No final dos anos oitenta, o diretor inglês Peter Greenaway se tornou um dos grandes nomes do chamado de "cinema de arte". Com uma carreira voltada para documentários, Greenaway embarcou no cinema de ficção com obras originais, criativas e coloridas, sempre com histórias fora do comum e personagens excêntricos.
Nesta postagem comento os dois únicos filmes do diretor que assisti, por sinal os trabalhos que fizeram sua fama no início da carreira internacional.
Afogando em
Números (Drowning by Numbers, Inglaterra / Holanda, 1988) – Nota 8
Direção –
Peter Greenaway
Elenco –
Bernard Hill, Joan Plowright, Juliet Stevenson, Joely Richardson, Jason
Edwards.
Cissie
Colpitts (Joan Plowright) é uma senhora cansada das infidelidades do marido que
decide matar o sujeito. Utilizando o afogamento como ferramenta, o crime de
Cissie é acobertado pelo legista Madgett (Bernard Hill), sujeito apaixonado por ela e também pelas duas filhas da assassina, que por curiosidade também
chamam Cissie. As filhas, que também vivem casamento desastrosos, decidem seguir
o exemplo da mãe para assassinar seus respectivos maridos, sempre com a
cumplicidade de Madgett.
Este longa foi o primeiro trabalho de Peter Greenaway
que chamou atenção da crítica internacional, tanto pela excêntrica história,
como pela criatividade na utilização dos números que acompanha todo o filme. Na
cena inicial, uma garotinha conta as estrelas de um a cem, para em seguida a
contagem centenária retornar acompanhando a trama. Em várias cenas aparecem
números escondidos em alguma parte, criando quase uma brincadeira no estilo
“Onde Está Wally?”. Além disso, um garoto (Jason Edwards) faz uma mórbida
contagem das mortes que ocorrem durante o filme.
É um filme extremamente
criativo, infelizmente hoje praticamente esquecido.
O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e a Amante (The Cook, the
Thief, His Wife & Her Lover, Inglaterra / França, 1989) – Nota 8
Direção – Peter Greenaway
Elenco – Richard Bohringer, Michael Gambon, Helen Mirren,
Alan Howard, Tim Roth, Ciaran Hinds, Liz Smith.
O violento gângster Albert (Michael Gambon) é sócio do
chefe de cozinha Borst (Richard Bohringer) em um restaurante de comida
francesa, local onde vai jantar todas as noites com a esposa Georgina (Helen
Mirren) e seus vários capangas (entre eles os então jovens Tim Roth e Ciaran
Hinds). Albert é falastrão, não respeita pessoa alguma, abusando inclusive de sua
esposa, sendo confrontado apenas pelo calmo Borst.
Numa determinada noite,
Georgina sente-se atraída por um cliente (Alan Howard) que está jantando
sozinho em uma mesa. A atração é mútua, o que faz com que o dois comecem um
caso e utilizem as dependências do restaurante (banheiro e depósito) para seus
encontros amorosos enquanto o brutamontes Albert faz sua refeição.
Depois da
trama criativa de “Afogando em Números”,
Peter Greenaway preferiu aqui dar uma maior ênfase ao visual,
que mistura cores, comida, sexo e algumas cenas grotescas. O estilo teatral é
acentuado por cenários com cores diferentes. O salão de jantar é todo vermelho,
a cozinha tem tons em verde, o banheiro branco e os fundos do restaurante em azul,
por sinal este é um local repleto de cães famintos e que faz um contraponto ao glamour do restaurante, assim como as atitudes de Albert e seus capangas à mesa, que
são horrorosas. É como se Greenaway quisesse explicitar todas as sensações que
um ser humano pode ter. Desejo, fome, nojo, ódio, amor e vingança surgem em
alguma parte da trama, chegando até a impactante cena final.
2 comentários:
O Cozinheiro... realmente é um filme, no mínimo, incomum. Mas gostei menos, foi difícil assistir.
Gustavo - É um filme que incomoda, algumas cenas são grotescas.
Abraço
Postar um comentário