segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Terra em Transe

Terra em Transe (Brasil, 1967) – Nota 7,5
Direção – Glauber Rocha
Elenco – Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Danuza Leão, Jofre Soares, Modesto de Souza, Mário Lago, Flávio Migliaccio, Telma Reston, Francisco Milani, Paulo César Peréio.

No fictício país de Eldorado, Paulo Martins (Jardel Filho) é um jornalista que apoiou o Senador Diaz (Paulo Autran), um político de esquerda que ao ser eleito abandonou seus ideais em troca do poder. Desiludido, Paulo decide se mudar para a província de Alecrim, onde novamente se envolve com a política auxiliando Felipe Vieira (José Lewgoy), um político populista que consegue ser eleito e que almeja vencer Diaz em uma eleição. 

No meio desta disputa, surge o empresário Don Julio Fuentes (Paulo Gracindo), dono das empresas de comunicação do país, que decide ajudar Diaz, impedindo qualquer chance de vitória para Vieira. Desta vez revoltado com a situação, Paulo deseja pegar em armas para iniciar uma revolução. 

É o segundo filme que assisto de Glauber Rocha, o primeiro foi “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e fiquei com a mesma impressão em relação aos dois trabalhos, Glauber tinha ótimas ideias, porém não o vejo como um grande cineasta, diferente do que muitos críticos o consideram. 

No texto sobre o filme anterior citei que vi Glauber melhor como roteirista do que cineasta, mas fui bem corrigido pela amiga Amanda do site CinePipocaCult, que comentou que Glauber foi na verdade um “pensador de cinema”. 

Ela tem toda a razão, neste “Terra em Transe” fica claro seu pensamento crítico a respeito dos políticos em geral, do gosto pelo poder e principalmente do desprezo ao povo, que é visto por eles apenas como massa de manobra e quando estes exigem seus direitos são rapidamente oprimidos, até mesmo com violência. 

É interessante notar também que o filme não pode ser rotulado de direita ou esquerda, o roteiro mostra que isso não tem importância, os dois lados tem o mesmo objetivo que é chegar ao poder, o que muda é apenas o discurso.

Assim como “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, não gostei do estilo teatral das interpretações, que fica ainda mais afetado pelo filme ter sido dublado. 

A narrativa não linear, comum em muitos filmes atuais, aqui é ao mesmo tempo um ponto positivo por ser quase uma novidade na época e negativo por se mostrar confusa nas idas e vindas da trama. 

Vale destacar também a coragem de Glauber em criticar fortemente os políticos numa época em que o país vivia uma ditadura e por este motivo o filme chegou a ser proibido. 

2 comentários:

Gilberto Carlos disse...

Sei que Glauber foi um dos maiores cineastas brasileiros, mas eu acho seus filmes tão difíceis, mas mesmo assim já vi quase todos.

Hugo disse...

Gilberto - As ideias de Glauber eram mais interessantes que seus filmes, que realmente eram difíceis e até cansativos em parte.

Abraço