domingo, 19 de maio de 2013

A Hora Mais Escura

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, EUA, 2012) – Nota 8
Direção – Kathryn Bigelow
Elenco – Jessica Chastain, Jason Clarke, Kyle Chandler, Mark Strong, Jennifer Ehle, James Gandolfini, Edgar Ramirez, Harold Perrineau, Fares Fares, Joel Edgerton, Mark Duplass, Fredric Lehne, Stephen Dillane.

Após vencer o Oscar com “Guerra ao Terror”, a diretora Kathryn Bigelow volta a mexer na ferida aberta com os atentados de 11 de Setembro, para desta vez contar a história da caçada a Osama Bin Laden. 

A história começa em 2003, quando a agente da CIA Maya (Jessica Chastain) chega ao Paquistão para trabalhar com outro agente, Dan (Jason Clarke), que capturou um integrante da Al Qaeda e o está interrogando. Na verdade, Dan está torturando o sujeito, fato que a princípio assusta a novata Maya, mas que ela não deixa transparecer. O torturado acaba revelando o nome de Abu Ahmed, que passa a ser considerado a ligação de Bin Laden com o mundo, porém o problema é que ninguém sabe exatamente quem é este sujeito. 

Nos oito anos seguintes, Maya se dedicará a tentar descobrir quem é e onde está Abu Ahmed, numa investigação minuciosa, onde aparecerão inúmeras pistas, sendo que várias delas não levarão a lugar algum, muitos personagens surgirão e várias mortes ocorrerão até que ela consiga chegar ao terrorista e consequentemente descobrir onde Bin Laden está escondido. 

Alguns críticos americanos consideraram que o filme faz apologia a tortura, o que na minha visão é exatamente o contrário. As cenas de tortura mostradas aqui são o espelho do que realmente ocorreu após 11 de Setembro. Os escândalos de Abu Ghraib e Guantanamo confirmam as torturas, o que transforma a escolha da diretora Kathryn Bigelow em um ato corajoso ao não jogar para debaixo do tapete estes fatos, que nas mãos de outro cineasta poderiam ser ignorados, dando ênfase apenas ao “heroísmo americano”. 

O roteiro do jornalista Mark Boal, vencedor o Oscar por “Guerra ao Terror”, está perfeito ao escancarar a hipocrisia e as mentiras do governo americano, fato demonstrado com clareza numa cena em que os agentes da CIA assistem na tv o Presidente Obama dizendo que os Estados Unidos não utilizam a tortura. 

Apesar dos muitos personagens, o elenco tem como ponto principal a atuação de Jessica Chastain, que teve aqui seu primeiro papel como protagonista e aproveitou a chance com uma bela interpretação. Ela acerta na atuação desde a cena inicial, quando esconde o constrangimento para mostrar ser uma profissional, depois durante o filme vemos uma transformação da novata idealista e ambiciosa em alguém que procura vingança e está obcecada em atingir seu objetivo, deixando completamente de lado sua vida pessoal. A cena final é perfeita, ela mostra ao mesmo tempo a personagem se emocionando em saber que conseguiu o que queria, mas percebendo que por outro lado sua vida está vazia. 

3 comentários:

Marcelo Keiser disse...

Estou louco para ver esse filme. "Guerra ao Terror" não me agradou, infelizmente, mas esse longa tem tudo para inverter a minha opinião à respeito de sua diretora. Tá na minha lista para ser visto em breve.

abraço

marcelokeiser.blogspot.com.br

renatocinema disse...

Gostei do filme e concordo sobre o destaque da protagonista.

abs

Hugo disse...

Marcelo - São dois filmes muitos bons, mas ainda considero "Guerra ao Terror" um pouco melhor.

Renato - A atriz aproveitou a chance.

Abraço