Corações Sujos (Brasil, 2011) – Nota 7
Direção – Vicente Amorim
Elenco – Tsuyoshi Ihara, Takako Tokiwa, Eiji Okuda, Shun
Sugata, Kimiko Yo, Eduardo Moscovis, Celine Fukumoto, André Frastechi, Ken
Kaneko.
Após o final da Segunda Guerra Mundial, muitos imigrantes
japoneses que viviam em colônias no Brasil não acreditavam que o Japão havia
perdido a guerra e se rendido aos americanos. Como estes imigrantes estavam
proibidos de receber jornais ou notícias de seu país, eles acreditavam que as
notícias dadas pelo rádio brasileiro eram mentiras e que jamais o imperador
japonês se entregaria, já que o povo o considerava imortal.
Vendo os
brasileiros como inimigos, os imigrantes japoneses criaram uma espécie de seita
chamada Shindo Renmei, onde se organizaram e passaram a assassinar os próprios
japoneses que não acreditassem na sua teoria. Muitos foram mortos entre 1946 e
1947, até que a polícia paulista conseguiu identificar os líderes. Alguns foram
presos e condenados, enquanto outros foram deportados para o Japão. Esta
história ficou esquecida por quase cinqüenta anos, até que o escritor Fernando
Morais escreveu o livro “Corações Sujos”, que fez grande sucesso e deu origem a
este filme.
O longa de Vicente Amorim (“O Caminho das Nuvens” e “Um Homem Bom”)
não cita a Shindo Renmei, mas cria uma trama que mistura realidade e ficção
para contar o ocorrido. A trama começa com um grupo de japoneses fazendo uma
pequena festa onde um militar aposentado (Eiji Okuda), trajado com sua farda, observa
a bandeira de seu país ser colocada em um mastro. O fato é visto por um soldado
brasileiro (André Frateschi) que junto com dois companheiros interrompe a
reunião, destrói objetos e pega bandeira.
Revoltado com a humilhação, o militar
junta um grupo para se vingar, porém o delegado do local (Eduardo Moscovis)
acalma a situação e utiliza outro imigrante como tradutor para saber o que o
grupo deseja. A atuação do jovem tradutor faz com ele seja considerado um
traidor e chamado de “Coração Sujo”. O militar aposentado indica para seu grupo
quais traidores devem ser assassinados, sendo que um dos seus comandados é o
fotógrafo Takahashi (Tsuyoshi Ihara de “Cartas de Iwo Jima”), um sujeito pacato
e apaixonado pela esposa que se vê obrigado a vingar a honra de seu país, mesmo
que isso acabe com sua vida.
O filme tem um boa trilha sonora estilo oriental, um
elenco que segura bem os papéis e uma trama extremamente triste, porém a frieza
da narrativa e a escolha de não citar a Shindo Renmei, faz o longa perder
alguns pontos. Mesmo sendo interessante, fica a impressão de que poderia ter
resultado num filme bem melhor.
4 comentários:
Particularmente gostei do filme. Mas, concordo que realmente parece que não ficou completo.....
abs
Não consegui ver esse filme ainda, nunca estreou em Salvador e depois não procurei mais. Tenho curiosidade.
bjs
Assisti esse filme no cinema e gostei muito. Ele tem um apelo sentimental que combina bastante com a história.
Renato - A história poderia render algo mais completo.
Amanda - É o tipo de filme que o público atual não tem tanto interesse, infelizmente.
Celo - O sofrimento do protagonista Takahashi é quase um retrato do sofrimento de todo povo japonês na época.
Abraço
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