Águas Profundas

 

Águas Profundas (Deep Water, EUA / Austrália, 2022) – Nota 5,5
Direção – Adrian Lyne
Elenco – Ben Affleck, Ana de Armas, Tracy Letts, Finn Wittrock, Grace Jenkins, Lil Rel Howery, Dash Mihok, Kristen Connolly, Jacob Elordi, Brendan Miller.

O casal Vic (Ben Affleck) e Melinda (Ana de Armas) vive com a filha pequena em uma cidade suburbana, porém a aparente família perfeita sofre com os affairs dela e com a apatia dele que aceita a situação para manter o casamento. A mistura de amor, ódio, ciúme e desprezo os leva a uma situação ainda mais complicada quando um amante de Melinda desaparece. 

A carreira do diretor inglês Adrian Lyne é longa em relação ao tempo, porém pequena na quantidade de filmes e marcada por tramas em que sexo, traição, dinheiro e poder são os temas explorados. Seu único trabalho que foge disso é o quase surreal “Alucinações do Passado” e para muitos considerado seu melhor filme. 

Este “Águas Profundas” tem uma narrativa arrastada que parece um clip erótico que melhora apenas na meia-hora final quando ocorrem algumas sequências mais tensas. Fica difícil ter empatia pelos personagens, o casal, os amantes da esposa e o inimigo do protagonista vivido por Tracy Letts são figuras desagradáveis. O resultado lembra um daqueles soft porn dos anos noventa.

Guerra Oculta

 

Guerra Oculta (Black Site, EUA, 2022) – Nota 5
Direção – Sophia Banks
Elenco – Jason Clarke, Michelle Monaghan, Jai Courtney, Pallavi Sharda, Phoenix Raei, Fayssal Bazzi, Uli Latukefu, Logan Huffman, Todd Lasance, Simon Elrahi.

Um atentado em Ankara na Turquia mata centenas de pessoas, entre elas o marido e a filha da analista da CIA Abby Trent (Michelle Monaghan). Um ano depois, ela trabalha em uma prisão secreta no deserto da Jordânia. Quando o assassino conhecido como Hatchet (Jason Clarke), que é o suspeito principal do atentado termina preso e é levado para o local, Abby vê a chance descobrir a verdade. 

Este longa de ação tem uma premissa interessante para o gênero e uma produção caprichada com várias sequências de ação. O grande problema é o desenvolvimento da história totalmente sem sentido, com péssimas decisões dos personagens e um final absurdo que ainda deixa uma gancho para uma sequência.

Chuck Norris Contra o Comunismo

 

Chuck Norris Contra o Comunismo (Chuck Norris vs. Communism, Inglaterra / Romênia / EUA, 2015) – Nota 7,5
Direção – Ilinca Calugareanu
Documentário

Na metade dos anos oitenta, o povo da Romênia sofria com o regime comunista liderado pelo ditador Nicolae Ceausescu. Livros, filmes, músicas e todo tipo de conteúdo ligado ao mundo ocidental era proibido e considerado subversivo. Quando explodiu no ocidente o mercado de filmes em VHS, o videocassete se tornou desejo dos romenos, com o produto sendo contrabandeado de outros países da Europa. 

Neste contexto, um sujeito contrata uma tradutora do governo para trabalhar nas horas vagas dublando filmes americanos de fitas que ele conseguia trazer ao país de forma clandestina. É o início de um negócio lucrativo que durou até a queda do regime em 1989 e ajudou o povo romeno a conhecer um pouco da vida fora do país. 

O título do documentário faz paralelo com o astro Chuck Norris, que como vários outros protagonizou filmes de ação em que os vilões eram comunistas, aqui tendo como exemplo em algumas sequências as pessoas comentando sobre “Braddock – O Super Comando”. 

O documentário é mais uma obra que mostra como eram absurdos os regimes comunistas que dominaram diversos países pelo mundo entre os anos sessenta e noventa.

Atirador de Elite & Blackjack

 

Atirador de Elite (Silent Trigger, EUA / Inglaterra, 1996) – Nota 5,5
Direção – Russell Mulcahy
Elenco – Dolph Lundgren, Gina Bellman, Christopher Heyerdahl, Conrad Dunn.

Um assassino de uma agência secreta do governo americano (Dolph Lundgren) desiste de terminar um “serviço” e se torna alvo do empregador, sendo obrigado a fugir com sua parceira de trabalho (Gina Bellman). Algum tempo depois os dois se reencontram para uma nova missão em meio a um clima de desconfiança. 

O diretor australiano Russell Mulchay do ótimo “Highlander – O Guerreiro Imortal” já estava em uma fase decadente da carreira quando comandou este longa que tem até um clima legal de suspense e boas sequencias de ação, mas que se perde em meio a um roteiro terrível repleto de furos e personagens bizarros como o segurança maníaco vivido por Christopher Heyerdahl.

Blackjack (Blackjack, Canadá / EUA, 1998) – Nota 5
Direção – John Woo
Elenco – Dolph Lundgren, Kate Vernon, Philip MacKenzie, Kam Heskin, Fred Williamson, Andrew Jackson, Saul Rubinek.

Jack Devlin (Dolph Lundgren) é um guarda-costas que no passado trabalhou como U.S. Marshall. Ao ser procurado por um antigo amigo para ajudar a manter a segurança de um cassino e posteriormente para um trabalho de proteger uma jovem modelo, Jack se envolve num jogo de gato e rato com um psicopata. 

Muito provavelmente por uma questão contratual, o diretor John Woo ao ir para Hollywood e comandar ótimos filmes de ação como “O Alvo”, “A Última Ameaça” e “A Outra Face” foi obrigado também a dirigir dois longas para a TV, sendo o razoável “ Missão Secreta” e este fraco “Blackjack”. 

O roteiro é uma bagunça que mistura dramalhão, suspense B, piadas bobas e sequências de ação que parecem comandadas por um diretor qualquer. Foi uma grande bola fora na carreira de John Woo.

Depois do Atentado

 

Depois do Atentado (The Day Reagan Was Shot, EUA, 2001) – Nota 6,5
Direção – Cyrus Nowrasteh
Elenco – Richard Dreyfuss, Richard Crenna, Yannick Bisson, Colm Feore, Michael Murphy, Kenneth Welsh, Holland Taylor.

Em 30 de março de 1981, pouco tempo após Ronald Reagan (Richard Crenna) tomar posse como presidente americano, ele é alvejado por um maluco que desejava impressionar a atriz Jodie Foster. 

Enquanto Reagan estava à beira da morte na sala de cirurgia, os integrantes do alto escalão do governo tomavam atitudes desastradas tendo como personagem principal o Secretário de Estado Alexander Haig (Richard Dreyfuss). 

Este longa produzido para a TV por Oliver Stone claramente amplifica os erros dos personagens os transformando em clichês que beiram uma comédia patética em alguns momentos. 

Este viés ideológico estraga um pouco da importância da história, que realmente deveria ser detalhada de forma crítica, porém com maior seriedade. Os bastidores da briga de egos entre secretários, conselheiros e militares tinha tudo para render um filme melhor.

Pinball: O Homem que Salvou o Jogo

 

Pinball: O Homem que Salvou o Jogo (Pinball: The Man Who Saved the Game, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Austin Bragg & Meredith Bragg
Elenco – Mike Feist, Crystal Reed, Dennis Bousikaris, Christopher Convery, Connor Ratliff, Mike Doyle, Bryan Bratt.

Em 1976, o jovem Roger Sharpe (Mike Feist) escreveu uma matéria para a revista onde trabalhava detalhando a indústria das máquinas de fliperama (Pinball) que eram proibidas em Nova York. O artigo levou os empresários do ramo a reverter a proibição com a ajuda do testemunho do próprio Sharpe. 

Esta obra é um filme dentro de um falso documentário sobre uma história real, algo estranho e ao mesmo tempo bastante criativo. O filme é narrado nos dias atuais por Sharpe (Dennis Boutsikaris) que conta sua história no falso documentário e também interage com o espectador explicando as sequências nos anos setenta que detalham como nasceu sua ligação com as máquinas de Pinball e o início de sua relação com a futura esposa Ellen (Cyrstal Reed) e o enteado Seth (Christopher Convery). 

A narrativa sóbria de Boutsikaris e as atuações simpáticas de Mike Feist e Crystal Reed, além da fluidez da narrativa e da montagem resultam em um filme divertido.

Quem é Morto Sempre Aparece

 

Quem é Morto Sempre Aparece (The Big White, Alemanha / Canadá / Nova Zelândia / EUA, 2005) – Nota 6,5
Direção – Mark Mylod
Elenco – Robin Williams, Giovanni Ribisi, Holly Hunter, Woody Harrelson, Tim Blake Nelson, W. Earl Brown, Alison Lohman, Frank Adamson.

Paul Barnell (Robin Williams) é o dono de um falida agência de viagens em uma cidade do Alasca. Tentando aproveitar a situação do irmão que desapareceu há cinco anos, Paul tenta receber um seguro de vida sem sucesso. 

O destino coloca em seu caminho dois malucos (Tim Blake Nelson e W. Earl Brown) que esconderam um cadáver na lata de lixo ao lado de seu escritório. Paul decide usar o cadáver como sendo seu irmão, porém o golpe chama a atenção do investigador de seguros Ted Waters (Govanni Ribisi). 

Esta comédia de humor negro claramente bebe na fonte do ótimo “Fargo”, tanto na trama absurda cheia de reviravoltas, como nos personagens peculiares e desonestos. O roteiro e os diálogos são inferiores, porém mesmo assim o filme tem alguns bons momentos com bastante violência e sangue. 

Além dos personagens citados, destaque para Holly Hunter como a esposa do protagonista que sofre com a Síndrome de Tourette e o violento maluco interpretado por Woody Harrelson.

Acontece nas Melhores Famílias & Esta é Minha Chance

 

Acontece nas Melhores Famílias (It Runs in the Family, EUA, 2003) – Nota 6,5
Direção – Fred Schepisi
Elenco – Michael Douglas, Kirk Douglas, Bernadette Peters, Rory Culkin, Cameron Douglas, Diana Douglas, Michelle Monaghan, Geoffrey Arend, Sarita Choudhury, Josh Pais.

Michael Gromberg (Michael Douglas) é um advogado de um escritório que foi aberto décadas atrás por seu pai Mitchell (Kirk Douglas) que é casado com Evelyn (Diana Douglas). Michael é casado com Rebecca (Bernadette Peters) com quem tem o filho Asher (Cameron Douglas) que está na universidade e o pré-adolescente Eli (Rory Culkin). 

Esta mistura de drama e comédia é uma reunião da família Douglas que muito provavelmente inseriu no roteiro problemas reais que enfrentaram. O filme tem algumas boas sequências como o ritual do barco e outras simbólicas sobre a vida, como Kirk Douglas na pista de corrida sendo ultrapassado pelos jovens. 

O filme perde alguns pontos pelo final que deixa algumas pontas soltas e que também é um pouco exagerado ao explorar três dramas na mesma noite. Vale citar que Kirk Douglas tinha sofrido um AVC pouco tempo antes, estava com oitenta e sete anos na época e viveu ainda até os cento e três, falecendo em 2020.

Esta é Minha Chance (It’s My Turn, EUA, 1980) – Nota 6
Direção – Claudia Weill
Elenco – Jill Clayburgh, Michael Douglas, Charles Grodin, Beverly Garland, Steven Hill, Dianne Wiest, Daniel Stern, Charles Kimbrough.

A professora de matemática Kate (Jill Clayburgh) vive em Chicago com o namorado Homer (Charles Grodin). Ao viajar a Nova York para o casamento de seu pai (Steven Hill), ela termina se envolvendo com Ben (Michael Douglas), que é filho de sua nova madrasta (Beverly Garland) e precisará decidir o que fazer da vida,. 

Este drama romântico explora o tema da mulher liberal que tanto foi utilizado em longas do gênero nos anos setenta e oitenta. O desenvolvimento da trama é bastante previsível, com os altos e baixos normais das relações neste tipo de história. É um filme que hoje vale apenas pelo bom elenco, já que dezenas de histórias semelhantes foram filmadas nos últimos quarenta anos.

El Suplente

 

El Suplente (El Suplente, Argentina / Espanha / México / Itália / França / Suíça / Inglaterra, 2022) – Nota 7
Direção – Diego Lerman
Elenco – Juan Minujin, Alfredo Castro, Bárbara Lennie, Renata Lerman, Rita Cortese, Maria Merlino.

Após perder uma vaga para ser professor em uma universidade em Buenos Aires, Lucio (Juan Minujin) aceita a proposta para lecionar em uma escola pública na região de Isla Maciel, local onde seu pai (Alfredo Castro) trabalhou por anos. Aos poucos Lucio cria uma ligação com seus alunos, ao mesmo tempo em que cresce a tensão na escola quando a polícia encontra drogas no local. 

Este drama explora as dificuldades dos professores que lecionam nas periferias das grandes cidades e que também precisam lidar com os problemas de sua vida pessoal, aqui com o protagonista tendo dificuldades com sua filha pré-adolescente de seu casamento que terminou. 

O filme mostra também um pouco da pobreza que cresceu muito na Argentina, criando regiões perigosas onde o tráfico, o assistencialismo e a violência tomaram conta da situação.

Luther: O Cair da Noite

 

Luther: O Cair da Noite (Luther: The Fallen Sun, Inglaterra / EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Jamie Payne
Elenco – Idris Elba, Cynthia Erivo, Andy Serkis, Dermot Crawley, Thomas Coombes, Hattie Morahan, Vincent Regan, Lauryn Ajufo.

Após ser preso e condenado por agir fora da lei durante suas investigações, o detetive John Luther (Idris Elba) é procurado pela mãe de uma pessoa desaparecida a quem ele prometeu resolver o caso. Marcado para morrer pelos criminosos do presídio, Luther não tem nada a perder e assim arma um plano para fugir com o objetivo de retomar a investigação do caso pendente. 

Este violento longa policial com certeza será melhor apreciado por quem acompanhou a série inglesa “Luther” que teve cinco temporadas e terminou com a prisão do protagonista. O caráter e as atitudes do protagonista que não mede esforços e nem sempre segue a lei nas busca pelos criminosos era o ponto alto da série. 

Apesar de algumas situações forçadas, o filme tem um clima sinistro muito por causa da trilha sonora e pelo psicopata detalhista vivido por Andy Serkis. O roteiro ainda deixa um gancho para a uma possível sequência.

Três Mulheres, Três Amores, Lado a Lado com o Amor & Amor aos Pedaços

 

Três Mulheres, Três Amores (Mystic Pizza, EUA, 1988) – Nota 6,5
Direção – Donald Petrie
Elenco – Annabeth Gish, Julia Roberts, Lili Taylor, Vincent D’Onofrio, William R. Moses, Adam Storke, Conchata Ferrell.

Kat (Annabeth Gish), sua irmã Daisy (Julia Roberts) e a amiga Jojo (Lily Taylor) trabalham em uma pizzaria em Connecticut, dividindo sonhos, frustações e desafios de suas relações amorosas. 

Este simpático drama sobre jovens em busca de um caminho na vida ficou conhecido apenas dois anos depois do lançamento quando a comédia romântica “Uma Linda Mulher” fez grande sucesso transformando a então desconhecida Julia Roberts em estrela. Este “Três Mulheres, Três Amores” foi relançado no mercado de vídeo e lucrou na cola da fama da atriz.

Lado a Lado com o Amor (If Lucy Fell, EUA, 1996) – Nota 5,5
Direção – Eric Schaeffer
Elenco – Eric Schaeffer, Sarah Jessica Parker, Elle McPherson, Ben Stiller, James Rebhorn, Robert John Burke, David Thornton, Bill Sage, Dominic Chianese, Scarlett Johansson.

Joe (Eric Schaeffer) e Lucy (Sarah Jessica Parker) dividem um apartamento no Brooklyn em Nova York e decidem que ficarão juntos se não encontrarem parceiros até completarem trinta anos de idade, sendo que falta apenas um mês para o aniversário. Enquanto buscam parceiros, aos poucos percebem que o amor pode estar mais perto do que imaginam. 

Escrita, dirigida e protagonizada por Eric Schaeffer, este longa explora todos os clichês das comédias românticas sem surpresa alguma. Além da clássica locação em Nova York, o destaque fica para o elenco com participações de rostos conhecidos como Ben Stiller, da então supermodelo Elle McPherson e uma ainda pré-adolescente Scarlett Johansson.

Amor aos Pedaços (Love & Sex, EUA / Canadá, 2000) – Nota 6
Direção – Valerie Breiman
Elenco – Famke Janssen, Jon Favreau, Noah Emmerich, Ann Magnuson, Cheri Oteri, Josh Hopkins, Robert Knepper, Vincent Ventresca.

Após escrever uma matéria sobre suas experiências com sexo oral, a jornalista Kate (Famke Janssen) é demitida da revista feminina em que trabalha. Para tentar recuperar a carreira, ela decide escrever sobre o amor verdadeiro, algo que não acredita até encontrar o romântico Adam (Jon Favreau). 

Esta comédia romântica picante segue o estilo que se tornou comum nas últimas duas décadas ao colocar a mulher com um vida sexual liberal e o homem como o sensível que busca um relacionamento perfeito. O filme até funciona, tem alguns bons diálogos e um resultado bastante previsível.

Viver

 

Viver (Living, Inglaterra / Japão / Suécia, 2022) – Nota 7,5
Direção – Oliver Hermanus
Elenco – Bill Nighy, Aimee Lou Wood, Alex Sharp, Adrian Rawlins.

Após descobrir que está com uma doença terminal, o viúvo Williams (Bill Nighy) decide aproveitar melhor seus últimos meses de vida. Trabalhando como burocrata na prefeitura de Londres, ele percebe como sua vida se tornou monótona e sem sentido. 

Este sensível drama é uma versão do clássico “Ikiru” de Akira Kurosawa. Mesmo com menor duração, esta nova versão acerta no tom e nas situações ao mostrar como a vida é um sopro que muitas vezes termina sem que a pessoa tenha vivido o que sonhou. 

É interessante que a lição que roteiro cria e que é deixada pelo protagonista para as pessoas ao seu redor tem efeito em um primeiro momento, mas depois se dissipa na apatia e no comodismo da maioria das pessoas. 

A atuação sóbria de Bill Nighy é outro destaque. O veterano ator inglês de fala pausada e gestos comedidos está perfeito no papel do sujeito correto, gentil e apático, que descobre uma nova versão de si mesmo somente quando está próximo da própria morte.

Roubo Pelos Ares

 

Roubo Pelos Ares (Chor Nikal Ke Bhaga, Índia, 2023) – Nota 7,5
Direção – Ajay Singh
Elenco – Yami Gautam, Sunny Kaushal, Sharad Kelkar, Indraneil Sengupta, Barun Chanda, Krunal Pandit.

Durante um voo, o empresário Ankit (Sunny Kaushal) se aproxima da bela comissária de bordo Neha (Yami Gautam) e logo os dois se apaixonam. Tudo se complica quando Neha descobre que Ankit perdeu uma fortuna em diamantes e está sendo pressionado para pagar a dívida. A opção é roubar outros diamantes que serão transportados de forma ilegal em um voo comercial. 

O grande acerto deste longa indiano que explora o tema clássico dos grandes roubos são as várias reviravoltas no roteiro. Os dez minutos iniciais lembram uma comédia romântica, a meia-hora seguinte um drama pela sobrevivência para na hora final o espectador ser fisgado pelas várias surpresas. 

Nem tudo se encaixa perfeitamente, algumas soluções parecem fáceis demais, porém isso não atrapalha a diversão para quem gosta do gênero.

Creed III

 

Creed III (Creed III, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Michael B. Jordan
Elenco – Michael B. Jordan, Tessa Thompson, Jonathan Majors, Wood Harris, Phylicia Rashad, Mila Davis Kent, Jose Benavides, Selenis Leyva, Florian Munteanu.

Três anos após encerrar a carreira, Adonis Creed (Michael B. Jordan) é procurado pelo antigo amigo da adolescência Damian Anderson (Jonathan Majors), que ficou preso durante dezoito anos e que deseja retomar a carreira de boxeador. Acreditando ter uma dívida por causa de um fato do passado, Adonis aceita ajudar o sujeito, mesmo tendo dúvidas se está fazendo o correto. 

Este terceiro longa da franquia em que Michael B. Jordan não tem mais a parceria de Stallone na frente das telas resulta em uma obra previsível. Mesmo com a boa produção e as competentes sequências de lutas, a trama é requentada utilizando pedaços de situações que vimos lá atrás na franquia “Rocky”. 

O que deixa ainda pior é que acontece muita coisa rapidamente, são mudanças grandes que parecem se resolver de forma rasa, pulando de fato em fato apenas para amarrar a trama. O filme anterior já demonstrava que a franquia teria pouca chance de apresentar algo novo, o que se confirmou aqui.

Crack - Conexão da Morte, Azul Como o Inferno & Visionário

Crack – Conexão da Morte (Zabou, Alemanha Ocidental, 1987) – Nota 6
Direção – Hajo Gies
Elenco – Gotz George, Claudia Messner, Eberhard Feik, Hannes Jaenicke.

O comissário de polícia Schimanski (Gotz George) nem sempre segue a lei para enfrentar os criminosos. Seu jeito que beira a marginalidade o leva a entrar em conflito com uma quadrilha de traficantes que domina um clube noturno. 

Este longa policial com boas sequências de ação aproveita o personagem do comissário Schimanski que participou da série de tv alemã Tatort que foi sucesso nos anos setenta e oitenta. O filme também fez bastante sucesso no mercado do vhs, tanto por causa das sequências de ação, quanto pelo título que fazia alusão a terrível droga crack que surgiu na época.

Azul Como o Inferno (Bleu Comme L'enfer, França, 1986) – Nota 5
Direção – Yves Boisset
Elenco – Lambert Wilson, Tcheky Karyo, Myriem Roussel, Agnes Soral.

Durante o verão europeu, um criminoso (Lambert Wilson) foge com a esposa (Myriem Roussel) de um violento policial (Tcheky Karyo) que inicia uma perseguição em busca de vingança. 

Este longa policial explora um triângulo amoroso cheio de clichês com sequências de ação ao estilo do cinema francês dos anos oitenta, que ficava entre a correria dos filmes americanos e o existencialismo das obras francesas. O único destaque é a dupla Lambert Wilson e Tcheky Karyo.

Visionário (Babyraub – Kinder Fremder Mächte, Alemanha / EUA, 1998) – Nota 5,5
Direção – Elodie Keene
Elenco – Jeffrey Meek, Nina Franoszek, Matthias Habich, Patricia Millardet.

O parapsicólogo Philip (Jeffrey Meek) perde a esposa e também sua memória em um acidente de carro. Ao acordar, ele lembra somente de um colega de profissão (Matthias Habbich) que a princípio o ajudará a retomar a vida, porém outro fato inesperado o leva a uma complexa trama onde nada é o que parece. 

Este suspense tem uma premissa bastante interessante, porém com um roteiro que passa do ponto na complexidade se tornando confuso, resultando em soluções exageradas.

O Exorcista do Papa

 

O Exorcista do Papa (The Pope's Exorcist, EUA / Inglaterra / EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Julius Avery
Elenco – Russell Crowe, Daniel Zovatto, Alex Essoe, Franco Nero, Peter DeSouza Feighoney, Laurel Marsden, Cornell John, Ryan O’Grady, Bianca Bardoe.

Em 1987, o padre Gabriele Amorth (Russell Crowe) é o responsável do Vaticano para investigar casos de possessão. Ele é enviado para San Sebastian na Espanha, onde um garoto americano (Peter DeSouza Feighoney) que vive em uma velha abadia que está sendo restaurada com a mãe (Alex Essoe) e a irmã (Laurel Marsden) demonstra sinais de estar possuído. O padre enfrentará talvez o maior desafio de sua carreira como exorcista e também de sua vida. 

Este longa coloca como protagonista o personagem real do padre que foi o exorcista oficial do Vaticano por trinta anos, até sua morte em 2016. O padre escreveu livros detalhando os inúmeros casos que investigou, sendo que um deles foi utilizado como inspiração para este longa. 

O filme mesmo é uma ficção que explora bastante a tensão e a violência criando sequências claramente copiadas do clássico “O Exorcista” e outras de “A Hora do Pesadelo”. Para quem gosta do gênero, o filme funciona bem mesmo longe de ser original.

O Mensageiro

 

O Mensageiro (Kuryer, União Soviética, 1986) – Nota 7,5
Direção – Karen Shakhnazarov
Elenco – Fyodor Dunayevsky, Anastasiya Nemolyaeva, Oleg Basilashvili, Inna Churikova, Svetlana Kryuchkova, Aleksandr Pankratov-Chyornyy.

Ivan (Fyodor Dunayevsky) é um jovem de dezessete anos extremamente inteligente, porém sem motivação para entrar na universidade. Ele termina conseguindo um emprego como mensageiro em um órgão público em Moscou. O serviço o leva a conhecer um escritor (Oleg Basilashvili) e sua filha Katya (Anastasiya Nemolyaeva), com quem nasce o desejo de uma relação mais profunda. 

O ótimo diretor e roteirista Karen Shakhnazarov é especialista em retratar a sociedade russa. Neste caso sua percepção o levava a mostrar as mudanças que ocorriam com a juventude que pensava em um país diferente, ao mesmo tempo que o regime político comunista já demonstrava a decadência. 

Este conteúdo ganha força pelos ótimos diálogos, principalmente as falas do protagonista misturando críticas e piadas. O desenrolar da história também leva o jovem a uma jornada de amadurecimento.

Gosnell: O Julgamento do Maior Assassino em Série da América

 

Gosnell: O Julgamento do Maior Assassino em Série da América (Gosnell: The Trial of America's Biggest Serial Killer, EUA, 2018) – Nota 6,5
Direção – Nick Searcy
Elenco – Dean Cain, Sarah Jane Morris, Earl Billings, Nick Searcy, Michael Beach, Janine Turner.

Filadélfia, 2010. Uma investigação de venda de receitas médicas falsas leva a polícia até uma clínica de aborto comandada pelo dr. Kermit Gosnell (Earl Billings). Os policiais encontram um local em péssimas condições sanitárias e um número elevado de restos de fetos humanos. É o início da luta de um detetive (Dean Cain) e de uma promotora (Sarah Jane Morris) para provar que o médico é na verdade um criminoso. 

Baseado em um terrível fato real, este longa apesar de ter uma narrativa simples descreve com detalhes os absurdos cometidos pelo dr. Gosnell. O filme assusta por mostrar a fundo como é feito um aborto, quais materiais são utilizados e principalmente a total falta de empatia demonstrada pelos envolvidos. 

Destaque para a assustadora atuação de Earl Billings, que em boa parte do filme mostra um sinistro sorriso em meio a um ar de superioridade.

Mulheres Entre o Céu e o Inferno, Até as Vaqueiras Ficam Tristes, Crônica de um Amor Louco & Sibéria

 

Mulheres Entre o Céu e o Inferno (Ladies Room, Canadá / Inglaterra, 1999) – Nota 4
Direção – Gabriella Cristiani
Elenco – Lorraine Bracco, Greta Scacchi, John Malkovich, Veronica Ferres, Molly Paker

Três atrizes (Lorraine Bracco, Veronica Ferres e Molly Parker) parecem se preparar para uma peça de teatro em um banheiro que lembra o purgatório ou algo semelhante. Elas assistem por uma tv cenas de suas próprias vidas, principalmente seus relacionamentos com amantes. Este longa é uma daquelas viagens bizarras em que a diretora e as roteiristas imaginavam criar diálogos existenciais profundos, quando na verdade entregam um filme extremamente pretensioso e chato que não vai a lugar algum.

Até as Vaqueiras Ficam Tristes (Even Cowgirls Get the Blues, EUA, 1994) – Nota 3
Direção – Gus Van Sant Jr
Elenco – Uma Thurman, Rain Phoenix, John Hurt, Pat Morita, Lorraine Bracco, Angie Dickinson, Keanu Reeves, Sean Young, Crispin Glover, Ed Begley Jr., Carol Kane, Buck Henry, Grace Zabriskie.

Desde a adolescência a jovem Sissy (Uma Thurman) viaja de carona pelos EUA usando seu enorme polegar para chamar a atenção dos motoristas. Ao ser descoberta por uma agente de modelos, ela é contratada para filmar uma comercial em uma fazenda na Califórnia, local onde faz amizade com algumas vaqueiras e inicia uma revolta contra o patrão. Este é com certeza é um dos piores filme que vi, com uma trama absurda e sequências vergonhosas. Um péssimo trabalho do diretor Gus Van Sant Jr.

Crônica de um Amor Louco (Storie di Ordinaria Follia, Itália / França, 1982) – Nota 5
Direção – Marco Ferreri
Elenco – Ben Gazzara, Ornella Muti, Susan Tyrrell, Tanya Lopert.

Após a leitura de seu livro de poesias em um evento, o escritor beberrão Charles Serking (Ben Gazzara) se envolve com uma fã e decide seguir com ela para Los Angeles. Rapidamente Serking entra em uma espiral de bebedeiras e sexo com prostitutas, até encontrar uma mulher (Ornella Muti) por quem se apaixona. O diretor e roteirista Marco Ferreri se baseou na obra do escritor marginal Charles Bukowski para criar este desagradável longa de exageros e autodestruição, mesmo sendo considerado cult por muitos críticos. Destaque para a atuação visceral de Ben Gazzara.

Sibéria (Siberia, Holanda, 1998) – Nota 5,5
Direção – Robert Jan Westdijk
Elenco – Hugo Metsers, Roeland Fernhout, Vlatka Simac, Nicole Eggert, Johnny Lion.

Em Amsterdam na Holanda, dois amigos (Hugo Metsers e Roeland Fernhout) moram juntos em um apartamento e sobrevivem de golpes em turistas que procuram sexo. Ao conheceram uma jovem que veio da Sibéria (Vlatka Simac), um deles se apaixona dando início a um conflito entre os amigos. O roteiro que mistura sexo e drama policial perde pontos pela lentidão da narrativa e o próprio desenvolvimento da trama que deixa bastante a desejar.

65 - Ameaça Pré-Histórica

 

65 – Ameaça Pré-Histórica (65, EUA / Canadá, 2023) – Nota 6
Direção – Scott Beck & Bryan Woods
Elenco – Adam Driver, Ariana Greenblatt, Chloe Coleman, Nika King.

Mills (Adam Driver) é o piloto de uma nave de colonizadores de um planeta distante que ao ser avariada por uma chuva de meteoros cai na Terra na era pré-histórica. Junto com ele sobrevive somente uma garota (Ariana Greenblatt) que fala outra língua. Para tentar voltar ao seu planeta, Mills precisa atravessar uma floresta repleta de animais vorazes para chegar até a parte de sua nave que ficou intacta. 

Esta mistura de terror e ficção produzida por Sam Raimi acerta nas ótimas sequências de ação e peca pela história repleta de clichês que leva a um final piegas. Se deixar de lado esta parte dramática, o espectador que gosta do gênero vai curtir as sequências agitadas e os ataques dos animais pré-históricas. 

Uma sacada legal é transformar a Terra em um planeta alienígena, com os personagens de outro planeta sendo as pessoas normais.

Armageddon Time

 

Armageddon Time (Armageddon Time, EUA / Brasil, 2022) – Nota 6
Direção – James Gray
Elenco – Anne Hathaway, Jeremy Strrong, Banks Repeta, Jaylin Webb, Anthony Hopkins, Ryan Sell, Andrew Polk, Tovah Felshuh, John Diehl, Jessica Chastain, Domenick Lombardozzi.

Queens, Nova York, 1980. Paul Graff (Banks Repeta) é um garoto de doze anos que tenta levar uma vida normal com sua família de origem judaica, porém enfrenta situações complicadas por não seguir o que seu pai (Jeremy Strong) e sua mãe (Anne Hathaway) desejam. Seu relacionamento mais forte é com o avó (Anthony Hopkins), o único que consegue influenciar suas decisões. 

Este longa é baseado nas memórias do diretor James Gray, que se por um lado explora com sensibilidade a amizade do garoto com o avó, por outro se perde na tentativa de abordar o preconceito e na ideia de demonizar o então quase presidente Ronald Reagan, soltando farpas até mesmo para Donald Trump que na época nem pensava em se tornar político. 

A narrativa e o formato parecem mais de uma história dos anos cinquenta no interior dos EUA, do que um trama familiar urbana na Nova York dos anos oitenta.

Na Solidão da Noite

 

Na Solidão da Noite (Dead of Night, Inglaterra, 1945) – Nota 7
Direção – Alberto Cavalcanti, Charles Crichton, Basil Dearden e Robert Hamer
Elenco – Mervyn Johns, Michael Redgrave, Roland Culver, Mary Merrall, Googie Withers, Frederick Valk.

Walter Craig (Mervyn Johns) é um arquiteto que ao chegar em uma casa de campo tipicamente inglesa para analisar um possível serviço, encontra algumas pessoas que estão passando o final de semana e que ele reconhece como personagens habituais de seus sonhos. Desacreditado a princípio, aos poucos os convidados decidem contar histórias pessoais tão absurdas quanto o sonho do protagonista. 

Esta mistura de drama, suspense e terror foi comandada por quatro diretores, com cada um deles responsável por uma das pequenas histórias que convergem para as sequências no casarão. Das quatro histórias paralelas a mais interessante é a do ventríloquo interpretado por Michael Readgreve, irmão das atriz Vanessa e do ator Corin Redgrave. 

Entre os diretores, destaque para o inglês Charles Crichton que fez carreira com filmes B até conseguir sucesso quase no final da vida com a ótima comédia “Um Peixe Chamado Wanda” em 1988 e para o brasileiro radicado na Europa Alberto Cavalcanti.

Sombras de um Crime

 

Sombras de um Crime (Marlowe, Irlanda / Espanha / França, 2022) – Nota 6,5
Direção – Neil Jordan
Elenco – Liam Neeson, Diane Kruger, Jessica Lange, Ian Hart, Colm Meaney, Adewale Akinnuoye Agbaje, Alan Cumming, Danny Huston, François Arnaud, Patrick Muldoon, Daniela Melchior.

Los Angeles, 1939. O detetive particular Philip Marlowe (Liam Neeson) é procurado pela bela Clare Cavendish (Diane Kruger) que deseja localizar o paradeiro de seu amante que desapareceu. Ao iniciar a investigação, Marlowe se envolve em uma complexa trama de mentiras e traições que escondem interesses de vários personagens. 

Apesar das críticas ruins, este longa policial explora com competência o estilo noir em que personagem algum é inocente utilizando a Hollywood dos anos trinta como pano de fundo. 

Além da dupla de protagonistas, temos a atriz veterana, decadente e manipuladora (Jessica Lange), os policiais malandros (Ian Hart e Colm Meaney), o gângster (Alan Cumming) e outros personagens típicos do gênero. 

O que faz perder alguns pontos é a falta de sequências noturnas, algo comum no gênero que aqui foi deixado de lado.

Crime na Rodovia Paraíso & Bilhete de Fuga

 

Crime na Rodovia Paraíso (Paradise Highway, Alemanha / EUA / Suíça, 2022) – Nota 5,5
Direção – Anna Gutto
Elenco – Juliette Binoche, Morgan Freeman, Frank Grillo, Hala Finley, Cameron Monaghan, Veronica Ferres.

Sally (Juliette Binoche) é uma motorista de caminhão que para salvar o irmão (Frank Grillo) que está preso, aceitar transportar mercadorias ilegais para uma quadrilha. Com o irmão prestes a ser libertado, Sally é obrigada a fazer um último contrabando, porém se assusta ao descobrir que a “mercadoria” é uma garota (Hala Finley). Ela termina por entrar em conflito com os criminosos. 

Esta mistura de drama e policial tem um roteiro totalmente previsível que aborda de forma rasa a questão do tráfico de pessoas. Por mais que Juliette Binoche seja uma ótima atriz, fica difícil acreditar nela como caminhoneira. 

A presença de Morgan Freeman como o consultor da polícia é mais decorativa do que efetiva. Por outro lado, o destaque fica para a atuação da garotinha Hala Finley, que deixa a impressão de ter potencial para fazer carreira. O resultado é um filme totalmente esquecível.

Bilhete de Fuga (One Way, EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Andrew Baird
Elenco – Colson Baker, Kevin Bacon, Storm Reid, Travis Fimmel, Drea de Matteo, Luis “Triks” da Silva, Meagan Holder, Rhys Coiro, Thomas Francis Murphy.

Após roubar drogas e dinheiro de sua chefe (Drea de Matteo), Freddy (Colson Baker) foge ferido e consegue entrar em um ônibus que segue para outra cidade. Enquanto seus parceiros são capturados pela quadrilha, Freddy decide pedir ajuda a mãe de sua filha (Meagan Holder) e ao seu pai canalha (Kevin Bacon) para tentar sobreviver. 

Esta produção B é um drama policial que tem uma boa premissa e uma escolha interessante de utilizar o ônibus como locação em quase noventa por cento das sequências, mas infelizmente tudo isso é desperdiçado em uma narrativa arrastada que perde muito nas alucinações do protagonista ferido. 

As interações com os coadjuvantes que entram no ônibus também deixam um pouco a desejar, assim como não funciona a bela Drea de Matteo como chefe mafiosa. As atuações de Colson Baker e de Kevin Bacon ajudam a salvar um pouco o longa.

Um Filho

 

Um Filho (The Son, Inglaterra / França, 2022) – Nota 7,5
Direção – Florian Zeller
Elenco – Hugh Jackman, Laura Dern, Zen McGrath, Vanessa Kirby, Anthony Hopkins, Hugh Quarshie.

Peter (Hugh Jackman) é um executivo casado com Beth (Vanessa Kirby) com quem acabou de ter um bebê. Quando sua ex-esposa Kate (Laura Dern) o procura pedindo ajuda para lidar com o filho adolescente deles, o complicado Nicholas (Zen McGrath), a vida de Peter vira de ponta cabeça. 

Este longa é baseado em um livro do roteirista e diretor Florian Zeller (do recente “Meu Pai”) que foca na questão da depressão e de suas consequências nos familiares. A história coloca a separação dos pais como o grande gatilho para o desequilíbrio do jovem. 

Em tempos atuais em que muitos pregam o fim da família tradicional, este longa vai no caminho contrário ao mostrar como estas mudanças radicais atingem os envolvidos, principalmente as crianças e os adolescentes, pior ainda quando estes tem uma sensibilidade aguçada. 

O sofrimento dos pais e o desespero do garoto são muito bem interpretados por Hugh Jackman, Laura Dern e o desconhecido Zen McGrath.

As Linhas Tortas de Deus

 

As Linhas Tortas de Deus (Los Renglones Torcidos de Dios, Espanha, 2022) – Nota 7
Direção – Oriol Paulo
Elenco – Bárbara Lennie, Eduard Fernandez. Loreto Mauleon, Javier Beltran, Pablo Derqui, Lluís Soler.

Alice (Bárbara Lennie) é uma investigadora que aceita se internar disfarçada em um hospital psiquiátrico para investigar um caso de assassinato ocorrido no local. 

O ótimo diretor e roteirista Oriol Paulo assina esta adaptação de um livro com uma trama extremamente complexa. São surpresas e reviravoltas em meio a diversos personagens, tempos diferentes e situações que não são o que parecem. 

Por mais que eu goste muito das obras do diretor e seus filmes anteriores sejam ótimos, aqui as duas horas e meia de duração cansam um pouco. Assim como também incomoda os personagens bizarros do hospital, que deixam a história ainda mais depressiva. É um bom filme, porém com uma temática que não me agrada.

Tetris

 

Tetris (Tetris, Inglaterra / EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Jon S. Baird
Elenco – Taron Egerton, Toby Jones, Nikita Efremov, Oleg Stefan, Roger Allam, Anthony Boyle, Rick Yune, Ayane Nagabuchi, Ben Miles, Togo Igawa, Sofya Lebedeva.

Em 1988, Henk Rogers (Taron Egerton) é o proprietário de uma pequena empresa de informática que descobre um novo jogo de videogame chamado Tetris. Percebendo o potencial do produto, Henk busca conseguir os direitos para comercialização do jogo, porém não imagina a complexa trama de mentiras e chantagens que terá de enfrentar após descobrir que o criador vive na União Soviética. 

O diretor Jon S. Baird entrega um divertido longa baseado em uma história real. Ele utiliza em várias sequências o estilo do jogo Tetris, inclusive criando níveis na narrativa para contar a história que parece de um filme de espionagem. 

O astuto protagonista que vivia em Tóquio passa por Londres, Boston e Moscou em uma verdadeira saga na busca pelos direitos do jogo. O roteiro utiliza personagens reais disputando uma verdadeira corrida pelo produto tendo de lidar com a burocracia e a corrupção do Estado Comunista Soviético. 

Mesmo com alguns sequências um pouco forçadas como a fuga até o aeroporto, o filme no geral é bastante agradável, os personagens são interessantes e a narrativa divertida.

O Destino de Haffmann & Uma História de Xadrez

 

O Destino de Haffmann (Adieu Monsieur Haffmann, França / Bélgica, 2021) – Nota 6,5
Direção – Fred Cavayé
Elenco – Daniel Auteuil, Gilles Lellouche, Sara Giraudeau, Nikolai Kinski, Mathile Bisson, Anne Coesens.

França, 1940. Com Paris invadida pelos nazistas, o comerciante de joias judeu Jospeh Haffmann (Daniel Auteuil) consegue fazer com que esposa e filhas saiam da cidade. Ele fica mais dois dias para oficializar a negociação de sua loja para seu empregado François Mercier (Gilles Lellouche), que ficaria responsável pelo local até o final da guerra. A fuga de Haffmann dá errado, ele volta para a casa e fica escondido no porão, enquanto François e sua esposa Blanche (Sara Giraudeau) mantém o segredo e continuam o negócio. 

Baseado em uma peça de teatro, este longa peca um pouco pela ritmo lento e as sequências que se alongam além do necessário. A relação complexa entre o casal de franceses e a forma como o protagonista Haffmann se envolve na vida dos dois é bastante incomum e dramática, até chegar a curiosa reviravolta no final. É um filme que com uns trinta minutos a menos seria bem mais interessante.

Uma História de Xadrez (Schachnovelle, Alemanha / Áustria, 2021) – Nota 6,5
Direção – Philipp Stolzl
Elenco – Oliver Masucci, Albrecht Schuch, Birgit Minichmayr, Samuel Finzi, Rolf Lassgard, Andreas Lust, Lukas Miko.

Viena, Áustria, 1938. Com o país prestes a ser invadido pelos nazistas, o advogado Josef Bartok (Oliver Masucci) reluta em fugir. Ele termina preso e pressionado para liberar informações sobre contas de seus clientes. Ao se recusar a cooperar, os nazistas o prendem em um quarto de hotel para deixá-lo isolado. A tortura psicológica é quebrada em parte quando Bartok encontra um livro sobre xadrez, que o faz mergulhar nas técnicas do jogo para tentar manter sua sanidade. 

Baseado em uma obra de Stefan Zweig, escritor austríaco que por muitos anos viveu no Brasil e morreu aqui, este longa é um pouco diferente em relação aos filmes sobre a Segunda Guerra. Não esperem cenas de ação, o ponto principal é a questão psicológica que transforma o alegre protagonista do início em um sujeito desequilibrado que busca uma fuga no xadrez. 

A produção caprichada e a atuação atormentada de Oliver Masucci são os destaques, mas mesmo assim é um filme que fica abaixo na comparação com outras obras do diretor Philipp Stolzl como “North Face” e “O Físico”.

Trama Diabólica ou Jogo Mortal

 

Trama Diabólica ou Jogo Mortal (Sleuth, Inglaterra / EUA, 1972) – Nota 7,5
Direção – Joseph L. Mankiewicz
Elenco – Laurence Olivier, Michael Caine.

Um escritor de tramas de mistério (Laurence Olivier) convida para visitar sua casa um cabeleireiro (Michael Caine) que é amante de sua esposa. Considerando ser superior, o escritor deseja utilizar a paixão do cabeleireiro por sua esposa para levar o sujeito a participar de um crime, dando início a um jogo de gato e rato em que os dois lados tentam tirar alguma vantagem. 

Este longa com estilo teatral consegue prender a atenção do espectador através do jogo de interesses entre os dois personagens interpretados de forma impecável por Laurence Olivier e Michael Caine. 

O longa teve um remake em 2007 sem a mesma qualidade com Michael Caine desta vez vivendo o escritor e com Jude Law interpretando o cabeleireiro.

Batem à Porta

 

Batem à Porta (Knock at the Cabin, EUA / Japão / China, 2023) – Nota 7
Direção – M. Night Shyamalan
Elenco – Dave Bautista, Jonathan Groff, Ben Aldridge, Nikki Amuka Bird, Rupert Grint, Abby Quinn, Kristen Cui.

A garotinha Wen (Kristen Cui) está de férias com seus pais em uma cabana na floresta quando são abordados por quatro estranhos. O líder do grupo (Dave Bautista) alega que somente uma decisão extrema da família poderá salvar o mundo de um apocalipse. 

Desta vez a história não é baseada na imaginação do diretor M. Night Shyamalan, mas em um livro escrito por Paul Tremblay que também assina o roteiro com os outros dois escritores. Mesmo assim, o filme tem toda a cara do diretor. 

A história com um trama de ficção aparentemente maluca que faz o espectador pensar, os personagens que enfrentam decisões pesadas e as sequências de violência que assustam mesmo sem mostrar tudo. 

As entrelinhas do roteiro focam em religião, família e até a questão atual da mídia assustando as pessoas com notícias de tragédias. É claramente um filme indicado para quem gosta das obras do diretor.