Cidadão Boilesen (Brasil, 2009) – Nota 8
Direção – Chaim Litewski
Documentário
Sua história poderia de ser um
executivo qualquer, porém seu nome ficou marcado por ter sido um dos
empresários que mais apoiou a ditadura militar no Brasil, fato que lhe custou a
própria ao ser assassinado por militantes de esquerda em 1971.
O documentário
traça um perfil completo de Boilesen, através de depoimentos de amigos,
inimigos, de seu filho e de pessoas ligadas à ditadura que conviveram com ele,
além de uma visita a sua cidade natal na Dinamarca, onde uma pesquisa sobre sua
vida quando criança mostra uma história bem diferente de um perfil traçado por
uma reportagem da revista Veja quando Boilesen estava vivo.
Sua participação de
apoio a ditadura foi efetiva, ele foi uma espécie de tesoureiro que arrecadava
dinheiro de outros empresários para ser repassado ao governo e utilizado para
financiar a famigerada “OBAN”, a Operação Bandeirantes, que perseguiu e
assassinou diversos militantes de esquerda, inclusive muitos que sequer faziam
parte da luta armada. O doc cita que reuniões para arrecadação de fundos eram
feitas no próprio edifício da FIESP, com a participação de um grande número de
empresários, além do então Ministro da Fazenda Delfim Neto.
O que diferenciou Boilesen
de outros empresários, foi sua participação ativa nas sessões de tortura, tendo
inclusive importado uma máquina de choques elétricos que era acionada por um
teclado e que ganhou o infame apelido de “Pianola de Boilesen”.
O documentário
se torna obrigatório por tocar num tema que foi varrido para debaixo do tapete
da história, a participação de grandes empresários apoiando a ditadura. São
citados Amador Aguiar que foi fundador do Bradesco, Sebastião Correa da construtora
Camargo Correa, Luís Eulálio de Bueno Vidigal que hoje dá nome ao prédio da
FIESP, entre outros, além da informação de que caminhões de entrega de gás da
Ultragaz e carros do Jornal Folha de São Paulo que foram utilizados como apoio
da OBAN durante as operações policiais.
É uma revoltante história que ajuda a entender
porque não devemos confiar nos governos e nas grandes empresas.
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