Produzidos em 2011, estes dois filmes ganharam o mesmo título na tradução brasileira. Além do título em comum, os dois apresentam um abrigo para seus personagens, porém com histórias totalmente diferentes. Temos um drama sensível e uma ficção apocalíptica.
O Abrigo (Take Shelter, EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção –
Jeff Nichols
Elenco –
Michael Shannon, Jessica Chastain, Tova Stewart, Shea Whigham, Kathy Baker,
Katy Mixon, Robert Longstreet, Lisa Gay Hamilton.
Numa pequena cidade do interior de Ohio, Curtis (Michael
Shannon) vive com a esposa Samantha (Jessica Chastain) e a filha pequena Hannah
(Tova Stewart), que é surda. A vida comum da família começa a se complicar
quando Curtis passa a ouvir trovões, ver raios e o céu totalmente escuro, como
se uma enorme tempestade estivesse se aproximando. A questão é que apenas ele
vê isso.
Percebendo que algo está errado, Curtis decide procurar ajuda com uma
psicóloga (LisaGay Hamilton) e por conta própria resolve estudar sobre
problemas mentais. A preocupação de Curtis é grande porque sua mãe (Kathy
Baker) está internada há anos em uma casa de repouso por sofrer de esquizofrenia.
Mesmo tentando se tratar, as alucinações de Curtis começam a interferir no seu
casamento, no emprego e nas amizades, principalmente após ele decidir restaurar
um abrigo subterrâneo em sua propriedade.
Este elogiado drama é um sensível
retrato de como as pessoas que agem de forma diferente do chamado senso
comum são discriminadas e principalmente como a maioria das pessoas
reagem na convivência com alguém que aparentemente demonstra ter algum distúrbio.
O grande destaque é a interpretação de Michael Shannon, ator que por sua
aparência geralmente é escalado para papéis de sujeitos duros, aqui tem a
oportunidade de confirmar seu talento num papel difícil, de alguém que
sofre por estar passando por algo que nem ele mesmo entende. Shannon divide a
tela aqui com Shea Whigham, com quem também trabalha na série “Boardwalk Empire”,
onde interpreta um atormentado agente do governo americano durante a Lei
Seca. Vale destacar também a sensível atuação de Jessica Chastain (“A Hora Mais
Escura”), como a esposa que tenta entender a situação do marido.
O resultado é
um interessante drama que apresenta ainda uma surpreendente cena final,
daquelas que deixam o espectador pensando por um bom tempo.
O Abrigo (The Divide, EUA / Alemanha / Canadá, 2011) – Nota
7
Direção – Xavier Gens
Elenco –
Lauren German, Michael Biehn, Milo Ventimiglia, Courtney B. Vance, Ashton
Holmes, Rosanna Arquette, Ivan Gonzalez, Michael Eklund, Abby Thickson,
Jennifer Blanc.
Durante um ataque nuclear, um grupo de moradores de um edifício
se esconde numa espécie de bunker no subsolo do local. O bunker foi construído
pelo zelador Mickey (Michael Biehn), um sujeito duro que se coloca com líder do
grupo e decide organizar a distribuição de alimentos e água.
O heterogêneo
grupo que contém nove adultos e uma criança presos dentro do local, não demora para criar pequenos conflitos que se transformam em loucura quando o
abrigo é invadido por soldados que sequestram a criança. Dois soldados são
mortos, porém os demais que conseguem fugir soldam a porta, dando início a um
terrível desespero entre os sobreviventes.
Violento, sujo e degradante são
alguns dos adjetivos que podem ser utilizados para descrever este longa do
francês Xavier Gens (“Hitmam – Assassino 47”), que durante o desenrolar da trama mostra tudo de ruim que o ser humano é
capaz de fazer em um momento de desespero.
O clima da primeira parte lembra os
trabalhos de John Carpenter ao misturar tensão e claustrofobia, já a parte
final é uma verdadeira viagem ao inferno.
Sem grandes desempenhos, vale destacar
apenas a veterana Rosanna Arquette num papel difícil, com cenas fortes que
poucas atrizes aceitariam fazer.
5 comentários:
Aliás, quando os diretores franceses querem fazer um filme de imagem degradante eles conseguem melhor do que ninguém. São meio especialistas nisso, né?
Gosto muito do O Abrigo do Jeff Nichols. Esse outro, não conhecia. Valeu pela dica!
Bússola - Os franceses são mais liberais e tem menos pudor do que os americanos.
Celo - São filmes bem diferentes e de boa qualidade.
Abraço
O Abrigo do Jeff Nichols é um filme que cativa a atenção, mas acho que fui vítima das minhas próprias expectativas. Pensei que fosse ser um filme de grande poder e revelação, mas não foi. Ainda assim, dá pra sentir que o diretor tem futuro.
Gustavo - Muitas pessoas esperavam algo mais grandioso e se surpreenderam com o filme.
Abraço
Postar um comentário