma carta na mão e sabendo falar poucas palavras. A carta cita que o jovem foi criado preso em um quarto, sem contato algum com outras pessoas e não aprendeu a falar. O estranho homem a princípio é preso em uma torre e posteriormente colocado para trabalhar num circo como se fosse um animal exótico. Um velho professor (Walter Landegast) se interessa pelo sujeito e o leva para casa onde o ensina a ler, escrever, falar e viver em sociedade, mas não será fácil para o homem entender como funciona o mundo e principalmente como pensam  e agem as pessoas. 

Este interessante longa do polêmico diretor e documentarista alemão Werner Herzog tem uma premissa que me lembrou um pouco a história de Tarzan quando o lord inglês tenta adaptá-lo a sociedade vitoriana, principalmente por focar na visão que Kaspar Hauser tem do mundo. 

É curioso ver os questionamentos do personagem quando dois padres tentam lhe ensinar religião ou quando um sujeito da elite quer impressionar políticos apresentando Hauser como uma espécie de animal amestrado e acaba surpreendido. 

O estilo de Herzog é diferente e contestador, seus filmes geralmente tem cenas que parecem esparsas, mas se que completam no contexto da narrativa, além de sempre criar personagens principais que desafiam a natureza ou as regras sociedade. 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Forças do Destino & Apenas Bons Amigos


Forças do Destino (Forces of Nature, EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – Browen Hughes
Elenco – Ben Affleck, Sandra Bullock, Maura Tierney, Steve Zahn, Blythe Danner, Ronny Cox, Michael Fairman, Janet Carroll, Jack Kehler, Richard Schiff, David Strickland.

Ben Holmes (Ben Affleck) está prestes a se casar com a bela Bridget (Maura Tierney) na cidade de Savannah na Georgia, quando seu avião sofre um acidente na pista do aeroporto de Nova York. Durante o acidente, Ben ajuda a passageira Sarah (Sandra Bullock) e a carrega para fora do avião. Com medo de voar novamente, Ben aceita a proposta de Sarah e juntos pegam carona de carro com um sujeito (Jack Kehler) que também vai para Savannah, dando início a uma maluca viagem que será feita ainda de trem e ônibus, situação que mexerá com a cabeça de Ben e o deixará em dúvida sobre casar ou engatar uma aventura com Sarah. 

Detonado pelos críticos na época do lançamento, visto hoje o filme não é ruim, chega a ser divertido em alguns momentos, principalmente pela química entre a sempre simpática Sandra Bullock e o caxias interpretado por Affleck. 

Vejo o longa como uma reciclagem da história do ótimo “Antes Só do que Mal Acompanhado (Planes, Trains and Automobiles)”, clássico dos anos oitenta em que Steve Martin e o falecido John Candy atravessavam os Estados Unidos para chegarem em casa no Dia de Ação de Graças. 

Apenas Bons Amigos (Speechless, EUA, 1994) – Nota 6,5
Direção – Ron Underwood
Elenco – Michael Keaton, Geena Davis, Christopher Reeve, Bonnie Bedelia, Ernie Hudson, Charles Martin Smith, Mitchell Ryan, Ray Baker, Gailard Sartain, Willie Garson, Harry Shearer, Steven Wright.

Kevin (Michael Keaton) e Julia (Geena Davis) se conhecem por acaso e iniciam uma romance. O que eles não sabem é que que Kevin trabalha escrevendo discursos para um candidato republicano ao senado, enquanto Julia escreve para o adversário, um candidato democrata. Quando descobrem o que cada um faz, o romance se transforma numa disputa pessoal pela vitória nas eleições, sem contar que Kevin ainda precisa lidar com a ex-esposa (Bonnie Bedelia) que também trabalha na campanha, enquanto Julia não tem coragem de abandonar o noivo (Christopher Reeve). 

O roteiro tenta fazer graça criando um paralelo entre a disputa acirrada em uma eleição, com o braço de ferro entre o casal principal. A química entre Michael Keaton e Geena Davis até funciona e alguns diálogos são divertidos, resultando numa comédia romântica estilo sessão da tarde.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Condor

Condor (Brasil, 2007) – Nota 7,5
Direção – Roberto Mader
Documentário

Roberto Mader viajou pelo Brasil, Chile, Argentina e Uruguai para tomar depoimentos sobre a terrível “Operação Condor”, que nos setenta uniu exércitos e policiais destes quatro países na busca por pessoas que ele consideraram subversivas, na verdade, todos que demonstrassem alguma insatisfação com o governo se tornavam inimigos e poderiam ser presos a qualquer momento. A operação teve apoio americano, que tinha medo que o avanço do socialismo na América do Sul levassem os países ao comunismo e por conseqüência a uma aliança com a União Soviética. 

O doc conta detalhes sobre o golpe no Brasil em 1964 que derrubou João Goulart e que por incrível que pareça foi apoiado por parte da população, enquanto no Chile em 1973, o presidente socialista Salvador Allende foi derrubado pelo exército durante um violento ataque, sendo executado em seguida. O doc conta também terríveis histórias ocorridas no Uruguai e na Argentina, por sinal neste último país a perseguição foi tão violenta que das pessoas que foram presas, poucas sobreviveram. 

É um detalhado retrato de uma triste época no Cone Sul, que vale como registro histórico, porém para quem se interessa pelo tema, eu indico o superior “Memórias do Chumbo – OFutebol nos Tempos do Condor”, documentário fantástico do jornalista e historiados Lúcio de Castro para a ESPN Brasil.    

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Bombas - Filmes de Suspense

A sessão "Bombas" retorna com a resenha de seis filmes de suspense que tentam assustar através do sobrenatural sem grande sucesso.

Medo X (Fear X, Dinamarca / Canadá / Inglaterra / Brazil, 2003) – Nota 5,5
Direção – Nicolas Winding Refn
Elenco – John Turturro, Deborah Kara Unger, James Remar, Stephen McIntyre, William Allen Young, Gene Davis.

Após ter sua mulher (Deborah Kara Unger) assassinada no estacionamento do shopping onde ele mesmo era segurança, Harry (John Turturro) fica obcecado em descobrir quem foi o assassino. Vasculhando pistas em meio as filmagens das câmeras de segurança, Harry constrói em sua mente uma espécie de painel de imagens onde chega a ver a esposa morta andando pela casa. 

O diretor Refn, elogiado por “Pusher” e pelo recente “Drive”, errou no tom deste drama misturado com suspense que bebe na fonte dos filmes malucos de David Lynch, onde a trama parece não levar a lugar algum. O único destaque é o sempre competente John Turturro como o atormentado protagonista.

Pesadelos do Passado (The Pact, EUA, 2012) – Nota 5,5
Direção – Nicholas McCarthy
Elenco – Caity Lotz, Kathleen Rose Perkins, Casper Van Dien, Haley Hudson, Mark Steger, Agnes Bruckner, Dakota Bright.

Nichole (Agnes Bruckner) telefona para a irmã Annie (Caity Lotz) tentando convencê-la a voltar para o enterro da mãe. Mesmo não querendo voltar, Annie muda de ideia quando sua irmã não mais atende ao telefone. Annie então procura Liz (Kathleen Rose Perkins) que cuida da filha pequena de Nichole e juntas vão para a casa da mãe. Não demora para Liz desaparecer e Annie ser atacada por algo inexplicável. Annie procura a polícia e mesmo com a história parecendo loucura, um detetive (Casper Van Dien) se interessa pelo caso. 

Mesmo com um interessante clima de suspense pontuado por uma sinistra trilha sonora, falta talento para o diretor e roteirista Nicholas McCarthy e o elenco é muito fraco. A narrativa é irregular, com muita lentidão em alguns momentos, sem contar as várias sequências escuras demais, que ao invés de criar suspense deixam o espectador perdido. O roteiro apresenta ainda uma surpresa absurda no final. Destaque apenas para a interessante sequência com a garota sensitiva.     

Medo Ponto Com Br (FeardotCom, EUA / Inglaterra / Alemanha / Luxemburgo, 2002) – Nota 4
Direção – William Malone
Elenco – Stephen Dorff, Natascha McElhone, Stephen Rea, Jeffrey Combs, Udo Kier, Nigel Terry, Amélia Curtis, Michael Sarrazin.

O policial Mike (Stephen Dorff) é o encarregado de investigar o caso de quatro corpos encontrados numa região de galpões abandonados em Nova York. Com a ajuda da pesquisadora Terry (Natascha McElhone), Mike descobre que as quatro vítimas acessaram um site chamado feardotcom dois dias antes de morrer. Ele mesmo decide visitar o site e passa a ser atormentado por alucinações com um antigo serial killer (Stephen Rea) já falecido. 

Com uma premissa que tenta reciclar “O Chamado”, trocando a fita de vídeo por um site, pouca coisa se salva neste longa equivocado. O exagero nas sequências de alucinações e o péssimo roteiro detonam o longa. Nem mesmo atores cults como Stephen Rea e os estranhos Jeffrey Combs (o cientista de “Re-Animator”) e Udo Kier conseguem salvar o desastre. 

Lembranças Macabras (Skeletons in the Closet, EUA, 2001) – Nota 5,5
Direção – Wayne Powers
Elenco – Treat Williams, Linda Hamilton, Jonathan Jackson, Gordon Clapp.

Numa pequena cidade, o viúvo Will (Treat Williams) cria o problemático filho adolescente Seth (Jonathan Jackson) após a esposa morrer em um incêndio. O jovem que se envolveu com drogas e outros problemas na escola, passa a presentear a namorada do pai, Tina (Linda Hamilton), com peças de roupas que podem ser de mulheres assassinadas por um serial killer. Sem saber se o filho é um assassino, Will tenta descobrir a verdade a todo custo, fato que desenterrará segredos do passado. 

Típico suspense feito para a tv com uma trama previsível, este longa até pode entreter os menos exigentes. Treat Williams e Linda Hamilton trabalharam em alguns bons filmes nos anos oitenta, mas no geral fizeram carreiras bem irregulares.   

Mistério no Deserto (Disappearance, EUA, 2002) – Nota 4
Direção – Walter Klenhard
Elenco – Harry Hamlin, Susan Dey, Jeremy Lelliott, Basia A’Hern, Jamie Croft.

A família Henley viaja de carro pelo deserto de Nevada quando decide parar em uma cidade abandonada para tirar o fotos. Andando pela cidade, eles descobrem um calendário que marca o ano de 1948, quando provavelmente o local foi abandonado. Não demora para estranhos acontecimentos assustarem a família, inclusive não deixando que eles saiam da cidade. 

Este suspense feio para a tv tem um roteiro que não explica absolutamente nada, inclusive com cenas que deveriam ser de suspense, mas que não assustam nem criança. Harry Hamlyn e Susan Dey que interpretam os pais, tem toda a carreira na tv e trabalharam juntos na série policial “L.A. Law”. 

A Imagem de um Pesadelo (Shattered Image, EUA / Inglaterra / Canadá, 1998) – Nota 3
Direção – Raul Ruiz
Elenco – William Baldwin, Anne Parillaud, Lisanne Falk, Graham Greene.

A jovem Jessie (Anne Parillaud) que se recupera de um estupro e na sequência de uma tentativa de suicídio, tenta reconstruir a vida com o marido Brian (William Baldwin), mas continua atormentada com alucinações onde se vê assassinando desconhecidos. Crimes verdadeiros começam a ocorrer, chamando a atenção de um detetive (Graham Greene). 

O diretor chileno Raul Ruiz foi um dos muitos exilados do país por causa da ditadura do general Pinochet, tendo dirigido vários filmes na França. Esta produção mais voltada para o estilo americano foi um enorme erro na carreira do cineasta. A narrativa confusa exagera na mistura de sonhos e realidade e a dupla de protagonistas na convence. Na época, o canastrão William Baldwin gastava seus últimos cartuchos tentando ser um astro e francesa Anne Parillaud tentava fazer carreira em Hollywood após o grande sucesso do longa “Nikita – Criada Para Matar”. Como era esperado após este trabalho, a carreira da dupla afundou.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Família

A Família (The Family, EUA / França, 2013) – Nota 7
Direção – Luc Besson
Elenco – Robert De Niro, Michelle Pfeiffer, Tommy Lee Jones, Dianna Agron, John D’Leo, Jimmy Palumbo, Domenick Lombardozzi, Stan Carp, Vincent Pastore, Jon Freda.

O mafioso Giovanni Manzoni (Robert De Niro) entregou seus comparsas e hoje vive na Europa com sua família sob proteção do FBI, tendo como contato o agente Stansfield (Tommy Lee Jones), além de outros dois agentes que trabalham como seguranças da família. 

Ao chegarem numa pequena cidade do interior da França utilizando novos nomes, a família precisa se adaptar ao local e tentar viver como pessoas comuns, porém não demora para o espectador perceber que algo está errado. Giovanni, agora como o nome de Fred Blake, enterra no quintal um corpo que estava escondido no porta-malas do carro, a esposa Maggie (Michelle Pfeiffer) vandaliza um mercado após ser maltratada, a filha Belle (Dianna Agron) responde com violência cada vez que se sente ameaçada e o filho Warren (John D’Leo) é um verdadeiro mafioso adolescente. 

Luc Besson surgiu nos anos oitenta como um diretor cult após sucessos de crítica como “Subway” e “Imensidão Azul”, mas a partir dos anos noventa enveredou para o cinema comercial, criando uma espécie de ponte entre o estilo francês e os longas de ação hollywoodianos. Besson se tornou também produtor, bancando diversos longas de ação filmados na Europa, com muitos destes trabalhos recebendo críticas ruins, porém fazendo algum sucesso e principalmente divertindo. 

Este “A Família” entra nesta lista de filmes em que o objetivo é fazer sucesso divertindo o espectador, misturando diálogos engraçados com cenas de ação. A família de mafiosos é puro clichê, o acerto é o humor negro de algumas sequências e principalmente a diferença de costumes entre americanos típicos do Brooklin e os franceses do interior que não gostam de estrangeiros. 

Longe de ser um grande filme, este trabalho cumpre o objetivo de entreter o espectador, tendo ainda uma deliciosa sequência em que o personagem de De Niro participa de um debate sobre o filme “Os Bons Companheiros”, trabalhou em que ele também foi protagonista e que foi dirigido por Martin Scorsese, que por sinal é um dos produtores deste filme de Luc Besson.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

The Coca-Cola Kid

The Coca-Cola Kid (The Coca-Cola Kid, Austrália, 1985) – Nota 6,5
Direção – Dusan Makavejev
Elenco – Eric Roberts, Greta Scacchi, Bill Kerr, Chris Haywood.

Becker (Eric Roberts) é um jovem executivo da Coca-Cola enviando para filial na Austrália com o objetivo de alavancar as vendas. Com métodos diferentes, mas fama de sempre alcançar os objetivos, Becker é visto como um estranho pela diretores australianos. Logo, Becker descobre que em uma determinada região não existe vendedor do produto, pois um sujeito (Bill Kerr) tem uma pequena fábrica de refrigerantes e não aceita concorrência. O insistente jovem tentará de tudo para dobrar o velho empresário e assim conseguir vender Coca-Cola na região.

O diretor sérvio Dusan Makavejev ficou conhecido internacionalmente com o cult ”Montenegro – Pérolas e Porcos” de 1981.  Na época, o diretor estava exilado da antiga Iugoslávia onde era perseguido por sua posição política e por ter feito um longa produzido com dinheiro alemão. Por este motivo ele rodou o curioso “The Coca-Cola Kid” na Austrália. 

Logo de início os letreiros avisam que o filme não tem ligação alguma com a empresa e o desenrolar da trama realmente não faz uma boa propaganda da marca ao mostrar  mesmo com que várias falhas, como o importante para os executivos da empresa era tirar do caminho a pequena empresa concorrente. Este crítica sobre o poderio das grandes empresas não se aprofunda, mesmo que as conseqüências ao final do longa estejam ligadas a forma de agir da companhia. 

O roteiro ainda tem espaço para um romance entre o personagem de Eric Roberts e a jovem secretária interpretada por Greta Scacchi, com algumas cenas generosas de nudez da atriz, além de algumas diferentes sequências de humor típicas do cinema australiano dos anos setenta e oitenta. 

Hoje vale a sessão como uma curiosidade, sem contar que nos dias atuais jamais uma empresa deixaria seu nome ser utilizado como tema de filme e ser mostrada como imperialista.  

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Esqueceram de Mim I e II

Esqueceram de Mim (Home Alone, EUA, 1990) – Nota 8
Direção – Chris Columbus
Elenco – Macaulay Culkin, Joe Pesci, Daniel Stern, John Heard, Roberts Blossom, Catherine O'Hara, John Candy.

A família McCallister se prepara para viajar a Paris na manhã do dia de Natal, porém a pressa faz com que esqueçam o filho caçula Kevin (Macaulay Culkin). Fato que assustaria uma criança comum, para Kevin se transforma em festa e liberdade ter a casa inteira somente para ele. Quando dois ladrões vagabundos (Joe Pesci e Daniel Stern) tentam assaltar a casa, o pequeno Kevin monta várias armadilhas que levam os sujeitos a loucura.

Clássico absoluto dos anos noventa, este divertido longa transformou o pequeno Macaulay Culkin em astro, que em seguida estrelou outros filmes até quando seus pais se separaram por causa da fortuna do garoto, crise que ajudou a afundar sua carreira.

Ele fez alguns outros trabalhos na última década, mas ficou longe do sucesso de quando era criança.

Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York (Home Alone 2: Perdido em Nova York, EUA, 1992) – Nota 7,5
Direção – Chris Columbus
Elenco – Macaulay Culkin, Joe Pesci, Daniel Stern, John Heard, Catherine O'Hara, Tim Curry, Brenda Fricker, Kieran Culkin.

Uma sequência era inevitável e sem grandes mudanças, o roteiro de John Hughes recicla a ideia original, desta vez ao invés de deixar o garoto Kevin em casa, ele se perde da família no aeroporto e acaba indo sozinho para Nova York. Com o cartão de crédito do pai, Kevin se hospeda num luxuoso hotel e aproveita as mordomias do local, até a dupla de ladrões Harry (Joe Pesci) e Marv (Daniel Stern) reaparecer para tentar se vingar do garoto. 

Misturando cenas de ação no hotel e ao ar livre, o filme diverte, mesmo que sem o frescor do original. No original, o personagem estranho era o vizinho vivido pelo veterano Roberts Blossoms, aqui o papel fica com a irlandesa Brenda Fricker que interpreta a “mulher dos pombos”. 

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Lamarca & Sargento Getúlio


Lamarca (Brasil, 1994) – Nota 7
Direção – Sergio Rezende
Elenco – Paulo Betti, Carla Camurati, Eliezer de Almeida, José de Abreu, Roberto Bomtempo, Deborah Evelyn, Ernani Moraes, Selton Mello, Enrique Diaz, Carlos Zara, Nelson Dantas.

Em 1971, no auge da repressão da ditadura militar no Brasil, o Capitão Carlos Lamarca (Paulo Betti) vive escondido após desertar e roubar um lote de armas do exército. Naquele momento, vários líderes guerrilheiros haviam sido assassinados, estavam presos ou exilados, porém Lamarca ainda acreditava que era possível vencer a revolução. 

Com o cerco dos militares chegando mais perto, Lamarca e sua amante Clara (Carla Camurati) seguem para Salvador para participar de um núcleo de resistência, sendo que enquanto Clara fica na cidade, Lamarca é levado para o interior da Bahia onde se esconde no sertão com a ajuda de Zequinha (Eliezer de Almeida), um morador local. Não demora para a polícia e o exército descobrirem o paradeiro de Lamarca e iniciar uma implacável caçada. 

O personagem de Lamarca se tornou um dos símbolos da história da luta contra a ditadura, sendo aqui representado de uma forma extremamente humana e até ingênua em alguns momentos por acreditar que poderia mudar o país, mesmo com o movimento a qual ele pertencia estando totalmente esfacelado. 

A escolha do diretor Sergio Rezende em intercalar a fuga de Lamarca com flashbacks que explicam porque o militar se transformou em terrorista foi um grande acerto, ficando claras suas motivações, ou melhor, frustrações com o que ele vivenciou no exército. 

O longa sofre um pouco pela falta de recursos, como na cena do suicídio e nos cenários simples, mas deve-se levar em conta que na época o cinema brasileiro estava começando a se reestruturar após a tragédia do governo Collor. 

Como informação, este foi o segundo dos cinco filmes em que o diretor Sergio Rezende e o ator Paulo Betti trabalharam juntos.

Sargento Getúlio (Brasil, 1983) – Nota 7,5
Direção – Hermano Penna
Elenco – Lima Duarte, Orlando Vieira.

Nos anos quarenta, durante a ditadura de Getúlio Vargas, seu homônimo Getúlio (Lima Duarte) é o capanga de um político sergipano que o nomeou sargento apenas para fazer seus serviços sujos como fossem legais. Num determinado dia, Getúlio recebe a missão de ir até Paulo Afonso na Bahia para prender um inimigo político de seu patrão e trazê-lo para Aracaju. Para cumprir a missão, Getúlio viaja com seu amigo e motorista Amaro (Orlando Vieira). 

No meio da caminho a situação muda, com a queda de Vargas, seu chefe envia uma mensagem para cancelar a prisão, porém o teimoso Getúlio não aceita, alegando que cumprirá apenas ordens dadas pelo sujeito cara a cara. Desafiando as ordens, Getúlio se transforma em um perigo para o político, que para evitar um transtorno solta nova ordem, agora para a polícia eliminar o rebelde. 

Baseado num livro de João Ubaldo Ribeiro, este longa foi filmado entre 1978 e ficou sem lançamento até 1983, quando chegou em alguns cinemas e ganhou inclusive prêmios em Gramado. 

É uma hístória forte e crua, que lembra um pouco o clássico “Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia” do grande Sam Peckinpah, principalmente pelo obstinado personagem principal interpretado de forma brilhante por Lima Duarte. 

Apesar da trama se passar a quase setenta anos atrás, ela ainda é atual ao mostrar a corrupção política e policial, a violência e o coronelismo.  

domingo, 22 de dezembro de 2013

Homens e Deuses

Homens e Deuses (Des Hommes et des Dieux, França, 2010) – Nota 7,5
Direção – Xavier Beauvois
Elenco – Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin, Philippe Laudenbach, Jacques Herlin, Loic Pichon, Xavier Maly, Jean Marie Frin.

Em 1996, oito monges católicos vivem em um mosteiro no interior da Argélia, tendo uma tranquila relação com a população muçulmana de um vilarejo próximo. Passando os dias entre orações e o cultivo de uma horta, os monges ainda dão assistência médica aos moradores do vilarejo. O único médico entre os monges é o veterano Luc (Michael Lonsdale), que atende pacientemente os humildes habitantes do local. 

A paz se transforma em ansiedade e medo quando rebeldes que lutam contra a ditadura militar no país começam a atacar na região. O líder dos monges é Christian (Lambert Wilson), que mesmo preocupado, não pretende abandonar o local, enquanto os demais monges se dividem quanto a fugir ou permanecer. 

Baseado em fato real, este longa que venceu o Oscar de Filme Estrangeiro e a Palma de Ouro em Cannes apresenta um ritmo lento, quase contemplativo em várias passagens. O objetivo do diretor com certeza era criar uma narrativa no ritmo de vida dos monges, recheado de cenas de oração e rituais católicos, tudo valorizado por uma bela fotografia. 

O destaque é o desenvolvimento dos personagens, com cada monge enfrentando a situação de uma forma. Os mais velhos sem medo de morrer e outros se questionando se realmente teria sentido ficar no local, principalmente o atormentado personagem de Olivier Rabourdin. 

No final, ao mesmo tempo em que fica a lição de que cada um tem a liberdade de escolher seu caminho, por outro lado pode-se questionar até que ponto vale se sacrificar por algo que você acredita.    

sábado, 21 de dezembro de 2013

Jobs

Jobs (Jobs, EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Joshua Michael Stern
Elenco – Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, Josh Gad, Lukas Haas, Matthew Modine, J. K. Simmons, Lesley Ann Warren, John Getz, Ron Eldard, Victor Rasuk, Kevin Dunn, James Woods, Nelson Franklin, Eddie Hassell, Masi Oka.

Provavelmente a pressa em ser o primeiro a lançar a um filme sobre a vida de Steve Jobs, fez com que os produtores e o diretor Joshua Michael Stern tenham optado por um trabalho com baixo orçamento e que não se aprofunda na vida do sujeito, dando ênfase quase que na totalidade a momentos importantes da vida profissional de uma forma picotada, com várias lacunas enormes de tempo entre os fatos. 

O início tem uma cena interessante quando Jobs (Ashton Kutcher em ótima caracterização) apresenta a uma platéia de funcionários da Apple o aparelho que revolucionaria a indústria da música, o iPod, isto em 2001. Nesta sequência já ouvimos da boca da Jobs algumas frases de efeito, numa espécie de auto-ajuda corporativa que é repetida a exaustão durante o filme, deixando a sensação de que o roteiro tentaria comparar o homem a um guru. 

Em seguida a história volta para os anos setenta nos tempos de universidade, quando Jobs abandonou os estudos e fez uma viagem para Índia, até o momento em que trabalhou para a empresa Atari. Tudo isso é mostrado rapidamente ao som de uma música melosa, como um resumo da vida antes do desenvolvimento da ideia da criação do computador pessoal, que por sinal surgiu de uma experiência de seu amigo Steve “Woz” Wozniak (Josh Gad). 

Não demora para a história pular da garagem dos pais de Jobs para a suntuosa sede da Apple e para Jobs mostrar seu lado negro. Mesmo entendendo que muito do que aparece na tela é diferente do que realmente ocorreu, como o verdadeiro Wozniak disse em entrevista, o ponto positivo do filme em mostrar Jobs como um sujeito cheio de defeitos se dá por vias tortas. 

Ao mesmo tempo em que Jobs é mostrado como um visionário e a aura de guru é criada para amenizar o egocentrismo e a falta de caráter, o roteiro ainda dá espaço para apresentar decisões que apenas um canalha tomaria, como abandonar a namorada grávida e passar a rasteira nos amigos que seriam co-fundadores da empresa.

Este fato por sinal é muito mal explicado, pois após Jobs decidir não dividir as ações da empresa, mesmo assim ele acaba aplaudido pelos amigos e o filme mostra ainda que os sujeitos continuaram trabalhando na Apple, com exceção de Daniel (Lukas Haas), que parece ser o único que entendeu ter sido enganado. 

Infelizmente com o passar do tempo o mito tende a superar as falhas de caráter, no caso de Jobs, ele já era considerado por muitos um mito enquanto estava vivo e rapidamente após sua morte foi alçado ao pedestal dos imortais, fazendo com que as várias pessoas que participaram e ajudaram seu trabalho fossem esquecidas. 

Consta que o roteirista Aaron Sorkin (“Questão de Honra” e “The West Wing”) está escrevendo um novo roteiro sobre a vida de Jobs com o auxílio de seu ex-parceiro Wozniak. Quem sabe este projeto resulte num filme mais completo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Comédias com Goldie Hawn

Praticamente aposentada desde 2002 quando trabalhou ao lado de Susan Sarandon em "Doidas Demais" e por mais surpreendente que possa parecer para os mais jovens, Goldie Hawn foi uma das comediantes mais famosas dos anos oitenta.

Vistos hoje, seus filmes não são tão engraçados como parecem, tendo como ponto principal o carisma da atriz

Como curiosidade, Goldie Hawn é mãe da belíssima atriz Kate Hudson de "Quase Famosos" e "A Chave Mestra".

Nesta postagem comento quatro comédias que no máximo podem ser consideradas razoáveis, ao estilo sessão da tarde.

A Recruta Benjamin (Private Benjamin, EUA, 1980) – Nota 6
Direção – Howard Zieff
Elenco – Goldie Hawn, Eileen Brennan, Armand Assante, Robert Webber, Harry Dean Stanton, Albert Brooks, Sam Wanamaker, Sally Kirkland, Mary Kay Place.

Após ficar viúva, a dondoca Judy Benjamin (Goldie Hawn) entra em crise e por impulso decide se alistar no exército após ler um anúncio. Rapidamente ela descobre que entrou num mundo completamente diferente do seu, sofrendo para cumprir as tarefas básicas e entrando em conflito com a durona oficial Lewis (Eileen Brennan). 

O filme que foi sucesso de bilheteria, tendo uma primeira parte até engraçada ao explorar as confusões da personagem, porém a parte final se torna piegas com a transformação da recruta em um verdadeiro soldado. 

Protocolo (Protocol, EUA, 1984) – Nota 5,5
Direção – Herbert Ross
Elenco – Goldie Hawn, Chris Sarandon, Richard Romanus, Andre Gregory, Gail Strickland, Cliff De Young, Keith Szarabajka, Ed Begley Jr.

A garçonete Sunny Davis (Goldie Hawn) impede por acaso o assassinato de um político árabe. O fato transforma a garota em celebridade. Para explorar a popularidade da moça, o governo a contrata para um cargo decorativo no departamento de protocolo. A garota que não tem experiência alguma em política, acaba criando várias confusões e se tornando um problema para o governo. 

A trama é basicamente uma reciclagem de “A Recruta Benjamin”, com Goldie Hawn interpretando a jovem que está deslocada, mas que aos poucos consegue se sobressair. A diferença é que a quantidade de risadas aqui é ainda menor.

Uma Gatinha Boa de Bola (Wildcats, EUA, 1986) – Nota 5,5
Direção – Michael Ritchie
Elenco – Goldie Hawn, Swoosie Kurtz, Robyn Lively, James Keach, M. Emmet Walsh, , Mykelti Williamson, Woody Harrelson, Wesley Snipes, Nipsey Russell.

Molly McGrath (Goldie Hawn) sempre sonhou ser treinadora de um time e assim seguir os passos de seu pai. Divorciada, ela consegue um emprego para comandar uma equipe colegial com fama de perdedora e repleta de jogadores desmotivados. Para piorar, seu ex-marido ameaçar pedir a guarda das filhas caso Molly não abandone o emprego. 

O longa é uma típica sessão da tarde que utiliza o clichê da superação, lembrando os vários longas que colocam professores ou treinadores como heróis. Sem grande profundidade, a curiosidade é que o longa marcou a estreia no cinema da dupla Woody Harrelson e Wesley Snipes, que se tornariam astros e trabalhariam juntos nos sucessos “Homens Brancos Não Sabem Enterrar” e “Assalto Sobre Trilhos”.

Um Salto Para a Felicidade (Overboard, EUA, 1987) – Nota 6,5
Direção – Garry Marshall
Elenco – Goldie Hawn, Kurt Russell, Edward Herrmann, Katherine Helmond, Roddy McDowell.

A rica e mimada Joana Stayton (Goldie Hawn) é casada com o milionário Grant (Edward Herrmann), mas a relação se mantém apenas pelo dinheiro. Quando o iate do casal precisa de uma pequena reforma, o carpinteiro Dean (Kurt Russell) é chamado para o trabalho, porém Joana não gosta do resultado e se nega a pagar o concerto, terminando por jogar o pobre trabalhador no mar. 

Dias depois, Joana sofre um acidente parecido ao cair do iate, sendo resgatada e levada a um hospital sem documentos. Ao acordar, ela não lembra quem é. Aproveitando a amnésia da esposa, Grant a abandona. Ao mesmo tempo, o rosto de Joana aparece na tv para o hospital tentar localizar algum parente. Vendo o que ocorreu, o carpinteiro Dean resolve se vingar. Ele se apresenta no hospital dizendo ser o marido de Joana e a leva para casa, onde seus quatro filhos bagunceiros a esperam prontos para confirmar a mentira. 

Esta comédia romântica é até certo ponto divertida ao basear a trama numa mentira, causando algumas cenas engraçadas com as confusões da madame em sua nova vida de dona de casa. 

Como informação, este foi o segundo longa que o casal Goldie Hawn e Kurt Russell protagonizou, sendo que eles se conheceram durante as filmagens de “Armas e Amores” de Jonathan Demme em 1984. 

Esta também foi a última comédia estrelada por Goldie Hawn que fez algum sucesso. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Adrenalina 2 - Alta Voltagem

Adrenalina 2 – Alta Voltagem (Crank: High Voltage, EUA, 2009) – Nota 5
Direção – Mark Neveldine & Brian Taylor
Elenco – Jason Statham, Amy Smart, Dwight Yoakam, Efren Ramirez, Bai Ling, Clifton Collins Jr, Jose Pablo Cantillo, Reno Wilson, Keone Young, Art Hsu, David Carradine, Corey Haim, Geri Halliwell.

Após sobreviver mesmo sendo envenenado e cair de um helicóptero, o assassino Chev Chelios (Jason Statham) acorda no meio de uma cirurgia onde médicos chineses roubam seu coração e trocam por um coração mecânico que funciona com uma estranha bateria. Ao perceber que os médicos vão roubar seus outros órgãos, Chelios consegue escapar e sai a procura de quem levou seu coração, tendo a princípio como suspeito um sorridente chinês (Art Hsu). 

Quando Chelios percebe que a bateria está descarregando, ele liga para seu médico (Dwight Yoakam). Este diz que para continuar vivo, Chelios precisa recarregar o coração com energia comum, mesmo que seja a base de choques elétricos. A partir daí, Chelios inicia uma maluca corrida por Los Angeles em busca do seu coração, enfrentando mafiosos chineses, traficantes latinos e cruzando com outras figuras do submundo. 

O sucesso do filme original estava no absurdo das situações enfrentadas pelo personagem de Jason Statham, nos diálogos engraçados e na violência. A dupla de diretores Neveldine/Taylor (que fez também o fraco “Gamer”) tentou repetir a fórmula, porém a história ridícula e as cenas de ação ainda mais exageradas resultaram numa cópia ruim do original. 

Algumas sequências chegam a ser constrangedoras, como a cena de sexo na pista de corrida de cavalos e os ataques da Síndrome de Tourette que um personagem sofre. 

Statham repete pela enésima vez o papel do sujeito violento e durão, mas acaba sendo pouco para salvar este filme equivocado, que ainda deixou um gancho para uma sequência, que dificilmente que sairá do papel.   

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Homem do Futuro

O Homem do Futuro (Brasil, 2011) – Nota 6,5
Direção – Cláudio Torres
Elenco – Wagner Moura, Alinne Moraes, Maria Luisa Mendonça, Fernando Ceylão, Gabriel Braga Nunes.

O cientista Zero (Wagner Moura) é um sujeito ressentido com a vida que fica ainda mais revoltado quando a empresária Sandra (Maria Luisa Mendonça), que banca seu projeto de desenvolvimento de um novo tipo de energia, ameaça dispensá-lo por pressão dos investidores. Zero decide então testar sua máquina antes de perder o projeto, utilizando ele mesmo como cobaia. 

Para sua surpresa, ao invés de gerar energia, a máquina o transporta para vinte anos antes, em 1991 quando ele era apenas um estudante na universidade. Zero volta exatamente para o dia que ele considera que mudou sua vida, quando a bela Helena (Alinne Moraes) o humilhou durante um show para os estudantes. O surpreendente retorno faz com que Zero imagine que possa mudar seu futuro alterando o passado, o que causará conseqüências inesperadas. 

Esta experiência do diretor Cláudio Torres em investir numa ficção resulta satisfatória até certo ponto, falhando principalmente no final apressado onde seu roteiro tenta encaixar todas as peças à força para chegar a um final feliz. Até este ponto o filme é divertido, mesmo que na verdade a trama recicle idéias de várias filmes famosos sobre viagens no tempo. 

A inspiração principal vem dos dois primeiros “De Volta Para o Futuro”, com o baile sendo transformado numa festa à fantasia, o personagem de Wagner Moura cantando assim como Michael J. Fox que toca guitarra no clássico e até a criação de um futuro alternativo bizarro é copiado. Posso citar também que a história de amor lembra “Efeito Borboleta”, a bandagem utilizada por Wagner Moura para tentar se disfarçar foi tirada do pouco conhecido longa espanhol “Crimes Temporais (Los Cronocrimenes)” e até a chegada do personagem principal ao passado vestido como astronauta lembra no estilo “O Exterminador do Futuro”, com a diferença de que Schwarzenegger chega nu. 

Esta salada acaba valorizada pelo bom desempenho de Wagner Moura, que interpreta o mesmo personagem três vezes, todas de forma diferente e de maneira convincente. 

Minha nota pode parecer baixa, mas a parte final me desagradou bastante tirando um pouco da qualidade do filme.  

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Breaking Bad - O Final


Breaking Bad (Breaking Bad, EUA, 2008-2013)
Elenco - Bryan Cranston, Anna Gunn, Aaron Paul, Dean Norris, Betsy Brandt, RJ Mitte, Bob Odenkirk, Steven Michael Quezada, Jonathan Banks, Giancarlo Esposito, Mark Margolis, Jesse Plemons, Laura Fraser, Matt Jones, Charles Baker, Christopher Cousins, Michael Bowen.
Criador - Vince Gilligan

Quando estreou em 2008, esta série despertou a curiosidade pela insólita premissa, mas como normalmente ocorre, ninguém esperava que se tornasse uma das melhores séries de todos os tempos.

A trama começa quando o professor de química Walter White (Bryan Cranston) descobre que está com câncer no pulmão. Com cinquenta anos de idade, casado com Skyler (Anna Gunn), tendo um filho adolescente (R. J. Mitte) que utiliza muletas e tem problemas na fala, ganhando pouco no trabalho e precisando de um segundo emprego como caixa em uma lava-rápido para completar o orçamento, sua vida vira de ponta cabeça com o diagnóstico e ao mesmo tempo com a descoberta de que a esposa está grávida.

Desesperado ao pensar que pode morrer e deixar a família em péssima situação financeira, já que seu plano de saúde não cobre o tratamento, Walter tem um ideia maluca para ganhar dinheiro. Seu cunhado Hank (Dean Norris) é um agente do DEA que o convida para ver uma batida policial numa casa onde funciona um laboratório de metanfetamina. Walter fica no carro enquanto os agentes invadem a casa e acaba vendo um jovem fugir pelo janela lateral. Walter percebe que o jovem é um ex-aluno seu chamado Jesse Pinkman (Aaron Paul). Ele não conta o que viu ao cunhado e resolve procurar Jesse para saber como funciona o negócio ilegal, dando início a uma inusitada parceria.

Esta premissa poderia se tornar uma comédia ou mesmo um seriado policial de rotina, mas é muito provável que o criador Vince Gilligan já tivesse planejado quase toda a história, o que fez com a trama não perdesse rumo, fato que infelizmente ocorre na maioria da séries.  Até mesmo séries sensacionais como "Lost" e "A Família Soprano" tiveram deslizes, com episódios onde pouca coisa acontecia ou até mesmo uma temporada sem grande emoção. Quem acompanhou "Breaking Bad" do início ao fim, dificilmente encontrará um episódio chato ou algum que não tenha ocorrido algo importante, sem contar que o elenco principal foi mantido.

Outro ponto que na minha opinião sempre eleva o nível de uma série é a história contínua. Muitas séries policiais trabalham com episódios isolados, onde as vezes uma subtrama ou algum fato pendente é tratado de um episódio para outro. Este tipo de série diverte, mas dificilmente atinge o nível de uma série com história fechada.

Tão carismáticos como o elenco principal, são os personagens coadjuvantes, vários deles marcantes. O advogado picareta Saul Goodman (Bob Odenkirk) tinha uma frase cínica para toda situação sendo o alívio cômico da série, o assassino profissional Mike (Jonathan Banks), o chefão Gus Fring (Giancarlo Esposito), a dupla de drogados Badger e Skinny Pete (Matt Jones e Charles Baker) e o sinistro "velho do sininho" Tio Salamanca (Mark Margolis) são figuras que ajudaram muito no sucesso da série.

Por sinal, pouquíssimas vezes o cinema ou a tv acertou no tom desta mistura de violência, comédia e humor negro como foi visto aqui. Personagens violentos como Tio Salamanca e Mike eram ao mesmo tempo assustadores e engraçados, assim como a exagerada violência de alguns episódios se tornava palatável pelo humor negro associado a situação.

Dentro do ótimo elenco principal, sem dúvida o show ficou por conta de Bryan Cranston e um pouco menos de Aaron Paul. O jovem Aaron Paul tinha no currículo participações esparsas em seriados até conseguir este papel do drogado e temperamental Jesse Pinkman. O desenvolvimento do personagem é fantástico, de um drogado cabeça de vento na primeira temporada, aos poucos a violência que ele participa ou testemunha durante a jornada ao inferno desperta uma onda de remorso que se transforma em vingança resultando no trágico final de alguns personagens.

O veterano Bryan Cranston tinha também quase toda a carreira como coadjuvante em séries e algumas pequenas participações no cinema até conseguir o papel de um dentista metido a comediante em "Seinfeld". Sua engraçada participação em alguns episódios ajudaram a ganhar o papel na série "Malcolm in the Middle" , onde por sete temporadas interpretou o pai do personagem principal de Frankie Muniz. A série era uma espécie de "Os Simpsons" de carne e osso, extremamente engraçada, com Cranston fazendo o pai atrapalhado e covarde, que se metia em confusões com os quatro filhos. Sua escolha para ser o protagonista de "Breaking Bad" foi uma aposta arriscada, já que o ator estava marcado por comédias, mas surpreendentemente sua atuação foi fantástica. No início da série, Walter White é um sujeito com medo de perder o emprego, com uma vida medíocre e frustrada. Seu envolvimento com as drogas trouxe dinheiro e poder, despertando o gosto pela vida e por manipular as pessoas. Mesmo no meio da violência, ele parecia desafiar seus limites ao enfrentar traficantes e assassinos com planos malucos. Seu último diálogo com a esposa Skyler deixa claro sua motivação, sem contar o background do personagem, como a empresa que ele deixou para os sócios que ficaram milionários, sendo um deles sua ex-namorada.

Mesmo ficando o vazio do fim de uma fantástica série como esta, é necessário louvar o criador por encerrar a história no seu auge. Ainda havia espaço para o desenrolar da trama, mas dificilmente se manteria o nível de qualidade. Eu faço analogia com duas outras séries que colocaria no meu top five. Finalizar no auge do sucesso foi uma receita correta para "Seinfeld", que por este motivo fugiu do lugar comum. Enquanto encerrar a trama com algo bem longe de um final feliz foi um dos grandes acertos de "The Shield" e aqui Vince Gilligan tomou a mesma decisão. Seria no mínimo estranho levar "Breaking Bad" a um final feliz, depois de tanta violência, mortes e mentiras que ocorreram nestas cinco temporadas.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Lawrence da Arábia

Neste final de semana o cinema perdeu o ator irlandês Peter O'Toole, que deixou uma longa carreira com destaque para filmes como "A Noite dos Generais", "Lord Jim" e o polêmico "Caligula".

Como homenagem, escrevo sobre seu trabalho mais famoso, o clássico "Lawrence da Arábia".

Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, Inglaterra, 1961) – Nota 9
Direção – David Lean
Elenco – Peter O’Toole, Omar Sharif, Anthony Quinn, Alec Guinnes, Anthony Quayle, Jack Hawkins, Claude Rains, José Ferrer, Arthur Kennedy.

A trama começa em 1935 quando T. E. Lawrence (Peter O’Toole) morre em um acidente de moto. A partir deste fato, o filme contará em flashback a vida do oficial que ficou conhecido como Lawrence da Arábia. 

Tudo começa durante a 1º Guerra Mundial, quando Lawrence está a serviço do exército inglês no norte da África, mas insatisfeito por resumir seu trabalho a tarefas burocráticas. Querendo aventura, Lawrence aceita trabalho na Península Arábica como uma espécie de intermediário entre o exército inglês e as tribos árabes que lutam contra o exército turco que deseja dominar a região. Mesmo sendo uma missão dificílima, Lawrence consegue aos poucos ganhar a confiança dos árabes e unir as várias tribos na luta contra os turcos. 

Baseado na história real e no livro do próprio T. E. Lawrence, este clássico venceu sete prêmios Oscar, inclusive de Melhor Filme e Diretor. Por sinal, o grande David Lean era especialista em épicos com longa duração, como “A Ponte do Rio Kwai” e “Doutor Jivago”. 

Além das cenas grandiosas de ação e da bela fotografia que aproveita as paisagens do deserto, vale destacar também o ótimo elenco recheado de astros.

A curiosidade é que mesmo com uma ótima interpretação e todos os prêmios do filme, Peter O’Toole não venceu como Melhor Ator. Ele ainda concorreu oito vezes para Melhor Ator, mas ganhou apenas um Oscar Honorário em final de carreira. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

A Rainha Margot

A Rainha Margot (La Reine Margot, França, 1994) – Nota 8
Direção – Patrice Chereau
Elenco – Isabelle Adjani, Daniel Auteuil, Jean Hugues Anglade, Vincent Perez, Virna Lisi, Dominique Blanc, Pascal Greggory, Miguel Bosé, Jean Claude Brialy, Asia Argento, Thomas Kretschmann.

Em 1572, a França está à beira de um conflito entre católicos e protestantes. O rei Charles IX (Jean Hughes Anglade) é um fraco dominado pela mãe Catarina de Médicis (Virna Lisi). A mãe  manipuladora convence Charles a armar o casamento de sua irmã católica Marguerite “Margot” (Isabelle Adjani) com o protestante Henri de Navarre (Daniel Auteuil), aparentemente para acalmar os ânimos entre católicos e protestantes. 

O casamento de fachada sequer chega a se consumar na cama, quando Catarina coloca em prática um violento ataque dos soldados que assassinam milhares de protestantes, culminando na terrível “Noite de São Bartolomeu”. O jovem protestante La Mole (Vincent Perez) consegue se esconder no palácio no quarto de Margot. Margot que era conhecida por seu apetite sexual, não demora para tornar o jovem fugitivo em seu amante. A partir daí as várias intrigas palacianas e as consequências do massacre levarão a mais violência e mortes. 

Este épico foi o longa com maior orçamento da história do cinema na França até aquele ano, tendo sido grande sucesso de bilheteria, mas ao mesmo tempo dividindo a crítica, com parte dela não gostando do estilo que lembra um pouco os épicos de Hollywood. 

Na minha opinião é uma grande bobagem, já que o longa apresenta um bom roteiro, tem cenas de ação muito bem filmadas, uma narrativa que prende a atenção e um um elenco competente recheado de astros europeus, inclusive com a veterana Virna Lisi vencendo o prêmio de Melhor Atriz em Cannes. 

É um ótimo épico, imperdível para quem gosta do gênero.  

sábado, 14 de dezembro de 2013

Capitão Phillips

Capitão Phillips (Captain Phillips, EUA, 2013) – Nota 8,5
Direção – Paul Greengrass
Elenco – Tom Hanks, Barkhad Abdi, Barkhad Abdirahman, Faysal Ahmed, Mahat M. Ali, Michael Chernus, Catherine Keener, David Warshofsky, Corey Johnson, Chris Mulkey, Yul Vazquez, Max Martini.

Em 2009, o capitão Rich Phillips (Tom Hanks) se despede da esposa (Catherine Keener) e parte uma viagem onde comandará um navio que sairá de Omã carregando alimentos com destino a Somália. Conhecendo os perigos daquela rota marinha e com o aviso de que o navio poderia ser alvo de piratas, Phillips decide treinar sua equipe se preparando para qualquer eventualidade. Na demora para duas lanchas com piratas somalis com armamentos pesados perseguirem o navio, sendo que apenas uma delas alcança o alvo e quatro ladrões conseguem subir a bordo dando início a uma jornada de terror. 

Este ótimo misto de drama e aventura é baseado numa incrível história real que colocou frente a frente dois homens completamente diferentes. Enquanto o capitão Phillips é um homem de meia idade, meticuloso e com grande experiência no mar, do outro lado o jovem pirata somali Muse (Barkhad Adbi) é a impetuosidade em pessoa, um sujeito decidido a conseguir o que deseja não importando quais sejam as conseqüências. Esta disputa de líderes é um dos pontos altos do filme, valorizado pela interpretação dos atores, inclusive o estreante Barkhad Abdi. 

Palmas também para a direção de Paul Greengrass, que utiliza em várias sequências o estilo câmera na mão e que cria uma tensão constante através de uma narrativa que prende atenção do espectador, que por sinal nem percebe passar as duas hora e quinze minutos de duração. 

Desde “Domingo Sangrento” em 2002, quando chamou pela primeira vez a atenção da crítica e do público, Greengrass entrega seguidamente filmes acima da média, com um estilo próprio, ótimas cenas de ação e tensão do início ao fim. 

O resultado é um filme imperdível.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Quinteto & O Último Guerreiro


Quinteto (Quintet, EUA, 1979) – Nota 5
Direção – Robert Altman
Elenco – Paul Newman, Vittorio Gassman, Bibi Andersson, Fernando Rey, Brigitte Fossey, Nina Van Pallandt.

Num futuro indefinido, a Terra sofre com uma nova Era Glacial. Neste contexto, Essex (Paul Newman) e sua esposa grávida Viva (Brigitte Fossey) chegam a uma cidade que fora construída para proteger a população do frio, mas que agora sofre com a escassez de recursos. Os habitantes passam o tempo bebendo uma estranha mistura ou participando de um jogo de tabuleiro chamado Quinteto, que parece ser inofensivo, mas que em alguns casos pode valer a vida do jogador. 

Esta única incursão de Robert Altman no gênero ficção rendeu um estranho longa que mistura apocalipse com filosofia, resultando numa narrativa tão fria quanto a Era em que ele se passa. Nos anos setenta, vários filmes de ficção seguiram este estilo frio, longas como “THX 1138” e “Fuga do Século 23” são exemplos, porém em 1979 quando Altman filmou esta história, o gênero havia mudado com o sucesso de “Guerra nas Estrelas”, situação que empurrou ainda mais este trabalho para o fracasso. 

Como informação, este longa faz parte da pior fase da carreira de Altman, que somente voltaria a ter sucesso de crítica com “O Jogador” em 1992. Neste período, seu único trabalho de destaque é “O Exército Inútil” de 1983. 

O Último Guerreiro ou O Guerreiro do Futuro (The Ultimate Warrior, EUA, 1975) – Nota 6
Direção – Robert Clouse
Elenco – Yul Brynner, Max Von Sydow, Joanna Miles,William Smith, Stephen McHattie.

Em 2012, poucas pessoas sobreviveram a uma guerra nuclear. Em NovaYork, dois grupos dividem a cidade. Um deles é liderado por Baron (Max Von Sydow), que tem ao seu lado um botânico que tenta desenvolver sementes que possam germinadas mesmo na terra arrasada. Do outro lado está o grupo do violento Carrot (William Smith), que vive saqueando o que sobrou da cidade e tentando destruir Baron. No meio desta guerra surge o solitário Carson (Yul Brynner) que se alia a Baron, que vê no sujeito a chance de derrotar Carrot. 

Este longa lembra um pouco o clássico e bem superior “A Última Esperança da Terra” ao mostrar uma Nova York destruída e os poucos sobreviventes lutando em si para sobreviver, porém aqui além do orçamento menor, a trama também é mais simples e as cenas de ação são apenas razoáveis. 

Outro fato que atrapalha é a direção fraca de Robert Clouse, famoso pelo clássico “Operação Dragão” com Bruce Lee, sujeito que nunca se firmou e fez quase toda a carreira em filmes de ação vagabundos.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A Negociação

A Negociação (Arbitrage, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Nicholas Jarecki
Elenco – Richard Gere, Susan Sarandon, Tim Roth, Brit Marling, Laetita Casta, Nate Parker, Stuart Margolin, Chris Eigeman, Graydon Carter, Bruce Altman, Larry Pine, Reg E. Cathey.

O milionário Robert Miller (Richard Gere) aparentemente tem a vida dos sonhos. Dono de uma gigante empresa de investimentos, filantropo, casado há décadas com Ellen (Susan Sarandon) e com um casal de filhos, sendo que a inteligente Brooke (Brit Marling) é seu braço direito na companhia. 

Não demora para o espectador descobrir que Miller tem pressa em vender sua empresa, que na verdade passa por um momento financeiro complicado e para piorar, ele tem como amante a jovem Julie (Laetita Casta), um pintora temperamental. Quando ocorre um acidente, Miller faz de tudo para esconder sua participação no caso, que passa a ser investigado pelo detetive Bryer (Tim Roth), que deseja a todo custo prender o milionário. 

Este drama escrito pelo próprio diretor Nicholas Jarecki (irmão do também diretor Andrew Jarecky de ”Entre Segredos e Mentiras” e “Na Captura dos Friedmans”) tem o objetivo de mostrar os podres por trás da vida dos poderosos. Os personagens sorriem em encontros falsos e eventos de caridade, porém utilizam todo tipo de tática suja para atingir seus objetivos e defender seus interesses. 

O personagem de Gere é o típico hipócrita que diz fazer tudo pela família, mas que na verdade adora satisfazer seus desejos manipulando as pessoas. A esposa interpretada por Susan Sarandon é a madame que fecha os olhos para tudo em troca do dinheiro e das mordomias do marido. Até o policial de Tim Roth joga sujo para tentar acusar o milionário. Resumindo, tudo muito próximo da realidade, onde cada pessoa tenta defender seu lado. 

Mesmo tendo uma trama interessante e bons personagens, a narrativa é fria e não ajuda para o espectador se envolver com a história. O resultado é um drama mediano e nada mais. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O Massacre de Jonestown

O Massacre de Jonestown (Jonestown: The Life and Death of Peoples Temple, EUA, 2006) – Nota 8
Direção – Stanley Nelson
Documentário

Em 18 de novembro de 1978 no interior da Guiana, mais de 900 pessoas morreram numa das maiores tragédias do século XX. 

Este documentário conta a vida de Jim Jones, o líder da seita “Templo do Povo”, que nasceu nos anos trinta no interior da conservadora Indiana nos Estados Unidos e que nos anos sessenta fundou a igreja. Durante alguns anos Jones ficou no local pregando contra o preconceito e arregimentou um enorme grupo de seguidores, em sua maioria pessoas pobres e negras que viam nele uma espécie de Salvador. 

Nos anos setenta ele mudou sua igreja para San Francisco, sendo seguido por centenas de pessoas que o ajudaram a conquistar mais seguidores na cidade. Jones aproveitou que San Francisco era uma cidade liberal, onde existiam diversos movimentos por liberdade e isto facilitou o crescimento de sua igreja, além de se transformar numa figura conhecida e se infiltrar na política. 

Jones liderava seus seguidores com o mão de ferro, em muitos momentos se comparando com Deus e usando seu poder para tirar vantagem financeira, principalmente de idosos solitários, sem contar os depoimentos sobre abuso sexual, inclusive com homens. 

Num determinado dia um jornalista que havia investigado as entranhas da seita, informou Jones que iria publicar uma reportagem que jogaria seu nome no meio de um enorme escândalo. No mesmo dia, Jones fugiu para a Guiana levando um grupo de pessoas. Ele havia conseguido junto ao governo daquele país um local no meio da mata para construir seu Templo, que na realidade se transformou quase numa pequena cidade onde ele era Deus. 

Muitos parentes de pessoas que abandonaram tudo para seguir na aventura de morar no “paraíso” da Guiana, procuraram as autoridades pedindo ajuda, já que não havia comunicação alguma com Jonestown. 

Quando o congressista Lee Ryan liderou um grupo de jornalistas que queriam saber o acontecia em Jonestown, o fato detonou uma crise com várias pessoas querendo fugir do local e finalizando com Jones e seus capangas obrigando as pessoas a beberem veneno misturado com suco de uva, além de atacarem o grupo de visitantes a tiros. 

O documentário conta toda esta tragédia com detalhes, incluindo depoimentos emocionados dos poucos sobreviventes e de várias pessoas que perderam parentes, além de traçar um perfil quase completo do sinistro Jim Jones. 

É um doc que comprova como um líder carismático pode dominar centenas de pessoas da pior forma possível.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

As Melhores Coisas do Mundo

As Melhores Coisas do Mundo (Brasil, 2010) – Nota 7,5
Direção – Laís Bodanzky
Elenco – Francisco Miguez, Denise Fraga, Fiuk, Zé Carlos Machado, Gabriela Rocha, Caio Blat, Paulo Vilhena, Gabriel Illanes, Sophia Gryschek, Gustavo Machado, Maria Eugenia Cortez.

Mano (Francisco Miguez) é um adolescente de classe média que frequenta um colégio particular e enfrenta os problemas da idade. Sua vida fica mais confusa quando seu pai (Zé Carlos Machado) abandona a mãe (Denise Fraga) para assumir uma relação homossexual. Seu irmão mais velho Pedro (Fiuk) se revolta com o pai, ao mesmo tempo em que enfrenta uma crise no namoro. 

O grande acerto desta adaptação de um livro do jornalista Gilberto Dimenstein é mostrar o universo dos adolescentes de classe média bem próximo da realidade. O roteiro de Luiz Bolognesi (marido da diretora Laís Bodanzky) é inteligente ao retratar os personagens como pessoas com problemas verdadeiros, incluindo ainda temas atuais como sexo, preconceito, família e a influência das redes sociais na vida do jovem. 

O protagonista sofre pressão para perder a virgindade, precisa lidar com amigos falsos e principalmente com a verdadeira selva que é um colégio repleto de adolescentes. O colégio é um microcosmo da sociedade, uma prévia das dificuldades que o jovem terá de enfrentar na vida adulta. 

Mesmo com alguns deslizes, como a exagerada crise enfrentada pelo personagem de Fiuk, o filme comprova que é possível fazer um longa sobre o mundo adolescente de forma inteligente, longe dos esteriótipos que a tv costuma mostrar.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Ulysses

Hoje o astro Kirk Douglas completa 97 anos. Com uma carreira fantástica e extremamente longa, Douglas caminha para chegar aos 100 anos. Como homenagem, comento um divertido épico estrelado pelo ator, que hoje é um filme quase esquecido.

Ulysses (Ulisse, Itália, 1954) – Nota 7
Direção – Mario Camerini
Elenco – Kirk Douglas, Silvana Mangano, Anthony Quinn, Rossana Podesta.

Após o final da Guerra de Troia, Ulysses (Kirk Douglas) inicia uma longa jornada de volta para casa na Ilha de Ítaca, onde sua amada Penelope (Silvana Mangano) o espera. A viagem de Ulysses e seus homens durará dez anos, muito pela maldição jogada por uma sacerdotisa sobre o herói, que em Troia profanou o Tempo de Poseidon. O grupo de homens terá de enfrentar os perigos do mar, como o mortal canto da sereia, se tornam escravos do gigante Ciclope e por fim precisam escapar da feiticeira Circe (Silvana Mangano em papel duplo), que deseja tornar Ulysses seu companheiro. 

Este épico produzido na Itália por Dino de Laurentiis foi baseado no poema a “A Odisséia” de Homero e fez grande sucesso na época. Muito do sucesso resulta das boas cenas de ação, como as sequências no mar, a cena em que Kirk Douglas fere o gigante Ciclope para fugir e até a clássica cena em que Douglas e outros atores fazem vinho pisando nas uvas. 

Hoje vale como uma sessão sem compromisso para os fãs de filmes épicos.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Desejo de Matar

Esta série de cinco filmes foi iniciada em 1974 com um clássico que mistura com qualidade drama com policial e que durante vinte anos rendeu continuações que transformaram o personagem principal em piada.

Desejo de Matar (Death Wish, EUA, 1974) – Nota 8
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Vincent Gardenia, Hope Lange, Steven Keats, William Redfield, Stuart Margolin, Olympia Dukakis, Jeff Goldlum, Denzel Washington.

Após passar férias no Havaí, o arquiteto Paul Kersey (Charles Bronson) volta para Nova York com a esposa (Hope Lange). Numa noite, a esposa e a filha voltam para o apartamento e são atacadas por três assaltantes. Os bandidos matam a esposa e violentam a garota, que entra em trauma profundo. Num primeiro momento Paul tentar retomar sua vida acreditando que a polícia possa prender os assassinos, porém com o passar do tempo ele percebe que o caso foi deixado de lado. 

Numa viagem a trabalho para o Arizona, Paul descobre que no local a taxa de crimes é baixa pois grande parte da população anda armada. Um cliente (Stuart Margolin) o leva para treinar tiro em um stand, fato que faz com Paul lembre do tempo em que esteve na Guerra da Coréia. Mesmo sendo um sujeito pacifista, Paul sabe atirar bem e por isso ganha como presente do amigo um revólver. De volta a Manhattan, Paul decide sair armado pelas ruas escuras da cidade, como se fosse um teste. Não demora para um delinquente tentar assaltá-lo, o que faz Paul reagir e matar o sujeito, dando início a sua carreira de vigilante e chamando a atenção de um detetive (Vincent Gardenia). 

Apesar de ter trabalhado em muitos filmes, sendo vários clássicos, Charles Bronson sempre será lembrado por este papel. O filme alavancou a carreira de Bronson nos Estados Unidos, depois dele passar quase uma década estrelando longas na Europa que faziam sucesso por lá e passavam despercebidos pela América. 

Diferente das sequências que focam mais nas cenas de ação, este longa em boa parte é um drama que mostra como ser vítima da violência pode transformar uma pessoa. Apenas na segunda metade é que o personagem de Bronson passa a agir como vigilante, mas longe de ser um herói, na maioria das mortes ele atira a sangue frio, até mesmo pelas costas. 

Como curiosidade, o filme marcou a estreia no cinema de dois futuros astros: Jeff Goldblum é um dos assaltantes que matam a esposa de Bronson e Denzel Washington tem uma rápida aparição com um dos bandidos que é morto por Bronson em um beco. 

O tema de justiça com as próprias mãos tinha sido abordado três anos antes no violento “Sob o Domínio do Medo” de Sam Peckinpah, mas a polêmica foi mais forte com este filme de Bronson, que por conseqüência fez grande sucesso e abriu caminho para vários outros longas explorarem o tema.

Desejo de Matar 2 (Death Wish II, EUA, 1982) – Nota 6,5
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Jill Ireland, Vincent Gardenia, Anthony Franciosa, J. D. Cannon, Robin Sherwood, Larry Fishburne.

Após assassinar vários bandidos em Nova York, Paul Kersey (Charles Bronson) deixa a cidade a pedido do detetive Ochoa (Vincent Gardenia) mudando para Los Angeles. Tentando recomeçar a vida, Paul está namorando Geri (Jill Ireland, esposa de Bronson na vida real) e sua filha (Robin Sherwood) se recupera da violência que sofreu em Manhattan. 

Durante um passeio com a namorada, um grupo de punks tenta assaltá-los, porém Paul reage e consegue afastar os sujeitos que roubam apenas sua carteira. O que ele não imagina que os punks planejam vingança. Eles invadem a residência de Paul, estupram e matam a empregada, além de sequestrar a filha. A nova tragédia faz Paul voltar ao passado de vigilante. Ele aluga um quarto em um hotel vagabundo e ronda a região disfarçado à procura dos punks assassinos. 

Diferente do original que mostrava aos poucos a mudança do personagem de Bronson, nesta sequência ele volta rapidamente a ação, desta vez utilizando armas mais pesadas e procurando especificamente os assassinos da filha através de um plano, não matando bandidos aleatórios como o original. 

Na época as sequências de sucessos estavam se tornando comuns e pensando neste nicho os produtores israelenses Menahem Golan e Yoram Globus (donos da produtora Cannon) compraram os direitos do personagem e conseguiram fazer com que Bronson assinasse contrato não apenas para este longa, mas se tornasse ao lado de Chuck Norris e Michael Dudikoff um do astros da produtora, sempre protagonizando filmes de ação vagabundos. 

Perto das absurdas sequências posteriores, este longa ainda segue uma lógica na trama e cria cenas de ação sem muito exagero.  

Desejo de Matar 3 (Death Wish 3, EUA, 1985) – Nota 5
Direção – Michael Winner
Elenco – Charles Bronson, Deborah Raffin, Ed Lauter, Martin Balsam, Gavan O’Herlilhy, Alex Wynter, Tony Spiridakis.

Paul Kersey (Charles Bronson) volta a Nova York para visitar um amigo e o encontra assassinado por espancamento. O homem morava em um apartamento numa região dominada por gangues que apavoram os moradores locais, muitos deles idosos. Quando a polícia chega e encontra Kersey ao lado corpo, acaba detendo o sujeito como suspeito. O delegado (Ed Lauter) encarregado do caso conhece Kersey e seu passado como vigilante. Sabendo que ele não é o culpado, o delegado propõe a Kersey que passe algum tempo na perigosa região para aniquilar os bandidos e assim não ser processado. Kersey aceita a proposta de limpar a área sem que a polícia o incomode. 

Este terceiro longa transformou o personagem de Bronson numa máquina de matar e consequentemente a série num absurdo sem limites. Na época Bronson tinha sessenta e três anos e durante o longa ele elimina no mínimo uns cinquenta bandidos, utiliza diversas armas e ainda sobra tempo para namorar a bela Debora Raffin que tinha a metade de sua idade. 

A partir deste longa pouca coisa se salva nas carreiras de Bronson e do diretor inglês Michael Winner.

Desejo de Matar 4 – Operação Crackdown (Death Wish 4: The Crackdown, EUA, 1987) – Nota 4
Direção – J. Lee Thompson
Elenco – Charles Bronson, Kay Lenz, John P. Ryan, Perry Lopez, George Dickerson, Soon Tek Oh, Dana Barron.

Morando novamente em Los Angeles, trabalhando como arquiteto e namorando uma bela jovem (Kay Lenz), Paul Kersey parece ter retomado uma vida normal após assassinar dezenas de bandidos. Quando a enteada morre de overdose e o namorado dela é assassinado por um traficante, Kersey é procurado por um empresário (John P. Ryan) que o conhece e que deseja limpar a região eliminando duas gangues rivais. Kersey aceita a proposta e passa a atuar como uma espécie de espião para criar uma guerra entre as gangues e assim destruí-los. 

Se a terceira parte era um filme de ação descerebrado, esta nova sequência tenta criar uma trama mais séria, porém desvirtua completamente o foco do personagem de Bronson. Nos dois primeiros filmes o personagem agia como um vingador que aos poucos mostrava seu lado de psicopata, na parte três ele se transformou numa absurda máquina de matar e aqui age como um mercenário. 

Como informação, Bronson e o diretor inglês J. Lee Thompson trabalharam juntos em nove filmes.

Desejo de Matar V (Death Wish V: The Face of Death, EUA, 1994) – Nota 3
Direção – Allan A. Goldstein
Elenco – Charles , Lesley Anne Down, Saul Rubinek, Robert Joy, Michael Parks, Miguel Sandoval.

De volta para Nova York, Paul Kersey (Charles Bronson) vive agora no programa de proteção a testemunhas utilizando um nome falso e trabalhando como professor de arquitetura. Novamente namorando uma mulher com a metade da idade, a estilista Olivia (Lesley Anne Down), não demora para ele se meter em confusão quando descobre que ex-marido da namorada (Michael Parks) é um perigoso bandido que utiliza a empresa da mulher para lavar dinheiro. Assim que a mulher é atacada brutalmente por um assassino de aluguel, Kersey dá inicio a um plano de vingança para destruir a quadrilha. 

Vinte anos depois do longa original e com setenta e três anos de idade, Bronson já se mostrava cansado e desmotivado para interpretar o personagem, deixando a clara impressão de que o longa se tratava de um caça níquel sem sentido, comandado por um diretor inexpressivo e com orçamento baixo. Nem mesmo as explosivas e exageradas cenas de ação das partes três e quatro são vistas aqui, falta tudo neste filme equivocado, que se torna um triste fim para a série.