sexta-feira, 26 de julho de 2013

Filmes Australianos


O cinema australiano começou a chamar atenção do público nos anos setenta através produções exageradas e violentas, numa espécie de paródia aos filmes americanos.

Estas produções faziam sucesso com público na Austrália e ao mesmo tempo eram detonadas pelos críticos.

Quem quiser saber um pouco mais sobre estes filmes, procure o documentário "Além de Hollywood - O Melhor do Cinema Australiano", que tem Quentin Tarantino mostrando seu conhecimento sobre estas produções, deixando claro que elas serviram como inspiração para seus filmes.

Nesta postagem eu comento seis filmes australianos pouco conhecidos pelo público atual e produzidos em épocas diferentes.

Patrick (Patrick, Austrália, 1978) – Nota 5,5
Direção – Richard Franklin
Elenco – Susan Penhaligon, Robert Thompson, Robert Helpmann, Rod Mulinar, Bruce Barry, Julia Blake.      

Kathy Jacquard (Susan Penhaligon) está se separando do marido Ed (Rod Mulinar) e por isso decide voltar a trabalhar como enfermeira. Ela consegue trabalho na estranha clínica do Dr. Roget (Robert Helpman), onde precisa lidar com a opressiva supervisora Mr. Cassidy (Julia Blake) e recebe como missão cuidar do jovem Patrick (Robert Thompson), que vive em estado vegetativo desde que matou a mãe e o amante dela. Não demora para Kathy perceber que Patrick entende o que acontece a sua volta, principalmente após o jovem responder a alguns impulsos e fatos estranhos começarem a acontecer, como a máquina de escrever trabalhar sozinha. 

Este estranho longa australiano tem um ponto de partida interessante, com até algumas sequências curiosas de suspense, mas peca pelo elenco muito ruim e a proução precária. Mesmo assim, o filme se tornou uma espécie de cult e deu fama ao já falecido diretor Richard Franklin, que em seguida faria carreira em Hollywood comandando o razoável e muito criticado “Piscose 2” e o divertido “Os Heróis Não Tem Idade”.

O Ataque da Força Z (Attack Z Force, Austrália / Taiwan, 1982) – Nota 7
Direção – Tim Burstall
Elenco – John Phillip Law, Mel Gibson, Sam Neill, John Waters, Chris Haywood.

Próximo ao final de Segunda Guerra Mundial, o governo australiano envia um grupo de elite conhecido como “Força Z” para uma missão secreta em uma ilha do Pacífico com o objetivo de resgatar possíveis sobreviventes de um acidente aéreo militar. 

Baseado livremente no grupo de elite que realmente existiu e que reunia além de australianos, também neozelandeses, este competente longa de ação trazia no elenco Mel Gibson e Sam Neill antes de serem astros em Holywood. Gibson era conhecido pelo primeiro “Mad Max” e Neill havia protagonizado “A Profecia III”, porém estavam longe da fama que tem nos dias atuais. 

Consta que o filme deveria ser dirigido por Philip Noyce, que ficaria conhecido mundialmente apenas no final dos anos oitenta com o suspense “Terror a Bordo”, mas que aqui já era um veterano do cinema e da tv australiana. Noyce escolheu quase todo o elenco, mas entrou em conflito com os produtores que contrataram a sua revelia o canastrão americano John Phillip Law, que inclusive tem seu nome aparecendo em primeiro lugar nos créditos. Noyce não aceitou a imposição e abandonou a produção. Ainda assim o resultado é um bom filme de ação, com sequências bem filmadas e que diverte os fãs do gênero.

Razorback – O Corte da Navalha ou As Garras do Terror (Razorback, Austrália, 1984) – Nota 7
Direção – Russell Mulcahy
Elenco – Gregory Harrison, Arkie Whiteley, Bill Kerr, Chris Haywood, David Argue, Judy Morris.

Uma repórter canadense (Judy Morris) viaja até o deserto australiano para fazer uma matéria sobre caçadores de cangurus e acaba desaparecendo. Seu marido (Gregory Harrison) viaja até o local para procurar a esposa e logo desconfia que ela pode ter sido assassinada por dois irmãos (Chris Haywood e Davir Argue) que vivem da caça de canguru. A desconfiança do sujeito se transforma em espanto quando um veterano caçador (Bill Kerr) acredita que a mulher tenha sido atacada por um javali gigante, animal que anos antes matou seu neto. 

Produzido com baixo orçamento e utilizando roteiro de filme B, este longa se tornou cult nos anos oitenta e fez sucesso nas locadoras. A falta de dinheiro fez com que o diretor Russell Mulcahy utilizasse a mesma estratégia do clássico “Tubarão”, escondendo a criatura o máximo possível para causar suspense. O trabalho de Mulcahy chamou atenção de Holywood e ele acabou comandando em seguida o ótimo “Highlander – O Guerreiro Imortal” que fez grande sucesso. O outrora promissor diretor ainda trabalha em Hollywood, porém construiu uma carreira extremamente irregular.

Cerco Suicída (Grievous Bodily Harm, Austrália, 1988) – Nota 6
Direção – Mark Joffe
Elenco – Colin Friels, Bruno Lawrence, John Waters, Joy Bell, Kerry Armstrong.

Um professor (John Waters) não acredita que sua esposa tenha falecido num acidente de carro em que o corpo ficou quase irreconhecível. O obcecado professor passa a investigar o suposto desaparecimento da esposa e um homem (Colin Friels) que pode ser o sequestrador, fato que chama a atenção de um policial (Bruno Lawrence). Protagonizado por três dos mais famosos atores australianos da época, este suspense apresenta bons momentos, mas peca pelo roteiro confuso. 

O Mago da Chantagem (Frauds, Austrália, 1993) – Nota 6
Direção – Stephan Elliott
Elenco – Phil Collins, Hugo Weaving, Josephine Byrnes.

Um investigador de seguros (Phil Collins) utiliza seu trabalho para criar estranhos jogos com o objetivo de desmascarar possíveis fraudadores. Com seu jeito manipulador, ele cruza o caminho de um casal (Hugo Weaving e Josephie Byrnes) que fez uma solicitação diferente para empresa de seguro. O fato faz o casal se tornar o próximo alvo do sujeito. 

Esta estranha comédia de humor negro foi a estreia na direção do australiano Stephen Elliott, que ficaria famoso no ano seguinte com o sucesso de “Priscilla, a Rainha do Deserto”, que apresentava como um dos protagonistas o mesmo Hugo Weaving que trabalha aqui e faz um papel bem diferente dos vilões que costuma interpretar em Hollywood. Outra curiosidade aqui é ter como protagonista o cantor Phil Collins que parece se divertir no papel. Antes desse filme, Collins teve algumas outras experiências no cinema.

The Nugget (The Nugget, Austrália, 2002) – Nota 6,5
Direção – Bill Bennett
Elenco – Eric Bana, Stephen Curry, Dave O'Neil, Belinda Emmett, Peter Moon, Vince Colosimo.

Numa cidade do interior da Austrália, três trabalhadores que passam as horas vagas bebendo cerveja e procurando ouro, encontram uma pepita de ouro gigante. A descoberta que os transformaria em milionários, na realidade dá início a pequenas desavenças e faz emergir a ganância, sem contar que os três sujeitos não são lá muito inteligentes. 

Esta divertida comédia tem uma premissa que lembra vagamente o clássico de John Huston “O Tesouro de Sierra Madre”, mas ao invés de levar para tragédia, brinca com os absurdos da situação e a forma de vida dos australianos. 

No ano anterior, o ator Eric Bana teve um papel de coadjuvante em “Falcão Negro em Perigo”, seu primeiro trabalho em Hollywood e após este quase desconhecido “The Nugget”, ele protagonizou o grande fracasso “Hulk”, mas mesmo assim conseguiu seguir carreira na América.   

2 comentários:

Amanda Aouad disse...

Super válido esse post, Hugo. É interessante mesmo a gente estar sempre olhando o cinema Australiano. Desses que você citou, não conheço nenhum. Vergonha, rs. Mas, um que gosto muito é A Fortaleza de 1985.

bjs

Hugo disse...

Amanda - Boa lembrança, este "A Fortaleza" é com Rachel Ward e nos anos oitenta passou na tv com o título de "Sequestrados".

Bjos