quinta-feira, 27 de outubro de 2016

TV por Assinatura - O Modelo Precisa Mudar


Quando a TV por assinatura chegou ao Brasil no início dos anos noventa, o público ávido por novidades e principalmente os cinéfilos ficaram alvoroçados com a possibilidade de assistir filmes em casa sem precisar ir até uma locadora para alugar fitas ou dvds.

Vinte e cinco anos depois a situação mudou.  A TV por assinatura deixou de ser uma novidade e se tornou algo comum na casa de boa parte dos brasileiros, com um detalhe, a grande maioria assina os chamados “pacotes básicos”, aqueles em que as propagandas citam que contém uma centena de canais, mas na verdade noventa por cento do conteúdo é ignorado por estes assinantes. As pessoas focam em poucos canais, naqueles em que a programação lhe agrada.

Estes pacotes incluem os canais abertos, os canais em UHF, que são aqueles de vendas de produtos e programas religiosos, os canais de músicas e alguns básicos de notícias e variedades. Em um pacote um pouco acima, o assinante terá acesso a alguns canais de séries e filmes. Canais como TNT, AXN e Universal investem em muitas séries, mas tem um acervo pequeno de filmes que se repetem em sua programação.

Chegando ao ponto principal, os canais considerados o “filé” pelos cinéfilos são os Telecines e a HBO. O problema é que os pacotes oferecidos pelas operadoras obrigam o assinante a pagar pelos canais básicos que citei mais um valor alto pelos canais de filmes. O mesmo ocorre para quem deseja assinar canais de esportes. Isso encarece demais os pacotes e faz as pessoas procurarem formas alternativas de assistir filmes e futebol.

Mesmo perdendo milhares de assinantes nos últimos anos, as operadoras preferem manter este modelo caro e engessado. Toda previsão é complicada, mas ao analisar a situação financeira do país e por consequência da população, ao lado do crescimento do acesso a internet e dos serviços de streaming, além das formas alternativas, em algum momento as operadoras serão obrigadas a mudar o formato.

Na minha opinião, as operadoras deveriam oferecer ao assinante uma escolha “a la carte”, onde fosse possível o assinante montar seu pacote de acordo com seu interesse. Um pacote com canais básicos deveria continuar existindo com valor baixo. Os demais canais poderiam ser divididos em dois ou três níveis, onde o assinante pudesse escolher uma determinada quantidade de canais de cada nível. Por exemplo, não seria necessário a pessoa comprar um pacote completo HBO com dez canais ou Telecine com seis, ela poderia escolher apenas três ou quatro canais e pagar um valor acessível.

Finalizando, além da questão financeira, outro quesito que faz cinéfilos pensarem várias vezes antes de pagar caro pelos canais de filmes é a própria programação. O foco principal é o cinema americano atual e os blockbusters. Não que o cinema americano seja ruim, longe disso, o problema é que a quantidade de filmes antigos, independentes ou produções europeias, asiáticas e latino americanas é pequena. Se você quer assistir algo do gênero, precisará procurar outras formas.

9 comentários:

Pedrita disse...

eu concordo que precisam mudar, mas não dá pra comparar o acervo dos canais hbo com netflix que tem um acervo previsível, com raros filmes independentes. pelo custo dos direitos autorais, acho difícil que pacotes possam custar como netflix, mas não precisam custar tanto. eu gosto muito da opção do now que surgiu exatamente para tentar segurar os que partiam. dá pra ver a hora que quer, parar e voltar onde parou. isso foi uma bela evolução. beijos, pedrita

Marília Tasso disse...

Não gosto de TV por assinatura, você compra o pacote que mais te agrada e daí se depara com muitos canais inúteis, a maioria, na verdade. Fora que as programações são bem repetidas, os que prestam são poucos, particularmente gosto do Canal Max. São muitas opções hoje em dia, Netflix é minha opção do momento, mas existem filmes que só as outras formas podem dar um jeito.

Hugo disse...

Pedrita - Realmente o acervo da HBO e do Now são maiores do que Netflix, porém o problema é obrigar o cliente a comprar uma centena de canais que não interessam, somente para encarecer o pacote. A situação terá de mudar por causa da crise que o país passa.

Marília - Os problemas são estes mesmos, empurram dezenas de canais apenas para aumentar o preço da assinatura e por consequência as pessoas por algo que não utilizarão nem 10% do conteúdo.

Bjos

Pedrita disse...

hugo, essa questão de canais não acho muito pertinente. conheço gente que ama canais q abomino e vice-versa. acho que são mesmo os filmes e séries q encarecem os produtos. precisam abaixa, concordo, mas é inviável cobrarem o q a netflix cobra com um acerto enorme americano e pouquíssima obra de outro país. pra quem só gosta de produto americano é aconselhável.

Hugo disse...

Pedrita - Concordo que o valor da Netflix é baixo e não pode ser levado em conta na comparação, o que considero errado é obrigar as pessoas a comprarem uma quantidade enorme de canais para ter acesso a HBO ou Telecine.

Como vc bem citou, cada pessoa curte canais diferentes, o que deveria ser levado em conta para o assinante montar seu pacote de uma forma "a la carte". Porque devemos pagar por canais (serviços) que não utilizaremos?

Mesmo pagando os direitos pelos filmes e séries, com certeza o lucro das operadoras é gigantesco. Como vc sabe, quem compra tv por assinatura, no mínimo compra junto o serviço de internet, que por aqui é um dos mais caros do mundo. Muitos tem ainda telefone fixo e móvel no mesmo pacote.

Ainda não houve mudança porque os lucros continuam enormes, mesmo com número de assinantes não crescendo ou até diminuindo.

Bjos

Liliane de Paula disse...

Hugo, vc me chamou atenção para um coisa que nem me dei conta, de maneira geral.
Como tenho hábito de ter todos os pagamentos por Debito automático na conta bancária, nem sei lhe dizer quanto pago.
Mas deve ser muito mesmo.
A Sky que temos nos 3 quartos pago por pacote completo.
E na TV da cozinha, tenho a VIVO(ex GVT)um pacote que tem HBO(não tem Telecine).
E na cozinha só vejo TV se estiver comendo.
Mas na VIVO, tenho fone convencional e internete.
E temos a Netflix e a Oldflix.
O tempo é curto para dar conta de usar tudo.
Mas eu devo está pagando um absurdo.
Vou até vê isso.
Concordo com vc.
A gente devia escolher uns canais que tem interesse.

Hugo disse...

Liliane - Com certeza você está pagando por muita coisa e utilizando poucos itens.

A escolha de canais de forma individual deveria ser, mesmo que alguns fossem obrigatórios em um pacote básico.

Amanda Aouad disse...

Não tenho TV por assinatura hà um tempo exatamente por isso. Cansei de pagar e não ter opção. Fico com o cinema e a Netflix. Ter a opção de comprar apenas os canais que te interessa seria mesmo o melhor. A HBO está ensaiando trazer o sistema HBO Now para cá, onde pode assinar apenas o canal online. Estou torcendo por isso. Precisa mesmo mexer no sistema.

bjs

Hugo disse...

Amanda - Desde o ano passado que existem boatos sobre HBO Now ser lançado por aqui e vendido de forma separada da tv por assinatura. Não vai demorar para acontecer mudanças, a crise econômica vai dar um empurrão nas operadores em breve.

Bjos