sexta-feira, 31 de maio de 2013

Compliance

Compliance (Compliance, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Craig Zobel
Elenco – Ann Dowd, Dreama Walker, Pat Healy, Philip Ettinger, Ashlie Atkinson, Bill Camp, Stephen Payne, Matt Servitto.

Alguns filmes chegam a incomodar por mostrar injustiças ou situações absurdas. É o caso deste longa baseado numa história real tão maluca que poucas pessoas acreditariam se fosse contada numa conversa informal. 

A trama se passa numa lanchonete em Ohio, onde a gerente Sandra (Ann Dowd em grande atuação) é uma mulher de meia-idade que comanda um grupo de jovens que se divide entre a cozinha e o atendimento aos clientes. Numa sexta-feira em que o local está lotado, Sandra recebe a ligação de um policial que diz ter ao seu lado uma mulher que afirma ter sido roubada por uma atendente, a quase adolescente Becky (Dreama Walker). A acusação dá início a um situação inusitada, onde o policial pede para Sandra tomar algumas atitudes até que ele chegue ao local. 

Fica difícil comentar algo mais de uma trama que se tornará cada vez mais bizarra, onde o ponto principal pode ser considerado um estudo sobre autoridade x obediência.

Vale destacar a direção de Craig Zobel, que também escreveu o roteiro e que passeia com sua câmera por todos os pontos da lanchonete, inclusive mostrando pequenos detalhes como a grelha suja e o óleo fervendo. 

O ritmo lento que lembra um teatro filmado pode não agradar a todos, mas com certeza algumas situações incomodarão e muito o espectador.        

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Sem Proteção

Sem Proteção (The Company You Keep, EUA, 2012) – Nota 7
Direção – Robert Redford
Elenco – Robert Redford, Shia LaBeouf, Julie Christie, Susan Sarandon, Nick Nolte, Chris Cooper, Terrence Howard, Stanley Tuccy, Richard Jenkins, Anna Kendrick, Brendan Gleeson, Sam Elliott, Brit Marling, Stephen Root, Jacqueline Evancho.

Após trinta anos vivendo com uma identidade falsa, Sharon Solarz (Susan Sarandon) é presa acusada de participar de um assalto a banco onde um segurança fora assassinado. Sharon participava de um grupo que protestava contra a Guerra do Vietnã, a princípio de forma pacífica e que se dissipou após a morte ocorrida no assalto. Um amigo de Sharon, Billy (Stephen Root) procura o advogado Jim Grant (Robert Redford) para defender Sharon, porém este não aceita alegando que não tempo para um caso tão grande. Em paralelo, o jornalista Ben Shepard (Shia LaBeouf) investiga o caso e descobre um segredo que pode acabar com a vida do advogado. 

A carreira de Robert Redford sempre foi pontuada por trabalhos em filmes com tramas com fundo político, onde a luta pela justiça é um dos pontos principais, porém ao mesmo tempo, seu últimos trabalhos como diretor (“Leões e Cordeiros” e “Conspiração Americana”) sofrem de uma certa frieza na narrativa, onde o excesso de diálogos e personagens cansam boa parte do público. Mesmo perdendo pontos com este estilo, gosto dos trabalhos de Redford, principalmente pelas histórias próximas da realidade e pelos elencos sempre recheados de bons atores. 

O destaque aqui fica por conta da participação de vários veteranos, a maioria em pequenos mas importantes papéis, como o envelhecido Nick Nolte, Richard Jenkins, Sam Elliott e Brendan Gleeson, sem contar a outrora bela Julie Christie, hoje com o rosto marcado provavelmente por várias plásticas. 

Assim como os dois trabalhos anteriores citados, o resultado é apenas mediano.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Olhos de Serpente

Olhos de Serpente (Snake Eyes, EUA, 1998) – Nota 7,5
Direção – Brian De Palma
Elenco – Nicolas Cage, Gary Sinise, Carla Gugino, John Heard, Stan Shaw, Kevin Dunn, Mike Starr, Luis Guzman, Michael Rispoli, Tamara Tunie.

O policial falastrão Rick Santoro (Nicolas Cage) é convidado pelo amigo Kevin Dunne (Gary Sinise) para assistir a uma grande luta de boxe em um cassino. Kevin é o responsável pela segurança de um ministro que está na plateia. Os problemas começam quando no momento em que um dos lutadores vai a nocaute, um tiro acerta o ministro, dando início a um grande tumulto. Rick inicia a investigação e aos poucos descobre uma conspiração que envolve várias pessoas. 

Com toda a trama se passando dentro do cassino/hotel, tendo uma premissa instigante e um sensacional plano-sequência inicial, é uma pena que o roteiro falhe ao criar um clímax fraco. Isso tira alguns pontos do filme, mas a citada sequência inicial é uma das melhores da história do cinema. A câmera segue o personagem de Nicolas Cage pelo hotel, que pelo caminho cumprimenta amigos, distribui sorrisos e fala com várias pessoas até chegar ao local da luta, finalizando com o nocaute e o assassinato. Consta que esta sequência teve dois cortes quase imperceptíveis, porém não atrapalham em nada o resultado. 

Este tipo de sequência filmada nos mínimos detalhes é uma marca da carreira de Brian De Palma e na minha opinião tendo seu auge no sensacional “Os Intocáveis. Aqui, além desta sequência, vale destacar outra parte do filme, quando o espectador verá os mesmos acontecimentos pelos olhos do personagem de Cage, que percebe o duvidoso nocaute, a misteriosa mulher de peruca, entre outros pequenos detalhes que formam o quebra-cabeça. 

É uma pena que o roteiro não acompanhe o fantástico trabalho técnico de De Palma e a ótima montagem. Mesmo com a história se encaixando, fica a impressão de que poderia ter resultado um grande filme.  

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Selvagens Cães de Guerra & Caçado Pelos Cães de Guerra


Selvagens Cães de Guerra (The Wild Geese, Inglaterra / Suiça, 1978) – Nota 7,5
Direção – Andrew V. McLaglen
Elenco – Richard Burton, Roger Moore, Richard Harris, Hardy Kruger, Jeff Corey, Frank Finlay, Stewart Granger.

O mercenário Allen Faulkner (Richard Burton) é contratado por um empresário inglês (Stewart Granger) para resgatar o presidente deposto de um país africano e colocá-lo de volta ao poder. O empresário tem um acordo de negócios que somente será respeitado pelo sujeito que foi deposto e está na prisão. Para cumprir a missão, Faulkner, monta um pequeno batalhão, onde se destacam seus amigos Fynn (Roger Moore), Janders (Richard Harris) e Coetzee (Hary Kruger). A princípio, o comando consegue resgatar o presidente, porém uma traição coloca tudo a perder, fazendo com que Faulkner e seus homens sejam perseguidos pelos Simbas, os soldados do governo atual. 

Esta produção inglesa dirigida por Andrew V. McLaglen, filho do antigo astro Victor McLaglen, utiliza o tema das guerras na África para criar um divertido longa com boas cenas de ação que exploram o belíssimo cenário das savanas africanas. 

O elenco composto por astros ingleses dá conta do recado, com destaque para o falecido Richard Burton e para a presença de Roger Moore, o 007 da época. 

Caçado Pelos Cães de Guerra (Wild Geese II, Inglaterra / Austrália, 1985) – Nota 6,5
Direção – Peter Hunt
Elenco – Scott Glenn, Barbara Carrera, Edward Fox, Laurence Olivier, Robert Webber, John Terry, Ingrid Pitt, Patrick Stewart.

Um canal de tv americano contrata o mercenário John Haddad (Scott Glenn) para resgatar o criminoso de guerra nazista Rudolf Hess (Laurence Olivier) que está preso na Alemanha. O objetivo do canal é entrevistar o sujeito, que seria o último criminoso nazista ainda preso. Para completar a missão, Haddad conta com a ajuda de Kathy Lukas (Barbara Carrera) e de Alex Faulkner (Edward Fox). 

Diferente do primeiro filme, esta sequência é mais voltada para a espionagem, com o trio principal utilizando a inteligência para resgatar o nazista na prisão, deixando as cenas de ação com um complemento da trama. 

Como curiosidade,o personagem de Edward Fox é irmão do personagem interpretado por Richard Burton no filme origina. Este também foi o último trabalho para o cinema de Laurence Olivier, que já havia interpretado um criminoso nazista no ótimo “Maratona da Morte” e que faleceu em 1989. 

domingo, 26 de maio de 2013

A Ilha dos Mortos

A Ilha dos Mortos (Survival of the Dead, EUA / Canadá, 2009) – Nota 5
Direção – George A. Romero
Elenco – Alan Van Sprang, Kenneth Welsh, Kathleen Munroe, Devon Bostick, Richard Fitzpatrick, Athena Karkanis, Stefano Di Matteo.

Pouco tempo depois dos zumbis começarem a atacar as pessoas, um grupo de soldados liderados pelo sargento Crockett (Alan Van Sprang) abandona seus postos e passam a saquear para sobreviver. Em paralelo, numa ilha em Delaware, duas famílias de origem irlandesa que vivem em conflito há anos, acirram ainda mais o ódio por causa dos zumbis. O velho Patrick O’Flynn (Kenneth Walsh) que tenta exterminar os zumbis, acaba sendo expulso por Seamus Muldoon (Richard Fitzpatrick), que acredita que os homens descobrirão a cura e por isso não aceita as atitudes de O’Flynn. O grupo de soldados que procura um local seguro, cruza o caminho com O’Flynn, que os leva para a ilha, porém com o intuito de derrotar seu inimigo Muldoon.  

Esta sexta incursão do mestre George A. Romero ao universo dos zumbis é com certeza seu pior filme. A trama utiliza um gancho do longa anterior “Diário dos Mortos” para criar uma espécie de sequência, porém diferente daquele filme que seguia o estilo atual das produções com cara de documentário, onde um personagem filma os acontecimentos e a internet tem um papel importante, aqui a ideia de Romero foi uma volta ao passado, criando no meio dos ataques dos zumbis um história de briga entre famílias que lembra muito os antigos westerns, com direito até mesmo a um tiroteio final. 

Infelizmente a premissa passa longe de funcionar, além da estranha mistura, o roteiro é primário e as atuações exageradas. O roteiro cria soluções ridículas como o aparecimento de uma irmã gêmea de uma personagem sem sentido algum na trama. 

Infelizmente o resultado é uma grande bola fora na carreira de Romero, sendo até agora seu último trabalho como diretor. 

sábado, 25 de maio de 2013

Looper - Assassinos do Futuro

Looper – Assassinos do Futuro (Looper, EUA / China, 2012) – Nota 7,5
Direção – Rian Johnson
Elenco – Bruce Willis, Joseph Gordon Levitt, Emily Blunt, Jeff Daniels, Paul Dano, Noah Segan, Piper Perabo, Pierce Gagnon, Summer Qing, Garret Dillahunt.

Em 2044, Joe (Joseph Gordon Levitt) é um “Looper”, um assassino contratado pela máfia para executar sujeitos que são enviados do futuro. No início do longa, Joe narra em off que as máquinas para viagem no tempo seriam inventadas apenas trinta anos depois e consideradas ilegais, porém os mafiosos liderados por um certo “Rainmaker” (o Fazedor de Chuva) as utilizaria para enviar seus desafetos ao passado para serem assassinados. 

O que Joe considera dinheiro fácil, se transforma em pesadelo quando ele próprio, trinta anos mais velho (interpretado por Bruce Willis) é enviado para ser executado. Seu “eu” mais velho consegue fugir e tem o objetivo de encontrar e assassinar Rainmaker quando este ainda é uma criança, enquanto isso os dois se tornam alvos dos assassinos liderados por Abe (Jeff Daniels), o responsável por controlar os Loopers. 

Como é normal nos filmes sobre viagem no tempo, a trama é confusa e com alguns furos, sendo necessário muita atenção nos detalhes, porém o longa ganha pontos por ser uma produção original baseada num roteiro do próprio diretor Rian Johnson. 

O filme pode ser dividido em três partes, tendo uma meia-hora inicial eletrizante, com várias cenas de ação legais e por mostrar um futuro não muito distante com as cidades repletas de violência e miséria. A segunda parte muda o foco, dando ênfase ao drama, quando os personagens de Levitt e Willis tentam entender o que está ocorrendo e principalmente na entrada em cena da personagem de Emily Blunt e de seu filho pequeno (o assustador Pierce Gagnon). O parte final apresenta uma nova reviravolta no gênero, retomando um pouco a ação e inserindo pitadas de sobrenatural. 

O resultado é um salada interessante, que prende a atenção e faz o espectador pensar muito após a sessão. Mesmo com o final tendo uma lógica, algumas perguntas ficam sem resposta.  

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Professor Aloprado (1963 e 1996)


O Professor Aloprado (The Nutty Professor, EUA, 1963) – Nota 7
Direção – Jerry Lewis
Elenco – Jerry Lewis, Stella Stevens, Del Moore, Kathleen Freeman, Henry Gibson.

Julius Kelp (Jerry Lewis) é um tímido e atrapalhado professor de universidade, que vive destruindo o laboratório com suas experiências malucas, além de ser motivo de piadas dos alunos. Querendo mudar sua vida, Julius decide ser a própria cobaia de um experimento que aparentemente parece ser um sucesso. Julius muda completamente a personalidade, o modo de se vestir, de se expressar, porém se esconde através de um personagem chamado Buddy Love, que acaba chamando a atenção da bela Stella Purdy (Stella Stevens), que nem imagina que o sujeito é na verdade o estranho professor. Os problemas surgem quando o efeito da fórmula começa a falhar, deixando o sujeito em situações constrangedoras. 

O comediante Jerry Lewis estava no auge da carreira quando decidiu dirigir e protagonizar esta paródia de “O Médico e o Monstro”, que se transformou num dos maiores sucessos de sua carreira. As cenas em que a fórmula falha são perfeitas para Lewis criar sequências engraçadas aproveitando seu talento para o humor físico, misturado com suas inconfundíveis caretas. 

É um filme divertido e superior a refilmagem estrelada por Eddie Murphy.

O Professor Aloprado (The Nutty Professor, EUA, 1996) – Nota 5,5
Direção – Tom Shadyac
Elenco – Eddie Murphy, Jada Pinkett Smith, James Coburn, Larry Miller, Dave Chappelle, John Ales.

O obeso professor Sherman Klump (Eddie Murphy) é sempre ridicularizado por seu peso. Quando ele se apaixona por outra professora, a bela Carla (Jada Pinkett Smith), decide ser a cobaia de sua própria fórmula experimental para emagrecer. O experimento funciona e Sherman se transforma num sujeito atlético e conquistador, passando a utilizar o nome de Buddy Love. Lógico que os efeitos da fórmula começam a falhar e a vida de Sherman fica ainda mais complicada. 

Se o original com Jerry Lewis se baseava no humor físico do ator, este refilmagem se apoia nos efeitos especiais nas cenas de transformação do personagem principal, misturadas com piadas chulas. Infelizmente o sucesso de público deste filme fez mal a carreira de Eddie Murphy, que mesmo sendo um ator extremamente talentoso, muitas vezes interpretando vários papéis debaixo de maquiagem, inclusive neste filme, se perdeu na carreira com comédias rasteiras como “A Creche do Papai”, a sequência de “O Professor Aloprado” e o horroroso “Norbit”. 

É uma pena, um ator como Murphy merecia trabalhos melhores, como os vários bons filmes que estrelou nos anos oitenta.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Último Desafio

O Último Desafio (The Last Stand, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – Jee Won Kim
Elenco – Arnold Schwarzenegger, Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Johnny Knoxville, Rodrigo Santoro, Jaimie Alexander, Luis Guzman, Peter Stormare, Harry Dean Stanton, Zach Gilford, Genesis Rodriguez.

Após uma década sem protagonizar um longa, sem contar as pequenas participações nos dois “Os Mercenários” e em “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, Schwarzenegger voltou às telas no seu estilo habitual, com uma trama policial de ação recheada de tiros e explosões. 

Schwarzenegger é o xerife Ray Owens da pequena cidade de Somerton no Arizona, onde leva uma vida pacata e comanda uma equipe que pouco tem a fazer no local. A situação muda quando um chefão do tráfico (Eduardo Noriega) é resgatado por seus comparsas e foge utilizando um carro modificado extremamente veloz. Enquanto isso, outra parte do seu bando está na pequena Somerton construindo uma ponte móvel para o chefão atravessar um canyon e chegar ao México. Ignorado pelo agente do FBI Bannister (Forest Whitaker), que acredita que o xerife é um maluco, Ray e seu pequeno grupo precisarão defender a cidade dos traficantes. 

Se você é fã do gênero, deixe de lado qualquer análise de roteiro ou dos personagens e divirta-se com os boas cenas de ação, mesmo com algumas exageradas. Para os mais exigentes, adianto que a década na política não ajudou o trabalho de Schwarzenegger como ator, ele continua com a mesma dificuldade em mostrar qualquer sentimento, mas seu carisma ainda funciona nas cenas de ação e em alguns diálogos engraçadinhos. 

Como curiosidade, este é o primeiro trabalho em Hollywood do diretor sul-coreano Jee Won Kim, que fez o elogiado “Eu Vi o Diabo”, filme que está na minha lista para conferir.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

The Doors

The Doors (The Doors, EUA, 1991) – Nota 7
Direção – Oliver Stone
Elenco – Val Kilmer, Meg Ryan, Kyle MacLachlan, Frank Whaley, Kevin Dillon, Kathleen Quinlan, Billy Idol, Michael Wincott, Michael Madsen, Mimi Rogers, Crispin Glover, Dennis Burkley.

A morte do tecladista do conjunto "The Doors" Ray Manzarek nesta semana, fez todos lembrarem do filme de Oliver Stone.

Por alguns anos, Oliver Stone planejou levar a vida do cantor e poeta Jim Morrison ao cinema e conseguiu quando estava no auge da carreira. Stone vinha de sucessos como “Platoon” e “Wall Street”, lançando ainda o polêmico “JFK” no mesmo ano. 

As dificuldades encontradas por Stone estavam na negativa do pai de Morrison, que não queria ver vida do filho nas telas e da família de Pamela Courson, namorada de Morrison, que ficou com os poemas do sujeito após a morte da filha e não aceitou mostrá-los ao diretor. 

Mesmo assim, o projeto saiu do papel e Stone decidiu focar principalmente na polêmica, ao mostrar o relacionamento confuso entre Morrison (Val Kilmer) e a namorada Pamela (Meg Ryan), o acidente de automóvel na infância e as loucuras do sujeito no palco, inclusive o famoso show em Miami onde ele foi preso após praticar atos obscenos. 

Stone vai fundo ainda ao mostrar os exageros do cantor com a bebida e as drogas, inclusive em sequências de alucinação, como a "viagem" após usar peyote numa espécie de ritual com um xamã. 

O bom elenco de apoio acaba sendo apenas uma escada, já que o filme é todo do personagem principal, numa interpretação fantástica de Val Kilmer, de longe a melhor de sua carreira. 

O filme dividiu opiniões, mas vale como registro da vida de um personagem marcante.     

terça-feira, 21 de maio de 2013

Encontro Marcado

Encontro Marcado (Meet Joe Black, EUA, 1998) – Nota 7
Direção – Martin Brest
Elenco – Brad Pitt, Anthony Hopkins, Claire Forlani, Jake Weber, Jeffrey Tambor, Marcia Gay Harden.

O empresário Bill Parrish (Anthony Hopkins) recebe a visita de um sujeito (Brad Pitt) que diz ser a morte e que veio para levá-lo. Bill tenta dissuadir a morte para que ela lhe dê um pouco mais tempo de vida e em troca ele seria uma espécie de guia para que a morte entenda como é a vida na Terra. A morte, que utiliza o corpo de um jovem que morreu atropelado numa cena impressionante, aos poucos se envolve na vida de Bill e parece uma criança descobrindo o mundo, como na cena da manteiga de amendoim. Para complicar ainda mais a situação, a morte se apaixona por Susan (Claire Forlani), a bela filha de Bill, que por seu lado não pode revelar a verdade para a jovem. 

Este ambicioso projeto do diretor Martin Brest foi lançado com três de duração e utilizando uma premissa no mínimo curiosa, fazer a morte entender a vida. A longa duração levou o filme ao fracasso de público.. Um longa com pouco mais de duas horas com certeza atingiria um público maior, pois a trama é interessante e extremamente sensível, ao tocar com inteligência nos medos da morte e da solidão, além da inusitada história de amor. 

O fracasso foi um duro golpe na carreira de Martin Brest, que havia comandado três ótimos filmes, o clássico “Um Tira da Pesada”, “Fuga à Meia-Noite” e “Perfume de Mulher”. Após este trabalho, ele ficou cinco anos sem filmar e voltou com um fracasso ainda maior, o longa “Contrato de Risco”, que acabou com a romance entre Jennifer Lopez e Ben Aflleck e com a carreira de Brest, que não mais voltou a filmar.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Copacabana

Copacabana (Brasil, 2001) – Nota 7
Direção – Carla Camurati
Elenco – Marco Nanini, Miriam Pires, Rogéria, Laura Cardoso, Walderez de Barros, Tonico Pereira, Louise Cardoso, Joana Fomm.

Faltando um dia para completar noventa anos de idade, o fotógrafo Alberto (Marco Nanini) que passou toda a vida no bairro de Copacabana, começa a relembrar fatos marcantes de seu passado, como os antigos bailes de carnaval, os amores e a inauguração do famoso hotel Copacabana Palace. Todas estas lembranças se confundem com as mudanças que ocorreram no bairro durante quase um século.

Após surpreender como diretora em “Carlota Joaquina”, Carla Camurati comandou este longa que é uma grande homenagem ao famoso bairro carioca, acertando na escolha do ótimo Marco Nanini para viver Alberto. Com ajuda de uma boa maquiagem, Nanini convence nas cenas da juventude e também da velhice, sem contar com sua simpática narração da vida do personagem.

O resultado é um sensível longa, que mesmo não sendo um grande filme, vale pelo talento do ator e pela visão nostálgica do bairro de Copacabana. 

domingo, 19 de maio de 2013

A Hora Mais Escura

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, EUA, 2012) – Nota 8
Direção – Kathryn Bigelow
Elenco – Jessica Chastain, Jason Clarke, Kyle Chandler, Mark Strong, Jennifer Ehle, James Gandolfini, Edgar Ramirez, Harold Perrineau, Fares Fares, Joel Edgerton, Mark Duplass, Fredric Lehne, Stephen Dillane.

Após vencer o Oscar com “Guerra ao Terror”, a diretora Kathryn Bigelow volta a mexer na ferida aberta com os atentados de 11 de Setembro, para desta vez contar a história da caçada a Osama Bin Laden. 

A história começa em 2003, quando a agente da CIA Maya (Jessica Chastain) chega ao Paquistão para trabalhar com outro agente, Dan (Jason Clarke), que capturou um integrante da Al Qaeda e o está interrogando. Na verdade, Dan está torturando o sujeito, fato que a princípio assusta a novata Maya, mas que ela não deixa transparecer. O torturado acaba revelando o nome de Abu Ahmed, que passa a ser considerado a ligação de Bin Laden com o mundo, porém o problema é que ninguém sabe exatamente quem é este sujeito. 

Nos oito anos seguintes, Maya se dedicará a tentar descobrir quem é e onde está Abu Ahmed, numa investigação minuciosa, onde aparecerão inúmeras pistas, sendo que várias delas não levarão a lugar algum, muitos personagens surgirão e várias mortes ocorrerão até que ela consiga chegar ao terrorista e consequentemente descobrir onde Bin Laden está escondido. 

Alguns críticos americanos consideraram que o filme faz apologia a tortura, o que na minha visão é exatamente o contrário. As cenas de tortura mostradas aqui são o espelho do que realmente ocorreu após 11 de Setembro. Os escândalos de Abu Ghraib e Guantanamo confirmam as torturas, o que transforma a escolha da diretora Kathryn Bigelow em um ato corajoso ao não jogar para debaixo do tapete estes fatos, que nas mãos de outro cineasta poderiam ser ignorados, dando ênfase apenas ao “heroísmo americano”. 

O roteiro do jornalista Mark Boal, vencedor o Oscar por “Guerra ao Terror”, está perfeito ao escancarar a hipocrisia e as mentiras do governo americano, fato demonstrado com clareza numa cena em que os agentes da CIA assistem na tv o Presidente Obama dizendo que os Estados Unidos não utilizam a tortura. 

Apesar dos muitos personagens, o elenco tem como ponto principal a atuação de Jessica Chastain, que teve aqui seu primeiro papel como protagonista e aproveitou a chance com uma bela interpretação. Ela acerta na atuação desde a cena inicial, quando esconde o constrangimento para mostrar ser uma profissional, depois durante o filme vemos uma transformação da novata idealista e ambiciosa em alguém que procura vingança e está obcecada em atingir seu objetivo, deixando completamente de lado sua vida pessoal. A cena final é perfeita, ela mostra ao mesmo tempo a personagem se emocionando em saber que conseguiu o que queria, mas percebendo que por outro lado sua vida está vazia. 

sábado, 18 de maio de 2013

Bombas - Atores Famosos, Filmes Ruins - Parte IV

Hoje comento mais quatro filmes ruins protagonizados por famosos.

Hancock (Hancock, EUA, 2008) – Nota 5,5
Direção – Peter Berg
Elenco – Will Smith, Charlize Theron, Jason Bateman, Jae Head, Eddie Marsan.

John Hancock (Will Smith) é um super herói decadente e alcoólatra, que a cada salvamento deixa um rastro de destruição pelo caminho. Quando ele salva o relações públicas Ray (Jason Bateman), este vê em Hancock um potencial cliente, mesmo com sujeito tendo uma péssima reputação com a população. O relutante herói acaba aceitando a ajuda de Ray, mesmo com a esposa do sujeito, Mary (Charlize Theron) sendo totalmente contra. A primeira ação de Ray é fazer com que Hancock aceite ir para a prisão, conforme deseja uma promotora pública, acreditando que rapidamente os crimes aumentarão e todos pedirão a sua soltura. 

Fica difícil comentar mais sobre a trama, que a princípio deixa a impressão de que seria um filme de ação com humor negro, que iria explorar o mal comportamento do herói, porém o roteiro dá uma guinada e transforma a história numa maluca salada russa, que mistura imortalidade, amnésia e pitadas de drama até o final tipicamente hollywoodiano, no pior sentido. Basicamente, tentaram criar uma reviravolta na história através de um segredo absurdo, colocando como pontos principais os efeitos especiais e o carisma de Will Smith, o que acabou sendo pouco para salvar o longa.  

A Jurada (The Juror, EUA, 1996) – Nota 5
Direção – Brian Gibson
Elenco – Demi Moore, Alec Baldwin, Joseph Gordon Levitt, Anne Heche, James Gandolfini, Lindsay Crouse, Tony Lo Bianco, Michael Constantine, Matt Craven, Michael Rispoli.

A artísta plastica Annie Laird (Demi Moore) é escolhida para participar do juri no julgamento de um chefão mafioso (Tony Lo Bianco). O que por si só seria algo desconfortável, se torna um pesadelo quando um sujeito ligado ao mafioso (Alec Baldwin) ameaça Annie e seu filho pequeno (Joseph Gordon Levitt) para que ela convença os outros jurados a absolver o réu. 

Repleto de clichês, este longa foi produzido quando Demi Moore estava no auge da carreira, após o sucesso de filmes como “Proposta Indecente” e “Assédio Sexual”, porém este “A Jurada” marcou o início do declínio da carreira da atriz, que no mesmo ano fez o péssimo “Striptease”. O longa tem até alguns momentos interessantes de tensão, o problema principal é o roteiro totalmente previsível com várias soluções absurdas. 

Divisão de Homicídios (Hollywood Homicide, EUA, 2003) – Nota 5
Direção – Ron Shelton
Elenco – Harrison Ford, Josh Hartnett, Lena Olin, Bruce Greenwood, Isaiah Washington, Lolita Davidovich, Keith David, Master P, Dwight Yoakam, Martin Landau, Lou Diamond Phillips, Gladys Knight, Kurupt, Eric Idle, Robert Wagner.

Em Los Angeles, a dupla de detetives Joe Gavilan (Harrison Ford) e K. C. Calden (Josh Hartnett) estão mais preocupados em suas carreiras paralelas do que no trabalho de policial. O veterano Gavilan que está prestes a se aposentar, dedica boa parte do seu tempo na tentativa de vender imóveis, enquanto o jovem Calden deseja se tornar ator. Quando a dupla tem a missão de investigar o assassinato de um cantor de rap, eles veem a chance de alavancar suas carreiras paralelas através do contato com pessoas influentes do mundo do showbiz. 

Misturar policial com comédia já rendeu bons filmes como “Um Tira da Pesada” e “Assalto Sobre Trilhos”, porém vários outros longas do gênero se perderam na tentativa de fazer graça com a ação policial, sendo o caso deste equivocado trabalho do bom diretor Ron Shelton. Shelton que é um especialista em filmes sobre esporte (“Cobb – A Lenda”, “O Jogo da Paixão” e “Homens Brancos Não Sabem Enterrar”), erra feio ao criar situações sem graça e uma trama policial muito fraca, sem contar que nem mesmo o carisma de Harrison Ford ajuda, deixando a impressão de que o ator está desconfortável. O resultado é um total desperdício do bom elenco. 

Invasão de Privacidade (Sliver, EUA, 1993) – Nota 4
Direção – Phillip Noyce
Elenco – Sharon Stone, William Baldwin, Tom Berenger, Polly Walker, Martin Landau, Colleen Camp, CCH Pounder.

A editora de livros Carly Norris (Sharon Stone) muda para um moderno edifício em Nova York, onde rapidamente se envolve com o misterioso Zeke (William Baldwin), que é dono do prédio e que colocou câmeras em todos os apartamentos para vigiar a vida dos moradores, sem que eles saibam. Ao mesmo tempo, Carly flerta com o escritor Jack Landsford (Tom Berenger), que também mora no local. Carly descobre ainda que algumas mulheres foram assassinados no edifício. Após alguns fatos, ela passa a desconfiar que o assassino possa ser Zeke ou Jack. 

O estrondoso sucesso de “Instinto Selvagem” fez com que os produtores tivessem pressa em utilizar a imagem de Sharon Stone como símbolo sexual e para isso não pouparam dinheiro, mas erraram completamente na escolha do filme. Os produtores pagaram uma fortuna pelo roteiro escrito pelo húngaro Joe Eszterhas, que também escreveu “Instinto Selvagem”, mas provavelmente não leram a história absurda e arrastada escrita pelo sujeito. A escolha do australiano Philip Noyce para a direção foi outro erro, ele que havia comandado o interessante “Jogos Patrióticos” no ano anterior, pouco pode fazer com um roteiro ruim. Para completar, o elenco não ajuda, os canastrões William Baldwin e Tom Berenger tem desempenhos abaixo da crítica. O filme teve uma razoável bilheteria em virtude das cenas quentes com Sharon Stone, mas por outro lado foi massacrado pela crítica, que colocou em dúvida a carreira da atriz.           

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cão Come Cão

Cão Come Cão (Perro Come Perro, Colômbia, 2008) – Nota 7,5
Direção – Carlos Moreno
Elenco – Marlon Moreno, Óscar Borda, Álvaro Rodriguez, Blas Jaramillo, Andres Toro, Julian Caicedo, Paulina Rivas, Diego Quijano.

O filme começa com Victor Peñarada (Marlon Moreno) e dois jovens comparsas torturando um sujeito, tentando fazer com que ele diga onde escondeu o dinheiro. O homem acaba morrendo e os bandidos são obrigados a vasculhar a casa. Victor encontra o dinheiro, mas decide não contar aos comparsas e nem mesmo ao homem que o contratou, Don Pablo (Diego Quijano), que por seu lado “presta serviços” para o chefão El Orejon (Blas Jaramillo). 

Victor alega que o homem morto disse que o dinheiro estava com seu irmão gêmeo. Orejon exige o dinheiro e decide resolver dois problemas de uma só vez. Ele coloca Victor em um quarto de hotel junto com o negro Eusebio Benitez (Óscar Borda), para os dois trabalharem com o estranho Sierra (Álvaro Rodriguez) com a missão de encontrar o gêmeo fugitivo e o dinheiro, porém seu objetivo também é se vingar de Benitez, que teria matado um homem de sua organização. 

Este violento longa colombiano é uma boa surpresa que tem como inspiração os filmes de Tarantino misturados um pouco com o estilo dos irmãos Cohen, tanto nos personagens à margem da lei, quanto na violência estilizada e na câmera nervosa. 

Vale destacar a trilha sonora acelerada com músicas latinas e a montagem que procura ângulos inusitados, como nas cenas em que mostra por debaixo da cama o pequeno santuário criado por Benitez no canto do quarto. 

O roteiro utiliza ainda o tema do misticismo através do papel de uma velha bruxa (Paulina Rivas) que a mando de Orejon fez um trabalho para enlouquecer Benitez, fato que gera interessantes sequências de alucinação. 

Filmado todo em Cali, o diretor aproveita bem o cenário urbano com suas ruas repletas de pessoas, carros e pequenos comércios. 

O resultado é um interessante filme de um país sem tradição no cinema, mais que merece ser descoberto.   

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ran

Ran (Ran, Japão / França, 1985) – Nota 8
Direção – Akira Kurosawa
Elenco – Tatsuya Nakadai, Akira Terao, Jinpachi Nezu, Daisuke Ryu, Mieko Harada, Yoshiko Miyazaki.

No Japão Feudal, o veterano senhor da guerra Hidetora (Tatsuya Nakadai) decide passar a chefia da família para seu filho mais velho, Jiro (Jinpachu Nezu). O fiho do meio é Taro (Akira Terao), um sujeito fraco que é manipulado pela esposa (Mieko Harada). O filho mais novo é Saburo (Daisuke Ryu), que por enfrentar o pai acaba sendo expulso da família. Não demora para o velho Hidetora perceber seu erro, quando seus dois filhos mais velhos o renegam e ele fica abandonado com poucos samurais e com um bobo da corte. A disputa pelo poder leva os irmãos a uma sangrenta guerra, enquanto o velho pai se afunda na loucura. 

Este épico dirigido pelo grande Akira Kurosawa é uma adaptação da clássica obra de Shakespeare “Rei Lear”, aqui transportada para o Japão Feudal com maestria. Para o espectador ocidental, podem parecer estranhas as interpretações em estilo teatral japonês, principalmente nas cenas dramáticas, como nos delírios de Hidetora. Entendendo este tipo de atuação, temos um belíssimo filme sobre família, poder e vingança, com sangrentas sequências de batalhas que em nada devem aos grandes épicos de Hollywood, sem contar a bela fotografia. Kurosawa era um verdadeiro artesão, cada sequência que filmava era como um pintura, sempre preocupado em realçar detalhes e cores. 

O resultado é um filme obrigatório para os fãs do diretor, que por sinal concorreu ao Oscar por este trabalho.   

terça-feira, 14 de maio de 2013

Moonrise Kingdom

Moonrise Kingdom (Moonrise Kingdom, EUA, 2012) – Nota 9
Direção – Wes Anderson
Elenco – Jared Gilman, Kara Hayward, Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Jason Schwartzman, Bob Balaban, Lucas Hedges.

Em 1965, numa ilha em New England, vive a garota Suzy (Kara Hayward) com seus pais (Bill Murray e Frances McDormand) e três irmãos menores. A mãe tem um caso com o único policial da ilha (Bruce Willis). Em paralelo, num acampamento de escoteiros do outro lado da ilha, os Escoteiro Chefe (Edward Norton) toma conta de uma tropa de garotos, tendo entre eles o órfão Sam (Jared Gilman). O que ninguém sabe é que Sam e Suzy trocam cartas há um ano e decidem fugir para viver uma aventura num belo local da ilha, o Moonrise Kingdom do título. 

Como opinião pessoal, este é o melhor filme de Wes Anderson, um cineasta elogiado pela crítica, mas que até agora não havia me convencido totalmente. A originalidade que ele sempre demonstrou em seus trabalhos, muitas vezes se perdiam na exagerada excentricidade dos personagens, fato que aqui parece ele ter encontrado o ponto ideal. 

Os adultos representados aqui são inseguros, parecem ter perdido as esperanças de sonhar, se deixando levar por uma vida mecânica cheia de frustrações, enquanto a dupla de crianças protagonistas que são vistas como problemáticas pelos adultos, na realidade são os personagens mais maduros e que ainda sonham com amor e aventura. 

Se a construção dos personagens é cativante, a parte técnica não fica atrás, Wes Anderson beira a perfeição na mistura de cores, nos cenários que parecem saídos de um conto infantil e na bela fotografia, sem contar o figurino de cada personagem. Esta gama de ponto positivos casa-se perfeitamente com a bela história de amor juvenil com toques sexuais ingênuos, como na sequência do furo na orelha e a dança dos garotos na praia. 

O resultado é um belíssimo e original filme.  

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Rocha

A Rocha (The Rock, EUA,1996) – Nota 8
Direção - Michael Bay
Elenco – Sean Connery, Nicolas Cage, Ed Harris, Michael Biehn, David Morse, Tony Todd, William Forsythe, John Spencer, John C. McGinley, Xander Berkeley, John Laughlin, Bokem Woodbine, Vanessa Marcil, Greg Collins.

O general Francis Hummel (Ed Harris) toma como reféns várias pessoas que visitam a ilha de Alcatraz, tendo apoio de seus comandados que pertencem a um grupo de elite do exército. Hummel tem em seu poder armas químicas, que ele ameaça lançar sobre São Francisco caso o governo não aceite suas exigências. Ele quer cem milhões de dólares para serem pagos para as famílias de soldados que morreram em missões secretas e que não tiveram apoio algum do governo. 

Para tentar evitar a tragédia, o governo convoca Stanley Goodspeed (Nicolas Cage), um especialista em armas químicas e o obriga a trabalhar com o detento John Patrick Mason (Sean Connery), um espião inglês condenado e único sujeito que conseguiu escapar da prisão de Alcatraz.  A dupla terá a missão de chegar até Alcatraz e encontrar as armas químicas antes que o general decida detoná-las. 

Sensacional como filme de ação, este longa conseguiu reunir a presença marcante do veterano Sean Connery, em um dos seus últimos trabalhos, com Michael Bay e Nicolas Cage no melhor momento de suas carreiras. 

Michael Bay que começou dirigindo vídeo clips, havia estreado como diretor de cinema no ano anterior com o ótimo “Os Bad Boys” e mesmo já demonstrando gosto pelas cenas de ação em câmera lenta, a trilha sonora barulhenta e os cortes rápidos, ainda não era um megalomaníaco de exageros como “Pearl Harbor” e “Os Bad Boys II”. 

Já Nicolas Cage havia vencido o Oscar de Melhor Ator também no ano anterior por “Despedida em Las Vegas” e engataria uma sequência de sucessos como “Con Air”, “A Outra Face”, “Cidade dos Anjos”, Olhos de Serpente’ e “8 MM”. 

Além deste trio, o longa tem ainda coadjuvantes respeitáveis como David Morse, Michael Biehn, o soturno Tony Todd e o falecido John Spencer, sem contar o ótimo Ed Harris como o vilão. 

O resultado é uma diversão de primeira qualidade para os fãs do gênero ação.

domingo, 12 de maio de 2013

A Bela da Tarde

A Bela da Tarde (Belle de Jour, França, 1967) – Nota 7,5
Direção – Luis Buñuel
Elenco – Catherine Deneuve, Jean Sorel, Michel Piccoli, Genevieve Page, Pierre Clementi.

A jovem Severine (Catherine Deneuve) está casada com o médico Pierre (Jean Sorel), porém não consegue consumar seu casamento na cama. Mesmo na difícil situação, o marido é paciente e apaixonado. Em flashbacks, vemos que Severine sofreu abuso quando criança, sendo isso o motivo de sua frieza. 

O comportamento de Severine muda quando um amigo do casal, o galanteador Husson (Michel Piccoli), que está atraído por ela, cita como funciona um bordel que ele frequenta em Paris. Entediada e curiosa, Severine vai conhecer o local e começa a trabalhar para Madame Anais (Genevieve Page), utilizando o nome de “Bela da Tarde”. A situação se complica quando um de seus clientes, o ladrão Marcel (Pierre Clementi) fica obcecado por ela e ameaça contar a verdade para o inocente e traído marido. 

Este clássico dirigido pelo grande Luis Buñuel hoje perde um pouco do impacto da história em virtude da liberdade sexual dos dias atuais, bem diferente da época em que o filme foi feito, onde uma personagem como Severine, que procurava apenas a satisfação sexual era uma exceção. 

O filme vale como registro de época e pelas ótimas interpretações de Deneuve, bem jovem e extremamente linda e do grande Michel Piccoli. 

sábado, 11 de maio de 2013

A Fortaleza Infernal

A Fortaleza Infernal (The Keep, Inglaterra, 1983) – Nota 5,5
Direção – Michael Mann
Elenco – Scott Glenn, Alberta Watson, Jurgen Prochnow, Robert Prosky, Gabriel Byrne, Ian McKellen, William Morgan Sheppard.

Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, um grupamento nazista chega a um vilarejo na Romênia escondido entre as montanhas. O capitão Woermann (Jurgen Prochnow), que lidera o grupo, decide montar uma espécie de quartel general dentro de uma antiga construção considerada sagrada pelo povo do local. Várias cruzes de cobre estão coladas nas paredes da construção e o guardião do local diz que elas não podem ser retiradas de forma alguma. Durante a noite, dois soldados nazistas decidem arrancar uma das cruzes e liberam uma estranha força que os mata. Ao mesmo tempo na Grécia, um sujeito (Scott Glenn) parece receber a força liberada pelos nazistas e decide seguir viagem até o vilarejo romeno. 

Esta estranha produção inglesa foi o segundo longa para o cinema dirigido por Michael Mann (“O Informante”, “Fogo Contra Fogo”) e nem de longe lembra o estilo mostrado em seus filmes posteriores. 

Mesmo relevando os efeitos especiais hoje ultrapassados, fica complicado entender o sentido do roteiro maluco, que mistura misticismo, guerra e ficção pontuados também por uma estranhíssima música eletrônica do grupo alemão Tangerine Dream. 

O personagem de Scott Glenn é incompreensível, assim como a gratuita cena de sexo entre ele a jovem Alberta Watson, que faz a filha do professor judeu interpretado por Ian McKellen, a princípio apenas um coadjuvante, mas que no final do longa tem um papel mais importante do que os personagens considerados principais. 

O longa vale apenas como curiosidade para os fãs de Michael Mann.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Príncipe Guerreiro & Sheena - A Rainha das Selvas


O Príncipe Guerreiro ou O Senhor das Feras (The Beastmaster, EUA / Alemanha Ocidental, 1982) – Nota 6,5
Direção – Don Coscarelli
Elenco – Marc Singer, Tanya Roberts, Rip Torn, John Amos.

Numa época indefinida, o sacerdote Maax (Rip Torn) alega que seu Deus deseja como oferenda a morte do filho do rei que irá nascer, mas na verdade Maax tem medo de uma profecia das bruxas do reino. Nela consta que o filho do rei matará o sacerdote. Com ajuda das bruxas, Maax transforma o rei em prisioneiro e a rainha é assassinada, porém o bebê acaba salvo por um homem que decide criá-lo em sua aldeia. 

Anos depois, o garoto cresceu e ganhou o nome de Dar (Marc Singer), mas não sabe que é o filho do rei. Durante um ataque de urso, Dar descobre que pode se comunicar com os animais, mas isso não impede que sua aldeia seja destruída por um povo inimigo, os violentos Juns. Com ajuda de um cachorro, Dar se torna um único sobrevivente do massacre e decide procurar vingança. Pelo caminho ele cruzará com animais que se tornarão seus amigos e  o ajudarão na vingança e também na tentativa de salvar a bela escrava Kiri (Tanya Roberts). 

Lançado no mesmo ano que “Conan – O Bárbaro”, esta produção B tem uma trama semelhante, porém tem algumas pitadas de comédia, principalmente nas sequências em que o herói interpretado pelo canastrão Marc Singer (astro da série original “V – A Batalha Final”) interage com os animais. O sujeito tem ajuda de um cachorro, uma águia, um tigre negro e dois furões, por sinal muito bem treinados. O elenco tem ainda o bom ator Rip Torn, que aqui está exagerado como vilão e a fraquinha Tanya Roberts como interesse amoroso do protagonista. Tanya Roberts ficou conhecida pelo seriado “As Panteras”, onde trabalhou nas duas últimas temporadas. Seu último trabalho mais conhecido foi a participação no seriado “That’70s Show”. 

Apesar das falhas do roteiro e das interpretações exageradas, o filme diverte, tem cenas de ação legais e um clima de aventura estilo sessão da tarde. Como curiosidade, o filme foi lançado na época como “O Senhor das Feras”.

Sheena – A Rainha das Selvas (Sheena, EUA / Inglaterra, 1984) – Nota 6
Direção – John Guillermin
Elenco – Tanya Roberts, Ted Wass, Donovan Scott, Elizabeth of Toro, France Zobda, Trevor Thomas.

Durante um safari na África, os pais da pequena Sheena morrem em um acidente e a criança é encontrada por uma nativa. Esta mulher que tem o dom de falar com os animais, cria Sheena como sua filha numa tribo. Anos depois já adulta, Sheena (Tanya Roberts) recebe da mãe adotiva o dom de se comunicar com os animais. Quando um príncipe cruel decide utilizar sua força política para tomar o território onde vive a tribo de Sheena, ela terá de utilizar seu dom para lutar com o sujeito, tendo apoio apenas de um repórter americano (Ted Wass) que se envolve na disputa. 

Baseado numa história em quadrinho, este longa foi uma tentativa de transformar a bela Tanya Roberts em estrela de cinema, porém sua beleza e até agilidade para as cenas de ação não foram suficientes para suprir sua falta de talento. Ela ainda foi uma Bond Girl em "007 na Mira dos Assassinos" produzido no ano seguinte, último filme de Roger Moore como o agente inglês.

O filme é agitado, tem várias cenas de ação interessantes, algumas até com a participação de animais e pode divertir numa sessão sem compromisso, nada mais que isso. 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Era da Estupidez

A Era da Estupidez (The Age of Stupid, Inglaterra, 2009) – Nota 7
Direção – Franny Armstrong
Elenco – Pete Postlethwaite

Esta produção mistura ficção e documentário para novamente alertar o público sobre o perigo do aquecimento global. A diretora Franny Armstrong é uma ativista que comandou esta obra para ser utilizada como propaganda na luta contra a diminuição da emissão de gases na atmosfera. O documentário foi lançado pouco tempo antes do Congresso da ONU sobre Mudança de Clima que seria realizado em Copenhagen na Dinamarca em 2009. 

O filme coloca o ator Pete Postlethwaite (falecido em 2011) em 2055 quando a Terra foi devastada pela natureza, com seu personagem vivendo num prédio futurista que se tornou um arquivo mundial com imagens do que foi o planeta antes da tragédia. Ele utiliza um painel para ver imagens da atualidade que mostram depoimentos de vários personagens ligados ao meio ambiente, tanto para o bem, quanto para o mal. Neste ponto surge o documentário real, onde conheceremos os personagens. 

O primeiro é um velho guia turístico francês que vive aos pés do pico Mont Blanc e que vê o gelo do local diminuir ano após ano. Temos um cientista que perdeu tudo com a passagem do Furação Katrina por New Orleans e que por ironia do destino, fez toda sua carreira como funcionário da Shell, umas das petrolíferas que mais prejudicam o meio ambiente. Conhecemos ainda as ideias distorcidas de um empresário indiano dono de uma empresa aérea que ele considera popular. Em contrapartida, é triste ver a luta de um especialista em energia eólica que vê seu sonho de implantar energia limpa e renovável desmoronar na Inglaterra por culpa de parte da população de uma região que não quer perder a bela vista, que no pensamento deles seria estragada pelas hélices e os balões da estrutura do projeto. Além disso, o documentário foca ainda a vida de crianças iraquianas refugiadas na Jordânia e a destruição causada pela Shell com a conivência do governo nigeriano no interior do país. 

Para muitos, o documentário pode parecer alarmante e exagerado, mas analisando com os pés no chão, a apresentação está bem próxima da realidade, deixando claro que as tragédias pontuais que ocorrem hoje são culpa do homem e que estas situações podem ocorrer numa escala maior e bem mais perigosa se a forma como as empresas, os governos e as pessoas comuns não mudarem hoje o pensamento e as atitudes. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O Impossível

O Impossível (Lo Imposible, Espanha, 2012) – Nota 7,5
Direção – Juan Antonio Bayona
Elenco – Naomi Watts, Ewan McGregor, Tom Holland, Samuel Joslin, Oaklee Pendergast, Marta Etura, Sonke Mohring, Geraldine Chaplin, Ploy Jindachote.

Dezemdro de 2004, a família Bennett viaja de férias para se divertir nas praias da Tailândia. O pai Henry (Ewan McGregor) é um executivo, enquanto a mãe Maria (Naomi Watts) é uma médica que abandonou o trabalho para cuidar dos três filhos. O mais velho é o pré-adolescente Lucas (Tom Holland), seguido de Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast). A alegria das férias se transforma em pesadelo quando um tsunami devasta a região e separa a família. A mãe fica muita ferida e tem ajuda apenas de Lucas. Enquanto isso, o pai e os outros dois filhos desaparecem em meio a tragédia. 

O diretor espanhol Juan Antonio Bayona que ficou conhecido com o competente suspense “O Orfanato”, comanda aqui uma grande produção sobre uma das maiores tragédias dos últimos anos, o tsunami que matou centenas de pessoas na Tailândia. Sem dúvida, um dos pontos principais do filme é a assustadora recriação do tsunami, que já havia sido filmado de forma real numa sequência de “Além da Vida” de Clint Eastwood, mas aqui ganha contornos maiores, praticamente jogando o espectador dentro da água junto com mãe e filho, que lutam para sobreviver em meio a força da água e de tudo que ela arrasta pelo caminho. 

A segunda parte da trama foca na busca dos personagens em reencontrar a família e gera alguns bons momentos como a procura de Lucas pelos desaparecidos no hospital e a roda de conversa entre sobreviventes que finaliza com um comovente choro do personagem de Ewan McGregor. 

O roteiro é baseado na incrível história real de uma família espanhola que sobreviveu a tragédia e por ser tão inacreditável, algumas soluções incomodam um pouco. A forma como a família se reencontra é hollywoodiana demais e o final no avião praticamente vazio é de uma insensibilidade enorme com as outras pessoas que sobreviveram. Se realmente estas duas situações ocorreram desta forma, a primeira é de uma sorte gigantesca e a segunda uma total falta de preocupação com o semelhante. Estas falhas no final faz com que o filme perca pelo menos meio ponto no meu conceito.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O Som ao Redor

O Som ao Redor (Brasil, 2012) – Nota 8,5
Direção – Kleber Mendonça Filho
Elenco – Irandhir Santos, Gustavo Jahn, Irma Brown, W. J. Solha, Maeve Jinkings, Lula Terra, Sebastião Formiga, Dida Maia, Yuri Holanda.

Este produção rodada em Recife foi uma grata surpresa do cinema brasileiro no ano passado. O diretor Kleber Mendonça Filho estreou no comando de um longa que se passa num bairro de Recife ao lado da famosa Praia de Boa Viagem, local que se transformou em refúgio das classes média alta e alta. Esse microcosmo é o alvo do diretor, que também escreveu o roteiro e utilizou os sons do dia a dia para contar várias histórias através de pequenos detalhes. 

São vários personagens que transitam pelo local. Temos João (Gustavo Jahn) que vive num belo apartamento e trabalha administrando os imóveis do avó Francisco (W. J. Solha), um senhor que é dono de vários apartamentos na região. João tem um relacionamento com Sofia (Irma Brown), uma jovem que parece ter planos diferentes do que viver com ele. Na mesma rua ainda vivem Anco (Lula Terra), tio de João e pai de Dinho (Yuri Holanda), um jovem problemático que costuma fazer pequenos roubos, além da família de Bia (Maeve Jinkings), um dona de casa entediada que fuma maconha para relaxar e sofre com o latido constante do cachorro da casa vizinha. Para completar a fauna de personagens, aparece Clodoaldo (Irandhir Santos) com sua equipe oferecendo um serviço de segurança na rua, mas que precisa ainda pedir uma espécie de permissão ao velho Francisco. 

A crítica social do roteiro de Kleber Mendonça está nos pequenos detalhes, alguns deles quase escondidos em frases, diálogos e atitudes. São vários exemplos, como a mulher com pose de rica e sua filha adolescente que visitam um apartamento para alugar e a garota deixa escapar uma frase que mostra que a família passa por dificuldades financeiras, fato que a mãe quer esconder. Temos a sinistra reunião de condomínio, onde vemos vir à tona vários tipos de preconceitos da chamada classe média alta, que tentam disfarçar as ideias reacionárias utilizando a segurança do local como desculpa e ainda a ridícula aula de mandarim para os filhos adolescentes de Bia. 

Outra situação comum neste meio é a falsa relação de amizade entre moradores e empregados, mostrada em cenas como aquela em que um sujeito risca o carro da um mulher por um motivo fútil ou da filha da empregada que segue o caminho da mãe passando roupas para João, mas que tem uma clara reação de descontentamento sem falar palavra alguma. 

Sobra espaço ainda para a crítica no que se transformou o bairro, hoje tomado por edifícios enormes, sendo que no passado eram ruas de terra com casas simples, fato que surge na memória do personagem Anco durante um cena rápida. Por sinal, Anco é o único personagem que ainda mora em uma casa com portão baixo, como se tentasse manter sua raiz num mundo que não existe mais. 

A variedade de sons que pontuam o filme são muito bem explorados na montagem, seja o latido intermitente do cão, os barulhos das ondas do mar, da música alta na rua, os eletrodomésticos e até a cena final, onde o som tem um papel importantíssimo. 

O diretor Kleber Mendonça demonstra um incrível potencial para uma bela carreira e comigo ainda ganhou pontos ao questionar o sistema de produção e distribuição da Globo Filmes, que no seu pensamento e também no meu, tenta criar um monopólio da mediocridade que visa apenas o lucro. Ele fez um desafio para a produtora bancar pelo menos três filmes por ano que fujam do lugar comum e recebeu como resposta uma crítica capitalista que mostra bem como pensa a Globo Filmes. A discussão completa pode ser lida no link abaixo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Following

Following (Following, Inglaterra, 1998) – Nota 8
Direção – Christopher Nolan
Elenco – Jeremy Theobald, Alex Haw, Lucy Russell, John Nolan.

Em Londres, um jovem desempregado aspirante a escritor (Jeremy Theobald) vaga pelas ruas seguindo pessoas como uma espécie de pesquisa para criação de personagens. Quando ele passa a seguir um sujeito que parece um executivo (Alex Haw), este o confronta em um café e confessa ser um ladrão especialista em invadir residências. 

O enigmático sujeito convida o escritor a participar de seus roubos, sempre visando coisas simples como CDs e pequenos objetos. O escritor aceita o convite e passa a trabalhar em dupla com o homem, até o momento em que ele se interessa por uma jovem (Lucy Russell) que fora uma das vítimas de seus roubos, fato que dá início a uma intrincada trama onde nada é o que parece ser. 

Esta pequena pérola de apenas setenta minutos filmada em preto e branco foi a estreia na direção de Christopher Nolan, que já demonstrava aqui todo seu talento. A narrativa não linear é uma prévia do ótimo e ainda mais complexo “Amnésia” que Nolan filmaria dois anos depois, sendo um dos pontos principais desta história que parece simples a princípio, mas que no desenrolar da trama se torna um verdadeiro emaranhado de mentiras que prende a atenção do espectador até a reviravolta final. 

Uma grande estreia de um grande diretor.    

domingo, 5 de maio de 2013

Bombas - Filmes Ruins Baseados em Obras de Stephen King - Parte Final

Publico agora a parte final da lista de adaptações ruins baseadas em Stephen King.

O amigo Clênio do blog "Um Filme Por Dia" citou que "O Apanhador de Sonhos" merece estar na lista, porém como é este filme foi uma grande produção, com elenco de astros e dirigida por Lawrence Kasdan que tem uma boa carreira, deixarei para comentá-lo em uma postagem posterior.

Meu foco aqui está principalmente em produções B baseadas em King.

Comboio do Terror (Maximum Overdrive, EUA, 1986) – Nota 4
Direção – Stephen King
Elenco – Emilio Estevez, Laura Harrington, Pat Hingle, Yeardley Smith.

Após um cometa passar pela Terra, as máquinas enlouquecem e começam a funcionar sozinhas atacando os seres humanos. Um grupo de pessoas consegue se esconder num mercadinho em um posto de gasolina no meio da estrada, porém além de se defender das máquinas, precisam também conseguir se unir para tentar sobreviver.

Este filme absurdo é provavelmente a pior adaptação de uma história de Stephen King para o cinema, tendo sido ainda a única aventura do escritor na direção e pelo resultado acredito que o próprio King tenha aceitado que o filme é ruim. O roteiro usa como gancho a passagem real do Cometa Haley pelo planeta no mesmo ano da produção, mas isso não ajuda em nada a realização. É curioso ver todo tipo de objeto atacando as pessoas, inclusive alguns caminhões que ficam rodeando o local onde elas estão escondidas. Numa década em que os filmes de terror estavam no auge, este longa ficou marcado apenas pela presença de King na direção.

A Criatura do Cemitério (Graveyard Shift, EUA, 1990) – Nota 4
Direção – Ralph S. Singleton
Elenco – David Andrews, Kelly Wolf, Brad Dourif, Stephen Macht, Andrew Divoff, Vic Polizos.

John (Davei Andrews) é contratado para trabalhar numa decadente tecelagem e logo é obrigado pelo supervisor (Stephen Macht) a fazer hora extra no turno da noite junto com outros funcionários para limpar os porões da fábrica. Assim que os funcionários vão desbravando o abandonado subsolo do local, eles passam a ser atacados por estranhas criaturas. 

Este longa é com certeza uma das mais fracas adaptações de Stephen King, começando pela tradução do título, que no original seria o “Turno da Noite”, porém a distribuidora tentando lucrar na cola de “O Cemitério Maldito”, inseriu um cemitério no título que sequer existe na trama. O início do longa tem até um clima estranho quando os personagens começam a andar pelo subsolo da fábrica, mas logo o roteiro confuso e os personagens pessimamente desenvolvidos colocam tudo a perder. Talvez o único destaque do elenco seja a participação do sinistro Brad Dourif, figura carimbado do cinema de terror, interpretando um exterminador de ratos.

Às Vezes Eles Voltam (Sometimes They Come Back, EUA, 1991) – Nota 6
Direção – Tom McLoughlin
Elenco – Tim Matheson, Brooke Adams, Robert Rusler, Nicholas Sadler, Bentley Mitchum, William Sanderson, Robert Hy Gorman, Chris Demetral.

O professor Jim Norman (Tim Matheson) volta para sua cidade natal com a esposa Sally (Brooke Adams) e um filho pequeno Scott (Robert Hy Gorman) após enfrentar problemas emocionais na escola onde trabalhava em Chicago. Jim acredita que voltando ao local onde passou a infância, ele possa superar o trauma do assassinato do irmão ocorrido quando os dois eram crianças. Trabalhando numa nova escola, a princípio Jim precisa encarar a dificuldade normal de lidar com uma classe de adolescentes, porém sua vida fica ainda mais difícil quando ele começa a ter pesadelos sobre o passado e os assassinos de seu irmão que estavam mortos voltam do além para acertar as contas. 

Esta produção para tv ao mesmo tempo em que cria um interessante clima de suspense e desespero na vida do professor, falha no roteiro que apresenta inúmeros furos e situações mal explicadas. A premissa tinha potencial para um filme melhor, inclusive envolvendo temas como vida após a morte e a defesa da família.

Tommyknockers – Tranquem as Portas (The Tommyknockers, EUA, 1993) – Nota 4
Direção – John Power
Elenco – Jimmy Smits, Marg Helgenberger, John Ashton, Traci Lords, E. G. Marshall, Robert Carradine, Annie Corley, Joanna Cassidy, Cliff De Young, Allyce Beasley

Na pequena cidade de Haven, Roberta (Marg Helgenberger) encontra algo não identificado enterrado em seu quintal e com a ajuda de outras pessoas começa a cavar. Logo, os moradores da cidade passam a agir de forma estranha, sem saber que estão sendo possuídos por uma espécie de entidade. O escritor alcoólatra Jim Gardner (Jimmy Smits) é um dos poucos que não é afetado pelo problema, podendo ser a chave para entender o que está ocorrendo. 

Este suspense produzido para a tv é outra fraquíssima adaptação de Stephen King. Apesar de algumas cenas de suspense bem filmadas e o elenco de rostos conhecidos, o roteiro é pobre, além de estar preso as limitações das produções para tv. 

Sonâmbulos (Sleepwalkers, EUA, 1992) – Nota 5
Direção – Mick Garris
Elenco – Brian Krause, Madchen Amick, Alice Krige, Cindy Pickett, Lyman Ward, Ron Perlman.

Mary (Alice Krige) e seu jovem filho Charles (Brian Krause) são os últimos de uma raça que conseguem se transformar fisicamente quando precisam atacar alguém para conseguir alimentos. Os alimentos são o sangue de garotas virgens. Eles vivem se escondendo e sempre procurando uma próxima vítima. Quando mudam para uma nova cidade, Charles se envolve com a bela Tanya (Madchen Amick) e fica dividido entre utilizar a jovem como alimento ou seguir com o romance, fato que o fará entrar em conflito com sua mãe. 

O longa tem uma história clássica de amor impossível misturada com uma trama de horror, o que é basicamente interessante, porém a realização não é das melhores. O diretor Mick Garris é especialista em trabalhos para tv, tendo inclusive comandando a boa minissérie “A Dança da Morte”, também baseada em King, mas aqui nesta incursão ao cinema a parceria não funcionou. Para piorar, o elenco é muito ruim. Brian Krause e Alice Krige são canastrões e a bela Madchen Amick que apareceu na série “Twin Peaks” também é muito fraca. 

O filme vale apenas por duas curiosidades. A primeira é que Cindy Pickett e Lyman Ward que interpretam os pais da personagem de Madchen Amick, anos antes foram também os país de Ferris Bueller no clássico “Curtindo a Vida Adoidado”.  E a segunda é a participação de diretores como Joe Dante, John Landis e Clive Barker que aparecem em pontas no filme.

sábado, 4 de maio de 2013

Bombas - Filmes Ruins Baseados em Obras de Stephen King - Parte I

Stephen King é um dos escritores que mais teve obras adaptadas para o cinema, muitas delas com roteiros escritos pelo próprio autor.

Esta grande quantidade de adaptações gerou ótimos filmes como por exemplo "A Espera de um Milagre", "Carrie - A Estranha" e "Conta Comigo", mas também vários longas ruins, principalmente produções nos anos oitenta e início dos noventa.

Listei dez destes filmes que analisados como cinema são fracos. Alguns deles prendem a atenção, mas são claramente produções repletas de falhas.

Nesta primeira postagem eu publico a resenha dos cinco primeiros filmes da lista.

Cujo (Cujo, EUA, 1983) – Nota 5,5
Direção – Lewis Teague
Elenco – Dee Wallace, Daniel Hugh Kelly, Danny Pintauro, Christopher Stone, Ed Lauter.

O casal Trenton passa por uma crise. Vic (Daniel Hugh Kelly) descobriu que sua esposa Donna (Dee Wallace) o traiu com um conhecido chamado Steve (Christopher Stone). Ao mesmo tempo, Vic precisa viajar para resolver problemas profissionais, deixando a esposa com o pequeno filho Ted (Danny Pintauro). Sozinha com o filho, Donna tem um problema no carro e decide levá-lo ao mecânico Joe (Ed Lauter) que tem uma oficina num local afastado, porém ao chegar lá, mãe e filho ficam presos no automóvel cercados pelo cachorro Cujo, um outrora dócil São Bernardo que foi infectado pela raiva ao ser mordido por um morcego e assim atacou e matou seu dono e a esposa. 

A estranha história escrita por Stephen King mistura drama familiar com a violência de um cão raivoso, sendo transposta para o cinema de um modo quase cru, com sequências assustadoras do cão atacando suas vítimas. Como curiosidade, a atriz Dee Wallace interpretou a mãe das crianças em “ET – O Extraterrestre”.

Chamas da Vingança (Firestarter, EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Mark L. Lester
Elenco – David Keith, Drew Barrymore, George C. Scott, Martin Sheen, Heather Locklear, Freddie Jones, Art Carney, Louise Fletcher, Moses Gunn, Antonio Fargas.

Andy McGee (David Keith) e sua filha, a pequena Charlene “Charlie” McGee (Drew Barrymore com oito anos de idade), estão fugindo de uma organização secreta chamada “A Oficina” que deseja capturar Charlie. A garotinha nasceu com o poder de atear fogo em tudo o que desejar, porém pela idade ainda não consegue controlar seu dom. O poder é resultado de uma experiência que seu pai e sua mãe (Heather Locklear) foram cobaias na universidade sem saber das consequências. Os agentes da Oficina mataram a mãe e agora liderados por Rainbird (George C. Scott interpretando um descendente de índios) desejam utilizar o poder da garotinha a qualquer custo. 

O longa tem uma narrativa ágil e várias cenas de ação, principalmente com fogo, mas se perde  num roteiro confuso e no fraco protagonista interpretado pelo canastrão Keith David. O diretor Mark L. Lester é especialista em filmes de ação onde roteiro e atuação não são suas principais preocupações. Seus dois trabalhos mais conhecidos são o clássico trash “Comando Para Matar” com Schwarzenegger e o movimentado “Massacre no Bairro Japonês” com Brandon Lee e Dolph Lundgreen.

A Colheita Maldita (Children of the Corn, EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Fritz Kiersch
Elenco – Peter Horton, Linda Hamilton, R. G. Armstrong, John Franklin, Courtney Gains.

O casal Burt (Peter Horton) e Vicky (Linda Hamilton) estão viajando pelo interior dos Estados Unidos quando presenciam um assassinato. Eles decidem denunciar o fato numa cidade próxima, porém chegando ao local encontram uma espécie de cidade fantasma. Logo descobrem que um estranho garoto (John Franklin) comanda as crianças da cidade e conseguiu fazer com que elas matassem todos os adultos, sendo que eles podem ser as próximas vítimas. 

Mesmo com falhas no roteiro e na direção do fraco Fritz Kiersch, o filme assusta ao mostrar um grupo de crianças assassinas lideradas por outra maquiavélica criança. Os estranhos garotos John Franklin como o líder e Courtney Gains como uma espécie de braço direito são assustadores.
A Hora do Lobisomem (Silver Bullet, EUA, 1985) – Nota 6,5
Direção – Daniel Attias
Elenco – Gary Busey, Corey Haim, Megan Follows, Everett McGill, Robin Groves, Leon Russom, Terry O’Quinn, Bill Smitrovich.

Em 1976, numa pequena cidade do Maine, ocorrem vários assassinatos extremamente violentos. O xerife (Terry O’Quinn de “Lost”) acredita que os crimes são obra de um serial killer, porém um garoto que vive em uma cadeira de rodas (o falecido Corey Haim) decide investigar por conta própria após a morte de um outro garoto e passa a ter certeza que o autor dos crimes é um lobisomem. O garoto tem apoio apenas da irmã (Megan Follows) e mesmo com a desconfiança do tio (Gary Busey), ele acredita que poderá ajudar na captura do monstro. 

Mesmo com os efeitos um pouco envelhecidos, este interessante longa consegue prender a atenção dos fãs de terror B. O filme passou diversas vezes nas antigas sessões do SBT, quase sempre utilizando o título “Bala de Prata”. Nos cinemas o filme foi lançado como “A Hora do Lobisomem” por causa do sucesso de “A Hora do Pesadelo” no ano anterior, o que fez com que as distribuidoras utilizassem o termo “A Hora” para diversos filmes de terror, como “A Hora do Espanto”, “A Hora dos Mortos-Vivos” e  “A Hora da Zona  Morta”.    

Olhos de Gato (Cat’s Eye, EUA, 1985) – Nota 6
Direção – Lewis Teague
Elenco – James Woods, Drew Barrymore, Alan King, Kenneth McMillan, Robert Hays, Candy Clark, James Rebhorn.

O diretor Lewis Teague gostou de comandar “Cujo” e aqui levou as telas outro longa baseado em Stephen King. São três histórias curtas interligadas por um gato, que na realidade tem participação efetiva apenas no episódio final. A primeira história tem como protagonista um fumante inveterado (James Woods) que contrata os serviços de uma empresa especializado em ajudar  fumantes a largar o vício. O problema maior que o sujeito enfrentará serão os assustadores métodos usados pela empresa. A segunda história tem como protagonista um professor de tênis (Robert Hays de “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”) que por ter um caso com a esposa de um mafioso (Kenneth McMillan), se vê obrigado a enfrentar um desafio no alto de um prédio para sobreviver. O episódio final é sobre uma garotinha (Drew Barrymore) que recebe ajuda do gato para se defender de um pequeno e estranho monstro que deseja seu fôlego. 

São histórias simples, rápidas e que cumprem o objetivo de divertir como suspense, porém não chegam a assustar. Mesmo a direção de Lewis Teague não ajudando muito, vale como uma sessão sem compromisso.