Em 1978, quando Walter Hill dirigiu o ótimo "Warriors - Os Selvagens da Noite", filmes sobre gangues eram pouco comuns. O sucesso do longa fez nascer timidamente um gênero, que logo se adaptou a realidade. O filme Hill mostrava a violenta Nova York dos anos setenta, porém o local mais complicado em relação as gangues era Los Angeles. O tema pegou forte quando Dennis Hopper filmou "Colors - As Cores da Violência" em 1988 com Sean Penn e Robert Duvall nos papéis principais. A partir daí várias produções abordaram o tema. Nesta postagem comento dois filmes que estão entre os melhores e mais realistas sobre a vida nas gangues de Los Angeles. Como curiosidade, o dois filmes tem roteiro de Floyd Mutrux e foram produzidos quase em seguida.
América do Medo (American Me, EUA, 1992) – Nota 7,5
Direção –
Edward James Olmos
Elenco – Edward James Olmos, William Forsythe, Pepe Serna,
Sal Lopez, Evelina Fernandez, Vira Montes, Jacob Vargas, Cary Hiroyuki Tagawa.
Após passar dezoito anos preso e ficar em liberdade por
pouco tempo, Montoya Santana (Edward James Olmos) volta para prisão e começa a
relembrar sua vida. Em 1968, ainda adolescente, ele e os amigos J. D. (William
Forsythe) e Mundo (Pepe Serna) se envolvem com o crime, são presos e levados a
um reformatório, local onde Santana mata um agressor. O fato o transforma em um
sujeito temido e dá início a sua carreira como chefe de uma gangue de
descendentes de mexicanos dentro da prisão.
O roteiro segue a vida de Santana
durante o período em que ele fica na cadeia, sua relação com os companheiros de
gangue e toda violência utilizada para manter seu poder e também afastar os grupos
inimigos.
Existe um prólogo que se passa nos anos quarenta durante a Segunda
Guerra, quando o pai de Santana (Sal Lopez) tem orgulho da bela esposa (Vira
Montes), porém como o preconceito contra estrangeiros era grande, eles são
atacados por marinheiros, fato que marcará o restante da vida do casal.
Este
prólogo mostra uma espiral de violência contínua, que passa pela vida de
Santana e segue na geração dos anos oitenta, quando ele sai de cadeia por um
período e acaba sendo visto como herói pelas crianças do bairro, inclusive por
seu irmão adolescente (Jacob Vargas).
A mistura de drama com violência
infelizmente é próxima da realidade, sendo que o filme se diz baseado em fatos
reais, porém como um coletânea de situações que se transformaram num roteiro de
cinema.
Vale destacar a segurança do ótimo ator Edward James Olmos, tanto na
interpretação do personagem principal, quanto na condução do longa como
diretor.
Uma sequência é quase uma parábola de vida, quando Santana e seus
amigos ainda jovens decidem mudar de caminho para chegar em casa, atravessando o território de rivais, fato que acaba em tragédia e deixa a mensagem de que mesmo
para quem acredita não ter futuro existem escolhas, a questão é decidir pelo
caminho correto.
Marcados Pelo Sangue (Bound by Honor, EUA, 1993) – Nota 8
Direção –
Taylor Hackford
Elenco –
Damian Chapa, Benjamin Bratt, Jesse Borrego, Enrique Castillo, Delroy Lindo,
Ving Rhames, Victor Rivers, Tom Towles, Raymond Cruz, Tom Wilson, Danny Trejo,
Billy Bob Thornton, Richard Masur.
No início dos anos setenta no leste de Los Angeles, os
meio-irmãos Paco (Benjamin Bratt) e Cruz (Jesse Borrego) juntos com o primo
Miklo (Damian Chapa), entram para gangue chamada de “Vatos Locos” e se envolvem
com violência e drogas. A vida louca acaba em tragédia que leva Miklo para
cadeia e afasta os irmãos que abandonam a gangue. Cruz se torna um artista
plástico famoso, porém o psicológico frágil e a crise familiar o empurra para
as drogas, enquanto o explosivo Paco se torna policial.
Este épico de três
horas de duração sobre as gangues de Los Angeles foi uma aposta arriscada de
Taylor Hackford que fracassou nas bilheterias e dividiu a crítica, porém a qualidade
do roteiro é inegável, sendo baseado na história real do poeta Jimmy Santiago
Baca.
A história vai além dos filmes sobre gangues e prisão, a trama é
temperada por situações como traições, lealdade, seja ela de sangue ou de amizade
e conflitos pessoais, como o perturbado Cruz e a crise de identidade de Miklo, que
é branco e pobre, por isso não se encaixa entre os chicanos ou entre os
brancos, precisando lutar para sobreviver em meio a violência.
O único senão é quanto ao elenco, se Benjamin Bratt e Jesse Borrego dão conta do recado, o canastrão Damian Chapa é o elo fraco do trio, mas isso não tira a força do longa.
O único senão é quanto ao elenco, se Benjamin Bratt e Jesse Borrego dão conta do recado, o canastrão Damian Chapa é o elo fraco do trio, mas isso não tira a força do longa.
5 comentários:
Amigo suas dicas sempre são validas e merecem atenção. Como sempre busca filmes fora do grande mercado óbvio.
dos dois so vi marcados pelos sangue,eu que gosto muito desses tipos de filme devo dizer que adorei.
Renato - O objetivo é mesclar filmes antigos e novos. Visitando outros blogs também descubro filmes esquecidos ou novidades. É sempre bom garimpar filmes.
John - São dois bons filmes e concordo que "Marcados pelo Sangue" é melhor.
Abraço
ola amico nao consegui encontrar o AMERICAN ME em site algum! alguem pode me ajudar com um link de torrent? encontrei apenas o torrent dele em ingles sem legenda
Case - Neste site talvez vc consiga encontrar.
http://saladeexibicao.blogspot.com.br/2011/04/america-do-medo.html
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