domingo, 14 de outubro de 2012

JCVD

JCVD (JCVD, Luxemburgo / França / Bélgica, 2008) – Nota 7,5
Direção – Mabrouk El Mechri
Elenco – Jean Claude Van Damme, François Damiens, Zinedine Soualem.

Em meados dos anos oitenta, quando o cinema de ação estava no auge e astros com Stallone e Schwarzenegger emplacavam um sucesso atrás do outro, vários atores tentaram seguir o rastro da dupla. Bruce Willis se transformou em astro de ação meio que por acaso após o sucesso do sensacional “Duro de Matar”. Willis tinha fama pela série “A Gata e o Rato” e isso ajudou para que ele fosse visto como um ator de respeito. Com inteligência, ele fez comédias e até dramas, para não ficar marcado num único gênero. 

Enquanto isso, atores como Steven Seagal, Chuck Norris, Jean Claude Van Damme e outros menos cotados, fizeram sucesso com alguns filmes, mas não conseguiram seguir carreira além dos filmes de ação. A partir de meados dos anos noventa, estes atores foram perdendo espaço e praticamente sumiram dos cinemas, restando apenas as produções lançadas diretamente em vídeo. 

Entre estes que se perderam na carreira, Van Damme com certeza era o que tinha maior potencial de se tornar uma verdadeiro ator. A aparência de galã, o físico de atleta e até algum talento para representação ele possuía, porém a fama chegou junto com vários casamentos, escolhas ruins de papéis e até problemas com drogas. 

Quando Van Damme decidiu apostar suas fichas neste “JCVD”, ele já estava há quase uma década sem que filme algum chegasse aos cinemas. O longa começa com Van Damme no meio de um cena de ação onde derruba vários bandidos, típica sequência dos caça-niqueis que protagoniza há anos. Quando a cena acaba após um erro no cenário, Van Damme diz ao diretor que já tem 47 anos e que ficaria difícil repetir a cena, situação que é tratada com desprezo pelo jovem diretor de origem oriental. 

Em seguida descobrimos que Van Damme está no meio de uma disputa na justiça pela guarda da filha, que por seu lado não deseja morar com o pai, alegando que seus filmes fazem com que as outras crianças tirem sarro dela. Para piorar, Van Damme que precisa de dinheiro para pagar o advogado, vai até Bruxelas na Bélgica (seu país natal) para sacar o valor no correio e acaba envolvido no meio de um assalto, onde os bandidos fazem a polícia acreditar que o astro é o mentor do crime. 

Mesmo longe de ser um grande roteiro, o ponto principal e corajoso do filme é Van Damme se mostrar como ele mesmo, expondo seus erros e fraquezas, principalmente num doloroso monólogo durante o assalto, quando ele vira para a câmera e abre o coração mostrando todo o arrependimento que carrega. 

A história funciona principalmente por mostrar o homem e não o astro como personagem principal, mesmo que a trama em si seja ficção. Porém é triste constatar que o filme que poderia ser o renascimento da carreira do ator, será lembrado apenas como um trabalho diferenciado, já que em seguida Van Damme retornou aos filmes de ação de baixo orçamento lançados direto em vídeo. 

2 comentários:

Amanda Aouad disse...

Realmente, Van Damme poderia ser muito mais. JCVD foi uma boa surpresa, a forma como mistura ficção e realidade é forte mesmo. Aquele monólogo que você citou é o ápice do filme. Triste também ver a mágoa que ele tem de algumas pessoas como John Woo.

bjs

Hugo disse...

Amanda - Van Damme deixou claro que gostaria de ter feitos outros filmes com Woo, mas pelo jeito o diretor não pensava a mesma coisa.

Bjos