sábado, 6 de junho de 2015

O Médico Alemão

O Médico Alemão (Wakolda, Argentina / Espanha / Noruega / França, 2013) – Nota 7,5
Direção – Lucia Puenzo
Elenco – Alex Brendemuhl, Natalia Oreiro, Diego Peretti, Elena Roger, Guillermo Pfening, Florencia Bado, Alan Daicz.

A diretora Lucia Puenzo, filha do também diretor Luis Puenzo, vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro por “A História Oficial”, comandou este longa baseado em seu próprio livro, que mistura uma trama ficcional, com o personagem real do criminoso nazista Joseph Mengele. A trama se passa em 1960 na Patagônia, época em que o verdadeiro Mengele estava desaparecido e que hoje muitos historiadores acreditam que ele estivesse escondido no interior da Argentina, antes de passar pelo Paraguai e chegar ao Brasil, onde morreu afogado em 1979 em uma praia de Bertioga, litoral de São Paulo.

O longa começa com uma família viajando pela Patagônia em direção a uma comunidade alemã, local onde os pais da esposa (Natalia Oreiro) tinham uma pousada. A ideia da família é reabrir o estabelecimento. Em uma parada no meio da estrada, a família cruza o caminho de um médico alemão que diz se chamar Gunther (Alex Brendemuhl) e que está indo para a mesma comunidade. O pai (Diego Peretti) fica um pouco incomodado em viajar em caravana com o sujeito, mas acaba aceitando. Assim que chegam ao local, o médico se hospeda na pousada e logo demonstra interesse na filha do casal, a pequena Lilith (Florencia Bado), que tem doze anos, porém um corpo de nove. O médico convence a mãe da garota a começar um tratamento para o crescimento da menina, ao mesmo tempo em que receita vitaminas para a mulher que está grávida, tudo às escondidas do marido. 

O roteiro tem três pontos como pilares principais. O primeiro é a estranha relação que surge entre a menina Lilith e o médico nazista, quase um jogo de sedução, tendo de um lado a curiosidade da garota e por outro a frieza do médico. 

O segundo ponto é a crítica à sociedade argentina, principalmente a elite que fechou os olhos para as centenas de nazistas que se abrigaram no país após a Segunda Guerra. Mesmo tendo uma enorme comunidade judaica, a Argentina foi um refúgio seguro para estes fugitivos, principalmente porque o governo de Juan Peron era simpático aos ideais nazistas e auxiliou até mesmo na criação de novas identidades. 

O terceiro pilar é a quase certeza de que mesmo foragido, Mengele continuou com seus experimentos baseados na Eugenia e na manipulação de DNA. Existe uma grande suspeita de que ele tenha se escondido na cidade de Cândido Godói no Rio Grande do Sul nos anos sessenta, onde teria trabalhado como médico acompanhando mulheres grávidas e por consequência gerado uma explosão de nascimentos de gêmeos. A cidade se transformou na recordista mundial de nascimento de gêmeos, até hoje sem uma explicação científica, além é claro, da provável manipulação genética feita pelo médico psicopata.

2 comentários:

Marília Tasso disse...

Perturbador, não tinha tanto conhecimento sobre esse monstro, logo após assistir fui pesquisar e fiquei horrorizada. Gosto da diretora, principalmente pelo "XXY". Abraços!!

Hugo disse...

Marília - Nos anos oitenta, após descobrirem que Mengele havia morrido no Brasil, fizeram várias reportagens sobre o chamado "Anjo da Morte".

Também assisti "XXY" e gostei, é um sensível drama.

Abraço,