quinta-feira, 31 de julho de 2014

Kids

Kids (Kids, EUA, 1995) – Nota 7
Direção – Larry Clark
Elenco – Leo Fitzpatrick, Justin Pierce, Chloe Sevigny, Rosario Dawson.

Em Nova York, vários adolescentes passam o tempo bebendo, usando drogas e fazendo sexo sem proteção. O personagem principal é Telly (Leo Fitzpatrick), um adolescente com atitudes de canalha que tem como objetivo transar com o maior número possível de garotas virgens e depois se vangloriar das conquistas com o amigo Casper (Justin Pearce). 

Uma das garotas que ele deflorou foi Jennie (Chloe Sevigny), que ao acompanhar a amiga Ruby (Rosario Dawson) para fazer um teste de HIV, descobre ser portadora do vírus. A ironia é que Jenny teve apenas um parceiro, enquanto Ruby transou com vários garotos sem proteção e não está infectada. Atordoada com a notícia, Jenny decide procurar Telly para contar sobre a o problema, ao mesmo tempo em que o garoto já tem outra menina virgem como objetivo sexual. 

O então fotógrafo Larry Clark estreou como diretor neste polêmico longa que chegou a ser proibido em alguns países por mostrar adolescentes em cenas fortes de sexo simulado, além dos diálogos diretos sobre sexo. Era uma realidade que muitos não queriam encarar nos anos noventa, de que os adolescentes estavam fazendo sexo cada vez mais cedo e que a AIDS era uma grande ameaça para estes jovens. 

A forma nua e crua com que o diretor abordou o tema também assustou público e crítica. Mesmo após vinte anos, ainda é forte a cena em que várias adolescentes na faixa de doze a catorze anos falam abertamente sobre suas experiências sexuais, como se fossem mulheres maduras, sem contar a chocante sequência final. 

O filme revelou as atrizes Chloe Sevigny e Rosario Dawson, que ainda eram adolescentes e também o ator Leo Fitzpatrick, que não chegou a ser famoso, mas que teve papel interessante na série “The Wire”. 

Este longa pode ser considerado o primeiro de uma trilogia comandada por Clark sobre o mundo adolescente, composta ainda por “Bully” que foca a violência e “Ken Park” que tem como ponto principal o sexo como distúrbio de comportamento. 

Analisando como cinema, estas obras não são grandes filmes, o que chama a atenção é a coragem de mostrar situações que a sociedade prefere esconder debaixo do tapete. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Alemão

Alemão (Brasil, 2014) – Nota 7
Direção – José Eduardo Belmonte
Elenco – Caio Blat, Gabriel Braga Nunes, Milhem Cortaz, Octávio Muller, Marcelo Melo Jr, Cauã Reumond, Antônio Fagundes, Mariana Nunes, Jefferson Brasil, Marco Sorriso, Aisha Jambo, Micael Borges.

Em 2010, durante a operação de instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no Complexo do Alemão, um motoboy é parado por traficantes e deixa cair um mochila contendo arquivos com informações sobre quatro policiais (Caio Blat, Milhem Cortaz, Gabriel Braga Nunes e Marcelo Melo Jr) que vivem disfarçados na favela. Os traficantes entregam os arquivos para o chefão conhecido como Playboy (Cauã Reymond), que na mesma hora autoriza o assassinato dos policiais. 

Cada um dos policiais percebe algo de estranho e todos conseguem fugir até um local seguro, a pizzaria de Doca (Octávio Muller), outro policial infiltrado na favela, porém que não constava nos arquivos em poder dos traficantes. Presos numa pequena sala nos fundos da pizzaria à espera de ajuda do superior, o delegado Valadares (Antônio Fagundes), mas sem ter como entrar em contato com o sujeito, a tensão entre os cinco policiais cresce com o passar do tempo e pelo medo de serem localizados pelos bandidos. 

O roteiro utiliza a história real da ocupação da enorme favela para criar uma trama de ficção que tem como ponto principal a claustrofobia causada pelo pequeno espaço onde os policiais são obrigados a se esconder, junto com o medo de enfrentar os traficantes e morrer. 

A câmera nervosa do diretor José Eduardo Belmonte aumenta esta sensação de claustrofobia, chegando a exagerar nas tomadas nos rostos dos personagens. Não sou apreciador deste estilo, mas reconheço que neste filme ele funciona perfeitamente. 

Como a trama explora o gênero de filmes sobre favelas, que já rendeu várias obras nos últimos doze anos, parte da crítica e do público não mostrou boa vontade com este trabalho, o que a meu ver é um erro, não por ser um ótimo longa, mas por ser competente na proposta de prender a atenção do público através da tensão. 

O elenco tem altos e baixos, com interpretações ruins de Antônio Fagundes e Gabriel Braga Nunes e destaques para Octávio Muller e principalmente Milhem Cortaz, este último que cria o personagem mais forte da trama. 

Mesmo com algumas falhas, o roteiro acerta também ao criar um passado para os policiais, mostrando as motivações e o porquê de cada um deles ter aceitado o perigoso trabalho. 


Quando assisto um filme não me preocupo se ele faz parte de um gênero saturado, na minha opinião o que interessa é a obra em si. Pensando desta forma, este “Alemão” vale a sessão.        

terça-feira, 29 de julho de 2014

Desconhecido

Desconhecido (Unknow, Inglaterra / Alemanha / França / Canadá / Japão / EUA, 2011) – Nota 7,5
Direção – Jaume Collet Serra
Elenco – Liam Neeson, Diane Kruger, January Jones, Aidan Quinn, Bruno Ganz, Frank Langella, Sebastian Koch, Olivier Schneider, Stipe Erceg, Mido Hamada, Clint Dyer.

O Dr. Martin Harris (Liam Neeson) viaja a Berlin com a esposa Elizabeth (January Jones) para participar de um congresso sobre biotecnologia. Ao chegar no hotel, ele percebe a falta de uma mala, sendo obrigado a voltar ao aeroporto. O problema quase se transforma em tragédia quando o táxi que ele está utilizando sofre um acidente. Martin é salvo pela motorista (Diane Kruger), que foge do local. 

O acidente o deixa em coma por quatro dias. Ao acordar, Martin tem uma amnésia parcial e fica surpreso ao saber que sua esposa não o procurou. Ele decide sair do hospital e ao encontrar a esposa descobre que outro sujeito (Aidan Quinn) tomou seu lugar. Sendo tratado como maluco pela esposa e pelos seguranças do hotel, Martin passa a desconfiar de sua sanidade, tendo de investigar sozinho para descobrir se ele é mesmo o Dr. Harris. 

O diretor catalão Jaume Collet Serra e o astro Liam Neeson, que voltariam a trabalhar juntos no recente e interessante “Sem Escalas”, aqui entregaram também uma competente mistura de ação e suspense, que tem um bom ritmo e uma trama que apresenta uma eficiente reviravolta perto do final. 

O grande sucesso de "A Identidade Bourne" em 2002 e de suas sequências, criaram um novo gênero, os de filmes de ação rodados na Europa. Como gosto pessoal, prefiro este tipo de filme em que as sequências de ação necessitam muito mais da agilidade dos atores e destreza dos dublês, do que aqueles em que o ponto principal são os efeitos especiais.

Mesmo já estando na casa dos sessenta anos de idade, Liam Neeson continua mostrando que tem carisma e talento para segurar filmes de ação como protagonista. 

Para quem curte o gênero, este longa vale a sessão.  

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Homem de Ferro 3

Homem de Ferro 3 (Iron Man Three, EUA / China, 2013) – Nota 7
Direção – Shane Black
Elenco – Robert Downey Jr, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Guy Pearce, Rebecca Hall, Jon Favreau, Ben Kingsley, James Badge Dale, Stephanie Szostak, William Sadler, Dale Dickey, Ty Simpkins, Miguel Ferrer, Paul Bettany.

Após o trauma ter quase perdido a vida defendendo a Terra junto com “Os Vingadores”, Tony Stark (Robert Downey Jr) sofre com ataques de pânico e deixou o comando de suas empresas para a namorada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow). 

Enquanto isso, seu amigo Coronel Rhodes (Don Cheadle) utiliza um armadura semelhante ao do Homem de Ferro, rebatizado de Patriota de Ferro para tentar localizar o terrorista conhecido como Mandarim (Ben Kingsley), responsável por vários atentados e que ameaça atacar os Estados Unidos. Em paralelo, outro cientista (Guy Pearce) tenta vender um projeto para Pepper, ao mesmo tempo em que Tony é procurado por uma pesquisadora (Rebecca Hall) com quem teve um caso rápido em 1999. 

Depois do ótimo “Os Vingadores”, era normal que as tramas dos próximos filmes dos heróis utilizassem ganchos deixados por aquele longa, o que acontece aqui. 

O resultado é divertido e cheio de ação, mas fica a sensação de cansaço, de estarmos vendo algo muito parecido com os filmes anteriores, nem tanto pela história, mas pelo formato. 

Robert Donwey Jr novamente se diverte no papel principal, mas o destaque fica para a participação do veterano Ben Kingsley como o Mandarim, personagem que apresenta uma surpresa no meio da trama. 

Mesmo sabendo que as coisas mudam rapidamente no cinema, geralmente por causa de dinheiro, acredito que este tenha sido o último filme solo do personagem com Downey Jr no papel. Ele ainda estará na sequência de “Os Vingadores” no próximo ano.  

sábado, 26 de julho de 2014

Sem Dor, Sem Ganho

Sem Dor, Sem Ganho (Pain & Gain, EUA, 2013) – Nota 7,5
Direção – Michael Bay
Elenco – Mark Wahlberg, Dwayne Johnson, Anthony Mackie, Tony Shalhoub, Ed Harris, Rob Corddry, Bar Paly, Rebel Wilson, Ken Jeong, Michael Rispoli, Emily Rutherfurd, Larry Hankin, Tony Plana, Peter Stormare.

As vezes uma história real é tão absurda que se fosse criada por um roteirista o filme seria execrado. É o caso da maluca história real retratada aqui de forma surpreendente pelo diretor Michael Bay. 

Tudo começa no final de 1995, quando o ambicioso personal trainer Daniel Lugo (Mark Wahlberg) assiste a palestra de um guru picareta (Ken Jeong de “Se Beber, Não Case!) e decide que para mudar de vida precisará ganhar dinheiro rapidamente. Seu plano é sequestrar um empresário (Tony Shalhoub, o eterno Monk), sujeito intragável que é dono de uma famosa lanchonete. 

Para aplicar o golpe, Daniel recruta outros dois marombeiros, ainda mais burros que ele. Os parceiros são o ex-presidiário Paul (Dwayne Johnson), um cara forte e ao mesmo tempo ingênuo, que se converteu ao catolicismo e que tenta se livrar das drogas e o idiota Adrian (Anthony Mackie), que sofre de impotência sexual após anos de uso de anabolizantes. 

O desenrolar da trama é tão inacreditável que sequer vale a pena citar muitos detalhes, sendo interessante destacar os diversos personagens estúpidos que surgem pelo caminho, como uma stripper romena (Bar Paly), o canalha dono da academia (Rob Corddry) e o padre pervertido (Larry Hankin), sem contar a falta de ação da polícia. O único personagem integro é o detetive interpretado por Ed Harris, que surge na segunda metade do filme e tem participação importantíssima na trama. 

Outro destaque é a direção de Michael Bay, que desta vez não exagera nas cenas em câmera lenta e nem nos cortes rápidos, imprimindo um ótimo ritmo na narrativa, de uma forma que a trágica e absurda história se torne engraçada. É com certeza o melhor filme do diretor desde “Os Bad Boys” e “A Rocha”, seus dois primeiros trabalhos no cinema.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Desperation & Vôo Noturno


Em maio desta ano publiquei duas postagens sobre filmes ruins baseados em obras de Stephen King (postagem 1 e postagem 2), porém depois disso encontrei no Youtube outras duas adaptações baseadas em livros do autor que eu não conhecia e resolvi arriscar. Um dos filmes é um suspense razoável, enquanto o outro é uma verdadeira bomba.

Desperation (Desperation, EUA, 2006) – Nota 6,5
Direção – Mick Garris
Elenco – Tom Skerritt, Steven Weber, Annabeth Gish, Ron Perlman, Charles Durning, Matt Frewer, Henry Thomas, Shane Haboucha, Kelli Overton, Sylva Kelegian.

O casal Peter (Henry Thomas) e Mary (Annabeth Gish) viaja por uma estrada no deserto de Nevada quando são parados por um policial (Ron Perlman), que age de forma estranha e encontra um pacote de drogas no porta-malas do carro, produto que ele mesmo colocou no local. O policial leva o casal para a cadeia da pequena cidade de Desperation, com o sinistro detalhe de que existem vários corpos pelo caminho e aparentemente não tem pessoa alguma viva pelas ruas. Na delegacia, outras pessoas comuns estão presas sem saber porque, desesperadas com medo de serem assassinadas. Além disso, um escritor (Tom Skerritt) que viaja em uma motocicleta, seu auxliar (Steven Weber) que dirige um pequeno caminhão e uma caronista (Kelly Overton), também cruzarão o caminho do policial. 

Baseada num conto de Stephen King, esta produção para a tv prende a atenção ao misturar misticismo e religião numa trama repleta de violência. A premissa é bem interessante e a explicação para o ocorrido também não fere a inteligência do espectador, lógico que sendo um filme para a tv, os efeitos especiais não são grande coisa e os cortes no meio de algumas cenas também atrapalham um pouco. O destaque do elenco é o grandalhão Ron Perlman, sujeito estranho perfeito para o papel do policial maluco. 

Como informação, o diretor Mick Garris comandou algumas outras produções baseadas em Stephen King, como “Sonâmbulos”, “Montado na Bala” e a minissérie “A Dança da Morte”, além de uma versão para a tv de “O Iluminado”.

Vôo Noturno (Night Flier, EUA, 1997) – Nota 4
Direção – Mark Pavia
Elenco – Miguel Ferrer, Julie Entwisle, Dan Monahan, Michael H. Moss.

Richard Dees (Miguel Ferrer) trabalha como fotógrafo e repórter para um jornal sensacionalista especializado em mortes, crimes e situações bizarras. Quando uma série de mortes violentas começam a ocorrer em pequenos aeroportos do interior do país, tendo como suspeito um sujeito que pilota um pequeno avião e usa uma capa, o editor do jornal (Dan Monahan) deseja que Richard investigue o ocorrido, porém o egocêntrico repórter não acredita na história. O editor repassa o caso para uma jornalista novata (Julie Entwisle), que após descobrir alguns fatos, desperta no ambicioso Richard a vontade de recuperar a história e que decide sair pelo país em busca do assassino. 

Dentre as diversas adaptações de Stephen King para o cinema, esta com certeza é uma das piores. Não que a premissa seja ruim, mas um dos problemas principais é o péssimo roteiro escrito pelo diretor Mark Pavia, que não explica quase nada e tem mais furos que um tabuleiro de pirulito. 

As atuações também são no mínimo precárias. O protagonista Miguel Ferrer abusa do estilo canalha, enquanto a jovem Julie Entwisle e o editor interpretado por Dan Monahan são verdadeiras piadas atuando. Por sinal, este é o único trabalho desta atriz, já o aposentado Monahan teve alguma fama no início dos anos oitenta quando interpretou o atrapalhado jovem Pee Wee na série de filmes “Porky’s”. 

Como informação, não confunda esta bomba com o bom suspense homônimo dirigido por Wes Craven.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Corrente do Bem

A Corrente do Bem (Pay It Forward, EUA, 2000) – Nota 7,5
Direção – Mimi Leder
Elenco – Kevin Spacey, Helen Hunt, Haley Joel Osment, Jay Mohr, Jim Caviezel, Jon Bon Jovi, Angie Dickinson, David Ramsey.

O garoto Trevor (Haley Joel Osment) tem uma vida difícil com a mãe Arlene (Helen Hunt), mulher frustrada pelo fracasso do seu casamento e que hoje está separada do violento marido (Jon Bon Jovi). Durante uma aula, o professor Eugene Simonet (Kevin Spacey) desafia os alunos a desenvolverem um trabalho para melhorar o mundo. 

O que seria um simples trabalho escolar, faz Trevor pensar em como colocar em prática na vida real. A oportunidade surge quando o garoto vê um morador de rua (Jim Caviezel) procurando comida no lixo e decide levá-lo para casa para ajudá-lo. A atitude de Trevor faz com que o sujeito decida mudar de vida, ao mesmo tempo em que o garoto procura ajudar outros pessoas, inclusive sua mãe, porém nem sempre o resultado será o esperado. 

Esta sensível história foi uma tentativa de aproveitar o sucesso do garoto Haley Joel Osment, que no ano anterior ficou famoso pelo trabalho em “O Sexto Sentido”.

Se não chega a ser um grande filme e inclusive escorrega um pouco no dramático final, por outro lado apresenta uma premissa bem interessante, a de tentar fazer o bem em um mundo tão complicado como o que vivemos atualmente. 

O trabalho de Osment é competente, assim como as interpretações de Kevin Spacey como o professor marcado pelo passado e de Helen Hunt como a sofrida mãe. 

O promissor Osment ainda fez alguns filmes antes de dar uma parada na carreira para estudar, retornado a partir de 2010 em pequenos trabalhos sem grande repercussão.  

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Os Espíritos

Os Espíritos (The Frighteners, EUA / Nova Zelândia, 1996) – Nota 7,5
Direção – Peter Jackson
Elenco – Michael J. Fox, Trini Alvarado, Peter Dobson, Jeffrey Combs, John Astin, Jake Busey, Dee Wallace Stone, Chi McBride, Jim Fyfe, R. Lee Ermey, Troy Evans.

Frank Bannister (Michael J. Fox) é um paranormal que vive numa pequena cidade onde ganha dinheiro afastando fantasmas de casas mal assombradas. Mesmo sendo paranormal de verdade, Bannister é um charlatão que trabalha em conjunto com três fantasmas: Stuart (Jim Fyfe), Cyrus (Chi McBride) e o hilário Juiz (John Astin da antiga série “A Familia Adams”).  O trio assusta as pessoas e Bannister é contratado para resolver o caso. 

A vida de Bannister se complica quando um fantasma (Peter Dobson) se comunica querendo enviar uma mensagem para sua esposa Lucy (Trini Alvarado), uma bela jovem que desperta o interesse no paranormal. Ao mesmo tempo, um violento espírito começa a assassinar pessoas na cidade, de um modo que apenas Bannister saiba como ocorreram os crimes. O fato faz o paranormal investigar sozinho o caso e depois de algumas trapalhadas se torna o principal suspeito aos olhos de um estranho agente do FBI (Jeffrey Combs). 

Após chamar a atenção dos fãs de terror com os exagerados “Fome Animal” e  “Náusea Total” e depois da crítica com “Almas Gêmeas”, o neozelandês Peter Jackson ganhou a chance de dirigir seu primeiro filme em Hollywood graças ao também diretor Robert Zemeckis, que conseguiu com que a Universal produzisse o longa. Zemeckis indicou ainda o astro Michael J. Fox para o papel principal, provavelmente sem imaginar que seria o último trabalho do ator como protagonista no cinema. Fox teve ainda um papel em “Marte Ataca!” de Tim Burton antes de voltar para TV no seriado “Spin City” e deixar o cinema de lado, muito por causa do Mal de Parkinson que começava dar seus sinais. 

O filme não chegou a ser lançado nos cinemas por aqui, mas não deixa de ser um bom trabalho de Peter Jackson, que consegue dosar na medida certa comédia com terror, em muito apoiado por ótimos efeitos especiais. Na época chegaram a comparar com “Os Caça-Fantasmas”, porém a trama aqui é mais forte, assim com algumas cenas são bem assustadoras. 

Como informação, assim como a trilogia “Senhor do Anéis”, que seria o próximo projeto de Jackson, este longa também foi filmado na Nova Zelândia.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Império

Império (Empire, EUA, 2002) – Nota 7
Direção – Franc. Reyes
Elenco – John Leguizamo, Peter Sarsgaard, Denise Richards, Vincent Laresca, Delilah Cotto, Isabella Rossellini, Sonia Braga, Nestor Serrano, Anthony “Treach” Criss, Rafael Baez, Fat Joe, Carlos Leon.

Victor Rosa (John Leguizamo) é um traficante que tem a ajuda de três amigos para dominar uma área no bairro do Brooklin em Nova York. A região tem ainda três outros traficantes que atuam em áreas próximas. Esta grupos respondem e respeitam a chefe do tráfico conhecida como Colombiana (Isabella Rossellini), que junto com seu irmão Rafael (Nestor Serrano), comandam o crime na região. 

Quando Victor descobre que sua namorada Carmen (Delilah Cotto) está grávida, ele pensa em mudar de vida e vê a chance surgir quando conhece o investidor Jack (Peter Sarsgaard), que namora a fútil Trish (Denise Richards) que é amiga de Carmen. Logo, Victor fica fascinado com o modo de vida de Jack, de quem se torna sócio, porém não imagina que o mundo dos grandes negócios pode ser tão duro quanto a vida de traficante. 

Narrado pelo próprio personagem de John Leguizamo, que conta sua história como se fosse a vida de um empresário ambicioso que começou do nada e chegou a topo da carreira, o filme acerta ao mostrar como funciona a “cadeia de comando” no mundo das drogas, negócio onde todas os envolvidos são descartáveis, mesmo aqueles que acreditam serem importantes dentro da organização. 

A aparente distância entre o mundo dos que ganham milhões com a venda de drogas e o dos investidores que enriquecem aplicando dinheiro sujo, são muito mais próximos do que se imagina, a diferença está principalmente em como cada lado esconde sua sujeira. 

Vale destacar a boa atuação de John Leguizamo, que não exagera nas atitudes e nos trejeitos no papel do traficante, criando um sujeito que fica dividido entre o mundo do crime e uma vida pessoal normal. O longa tem ainda uma pequena participação de Sonia Braga como a mãe da personagem Carmen. 

Para quem gosta de dramas sobre o submundo, este longa é uma boa pedida.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Maverick

Maverick (Maverick, EUA, 1994) – Nota 8
Direção – Richard Donner
Elenco – Mel Gibson, Jodie Foster, James Garner, Graham Greene, James Coburn, Alfred Molina, Geoffrey Lewis, Danny Glover, Max Perlich, Paul L. Smith, Dan Hedaya, Denver Pyle, Art La Fleur, Dub Taylor.

Neste final de semana o cinema perdeu o veterano astro James Garner, que teve o auge da carreira nos anos sessenta e setenta, quando trabalhou em clássicos como “Fugindo do Inferno” e “Grand Prix”, mas para muitos ele será lembrado como o jogador de pôquer Brett Maverick, papel principal do seriado “Maverick” que foi ao ar de 1957 a 1962 e que inspirou esta versão para o cinema. O seriado misturava bem aventura e comédia, um pouco diferente do longa que é pura comédia, daquelas onde todos os personagens são picaretas tentando enganar uns aos outros do início ao fim. 

O longa começa com uma cena em que Maverick (interpretado por Mel Gibson) está prestes a ser enforcado por um grupo de bandidos (o líder é Alfred Molina), quando começa a falar que sua semana foi complicada. Esta sequência é claramente inspirada nos filmes de Sergio Leone, lembrando muito "Três Homens em Conflito", que tinha algumas cenas de enforcamentos que na realidade eram um golpe dado pelo personagem de Clint Eastwood para ganhar dinheiro com a recompensa do condenado, a quem ele salvava com um tiro certeiro na corda. 

A partir daí a trama volta uma semana e mostra Maverick chegando numa pequena cidade com o objetivo de arrecadar dinheiro para participar de um famoso torneio de pôquer em um barco. Na cidade, ele cruza o caminho da bela Annabelle (Jodie Foster), que parece uma dama mas na realidade é uma picareta que tenta lhe roubar a carteira. 

Daí até o torneio no barco acontecem várias peripécias com o aparecimento do xerife Cooper (James Garner), um hilário bando de índios (o líder é Graham Greene de “Dança com Lobos”), um arquiduque russo (Paul L. Smith), além de diversos jogadores trambiqueiros. 

O astro Mel Gibson e o diretor Richard Donner trabalharam juntos em seis filmes, sendo quatro da série “Máquina Mortífera”, o suspense policial “Teoria da Conspiração” e este ótimo “Maverick”, que resultou em um merecido sucesso de bilheteria. 

Vale lembrar que Donner deu pequenos papéis a atores marcados pelo gênero western, como Dub Taylor, Denver Pyle e o astro James Coburn, sem contar a rápida participação de Danny Glover como um assaltante de banco.

Hoje aposentado, o diretor Richard Donner fez uma bela carreira com vários longas comerciais de qualidade, tendo trabalhado primeiro em seriados de tv durante os anos sessenta e setenta, até sua ótima estreia no cinema com o clássico “A Profecia” em 1976. 

domingo, 20 de julho de 2014

Rolling Kansas

Rolling Kansas (Rolling Kansas, EUA, 2003) – Nota 5
Direção – Thomas Haden Church
Elenco – James Roday, Sam Huntington, Jay Paulson, Charlie Finn, Ryan McDow, Rip Torn, Thomas Haden Church, Kevin Pollak.

Os irmãos Dick (James Roday), Dink (Sam Huntington) e Dave (Jay Paulson) encontram um mapa deixado por seu pais que eram hippies, mostrando o caminho para um local que seria a “Mágica Floresta de Marijuana”, traduzindo, uma enorme plantação de maconha que estaria em terras do governo dentro do Estado de Kansas. 

Os irmãos se juntam aos amigos Kevin (Charlie Finn) e Hunter (Ryan McDow) e partem de Oklahoma em busca da fortuna ilegal. O restante da trama se resume a confusões, piadas sobre drogas e sexo, muitas delas sem graça,  além de personagens estranhos que cruzam o caminho do grupo. 

Este é o único trabalho do ator Thomas Haden Church atrás das câmeras, que na época estava em baixa na carreira e provavelmente arriscou os últimos cartuchos neste longa. Por sorte, o diretor Alexander Payne deu ao ator o papel em “Sideways – Entre Umas e Outras” e ressuscitou a carreira de Church. 

O único destaque deste filme é a participação do veterano Rip Torn como um caronista maconheiro e a curiosidade é ter como protagonista um então desconhecido James Roday, que ficaria famoso alguns anos depois com a série “Psych”.

sábado, 19 de julho de 2014

Noé

Noé (Noah, EUA, 2014) – Nota 6
Direção – Darren Aronofsky
Elenco – Russell Crowe, Jennifer Connelly, Ray Winstone, Anthony Hopkins, Emma Watson, Logan Lerman, Douglas Booth, Nick Nolte, Mark Margolis, Kevin Durand, Leo McHugh Carroll, Marton Csokas.

Por mais que o diretor Darren Aronofsky seja talentoso e seus trabalhos originais, fica difícil elogiar esta versão da história de Noé. Não sou uma pessoa religiosa e muito menos esperava um filme que fosse fiel ao texto da Bíblia, porém é complicado levar a sério um longa que faz uma verdadeira salada russa no roteiro, misturando religião, criacionismo, rebeldia adolescente, anjos caídos que lembram “Transformers”, um Matusalém (Anthony Hopkins) protótipo de hippie e um Noé (Russell Crowe) forte com a espada, vegetariano e quase bipolar, como comprova o maluco terceiro ato. 

A tentativa de discutir sobre Deus e a criação da vida foi explorada por Aronofsky de forma muito mais interessante no ótimo “Pi”. O diretor voltou ao tema em “Fonte da Vida”, que mesmo sendo confuso, agradou parte do público. 

Já este “Noé” resulta em um blockbuster que utiliza uma história universal, mas que no final chama a atenção apenas pelos efeitos visuais, como as cenas com os gigantes de pedra, a construção da arca e a sequência do dilúvio. 

As tentativas de transformar histórias clássicas em filmes de ficção (“Rei Arthur”, “Van Helsing”) geralmente resultam em obras descartáveis. 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

A História de Alcatraz

A História de Alcatraz (Alcatraz: The Whole Shocking Story, EUA, 1980) – Nota 7,5
Direção – Paul Krasny
Elenco – Michael Beck, Art Carney, Telly Savalas, Ronny Cox, Peter Coyote, John Amos, G. W. Bailey, Robert Davi, Peter Jason, Alex Karras, Ed Lauter, Richard Lynch, Joe Pantoliano, Jeffrey Tambor, Will Sampson.

Esta postagem vale mais como memória afetiva do que uma crítica ao longa. 

Nos anos oitenta, antes da popularização do VHS, uma interessante opção para os cinéfilos assistirem clássicos ou filmes menos conhecidos era a sessão chamada de Corujão. Nas madrugadas de sexta para sábado e sábado para domingo, a TV Globo programava dois ou três filmes seguidos, dependendo da duração do longa. O sábado a noite começava com o Telecine apresentando um filme de sucesso, era seguido pela Sessão de Gala que geralmente mostrava um clássico e no restante da madrugada entrava o Corujão até as seis da manhã. 

Num destes sábados, após acabar a Sessão de Gala, fui surpreendido com este filme sobre Alcatraz, o que rapidamente me despertou a curiosidade, pois não conhecia a obra e tinha assistido pouco tempo antes o ótimo “Alcatraz – Fuga Impossível” com Clint Eastwood. 

Comecei a assistir e gostei, a trama tinha como objetivo mostrar a história do presídio através do protagonista vivido por Michael Beck (ator do clássico “Warriors – Selvagens da Noite”), que fora o detento mais jovem a cumprir no local e que durante anos tentou fugir. A história cobre mais de vinte anos, tem um elenco enorme e mostra inclusive a famosa fuga de Frank Morris em 1962, fato retratado no longa com Clint Eastwood. 

Como eu não sabia a duração, continuei assistindo curioso para chegar ao final e assim passei a noite em claro. Não lembro o horário exato que ele terminou, mas descobri ao final que o longa tinha mais de três horas de duração. 

Finalizando, este bom filme é uma produção para TV que acredito que jamais tenha passado novamente por aqui, seja na TV aberta ou fechada

quinta-feira, 17 de julho de 2014

O Grande Hotel Budapeste

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, EUA / Alemanha / Inglaterra, 2014) – Nota 8,5
Direção – Wes Anderson
Elenco – Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Jude Law, Mathieu Amalric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkison, Owen Wilson, Larry Pine, Bob Balaban, Fisher Stevens, Waris Ahluwalia, Wallace Wolodarsky.

Até o ótimo “Moonrise Kingdom”, eu considerava Wes Anderson apenas um cineasta excêntrico, que gostava de histórias diferentes e personagens estranhos, mas após este “O Grande Hotel Budapeste” vejo que ele é um dos diretores mais originais que surgiram na última década. Lembrando um pouco o estilo visual das obras de Tim Burton, Anderson cria uma espécie de realidade paralela, em que o espectador que aceitar a ideia verá um ótimo espetáculo. 

A trama se passa em quatro épocas diferentes, começando nos dias atuais com uma adolescente lendo um livro chamado “O Grande Hotel Budapeste” e prestando uma homenagem ao autor colocando um determinado objeto na estátua do sujeito . Em seguida, a trama volta para 1985 e mostra o escritor (Tom Wilkinson) contando como soube da história do hotel e escreveu o famoso livro. 

Após estas duas passagens rápidas, voltamos a 1964 quando o escritor ainda jovem (agora vivido por Jude Law) está hospedado no hotel, na época um local decadente e acaba conhecendo o dono, o Sr. Zero Moustafa (F. Murray Abraham), que o convida para jantar e conta como se transformou em dono do hotel. 

Novamente a trama volta no tempo e chega em 1932, quando o hotel vivia seu auge e o adolescente Zero (interpretado por Tony Revolori) é contratado para ser mensageiro e se torna o protegido de Gustave (Ralph Fiennes), o administrador do local, sujeito que seduz velhas senhoras ricas. Zero ajudará Gustave numa disputa que envolverá uma herança e uma famoso quadro.

Além do belíssimo visual e da originalidade, vale destacar o ótimo roteiro, que em paralelo ao crescimento e posterior decadência do hotel, apresenta detalhes das transformações na Europa da época, como o avanço do fascismo e do nazismo e a consequente Segunda Guerra Mundial. 

Finalizando, o elenco é um show a parte, destacando ainda Edward Norton como um oficial do exército, Willem Dafoe como um sinistro assassino, Harvey Keitel como um presidiário totalmente careca, além da pequena participação de Bill Murray e o veterano F. Murray Abraham (vencedor do Oscar de Melhor Ator por “Amadeus”) tendo um raro bom papel depois de anos trabalhando em produções menores. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Jardins de Pedra

Jardins de Pedra (Gardens of Stone, EUA, 1987) – Nota 7
Direção – Francis Ford Coppola
Elenco – James Caan, Anjelica Huston, James Earl Jones, D. B. Sweeney, Dean Stockwell, Mary Stuart Masterson, Dick Anthony Williams, Casey Siemaszko, Elias Koteas, Larry Fishburne, Lonette McKee, Sam Bottoms, Peter Masterson.

Em 1968, o sargento Hazard (James Caan) é um veterano da Guerra da Coréia que tem a missão de treinar recrutas para serem enviados ao Vietnã. Hazard também participa dos funerais dos jovens soldados mortos em batalha, que retornam ao país para serem enterrados com honras no cemitério de Arlington. 

Entre os jovens que começam um novo treinamento está Willow (D. B. Sweeney), que está ansioso para ser enviado a frente de combate, porém além do treinamento, precisa enfrentar a resignação de Hazard, que depois de testemunhar muitas mortes na Coréia e enterrar diariamente jovens em Arlington, já não acredita mais que a guerra seja solução para resolver conflitos políticos. Hazard mantém ainda uma relacionamento com uma jornalista (Anjelica Huston), que também é contra a guerra, enquanto Willow se envolve com uma jovem (Mary Stuart Masterson) e sofre porque terá de deixá-la para lutar. 

Diferente dos vários filmes sobre a Guerra do Vietnã que foram produzidos nos anos oitenta, inclusive o explosivo clássico “Apocalipse Now” dirigido pelo próprio Coppola, aqui o diretor procura mostrar uma visão sobre as pessoas que ficaram no país e que sofreram de longe ao ver a quantidade de jovens vidas que foram desperdiçadas no conflito. 

O personagem de James Caan vê no recruta interpretado por D.B.Sweeney a mesma ingenuidade que ele tinha quando lutou na Coréia, fato comum em muitos jovens que acreditam poder mudar o mundo ao lutar em uma guerra, quando na verdade estão apenas colocando suas vidas em perigo por uma causa política. 

Por ser um drama lento e melancólico, o longa não fez sucesso nos cinemas e se tornou uma obra pouco lembrada na filmografia de Coppola, mas que está longe de ser ruim.   

terça-feira, 15 de julho de 2014

Desafio à Corrupção & A Cor do Dinheiro


Desafio à Corrupção (The Hustler, EUA, 1961) – Nota 8,5
Direção – Robert Rossen
Elenco – Paul Newman, Jackie Gleason, Piper Laurie, George C. Scott, Myron McCormick, Murray Hamilton, Michael Constantine, Vincent Gardenia, Jake LaMotta. 

O jovem Eddie Felson (Paul Newman) e o veterano Charlie (Myron McCormick) são jogadores de sinuca que viajam por pequenas cidades aplicando um golpe extremamente simples, mas que funciona facilmente contra sujeitos ambiciosos. A grande chance da dupla ganhar um dinheiro alto surge quando chegam a Nova York e Felson consegue desafiar o famoso Minnesota Fats (Jackie Gleason), um veterano jogador considerado uma lenda da sinuca. Após uma verdadeira maratona em cima da mesa de sinuca, Felson é derrotado e perde uma grande quantia de dinheiro. 

Com uma personalidade complicada e abalado por ter perdido a partida, Felson se envolve com Sarah (Piper Laurie), uma jovem que tem problema em uma das pernas e que bebe demais. Sua última chance de reerguer a vida está em aceitar uma parceria com um empresário picareta (George C. Scott), que promete conseguir uma revanche com Minnesota Fats, em troca de parte do dinheiro da aposta. 

Este drama sobre o submundo da sinuca com certeza serviu de inspiração para os trabalhos de Martin Scorsese. Os personagens marginais deste filme vivem no mesmo mundo retratado por Scorsese em suas obras.& 

A fotografia em preto e branco realça ainda mais o estilo quase noir da narrativa, além dar um clima especial para as disputas de sinuca nos salões, alguns decadentes e outros grandiosos, como aquele em que ocorre a disputa entre Felson e Minnesota. 

Vale destacar o ótimo desempenho de todo o elenco e o prólogo que é uma verdadeira aula de cinema, sequência que detalha o golpe aplicado pelos personagens de Paul Newman e Myron McCormick. 

Como curiosidade, o lutador de boxe Jake LaMotta, o verdadeiro “Touro Indomável”, que teria sua vida levada ao cinema por Scorsese, tem uma ponta no filme como um barman.   

A Cor do Dinheiro (The Color of Money, EUA, 1986) – Nota 7,5
Direção – Martin Scorsese
Elenco – Paul Newman, Tom Cruise, Mary Elizabeth Mastrantonio, Helen Shaver, John Turturro, Bill Cobbs, Elizabeth Bracco, Forest Whitaker.

O aposentado jogador de sinuca Eddie Felson (Paul Newman) encontra um em bar o jovem Vincent (Tom Cruise), sujeito com grande talento para a sinuca, mas ao mesmo tempo arrogante e exibicionista. Vendo o potencial do jovem, Felson se aproxima e diz que Vincent está desperdiçando seu talento. Felson diz ainda que pode fazê-lo ganhar muito dinheiro com o jogo, ensinando truques e dando dicas de como se portar nas disputas clandestinas. Eles entram em acordo e partem em busca de dinheiro nas mesas de sinuca, mas não demora para entrarem em conflito, em parte por causa da namorada de Vincent, a bela Carmen (Mary Elizabeth Mastrantonio). Toda esta situação faz reascender em Felson o desejo de jogar, se transformando num rival de Vincent. 

Esta sequência de “Desafio à Corrupção”, produzida vinte e cinco anos depois, foi um projeto do astro Paul Newman, que viu as claras semelhanças do longa original com o estilo desenvolvido por Scorsese. A escolha de Tom Cruise também foi um tiro certeiro, pois o jovem se transformaria em astro no mesmo ano com o estrondoso sucesso de “Top Gun – Astros Indomáveis”. 

Mesmo a distância de tempo entre os filmes e sendo inferior ao original, a trama se casa perfeitamente com o desenvolvimento do personagem de Paul Newman, que aqui carrega as amarguras do passado e vê no talentoso rebelde interpretado por Tom Cruise, um espelho do que ele mesmo era quando jovem. 

O longa serviu também para colocar a carreira de Scorsese de volta aos trilhos do sucesso. Ele que vinha do fracasso de “O Rei da Comédia” e do divertido “Depois de Horas”, tomou novo fôlego, em seguida comandou o polêmico “A Última Tentação de Cristo” e engatou uma série de sucessos nos anos noventa. 

Finalizando, Paul Newman que havia recebido um Oscar pela carreira um ano antes, finalmente venceu o Prêmio de Melhor Ator pelo papel de Eddie Felson.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Sem Escalas

Sem Escalas (Non-Stop, Inglaterra / França / Estados Unidos, 2014) – Nota 7,5
Direção – Jaume Collet Serra
Elenco – Liam Neeson, Julianne Moore, Scott McNairy, Michelle Dockery, Nate Parker, Corey Stoll, Lupita Nyong’o, Omar Metwally, Jason Butler Harner, Linus Roache, Shea Wigham, Anson Mount, Quinn McColgan, Corey Hawkins.

Na cena inicial, somos apresentados a um sujeito (Liam Neeson) com rosto abatido, que está dentro de um carro ao lado de um aeroporto. Ele toma uma bebida antes de sair do carro e segue para entrar em um avião. A dúvida inicial aumenta quando o homem recebe mensagens de texto em uma rede privativa onde alguém o ameaça. Aos poucos, descobrimos que ele é um agente federal que viaja disfarçado fazendo segurança em voos comerciais e por algum motivo, está sendo ameaçado por um desconhecido. Para descobrir quem o ameaça, o agente toma atitudes que começam a assustar os passageiros e os tripulantes em pleno voo, tendo apoio apenas de uma mulher (Julianne Moore) que sentou ao seu lado no avião. 

Tramas de suspense e ação dentro de avião não são novidades no cinema, o que deixa este longa mais interessante é esconder o criminoso até a sequência final e criar um clima de paranoia através das mensagens de texto, resultando em uma tensão crescente. 

Mesmo com furos no roteiro, a trama não chega a ser tão absurda como outros filmes do gênero e o espectador consegue se divertir sem ser obrigado a engolir grandes exageros. 

O astro Liam Neeson, hoje na casa dos sessenta anos, desde “Busca Implacável” de 2008, pegou gosto pelos filmes de ação e protagonizou bons trabalhos no gênero. Além deste filme, vale destacar “A Perseguição”, “Desconhecido” e “Busca Implacável 2”, que ainda terá um sequência lançada em 2015. 

É muito legal quando um filme de suspense e ação tem um história interessante e não se apoia apenas em cenas de ação exageradas.

domingo, 13 de julho de 2014

O Besouro Verde

O Besouro Verde (The Green Hornet, EUA, 2011) – Nota 6
Direção – Michel Gondry
Elenco – Seth Rogen, Jay Chou, Cameron Diaz, Christoph Waltz, Tom Wilkinson, David Harbour, Edward James Olmos, Jamie Harris, Chad L. Coleman, Edward Furlong, James Franco.

Britt Reid (Seth Rogen) é o filho irresponsável de James Reid (Tom Wilkinson), um milionário dono de um jornal que morre de repente. Sem saber nada sobre a empresa, Britt deixa os negócios nas mãos de Mike (Edward James Olmos), uma espécie de braço direito do pai. Por acaso, ele descobre que o mecânico que trabalhava para seu pai, Kato (Jay Chou), é especialista em equipar carros com geringonças criativas. Após uma noite de farra com Kato, utilizando um dos carros modificados pelo sujeito e sem outra motivação qualquer, Britt decide sair pelas ruas com o novo amigo para enfrentar bandidos, como se fossem uma nova gangue que desejaria dominar a região. Logo, os dois amigos malucos entram em conflito com o traficante Chudnofsky (Christoph Waltz), um sujeito estranho que passa por uma crise de identidade.

A trama maluca e os absurdos do roteiro já eram esperados quando surgiu a notícia de que Seth Rogen, especialista em interpretar o “maconheiro gente boa”, iria adaptar a série dos anos sessenta que teve apenas uma temporada, mas que ficou marcada por ter o então desconhecido Bruce Lee no papel de Kato. Esta versão é praticamente uma sátira da série, com Rogen interpretando o papel de sempre e o chinês Jay Chou sendo mal aproveitado no que melhor sabe fazer, que é lutar.

O diretor francês Michel Gondry (do ótimo “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”) cria um efeito em câmera lenta para a visão do personagem Kato quando este se prepara para lutar, algo inusitado e que não funciona muito bem, deixando o longa ainda mais estranho.

A participação de Cameron Diaz vale apenas pela beleza, como um interesse romântico da dupla principal que se mostra forçado, assim como o bom Edward James Olmos é praticamente deixado de lado no meio da trama.

Os únicos destaques são a participação de James Franco na cena inicial e o vilão excêntrico interpretado por Christoph Waltz, que parece estar se divertindo no papel.

É o tipo de filme indicado para quem gosta de comédias rasteiras.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Afogando em Números & O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante


No final dos anos oitenta, o diretor inglês Peter Greenaway se tornou um dos grandes nomes do chamado de "cinema de arte". Com uma carreira voltada para documentários, Greenaway embarcou no cinema de ficção com obras originais, criativas e coloridas, sempre com histórias fora do comum e personagens excêntricos.

Nesta postagem comento os dois únicos filmes do diretor que assisti, por sinal os trabalhos que fizeram sua fama no início da carreira internacional.

Afogando em Números (Drowning by Numbers, Inglaterra / Holanda, 1988) – Nota 8
Direção – Peter Greenaway
Elenco – Bernard Hill, Joan Plowright, Juliet Stevenson, Joely Richardson, Jason Edwards.

Cissie Colpitts (Joan Plowright) é uma senhora cansada das infidelidades do marido que decide matar o sujeito. Utilizando o afogamento como ferramenta, o crime de Cissie é acobertado pelo legista Madgett (Bernard Hill), sujeito apaixonado por ela e também pelas duas filhas da assassina, que por curiosidade também chamam Cissie. As filhas, que também vivem casamento desastrosos, decidem seguir o exemplo da mãe para assassinar seus respectivos maridos, sempre com a cumplicidade de Madgett. 

Este longa foi o primeiro trabalho de Peter Greenaway que chamou atenção da crítica internacional, tanto pela excêntrica história, como pela criatividade na utilização dos números que acompanha todo o filme. Na cena inicial, uma garotinha conta as estrelas de um a cem, para em seguida a contagem centenária retornar acompanhando a trama. Em várias cenas aparecem números escondidos em alguma parte, criando quase uma brincadeira no estilo “Onde Está Wally?”. Além disso, um garoto (Jason Edwards) faz uma mórbida contagem das mortes que ocorrem durante o filme. 

É um filme extremamente criativo, infelizmente hoje praticamente esquecido.   

O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e a Amante (The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover, Inglaterra / França, 1989) – Nota 8
Direção – Peter Greenaway
Elenco – Richard Bohringer, Michael Gambon, Helen Mirren, Alan Howard, Tim Roth, Ciaran Hinds, Liz Smith.

O violento gângster Albert (Michael Gambon) é sócio do chefe de cozinha Borst (Richard Bohringer) em um restaurante de comida francesa, local onde vai jantar todas as noites com a esposa Georgina (Helen Mirren) e seus vários capangas (entre eles os então jovens Tim Roth e Ciaran Hinds). Albert é falastrão, não respeita pessoa alguma, abusando inclusive de sua esposa, sendo confrontado apenas pelo calmo Borst. 

Numa determinada noite, Georgina sente-se atraída por um cliente (Alan Howard) que está jantando sozinho em uma mesa. A atração é mútua, o que faz com que o dois comecem um caso e utilizem as dependências do restaurante (banheiro e depósito) para seus encontros amorosos enquanto o brutamontes Albert faz sua refeição. 

Depois da trama criativa de  “Afogando em Números”, Peter Greenaway preferiu aqui dar uma maior ênfase ao visual, que mistura cores, comida, sexo e algumas cenas grotescas. O estilo teatral é acentuado por cenários com cores diferentes. O salão de jantar é todo vermelho, a cozinha tem tons em verde, o banheiro branco e os fundos do restaurante em azul, por sinal este é um local repleto de cães famintos e que faz um contraponto ao glamour do restaurante, assim como as atitudes de Albert e seus capangas à mesa, que são horrorosas. É como se Greenaway quisesse explicitar todas as sensações que um ser humano pode ter. Desejo, fome, nojo, ódio, amor e vingança surgem em alguma parte da trama, chegando até a impactante cena final. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Duelo de Campeões

Duelo de Campeões (The Game of Their Lives, EUA, 2005) – Nota 6,5
Direção – David Anspaugh
Elenco – Gerard Butler, Wes Bentley, Jay Rodan, Gavin Rossdale, Costas Mandylor, Louis Mandylor, Zachery Ty Bryan, Jimmy Jean Louis, Richard Jenik, Bill Smitrovich, Patrick Stewart, Terry Kinney, John Rhys Davies.

Após doze anos sem a realização da Copa do Mundo de futebol por causa da Segunda Guerra Mundial, foi decidido que o próximo torneio ocorresse no Brasil em 1950. Entre as seleções convidadas, estava a dos Estados Unidos, muito mais por causa da importância do país durante o conflito mundial, do que pelo futebol em si, já que este esporte sequer existia de forma profissional na América.

Para montar uma equipe, o treinador Bill Jeffrey (John Rhys Davies) reuniu alguns atletas que jogavam futebol em universidade e completou o time com cinco trabalhadores descendentes de italianos moradores um pequeno condado em Saint Louis, Missouri. 

O goleiro Frank Borghi (Gerard Butler), Frank “Pee Wee” Wallace (Jay Rodan), Harry Keogh (Zachary Ty Bryan), Gino Pariani e Charlie “Gloves” Colombo (os irmãos Louis e Costas Mandylor) se juntaram ao grupo de jogadores liderados por Walter Bahr (Wes Bentley) e rumaram ao Brasil para representar o país, onde eram esperados para serem goleados.

Quis o destino que o time americano estivesse na mesma chave da seleção da Inglaterra, país que inventou o futebol e um dos favoritos ao título, mas por um milagre típico do futebol, os americanos venceram por um a zero, gol do haitiano Joe Gaetjens (Jimmi Jean Louis), resultando na maior zebra da história das Copas do Mundo. 

Esta fantástica história merecia um filme melhor, mesmo com a direção de David Anspaugh, responsável pelo sensacional e pouco visto “Momentos Decisivos” (leia resenha aqui), emocionante drama sobre um time de basquete, aqui entrega um longa que falta emoção e que tem um roteiro simplista demais. Os pequenos dramas criados na vida pessoal dos jogadores antes de viajarem ao Brasil são rasos e parecem terem sido escritos apenas para preencher o tempo de duração. 

O ponto positivo é sem dúvida a sequência da partida, que dura mais ou menos vinte minutos e recria várias jogadas com competência, principalmente por ser extremamente difícil filmar jogadas de futebol previamente montadas, já que este é um esporte de muito improviso. 

É curioso ver o hoje astro Gerard Butler como goleiro, pelas cenas parece que o ator realmente já brincou em peladas nas Escócia nesta posição. Há pouco tempo vi um entrevista de Butler onde ele falava com empolgação e mostrava conhecimento sobre futebol. 

Como informação, o verdadeiro Joe Gaetjens voltou para o Haiti e acabou assassinado nos anos sessenta pela polícia secreta do ditador Papa Doc. 

O resultado é um filme mediano que vale como registro de um fato histórico e se torna interessante principalmente para quem gosta de futebol.   

quarta-feira, 9 de julho de 2014

7 x 1


Peço licença aos amigos e amigas leitores do blog para mudar o foco e comentar sobre o vexame histórico da seleção brasileira.

Sou torcedor do Palmeiras e frequento estádios desde 1979 quando meu pai me levou pela primeira vez ao Parque Antárctica. Sofro pelo clube, mas jamais senti algo pela seleção brasileira, sou indiferente a vitória ou derrota em uma Copa do Mundo, porém o resultado do jogo de ontem merece uma reflexão mais profunda.

O massacre alemão desnuda uma sequência absurda de equívocos cometidos pela CBF e a pela comissão técnica, mas também é uma espécie de castigo a um governo que passou por cima de tudo e de todos para realizar a Copa em nosso país e para alguns veículos da mídia, principalmente a Globo, que trata a seleção brasileira como um produto de sua grade de programação.

Vou listar alguns pontos:

- Por mais que a Copa tenha sido sensacional dentro do campo com grandes jogos (das outras seleções), isso não apaga a injustiça com as milhares de pessoas que tiveram suas casas desapropriadas pelo governo, seja para construção dos estádios ou para as obras de melhoria da mobilidade urbana, que em sua maioria não foram finalizadas, sendo que algumas sequer saíram do papel. Para quem quiser saber um pouco mais, clique aqui para visitar minha postagem sobre o documentário "A Caminho da Copa".

- O gasto público absurdo na construção dos estádios, sendo que para alguns deles sequer existem perspectivas de utilização nos próximos meses, a isenção fiscal dada para FIFA e as empresas patrocinadoras da Copa são outros pontos negativos que vão para a conta do governo. Espero que o povo abra os olhos nas próximas eleições e tire do poder este partido que domina o país desde 2002.

- A influência nefasta de parte da mídia e principalmente da Globo que escondeu todos os problemas da seleção, sejam eles dos jogadores dentro do campo ou de comando (treinador, CBF), para criar um clima de "festa" onde a notícia séria não tem vez e o objetivo é sempre elevar o IBOPE. Criticar o futebol jogado pela seleção é crime, o que vale é demonizar os adversários, principalmente os argentinos e preencher sua grande de programação com "matérias" fúteis. O apresentador que chegou de helicóptero no meio do treino da seleção é um exemplo claro do absurdo da situação.

- A CBF é um verdadeiro feudo de cartolas obsoletos que tem como único objetivo se manterem no poder e lucrarem com os contratos de publicidade. Faz mais de vinte anos que a CBF praticamente terceirizou a seleção brasileira para a patrocinadora de uniformes. A Nike é a empresa que escolhe os adversários para amistosos, não levando em conta análise técnica alguma, o que vale é o lucro que partida proporcionará. A seleção brasileiro é tratada como um circo internacional itinerante, que joga nos Estados Unidos, no Canadá, no Mundo Árabe, na Ásia e praticamente nunca no Brasil. Esta escolha cada vez mais afasta o verdadeiro torcedor que gosta de futebol de acompanhar seleção, o que vimos no estádio nesta Copa eram pessoas que queriam participar da festa do momento, o futebol era apenas um detalhe.

- A comissão técnica da seleção escolhida pela CBF foi outro absurdo. Todos os palmeirenses imaginavam que a seleção iria fracassar quando o escolhido foi o Felipão. Nós, palmeirenses, sofremos durante dois anos com um treinador que não conseguia armar um time com um esquema tático básico. O sujeito insista nos erros, o que nos custou um rebaixamento em 2002 e com certeza o pior ano da história do clube, com o detalhe de que ele saiu apenas quando percebeu que o barco havia afundado. Como ele recebia uma salário milionário, pouco estava se lixando para o resultado dentro do campo, o interesse era o saldo na conta no final do mês.

- Os jogadores também tem uma grande parcela de culpa, em sua maioria são atletas milionários, muito mais preocupados com atividades extracampo. Comerciais de tv, vídeos para internet, selfies, entrevistas, negociação de contratos e cortes de cabelo com estilo fizeram mais sucesso do que o futebol jogado dentro do campo, que seria o objetivo principal da carreira.

Infelizmente o futebol brasileiro, assim como o país no seu todo, precisa de uma reformulação gigantesca. Hoje os analistas discutem caminhos a serem seguidos, porém conhecendo bem o país em que vivemos e as pessoas que tem poder para mudar algo, dificilmente sairemos rapidamente do buraco. No país a esperança de mudança está nas mãos do povo através das urnas e no futebol através do grupo de jogadores que criaram o "Bom Senso FC". A mudança tem de partir de baixo para cima, é a única saída.

Finalizando, o resultado de ontem é triste apenas pelas crianças que gostam de futebol e que choraram pela derrota, porém os envolvidos no vexame (jogadores, comissão técnica, dirigentes e parte da mídia) merecem carregar a culpa.

terça-feira, 8 de julho de 2014

A Faca na Água

A Faca na Água (Nóz W Wodzie, Polônia, 1962) – Nota 8
Direção – Roman Polanski
Elenco – Leon Niemczyk, Jolanta Umecka, Zygmunt Malanowicz.

O casal Andrzej (Leon Niemczyk) e Krystyna (Jolanta Umecka) está viajando de carro por uma estrada no interior da Polônia quando um jovem (Zygmunt Malanowicz) praticamente se joga na frente do automóvel pedindo carona. O fato irrita Andrzej, que em seguida de forma surpreendente decide dar carona ao sujeito. Ao chegaram num pier à beira de um lago isolado onde o casal tem um pequeno barco, Andrzef novamente surpreende ao convidar o jovem para velejar com eles. Sem tem o que fazer, seduzido pela chance de aproveitar um estilo de vida diferente do seu e também atraído pela bela Krystyna, o jovem embarca no passeio que aos poucos se transforma numa disputa entre os dois sujeitos. 

Este longa que marcou a estreia de Roman Polanski atrás das câmeras, chamou a atenção da crítica e colocou o nome do diretor no cenário mundial, abrindo caminho para realizar o clássico “Repulsa ao Sexo”. 

Por ser o primeiro trabalho na direção, o longa surpreende pela firmeza de Polanski e principalmente por contar uma história simples recheada de pequenos detalhes que fazem toda a diferença no resultado. Os olhares entre o trio de protagonistas, as cenas em que a bela Krystyna aparece de biquíni ou com a silhueta nua e os diálogos cheios de ironia e dupla sentido são exemplos. 

Os personagens se mostram complexos, como o marido que está chegando na meia-idade e que tenta se mostrar forte para esconder a insegurança no casamento. Ele procura humilhar o jovem caronista para marcar seu território e se sentir jovem, vendo no garoto o que gostaria de ser, enquanto o jovem sem nome aceita a situação esperando uma chance de conseguir o que deseja. A esposa a princípio se mostra fria, fica claro que o casamento tem problemas, até que um determinado fato desperta o fogo que está escondido naquele belo corpo. 

O resultado é um filme em preto e branco com estilo europeu,  muito próximo dos trabalhos da primeira fase da carreira de Polanski, como “O Inquilino” e “Repulsa ao Sexo”.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Salt

Salt (Salt, EUA. 2010) – Nota 5,5
Direção – Phillip Noyce
Elenco – Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel Ejiofor, Daniel Olbrychski, August Diehl, Hunt Block, Andre Braugher, Olek Krupa, Corey Stoll.

A agente da CIA Evelyn Salt (Angelina Jolie) foi capturada pelo exército norte-coreano e salva graças a seu namorado Mike (August Diehl), que conseguiu fazer com que o governo americano aceitasse trocar um prisioneiro pela vida da agente. De volta ao trabalho e vivendo feliz com o agora marido Mike, Evelyn é surpreendida quando um agente russo (Daniel Olbrychski) se entrega e diz que deseja revelar segredos aos americanos. 

O sujeito conta uma história mirabolante sobre um projeto secreto russo que nos anos oitenta treinava crianças para se infiltrarem na sociedade americana como espiões após a idade adulta e ficarem à espera do chamado “Dia X”, quando seriam chamados para cumprir suas missões. No final do interrogatório, o sujeito diz que Evelyn é uma destas pessoas e que ela teria como missão assassinar o presidente russo que está em visita ao país.O fato deixa seu chefe (Liev Schreiber) sem saber o que fazer, enquanto o agente do serviço secreto Peabody (Chiwetel Ejiofor) deseja prendê-la na hora. Evelyn consegue fugir para procurar o marido, dando início a uma corrida contra o tempo. 

Quando uma grande produção de Hollywood é encabeçada por um astro ou estrela com fama muito acima dos coadjuvantes, o risco do longa se transformar apenas num veículo de marketing para o protagonista é grande, principalmente quando o diretor e os produtores acreditam que isto é o suficiente para fazer sucesso. 

Infelizmente este “Salt” cai nesta armadilha e desperdiça uma ótima premissa, resultando numa trama confusa que brinca com a inteligência do espectador ao criar algumas péssimas reviravoltas e principalmente exagerando nas cenas de ação. A sequência da perseguição em cima dos caminhões e os tiroteios no subterrâneo da igreja e na Casa Branca são exemplos de absurdos. 

É uma pena, a trama de conspiração tinha tudo para render um ótimo thriller nas mãos de um diretor melhor e com um roteiro bem trabalhado. No final, a sessão vale apenas para os fãs de Angelina Jolie. 

Como dica, para quem gosta do estilo da trama, procure o ótimo “Sem Saída”, suspense de 1987 que tinha Kevin Costner e Gene Hackman nos papéis principais. 

domingo, 6 de julho de 2014

Um Vagabundo na Alta Roda

Um Vagabundo na Alta Roda (Down and Out in Beverly Hills, EUA, 1986) – Nota 6,5
Direção – Paul Mazursky
Elenco – Nick Nolte, Richard Dreyfuss, Bette Midler, Little Richard, Tracy Nelson, Elizabeth Peña, Evan Richards, Paul Mazursky, Valerie Curtin.

Nesta semana o cinema perdeu o ator e diretor Paul Mazursky, que mesmo não figurando entre os grandes de Hollywood, deixou uma interessante carreira, principalmente como diretor, com destaque para longas como “Bob, Carol, Ted e Alice”, “Próxima Parada: Bairro Boêmio” e “Cenas em um Shopping”, onde conseguiu fazer Woody Allen trabalhar apenas como ator. Nesta postagem eu comento seu maior sucesso de bilheteria, a comédia “Um Vagabundo na Alta Roda”, que é uma adaptação de uma pela francesa dos anos trinta. 

A história começa com o morador de rua Jerry (Nick Nolte) entrando no quintal de uma mansão em Los Angeles e se atirando na piscina para morrer, porém ele acaba salvo pelo dono da casa, o empresário Dave (Richard Dreyfuss). Apesar de ser rico, Dave sofre com sua família e mantém um relacionamento com a empregada (Elizabeth Peña).  Seu casamento de vinte anos com Barbara (Bette Midler) está falido, o que faz com que a esposa compense sua frustração através de compras e de crenças em terapias picaretas. O casal de filhos de adolescentes (Tracy Nelson e Evan Richards) são tão complicados quanto os pais. 

Após salvar Jerry, Dave decide ajudar o sujeito e o convida a passar um tempo com sua família, o que a princípio causa um mal estar com todos, mas não demora para a presença do estranho Jerry mudar as coisas no local, se infiltrando na vida de cada um e inclusive despertando o interesse de Barbara. 

Longe de ser um grande filme, o ponto positivo é a crítica social inserida na comédia, ao mostrar de forma irônica uma família rica totalmente disfuncional que no fundo é mais complicada que o morador de rua. 

Mesmo não sendo fã do histrionismo de Bette Midler, neste filme seu estilo é perfeito para a dondoca fútil, assim como Nick Nolte e Richard Dreyfuss competentes como os sujeitos opostos, porém quem rouba a cena nas poucas vezes em que aparece é o veterano roqueiro Little Richard, que interpreta o vizinho incomodado com as loucuras na mansão ao lado. 

sábado, 5 de julho de 2014

No Limite da Mentira

No Limite da Mentira (The Debt, EUA / Inglaterra / Hungria / Israel, 2010) – Nota 7,5
Direção – John Madden
Elenco – Helen Mirren, Sam Worthington, Jessica Chastain, Marton Csokas, Tom Wilkinson, Ciaran Hinds, Jesper Christensen, Romi Aboulafia.

Israel, 1997, a escritora Sarah Gold (Romi Aboulafia) lança um livro sobre a participação de sua mãe Rachel Singer (Helen Mirren) em um missão do Mossad, o serviço secreto israelense, que em 1966 tinha o objetivo de capturar o criminoso nazista conhecido como “O Cirurgião de Birkenau” (Jesper Christensen), que vivia com identidade falsa em Berlim, na antiga Alemanha Oriental. 

O lançamento do livro deixa Sarah apreensiva, assim como seu ex-marido Stephan Gold (Tom Wilkinson), que também participou da missão, além do reaparecimento de David Peretz (Ciaran Hinds), a terceira pessoa envolvida na ação. 

Em seguida, a trama volta para 1966, com os três personagens ainda jovens (representados respectivamente por Jessica Chastain, Marton Csokas e Sam Worthington), mostrando o que realmente ocorreu durante a missão em Berlim e as consequências destes fatos. 

Esta interessante produção tem como um dos pontos positivos o ótimo elenco, com destaque para os veteranos Helen Mirren, Tom Wilkinson e Ciaran Hinds, além do sinistro Jesper Christensen, que tem atuações superiores ao elenco mais jovem, que por outro lado se não brilham, também não atrapalham, tendo atuações corretas. 

O grande acerto do longa é o roteiro de Matthew Vaughn, diretor de “Kick-Ass” e “X-Men: Primeira Classe”, que consegue amarrar uma trama complexa com competência, prendendo a atenção do espectador até o final.  

Mesmo sendo uma trama ficcional, os elementos do roteiro e o estilo da narrativa lembram uma produção baseada em história real, 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Doce Tentação

Doce Tentação (About Cherry, EUA, 2012) – Nota 5,5
Direção – Stephen Elliott
Elenco – Ashley Hinshaw, Lili Taylor, Dev Patel, James Franco, Heather Graham, Diane Farr, Maya Raines, Vincent Palo, Jonny Weston.

Angelina (Ashley Hinshaw) é uma jovem sem perspectivas na vida, que vive em Los Angeles com a mãe alcoólatra (Lili Taylor) e a irmã adolescente (Maya Raines), além de um sujeito que pouco aparece na casa e que deve ser seu padrasto. Quando seu namorado (Jonny Weston) a indica para um trabalho de fotos sensuais, Angelina aceita a proposta pelo dinheiro, mas abandona o sujeito. 

Percebendo que pode ganhar dinheiro e mudar de vida, Angelina decide se mudar para San Francisco junto com o amigo Andrew (Dev Patel), que é apaixonado por ela sem ser correspondido. Na nova cidade, Angelina começa a trabalhar como garçonete em um clube de striptease, até que surge a chance de ingressar no cinema pornô. Em paralelo, ela se envolve com um advogado drogado (James Franco), além de ser cortejada por uma fotógrafa (Heather Graham). 

O diretor Stephen Elliott também é jornalista e escritor, sendo responsável pelo roteiro deste que é sua estreia atrás das câmeras em um longa, mas infelizmente a história da jovem Angelina resulta num filme fraco por causa das falhas no roteiro e no confuso desenvolvimento dos personagens. Fica difícil entender as atitudes da personagem principal, que a princípio se mostra uma jovem meiga e preocupada com a irmã, depois abandona tudo para fugir e no final se torna ambiciosa. 

O ritmo lento e várias cenas que parecem fora da trama são outros pontos negativos. Temos a sequência de Dev Patel com o amigo na boate gay e a briga de James Franco com o traficante que não acrescentam nada na história. 

Infelizmente o diretor não aproveita o talento do bom elenco e desperdiça uma boa premissa.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Barry Lyndon

Barry Lyndon (Barry Lyndon, Inglaterra / EUA, 1975) – Nota 7
Direção – Stanley Kubrick
Elenco – Ryan O’Neal, Marisa Berenson, Patrick Magee, Hardy Kruger, Steven Berkoff, Gay Hamilton.

No século XVIII, Redmond Barry (Ryan O’Neal) seu apaixona por sua prima Nora (Gay Hamilton), que também é cortejada por um oficial do exército britânico. O inevitável conflito pelo amor da jovem faz com que Barry seja obrigado a sair do vilarejo onde vive e se alistar no exército. Ele participará da Guerra dos Sete Anos, depois lutará pelo Exército da Prússia, até finalmente conseguir se infiltrar entre a nobreza ao casar com a viúva Lady Honoria Lyndon (Marisa Berenson). Com dinheiro e as portas abertas da nobreza, Lyndon chegará ao topo, porém o complicado relacionamento com o filho de sua esposa e a rivalidade com outro nobre o levarão a um destino cruel. 

Em quase cinquenta anos de carreira, Stanley Kubrick comandou apenas treze filmes, sendo que todos geram discussões permanentes entre críticos e cinéfilos. Destes treze filmes, eu ainda não assisti “Lolita” e “Medo e Desejo” que foi o primeiro trabalho do diretor. Assisti “Laranja Mecânica” faz muito tempo, por isso pretendo rever para ter uma melhor opinião. 

Dos demais trabalhos do diretor, três deles não caíram no meu gosto. Seu último filme, o polêmico “De Olhos Bem Fechados” me pareceu um longa frio e vazio e o clássico “2001 – Uma Odisseia no Espaço” um verdadeiro teste de paciência ao espectador. Considero este um longa superestimado, mas é apenas uma opinião pessoal. 

O terceiro trabalho do diretor que também não gostei é este “Barry Lyndon”. O longa é um épico sobre a vida de um personagem interessante, com uma ótima reconstituição de época e uma bela fotografia, porém a lentidão da narrativa e os conflitos formais (amor proibido, duelos, disputas entre nobres) enfrentados pelo protagonista tornam o filme cansativo nas suas três horas de duração. 

Finalizando, os demais filmes de Kubrick são obras de primeira qualidade, vide “O Iluminado”, “Nascido Para Matar”, “Dr. Fantástico”, “Glória Feita de Sangue” e “O Grande Golpe”.