Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey?

 

Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey? (Cold Case: Who Killed JonBenét Ramsey, EUA, 2024) – Nota 7
Direção – Joe Berlinger
Documentário

Este documentário dividido em três episódios detalha um dos casos mais enigmáticos dos últimos trinta anos. Em Boulder no Texas, na manhã do dia 26 de dezembro de 1996, Patsy Ramsey foi acordar a filha JonBenét de seis anos e encontrou um bilhete de resgate informando que a menina foi sequestrada.

Desesperada junto com o marido John, eles chamaram a polícia que vasculhou a casa atrás de pistas. Horas depois, de forma surpreendente e ainda com a polícia em casa, John encontrou o corpo da filha no chão de um pequeno cômodo no fundo da residência, local em que um dos policiais não chegou a abrir a porta. O fato dá início a um caso que se arrasta até hoje. 

Especialista em documentários sobre true crime, como a sensacional trilogia “Paraíso Perdido”, o diretor Joe Berlinger ao mesmo tempo em que consegue descrever os detalhes do caso de forma minuciosa através dos depoimentos e da montagem, também sofre por ser uma história que já foi explorada de todas as formas possíveis durante esses anos. 

Os dois pontos principais são mostrar que o casal John e Patsy foram vítimas tanto da perda da filha, quanto da imprensa sensacionalista, da incompetência da polícia local de Boulder que não tinha experiência nesse tipo de caso e na perseguição de um promotor público que claramente buscava fama os acusando de serem responsáveis pelo assassinato, mesmo sem prova alguma. 

Um ponto explorado pela mídia foi que a garotinha participava de concursos de beleza infantil, fato que foi distorcido como se os pais fossem exploradores, algo que também não se sustentou. 

Alguns suspeitos do crime surgiram durante a investigação, porém os erros na cena do crime, a tentativa de culpar os pais e o passar do tempo fizeram com o que verdadeiro criminoso continuasse livre, isso se ainda estiver vivo após três décadas.

Sob Pressão

 

Sob Pressão (5lbs of Pressure, EUA, 2024) – Nota 6
Direção – Phil Allocco
Elenco – Luke Evans, Rory Culkin, Alex Pettyfer, Rudy Pankow, Stephanie Leonidas, Savannah Steyn, Zac Adams.

Após cumprir treze anos de cadeia e três de liberdade condicional por causa de um assassinato, Adam (Luke Evans) volta para seu bairro em Nova York com o objetivo de reencontrar sua antiga namorada e conhecer seu filho que já é adolescente. Além da dificuldade em ser novamente aceito, Luke também terá de lidar com antigos desafetos. 

Este longa escrito e dirigido pelo desconhecido Phil Allocco explora a clássica trama do criminoso arrependido que deseja mudar de vida, mas que toma a péssima decisão de voltar ao ambiente perigoso em que passou a juventude. 

O roteiro insere também uma trama paralela sobre tráfico de drogas com os personagens de Rory Culkin e Alex Pettyfer, além de utilizar como locações a Nova York periférica, bem diferentes dos habituais pontos turísticos. 

É um filme mediano, que entrega o que promete para o espectador que não exigir muito.

A História Nunca Contada da Cannon Films & The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films

 

A História Nunca Contada da Cannon Films (Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films, Austrália / EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Mark Hartley
Documentário

The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films (The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films, Israel, 2014) – Nota 6,5
Direção – Hilla Medalia
Documentário

Em 2014 foram lançados de forma simultânea dois documentários detalhando a história da empresa Cannon, que produziu dezenas de filmes nos anos oitenta. 

Nos anos sessenta, o primos Menahem Golam e e Yoram Globus começaram a produzir filmes de sucesso em Israel, mas somente no final dos setenta a dupla emplacou duas obras fora de seu país. O longa de ação “Operação Thunderbolt” e a comédia adolescente “Lemon Popsicle”, este último que até alguns anos atrás ainda era o recordista de público da história do cinema de Israel. 

O lucro desses longas levou a dupla a realizar o sonho de migrar para Hollywood. Eles compraram a produtora Cannon, que era especializada em filmes independentes e iniciaram uma verdadeira saga que durou dez anos. Nesse período eles produziram dezenas de filmes, em sua maioria obras populares que faziam muito barulho, mas de qualidade duvidosa. 

O documentário “A História Nunca Contada da Cannon Films” foca nos bastidores e nas informações dos principais filmes da produtora, além dos acertos e erros da dupla que levaram a produtora à falência em 1989. 

O segundo documentário chamado “The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films” foi produzido pela própria dupla Golam e Globus, sendo mais voltado para suas carreiras, deixando os detalhes dos filmes em segundo plano. 

O primeiro doc é muito mais interessante, principalmente para quem viveu a adolescência nos anos oitenta e curtiu diversos filmes explosivos protagonizados por Chuck Norris, Charles Bronson e Michael Dudikoff, além de obras de ficção B a grandes produções fracassadas como “Falcão – O Campeão dos Campeões” com Sylvester Stallone e “Superman IV – Em Busca da Paz”. 

Também para quem viveu na época, os filmes da Cannon eram distribuídos em VHS no Brasil por uma empresa chamada América Vídeo. Cada fita tinha a propaganda de uma famosa pousada, uma série interminável de trailers dos filmes de ação da Cannon e a marcante frase na narração “Nossos Filmes Explodem como Dinamite”. O que era até uma verdade, pois muito desses filmes eram verdadeiras bombas. 

Menahem Golam faleceu em 2014, na mesma época em que os documentários foram lançados, enquanto Yoram Globus ainda está vivo. Mas não se pode deixar de citar que a dupla deixou um grande legado para os fãs do cinema de ação, daqueles em que a diversão é mais importante do que a qualidade.

Sonhador Americano

Sonhador Americano (American Dreamer, EUA / Canadá, 2022) – Nota 6
Direção – Paul Dektor
Elenco – Peter Dinklage, Shirley MacLaine, Matt Dillon, Kimberly Quinn, Danny Glover, Danny Pudi, Michelle Mylett.

Phil (Peter Dinklage) é um professor de universidade que mora em um pequeno apartamento e sonha em comprar uma bela casa. A chance surge em um inusitado anúncio em que um casarão está à venda por um preço baixo, desde que o comprador aceite que a atual dona tenha seu espaço enquanto estiver viva. A proprietária é Astrid (Shirley MacLaine), que se mostra uma pessoa excêntrica. 

Esta mistura de comédia com pitadas de drama é daqueles filmes em que o protagonista tem que enfrentar uma sucessão de situações que são mais patéticas do que dramáticas. A cada novo passo surge um problema diferente com uma consequência dolorosa. 

É um filme que se apoia nessas situações estranhas e nos personagens. Peter Dinklage acerta o tom do protagonista azarado e ruim para tomar decisões, enquanto Shirley MacLaine parece muito bem aos noventa anos de idade. Destaque também para o corretor de imóveis falastrão de Matt Dillon e o investigador particular do veterano Danny Glover.

F1: O Filme

 

F1: O Filme (F1: The Movie, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Joseph Kosinski
Elenco – Brad Pitt, Damson Idris, Javier Bardem, Kerry Condon, Tobias Menzies, Kim Bodnia, Sarah Niles, Will Merrick, Joseph Balderrama, Abdul Salis, Callie Cooke, Samson Kayo.

Sonny Hayes (Brad Pitt) é um corredor profissional que recebe o convite de seu antigo companheiro de equipe Ruben Cervantes (Javier Bardem) para voltar a pilotar um carro de Fórmula 1 após trinta anos. 

Aceitando o desafio, Sonny terá de lidar com a postura arrogante do jovem corredor Joshua Pearce (Damon Idris), seu novo parceiro na equipe e também com a total desconfiança de todas as pessoas ao redor. 

Treze anos após o ótimo “Rush – No Limite da Emoção”, um novo grande filme sobre a Fórmula 1 foi produzido. O roteiro escrito por Ehren Kruger e o diretor Joseph Kosinski consegue mesclar os conflitos de bastidores, os egos dos envolvidos, táticas de corrida e toda a inovação tecnológica que transformou esse esporte na última década. 

A narrativa segue o estilo clássico da chamada “Jornada do Herói”, em que o protagonista enfrenta uma saga em busca de alguns objetivos, sendo o principal a redenção. Esse arco na história do personagem de Brad Pitt por mais que pareça clichê, na verdade resulta em uma pequena surpresa e na mensagem de lutar pelo o que você sonha. 

A parte técnica é perfeita e as corridas bastante realistas, apenas com um ou duas situações que passam um pouco do limite, resultado em um ótimo filme para quem gosta do tema.

Karatê Kid: Lendas

Karatê Kid: Lendas (Karate Kid: Legends, EUA / Canadá, 2025) – Nota 6
Direção – Jonathan Entwistle
Elenco – Jackie Chan, Ben Wang, Ralph Macchio, Joshua Jackson, Sadie Stanley, Ming Na Wen, Wyatt Oleff, Aramis Knight, William Zabka.

Após a morte do irmão na China, o adolescente Li Fong (Ben Wang) muda para Nova York com sua mãe (Ming Na Wen), que deseja mantê-lo longe da prática do Kung Fu, fato que entristece seu tio Han (Jackie Chan). Mas não demora para Li entrar em conflito com um adolescente lutador por causa de uma garota. 

Este novo longa da franquia “Karatê Kid” copia todas ideias do filmes anteriores, inclusive com a curiosidade de ser uma espécie de versão invertida do filme de 2010 com Jackie Chan e Jaden Smith, em que o protagonista mudava com a mãe dos EUA para China. 

O roteiro previsível é salvo em parte pelos carismas de Jackie Chan e Ralph Macchio durante o clássico treinamento do jovem, que por sinal é realmente talentoso nas sequências de lutas. O filme também é uma tentativa de manter a franquia viva após o sucesso da série “Cobra Kai”.

Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano

 

Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano (Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation!, EUA / Austrália, 2008) – Nota 8
Direção – Mark Hartley
Documentário

Este ótimo documentário é uma viagem pelo cinema australiano dos anos setenta e oitenta. Diretores que ficariam famosos mundialmente como Peter Weir, George Miller, Jane Campion e Baz Luhrmann ajudaram a desenvolver uma identidade própria através de filmes que superavam o baixo orçamento com criatividade, violência, cinismo, exageros e nudez. 

O documentário detalha através de imagens e depoimentos informações sobre filmes mais inusitados como “Pelos Caminhos do Inferno” e “Picnic na Montanha Misteriosa”, até sucessos como “Mad Max” e “Crocodilo Dundee”. 

Grandes nomes como Mel Gibson, que apesar de americano ficou conhecido por Mad Max, Nicole Kidman, Hugh Jackman e Heath Ledger fizeram carreira começando no cinema daquele país. 

Como informação, Quentin Tarantino se mostrou grande conhecedor e fã do cinema australiano desse período.

Todo Tempo que Temos

 

Todo Tempo que Temos (We Live in Time, Inglaterra / França, 2024) – Nota 6
Direção – John Crowley
Elenco – Andrew Garfield, Florence Pugh, Lee Braitwaite, Adam James, Douglas Hodge.

Na sequência inicial, o espectador já terá uma noção do que irá acontecer na história do relacionamento entre Tobias (Andrew Garfield) e Almut (Florence Pugh). Através de uma narrativa com idas e vindas no tempo, o roteiro detalha alguns anos da vida do casal, desde o inusitado primeiro encontro, até o final previsível. 

Destaque para as atuações de Andrew Garfield e Florence Pugh, que criam uma ótima química entre o casal e para a produção caprichada. Por outro lado, a narrativa e o contexto são típicos dos dramas românticos baseados em algum best seller. Falta aquele toque de vida real para o espectador que deseja algo menos dramático e mais verdadeiro. É um filme que vai agradar as pessoas românticas que desejam se emocionar.

Não Fale o Mal

 

Não Fale o Mal (Speak No Evil, Croácia / Canadá / EUA, 2024) – Nota 6
Direção – James Watkins
Elenco – James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy, Aisling Franciosi, Alix Wester Lefler, Dan Hough.

Durante as férias na Inglaterra, um casal americano (Scoot McNairy e Mackenzie Davis) com sua filha adolescente (Alix Wester Lefler) faz amizade com um casal britânico (James McAvoy e Aisling Franciosi) que tem um filho que não fala (Dan Hough). Os americanos são convidados para passar um final de semana na casa de campo dos britânicos, sem saber que o casal guarda um terrível segredo. 

Esta refilmagem do longa de 2022 pode ser analisado de duas formas. Para quem não assistiu o original, verá aqui um suspense psicológico clássico com um final clichê, que por sinal é diferente do primeiro. Para o público que conferiu o original, este remake vai ser um perda de tempo, mesmo com a mudança no clímax. É basicamente uma versão feita para o mercado americano.

Um Estranho Casal & Ainda Há Fogo Sob as Cinzas

 

Um Estranho Casal (The Odd Couple, EUA, 1968) – Nota 7,5
Direção – Gene Saks
Elenco – Jack Lemmon, Walter Matthau, John Fiedler, Herb Edelman, David Sheiner.

Felix (Jack Lemmon) e Oscar (Walter Matthau) são amigos que vão morar juntos após o primeiro se separar da esposa. Com temperamentos e atitudes completamente opostos, não demora para surgirem engraçados conflitos do dia a dia. Enquanto Felix gosta de tudo em seu lugar, Oscar é o sujeito livre que curte receber os amigos. 

Esse longa é a adaptação de uma peça de teatro de Neil Simon, escritor famoso por comédias sobre relacionamentos e especialista em diálogos mordazes. Essas qualidades do roteiro fica ainda melhor com as atuações Jack Lemmon e Walter Matthau, que demonstram um ótima química que os os levariam a repetir a parceria em onze filmes. A peça de Simon fez sucesso na Broadway e ainda rendeu uma série de tv.

Ainda Há Fogo Sob as Cinzas (Kotch, EUA, 1971) – Nota 7
Direção – Jack Lemmon
Elenco – Walter Matthau, Deborah Winters, Felicia Farr, Charles Aidman, Ellen Geer.

Kotch (Walter Matthau) é um aposentado de setenta e um anos que vive com o filho e a nora que pretendem colocá-lo em uma casa de repouso. Quando Erica (Deborah Winters), que é a jovem babá de seu neto diz estar grávida e termina demitida pelo casal. Kotch resolve procurar a garota para saber o que aconteceu, iniciando uma amizade onde descobrirá ter várias coisas em comum. 

Este drama com pitadas de comédia foi o único trabalho do grande ator Jack Lemmon na direção. Ele deu o papel principal para seu parceiro Walter Matthau, que tinha apenas cinquenta e um anos, sendo envelhecido pela maquiagem. 

A trama hoje pode parecer clichê ao colocar pessoas bem diferentes que criam um laço, porém na época não era uma tema comum. Vale citar que Felicia Farr, que interpreta a nora de Walter Matthau, era casada com Jack Lemmon e ainda está viva com mais de noventa anos de idade.

A Vida de Chucky

 

A Vida de Chuck (The Life of Chuck, EUA, 2024) – Nota 8
Direção – Mike Flanagan
Elenco – Tom Hiddleston, Jacob Tremblay, Chiwetel Ejiofor, Karen Gillan, Mark Hamill, Mia Sara, Benjamin Pajak, Carl Lumbly, David Dastmalchian, Matthew Lillard, Q’orianka Kilcher, Kate Siegel, Heather Langenkamp, Nick Offerman.

Dividido em três atos e com a história contada do futuro em direção ao passado, essa mistura de drama e ficção dirigida por Mike Flanagan baseada em um conto de Stephen King é um filme mais profundo do que parece em um primeiro olhar. 

O primeiro ato se passa um ano depois da Terra começar a sofrer com apagões elétricos e tecnológicos, terremotos e outras catástrofes da natureza. Um professor (Chiwetel Ejiofor) e sua ex-mulher (Karen Gillan) se reaproximam acreditando que o fim do mundo está próximo. 

E sem explicação, na tv, em cartazes na rua e outdoors, aparecem imagens de parabéns pelos trinta e nove anos de um sujeito que ninguém conhece chamado Chuck Krantz (Tom Hiddleston). Essas estranhas situações aos poucos são amarradas com um volta ao passado que é contada com doses perfeitas de drama e melancolia. 

O filme tem algumas sequências marcantes, como a visão do mundo do personagem de Matthew Lillard que aparece rapidamente e a sensacional dança na rua do personagem de Tom Hiddleston. 

Destaque também para as ótimas atuações do elenco, com um adolescente Jacob Tremblay mostrando talento a cada novo trabalho, Tom Hiddleston solto como o protagonista, além de narração de Nick Offerman e da presença de três nomes famosos dos anos oitenta e noventa. 

Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker, Mia Sara de “Curtindo a Vida Adoidado” e a esquecida Heather Langnkamp, estrela dos três melhores filmes da franquia “A Hora do Pesadelo”. 

É um filme que merece ser visto.

Indomável

 

Indomável (Untamed, EUA, 2025) – Nota 6,5
Direção – Thomas Bezucha, Neasa Hardiman & Nick Murphy
Elenco – Eric Bana, Sam Neill, Rosemarie DeWitt, Lily Santiago, Wilson Bethel, William Smillie, Raoul Max Trujillo, Josh Randall, JD Pardo.

O corpo de uma jovem é encontrado no Parque de Yosemite. Aparentemente ela saltou de um penhasco, mas o agente federal Kyle Turner (Eric Bana) desconfia que a garota fugia de alguém. Durante a investigação, Kyle precisará lidar também com seus traumas e segredos do passado. 

Essa minissérie em seis episódios aproveita muito bem as ótimas locações do Parque de Yosemite, com suas belezas naturais e seus perigos. Destaque para as sequências dentro dos túneis. 

Mesmo com a tentativa do roteiro em esconder algumas surpresas, a trama no geral é bastante previsível, inclusive com uma história paralela do ex-marido de uma personagem que parece deslocada do contexto. 

É uma série bem produzida e que prende atenção, mas que tirando as locações, não apresenta nada de novo.

O Mal Que Nos Habita

 

O Mal Que Nos Habita (Cuando Acecha la Maldad, Argentina / EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Demián Rugna
Elenco – Ezequiel Rodriguez, Demian Salomon, Luis Ziembrowski, Silvina Sabater.

Em uma região rural da Argentina, dois irmãos (Ezequiel Rodriguez e Demian Salomon) encontram um corpo desmembrado e em seguida passam a acreditar que um morador que está muito doente na verdade estaria possuído. Junto com outro morador (Luis Ziembrowski), eles tentam levar o doente para um local isolado, porém a decisão dá início a um verdadeiro caos. 

Esta produção argentina escrita e dirigida por Demián Rugna explora uma trama de crenças primitivas que resultam em ações desesperadas de personagens que não conseguem pensar de forma racional. Em grande parte do filme fica a dúvida se realmente existe algo sobrenatural agindo ou se mal está dentro de cada um, sendo potencializado por seus medos e sua crenças. 

São vários sequências violentas ao estilo gore, pontuadas por um clima assustador que é o grande acerto do filme, que termina ajudando a superar os absurdos que acontecem na parte final. É bem interessante ver o cinema argentino arriscando no gênero terror.

Vida de Cidade

 

Vida de Cidade (City of Hope, EUA, 1991) – Nota 7,5
Direção – John Sayles
Elenco – Vincent Spano, Tony Lo Bianco, Joe Morton, Barbara Williams, Anthony John Denison, Kevin Tighe, Chris Cooper, Jace Alexander, Todd Graff, John Sayles, Frankie Faison, Gloria Foster, Tom Wright, Angela Bassett, David Strathairn, Joe Grifasi, Michael Mantell, Louis Zorich, Josh Mostel, Gina Gershon, Daryl Edwards, Jude Ciccolella, Lawrence Tierney.

Em uma típica cidade americana, diversos personagens se envolvem em conflitos e problemas do dia a dia. Um construtor (Tony Lo Bianco) precisa lidar à margem da lei para viabilizar a obra de um condomínio que interessa ao prefeito e seus parceiros. 

O filho do construtor (Vincente Spano) se envolve com uma divorciada (Barbara Williams) que tem um filho e também com um roubo que dá errado. E um vereador (Joe Morton) sofre para lutar pelos direitos da comunidade negra que o elegeu. Vários outros personagens transitam em torno desses três e de alguma forma influenciam em diversas situações. 

O diretor e roteirista John Sayles é especialista em filmes com contexto de crítica social através de personagens comuns semelhantes a vida real, mas longe de serem panfletários, sendo dramas de melhor qualidade. 

Entre os vários bons filmes do diretor, como este “Vida da Cidade”, eu destacaria “Matewan – A Luta Final” e “Fora da Jogada” produzidos em 1987 e 1988 respectivamente. O ponto que deixa um pouco a desejar aqui é que não existe um final para as pequenas histórias, ficando para o espectador deduzir o que aconteceria em seguida. 

Vale citar que Sayles tinha uma espécie de parceria com alguns atores que trabalharam em vários de seus filmes. Joe Morton e Kevin Tighe estão entre eles, mas os dois parceiros mais constantes tem papéis pequenos aqui. Chris Cooper e David Strathairn ficaram conhecidos trabalhando com Sayles e seguem com carreiras sólidas até hoje.

Corra que a Polícia Vem Aí!

 

Corra que a Polícia Vem Aí! (The Naked Gun, EUA, 2025) – Nota 6
Direção – Akiva Schaffer
Elenco – Liam Neeson, Pamela Anderson, Paul Walter Hauser, Danny Huston, CCH Pounder, Kevin Durand, Busta Rhymes.

Esta nova versão da sensacional trilogia protagonizada por Leslie Nielsen e criada pelo trio Jim Abrahams, David e Jerry Zucker é inferior na comparação e bastante irregular, mas tem a seu favor ser uma tentativa de resgatar um pouco do humor politicamente incorreto. 

Liam Neeson tem uma ótima carreira, principalmente em filmes de ação e mesmo não tendo grande talento para comédia, ainda conseguiu entregar uma atuação aceitável. Algumas piadas funcionam, como aquelas em que ele destrói algo sem perceber e nos diálogos em que seu personagem não entende o contexto das conversas. 

As piadas mais picantes são fracas e bons coadjuvantes como Kevin Durand e Paul Walter Hauser são mal aproveitados. Assim com o personagem que seria o filho de Nordberg, o agente vivido por O.J. Simpson que sempre se dava mal nos originais, que aqui é apenas um figurante.

 A impressão é de que ainda ficou um receio do diretor e dos roteiristas em ir fundo nas piadas, mas quem sabe seja o início de uma nova série de comédias sem filtros.

A Um Passo da Eternidade

 

A Um Passo da Eternidade (From Here to Eternity, EUA, 1953) – Nota 10
Direção – Fred Zinnemann
Elenco – Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Donna Reed, Frank Sinatra, Philip Ober, Mickey Shaughnessy, Ernest Borgnine, Jack Warden.

Base naval de Pearl Harbor no Havaí, 1941. Em meio a expectativa da entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, oficiais e soldados da marinha se envolvem pequenos conflitos pessoais e profissionais sem imaginar que em breve seriam alvos do ataque japonês. 

Este longa dirigido por Fred Zinnemann é um clássico que mistura drama e guerra de uma forma perfeita. Os conflitos banais entre um soldado que foi boxeador com seu superior, o affair da mulher desse oficial com outro militar e as discussões entre um soldado e seu sargento são situações que seriam as principais em um drama comum, mas aqui se tornam secundárias quando acontece o ataque que levou os EUA a reação entrando na Segunda Guerra Mundial. 

Destaque para o ótimo elenco, a bela fotografia em preto e branco e a clássica sequência romântica na praia.

Os Maridos

Os Maridos (Husbands, EUA, 1970) – Nota 7
Direção – John Cassavetes
Elenco – Ben Gazzara, Peter Falk, John Cassavetes, Jenny Runacre, Jenny Lee Wright.

Na sequência inicial são mostradas fotos de uma divertida festa entre casais e filhos no jardim de uma casa de subúrbio. Em seguida, todos estão no funeral de um dos amigos que faleceu após um mal súbito. A trágica morte leva três amigos (Ben Gazzara, Peter Falk e John Cassavetes) a uma crise de meia-idade que os faz buscarem diversão e liberdade enquanto isso ainda é possível. 

O ator John Cassavetes teve uma longa carreira na tv americana nos anos cinquenta e sessenta, tendo conseguido em seguida bons papéis também no cinema em hoje clássicos como “Os Doze Condenados” e “O Bebê Rosemary”. O dinheiro que ganhou com a carreira de ator, ele investiu na produção de filmes independentes, algo incomum na época. 

Esse “Os Maridos” é um dos vários filmes que ele mesmo bancou com ajuda da esposa, a atriz Gena Rowlands, que protagonizou outros trabalhos do marido como “Uma Mulher Sob Influência“ e “Gloria”. O outros dois amigos nesse filme, Ben Gazzara e Peter Falk também foram parceiros de Cassavetes em trabalhos posteriores. 

Não é um filme para todo o público. O ritmo é lento com sequências longas que obrigam o espectador a ter paciência, a narrativa é crua ao estilo mundo real com personagens que em muitas situações não são agradáveis, além do foco no realismo emocional e psicológico. 

Cassavetes também era adepto dos diálogos improvisados, dando liberdade para o elenco criar. É um cinema autoral que fez sucesso com a crítica e com o cinéfilo que gosta de obras diferentes. Cassavetes faleceu cedo em 1989 e sua esposa Gena Rowlands em 2024.

Terror na Montanha Russa

 

Terror na Montanha Russa (Rollercoaster, EUA, 1977) – Nota 7
Direção – James Goldstone
Elenco – George Segal, Richard Widmark, Timothy Bottoms, Henry Fonda, Harry Guardino, Susan Strasberg, Helen Hunt, Wayne Tippit.

Um terrorista (Timothy Bottoms) sabota uma montanha-russa fazendo parecer um acidente. Um especialista em segurança (George Segal) desconfia que o que aconteceu não foi um acidente. Tudo se confirma em um segundo ataque, o que faz o FBI ser acionado. 

Pelo título, esse longa parece ser mais um da popular série de filmes catástrofe dos anos setenta, porém o roteiro e a própria narrativa seguem um estilo de caçada ao criminoso. 

O personagem de George Seagal, junto com o líder de agentes do FBI vivido pelo veterano Richard Widmark, buscam pistas para tentar descobrir a identidade do psicopata, que por sinal é bem interpretado pelo então a aspirante a astro Timothy Bottoms. Seu personagem é misterioso, já que em momento algum o roteiro detalha a motivação para os ataques. 

A sequência do primeiro acidente é bem filmada, levando em conta a época em o filme foi produzido. Vale destacar as diversas sequências com câmera no carrinho da montanha-russa, algo que com certeza teve impacto no público que assistiu ao filme nos cinemas na época.

Sovereign

 

Sovereign (Sovereign, EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Christian Swegal
Elenco – Nick Offerman, Jacob Tremblay, Dennis Quaid, Thomas Mann, Nancy Travis, Martha Plimpton.

Joe (Jacob Tremblay) é um adolescente que vive com o pai viúvo (Nick Offerman), que por seu lado é um sujeito que não aceita ter relação alguma com o governo e que se nega a pagar impostos, além de lutar contra os bancos que retomam casas de pessoas que devem suas hipotecas. As atitudes do pai aos poucos interferem na vida de Joe, que fica dividido entre buscar seus sonhos ou seguir as ideias de rebeldia institucional. 

Este longa é mais profundo do que parece, mesmo com uma narrativa lenta. O roteiro coloca em discussão a polêmica questão da obrigatoriedade dos impostos, em que o pessoa paga por algo em que praticamente não existe contrapartida e não tem como questionar. 

Dessa discussão em momentos complicados como os dias atuais em que a liberdade de escolha é atacada por muitos governos, surgem pessoas como o protagonista que ultrapassa os limites e termina perdendo sua razão. 

O roteiro explora também a relação de pai e filho, em que como as crianças, os adolescentes e os jovens são influenciados pelas pessoas ao seu redor, principalmente por aqueles que demonstram algum tipo de poder de persuasão.

O Sequestro

 

O Sequestro (El Rapto, Argentina / EUA / Inglaterra, 2023) – Nota 6,5
Direção – Daniela Goggi
Elenco – Rodrigo de la Serna, Jorge Sesan, Julieta Zylberberg, German Palacios, Jorge Marrale, Andrea Garrotte.

Argentina, 1983. Quando Raul Alfonsin é eleito presidente e a democracia é reestabelecida, Julio Levy (Rodrigo de la Serna) volta ao país com sua esposa e filhos, assim como muitos argentinos. Ele volta a trabalhar no banco de propriedade de sua família ao lado do pai e do irmão Miguel (German Palacios). Quando Miguel é sequestrado, a vida de Julio e de seus familiares vira de ponta de cabeça. 

Este interessante drama é baseado em um livro de Martin Sivak, que conta a história de seu pai Jorge Sivak. Para quem deseja ver o filme, é melhor assistir antes de ler sobre a história real. 

O ponto principal é a questão da corrupção e da violência dos agentes do Estado que dominaram o país por uma década e que com a queda do governo ainda utilizavam do poder que restou para cometer sequestros de pessoas importantes. 

A narrativa é uma verdadeira saga de sofrimento do protagonista na busca pelo irmão. O filme é muito bom na primeira hora, com uma narrativa tensa e um pouco de suspense. Isso se perde um pouco na meia-hora final quando a trama se volta mais para o drama. 

Talvez para encaixar a trama em uma hora e meia, o roteiro se mostra um pouco confuso na passagem do tempo, principalmente na parte final que parece mais corrida que o normal. Mesmo assim, é um filme que vale ser conferido para quem gosta de histórias reais pesadas.

Extermínio: A Evolução

 

Extermínio: A Evolução (28 Years Later, Inglaterra / EUA / Canadá, 2025) – Nota 7
Direção – Danny Boyle
Elenco – Alfie Williams, Jodie Comer, Aaron Taylor Johnson, Ralph Fiennes, Jack O’Connell, Christopher Fulford, Stella Gonet.

Vinte e oito anos após o vírus que transformou pessoas em zumbis ter surgido, o Reino Unido está isolado do resto da Europa. Sobreviventes vivem em uma comunidade nas Terras Altas da Escócia. 

Nesse contexto, o garoto Spike (Alfie Williams) é treinado pelo pai (Aaron Taylor Johnson) para enfrentar os zumbis. O menino também sofre por ver a mãe (Jodie Comer) sofrendo com um doença que as pessoas não conseguem identificar. 

Vinte e quatro anos após o ótimo longa original e dezessete após a competente sequência, o diretor Danny Boyle volta a explorar a história. Dessa vez, o foco da trama e a narrativa são bem diferentes. 

Mesmo com boas sequências de ação e violência na primeira hora, Boyle se volta para um drama melancólico na parte final para criar um arco de amadurecimento do protagonista vivido pelo garoto Alfie Williams. Os nomes conhecidos do elenco entregam boas atuações, mas ficam ao redor do protagonista mirim. 

Essa carga dramática no final também deixa a narrativa irregular. Além disso, um enorme gancho deixado no final deixa aberta a possibilidade para mais uma sequência.

Meu Pai Herói & Não Mexa com a Minha Filha

 

Meu Pai Herói (My Father the Hero, França / EUA, 1994) – Nota 5,5
Direção – Steve Miner
Elenco – Gerard Depardieu, Katherine Heigl, Dalton James, Lauren Hutton, Stephen Tobolowski

O francês Andre (Gerard Depardieu) é um pai divorciado que viaja de férias paras Bahamas com sua filha adolescente Nicole (Katherine Heigl). Os problemas normais de uma relação entre pai e filha ficam piores quando a garota demonstra interesse por um rapaz (Dalton James) e começa a agir como se o pai fosse seu amante. 

Este longa com uma premissa polêmica é uma refilmagem de uma produção francesa de 1991 também protagonizada por Gerard Depardieu. Esta versão americana é uma típica comédia hollywoodiana que explora desencontros, mentiras e piadas aproveitando o sotaque do protagonista. Vale citar que uma ainda adolescente Katherine Heigl teve aqui seu primeiro papel de destaque.

Não Mexa com Minha Filha (She's Out of Control, EUA, 1989) – Nota 5,5
Direção – Stan Dragoti
Elenco – Tony Danza, Catherine Hicks, Amy Dolenz, Wallace Shawn, Dana Ahbrook, Matthew Perry.

Quando Katie (Amy Dolenz) passa pela transformação de uma adolescente para uma bela jovem chamando a atenção de garotos mais velhos, seu pai Doug (Tony Danza), que é viúvo, não sabe como lidar com a situação, tomando atitudes patéticas para tentar controlar a garota. 

Essa comédia tentava aproveitar o estilo falastrão do então astro da tv Tony Danza, que protagonizava a sitcom de sucesso “Quem é o Chefe? (“Who's the Boss?”). O filme explora uma série de clichês das comédias adolescentes, incluindo uma potencial namorada para o protagonista e um final previsível.

Jurassic World: Recomeço

 

Jurassic World: Recomeço (Jurassic World: Rebirth, EUA / Inglaterra / Malta / Índia / Taiwan, 2025) – Nota 5,5
Direção – Gareth Edwards
Elenco – Scarlett Johansson, Mahershala Ali, Jonathan Bailey, Rupert Friend, Manuel Garcia Rulfo, Luna Blaise, David Iacono, Audrina Miranda, Ed Skrein, Philippine Velge, Bechir Sylvain.

Cinco após os acontecimentos do filme anterior, um executivo (Rupert Grint) contrata uma mercenária (Scarlett Johansson) para uma missão clandestina de levar um cientista (Jonathan Bailey) até a ilha onde vivem os dinossauros híbridos. O objetivo é colher amostras que serão utilizadas no desenvolvimento de um medicamento. 

Pelo título, essa nova sequência da franquia após os três longas protagonizados por Chris Pratt seria um recomeço para quem sabe outra trilogia, porém a qualidade do resultado passa longe de empolgar. O roteiro é um amontoado de clichês com uma trama totalmente previsível, que ainda insere um família no meio da aventura de forma totalmente deslocada. 

Além de não oferecer nada de novo, o elenco é fraco, os diálogos são sofríveis e até as sequências de ação não passam do razoável. Por sinal, a melhor sequência termina com uma queda de um altura absurda de um personagem que sai andando como se nada tivesse acontecido.

Setembro 5

 

Setembro 5 (September 5, Alemanha / EUA, 2024) – Nota 8
Direção – Tim Fehlbaum
Elenco – Peter Sarsgaard, John Magaro, Ben Chaplin, Leonie Benesch, Corey Johnson, Benjamin Walker, Zinedine Soualem, Georgina Rich, Marcus Rutherford, Daniel Adeosun.

Olimpíada de Munique, 1972. No dia 5 de setembro, cinco terroristas palestinos do grupo Setembro Negro invadem a vila olímpica e tomam vários atletas israelenses como reféns. Essa terrível história real é contada aqui através dos jornalistas da emissora ABC que cobriam esportes e pelas circunstâncias se tornaram testemunhas da tragédia. 

O roteiro detalha como esses jornalistas utilizaram a criatividade para transmitir a situação ao vivo e tiveram que lidar com desafios como o medo de acontecer uma execução ao vivo ou a dúvida sobre o destino do envolvidos que surge na parte final. 

As ótimas atuações de todo o elenco passam a sensação de urgência e também a responsabilidade em cobrir algo extremamente sério e inesperado. Vemos aqui um jornalismo que mesmo tendo o objetivo de mexer com o público, não ultrapassou os limites da ética como infelizmente acontece nos dias atuais. 

É interessante citar que a história se passa em uma época em que as informações eram buscadas na fonte e os contatos ocorriam por telefone fixo ou telex, ou seja, com uma dificuldade enorme para saber a verdade. 

Para quem gosta do tema, esse longa é uma ótima opção.

Caminho Para Casa

 

Caminho Para Casa (Vejen Hjem, Dinamarca, 2024) – Nota 6,5
Direção – Charlotte Sieling
Elenco – Nikolaj Lie Kaas, Albert Rudbeck Lindhart, Arian Kashef, Besir Zeciri, Harki Bhambra.

Síria, 2014. Christian (Nikolaj Lie Kaas) entra clandestino no país que vive uma guerra civil. Seu objetivo é encontrar o filho que fugiu de casa para se unir a revolucionários. 

Esta curiosa produção dinamarquesa tem um fio de história que se desenrola como uma pequena saga do protagonista pelo deserto no meio de guerrilheiros e terroristas, sendo obrigado a esconder sua identidade para sobreviver. 

O filme tem algumas boas sequências de ação e suspense, ótimas locações no deserto da Jordânia e um razoável drama familiar. A questão política do conflito não chega a ser aprofundada, com o roteiro dando maior ênfase as motivações dos personagens. O final realista é uma escolha ousada da diretora.

Joana D'Arc

 

Joana D’Arc (Joan of Arc, República Tcheca / França / EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – Luc Besson
Elenco – Milla Jovovich, John Malkovich, Faye Dunaway, Andrew Birkin, Vincent Cassel, Dustin Hoffman, Stephane Algoud, Tcheky Karyo, Desmon Harrington, Toby Jones.

Este longa foi um projeto ambicioso do produtor, roteirista e diretor Luc Besson, que vinha de sucessos como “O Profissional” e “O Quinto Elemento”. 

O filme é uma versão longa da vida de Joana D’Arc, começando pela infância quando teve suas primeiras visões, passando pela chegada na corte da França quando foi escolhida para liderar o exército na luta contra os ingleses, até o final trágico. 

A duração longa resulta em um filme irregular, com algumas boas sequências de batalhas e outras dramáticas um pouco cansativas. Apesar dos bons nomes do elenco, a atuação de Milla Jovovich foi muito criticada na época. Ainda mais por ela estar casada com o diretor Luc Besson. 

É um filme com uma ótima produção, mas que no geral fica abaixo do esperado.

The Luckiest Man in America

 

The Luckiest Man in America (The Luckiest Man in America, EUA, 2024) – Nota 7
Direção – Samir Oliveros
Elenco – Paul Walter Hauser, Walton Goggins, David Strathairn, Shamier Anderson, Brian Geraghty, Patti Harrison, Maisie Williams, James Wolk, Damian Young, Haley Bennett, Johnny Knoxville.

Em 1984, um sujeito chamado Michael Larson (Paul Walter Hauser) consegue ser escolhido para participar de um game show na tv. Com atitudes estranhas e parecendo esconder algo, Michael começa a ganhar o jogo de uma forma que nunca havia acontecido, despertando desconfiança nos produtores, que por seu lado tem pouco o que fazer pelo programa ser ao vivo. 

Esse longa é baseado em uma inusitada história real em que o ponto principal é a ousadia do protagonista, mesmo sendo um sujeito que carrega vários problemas. É interessante também conhecer um pouco dos bastidores de um programa de tv da época e como esses game shows eram e são feitos para os competidores perderem ou ganharem o mínimo possível. 

Destaque a atuação de Paul Walter Hauser, especialista em personagens estranhos e para a toda a falsidade que cerca este tipo de programa, desde os apresentadores, até a equipe por trás das câmeras.

Madgaon Express

 

Madgaon Express (Madgaon Express, Índia, 2024) – Nota 6,5
Direção – Kunal Kemmu
Elenco – Divyendu Sharma, Pratik Gandhi, Avinash Tiwary, Nora Fatehi, Upendra Limaye, Chhaya Kadam, Remo D’Souza.

Três amigos de infância que cresceram em Mumbai na Índia, sempre sonharam em viajar para a cidade turística de Goa, mas jamais conseguiram. Na vida adulta, um desses amigos é Dodo (Divyendu Sharma), que ficou na cidade, não tem emprego fixo e passa mais tempo na internet do que procurando um caminho na vida. 

Quando os dois outros amigos que moram fora do país voltam para passear, Dodo vê como chance de realizar o sonho da viagem, porém um mal entendido os levará para o meio de uma trama envolvendo dinheiro sujo, drogas e criminosos. 

Esta comédia indiana é claramente inspirada em “Se Beber, Não Case!”. Trocaram a viagem de carro por um trem popular, Las Vegas por Goa e amenizaram as piadas picantes para o gosto do público indiano, além é claro das várias sequências musicais habituais do cinema de Bollywood no meio da trama.

O roteiro é mais confuso e várias piadas não funcionam, principalmente as que tentam fazer graça no estilo pastelão. É um filme que vale como curiosidade para quem quiser comparar com a já clássica comédia americana.

Picardias Estudantis & Vida Selvagem

 

Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, EUA, 1982) – Nota 7
Direção – Amy Heckerling
Elenco – Sean Penn, Jennifer Jason Leigh, Judge Reinhold, Phoebe Cates, Robert Romanus, Brian Backer, Ryan Walston, Forest Whitaker, Eric Stoltz, Vincent Schiavelli.

Este longa é quase um clássico da comédia adolescente dos anos oitenta, ao focar em diversos alunos de um colégio que estão descobrindo sexo, drogas e rock and roll. O roteiro também aborda um lado sério em meio as confusões, com temas como aborto, frustrações e conflito entre professores e alunos. 

Por sinal, o protagonista vivido por Sean Penn é o típico surfista da Califórnia que entra em rota de colisão com o professor durão vivido por Ray Walston, resultando em diálogos que misturam ódio e comédia. 

O elenco recheado de jovens que se tornariam famosos com Jennifer Jason Leigh, Judge Reinhold, Forest Whitaker, Eric Stoltz e até uma minúscula participação de Nicolas Cage é outro destaque. 

O roteirista Cameron Crowe ficaria famoso como diretor de sucessos como “Jerry Maguire” e “Quase Famosos”, enquanto a diretora estreante Amy Heckerling, teve aqui o seu melhor trabalho da carreira.

Vida Selvagem (The Wild Life, EUA, 1984) – Nota 6,5

Direção – Art Linson
Elenco – Chris Penn, Ilan Michael Smith, Eric Stoltz, Jenny Wright, Lea Thompson, Rick Moranis, Hart Bochner, Brin Berliner, Jack Kehoe, Michael Bowen, Randy Quaid.

Após completarem o ensino médio, os amigos Drake (Chris Penn) e Bill (Eric Stoltz) vão morar em um apartamento de solteiros, tendo ainda quase sempre a presena de Jim (Ilan Mitchell Smith), irmão mais novo de Bill. 

Enquanto tentam encontrar um caminho na vida, eles também buscam diversão com festas e garotas. Por sinal, a festa na sequência final é uma mais divertidas das comédias dos anos oitenta. 

Esse filme está praticamente esquecido injustamente. Ele tem tudo o que as boas comédias da época entregavam. Personagens divertidos, sequências absurdas e coadjuvantes marcantes como a jovem Lea Thompson e o nerd vivido por Rick Moranis. 

O filme é quase uma continuação informal de “Picardias Estudantis”, com outros personagens e levando a trama do colégio para a vida adulta. A escolha de Chris Penn muito provavelmente foi para fazer a  ligação com seu irmão Sean que foi o protagonista do filme anterior. Eric Stoltz era um ator em ascensão, assim como Ilan Mitchell Smith que logo abandonou a carreira. 

Vale citar que os roteiros do dois filmes foram assinados pelo futuro diretor Cameron Crowe, enquanto Art Linson que dirige aqui, se tornou famoso como produtor de “Os Intocáveis”. Clube da Luta” e “Na Natureza Selvagem”.

Procurados – EUA: Osama Bin Laden

 

Procurados – EUA: Osama Bin Laden (American Manhunt: Osama Bin Laden, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Matt Loushy & Daniel Sivan
Documentário

Essa minissérie documental em três episódios detalha a ação do governo americano na caçada a Osama Bin Laden, que por sinal começou ainda nos anos noventa, antes dos ataques de 11 de Setembro de 2001. 

O ponto de partida da minissérie são os ataques, porém a narrativa volta até 1993 quando ocorreu a primeira tentativa de derrubar o World Trade Center com uma van repleta de explosivos que causou um enorme estrago. 

Durante os três episódios, são diversos depoimentos de pessoas que participaram da caçada de alguma forma. Temos os relatos de vários personagens do alto escalão que participaram dos governos Bush e Obama, de analistas da CIA, de militares e até do soldado que matou Bin Laden. 

Os diretores conseguiram extrair emoção de vários desses personagens, que de uma forma ou de outra foram afetados com a pressão para encontrar o terrorista e pelo menos vingar em parte os milhares de mortos em 11 de Setembro. 

Muitos detalhes de bastidores que o público não conhecia são revelados, além das filmagens verdadeiras de quando os SEALs invadiram o complexo onde Bin Laden estava escondido. 

Para quem gosta de história real sobre conflitos, esse documentário é uma ótima opção.

Código Preto

 

Código Preto (Black Bag, EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Steven Soderbergh
Elenco – Michael Fassbender, Cate Blanchett, Tom Burke, Marisa Abela, Pierce Brosnan, Regé Jean Page, Naomie Harris, Gustaf Skarsgard.

George (Michael Fassbender) é um agente da inteligência britânica que é informado de que um artefato que pode ser utilizado em uma arma nuclear foi roubado e vendido por um traidor. Ele recebe uma lista de cinco suspeitos, entre eles sua esposa Kathryn (Cate Blanchett), que também é agente e precisa descobrir o verdadeiro culpado. 

Este longa dirigido por Steven Soderbergh lembra os filmes de espionagem dos anos sessenta na narrativa e no estilo clássico, atualizado com as ferramentas tecnológicas dos dias de hoje. O protagonista vivido por Michael Fassbender parece um espião antigo até mesmo no figurino. As reviravoltas do roteiro, as pistas falsas e algumas ótimas sequências como a do jantar, resultam em um filme inteligente e até divertido.