Indiana Jones e a Relíquia do Destino

 

Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny, EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – James Mangold
Elenco – Harrison Ford, Phoebe Waller Bridge, Mads Mikkelsen, Antonio Banderas, Karen Allen, John Rhys Davies, Shaunette Renée Wilson, Thomas Kretschmann, Toby Jones, Boyd Holbrook, Olivier Richters, Ethan Isidore, Martin McDougall, Alaa Safi.

Em 1969, Indiana Jones (Harrison Ford) está prestes a se aposentar do trabalho como professor de história e arqueologia quando recebe a inesperada visita de sua afilhada Helena Shaw (Phoebe Waller Bridge). Ela procura metade de um artefato chamado criado pelo matemático Arquimedes que estaria com Jones. A lenda diz que seria possível viajar no tempo com o artefato completo. No encalço da jovem está um cientista nazista (Mads Mikkelsen) e seus capangas. 

Este que provavelmente será o último filme de Indiana Jones com Harrison Ford, principalmente pela idade do ator, se mostra uma despedida digna. A história é bem amarrada assim como nos filmes anteriores, com a aventura passando por vários locais e com cenas de ação criativas. 

Mesmo sem Spielberg na direção e com Harrison Ford sem a agilidade de antigamente, o ator consegue passar credibilidade nas sequências de ação, porém um detalhe deixa um pequena incômodo. A sequência inicial recheada de CGI e com um Harrison Ford rejuvenescido pela inteligência artificial foge do estilo clássico da franquia. 

Por outro lado, a sequência final após a aventura é simples e emotiva, deixando um pingo de tristeza por marcar o final de algo sensacional como esta série de filmes.

Substitutos & Zona 414

 

Substitutos (Simulant, Canadá, 2023) – Nota 5
Direção – April Mullen
Elenco – Robbie Amell, Jordana Brewster, Sam Worthington, Simu Liu, Alicia Sanz, Masa Lizdek.

Em um futuro próximo, robôs semelhantes ao ser humano foram criados para substituírem pessoas que faleceram ou para servirem de empregados. Programados para seguirem ordens e respeitarem os humanos, tudo muda quando um dos criadores (Simu Liu) planeja alterar os comandos, criando uma consciência humana nos robôs. Neste contexto, um dos robôs (Robbie Amell) que substitui um marido morto, se apaixona pela esposa real (Jordana Brewster). 

Esta é mais uma ficção que bebe na fonte de “Blade Runner”, tentando inclusive copiar o clima cult, mas falhando feio. A narrativa é bastante irregular, o drama beira o piegas e as atuações são ruins, principalmente o péssimo Robbie Amell. Nem as sequências de violência com o policial vivido por Sam Worthington funcionam.

Zona 414 (Zone 414, Inglaterra / EUA, 2021) – Nota 4,5
Direção – Andrew Baird
Elenco – Guy Pearce, Matilda Lutz, Travis Fimmel, Jonathan Aris, Colin Salmon, Fionnula Flanagan, Antonia Campbell Hughes, Olwen Fouéré, Johannes Haukur Johannesson.

Em um futuro próximo, foram desenvolvidos robôs idênticos aos humanos, porém proibidos de viverem juntos. Apenas os ricos conseguem comprar os robôs em um local específico, a Zona 414. Quando a filha do criador dos robôs desaparece, o detetive David Carmichael (Guy Pearce) é contratado para encontrá-la, se envolvendo numa complicada trama. 

Esta ficção que também busca inspiração no clássico “Blade Runner” se perde completamente em um roteiro cheio de situações sem sentido e uma narrativa extremamente arrastada. O filme não tem suspense algum e a motivação para o sumiço da garota, além da consequência do fato são infantis. É um filme para passar longe.

A Caça ao Grande Tigre da Montanha

 

A Caça ao Grande Tigre da Montanha (Daeho, Coreia do Sul, 2015) – Nota 8
Direção – Park Hoon Jung
Elenco – Min Sik Choi, Man Sik Jeong, Kim Sang Ho, Yoo Bin Sung, Kim Hong Pa.

Em 1915, a Coreia estava sob o domínio do exército japonês. Em uma montanha no interior do país, o ex-caçador Man Duk (Min Sik Choi) vive com seu filho adolescente Seok (Yoo Bin Sung). Quando caçadores que trabalham para os japoneses aceitam a missão de capturar um enorme tigre conhecido como rei da montanha, a paz desejada por Man Duk acaba. 

Este sensacional longa sul-coreano consegue entregar uma história que é extremamente violenta e ao mesmo tempo de uma sensibilidade impar ao explorar os temas da família, da lealdade e da ligação entre homem e animal. O paralelo entre as vidas do tigre e do ex-caçador é emocionante e poético. 

As locações na montanha gelada, o ótimo CGI e as violentas sequências de ação são outros destaques, além das atuações do trio principal. O velho caçador aposentado e angustiado de Min Sik Choi, o caçador que busca vingança de Man Sik Jeong e a voz da razão de Kim Sang Ho são faces da mesma moeda que pensam de formas diferentes e que não conseguem mudar as escolhas individuais. 

Para quem gosta do cinema sul-coreano e de filmes em que a natureza é um dos personagens, este longa é uma pérola a ser descoberta.

PTU

 

PTU (PTU, Hong Kong, 2003) – Nota 7
Direção – Johnnie To
Elenco – Simon Yam, Suet Lam, Ruby Wong, Maggie Siu, Eddy Ko, Raymond Ho Yin Wong.

O sargento da polícia Lo Sa (Suet Lam) perde sua arma numa briga com jovens de uma gangue. No mesmo momento, o chefe da mesma gangue é assassinado. A PTU (parece sigla de partido politico mas na verdade é a Police Tactical Unit) é chamada e seu líder o sargento Mike (Simon Yam) fica obcecado em recuperar a arma do amigo. Os dois iniciam buscas paralelas pela arma e para encontrar o assassino. 

A trama deste competente longa policial se passa durante uma noite colocando em cena outros grupos como uma espécie de serviço secreto e uma quadrilha envolvida no assassinato. Melhor do que o roteiro são as locações na noite de Hong Kong, as sequências de violências muito bem filmadas pelo diretor Johnnie To e os personagens marcantes, principalmente o sargento Lo Sa que interpreta o policial que flerta com a marginalidade.

Terra da Discórdia

 

Terra da Discórdia (The Field, Irlanda, 1990) – Nota 7,5
Direção – Jim Sheridan
Elenco – Richard Harris, John Hurt, Sean Bean, Tom Berenger, Frances Tomelty, Brenda Fricker, Ruth McCabe, Jer O’Leary.

Bull McCabe (Richard Harris) é o patriarca de uma família que vive há gerações no interior da Irlanda em terras arrendadas. Quando a viúva dona das terras decide fazer um leilão público, Bull mostra sua força para que pessoa alguma participe. A chegada de um americano (Tom Berenger) com interesse na propriedade muda a situação, levando o velho fazendeiro a tomar atitudes extremas para garantir a posse das terras. 

Este esquecido drama dirigido por Jim Sheridan detalha uma história pesada de conflito que vai além das terras. É a guerra do velho contra o novo e do rico contra o pobre, envolvendo ainda a disputa amorosa por uma garota entre o americano e o filho do protagonista vivido por um jovem Sean Bean. 

O filme perde alguns pontos pelo personagem caricato de John Hurt, porém existe uma explicação que contrasta com a sensacional atuação de Richard Harris. Seu protagonista é um sujeito bruto, religioso e que ama o filho mas não consegue demonstrar o mesmo pela esposa (Brenda Fricker). Algumas sequências são fortes e trágicas, como a da cachoeira e o clímax.

Viagem Radioativa & Alienígenas do Rock

 

Viagem Radiotiva (Radioactive Dreams, EUA, 1984) – Nota 5,5
Direção – Albert Pyun
Elenco – John Stockwell, Michael Dudikoff, Michele Little, Lisa Blount, Don Murray, George Kennedy.

Uma guerra nuclear devastou o mundo em 1986. Duas crianças foram deixadas em um bunker com alimentos para sobreviver durante anos. Quinze anos depois em 2001, os dois agora adultos (John Stockwell e Michael Dudikoff) decidem sair do local para conhecer o mundo e também saber se seus pais ainda estão vivos. 

Esta ficção de baixo orçamento dirigida pelo especialista Albert Pyun, que faleceu em 2022, se tornou quase um cult por ser ao mesmo tempo ruim e criativa. O figurino, a maquiagem e as atuações são bizarras, assim como o roteiro que é repleto de furos. Por outro lado, as sequências de ação são divertidas, o ritmo é ágil e os nomes dos personagens copiados de famosos detetives da literatura policial é uma ótima sacada. 

Vale citar o curioso elenco. John Stockwell não decolou como ator e se tornou diretor, inclusive comandando o interessante, porém bastante criticado “Turistas” que foi filmado no Brasil, enquanto Michael Dudikoff foi astro de filmes B com destaque para o sucesso das locadoras da época “Guerreiro Americano”. O filme ainda tem pequenas participações de George Kennedy e Don Murray, atores de carreiras sólidas nos anos sessenta e setenta.

Alienígenas do Rock (Voyage of the Rock Aliens, EUA, 1984) – Nota 5
Direção – James Fargo
Elenco – Pia Zadora, Criag Sheffer, Tom Nolan, Ruth Gordon, Alison La Placa, Michael Berryman, Wallace Merck.

Alienígenas que viajam em uma nave espacial em formato de guitarra decidem vir para Terra entender o Rock’n Roll. Ao chegarem em uma pequena cidade, os alienígenas se misturam ao jovens com roupas coloridas e criam uma banda de rock. O líder (Tom Nolan) se apaixona pela garota Dee Dee (Pia Zadora), despertando o ciúme no bad boy Frankie (Craig Sheffer). 

Este esquecido musical com uma premissa criativa e uma trama clichê na verdade tem que ser visto como uma longa sequência de videoclipes com a cara dos anos oitenta. O desenvolvimento da história é muito ruim, assim como as atuações exageradas e as poucas piadas. O que chama um pouco mais de atenção é a dupla de fugitivos do manicômio (Micharl Berryman e Wallace Merck) e a xerife vivida pela veterana Ruth Gordon, famosa pelo sinistro papel no clássico “O Bebê de Rosemary”.

Juventude Roubada: Por Dentro da Seita Universitária

 

Juventude Roubada: Por Dentro da Seita Universitária (Stolen Youth: Inside the Cult at Sarah Lawrence, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Zach Heinzerling
Documentário

Em 2009, um grupo de alunos do primeiro ano da universidade de artes liberais Sarah Lawrence College cria uma forte amizade ao morar em uma espécie de condomínio com quartos individuais. Uma das garotas pede que os amigos aceitem que seu pai que está saindo da cadeia fique alguns dias no local dormindo no sofá da sala. Ela diz que o pai foi um agente do governo americano que foi preso injustamente. Os amigos aceitam e não imaginam que o sujeito é um manipulador contumaz que exercerá um enorme domínio sobre suas vidas. 

Este documentário em três episódios descreve uma bizarra história real que seguiu por inacreditáveis dez anos, afetando de forma terrível todos os envolvidos. Como diz o título, o sujeito cria uma espécie de seita exercendo seu poder da palavra sobre jovens inseguros. 

Os dois primeiros episódios descrevendo as situações absurdas e o sofrimento posterior de alguns envolvidos é bastante interessante. O doc perde força no episódio final, que apesar de detalhar um reencontro familiar, deixa a deseja por beirar o piegas. Este final parece aqueles programas de tv de redenção familiar. 

A mensagem deixada pelo doc é que infelizmente muitos jovens são facilmente manipulados.

Destinos Traçados

 

Destinos Traçados (About Fate, EUA, 2022) – Nota 7
Direção – Marius Vaysberg
Elenco – Thomas Mann, Emma Roberts, Brit Robertson, Madelaine Petsch, Lewis Tan, Fikile Mthwalo, Cheryl Hines, Wendie Malick.

No mesmo dia na véspera de Ano Novo, Griffin (Thomas Mann) e Margot (Emma Roberts) não se conhecem, porém esperam a mesma coisa. Oficializar um pedido de casamento com seus parceiros. O destino muda completamente os planos, os empurrando para um inusitado encontro. 

Esta simpática comédia romântica brinca com a questão do destino, do imponderável, daquilo que acontece sem que a gente esteja esperando. O roteiro tem algumas situações que parecem forçadas, mas que se casam perfeitamente com a premissa do encontro pelo destino. 

O roteiro ainda alfineta alguns modismos através de coadjuvantes como o sujeito metido a filósofo emocional e a influenciadora digital falsa. É um filme que agradará quem gosta do gênero ou que procura uma diversão totalmente sem compromisso.

Mãos Talentosas – A História de Ben Carson

 

Mãos Talentosas – A História de Ben Carson (Gifted Hands: The Ben Carson Story, EUA, 2009) – Nota 7,5
Direção – Thomas Carter
Elenco – Cuba Gooding Jr., Kimberly Elise, Aunjanue Ellis Taylor, Jaishon Fisher, Tajh Bellow, Danny Goldring.

Este longa produzido para tv detalha a vida do neurocirurgião Ben Carson (Cuba Gooding Jr.), que mesmo vindo de uma família pobre, desde criança foi incentivado pela mãe (Kimberly Elise) a estudar, aprender e buscar seus sonhos. Na vida adulta, Ben se destacou na profissão inovando em dois tipos de cirurgia que se tornaram modelo para casos complicadíssimos. 

O filme é curto e foca em situações específicas da vida do protagonista, nos fatos considerados mais importantes de sua trajetória desde criança. A história por si só é um grande exemplo de vida ao mostrar que a condição social por mais que seja um enorme obstáculo, não pode ser vista como uma barreira intransponível para se alcançar um objetivo. A vontade, a dedicação, o estudo e o foco são primordiais para todas as pessoas, independente de classe social.

O Quarto dos Desejos & Rastros do Além

O Quarto dos Desejos (The Room, França / Bélgica / Luxemburgo, 2019) – Nota 6
Direção – Christian Volckman
Elenco – Olga Kurylenko, Kevin Janssens, Joshua Wilson, Francis Chapman.

Um casal (Olga Kurylenko e Kevin Janssens) compra uma antiga casa em um local isolado. Eles descobrem um quarto escondido onde todo desejo é atendido. Após aproveitarem da fartura dos desejos, a esposa decide pedir um bebê, mudando completamente a situação e descobrindo que a magia do quarto tem um limite. 

Este suspense começa de forma intrigante apresentando uma casa com um passado sinistro e surpresas escondidas atrás das paredes até o casal encontrar o quarto. A narrativa fica bastante irregular com o drama clichê do “filho” atrapalhando o relacionamento do casal, para crescer na parte final quando o suspense vem à tona. 

É um filme com uma ideia com bom potencial e uma realização apenas razoável.

Rastros do Além (I Still See You, EUA, 2018) – Nota 5,5
Direção – Scott Speer
Elenco – Bella Thorne, Richard Harmon, Dermot Mulroney, Amy Price Francis, Shaun Benson, Louis Herthum, Hugh Dillon, Sara Thompson, Thomas Elms.

Dez anos após uma catástrofe gigante, as milhares de pessoas que morreram ainda aparecem por alguns momentos como uma espécie de holograma fantasmagórico. Mesmo com as pessoas acostumadas com a nova situação, a jovem Veronica (Bella Thorne) fica apavorada quando um espectro parece querer fazer contato. Junto com o colega Kirk (Richard Harmon), ela inicia uma investigação para tentar descobrir a verdade sobre o evento de dez anos atrás. 

Esta mistura de ficção e suspense adolescente tem uma premissa criativa, uma produção até caprichada, bom ritmo e uma trama interessante durante dois terços. O problema surge na parte final quando o roteiro entrega uma explicação clichê repleta de furos, com direito ao habitual clímax violento. 

É uma pena, a história na mão de um diretor mais talentoso e com um roteiro melhor trabalhado tinha tudo para render no mínimo um bom filme.

O Ano da Fúria

 

O Ano da Fúria (Year of the Gun, EUA, 1991) – Nota 7
Direção – John Frankenheimer
Elenco – Andrew McCarthy, Sharon Stone, Valeria Golino, John Pankow, Mattia Sbragia, George Murcell, Lou Castell,

Roma, 1978. A capital da Itália sofre com protestos de estudantes ligados ao grupo terrorista “Brigadas Vermelhas”. O aspirante a escritor David Raybourne (Andrew McCarthy) chega ao país para reencontrar um antigo amor (Valeria Golino), ao mesmo tem em que deseja escrever um livro sobre os terroristas. Sua curiosidade sobre o tema o leva a cruzar o caminho da fotógrafa de guerra Alison King (Sharon Stone) e juntos terminam se envolvendo nas ações do grupo. 

Este interessante longa do diretor John Frankenheimer é adaptado de um livro que explora a história real do caos que vivia Roma na época que culminou com o sequestro e assassinato do Primeiro Ministro Aldo Moro. O livro mistura a história real do sequestro com personagens fictícios em uma trama de suspense com competentes e violentas sequências de ação. A questão política é bem delineada, mostrando como a esquerda radical italiana agia para criar o caos e tentar derrubar o governo.

O Submundo de Chicago

 

O Submundo de Chicago (Chicago Overcoat, EUA, 2009) – Nota 7
Direção – Brian Caunter
Elenco – Frank Vincent, Kathrine Narducci, Mike Starr, Stacy Keach, Armand Assante, Danny Goldring.

Lou Marazano (Frank Vincent) é um mafioso na casa dos setenta anos de idade que decide aceitar um trabalho de assassinar três testemunhas que podem condenar o chefão (Armand Assante) que está na cadeia esperando julgamento. Lou vê como sua última chance de ganhar dinheiro para mudar de cidade e ajudar filha e neto a recomeçarem a vida também. 

Este surpreendente longa segue o estilo clássico do gênero ao explorar o submundo da Máfia com suas promessas de lealdade hipócritas que se transformam em vingança e morte quando uma da partes considera que foi ofendida. 

A saga do veterano assassino em mostrar que ainda é útil e também desejando fechar um ciclo de vida foi um verdadeiro presente ao falecido Frank Vincent, que fez toda a sua carreira como coadjuvante em filmes sobre a Máfia como “Cassino”, “Gotti” e a premiada série “Familia Soprano” e aqui teve a chance ser o protagonista. 

Além da atuação de Frank Vincent que narra a história, o filme tem como destaque o clima de tragédia, os diálogos e as sequências de violência. É um longa que vale a pena ser conhecido por quem gosta de obras sobre a Máfia.

O Veredito

 

O Veredito (The Verdict, EUA, 1982) – Nota 8
Direção – Sidney Lumet
Elenco – Paul Newman, Charlotte Rampling, Jack Warden, James Mason, Milo O'Shea, Roxanne Hart, James Handy, Lindsay Crouse, Joe Seneca, Edward Binns, Julie Bovasso, Colin Stinton.

Frank Galvin (Paul Newman) é um decadente advogado que se entregou a bebida. Ao ser procurado por seu antigo professor Mickey (Jack Warden) que oferece um caso de negligência médica envolvendo um grande hospital e a Igreja Católica, Frank tem a chance de recuperar sua carreira. 

O grande diretor Sidney Lumet revisitou aqui o gênero que lhe rendeu a obra-prima “12 Homens e uma Sentença”. Mesmo não chegando no mesmo ponto de qualidade, este “O Veredito” é uma obra repleta de camadas sobre redenção, corrupção, poder e corporativismo, graças ao ótimo roteiro do cineasta e dramaturgo David Mamet. 

O desenvolvimento dos personagens, tanto do protagonista de Paul Newman, quanto da médica vivida por Charlotte Rampling, do arrogante advogado de defesa de James Mason e o juiz canalha de Milo O’Shea elevam a qualidade da história com uma série de conflitos e diálogos fortes. 

É um dos vários filmes da carreira de Sidney Lumet que merecem ser vistos mais de uma vez.

The Price We Pay & Dig

 

The Price We Pay (The Price We Pay, EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Ryuhei Kitamura
Elenco – Emile Hirsch, Stephen Dorff, Gigi Zumbado, Vernon Wells, Tanner Zagarino, Tyler Sanders, Erika Ervin, Sabina Mach.

Após assaltarem uma loja de penhores, três criminosos (Emile Hirsch, Stephen Dorff e Tanner Zagarino) fogem levando uma jovem (Gigi Zumbado) como refém. O carro quebra no meio do estrada e o grupo decide se esconder em uma fazenda, sem saber que o local tem algo ainda mais assustador do que eles. 

Esta bizarra mistura de policial e terror tem uma primeira parte bastante previsível que vai do roubo até a chegada na fazenda. A reviravolta na parte final transforma a história em um gore violento e insano ao estilo dos trabalhos anteriores do diretor japonês Ryuhei Kitamura. 

O filme tem mais curiosidades do que qualidade. Os outrora astros Emile Hirsch e Stephen Dorff são os produtores que parecem terem se divertido com a bizarrice. O elenco tem ainda Tanner Zagarino que é filho de Frank Zagarino, astro de filmes de ficção de baixo orçamento nos anos noventa e o sumido australiano que Verton Wells foi o vilão nos clássicos “Comando Para Matar” e “Mad Max II – A Caçada Continua”. A nota triste é sobre o jovem ator Tyler Sanders, que começou a carreira ainda criança e que faleceu antes do lançamento deste filme aos dezoito anos por causa de uma overdose.

Dig (Dig, EUA, 2022) – Nota 4,5
Direção – K. Asher Levin
Elenco – Thomas Jane, Emile Hirsch, Harlow Jane, Liana Liberato, Makana David, Arthur Rodriguez.

Após uma tragédia familiar, o pai (Thomas Jane) e sua filha adolescente (Harlow Jane) estão em crise. Quando o pai é contratado para demolir um casa em um local isolado, ele não imagina que o contratante (Emile Hirsch) é um criminoso que ao lado da namorada (Liana Liberato) o está utilizando para desenterrar uma pequena fortuna. 

É difícil entender como atores com bom currículo como Thomas Jane e Emile Hirsch aceitem trabalhar em um filme com um roteiro tão ruim como este. Praticamente nada funciona. Os personagens beiram o caricato, as situações são exageradas e até as sequências de violências são fracas. Parece um filme B produzido para a tv.

Traga-me Alecrim

 

Traga-me Alecrim (Daddy Longlegs ou Go Get Some Rosemary, França / EUA, 2009) – Nota 6,5
Direção – Josh & Benny Safdie
Elenco – Ronald Bronstein, Sage Ranaldo, Frey Ranaldo, Eleonore Hendricks, Dakota O’Hara

Lenny (Ronald Bronstein) é um pai divorciado que tem apenas duas semanas por ano para ficar com os filhos pequenos. Neste período, Lenny enfrentará uma sequência de situações inusitadas e muita correria para conseguir cuidar e brincar com as crianças. 

Esta obra autobiográfica foi o primeiro longa dos irmãos Josh e Benny Safdie, hoje conhecidos pelos ótimos “Bom Comportamento” e “Joias Brutas”. O estilo habitual da dupla já aparece aqui através dos closes em momentos incômodos, os diálogos que parecem existenciais, os personagens estranhos e a fotografia urbana e suja. 

A agitação de uma metrópole como Nova York é mostrada quase como um personagem que interfere na confusa vida do protagonista, que no pouco tempo que tem para ficar com os filhos precisa administrar o trabalho como projecionista de cinema e resolver pequenas situações que demandam tempo. É como se as duas semanas fossem o teste para transformar o pai ausente e infantilizado que ama os filhos em um adulto responsável. 

É um filme contraditório, pois ao mesmo tempo em que insere situações e personagens incomuns, retrata também a realidade da vida urbana e do pai que falhou no casamento, mas que ainda tenta a sua maneira se redimir com os filhos.

I Like Movies

 

I Like Movies (I Like Movies, Canadá, 2022) – Nota 7
Direção – Chandler Levack
Elenco – Isaiah Lehtinen, Percy Hynes White, Romina D’Ugo, Krista Bridges.

Canadá, 2001. Lawrence (Isaiah Lehtinen) é um apaixonado por cinema que está no último ano do colégio, tendo como único amigo Matt (Percy Hynes White) com quem grava filmes caseiros e sonha em seguir para universidade estudar cinema. 

Ao conseguir um emprego de atendente em uma locadora de vídeo, Lawrence tem seu primeiro contato com o mundo real do trabalho, criando uma relacionamento de amizade com a gerente da loja (Romina D’Ugo) e aos poucos descobre que a vida é bem mais complicada do que imagina. 

Este drama com pitadas de comédia escrito e dirigido pelo estreante Chandler Levack foge um pouco dos clichês dos filmes adolescentes ao focar em um protagonista inteligente e antissocial, que não sofre com bullying, mas com seus próprios traumas familiares e sua obsessão em ser diretor de cinema. 

Os diálogos entre ele e a gerente da loja são profundos, mostrando o contraste entre o sonho adolescente e a realidade adulta. Destaque ainda para as várias citações de filmes e a homenagem ao programa “Saturday Night Live”. É um filme simples que entrega mais do que promete a sinopse.

Breaker Morant

 

Breaker Morant ('Breaker' Morant, Austrália, 1980) – Nota 7,5
Direção – Bruce Beresford
Elenco - Edward Woodward, Jack Thompson, Bryan Brown, John Waters, Charles “Bud” Tingwell, Chirs Haywood, Terence Donovan, Lewis Fitz-Gerald.

África do Sul, 1901. Durante a guerra do império britânico contra os Boêres, os sul-africanos de origem holandesa, dois oficiais australianos (Edward Woodward e Bryan Brown) e um soldado (Lewis Fitz-Gerald) são levados a corte marcial acusados de matarem seis prisioneiros e um missionário alemão. 

Baseado em história real, este longa detalha um caso semelhante a vários outros ocorridos em locais e épocas diferentes em que os representantes do Estado escolheram punir subalternos de forma injusta por uma questão política. 

O julgamento coloca na mesa a discussão de até que ponto soldados devem ser punidos por matar inimigos, já que esta era a missão deles. O julgamento de cartas marcadas é outro ponto que se repete por toda a história da humanidade. Quem tem poder e influência muitas vezes cria pequenos teatros para validar uma mentira ou algo ilegal. 

Este é um dos melhores trabalhos do diretor australiano Bruce Beresford, que seguiria carreira em Hollywood comandando obras como “Conduzindo Miss Daisy” e “E Estrelando Pancho Villa”, além do grandioso fracasso dos anos oitenta “Rei Davi”.

Um Assaltante Bem Trapalhão, Zelig & Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo e Tinha Medo de Perguntar

 

Um Assaltante Bem Trapalhão (Take the Money and Run, EUA, 1969) - Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Woody Allen, Janet Margolin, James Anderson, Louise Lasser.

Virgil Starkwell (Woody Allen) é um assaltante de bancos fracassado que tem sua vida contada em um falso documentário que mostra as diversas vezes em que foi preso, até se apaixonar por Louise (Jane Margolin) e assim tentar mudar de vida. 

Allen utiliza o estilo do falso documentário que praticamente não existia na época transformando uma história simples em uma divertida e também absurda saga de um personagem patético. O filme se tornou o primeiro sucesso na carreira de Allen, que repetiu o estilo em “Zelig” de 1983.

Zelig (Zelig, EUA, 1983) – Nota 7
Direção – Woody Allen
Elenco – Woody Allen, Mia Farrow.

No anos vinte e trinta, Leonard Zelig (Woody Allen) tem a capacidade de se adaptar a todos os tipos de situações, se misturando entre personalidades da época e assim se transformando em celebridade e também em motivo de estudo pela doutora Fletcher (Mia Farrow). 

Este longa filmado em preto e branco utilizando imagens reais antigas para inserir o protagonista em contato com famosos é um falso documentário produzido em uma época em que o estilo ainda era incomum. Não é um filme para todo o público. Agrada aos fãs de Allen e aqueles que tem curiosidade por história para entender o contexto das “participações” ao lado do protagonista.

Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo e Tinha Medo de Perguntar (Everything You Always Wanted to Know About Sex * But Were Afraid to Ask, EUA, 1972) – Nota 6,5
Direção – Woody Allen
Elenco – Woody Allen, Gene Wilder, John Carradine, Lou Jacobi, Louise Lasser, Anthony Quayle, Tony Randall, Lynn Redgrave, Burt Reynolds.

Para contar seis histórias curtas focando em temas sexuais, o que na época por si só já era um enorme tabu, Woody Allen utilizou como base o livro do doutor em sexualidade David Reuben, que assina o roteiro em parceria. 

Como é normal nos filmes em episódios, o resultado é irregular. A história do personagem de Gene Wilder com a ovelha é engraçada por ser bizarra, o que não acontece na em que John Carradine é um cientista que desenvolve um seio enorme. O episódio em que Allen e Burt Reynolds são espermatozoides é criativa. É um filme razoável que hoje com certeza não sairia do papel ou Woody Allen seria detonado pelo politicamente correto.

Assassinato num Dia de Sol

 

Assassinato num Dia de Sol (Evil Under the Sun, Inglaterra, 1982) – Nota 6,5
Direção – Guy Hamilton
Elenco – Peter Ustinov, Maggie Smith, James Mason, Colin Blaklely, Jane Birkin, Nicholas Clay, Roddy McDowall, Sylvia Miles, Denis Quilley, Diana Rigg, Emily Hone.

De férias em um hotel de luxo numa ilha do Mediterrâneo, o inspetor belga Hercule Poirot (Peter Ustinov) é obrigado a trabalhar quando o corpo de uma atriz é encontrado na praia. Como é comum nas obras da escritora Agatha Christie, são diversos personagens suspeitos do crime, cada um deles com motivo próprio. 

A narrativa segue o mesmo formato das várias adaptações dos livros da escritora, com a primeira parte focando na apresentação dos personagens e suas relações, para na segunda deixar o inspetor investigar chegando até o sequência final em que ele explica ponto a ponto sua teoria para mostrar quem é o culpado. 

O filme deixa um pouco a desejar por causa dos personagens que exageram na afetação, sendo quase caricaturas da classe alta britânica de quando se passa o filme. O destaque do elenco fica para o sempre competente Peter Ustinov, que já havia vivido o personagem em “Morte Sobre o Nilo” e voltaria em outros quatro longas para a tv inglesa.

Missão de Sobrevivência

 

Missão de Sobrevivência (Kandahar, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Ric Roman Waugh
Elenco – Gerard Butler, Navid Negahban, Travis Fimmel, Ali Fazal, Bahador Foladi, Corey Johnson, Mark Arnold, Nina Toussaint White.

Após uma missão bem sucedida no Irã, o agente da CIA Tom Harris (Gerard Butler) parte para uma segunda ação no Afeganistão, porém sua identidade é vazada. Ele e seu tradutor afegão Mo (Navid Negahban) se tornam alvo de grupos terroristas e para sobreviver precisam atravessar o deserto com destino a Kandahar. 

Este competente longa de ação utiliza como vilã algumas organizações terroristas que agem no Afeganistão travando uma guerra que mistura artefatos tecnológicos com combates violentos ao estilo antigo com armas em punho. A saga da dupla de protagonistas pelo deserto segue um formato semelhante aos road movies de ação. 

Destaque para as sequências de ação, especialidade do diretor e ex-dublê Ric Roman Waugh, que aqui tem sua terceira parceria com o astro Gerard Butler com quem trabalhou em “Invasão ao Serviço Secreto” e “Destruição Final: O Último Refúgio”, este último que tem uma sequência em pré-produção.

O Poder da Notícia

 

O Poder da Notícia (Winchell, EUA, 1998) – Nota 6,5
Direção – Paul Mazursky
Elenco – Stanley Tucci, Glenne Headly, Paul Giamatti, Christopher Plummer, Xander Berkeley, Kevin Tighe, Frank Medrano, Vic Polizos, Megan Mullally.

Entre os anos trinta e final dos cinquenta, o jornalista Walter Winchell (Stanley Tucci) foi uma celebridade que primeiramente fez sucesso como colunista de jornal escrevendo fofocas de famosos. O sucesso o levou a ter um programa semanal de rádio que aumentou sua fama, até a fracassada tentativa de migrar para TV. 

Esta saga profissional repleta de desafios com atitudes nem sempre das mais corretas e as complexas relações pessoais são detalhadas neste interessante longa produzido para TV. As atuações de Stanley Tucci como Winchell e de Paul Giamatti como Herman Klurfeld que escrevia os textos do seu programa são os destaques ao lado da produção caprichada e dos detalhes de bastidores envolvendo figuras famosas como o presidente Franklin Roosevelt, o cantora Josephine Baker, o milionário William Randolph Hearst e o senador Joseph McCarthy.

O Diabo em que o Mundo Acabou & Cidade em Chamas

 

O Dia em Que o Mundo Acabou (When Time Ran Out..., EUA, 1980) – Nota 6
Direção – James Goldstone
Elenco – Paul Newman, Jacqueline Bisset, William Holden, Edward Albert, Red Buttons, Ernest Borgnine, Burgess Meredith, Veronica Hamel, Valentina Cortese, Barbara Carrera, Pat Morita, James Franciscus, Alex Karras.

No dia inauguração de um grande hotel em uma ilha da Polinésia, um vulcão até então adormecido entra em erupção. Um sujeito (Paul Newman) lidera um grupo de turistas em uma perigosa trilha para tentar chegar até o lado da ilha que o vulcão não atingiu. 

Este é o último filme do chamado cinema catástrofe que começou em 1970 com o clássico “Aeroporto”. Nos anos sessenta também foram produzidos filmes de destruição, porém o formato com grandes nomes no elenco, roteiro que delineava cada personagem na primeira parte e seguia para o suspense de sobrevivência na parte final surgiu no filme citado, assim como a expressão “cinema catástrofe”. 

Este "O Dia em que o Mundo Acabou" teve muitas críticas ruins, tanto por ser o final de um gênero que estava desgastado, como os efeitos especiais no máximo razoáveis. Por outro lado, o suspense funciona com algumas boas sequências de perigo e a narrativa prende a atenção.

Cidade em Chamas (City on Fire, EUA, 1979) – Nota 5
Direção – Alvin Rakoff
Elenco – Barry Newman, Susan Clark, Henry Fonda, Leslie Nielsen, Shelley Winter, James Franciscus, Jonathan Welsh, Richard Donat.

Numa cidade do meio-oeste americano, um pequeno acidente com crianças resulta em um incêndio num antigo sobrado. Enquanto os bombeiros tentam apagar o fogo, um empregado descontente sabota equipamentos de um refinaria dando início a um verdadeiro caos na cidade. 

Este longa foi produzido quando o gênero do cinema catástrofe já estava na fase final de interesse do público. O roteiro segue o habitual formato de apresentar um pouco da vida de cada personagem na parte inicial, para depois focar nas sequências da tragédia e a luta pela sobrevivência. 

A história não chega a ser tão ruim, o problema são os efeitos especiais toscos, muito abaixo na comparação com obras semelhantes como o clássico “Inferno na Torre”, resultando em sequências de suspense ruins e alguns erros absurdos. 

O elenco de veteranos famosos atua no piloto automático, inclusive o grande Henry Fonda que tem meia dúzia de cenas como o chefe dos bombeiros que fica somente em seu gabinete.

O Homem que Não Vendeu Sua Alma

 

O Homem que Não Vendeu Sua Alma (A Man for All Seasons, Inglaterra, 1966) – Nota 7,5
Direção – Fred Zinnemann
Elenco – Paul Scofield, Wendy Hiller, Robert Shaw, Leo McKern, Orson Welles, John Hurt, Susannah York, Nigel Davenport, Corin Redgrave, Colin Blakely, Vanessa Redgrave.

Baseado em uma peça teatral de Robert Bolt, que também escreveu o roteiro, este longa detalha os bastidores da disputa entre o Rei Henrique VIII (Robert Shaw) e Sir Thomas More ou Thomas Morus (Paul Scofield) que se negou a aceitar o monarca como chefe de Igreja Anglicana que ele mesmo criou para se divorciar de Catarina de Aragão e se casar com Ana Bolena. 

Thomas More acreditava nas leis, regras e tradições da Igreja Católica e como não aceitou se curvar ao rei na nova Igreja, terminou condenado a morte por traição. Além de extremamente rico em detalhes, o longa tem ótimos diálogos, atuações convincentes do elenco recheado de grandes nomes britânicos e uma caprichada reconstituição de época. 

A história de Thomas More é um exemplo de integridade, de alguém que não aceitou abandonar seus princípios para fazer política ou mesmo para salvar sua vida.

George Foreman: Sua História

 

George Foreman: Sua História (Big George Foreman: The Miraculous Story of the Once and Future Heavyweight Champion of the World, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – George Tillman Jr.
Elenco – Khris Davis, Forest Whitaker, John Magaro, Jasmine Matthews, Sonja Sohn, Sullivan Jones, Lawrence Gilliard Jr., Sam Trammell, Shein Mompremier, Matthew Glave, Al Sapienza. 

Este longa que segue a cartilha das biografias levadas ao cinema, detalha a vida pessoal e profissional do boxeador George Foreman (Khris Davies) entre o final dos anos cinquenta até 1994. 

Para quem conhece a história do pugilista o filme não terá surpresas, ficando como destaque as sequências das lutas e a caracterização de personagens famosos do esporte, como o Muhammad Ali vivido por Sullivan Jones. 

O espectador comum que não conhece Foreman, vai se entreter com a história de superação repleta de altos e baixos. O resultado é um filme correto e muito bem produzido

Lorelei – Amores do Passado

 

Lorelei – Amores do Passado (Lorelei, EUA, 2020) – Nota 6,5
Direção – Sabrina Doyle
Elenco – Pablo Schreiber, Jena Malone, Ryan Findley, Trish Egan.

Após cumprir quinze anos de prisão, Wayland (Pablo Schreiber) é libertado e tenta recomeçar a vida ao reencontrar a antiga namorada Dolores (Jena Malone). A princípio Wayland fica sem saber o que fazer ao descobrir que ela se tornou mãe solteira de três crianças, porém aos poucos se reaproxima e cria um vínculo com a família. 

Este drama foca em uma história de erros e frustrações que levam as pessoas a caminhos na vida bem diferentes que sonhavam. O roteiro explora também a vida sem perspectivas nas pequenas cidades americanas, o que faz com que algumas pessoas façam escolhas erradas que custarão caro. 

A narrativa triste e sóbria é um destaque, assim como a atuação melancólica de Pablo Schreiber. Por outro lado, o final simbólico que tenta passar a mensagem de "busque seu sonho" é ingênuo. É um filme que agradará quem gosta de dramas com cara de cinema independente.

Sobrenatural: A Origem & Sobrenatural: A Última Chave

 

Sobrenatural: A Origem (Insidious: Chapter 3, Canadá / Inglaterra / EUA, 2015) – Nota 5,5
Direção – Leigh Whannell
Elenco – Dermot Mulroney, Stefanie Scott, Lin Shaye, Angus Sampson, Leigh Whannell, Tate Berney, Steve Coulter.

Alguns anos antes dos acontecimentos sobrenaturais com a família Lambert, a sensitiva Elise (Lin Shaye) havia desistido de utilizar seu dom de ver e falar com os mortos até ser procurada pela jovem Quinn (Stefanie Scott) e decidir ajudá-la. A garota que tentava contato com a falecida mãe, despertou uma violenta entidade que passou a persegui-la. 

Neste terceiro longa da franquia o diretor James Wan é apenas o produtor, deixando direção e roteiro para seu parceiro Leigh Whannell, com quem criou também a franquia “Jogos Mortais”. O foco principal da trama é detalhar um pouco da vida da paranormal Elise vivida por Lin Shaye, algo que é aprofundado no longa seguinte. 

A trama da luta para salvar a jovem é totalmente clichê, a narrativa é irregular principalmente na primeira parte e o personagem de Dermot Mulroney como o pai da jovem possuída parece perdido na trama. O roteiro também explora mal a paixão do garoto vizinho pela protagonista que desaparece no meio da história. É um filme que poderia ser melhor.

Sobrenatural: A Última Chave (Insidious: The Last Key, EUA / Canadá, 2018) – Nota 6
Direção – Adam Robitel
Elenco – Lin Shaye, Angus Sampson, Leigh Whannell, Bruce Davison, Kirk Acevedo, Caitlin Gerard, Spencer Locke, Josh Stewart, Tessa Ferrer.

Em 2010, a paranormal Elise (Lin Shaye) recebe o telefonema de um homem pedindo ajuda para livrar sua casa de um espírito maligno. Elise se assusta ao descobrir que o sujeito mora na casa onde ela viveu sua sofrida infância. Ela aceita o trabalho também para tentar fazer as pazes com seu passado. 

Este quarto filme da franquia tem um roteiro melhor trabalhado do que o anterior. Ele detalha a infância da protagonista mostrando o sofrimento familiar por causa do seu dom e como isso a afetou por toda a vida. 

As sequências de suspense na antiga casa são competentes com sustos e violência, sendo que várias delas são passadas em uma espécie de limbo entre o céu e o inferno. É um filme que entrega o que promete e que deixou um enorme gancho para o quinto filme, o recente “Sobrenatural: A Porta Vermelha”.

Spector

 

Spector (Spector, Inglaterra / EUA, 2022) – Nota 7,5
Direção – Don Argott & Sheena M. Joyce
Documentário

Em fevereiro de 2003, um motorista particular ligou para a polícia de Los Angeles avisando que uma pessoa foi assassinada dentro da mansão do famoso produtor musical Phil Spector. Os policiais chegam ao local e encontram o corpo de Lana Clarkson, uma atriz de filmes B que trabalhava como hostess em uma casa noturna. É o início de um complexo processo judicial para tentar provar que o autor do tiro que matou a atriz foi Spector, enquanto este alega que a mulher cometeu suicídio. 

O documentário em quatro episódios acerta ao detalhar a vida de Phil Spector, tanto o sucesso na carreira em que muitos o consideram o melhor produtor musical de todos os tempos, quanto sua atribulada vida pessoal. 

Os vários depoimentos de amigos e pessoas que conviveram e trabalharam com ele deixam claro que sua personalidade era complicada e que provavelmente ele sofria de transtornos psicológicos que vieram à tona em momentos de sua vida através do abuso do álcool e das drogas. 

É mais um exemplo em que genialidade, egocentrismo e loucura se misturaram, infelizmente terminando em uma grande tragédia.

A Little White Lie

 

A Little White Lie (A Little White Lie, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Michael Maren
Elenco – Michael Shannon, Kate Hudson, Don Johnson, Mark Boone Junior, Zach Braff, Jimmi Simpson, Da’Vine Joy Randolph, M. Emmet Walsh, Wendie Malick, Peyton List, Perry Mattfeld, Romy Byrne, Ashlei Foushee.

Precisando conseguir algum autor para participar de um festival literário que está prestes a ser cancelado, a professora de colégio Simone (Kate Hudson) tenta localizar o famoso escritor Shriver que criou um best seller vinte anos atrás e desapareceu. 

Uma de suas cartas chega até outro Shriver (Michael Shannon), que trabalha como zelador em um decadente prédio em Nova York. Incentivado por um amigo, Shriver decide assumir o papel do escritor e participar do evento, mesmo sabendo que as consequências podem não ser agradáveis. 

Esta mistura de drama e comédia tem uma premissa bastante interessante em dois pontos, tanto na questão do escritor recluso já utilizado em vários filmes, como na troca de identidade que normalmente é plot de comédia. 

O desenvolvimento da narrativa leva muito mais para o drama, principalmente pela ótima atuação de Michael Shannon vivendo o atormentado protagonista que conversa consigo mesmo, ou melhor, com uma segunda versão dele mesmo. 

A explicação para a situação no final é uma ótima sacada, porém apresentada de forma ineficiente, muito por causa do roteiro raso com diálogos ruins, além dos coadjuvantes inexpressivos. Um diretor e um roteiro melhor poderia render um filme bem mais interessante.

The Pez Outlaw

 

The Pez Outlaw (The Pez Outlaw, EUA, 2022) – Nota 7
Direção – Amy Bandley Storkel & Bryan Storkel
Documentário

No início dos anos noventa, Steve Glew vivia com a esposa e um casal de filhos numa pequena fazenda em Michigan. Como hobby, ele colecionava caixas de cereais e pequenos brinquedos usados que revendia em feiras da região. Em uma dessas feiras ele descobriu o Pez. 

Para quem não sabe, o Pez é um dispenser de balas e doces que parece um isqueiro, mas com uma cabeça de brinquedo que pode ser um personagem ou um animal. Steve descobriu que a procura pelo objeto era grande e que existia uma fábrica na antiga Iugoslávia que produzia modelos diferentes dos vendidos nos EUA. Junto com seu filho, Steve decide viajar para a Europa e iniciar uma curioso negócio de contrabando de Pez. 

Este documentário baseado em uma história real é ao mesmo tempo divertido, absurdo e de forma contraditória também um pouco triste. Os altos e baixos da saga do negócio de Steve Glew em paralelo com sua vida familiar são bem interessantes, assim como o formato da narrativa que recria situações narradas pelo protagonista, sendo que algumas são refutadas pelos “inimigos”. 

Vale citar também os excêntricos coadjuvantes, como os colecionadores de Pez, com destaque para o austríaco, o “pezidente” da empresa americana, além do responsável pela fábrica oficial de Pez na Europa que aparentemente ajudou Steve, mesmo não confirmando diante das câmeras. 

É um documentário indicado para quem gosta de histórias reais contadas mais pela memória afetiva do que pelos fatos concretos.

Operação Yakuza & The Challenge

 

Operação Yakuza (The Yakuza, Japão / EUA, 1974) – Nota 7,5
Direção – Sydney Pollack
Elenco – Robert Mitchum, Ken Takakura, Brian Keith, Herb Edelman, Richard Jordan, Kishi Keiko, James Shigeta.

Harry Kilmer (Robert Mitchum) é um detetive particular que por ter lutado no Japão durante a Segunda Guerra é contratado por um amigo (Brian Keith) para procurar sua filha que foi sequestrada pela Yakuza. Harry viaja até o Japão em busca da garota e também para tentar reencontrar um ex-amor. Rapidamente ele entrará em conflito com as tradições japonesas e principalmente com a Yakuza comandada por Ken Tanaka (Ken Takakura). 

Este é um dos melhores filmes americanos sobre o submundo do Japão e suas tradições seculares de honra e lealdade, mesmo entre os mafiosos da Yakuza, graças ao roteiro escrito pelos irmãos Leonard e Paul Schrader que foi finalizado por Robert Towne. 

Além das atuações marcantes de Robert Mitchum e Ken Takakura, destaque para as locações no Japão e as ótimas sequências de ação misturando os estilos americano e oriental. 

Como curiosidade, o diretor John Frankenheimer foi cotado para este trabalho, o acerto não ocorreu e sete anos depois ele dirigiu um longa com tema semelhante ambientado no Japão chamado “The Challenge”.

The Challenge (The Challenge, EUA / Japão, 1982) – Nota 6,5
Direção – John Frankenheimer
Elenco – Scott Glenn, Toshiro Mifune, Donna Kei Benz, Atsuo Nakamura, Calvin Jung, Clyde Kusatsu, Sab Shimono.

Em Los Angeles, o sparring de boxe Rick (Scott Glenn) recebe uma inusitada proposta de um casal de irmãos japoneses. Levar uma valiosa espada de samurai para o Japão e entregar para o pai deles. Mesmo desconfiado, Rick aceita a proposta. Ao chegar no Japão ele descobre que foi colocado no meio de uma violenta disputa em família por causa da espada. 

Este curioso longa de ação explora as diferenças culturais entre o protagonista americano e as tradições japonesas, por sinal, o roteiro também coloca na mesa a discussão entre o tradicional e o novo. De um lado o personagem de Toshiro Mifune é um velho mestre de artes marciais que vê a espada como um símbolo da família e do outro seu irmão vivido por Atsuo Nakamura que interpreta um empresário corrupto rodeado de mercenários que tem interesse apenas no valor financeiro. 

O desenrolar da trama lembra um pouco a minissérie “Shogun”, porém com um treinamento expresso do protagonista de Scott Glenn, sem grande aprofundamento. As sequências de ação são o destaque, como a perseguição no mercado, o conflito na floresta e principalmente o clímax no enorme edifício. É um filme bem diferente dos atuais do gênero.

O Impostor

 

O Impostor (Deceiver, EUA, 1998) – Nota 6,5
Direção – Jonas & Josh Pate
Elenco – Tim Roth, Chris Penn, Michael Rooker, Renee Zellweger, Ellne Burstyn, Rosanna Arquette, Michael Parks, Mark Damon.

Uma dupla de policiais (Chris Penn e Michael Rooker) interroga Wayland (Tim Roth), que é filho de um milionário e suspeito de ter assassinado uma prostituta (Renee Zellweger). Utilizando o polígrafo e depois tentando pressionar o sujeito, os policiais são surpreendidos pela inteligência do investigado, que parece saber muito mais do que fala, inclusive sobre a vida deles. 

O roteiro escrito pelos irmãos Jonas e Josh Pate brinca com o espectador na questão de quem realmente seria o impostor, já que os dois policiais também escondem segredos que influenciam na investigação. A narrativa e as interpretações tem um estilo quase teatral, principalmente nas muitas sequências na sala de interrogatório. Destaque para a atuação cínica de Tim Roth.