quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Terra de Oportunidades

 


Terra de Oportunidades (Land of Gold, EUA, 2022) – Nota 7
Direção – Nardeep Khurmi
Elenco – Nardeep Khurmi, Caroline Valencia, Pallavi Sastry, Iqbal Theba, Karen David.

Kiran (Nardeep Khurmi) é um caminhoneiro que precisando de dinheiro aceita uma viagem de trabalho mesmo sabendo que sua esposa está nas últimas semanas de gravidez. Já no meio da estrada, ele descobre a pré-adolescente Elena (Caroline Valencia) escondida em seu caminhão. Ao invés de entregar a garota para a polícia, ele decide ajudá-la a chegar em Boston, onde a menina pretende encontrar seu tio. 

Este drama independente escrito, dirigido e protagonizado por Nardeep Khurmi explora a princípio uma básica história clichê de amizade entre pessoas que passam por momentos difíceis, mas também outras situações universais como a paternidade e a importância da família. 

A questão da imigração, tanto a legal quando a ilegal, também é tratada de uma forma sóbria, sem ser panfletária. A mensagem que fica é que todos precisamos ter forças para aceitar o passado e assim enfrentar o presente.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Assassinos da Lua das Flores

 


Assassinos da Lua das Flores (Killers of the Flower Moon, EUA, 2023) – Nota 8
Direção – Martin Scorsese
Elenco – Leonardo DiCaprio, Robert De Niro, Lily Gladstone, Jesse Plemons, Tantoo Cardinal, John Lithgow, Brendan Fraser, Scott Shepherd, Louis Cancelmi, William Belleau, Jason Isbell, Cara Jade Myers, Janae Collins, Jillian Dion, Gary Basaraba, Tatanka Means, Ty Mitchell, Tommy Schultz, Sturgill Simpson, Pat Healy, Gene Jones, Barry Corbin.

Na década de 1920, petróleo é encontrado nas terras da nação indígena Osage em Oklahoma. Os nativos enriquecem rapidamente, o que chama a atenção de exploradores que seguem para a região em busca de trabalho e também de riqueza. Quando diversos homens brancos se casam com nativas para terem direito as terras, começam a ocorrer assassinatos que são encobertos pelas autoridades locais. 

Este longa dirigido por Martin Scorsese é baseado em um livro que detalha a história real dos crimes que ocorreram no território Osage por causa do petróleo. A longa duração de três e horas e meia explora basicamente uma história em que o ponto principal é a ganância. 

A narrativa dá muito espaço também para mostrar os costumes nativos e as complicadas relações entre eles e os brancos, tudo isso pontuado por uma trilha sonora tribal. É interessante e também um pouco cansativa a escolha de Scorsese em contar a história de uma forma sóbria, sem explosões de ódio, brigas ou revoltas, até mesmo nas poucas sequências de violência. 

É estranho também ver o protagonista vivido por Leonardo DiCaprio ser desenvolvido como um sujeito simples, ignorante e manipulável, assim como a falta de reação de sua esposa vivida por Lily Gladstone. O destaque do elenco fica para o personagem de Robert De Niro, que flutua entre o benfeitor e o manipulador frio e arrogante. 

É um ótimo filme, mas que requer a paciência do espectador.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Os Viciados & Morte Silenciosa

 


Os Viciados (The Panic in Needle Park, EUA, 1971) – Nota 6,5
Direção – Jerry Schatzberg
Elenco – Al Pacino, Kitty Winn, Alan Vint, Richard Bright, Kiel Martin, Raul Julia, Paul Sorvino, Joe Santos.

Bobby (Al Pacino) é um viciado em heroína que se envolve com a jovem Helen (Kitty Winn), que sofre por ter sido abandonada pelo namorado e ter feito um aborto. Conforme a relação entre os dois fica mais forte, Helen também começa a utilizar drogas e vê sua vida desmoronar assim como a de Bobby. 

Na época, este drama foi massacrado pela crítica por mostrar de forma crua o mundo dos drogados, com sequências que com certeza desagradaram também o público. Vendo hoje, o filme tem os seus defeitos por ser uma obra com poucos recursos e com maneirismos do cinema do início dos anos setenta. Por outro lado, é uma história forte que pode ser considerada uma espécie de versão menos pesada de “Réquiem Para um Sonho” dirigido por Darren Aronofsky em 2000.

Morte Silenciosa (Born to Win, EUA, 1971) – Nota 6
Direção – Ivan Passer
Elenco – George Segal, Karen Black, Jay Fletcher, Hector Elizondo, Paula Prentiss, Robert De Niro, Ed Madsen.

Jerome “J” (George Segal) é um viciado em drogas que vive de pequenos roubos em Nova York. Ao mesmo tempo em que se envolve com a jovem Parm (Karen Black), ele precisa lidar com uma dupla de detetives (Robert De Niro e Ed Madsen) que o pressiona a entregar um grande traficante (Hector Elizondo). 

Este drama é um dos primeiros filmes do chamado “cinema verdade” comum no final dos anos sessenta e setenta. Com muitas sequências nas ruas e personagens marginais, é o tipo de filme que buscava mostrar o lado obscuro das grandes cidades americanas, neste caso a decadente Nova York dos anos setenta. A trama não tem surpresas e a narrativa envelheceu bastante. Vale conferir pelas atuações de George Segal, Karen Black e a pequena participação de Robert De Niro em início de carreira.

domingo, 28 de janeiro de 2024

O Resgate 2

 


Resgate 2 (Extraction 2, República Tcheca / Áustria / Austrália / EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Sam Hargrave
Elenco – Chris Hemsworth, Golshifteh Farahani, Adam Bessa, Tornike Gogrichiani, Tornike Bziava, Andro Japaridze, Daniel Bernhardt, Olga Kurylenko, Idris Elba, Sam Hargrave.

Após passar perto da morte, o mercenário Tyler Rake (Chris Hemsworth) aceita uma nova missão. O objetivo é resgatar sua ex-cunhada e suas duas crianças de uma prisão na Geórgia, no leste europeu. A mulher é casada com um chefão do crime que está preso e levou sua família para dentro da cadeia. 

Esta sequência é tão explosiva quanto o primeiro filme, com uma sequência quase ininterrupta de ação. São perseguições de automóveis, brigas, facadas, tiroteios e explosões que não deixam o espectador respirar. 

O roteiro tem os habituais furos e algumas sequências exageradas, mas isso não compromete a diversão para quem gosta do gênero. Destaque para a pequena participação de Idris Elba. O final ainda deixa em aberta a possibilidade de uma nova sequência.

sábado, 27 de janeiro de 2024

O Misterioso Caso de Judith Winstead

 


O Misterioso Caso de Judith Winstead (The Atticus Institute, EUA, 2015) – Nota 6,5
Direção – Chris Sparling
Elenco – Rya Kihlstedt, William Mapother, John Rubinstein, Sharon Maughan, Harry Groener, Julian Acosta.

Em 1976, o Dr. Henry West (William Mapother) lidera uma equipe de pesquisadores em um instituto especializado em casos de paranormalidade e telecinese. Quando uma mulher de meia idade chamada Judith Winstead (Rya Kihlstedt) é levada pela irmã para ser analisada, os membros do instituto não imaginam o terrível desafio que terão de enfrentar. 

Este longa que explora o estilo do falso documentário acerta no clima de tragédia e na tensão crescente que leva a experiência até níveis assustadores na parte final. Não espere grandes atuações, a proposta é mostrar um caso bizarro que mexe com os envolvidos, que por seu lado tomam decisões que pioram ainda mais a situação. 

A protagonista Rya Kihlstedt praticamente não tem diálogo algum normal. Sua atuação é uma mistura de olhares, sarcasmo, gritos e espasmos.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

David Contra os Bancos

 


David Contra o Bancos (Bank of Dave, Inglaterra, 2023) – Nota 7
Direção – Chris Foggin
Elenco – Joel Fry, Rory Kinnear, Phoebe Dynevor, Jo Hartley, Angus Wright, Harry Michell, Naomi Battrick, Hugh Bonneville.

Dave Fiswhick (Rory Kinnear) é um empresário na cidade de Burnley no norte da Inglaterra que tem o hábito de ajudar moradores a alavancar negócios através de empréstimos com juros baixos que são revertidos para a caridade. 

Quando surge a ideia de transformar seu negócio em um banco de verdade, Dave contrata um escritório em Londres que envia o advogado Hugh (Joel Fry), que claramente não acredita ser possível realizar o objetivo por conta dos poucos bancos que dominam o mercado. 

Baseado em uma história real, este é o típico longa sobre superação de barreiras que parecem intransponíveis em um contexto incomum. O cinema inglês é especialista no gênero. 

São vários exemplos como “O Inglês que Subiu a Colina e Desceu a Montanha”, “A Fortuna de Ned”, “Ou Tudo Ou Nada”, “Os Piratas do Rock” e “Música a Bordo”, este último do mesmo diretor Chris Foggin de “David Contra os Bancos”. 

É uma mistura de drama, comédia e pitadas de romance que funciona de uma forma simpática, divertida e sensível.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Your Lucky Day & Shrapnel

 


Your Lucky Day (Your Lucky Day, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Daniel Brown
Elenco – Angus Cloud, Elliot Knight, Jessica Garza, Sterling Beaumon, Mousa Hussein Kraish, Spencer Garrett, Jason O’Mara, Jason Wiles, Sebastian Sozzi.

No meio da noite de véspera de Natal em uma loja de conveniência, um sujeito descobre que seu bilhete foi premiado com uma fortuna. Um jovem traficante decide roubar o bilhete dando início a uma sucessão de violência e mortes por causa do prêmio. 

Este longa de baixo orçamento escrito, produzido e dirigido pelo desconhecido Daniel Brown entrega o que promete a premissa. Mesmo com furos na história, principalmente a ausência da polícia, o roteiro cria algumas reviravoltas curiosas e a narrativa é carregada de tensão. 

O roteiro também explora o clássico tema da ganância. Quando a chance de enriquecer aparece, o verdadeiro caráter das pessoas vem à tona, com muitos não medindo esforços para atropelar quem se colocar em seu caminho.

Shrapnel (Shrapnel, EUA, 2023) – Nota 5
Direção – William Kaufman
Elenco – Jason Patric, Cam Gigandet, Emily Perry, Maurizio Mendoza, Guillermo Ivan, David DeLao.

Um oficial aposentado que lutou no Iraque e no Afeganistão (Jason Patric) tem sua filha sequestrada por um cartel mexicano em Juarez, na divisa com os EUA. Sem conseguir ajuda das autoridades, ele se une a um antigo parceiro (Cam Gigandet) para resgatar a filha por conta própria. 

O roteiro explora o clichê do sujeito que as vezes sozinho e em outras com um parceiro enfrenta um exército de mercenários. A história acaba sendo uma mistura do clássico “Comando Para Matar” com os filmes sobre cartéis, inclusive com a lente amarelada comum aos longas filmados na fronteira mexicana. 

É basicamente um explosivo filme B repleto de furos no roteiro e balas que jamais atingem os protagonistas.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

O Assassino

 


O Assassino (The Killer, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – David Fincher
Elenco – Michael Fassbender, Tilda Swinton, Charles Parnell, Arliss Howard, Kerry O’Malley, Sophie Charlotte.

Um assassino profissional (Michael Fassbender) falha em uma missão, sofre as consequências e parte para a vingança. O ótimo diretor David Fincher consegue entregar um bom filme explorando uma simples história de assassinatos e vingança. 

A ótima montagem que divide a trama em seis partes em cidades diferentes, com sequências de assassinatos criativos e a escolha de colocar o protagonista narrando em off seus pensamentos, planos e uma série de regras para o trabalho que parecem mantras são grandes acertos. 

A atuação gelada de Michael Fassbender se casa perfeitamente com as atitudes do personagem e com o que a história pede.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

A Filha do Rei do Pântano

 


A Filha do Rei do Pântano (The Marsh King's Daughter, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Neil Burger
Elenco – Daisy Ridley, Ben Mendelsohn, Garrett Hedlund, Gil Birmingham, Caren Pistorius, Brooklyn Prince, Joey Carson.

Quando adolescente, Helena (Daisy Ridley) descobriu um terrível segredo escondido por seu pai Jacob (Ben Mendelsohn), que terminou preso. Vinte anos depois, casada e com uma filha pequena, a vida de Helena toma um novo rumo quando seu pai consegue fugir da cadeia. 

Baseado em um best seller, este longa tem pontos interessantes como as várias sequências na floresta, a violência e o sinistro personagem de Ben Mendelsohn. Por outro lado, a história é totalmente previsível. As tentativas de reviravolta e as surpresas são facilmente descobertas pelo espectador acostumado com tramas policiais genéricas. A ótima produção faz o filme ganhar uns pontinhos a mais, mas mesmo assim é uma obra que rapidamente será esquecida.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Cão Danado

 


Cão Danado (Nora Inu, Japão, 1949) – Nota 8
Direção – Akira Kurosawa
Elenco – Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Keiko Awaji, Eiko Miyoshi.

Murakami (Toshiro Mifune) é um detetive novato que ao ter sua arma roubada dentro de um ônibus, inicia uma busca desesperada pelo objeto com a ajuda do veterano policial Sato (Takashi Shimura). 

O grande diretor Akira Kurosawa transforma este fio de história em um doloroso filme que vai além da questão policial. A investigação da dupla os leva a cruzar o caminho de pequenos criminosos que vivem na miséria de um pais destruído pela Segunda Guerra. 

É estranho para quem está acostumado com o Japão organizado e tecnológico dos anos oitenta em diante, ver um país pobre, com moradias precárias e criminalidade. 

Também é curioso ver o grande ator Toshiro Mifune como um protagonista inseguro e sensível, muito diferente dos personagens fortes que interpretaria na sequência da carreira.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Desperation Road

 


Desperation Road (Desperation Road, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Nadine Crocker
Elenco – Garrett Hedlund, Willa Fitzgerald, Mel Gibson, Ryan Hurst, Kat Foster, Shiloh Fernandez, Pyper Braun, Woody McClain, Ella Thomas.

Russell (Garrett Hedlund) ganha a liberdade após cumprir pena. Maben (Willa Fitzgerald) busca uma forma de recomeçar a vida com sua filha pequena. Os dois regressam para sua cidade natal no interior do Mississipi, tem seus caminhos cruzados e precisam novamente enfrentar uma situação limite. 

Gosto bastante de dramas policiais independentes filmados em cidadezinhas americanas. O clima de desesperança, as ruas vazias, o comércio decadente e os personagens beirando a marginalidade são habituais neste tipo de longa. 

A história aqui tem um início promissor, uma coincidência um pouco forçada na metade e um final que se não chega a ser previsível, poderia ser melhor trabalhado. O casal principal entrega boas atuações e a participação de Mel Gibson como o pai do protagonista é um plus na qualidade. 

É um filme razoável indicado para quem gosta do estilo.

sábado, 20 de janeiro de 2024

Memórias de um Médico & A Casa Vermelha

 


Memórias de um Médico (Black Magic, Itália / EUA, 1949) – Nota 6,5
Direção – Gregory Ratoff & Orson Welles
Elenco – Orson Welles, Nancy Gould, Akim Tamiroff, Frank Latimore, Valentina Cortese, Berry Kroeger, Raymond Burr Charles Goldner.

França, século XVIII. Após testemunhar os pais que eram ciganos sendo acusados de bruxaria e enforcados quando criança, Joseph Balsamo (Orson Welles) chega na vide adulta descobrindo o dom de hipnotizar pessoas. Ele muda seu nome para Conde Cagliostro e utiliza seu poder para curar pessoas, mas também para se infiltrar na Corte do Rei Luís XV. 

Este estranho longa de época é um dos vários trabalhos que o ator e diretor Orson Welles participou na Europa. O filme tem uma trama intrigante e uma narrativa com interpretações teatrais que envelheceram mal. 

A história é baseada em um livro de Alexandre Dumas, autor de “Os Três Mosqueteiros”, deixando isso claro no prólogo em que um ator interpreta Dumas conversando com seu filho sobre como ele estaria fascinado com o personagem Cagliostro. 

É basicamente uma história sobre ambição, vingança e amor.

A Casa Vermelha (The Red House, EUA, 1947) – Nota 6,5
Direção – Delmer Daves
Elenco – Edward G. Robinson, Lon McCallister, Judith Anderson, Rory Calhoun, Allene Roberts, Julie London, Ona Munson.

Vivendo em uma fazenda na beira de um sinistro bosque, um casal de irmãos (Edward G. Robinson e Judith Anderson) criou uma jovem (Allene Roberts) como se fosse sua filha. Quando a garota se envolve numa complexa relação amorosa envolvendo dois jovens e outra garota, aos poucos segredos sombrios do passado começam a vir à tona. 

O ponto alto desta mistura de drama e suspense é o clima de tragédia, principalmente nas sequências dentro do bosque. Por outro lado, mesmo sendo importante para a trama, as relações românticas tiram um pouco do ritmo da narrativa. 

É uma história com um ótimo potencial para uma refilmagem com os recursos atuais.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

O Trajeto


O Trajeto (The Walk, EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Daniel Adams
Elenco – Justin Chatwin, Terrence Howard, Jeremy Piven, Katie Douglas, Malcolm McDowell, Lovie Simone, Anastasiya Mitrunen, Sally Kirkland, Thomas Francis Murphy.

Em 1974, a prefeitura de Boston coloca em prática o fim da segregação nas escolas, transferindo alunos e iniciando uma politica de inclusão. Em uma região dividida e sofrendo com protestos, um policial de origem irlandesa (Justin Chatwin) se vê no meio de um conflito ao ser designado para fazer a segurança de adolescentes em um ônibus escolar. 

Este drama é inspirado na história real da reestruturação dos colégios em Boston, porém aparentemente utiliza personagens fictícios e um drama pesado na parte final como forma de passar uma mensagem de paz e união. 

Durante quase uma hora e meia o roteiro foca em discussões sobre ódio e conflitos familiares, como se fosse uma preparação para um clímax de tragédia. A sequência mais forte não dura mais do que dez minutos, sendo seguida por uma coincidência forçada e um final totalmente piegas.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Oppenheimer

 


Oppenheimer (Oppenheimer, EUA / Inglaterra, 2023) – Nota 10
Direção – Christopher Nolan
Elenco – Cillian Murphy, Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Josh Hartnett, Jason Clark, Bennie Safdie, Florence Pugh, Alden Ehrenereich, David Krumholtz, Tom Conti, Kenneth Branagh, Macon Blair, Dane DeHaan, Josh Peck, Jack Quaid, Tony Goldwyn, Matthias Schweighofer, Casey Affleck, Alex Wolff, Josh Zuckerman, Matthew Modine, Louise Lombard, James Darcy, Scott Grimes, Gregory Jbara, Tim DeKay, Gustaf Skarsgard, Devon Bostick, James Urbaniak., Christopher Denham, Olivia Thirlby, James Remar, Steve Coulter, Gary Oldman.

Este sensacional drama escrito e dirigido por Christopher Nolan detalha várias épocas da vida de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), considerado o “Pai da Bomba Atômica”. Com exceção de uma rápida passada pela juventude do protagonista, a história segue basicamente três partes distintas que são detalhadas de forma não-linear, com diversas sequências que em um primeiro momento parecem aleatórias, mas que se casam perfeitamente conforme a narrativa avança. 

De uma forma simples, podemos citar que o foco da primeira parte é a carreira acadêmica do protagonista intercalada com sua vida amorosa e a curiosidade pelo movimento comunista, sem nunca realmente se envolver. 

A segunda parte aborda o desenvolvimento da bomba, os obstáculos enfrentados e sua relação com os diversos personagens envolvidos no projeto, tanto cientistas, quanto militares e burocratas. O terço final tem como tema a tentativa de destruição da reputação de Oppenheimer por inveja de pessoas com quem ele teve conflitos durante a carreira. 

A montagem é sensacional levando em conta a enorme quantidade de situações, fatos e personagens, muitos deles marcantes como o Einstein de Tom Conti e o dúbio político Lewis Strauss vivido por Robert Downey Jr. 

A história de Oppenheimer é extremamente rica por envolver temas universais como relacionamento amoroso, carreira de sucesso, conflitos com pares por causa deste sucesso e remorso ao ver que nem tudo que ele imaginava aconteceu. 

Tudo isso mostra também como quem chega ao topo se torna alvo e muitas vezes é derrubado. Alguns conseguem se reerguer após o passar do tempo, como se a queda fosse um purgatório para a pessoa pagar seus pecados, antes de voltar a ser respeitado.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Bella


Bella (Bella, EUA / México, 2006) – Nota 7
Direção – Alejandro Monteverde
Elenco – Eduardo Verástegui, Tammy Blanchard, Manny Perez, Angelica Aragon, Jamie Tirelli, Ramon Rodriguez.

Nina (Tammy Blanchard) descobre que está grávida e no mesmo dia é dispensada do restaurante onde trabalha. José (Eduardo Verástegui) é o chef de cozinha do restaurante e também irmão do dono. Inconformado com a situação, José segue Nina e juntos passam um dia inteiro conversando sobre a vida, o trabalho e as frustrações que carregam. 

Este praticamente desconhecido longa dirigido pelo mexicano Alejandro Monteverde, responsável pelo recente sucesso de “Som da Liberdade”, é uma sensível obra sobre os percalços da vida e a importância da família. 

Mesmo com enormes diferenças em relação ao contexto em que vivem os personagens, o filme lembra a trilogia “Antes do Amanhecer” ao mostrar como o destino pode unir duas pessoas de uma forma totalmente improvável. As sensíveis atuações de Eduardo Verástegui e Tammy Blanchard ajudam a criar uma enorme empatia com o espectador.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Conspiração Infernal & O Fator Humano

 


Conspiração Infernal (The Groundstar Conspiracy, EUA, 1972) – Nota 6
Direção – Lamont Johnson
Elenco – George Peppard, Michael Sarrazin, Christine Belford, Cliff Potts, James Olson, Tim O’Connor.

Um laboratório de pesquisas secreto explode. Seis cientistas morrem e somente um escapa muito ferido (Michael Sarrazin). Um agente especial (George Peppard) que comanda a investigação tem certeza que o sobrevivente é o culpado pela tragédia e que ele seria um espião. O problema é que o sujeito perdeu o memória. 

Esta curiosa mistura de ficção e policial apresenta as virtudes e os defeitos dos filmes do gênero da primeira metade dos anos setenta. A história tem uma premissa interessante e um narrativa que esconde o que realmente aconteceu até chegar ao clímax. 

O problema é que a narrativa envelheceu bastante, com um ritmo irregular em parte pelo romance inserido no roteiro e as sequências de violência que hoje não convencem. É mais um filme que teria potencial para remake, tanto pela história, quanto por ser uma obra esquecida.

O Fator Humano (The Human Factor, Inglaterra, 1979) – Nota 5,5
Direção – Otto Preminger
Elenco – Nicol Williamson, Robert Morley, Richard Attenborough, Iman, Derek Jacobi, Ann Todd, John Gielgud.

Durante o auge da Guerra Fria, um agente do Serviço Secreto Britânico (Nicol Williamson) é enviado para a África do Sul com a missão de descobrir quem seria o traidor que estaria repassando segredos militares para os comunistas. 

Baseado em um livro de Graham Greene, este foi o último trabalho do ótimo diretor Otto Preminger e por sinal um dos mais fracos. A trama de espionagem requentada que lembra os filmes dos gênero dos anos sessenta, a frieza da narrativa e a total falta de ação resultam em uma obra monótona e cansativa. Em meio a bons atores britânicos, ainda temos a fraca atuação da modelo Iman, que fazia sua estreia no cinema.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Dead Shot

 


Dead Shot (Dead Shot, Inglaterra, 2023) – Nota 6,5
Direção – Charles Guard & Thomas Guard
Elenco – Aml Ameen, Colin Morgan, Mark Strong, Felicity Jones, Tom Vaughan Lawlor, Dara Devaney, Mairead Tyers.

Irlanda do Norte, 1975. Michael O’Hara (Colin Morgan) é um terrorista do IRA que tentando fugir é interceptado por soldados ingleses que matam sua esposa por engano. Enquanto o soldado que atirou (Aml Ameen) é designado para trabalhar em uma unidade de forças especiais que combatem o terrorismo em Londres, Michael planeja sua vingança. 

Esta interessante mistura de drama, suspense e política tem pontos positivos como a narrativa ao estilo dos filmes dos anos setenta com músicas que pontuam as competentes sequências de violência e uma história que lembra os westerns sobre vingança. 

Por outro lado, o roteiro resolve algumas situações rapidamente, sem grande aprofundamento nas pequenas histórias dos personagens. O final impactante foge do lugar comum.

domingo, 14 de janeiro de 2024

Gran Turismo - De Jogador a Corredor

Gran Turismo – De Jogador a Corredor (Gran Turismo, EUA / Japão, 2023) – Nota 7,5
Direção – Neill Blomkamp
Elenco – David Harbour, Orlando Bloom, Archie Madekwe, Djimon Hounsou, Takehiro Hira, Darren Barnet, Geri Halliwell Horner, Daniel Puig, Maeve Courtier Lilley, Thomas Kretschmann, Josha Stradowski.

Um especialista em marketing (Orlando Bloom) consegue apoio da empresa Nissan para promover uma disputa entre jogadores do simulador Gran Turismo e fazer com que o vencedor tenha a oportunidade de se tornar um piloto profissional. 

Mesmo vendo a proposta como loucura, o ex-piloto Jack Salter (David Harbour) aceita liderar o projeto, que se torna o sonho de vida para vários jogadores, entre eles o galês Jann Mardenborough (Archie Madekwe). 

Este longa é inspirado na história real dos obstáculos enfrentados pelo jovem Jann Mardenborough em sua jornada para se tornar piloto. O filme não deixa de ser também um propaganda enorme para o simulador ou jogo de game Grand Turismo, que com seu assustador realismo leva os jogadores a se sentirem pilotos de verdade. 

O roteiro segue a fórmula dos filmes de superação, com os altos e baixos normais até chegar ao objetivo. Por mais que eu prefira filmes com corridas ou perseguições de automóveis ao estilo antigo com dublês, as sequências deste longa que logicamente foram criadas em boa parte com CGI, também são ótimas. Elas transmitem toda a emoção de uma corrida de verdade. 

Eu considero o filme uma boa surpresa, muito também pela competente direção do sul-africano Neill Blomkamp, responsável por ótimos longas como “Distrito 9” e "Chappie”.

sábado, 13 de janeiro de 2024

O Monstro ao Lado

 


O Monstro ao Lado (The Devil Next Door, EUA, 2019) – Nota 8
Direção – Yossi Bloch & Daniel Sivan
Documentário

Em 1985, uma lista entregue pela KGB para o governo americano com nomes de cidadãos naturalizados que teriam sido colaboradores dos nazistas e que estariam vivendo com nomes diferentes no país leva as autoridades a localizar um senhor de sessenta e seis anos em Cleveland, Ohio. 

O sujeito pacato, pai de família e aposentado após trabalhar décadas na Ford, se vê acusado de ser o criminoso nazista Ivan, o Terrível, que teria comandado a câmara de gás no campo de concentração de Treblinka. O fato dá início a um processo que seguirá por anos. 

Esta série documental dividida em cinco episódios detalha uma história pesada que coloca em discussão até que ponto as memórias de pessoas sobre algo que ocorreu décadas atrás deve ser levada em conta para condenar um suspeito. 

Outro ponto em discussão é sobre a responsabilidade penal dos soldados nazistas, daqueles que cumpriam ordens para não serem executados pelos próprios superiores. 

Destaque para as emotivas e pesadas sequências reais do julgamento e para a ótima montagem que faz o espectador ficar em dúvida e mudar sua opinião por várias vezes. Ao final da série, algumas coisas ficam bastante claras e outras permanecem sem respostas.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Quase uma Família, Com Amor e Ternura & As Violetas São Azuis

 


Quase uma Família (Immediate Family, EUA, 1989) – Nota 6,5
Direção – Jonathan Kaplan
Elenco – Glenn Close, James Woods, Mary Stuart Masterson, Kevin Dillon, Linda Darlow, Jane Greer.

Michael (James Woods) e Linda (Glenn Close) estão casados há dez anos e não conseguem ter filhos. Eles decidem partir para a adoção e são apresentados a jovem Lucy (Mary Stuart Masterson), que está grávida e que a princípio não deseja ficar com a criança. O que parece resolvido se complica quando o jovem pai da criança (Kevin Dillon) se envolve na situação. 

Este sensível drama sobre adoção em alguns momentos parece uma produção para tv pelo estilo da narrativa. O roteiro explora a complexa situação através das dúvidas que surgem entre os envolvidos, principalmente na questão emocional. Destaque para o elenco encabeçado pelos ótimos James Woods e Glenn Close.

Com Amor e Ternura (Table for Five, EUA, 1983) – Nota 6
Direção – Robert Lieberman
Elenco – Jon Voight, Richard Crenna, Marie Christine Barrault, Millie Perkins, Roxana Zal.

Um divorciado inconsequente (Jon Voight) resolve levar os três filhos para uma viagem a Europa, porém no meio do caminho recebe a notícia que a esposa (Millie Perkins) faleceu. Daí em diante terá de mudar suas atitudes para ficar com os filhos, se entender com estes e com o padrasto das crianças (Richard Crenna). 

Drama pesado, daqueles que o diretor e o roteirista tem em mente uma única coisa: fazer o espectador se emocionar. O resultado é razoável no geral, mas acerta em cheio em arrancar lágrimas dos espectadores.

As Violetas São Azuis (Violets Are Blue…, EUA, 1986) – Nota 5,5
Direção – Jack Fisk
Elenco – Sissy Spacek, Kevin Kline, Bonnie Bedelia, John Kellogg.

Após anos longe de sua cidade natal, a fotógrafa Gussie (Sissy Spacek) volta e reencontra o antigo namorado Henry (Kevin Kline) casado e com um filho pequeno. As ambições individuais os levaram a separação, porém a paixão não se apagou. Eles iniciam um novo romance às escondidas, o que afetará muito a vida de cada um deles. 

Este drama romântico com uma narrativa fria jamais decola. A lentidão da narrativa é semelhante a vida tranquila na pequena cidade onde se passa a história. O destaque fica apenas para o ótimo casal principal.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Lobisomem da Noite

 


Lobisomem da Noite (Werewolf by Night, EUA, 2022) – Nota 6
Direção – Michael Giacchino
Elenco – Gael Barcia Bernal, Laura Donnelly, Harriet Sansom Harris, Kirk R. Thatcher, Eugenie Bondurant, Leonardo Nam, Daniel J. Watts.,

A morte do líder de uma irmandade de caçadores de monstros faz seus parceiros se reunirem para a despedida e também para uma disputa mortal por um artefato deixado pelo sujeito. 

Esta produção da Marvel para tv com menos de uma de duração é basicamente uma história em quadrinhos transportada para a tela de forma protocolar. A história não tem surpresas e falta carisma aos personagens. 

Os destaques ficam para a produção caprichada e as sequências de violência. É uma obra indicada para os fãs de quadrinhos.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Uma Dia e Meio

 


Um Dia e Meio (En Dag Och en Halv, Suécia, 2023) – Nota 6
Direção – Fares Fares
Elenco – Fares Fares, Alexej Manvelov, Alma Poysti.

Um sujeito (Alexej Manvelov) invade uma clínica médica para pressionar a esposa (Alma Poysti) que não o deixa ver a filha do casal. A situação sai do controle e o marido toma a esposa como refém. Um policial (Fares Fares) inicia uma negociação e aos poucos tenta dar fim a situação. 

Este drama sueco é inspirado em uma história real e tem como ponto principal mostrar como o desespero pode levar as pessoas comuns a tomarem atitudes absurdas. O roteiro também explora a questão da complicada relação do casal, com cada um deles carregando traumas que não conseguiram superar. 

É basicamente um drama mediano sobre desespero, com algumas sequências de tensão e um final sóbrio em comparação com toda a situação.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Três Estranhos Idênticos

 


Três Estranhos Idênticos (Three Identical Strangers, Inglaterra / EUA, 2018) – Nota 7,5
Direção – Tim Wardle
Documentário

Nova York, 1980. O destino faz com que três jovens de dezenove anos descubram que são trigêmeos que foram adotados por famílias diferentes quando ainda eram bebês. A alegria pela descoberta de uma nova família é enorme, porém várias perguntas começam à vir tona sobre o porquê da separação. As respostas que surgem são tão inesperadas quanto a situação do reencontro. 

Este documentário detalha uma história que parece saída da cabeça de algum roteirista de cinema. Tão inacreditável como a situação que levou os jovens a se conhecerem, são os fatos que levaram a separação dos bebês e as consequências na vida de cada pessoa envolvida, incluindo as famílias adotivas. 

Para quem não conhece a história, o ideal é assistir o documentário sem buscar outras informações e se surpreender com os detalhes.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Spencer

 


Spencer (Spencer, Inglaterra / Alemanha / EUA / Chile, 2021) – Nota 5
Direção – Pablo Larrain
Elenco – Kristen Stewart, Timothy Spall,Sally Hawkins, Sean Harris, Richard Sammel, Elizabeth Berrington, Jack Farthing, Stella Gonet, Jack Nielen, Freddie Spry.

Em crise no casamento com o Príncipe Charles, a Princesa Diana (Kristen Stewart) é obrigada a passar um final de semana na casa de férias da família real, naqueles que seriam os últimos momentos antes dela pedir a separação. 

Este drama foca totalmente em uma Diana insegura, instável emocionalmente e prestes a abandonar tudo. A narrativa coloca a família real apenas como figurante, com Diana interagindo somente com os filhos que ainda eram pequenos e com alguns funcionários da residência. 

O chefe de segurança (Timothy Spall), sua assistente (Sally Hawkins) e o chef de cozinha (Sean Harris), cada um deles demonstrando uma perspectiva diferente sobre a situação que ela vive. 

O grande problema é que o filme é chato. A narrativa lenta e as lamentações da protagonista cansam, mesmo sabendo da enorme dificuldade emocional em cortar os laços com a família real.

domingo, 7 de janeiro de 2024

Palm Springs

 


Palm Springs (Palm Springs, EUA, EUA / Hong Kong, 2020) – Nota 7
Direção – Max Barbabow
Elenco – Andy Samberg, Cristin Milioti, J.K. Simmons, Peter Gallagher, Jacqueline Obradors, Meredith Hagner, Camila Mendes, Tyler Hoechlin, Chris Pang, June Squibb, Dale Dickey.

Nyles (Andy Samberg) está com a namorada em Palm Springs para o casamento de uma amiga dela. Rapidamente o espectador percebe que o sujeito está infeliz e que existe algo de errado. 

Durante o casamento quando Nyles se aproxima de Sarah (Cristin Milioti), que é irmã da noiva, um bizarro segredo vem à tona colocando a vida da garota na mesma situação em que ele vive. 

Esta mistura de romance e ficção busca inspiração em um clássico dos anos noventa, porém é melhor não citar qual para que a surpresa seja revelada apenas para quem assistir ao filme. 

O roteiro tem algumas situações que não se encaixam, porém os divertidos diálogos, as cenas envolvendo sexo e as engraçadas sequências de violência mostram uma certa originalidade que agradará a quem gosta de obras que fogem do lugar comum.

sábado, 6 de janeiro de 2024

Mogli: O Menino Lobo & O Livro da Selva

 


Mogli: O Menino Lobo (Jungle Book, EUA / Inglaterra, 1942) – Nota 7,5
Direção – Zoltan Korda
Elenco – Sabu, Joseph Calleia, John Qualen, Frank Puglia, Rosemary DeCamp, Ralph Byrd.

Em uma vila no interior da Índia, o garotinho Natu ao aprender a andar se desgarra dos pais ao entrar na floresta. O menino termina em um covil do lobos, que de forma surpreendente o adotam como se fosse um filhote. 

Anos depois ao chegar na juventude, o garoto (Sabu) ronda a vila e termina sendo visto pelos moradores, inclusive por sua mãe verdadeira. A dificuldade em ser novamente aceito e a descoberta de uma fortuna escondida na selva levam a um conflito. 

Este clássico baseado em um conto de Rudyard Kipling, que inclusive escreveu o roteiro, continua sendo uma boa aventura, com ótimo ritmo e até mesmo com cenários interessantes, que na época com certeza eram impactantes. 

A reconstituição da floresta em cenários com seus perigos, incluindo animais de verdade como tigres e outros mecânicos como as cobras, além de lagos, árvores e cipós, são muito bem explorados pelo diretor Zoltan Korda. 

Por sinal, o filme é uma produção dos três irmãos Korda. Zoltan, Alexander e Vincent produziram outros longas importantes como “O Ladrão de Bagdá”, que também tinha o indiano Sabu como protagonista. Sabu foi astro de aventuras deste estilo nos anos quarenta e cinquenta, infelizmente tendo falecido com apenas trinta e nove anos.

O Livro da Selva (The Jungle Book, EUA, 1994) – Nota 6,5
Direção – Stephen Sommers
Elenco – Jason Scott Lee, Lena Headey, Cary Elwes, Sam Neill, John Cleese, Jason Flemyng.

Um ataque de tigre a uma vila no interior da Índia resulta em um caos que leva uma pequena criança a se perder na floresta. Anos depois, já adulto (Jason Scott Lee) e criado por lobos, ele reencontra as pessoas de sua vila, mas terá de enfrentar diversos desafios, principalmente quando é descoberto um esconderijo repleto de riquezas. 

Esta versão da obra de Rudyard Kipling foca muito mais na ação e na aventura do que na história. O ritmo é ágil e as sequências de ação funcionam, assim como a produção caprichada com a cara dos anos noventa, muito pela direção do especialista Stephen Sommers, responsável pela divertida versão de “A Múmia” com Brendan Fraser. 

É curioso ver o havaiano Jason Scott Lee vivendo um indiano, ele que também interpretou Bruce Lee nos cinemas. Mesmo sendo inferior ao clássico de 1942, vale conferir esta versão para comparar e também se divertir.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Vestida Para Matar

 


Vestida Para Matar (Dressed to Kill, EUA, 1981) – Nota 8
Direção – Brian De Palma
Elenco – Michael Caine, Angie Dickinson, Nancy Allen, Keith Gordon, Dennis Franz, David Magulies.

Uma mulher (Angie Dickinson) é assassinada por uma loira, que não se deixa mostrar o rosto. Uma prostituta (Nancy Allen) testemunha a pessoa fugindo, mas como não pode identificá-la, se torna a principal suspeita do assassinato. Tudo isso termina por envolver no caso um psicoterapeuta (Michael Caine) que tinha a vítima como paciente. 

Este clássico dirigido por Brian De Palma claramente é inspirado nas obras de Hitchcock, porém com sexo e violência mostrados de forma muito mais aberta. A sequência do assassinato lembra muito a fantástica cena do chuveiro de “Psicose”. 

Além disso, De Palma entrega outras ótimas sequências, como a que começa no museu e segue para uma cena de sexo dentro do táxi. Destaque ainda para a marcante trilha sonora de Pino Donaggio e a interpretação de Michael Caine.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

O Próprio Enterro

 


O Próprio Enterro (The Burial, EUA, 2023) – Nota 6,5
Direção – Maggie Betts
Elenco – Jamie Foxx, Tommy Lee Jones, Jurnee Smollett, Alan Ruck, Mamoudou Athie, Pamela Reed, Bill Camp, Amanda Warren.

Biloxi, Mississsipi, 1995. Jeremiah O’Keefe (Tommy Lee Jones) é um proprietário de funerárias que passa por uma crise financeira. Pensando em deixar um legado para os filhos, ele aceita vender parte do seu negócio para uma corporação, porém toma uma calote. Inconformado, ele contrata o espalhafatoso advogado Willie Gary (Jamie Foxx), que aceita o caso pensando em ganhar mais uma fortuna com o processo. 

Baseado em uma história real, este longa tem um roteiro que em alguns momentos parece mais preocupado em colocar em discussão questões ideológicas do que focar na disputa jurídica, mesmo com várias sequências no tribunal. 

A escolha de explorar uma narrativa com pitadas de comédia e personagens estereotipados também tiram um pouco da seriedade da história. Assim como o protagonista que tem treze filhos e nenhum deles aparece ou é citado na trama, o que parece estranho em razão do que estava em disputa. 

O destaque fica com a atuação agitada de Jamie Foxx, algo comum em sua carreira e o personagem sóbrio do veterano Tommy Lee Jones, que já se mostra bastante envelhecido.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Vigil

 


Vigil (Vigil, Inglaterra, 2021) – Nota 7
Direção – Isabelle Sieb & James Strong
Elenco – Suranne Jones, Rosie Leslie, Shaun Evans, Paterson Joseph, Adam James, Stephen Dillane, Gary Lewis, Connor Swindells, Martin Compston.

A morte de um marinheiro dentro de um submarino nuclear britânico leva as autoridades a enviar a inspetora Amy Silva (Suranne Jones) para investigar o caso no local. Enquanto busca pistas sobre o que realmente ocorreu, Amy enfrenta atitudes nada amigáveis dos tripulantes. Em paralelo, sua parceira policial Kirsten (Rose Leslie) investiga pistas na Escócia que indicam uma conspiração. 

Esta minissérie inglesa em seis episódios explora uma complexa trama repleta de personagens suspeitos, segredos e traições que prendem a atenção do espectador que gosta do gênero. A minissérie entrega ainda algumas boas sequências de suspense e outras de violência. 

Um acerto é mostrar como ficar durante meses isolados em um submarino no fundo do mar pode afetar o psicológico da pessoa, mesmo sendo treinada para isso. O único ponto que destoa da proposta é o relacionamento romântico da protagonista mostrado em sequências em flashbacks. No geral é uma interessante minissérie com tema atual.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Expresso Para Pequim & Meia-Noite em Moscou

 


Expresso Para Pequim (Bullet to Beijing, Canadá / Inlgatera / EUA / Rússia, 1995) – Nota 5
Direção – George Mihalka
Elenco – Michael Caine, Jason Connery, Mia Sara, Michael Gambon, Michael Sarrazin, Anatoli Davydov.

O veterano agente do Serviço Secreto Inglês Harry Palmer (Michael Caine) é obrigado a ser aposentar. Pouco tempo depois, ele é procurado por um magnata russo (Michael Gambon) que o contrata para investigar o desaparecimento de um vírus mortal que está sendo transportado para ser negociado na China ou na Coreia da Norte. 

Quase trinta anos depois dos três filmes que Michael Caine protagonizou como o agente Harry Palmer nos anos sessenta, ele voltou ao papel em dois telefilmes que se completam. Este primeiro tem um roteiro que começa em Londres, segue para Moscou e depois para expresso do título que o leva até Pequim na China. 

A premissa clássica do gênero de espionagem é bastante interessante, porém o desenvolvimento da trama é confuso e os personagens caricatos, com exceção de Michael Caine. Os diálogos com pitadas de comédia e a total falta de emoção resultam em uma obra totalmente descartável.

Meia-Noite em Moscou (Midnight in Saint Petersburgo, Inglaterra / Rússia / Canadá, 1996) – Nota 5
Direção – Douglas Jackson
Elenco – Michael Caine, Jason Connery, Michael Gambon, Michael Sarrazin, Michelle Burke, Tanya Jackson, Anatoli Davydov, Serge Houde.

Esta sequência do filme anterior continua com locação em Moscou, desta ver com Harry Palmer (Michael Caine) liderando uma agência de investigação particular. Ele se envolve na busca de um criminoso que teria roubado plutônio do governo russo. 

O filme tem um pouco mais de ação do que o anterior, porém a trama continua confusa, o roteiro é ruim e os diálogos deixam a desejar. Um ponto positivo nestes dois filmes é mostrar uma decadente Rússia pós União Soviética. Com carros antigos, transporte ruim, edifícios mal cuidados e muita corrupção.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Metrópolis

 


Metrópolis (Metropolis, Alemanha, 1927) – Nota 8
Direção – Fritz Lang
Elenco – Brigitte Helm, Alfred Abel, Gustav Frohlich, Rudolf Klein Rogge.

Em uma cidade futurista dividida entre uma pequena elite e uma massa de trabalhadores, um jovem rico (Gustav Frohlich) se apaixona por uma trabalhadora (Brigitte Helm), dando início a uma série de situações envolvendo amor proibido e luta de classes. 

Considerado uma obra-prima pela maioria dos críticos, este longa quase centenário pode ser analisado de várias formas. O design futurista com prédios enormes e uma variedade de veículos é uma visão profética das grandes cidades atuais. 

Os efeitos especiais que hoje parecem toscos, nas época com certeza deixaram os espectadores maravilhados. Por outro lado, a longa duração e as interpretações teatrais comuns ao cinema dos anos vinte são cansativas. 

A ideia da luta de classes estava ligada a enorme crise econômica que a Alemanha enfrentava após a Primeira Guerra Mundial e que seria uma espécie de gatilho utilizado por Hitler para chegar ao poder nos anos trinta. 

É um filme obrigatório para o cinéfilo, mas a meu ver não chega a ser perfeito.