sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Livro - O Clube do Filme

O Clube do Filme (The Film Club, 2007)
Escritor - David Gilmour

Longe de ser um crítico literário, entendo porque este livro fez tanto sucesso. O apelo de livros sobre relações familiares que beiram o estilo auto ajuda, misturado com a expectativa de que o autor se aprofundasse na análise dos mais diversos filmes, foram os grandes trunfos de marketing, porém o resultado é apenas razoável.

O canadense David Gilmour (homônimo do integrante do grupo Pink Floyd) conta sua relação com o filho Jesse, quando este era adolescente e decidiu abandonar os estudos. O livro segue em torno de três a quatro deste período, começando quando Jesse estava com quinze anos e com péssimo desempenho no colégio, deixando claro que odiava estudar. Ao mesmo tempo, David havia perdido o emprego de crítico de cinema e apresentador de um programa numa tv do Canadá e estava procurando nova ocupação.

Quando Jesse diz para o pai que pretende abandonar o colégio, a saída encontrada por David é aceitar com a condição de que os dois deveriam assistir juntos pelo menos três filmes por semana, considerando como uma espécie de educação especial, até que Jesse descobrisse o que gostaria da fazer da vida.

O ponto principal do livro é a relação que se constrói entre pai e filho, que passam juntos por um período de mudanças e se aproximam de uma forma que normalmente não acontece quando o filho é adolescente, porém algumas situações incomodam. A solução encontrada por David funcionou neste caso por motivos como a condição financeira dele, que mesmo desempregado estava longe de se desesperar, mas a tendência é que esta ruptura com os estudos levaria a um caminho de vida complicado para qualquer jovem que não tivesse uma família estruturada e condições financeiras.

Outras duas situações não ajudam: O sofrimento do jovem Jesse na relação com duas ou três namoradas, passando praticamente todo livro depressivo em relação a estes amores perdidos, talvez sendo uma exagero de sentimentos do pai na descrição das situações. O segundo e talvez pior erro seja a descrição dos demais personagens. David cita a sua segunda esposa (com quem ele vive atualmente) como alguém de mente aberta, mas sua relação parece distante. Muito mais próxima e citada com maior carinho é a mãe de Jesse, que acaba descrita como uma atriz sem sucesso, uma espécie de hippie que vive de paz e amor. No final do livro ele cita ainda uma filha que teve com uma outra mulher, dizendo que sua relação é ótima mas nada sabemos dela. É no mínimo estranho escrever um livro sobre a família e excluir completamente a filha, mesmo que ela não viva com ele.

A análise dos mais de cem filmes assistidos pela dupla também é rasa, com David geralmente comentando apenas uma cena de cada filme para usar como exemplo de vida ou lição de moral ao filho. É uma pena, apesar da leitura fácil e até simpática, não recomendo para quem quer saber mais sobre cinema, neste caso o ideal seria comprar "1001 Para Ler Antes de Morrer", onde existem críticas bem mais aprofundadas sobre a maioria dos filmes citados aqui.


3 comentários:

Amanda Aouad disse...

É isso, quando peguei o livro para ler, pensei que veria uma discussão aprofundada sobre cinema, um pouco da aula de Jesse, mas, o livro acaba ganhando um ar de auto-ajuda mesmo, aquela história interminável do garoto com a namorada problemática, é chato, hehe. Mas, tem umas passagens interessantes e boas referências.

bjs

Thomás R. Boeira disse...

Comprei este livro ano passado e achei bem mediano. Pensei em colocá-lo lá no blog, mas como não gostei muito preferi não fazer isso.

Achei o filho do Gilmour muito desinteressante, o que é uma pena já que ele é praticamente o centro das atenções do livro.

Abraço,
Thomás
http://brazilianmovieguy.blogspot.com/

Hugo disse...

Amanda - Foi uma boa iniciativa que acabou um pouco desperdiçada. Os filmes ficaram apenas como pano de fundo.

Thomás - Concordo com vc e com a Amanda, realmente o tal de Jesse era um adolescente bem chato.

Abraço