quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Banheiro do Papa

O Banheiro do Papa (El Baño Del Papa, França / Brasil / Uruguai, 2007) – Nota 8
Direção – César Charlone
Elenco – César Trancoso, Virginia Mendez, Virginia Ruiz, Mario Silva, Nelson Lence.

Em 1988, a pequena cidade de Melo na divisa do Uruguai com o Brasil vive a expectativa da visita do Papa João Paulo II. A população extremamente pobre vê na visita uma oportunidade de lucrar e quem sabe sair da miséria. A maioria das pessoas pretende montar barracas de comida esperando milhares de visitantes, principalmente brasileiros, numa esperança fomentada pela imprensa uruguaia. 

Um dos moradores do local é Beto (César Trancoso), que sobrevive atravessando diariamente a fronteira para o Brasil de bicicleta, onde compra mercadorias para revender ao mercadinhos de Melo. O problema é que o seu trabalho é considerado contrabando, fazendo com que ele e outros sujeitos tenham de fugir dos soldados que patrulham a fronteira viajando através de campos e pastos. Diferente do restante da população, a ideia de Beto é construir um banheiro, já que imagina uma quantidade grande de pessoas consumindo comidas e bebidas, sem ter banheiros públicos para utilizarem. O problema é que Beto precisa de dinheiro para construir o banheiro e para conseguir é necessário aumentar o número de viagens clandestinas. 

Este longa que tem Fernando Meirelles como um dos produtores, é uma pequena pérola baseada numa triste história real, que ficará marcada para sempre na memória do povo simples da cidade de Melo. 

O personagem principal é um sujeito que não se conforma com a pobreza de sua família e tenta de tudo para mudar sua vida, porém também é uma pessoa cheia de defeitos, que coloca o dinheiro e suas vontades acima de todos, inclusive da doce esposa Carmen (Virginia Mendez) e da filha Silvia (Virginia Ruiz) que sonha em ser radialista. 

Um dos pontos altos é a mistura de atores profissionais com pessoas comuns da cidade, que tem marcados no rosto a vida difícil num local sem perspectivas de melhora. 

O roteiro também faz críticas aos políticos, a Igreja Católica e principalmente a mídia, mostrada na figura alienada e ao mesmo tempo canalha de um repórter que mente descaradamente, fazendo o povo acreditar que aquela será a chance de mudar de vida e que ao final ainda fala em milagre, quando na realidade as pessoas tiveram de arcar com um prejuízo terrível para quem já vivia com pouco. 

Como curiosidade, o longa marca a estreia na direção do uruguaio César Charlone, responsável pela fotografia dos filmes de Fernando Meirelles, como “Cidade de Deus”, “O Jardineiro Fiel” e “Ensaio Sobre a Cegueira”.

2 comentários:

Gilberto Carlos disse...

Um filme muito bom. Grande iniciativa essa das co-produções.

Hugo disse...

Gilberto - Sem dúvida, é um ótimo filme.

Abraço