Direção – César Charlone
Elenco – César Trancoso, Virginia Mendez, Virginia Ruiz,
Mario Silva, Nelson Lence.
Em 1988, a pequena cidade de Melo na divisa do Uruguai com o
Brasil vive a expectativa da visita do Papa João Paulo II. A população
extremamente pobre vê na visita uma oportunidade de lucrar e quem sabe sair da
miséria. A maioria das pessoas pretende montar barracas de comida esperando
milhares de visitantes, principalmente brasileiros, numa esperança fomentada
pela imprensa uruguaia.
Um dos moradores do local é Beto (César Trancoso), que
sobrevive atravessando diariamente a fronteira para o Brasil de bicicleta, onde
compra mercadorias para revender ao mercadinhos de Melo. O problema é que o seu
trabalho é considerado contrabando, fazendo com que ele e outros sujeitos
tenham de fugir dos soldados que patrulham a fronteira viajando através de
campos e pastos. Diferente do restante da população, a ideia de Beto é
construir um banheiro, já que imagina uma quantidade grande de pessoas
consumindo comidas e bebidas, sem ter banheiros públicos para utilizarem. O
problema é que Beto precisa de dinheiro para construir o banheiro e para
conseguir é necessário aumentar o número de viagens clandestinas.
Este longa
que tem Fernando Meirelles como um dos produtores, é uma pequena pérola baseada
numa triste história real, que ficará marcada para sempre na memória do povo simples da
cidade de Melo.
O personagem principal é um sujeito que não se conforma com a
pobreza de sua família e tenta de tudo para mudar sua vida, porém também é uma
pessoa cheia de defeitos, que coloca o dinheiro e suas vontades acima de todos,
inclusive da doce esposa Carmen (Virginia Mendez) e da filha Silvia (Virginia
Ruiz) que sonha em ser radialista.
Um dos pontos altos é a mistura de atores
profissionais com pessoas comuns da cidade, que tem marcados no rosto a vida
difícil num local sem perspectivas de melhora.
O roteiro também faz críticas
aos políticos, a Igreja Católica e principalmente a mídia, mostrada na figura
alienada e ao mesmo tempo canalha de um repórter que mente descaradamente,
fazendo o povo acreditar que aquela será a chance de mudar de vida e que ao
final ainda fala em milagre, quando na realidade as pessoas tiveram de arcar
com um prejuízo terrível para quem já vivia com pouco.
Como curiosidade, o
longa marca a estreia na direção do uruguaio César Charlone, responsável pela
fotografia dos filmes de Fernando Meirelles, como “Cidade de Deus”, “O
Jardineiro Fiel” e “Ensaio Sobre a Cegueira”.
2 comentários:
Um filme muito bom. Grande iniciativa essa das co-produções.
Gilberto - Sem dúvida, é um ótimo filme.
Abraço
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