Direção – Mabrouk El Mechri
Elenco – Jean Claude Van Damme, François Damiens, Zinedine
Soualem.
Em meados dos anos oitenta, quando o cinema de ação estava
no auge e astros com Stallone e Schwarzenegger emplacavam um sucesso atrás do
outro, vários atores tentaram seguir o rastro da dupla. Bruce Willis se
transformou em astro de ação meio que por acaso após o sucesso do sensacional
“Duro de Matar”. Willis tinha fama pela série “A Gata e o Rato” e isso ajudou
para que ele fosse visto como um ator de respeito. Com inteligência, ele fez comédias
e até dramas, para não ficar marcado num único gênero.
Enquanto isso, atores
como Steven Seagal, Chuck Norris, Jean Claude Van Damme e outros menos cotados,
fizeram sucesso com alguns filmes, mas não conseguiram seguir carreira além dos
filmes de ação. A partir de meados dos anos noventa, estes atores foram
perdendo espaço e praticamente sumiram dos cinemas, restando apenas as
produções lançadas diretamente em vídeo.
Entre estes que se perderam na
carreira, Van Damme com certeza era o que tinha maior potencial de se tornar
uma verdadeiro ator. A aparência de galã, o físico de atleta e até algum
talento para representação ele possuía, porém a fama chegou junto com vários
casamentos, escolhas ruins de papéis e até problemas com drogas.
Quando Van
Damme decidiu apostar suas fichas neste “JCVD”, ele já estava há quase uma
década sem que filme algum chegasse aos cinemas. O longa começa com Van Damme
no meio de um cena de ação onde derruba vários bandidos, típica sequência dos
caça-niqueis que protagoniza há anos. Quando a cena acaba após um erro no cenário,
Van Damme diz ao diretor que já tem 47 anos e que ficaria difícil repetir a
cena, situação que é tratada com desprezo pelo jovem diretor de origem oriental.
Em seguida descobrimos que Van Damme está no meio de uma disputa na justiça
pela guarda da filha, que por seu lado não deseja morar com o pai, alegando que
seus filmes fazem com que as outras crianças tirem sarro dela. Para piorar, Van
Damme que precisa de dinheiro para pagar o advogado, vai até Bruxelas na
Bélgica (seu país natal) para sacar o valor no correio e acaba envolvido no
meio de um assalto, onde os bandidos fazem a polícia acreditar que o astro é o
mentor do crime.
Mesmo longe de ser um grande roteiro, o ponto principal e
corajoso do filme é Van Damme se mostrar como ele mesmo, expondo seus erros e fraquezas,
principalmente num doloroso monólogo durante o assalto, quando ele vira para a
câmera e abre o coração mostrando todo o arrependimento que carrega.
A história
funciona principalmente por mostrar o homem e não o astro como personagem
principal, mesmo que a trama em si seja ficção. Porém é triste constatar que o
filme que poderia ser o renascimento da carreira do ator, será lembrado apenas
como um trabalho diferenciado, já que em seguida Van Damme retornou aos filmes
de ação de baixo orçamento lançados direto em vídeo.
2 comentários:
Realmente, Van Damme poderia ser muito mais. JCVD foi uma boa surpresa, a forma como mistura ficção e realidade é forte mesmo. Aquele monólogo que você citou é o ápice do filme. Triste também ver a mágoa que ele tem de algumas pessoas como John Woo.
bjs
Amanda - Van Damme deixou claro que gostaria de ter feitos outros filmes com Woo, mas pelo jeito o diretor não pensava a mesma coisa.
Bjos
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