sábado, 30 de novembro de 2013

Filmes Baseados em Obras de Julio Verne

O escritor Julio Verne foi um visionário que descreveu em suas obras no século XIX máquinas e situações que se tornariam reais muitos anos depois. O submarino e o dirigível são dois exemplos.

Muitos dos seus livros foram adaptados para o cinema, como as duas versões de "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (leia resenha aqui).

Nesta nova postagem eu comento três longas baseados em obras do autor.

20.000 Léguas Submarinas (20000 Leagues Under the Sea, EUA, 1954) – Nota 7,5
Direção – Richard Fleischer
Elenco – Kirk Douglas, James Mason, Paul Lukas, Peter Lorre, Robert J. Wilkie, Ted de Corsia.

Na segunda metade do século XIX, vários navios são atacados por algo considerado como um monstro marinho. Para investigar o que está ocorrendo, o governo envia uma embarcação liderada pelo Capitão Farragut (Ted de Corsia), que carrega ainda um experiente marinheiro (Kirk Douglas), além de um professor e seu assistente (Paul Lukas e Peter Lorre). Não demora para enfrentarem perigos e encontrarem o Nautilus, para eles uma estranha embarcação que navega submersa criada pelo Capitão Nemo (James Mason). 

Ao lado do original “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, esta é a melhor adaptação de Julio Verne para o cinema. Os ótimos efeitos especiais para época criam até mesmo uma sensacional cena de ataque de um polvo gigante, sem contar as boas cenas de ação com Kirk Douglas e o ótimo elenco com astros como James Mason e Peter Lorre, o eterno “Vampiro de Dusseldorf”. 

O diretor Richard Fleischer teve uma longa carreira em Hollywood, com bons filmes “O Homem que Odiava as Mulheres”, “Viagem Fantástica” e "Conan, o Destruidor".

Robur, o Conquistador do Mundo (Master of the World, EUA, 1961) – Nota 7
Direção – William Witney
Elenco – Vincent Price, Charles Bronson, Henry Hull, Mary Webster, David Frankham.

Uma pequena cidade americana no século XIX é atingida por um tremor de terra e logo em seguida uma estranha voz faz ameaças sobre o fim do mundo. A voz parece ter saído de um extinto vulcão. Para descobrir o que ocorreu, o governo envia um agente (Charles Bronson), que utiliza um balão para chegar no topo da montanha, acompanhado de um fabricante de armas, sua filha e o namorado desta. No local eles encontram o Capitão Robur (Vincent Price), um cientista que construiu uma máquina voadora (o “Albatross”) e com ela deseja destruir os estoques de armas do mundo para acabar com as guerras. 

Baseada no obra pacifista de Julio Verne, esta boa aventura se aproveitou da época em que o medo de uma Terceira Guerra Mundial era real para fazer uma espécie de propaganda contra a guerra. O roteiro é bem escrito e as cenas de ação bem feitas, várias delas com lutas entre o personagem de Charles Bronson e os seguidores de Robur. Além disso, para os fãs de cinema antigo é imperdível ver ícones como Vincent Price e Charles Bronson no mesmo longa. 

A Ilha Misteriosa (Mysterious Island, EUA / Inglaterra, 1961) – Nota 6,5
Direção – Cy Endfield
Elenco – Michael Craig, Joan Greenwood, Michael Callan, Gary Merrill, Herbert Lom, Beth Rogan, Percy Herbert, Dan Johnson.

Durante a Guerra da Secessão, o capitão Harding (Michael Craig) arma um plano para fugir da prisão junto com dois soldados (Michael Callan e Dan Johnson) e um jornalista (Gary Merrill). Eles conseguem render os guardas e chegar até um balão. No meio da confusão, um soldado confederado (Percy Herbert) entra em luta com os fugitivos e acaba caindo dentro no balão. O balão é levado por um vento forte até cair próximo a uma ilha. Os fugitivos sobrevivem a queda, mas a partir daí precisam enfrentar os perigos da ilha, onde encontram estranhos animais gigantes. 

Baseado num livro de Julio Verne, esta adaptação é uma produção B que tem como destaque principal os efeitos especiais do mestre Ray Harryhausen, que mesmo hoje parecendo primitivos, ainda divertem pela criatividade. Outro destaque é a trilha sonora marcante do maestro Bernard Hermann, parceiro de Alfred Hithcock em vários clássicos. 

Como informação, o ator Herbert Lom que ficaria conhecido pelo papel do Capitão Dreyfuss na série de filmes “A Pantera Cor-de-Rosa”, aqui interpreta o Capitão Nemo, personagem que surge na parte final.  

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Conexão Perigosa

Conexão Perigosa (Paranoia, EUA / França, 2013) – Nota 5,5
Direção – Robert Luketic
Elenco – Liam Hemsworth, Harrison Ford, Gary Oldman, Amber Heard, Lucas Till, Embeth Davidtz, Julian McMahon, Josh Holloway, Richard Dreyfuss, Angela Sarafyan.

Após alguns anos trabalhando em uma corporação do ramo das telecomunicações, o ambicioso Adam Cassidy (Liam Hemsworth) tem a chance de apresentar um projeto ao dono da empresa, Nicolas Wyatt (Gary Oldman). Desprezado pelo sujeito, Adam e quatro colegas perdem o emprego. Para piorar, uma determinada atitude de Adam o deixa nas mãos de Wyatt. 

O empresário oferece um grande valor para Adam se infiltrar na empresa de Jock Goddard (Harrison Ford), concorrente e inimigo de Wyatt que prepara o lançamento de um smartphone que irá revolucionar o mercado. Cheio de dívidas, sem emprego e ainda precisando cuidar do pai doente (Richard Dreyfuss), Adam aceita a proposta mesmo sabendo que as consequências podem não ser da melhores. 

Um emaranhado de clichês é a definição para este longa que tenta se mostrar moderno ao utilizar tecnologia de ponta em meio a trama, mas que no fundo apenas recicla a história do jovem ambicioso manipulado por veteranos poderosos. 

O que um diretor talentoso como Oliver Stone conseguiu dar de credibilidade aos seus dois “Wall Street”, aqui a direção acadêmica de Luketic faz o filme todo soar falso, inclusive as interpretações de Harrison Ford e Gary Oldman. O jovem Liam Hemsworth (irmão de Chris, o protagonista de “Thor”) é fraco, assim como a bela Amber Heard, personagem com quem ele se envolve após uma coincidência absurda. 

Infelizmente o filme decepciona. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Raul - O Início, o Fim e o Meio

Raul – O Início, o Fim e o Meio (Brasil, 2012) – Nota 8
Direção – Walter Carvalho
Documentário

A criativa e atribulada vida do cantor Raul Seixas é contada de ponta a ponta neste ótimo documentário. 

Seguindo a vida do cantor de forma linear, o diretor Walter Carvalho (do interessante “Cazuza – O Tempo Não Para” e do fraco e pretensioso “Budapeste”) acerta no tom das entrevistas com as várias pessoas que tiveram participação importante na vida de Raul, inclusive sua cinco companheiras, mesmo que sua primeira esposa Edith tenha apresentado apenas uma carta lida pela filha. 

Para muitos é novidade saber que Raul Seixas que faleceu cedo por conseqüências do alcoolismo e do vício em drogas, tenha iniciado sua jornada nas drogas apenas com vinte e sete anos quando conheceu Paulo Coelho. O depoimento de Paulo Coelho é o mais longo do doc, onde ele confirma que apresentou todos os tipos de drogas para Raul, mas não se sente culpado por isso. 

Se a vida pessoal é contada com detalhes, também são importantes os depoimentos dos parceiros musicais, desde os integrantes de “Raulzito e os Panteras”, seu primeiro grupo na Bahia, até os últimos shows quando foi resgatado por Marcelo Nova e teve seus momentos derradeiros de fama. 

Walter Carvalho acerta também ao inserir uma enorme quantidade de músicas durante o doc, quase sempre com pessoas comentando como determinada música foi composta. 

O resultado é uma merecida homenagem a uma figura extremamente talentosa, que deixou uma discografia fantástica repleta de clássicos com letras que estavam a frente do seu tempo. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Morte e a Vida de Bobby Z & Linha do Tempo


A Morte e a Vida de Bobby Z (The Death and Life of Bobby Z, EUA, 2007) – Nota 6
Direção – John Herzfeld
Elenco – Paul Walker, Laurence Fishburne, Olivia Wilde, Jason Flemyng, Keith Carradine, Joaquim de Almeida, J. R. Villareal, Jason Lewis, Jacob Vargas, Michael Bowen, M. C. Gainey, Josh Stewart, Margo Martindale, Raymond J. Barry, Julio Oscar Mechoso.

O prisioneiro Tim Kearney (Paul Walker) está jurado de morte na cadeia e recebe uma proposta de um agente do FBI (Laurence Fishburne). Tim teria de tomar o lugar do famoso traficante Bobby Z, sujeito extremamente parecido com ele e ser trocado por outro agente do FBI que foi sequestrado pelo traficante mexicano Don Huertero (Joaquim de Almeida). Sem ter nada a perder, Tim aceita a proposta, mas logo na troca com o sequestrado descobre que foi traído e que precisará manter o disfarce para sobreviver. 

A história tem um ponto de partida interessante, porém o roteiro deixa muito a desejar, mesmo tentando surpreender o espectador na parte final.

Paul Walker não é um grande ator, mas mesmo assim consegue segurar bem o papel, já o resto dos personagens são clichês, como a garota bonita e perigosa, o agente corrupto e o traficante frio e violento.

Infelizmente, nem mesmo as cenas de ação não empolgam. 

Linha do Tempo (Timeline, EUA, 2003) – Nota 5,5
Direção – Richard Donner
Elenco – Paul Walker, Frances O'Connor, Gerard Butler, Billy Connolly, David Thewlis, Anna Friel, Neal McDonough, Matt Craven, Ethan Embry, Michael Sheen, Lambert Wilson, Marton Csokas, Rossif Sutherland.

O professor Johnston (Billy Connolly) lidera uma escavação arqueológica na França patrocinada por uma corporação. Enquanto o professor vai para a sede da empresa em busca de mais dinheiro para o projeto, seu parceiro Andre Marek (Gerard Butler) continua o trabalho e descobre uma câmara que guarda diversos objetos da Idade Média, com exceção de uma lente que não existia na época. 

Logo, Marek e o filho do professor, Chris (Paul Walker), percebem que a lente é a utilizada pelo professor. O estranho fato faz a dupla formar um grupo para visitar a sede da empresa, onde descobrem que o professor foi enviado ao passado através de uma máquina criada pela corporação. O grupo vê como única saída para salvar o professor, seguir o mesmo caminho utilizando a máquina, o que os leva para o meio da Guerra dos Cem Anos. 

Na época com 73 anos, o diretor Richard Donner entregou neste seu penúltimo filme (o último foi “16 Quadras” com Bruce Willis), com certeza seu trabalho mais fraco ao lado da comédia “O Brinquedo” com Richard Pryor. 

A premissa da viagem no tempo normalmente resulta em filmes com falhas nas idas e vindas. Além deste tipo de falha, o filme tem um roteiro confuso que insere duas histórias de amor sem muita convicção e cenas de ação que não empolgam.

Nem mesmo o bom elenco consegue salvar esta produção equivocada.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Uma Noite de Crime

Uma Noite de Crime (The Purge, EUA, 2013) – Nota 7
Direção – James DeMonaco
Elenco – Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge, Rhys Wakefield, Arija Bareikis, Chris Mulkey, Tisha French.

Em 2020, os Estados Unidos vivem um período de calma com a drástica queda da violência e do desemprego. Um dos motivos alegados para esta Nova Era é o chamado “Dia do Expurgo”. Em uma noite do ano, durante doze horas (das sete da noite as sete da manhã) os crimes estão liberados, com a polícia e os hospitais não podendo atender chamado algum neste período. Criado pelos novos administradores do país, esta noite é o momento que todo cidadão tem para liberar seu ódio e acertar contas com seus inimigos, sem que precise respeitar a lei. 

Neste contexto, James Sandin (Ethan Hawke) é um vendedor de sistemas de segurança que prosperou se aproveitando do “Dia do Expurgo”, ficou rico e construiu uma bela mansão em um condomínio onde mora com a esposa (Lena Headey) e o casal de filhos adolescentes (Max Burkholder e Adelaide Kane). Na noite em questão, James se fecha com sua família na mansão, que se transforma numa fortaleza para proteção contra os atos de violência, porém uma atitude de seu filho faz com que a casa seja cercada por um grupo de jovens assassinos. 

O roteiro do próprio diretor James DeMonaco tem uma ótima premissa, além de várias críticas ao mundo atual, porém peca ao transformar a meia-hora final num suspense violento ao estilo dos filmes de terror adolescentes. 

O ponto principal é a crítica social, colocando como personagem principal um pai de família emergente que esconde seus preconceitos atrás do dinheiro e que vê sua vida virar de ponta cabeça quando pessoas indesejadas invadem seu mundinho particular. 

É interessante analisar também que os governantes aqui são uma mistura de corporação com religião, que utilizam uma frase que cita que o “renascimento” do país, palavra muito usada em várias religiões. 

Uma boa sacada são as inserções de discussões na tv e no rádio, onde especialistas citam que a violência faz parte do homem, enquanto outros comentam que o “Dia do Expurgo” é na verdade uma nova forma de eliminar pobres, doentes e delinquentes, ou seja, todos aqueles que em tese não contribuem para o crescimento do país, quase uma cópia da “solução final” dos nazistas. 

É uma pena que um tema tão rico tenha se transformando num filme comum, exagerando até mesmo nas vezes em que um personagem é salvo antes de morrer. Este tipo de sequência ocorre pelo menos quatro vezes no filme. 

Como informação, o diretor James DeMonaco estreou no cinema com outro filme policial também protagonizado por Ethan Hawke, o mais irregular ainda “Cidade do Crime” (Staten Island). 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Kick-Ass 2

Kick-Ass 2 (Kick-Ass 2, EUA / Inglaterra, 2013) – Nota 7,5
Direção – Jeff Wadlow
Elenco – Aaron Taylor Johnson, Chloe Grace Moritz, Christopher Mintz Plasse, Jim Carrey, Donald Faison, Morris Chestnut, Lindy Booth, John Leguizamo, Garrett M. Brown, Clark Duke, Augustus Pree, Lyndsy Fonseca, Steven Mackintosh, Monica Dolan,Yancy Butler.

Após ficar famoso como o mascarado justiceiro Kick-Ass, o jovem Dave (Aaron Taylor Johnson) deseja fazer parceria com a adolescente Mindy (Chloe Grace Moritz), a Hit-Girl que teve seu maluco pai assassinado no final anterior. A garota que agora é criada pelo policial Marcus (Morris Chestnut), aceita treinar Dave, mas por pressão do pai adotivo decide abandonar a vida de heroína mirim. A dificuldade de Mindy é tentar se adaptar a escola para ter uma vida normal. 

Enquanto isso, Dave procura parceiros na internet e encontra um grupo liderado por um sujeito conhecido como General (Jim Carrey). Ele se junta ao grupo para combater o crime e se envolve com a voluptuosa Night Bitch (Lindy Boot). Ao mesmo tempo, o maluco Chris D’Amico (Christopher Mintz Plasse), o Red Mist, convida vários bandidos para criar outro grupo e assim tentar vingar a morte do pai que foi assassinado por Kick-Ass. 

O longa original foi uma agradável surpresa que misturava ação, violência e humor negro, tirando sarro dos filmes de heróis ao colocar o personagem principal apanhando pra valer em várias sequências. 

Mesmo não tendo na direção o ótimo Matthew Vaughn e sendo um pouco inferior, esta continuação também é divertida, tem uma trama simples que não fere a inteligência do espectador e principalmente aumenta o nível de violência. 

A premissa do original era mostrar que um herói sem poderes poderia ser machucar muito. Esta premissa continua nesta sequência e ainda coloca vários outros personagens comuns como heróis, todos apanhando e batendo muito. 

Os destaques no elenco são o talento da garota Chloe Grace Moritz para as cenas de luta e a participação de Jim Carrey, como sempre com um personagem estranho. 

O resultado é um divertido filme de ação.  

domingo, 24 de novembro de 2013

Se Beber, Não Case! Parte III

Se Beber, Não Case! Parte III (The Hangover Part III, EUA, 2013) – Nota 4
Direção – Todd Phillips
Elenco – Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifiankis, Ken Jeong, Justin Bartha, John Goodman, Melissa McCarthy, Jeffrey Tambor, Heather Graham, Mike Epps, Sasha Barrese, Jamie Chung.

O inesperado sucesso do filme original se deu por conta de três fatores: A química entre o trio principal, as piadas politicamente incorretas até a medula e a história que por si só era engraçada. A sequência foi praticamente um repeteco do original, com a quantidade de piadas ainda maior e mudando a ação de Las Vegas para Bangcoc na Tailândia, tendo como única novidade o personagem maluco do traficante Chow (Ken Jeong). Já está inevitável terceira parte III se mostra um grande desperdício de tempo, com uma história ruim e poucas piadas, quase todas sem graça alguma. 

A trama começa com Chow fugindo da prisão na Tailândia (na melhor sequência do filme), ao mesmo tempo em que a família de Alan (Zach Galifianakis) convoca os amigos para convencê-lo a se internar numa instituição no Arizona, pois suas atitudes causaram a morte do pai (Jeffrey Tambor) em um ataque do coração. 

Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Doug (Justin Bartha) se tornam os responsáveis em levar Alan para o local, porém durante a viagem o grupo é sequestrado pelo bando de Marshall (John Goodman), que deseja encontrar Chow para reaver uma fortuna que o maluco roubou. Marshall fica com Doug como refém e obriga o trio a capturar Chow. 

Alguns personagens do filme original são resgatados, como a ex-garota de programa Jade (Heather Graham) e o traficante “Black” Doug (Mike Epps), mas é pouco para segurar o filme. Com exceção de Ken Jeong que se destaca como Chow, o trio principal parece trabalhar no piloto automático, onde nem mesmo a química entre eles funciona. 

Além da sequência inicial na prisão, a outra cena que vale menção é a que surge no meio dos créditos finais e que mostra um pouquinho do humor dos filmes anteriores. 

O resultado é um exemplo de filme que não deveria ter saído do papel
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sábado, 23 de novembro de 2013

O Céu de Suely

O Céu de Suely (Brasil, 2006) – Nota 7
Direção – Karim Ainouz
Elenco – Hermila Guedes, João Miguel, Maria Menezes, Zezita Matos, Georgina Castro, Claudio Jaborandy, Marcelia Cartaxo, Flavio Bauraqui.

Após viver algum tempo em São Paulo, a jovem Hermila (Hermila Guedes) volta para a pequena Iguatu no interior do Ceará trazendo seu filho. Ela reencontra a avó e a tia com quem decide morar até o pai da criança chegar de São Paulo. O tempo passa e Hermila descobre que o rapaz se mudou, mas não deixou novo endereço. Abandonada e sem perspectivas, Hermila decide rifar seu corpo para o que ela chama de “uma noite no paraíso” e assim juntar dinheiro para sair da cidade. 

O diretor cearense Karin Ainouz, que chamou atenção da crítica com o polêmico “Madame Satã”, aqui retorna a seu Estado para contar a história de Hermila, que no fundo é o retrato da vida de milhares de jovens do interior do país que vendem seu corpos em busca de dinheiro. 

No caso de Hermila é uma decisão radical e quase racional, pois ela não se considera e nem deseja trabalhar como prostituta, seu objetivo é ter uma nova vida, nem que para isso tenha que entregar seu corpo para um homem por uma noite. 

A atuação espontânea de Hermila Guedes é o destaque, inclusive desinibida para as cenas de nudez. O sempre competente João Miguel também acerta no tom no papel do ex-namorado apaixonado a quem Hermila tem carinho, mas não deseja viver junto naquele fim de mundo. 

A ponta de esperança criada ao final do longa é outro retrato triste e realista de quem precisa se afastar da família para tentar uma vida melhor. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Filmes Policiais Brasileiros

República dos Assassinos (Brasil, 1979) – Nota 7    
Direção – Miguel Faria Jr.
Elenco – Tarcísio Meira, Sandra Bréa, Anselmo Vasconcelos, Silvia Bandeira, José Lewgoy, Tonico Pereira, Ítalo Rossi, Paulo Villaça, Milton Moraes, Ivan de Almeida, José Dumont, Elba Ramalho.

Mateus Romeiro (Tarcísio Meira) é o líder de um grupo de extermínio formado por policiais de elite. Conhecidos como “Homens de Aço”, o grupo age à margem da lei respaldado por políticos. Suas mortes são assinadas com o símbolo de uma caveira deixada na cena do crime. O grupo ainda é glorificado por um jornalista (José Lewgoy) e por parte da população, até que os crimes começam a chamar a atenção da promotoria. 

Baseado livremente na história do “Esquadrão da Morte” liderado pelo policial Mariel Mariscot, que nos anos setenta assassinou um grande número de delinquentes, este longa é com certeza um dos melhores filmes policiais brasileiros. 

Além da crítica à polícia, o roteiro solta farpas para os políticos e a mídia que apoiavam a situação.Vale ainda destacar que assim como Mariscot que teve envolvimento com atrizes, o personagem de Tarcísio Meira é casado, tem um affair com um atriz (a falecida Sandra Bréa), sem contar uma cena com o travesti interpretado por Anselmo Vasconcelos. Por sinal, Vasconcelos faz com competência um papel que poucos atores aceitariam, tendo inclusive uma cena de forte apelo sexual com o ator Tonico Pereira. 

É um filme ousado na temática que merece não ser esquecido.   

O Caso Cláudia (Brasil, 1979) – Nota 6,5
Direção – Miguel Borges
Elenco – Kátia D’Angelo, Jonas Bloch, Carlos Eduardo Dolabella, Roberto Bonfim, Luís Armando Queiróz, Nuno Leal Maia, Claudio Correa e Castro, Rogério Fróes, Jorge Cherques, Reinaldo Gonzaga, Lilian Stavik.

Baseado numa história real ocorrida em 1977 no Rio de Janeiro, este longa altera os nomes dos envolvidos num crime na alta sociedade carioca. 

Um simples operário vê um carro jogar um enorme pacote nas pedras na beira do mar. O sujeito telefona de forma anônima para o polícia, que decide averiguar e encontra o corpo da jovem Cláudia. O detetive Guerra (Roberto Bonfim), que se torna o responsável pela investigação, descobre que o carro visto no local pertence a empresa de Pierre Dorf (Jonas Bloch), um milionário suspeito de ligação com o tráfico internacional de drogas. Mesmo sem apoio dos superiores que temem a influência do milionário com poderosos, Guerra se junta ao jornalista Seixas (Carlos Eduardo Dolabella) para apertar cerco e juntar provas contra o sujeito. 

O filme é fiel ao acontecimento real, tem bons atores, mas peca pela falta de recursos que o cinema brasileiro tinha na época. A maioria dos filmes policiais produzidos entre o final dos anos setenta até a fim Embrafilme no início dos noventa, hoje se mostram datados no estilo da narrativa, na trilha sonora e na falta de qualidade dos diálogos. 

O Sequestro (Brasil, 1981) – Nota 6
Direção – Victor di Mello
Elenco – Milton Moraes, Jorge Dória, Carlo Mossy, Adriano Reys, Helena Ramos, Gracinda Couto, Myriam Pérsia, Otávio Augusto.

Chegando em casa, Pedro (Adriano Reys) encontra a esposa (Helena Ramos) e seus filhos desesperados vendo um bandido sequestrar o filho menor chamado Zezinho. O meliante consegue fugir e estranhamente a polícia descobre que ocorreu o crime pelo noticiário da tv. Os policiais Argola (Milton Moraes) e Vilarinho (Carlo Mossy) são os responsáveis pela investigação, sendo comandados pelo delegado Marcondes (Jorge Dória). Após entrevistar algumas testemunhas, os policiais percebem que a trama é mais complicada do que parece, principalmente pelo pedido de resgate feito através de um bilhete. Os bandidos solicitam uma fortuna, porém a família passa por dificuldades financeiras. 

Produzido na época em que o país estava no final da ditadura, este longa aproveita o medo que as pessoas tinham da polícia para contar uma intrincada história onde a tortura é um dos pontos principais. As testemunhas são pressionadas de todas as formas, algumas são torturadas com cassetetes, porradas e até choque elétrico. 

Como era comum nos filmes da época, algumas cenas gratuitas de sexo simulado são inseridas na trama, em especial uma em que a personagem de Helena Ramos aparece nua na praia com alguns homens. 

Como curiosidade, os créditos finais dedicam o filme ao policial americano Serpico e todos os policiais honestos, diferente dos personagens corruptos apresentados no longa. 

Condenado à Liberdade (Brasil, 2001) – Nota 5
Direção – Emiliano Ribeiro
Elenco – André Gonçalves, Antônio Pompêo, Milla Christie, Othon Bastos, Cássia Kiss, Nathália Timberg, Odilon Wagner, Anselmo Vasconcelos, Isabel Ampudia.

Em Brasília, Mauro Vilhena (Othon Bastos) é o advogado de uma empresa acusada de assassinar índios na Amazônia para explorar madeira. Quando ele e sua esposa Beatriz (Cássia Kiss) são assassinados dentro de casa, seu filho Maurinho (André Gonçalves) se torna o principal suspeito por ter uma relação conturbada com o casal, principalmente por causa do namoro com Angela (Milla Christie). Lopes (Antônio Pompêo) é o delegado responsável por investigar o caso e que tem certeza da culpa do garoto. 

Assim como o recente e péssimo “Federal”, este longa foi uma tentativa frustrada de utilizar o cenário das famílias ricas e influentes de Brasília para criar uma trama policial. A premissa do assassinato dos índios citado no início do longa é praticamente esquecida no desenrolar da trama, assim como a investigação da jornalista interpretada por Isabel Ampudia que não chega a lugar algum. O roteiro se perde em meio aos clichês do gênero e as atuações ruins, principalmente do protagonista André Gonçalves.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tese Sobre um Homicídio

Tese Sobre um Homicídio (Tesis Sobre um Homicidio, Argentina / Espanha, 2013) – Nota 8
Direção – Hernan Goldfrid
Elenco – Ricardo Darin, Alberto Ammann, Calu Rivero, Arturo Puig, Mara Bestelli.

Roberto Bermudez (Ricardo Darin) é um famoso advogado criminalista que se tornou escritor e que trabalha como professor de direito em um curso de mestrado. Extremamente vaidoso por sua inteligência, Bermudez é admirado pelos alunos e também utiliza seu charme para seduzir as alunas. 

No primeiro dia de aula com uma nova classe, uma jovem é encontrada violentada e assassinada no pátio da universidade. Curioso com o crime, Bermudez passa a desconfiar que o assassino é seu aluno Gonzalo (Alberto Ammann), um jovem arrogante filho de um amigo. A desconfiança surge nos diálogos com o jovem, que ao mesmo tempo em que mostra admiração pelo professor, faz citações que parecem ser pistas sobre o crime, como se estivesse testando a inteligência de Bermudez. O veterano advogado fica intrigado com a situação, acreditando ser um jogo onde o mais esperto será o vencedor. 

Este interessante drama policial segue a linha dos longas americanos sobre serial killers que desafiam a lei tentando cometer o crime perfeito, com o ponto positivo de manter um pé na realidade por quase toda a trama. 

O roteiro apresenta ótimos diálogos entre os personagens principais, criado um clima de disputa entre mestre e aluno permeado aparentemente pelo respeito a inteligência do oponente, pelo menos até a sequência final. 

Como sempre, vale destacar o ótimo Ricardo Darin, que novamente constrói um personagem complexo, inclusive com cenas onde mostra suas inseguranças, como no relacionamento com a ex-esposa (Mara Bestelli) e quando percebe que seu pupilo pode vencer a disputa. 

O jovem Alberto Ammann também merece destaque na construção do jovem petulante e desafiador. Ammann tem poucos trabalhos no cinema, mas vale destacar seu papel no ótimo longa espanhol “Cela 211” (clique aqui para ler sobre o filme)

Finalizando, mesmo num longa como este que é mais comercial do que autoral, o cinema argentino mostra que está pelo menos um degrau acima do cinema brasileiro em qualidade. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Tênue Linha da Morte

A Tênue Linha da Morte (The Thin Blue Line, EUA, 1988) – Nota 8
Direção – Errol Morris
Documentário

O ex-policial Errol Morris venceu o Oscar de Melhor Documentário com este trabalho que criou um novo estilo ao misturar depoimentos verdadeiros com a encenação dos acontecimentos. Hoje este tipo narrativa é algo comum, principalmente em programas de tv sobre ocorrências policiais, inclusive utilizado a exaustão no antigo “Linha Direta”. 

O objetivo de Morris aqui foi se aprofundar num famoso caso de assassinato que resultou num julgamento controverso, onde questões políticas e sociais influenciaram no veredito. Tudo começou no final de 1976 na cidade de Dallas no Texas, quando um policial abordou um carro que estava com as luzes apagadas e ao chegar próximo da porta do motorista foi assassinado com vários tiros. 

Sua jovem parceira diz ter atirado várias vezes, porém o motorista do veículo conseguiu fugir. A policial que era novata, não conseguiu ver quantos ocupantes haviam no carro, anotou apenas duas letras da placa do carro e se confundiu até mesmo com o modelo do veículo. 

Após um mês, a polícia não tinha pista alguma, até que um jovem de dezesseis anos chamado Davis Harris foi detido num pequena cidade do interior do Texas por cometer outro crime e acabou acusado por amigos de estar se gabando de ter assassinado o policial. Com medo das conseqüências, Harris acusa Randall Adams de estar dirigindo o veículo e de ter atirado no policial. 

Adams era um sujeito de vinte e oito antes sem antecedente algum de violência, que tinha um emprego simples e que havia acolhido Harris por dois dias no motel onde morava com o irmão. Mesmo sem provas concretas, Adams foi o único acusado pelo crime e condenado à morte. 

Errol Morris se aprofundou na investigação do processo e entrevistou diversas pessoas, como Randall Adams que alega inocência aparentemente com razão, seus advogados, os policiais envolvidos nas investigações, algumas testemunhas nada confiáveis e até o juiz do caso. Estes depoimentos deixam claro como o processo foi manipulado e por alguma razão oculta, o promotor que não quis falar com Morris, escolheu Adams como culpado e deixou de lado outras evidências contra David Harris. 

O jovem delinquente na época já tinha uma extensa lista de delitos e em 1988 quando o doc foi filmado, ele estava no corredor da morte por outro assassinato. Seu depoimento aqui é cínico, ele sorri quando comenta os crimes que cometeu e mesmo não sendo direto nas palavras, deixa na entrelinhas que Randall Adams foi um azarado por ter cruzado seu caminho.

 O doc é um grande exemplo de como a lei pode ser manipulada resultando numa terrível injustiça.   

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Entre Segredos e Mentiras & O Reverso da Fortuna


Nesta postagem comento dois filmes produzidos com vinte anos de diferença, mas que guardam semelhanças ao contar histórias reais sobre crimes e escândalos no mundo dos milionários.

Entre Segredos e Mentiras (All Good Things, EUA, 2010) – Nota 7
Direção – Andrew Jarecki
Elenco – Ryan Gosling, Kirsten Dunst, Frank Langella, Lily Rabe, Philip Baker Hall, Michael Esper, Diane Venora, Nick Offerman, Kristen Wiig.

Em 1971, o jovem David Marks (Ryan Gosling) é o filho mais velho e herdeiro do poderoso especulador imobiliário Sanford Marks (Frank Langella). Diferente do pai, David deseja ter uma vida livre, sem preocupações com a administração da empresa, fato que cria sério conflito entre os dois.

A situação piora quando David conhece a bela jovem Katie (Kirsten Dunst), por quem se apaixona, decide se casar e juntos montam uma pequena loja de produtos naturais. O pai aparentemente aceita a situação, mas sua influência faz com que David se veja obrigado a trabalhar na empresa do pai. O desgosto do rapaz pela decisão, junto com alguns traumas do passado, transformam o casamento em um inferno para Katie, situação que termina em tragédia. 

Baseado numa sórdida história real, o longa cobre um período de vinte e dois anos na vida da família Marks, desvendando aos poucos os segredos e as mentiras que faziam parte do cotidiano daquelas pessoas. 

A parte final que se passa após o ano 2000 é tão absurda que se fosse um filme de ficção o roteirista nunca mais conseguiria emprego. É uma situação ridícula, quase surreal, que não agradou ao público e ajudou no fracasso na bilheteria, mesmo sendo algo real. 

O destaque principal é o bom elenco, onde praticamente todos os personagens apresentam algum desvio de caráter.

O Reverso da Fortuna (Reversal of Fortune, EUA, 1990) – Nota 7,5
Direção – Barbet Schroeder
Elenco – Glenn Close, Jeremy Irons, Ron Silver, Annabella Sciorra, Uta Hagen, Fisher Stevens, Jack Gilpin, Christine Baranski, Felicity Huffman, Julie Hagerty.

Em 1979, a milionária Sunny Von Bullow (Glenn Close) entra em coma irreversível e seu marido Claus (Jeremy Irons) é acusado pelo crime com a alegação da promotoria dele ter injetado uma exagerada dose de insulina na esposa.

O caso rapidamente se torna a notícia principal do país e para se defender, Claus contrata o famoso advogado Alan Dershowitz (Ron Silver). Praticamente condenado por parte da mídia, que vê a culpa no jeito aristocrata e arrogante de Claus, sem contar que para muitos seu casamento foi um golpe, já que o dinheiro era da esposa, o talento de Dershowitz se torna seu único trunfo para provar sua inocência.

Este ótimo drama baseado numa história real, tem como ponto principal o roteiro que em momento algum confirma se Claus Von Bullow é ou não o culpado, situação reforçada pela grande atuação de Jeremy Irons, que venceu o Oscar criando um personagem dúbio, que em alguns momentos parece ser o culpado, principalmente nos diálogos irônicos e na narração, enquanto em outros mostra total devoção à esposa.

Este é com certeza o melhor filme do iraniano Barbet Schroeder em Hollywood.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Promessa

A Promessa (The Pledge, EUA, 2001) – Nota 7,5
Direção – Sean Penn
Elenco – Jack Nicholson, Robin Wright Penn, Patricia Clarkson, Benício Del Toro, Aaron Eckhart, Sam Shepard, Lois Smith, Costas Mandylor, Helen Mirren, Tom Nonnan, Michael O’Keeffe, Vanessa Redgrave, Pauline Roberts, Mickey Rourke, Harry Dean Stanton.

Em seu último dia de trabalho antes da aposentadoria, o detetive Jerry Black (Jack Nicholson) é um dos policiais que chegam a cena de um crime brutal. Uma garotinha de oito anos foi estuprada e morta por espancamento, fato extremamente cruel que policial algum tem coragem de contar a mãe da criança (Patricia Clarkson). Jerry decide tomar a frente e ao contar para mãe desesperada, acaba prometendo que encontrará o assassino. 

Não demora para Jerry e seu parceiro Stan Krolak (Aaron Eckhart) chegarem a Toby Jay Waldenah (Benicio Del Toro), que confessa o crime, porém o sujeito tem sérios problemas mentais e termina por se suicidar, o que faz com Jerry não acredite na história. Decidido a investigar por conta própria mesmo aposentado, Jerry é pressionado por seus antigos superiores a abandonar o caso, o que ele a princípio aceita e tenta seguir a vida, porém algumas coincidências e a promessa feita para mãe da vítima transformam o caso em obsessão. 

Este longa foi o terceiro trabalho de Sean Penn como diretor, novamente trabalhando uma dolorosa trama sobre perda. A história que começa como um filme policial de serial killer, logo se transforma num drama que foca na obsessão do personagem de Nicholson, que direciona toda sua vida para resolver o caso e cumprir a promessa, mesmo que as conseqüências sejam trágicas. 

O elenco recheado de ótimos coadjuvantes em pequenos papéis é um dos pontos principais, quase todos com personagens marcantes que surgem durante a investigação, mas o grande destaque é a interpretação de Jack Nicholson. Longe dos maneirismos que costuma utilizar em personagens fortes, aqui ele cria um sujeito comum que sofre por causa da promessa e tem praticamente todo o filme a se dispor. 

O resultado é um doloroso drama com um ótimo personagem principal que pode ser considerado um presente de Sean Penn para Jack Nicholson. 

domingo, 17 de novembro de 2013

Rio, Zona Norte

Rio, Zona Norte (Brasil, 1957) – Nota 7,5
Direção – Nelson Pereira dos Santos
Elenco – Grande Otelo, Jece Valadão, Paulo Goulart, Haroldo de Oliveira, Malu Maia, Zé Keti.

Espírito da Luz Soares (Grande Otelo) é um compositor de sambas que vive em um morro na zona norte do Rio de Janeiro com a esperança de que algum cantor grave suas músicas. Durante uma festa no morro, após cantar seus sambas, Espirito recebe duas propostas. Um produtor musical (Paulo Goulart) o convida para visitá-lo na rádio no cento do rio e o ator Maurício (Jece Valadão) promete conseguir com que o cantor Alaor (Zé Keti) grave seu samba. Totalmente ingênuo, Espírito acredita que possa ficar famoso e ganhar dinheiro, porém não imagina que será enganado e em troca receberá uma ninharia. Para piorar, Espírito é cobrado por sua nova esposa (Malu Maia) que também deseja dinheiro, além de precisar lidar com o filho adolescente que está entrando no mundo do crime. 

O diretor Nelson Pereira dos Santos estreou no cinema dois anos antes com “Rio 40 Graus” que tinha como protagonistas garotos de favela que tentavam sobreviver através de biscates na zona sul carioca. Aqui ele volta sua câmera para a difícil vidas as pessoas que vivem nos morros da zona norte, tendo no pobre Espírito o exemplo de como era complicado mudar de vida e principalmente a facilidade com que estas pessoas eram exploradas pela sociedade. 

Além da boa atuação de Grande Otelo, inclusive nas cenas dramáticas, o destaque é verificar que a história continua atual quase sessenta anos depois. O sujeito que tem seu talento explorado por gananciosos, a dificuldade de locomoção de quem precisa atravessar a cidade de trem e a violência juvenil, que hoje infelizmente é dezenas de vezes pior, são alguns pontos que continuam não melhoraram com o passar das décadas. 

O resultado é um filme marcante de um cineasta que apesar de ainda estar na ativa com documentários, tem seus melhores trabalhos entre os anos cinqüenta e início dos oitenta. 

sábado, 16 de novembro de 2013

Os Suspeitos

Os Suspeitos (Prisoners, EUA, 2013) – Nota 8
Direção – Denis Villeneuve
Elenco – Jake Gyllenhaal, Hugh Jackman, Terrence Howard, Viola Davis, Maria Bello, Paul Dano, Melissa Leo, Dylan Minnette, Zoe Soul, Erin Gerasimovich, Kyla Drew Simmons, Wayne Duvall, Len Cariou.

As famílias Dover e Birch moram vizinhas e se juntam para comemorar o Dia de Ação de Graças nas casa dos Birch. Quando as filhas pequenas dos casais pedem para ir até a casa dos Dover em busca de um apito, os pais autorizam sem preocupação alguma. Passado algum tempo, os pais percebem a demora das crianças em voltar. Keller Dover (Hugh Jackman) vai até sua casa procurá-las, enquanto sua esposa Grace (Maria Bello) e o casal Birch, Frank (Terrence Howard) e Nancy (Viola Davis) vasculham a outra casa junto com os filhos mais velhos dos casais, Ralph e Eliza (Dylan Minnette e Zoe Soul). 

O desespero pelo desaparecimento das crianças aumenta quanto Ralph cita que uma trailer desconhecido estava estacionado na rua. Eles acionam a polícia que logo localiza o trailer. O detetive Loki (Jake Gyllenhaal) consegue prender um suspeito (Paul Dano) que tenta fugir, porém não encontra pistas das garotas e percebe que o rapaz tem o desenvolvimento mental de uma criança. A falta de pistas misturada com o desespero das famílias faz com que Keller decida investigar por conta própria, acreditando que o garoto problemático saiba onde estão as crianças, enquanto Loki procura deixar a emoção da lado para tentar solucionar o caso. 

O diretor canadense Denis Villeneuve chamou atenção do público e da crítica com o ótimo “Incêndios”, com este trabalho abrindo caminho para sua estréia em Hollywood neste longa que tem um roteiro que é um verdadeiro quebra-cabeças. Mesmo que no final o espectador perceba que todas as pistas estavam claras, Villeneuve consegue prender a atenção através da narrativa que explora a investigação e que lembra em alguns momentos o também ótimo “Zodíaco” de David Fincher, por sinal que tinha o mesmo Jake Gyllenhaal no papel principal. Aqui ele divide o protagonismo com Hugh Jackman, que cria um sujeito que sempre se prepara para o pior e que não mede esforços para encontrar sua filha, mesmo que precise utilizar a violência. Os dois personagens são opostos, Jackman é a emoção em pessoa, que tem a família como seu grande bem, enquanto Gyllenhall é o policial solitário, racional e meticuloso, que coloca todas as suas forças no trabalho. 

O resultado é um belo drama policial, que tem ainda ótimos coadjuvantes como Terrence Howard, Paul Dano e Melissa Leo, todos em papéis importantes. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Eden

Eden (Eden, EUA, 2012) – Nota 7,5
Direção – Megan Griffiths
Elenco – Jamie Chung, Matt O’Leary, Beau Bridges, Eddie Martinez, Tantoo Cardinal, Scott Mechlowicz.

Em 1994 no Novo México, a jovem filha de imigrantes coreanos Hyun Jae (Jamie Chung) auxilia os pais na pequena mercearia da família. Numa determinada noite ele sai às escondidas com uma amiga para um bar onde conhece um jovem bombeiro (Scott Mechlowicz). O que começa como um flerte termina num violento sequestro. 

Jae acorda num esconderijo no meio do deserto onde várias garotas adolescentes são mantidas como escravas sexuais, sendo ameaçadas por um policial corrupto (Beau Bridges) e seu capataz (Matt O’Leary). É o início de uma vida infernal que parece não ter saída. 

Baseado num revoltante fato real, este longa mostra o inferno vivido pela garota coreana durante mais de um ano em que ela foi obrigada a se prostituir e vivenciou diversas cenas de violência e até assassinatos. 

O roteiro mostra que o tráfico de garotas era apenas uma ponta de uma complexa rede de crimes, que incluía ainda tráfico de drogas, contrabando e até a venda de bebês. 

É um daqueles filmes que incomodam pela temática e principalmente por relatar algo terrível que realmente ocorreu. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

M, O Vampiro de Dusseldorf

M, O Vampiro de Dusseldorf (M, Alemanha, 1931) – Nota 8,5
Direção – Fritz Lang
Elenco – Peter Lorre, Otto Wernick, Theodor Loos.

Em Dusseldorf na Alemanha, várias crianças desaparecem causando pânico na população, situação que coloca todos os policiais em ação na investigação. Na ânsia para conseguir pistas, os policiais passam a pressionar todos os frequentadores do submundo. Clubes, boates e bares se tornam alvos da polícia, fato que começa a atrapalhar os negócios ilegais dos chefões do crime da cidade. Este se reúnem e para tentar solucionar o problema decidem localizar o psicopata por conta própria. Eles oferecem dinheiro para os mendigos, ambulantes e pequenos criminosos para vigiarem a cidade e agirem assim que surgisse algum suspeito. 

Esta clássico absoluto foi um dos primeiros filmes alemães falados, que segue o estilo expressionista, porém diferente de outros trabalhos do gênero que utilizavam o sobrenatural como tema, aqui a trama é totalmente realista e polêmica. 

O diretor Fritz Lang se baseou na história real de um psicopata assassino de crianças para criar um filme que vai além do tema. O roteiro mostra o desespero da população que passa a acusar qualquer pessoa que tenha alguma atitude suspeita, foca na expressão de medo das mães e ousa ainda ao mostrar o assassino como um doente que sabe que tem um problema, mas não tem forças para combatê-lo. 

Por sinal, a interpretação de Peter Lorre como o psicopata é ótima. O ator que ficaria conhecido por personagens sinistros em clássicos como “Casablanca” e “Relíquia Macabra”, aqui já demonstrava talento e assustava com seus olhos arregalados. 

Finalizando, o grande Fritz Lang que já havia feito clássicos do cinema mudo como “Dr. Mabuse” e “Metropolis”, logo entraria em conflito com o partido nazista e deixaria a Alemanha para viver nos Estados Unidos onde faria uma bela carreira, com destaque para filmes como “O Diabo Feito Mulher” e “Os Corruptos”.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

9 1/2 Semanas de Amor

9 1/2 Semanas de Amor (Nine 1/2 Weeks, EUA, 1986) – Nota 7
Direção – Adrian Lyne
Elenco – Mickey Rourke, Kim Basinger, Margareth Whitton, David Margulies, Christine Baranski, Karen Young.

John (Mickey Rourke) é um yuppie na Manhattan dos anos oitenta, que utiliza seu charme e o dinheiro para conquistar belas garotas. Quando ele conhece Elizabeth (Kim Basinger), que trabalha em uma galeria de arte, não demora para conquistar a jovem. A tórrida relação é apimentada por diversos jogos sexuais criados por John, situações que aumentam o desejo de Elizabeth, porém com o passar do tempo os jogos criam uma tensão entre o casal, perturbando principalmente a frágil garota. 

Este longa foi um dos grandes sucessos dos anos oitenta, se tornando cult mesmo não sendo um grande filme. 

O diretor inglês Adrian Lyne faz parte de uma geração que saiu da publicidade para o cinema. Alan Parker e os irmãos Ridley e Tony Scott são outros exemplos de diretores que começaram na publicidade e utilizaram este experiência no cinema. A diferença entre eles é que Adrian Lyne não se preocupou em fazer uma transição tradicional e filmou aqui uma mistura de comercial e videoclip que se transformou num longa. 

Os jogos eróticos filmados com sombras e luzes é um dos destaques, que por sinal foram copiados a exaustão em outros filmes e até comerciais de tv. A química entre Rourke e Kim Basinger foi outro fator que ajudou no sucesso, com a curiosidade de que o casal não se suportava fora das telas durante a filmagem. O sucesso do filme alavancou a dupla de atores e os transformou em astros. 

Hoje pode parecer inacreditável, mas na época o filme ficou em cartaz por dois anos seguidos no antigo Cine Belas Artes no bairro da Consolação em São Paulo, fazendo a alegria dos casais de namorados.  

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

007 Na Mira dos Assassinos

007 Na Mira dos Assassinos (A View to a Kill, EUA, 1985) – Nota 7
Direção – John Glen
Elenco – Roger Moore, Christopher Walken, Tanya Roberts, Grace Jones, Desmond Llewellyn, Patrick Bauchau, Patrick Macnee, Robert Brown, Lois Maxwell, Walter Gotell, Alison Doody, Dolph Lundgreen.

Após recuperar um chip que parece ser indestrutível, James Bond (Roger Moore) segue uma pista e chega até o excêntrico empresário Max Zorin (Christopher Walken). Além de investir em microchips, Zorin também tem como negócio a criação e as corridas de cavalo utilizando uma polêmica técnica para turbinar os animais. Este hobby é apenas uma fachada para Zorin, que tem como verdadeiro objetivo destruir o Vale do Silício abrindo caminho para um monopólio mundial de sua empresa. 

Esta aventura marcou o fim da era Roger Moore como James Bond, resultando em muitas críticas ruins dos especialistas e dividindo o gosto do público. As maiores críticas atingiram a péssima atuação de Tanya Roberts como a Bond Girl principal. A atriz ficou conhecida pela participação na última temporada de “As Panteras” e teve chance de se tornar estrela protagonizando a aventura “Sheena – A Raiva das Selvas”, porém a falta de talento abortou a carreira. Tanya Roberts teve ainda algum destaque nas primeiras temporadas do sitcom “That ‘70s Show”. 

Outro ponto alvo de críticas foi a idade avançada de Roger Moore. Na época ele tinha 57 anos e demonstrava falta de pique para o papel, sendo claramente substituído por um dublê nas cenas de ação. Uma das melhores cenas do filme é da perseguição de automóveis em Paris que termina com a personagem da atriz Grace Jones pulando de paraquedas da Torre Eiffel. Nesta sequência ocorre um acidente com o carro de Bond partindo ao meio, onde vemos nitidamente um sujeito de peruca no lugar do ator. 

Por causa da idade, a aposentadoria de Roger Moore estava marcada para quatro anos antes após o lançamento de “007 Somente Para Seus Olhos”, porém quando surgiu a notícia de que Sean Connery voltaria ao personagem em “Nunca Mais Outra Vez”, os produtores que ainda não tinham escolhido um substituto, ficaram com medo de lançar um novo ator para concorrer nas bilheterias com Connery e por isso decidiram dar um novo contrato de dois filmes para Roger Moore. 

Mesmo com estes detalhes, o filme é um bom divertimento para quem gosta da série, tem a estranha Grace Jones como uma vilã assustadora e o sempre competente Christopher Walken como um vilão egocêntrico, personagem comum nos filmes da franquia. 

Como curiosidade, este também foi o último filme da atriz Lois Maxwell como a secretária Miss Moneypenny e do ator Walter Gotell que interpretou o russo General Gogol em seis filmes da série.

Finalizando, vale destacar a canção título do grupo Duran Duran que estava no auge da carreira.

domingo, 10 de novembro de 2013

Giordano Bruno

Giordano Bruno (Giordano Bruno, Itália / França, 1973) – Nota 7
Direção – Giuliano Montaldo
Elenco – Gian Maria Volonté, Hans Christian Blech, Mathieu Carriere, Renato Scarpa, Charlotte Rampling.

Em meados do século XVI, o frade Giordano Bruno (Gian Maria Volonté) entra em colisão com a Igreja Católica por escrever livros criticando a forma como a Igreja deturpava os ensinamentos da bíblia para dominar as massas. Famoso em toda a Europa por ser também filósofo, Giordano é convidado por um nobre para passar algum tempo em sua casa em Veneza. O nobre deseja que Giordano o ensine a arte da magia para dominar as pessoas, o que ele se nega. Irritado, o nobre denúncia Giordano para a Inquisição Veneziana, que o leva preso, porém o clero da cidade era conhecido por ser liberal, fato que faz com que os Cardeais de Roma criem manobras para que Giordano seja julgado na capital para ser punido como exemplo de heresia. 

Baseado na história real do célebre personagem, o diretor Giuliano Montaldo que dois antes havia filmado “Sacco & Vanzetti”, drama sobre um famoso erro judiciário italiano também com Volonté no papel principal, decidiu aqui filmar outra história de injustiça dos poderosos sobre alguém que era contestador e por isso considerado inimigo. A história é melhor que a narrativa, que se mostra fria e com muitos diálogos que exageram na divagação. 

Um dos destaques é a trama política para condenar Giordano Bruno, que mostra uma divisão na própria Igreja sobre punir ou não o frade, colocando o então Papa Clemene III como uma espécie de voz da razão que acreditava ser um erro o processo, mas que se mostrava um sujeito sem forças para enfrentar os cardeais. 

Outro destaque é a interpretação de Volonté como o atormentado personagem principal que sonha em mudar a Igreja ao mesmo tempo em que se entrega aos pecados da carne. 

sábado, 9 de novembro de 2013

Sem Suspeita

Sem Suspeita (Above Suspicion, EUA, 1995) – Nota 7
Direção – Steven Schachter
Elenco – Christopher Reeve, Joe Mantegna, Kim Cattrall, Edward Kerr, Finola Hughes, William H. Macy, Ron Canada, Natalia Nogulich, Clark Gregg.

Durante uma batida policial, o detetive Dempsey Cain (Christopher Reeve) é atingido por um tiro e perde o movimento das pernas. Sua vida profissional que estava em ascensão é abortada e para piorar, Dempsey nem imagina que sua esposa (Kim Cattrall) tem um caso com seu próprio irmão (Edward Kerr), que também trabalha como policial mas é considerado irresponsável pelos colegas de profissão. Desanimado por não poder andar e trabalhar, Dempsey faz um polêmica proposta para a esposa e o irmão, a princípio sem saber que na verdade está ajudando a dupla de traidores. 

Esta drama policial produzido para a tv tem um desenrolar da trama interessante mesmo com as limitações do formato. A história é bem amarrada e apresenta ainda uma reviravolta perto do final, sem contar o bom elenco, que tem como coadjuvantes Joe Mantegna interpretando um detetive rival do personagem de Reeve e William H. Macy como um promotor. 

A curiosidade macabra é que este foi praticamente o último trabalho de Christopher Reeve antes do trágico acidente com o cavalo que o deixou tetraplégico e por ironia ele interpreta aqui um sujeito que acaba na cadeira de rodas. Reeve nunca foi um grande ator, mas era carismático e ficará eternamente marcado como o melhor Superman da história do cinema.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Comédias com Danny DeVito

Jogue a Mamãe do Trem (Throw Momma From the Train, EUA, 1987) – Nota 7
Direção – Danny DeVito
Elenco – Danny DeVito, Billy Crystal, Anne Ramsey, Kim Greist, Kate Mulgrew, Branford Marsalis, Rob Reiner.

O professor Larry (Billy Crystal) está revoltado porque sua ex-esposa (Kate Mulgrew) roubou seu manuscrito e ficou famosa ao publicar o livro como se fosse dela. Seu aluno Owen (Danny DeVito) deseja também ser escritor, mas não tem talento algum. Não se conformando com a situação, Owen acredita que seu fracasso está ligado a sua mãe (Anne Ramsey), uma megera dominadora que sufoca sua vida. 

Num certo dia, Owen sugere ao professor Larry um troca de assassinatos. Owen diz que matará a ex-esposa de Larry, em troca ele deseja que Larry acabe com a vida de sua mãe. Larry não leva a sério a proposta, mas fica louco quando Owen cumpre sua parte e vem cobrar o assassinato da mãe. 

Esta paródia do clássico “Pacto Sinistro” de Hitchcock não chega a ser um grande filme, mas diverte principalmente pelos personagens. Danny DeVito como o sujeito maluco e Billy Crystal como o covarde estão engraçados, mas o destaque fica com Anne Ramsey, atriz especialista em papéis de mulheres duronas, que ficou marcada por seu trabalho em “Os Goonies” e que faleceu com apenas cinqüenta e oito anos, porém aparentando ter bem mais idade.

Quem Tudo Quer, Tudo Perde (Wise Guys, EUA, 1986) – Nota 6,5
Direção – Brian De Palma
Elenco – Danny DeVito, Joe Piscopo, Harvey Keitel, Ray Sharkey, Dan Hedaya, Captain Lou Albano, Patti LuPone, Julie Bovasso, Frank Vincent.

Os amigos Harry (Danny DeVito) e Moe (Joe Piscopo) trabalham como uma espécie de garotos de recado para o mafioso Anthony Castelo (Dan Hedaya). Quando eles recebem a missão de apostar uma alta quantia em um específico cavalo e decidem mudar a aposta por conta, causam um grande prejuízo ao mafioso, que ao invés de matá-los dá uma nova oportunidade, um tanto quanto sinistra. Castelo diz que aquele que matar o outro será perdoado. Como são amigos e medrosos, a dupla foge para Las Vegas com o objetivo de conseguir o dinheiro para quitar a dívida. 

Esta incursão de Brian De Palma no gênero comédia foi um grande fracasso, muito por ter seu nome ligado aos filmes policiais e de suspense e por aqui entregar um longa não mais do que mediano. Algumas coisas funcionam, como a química entre DeVito e Piscopo e principalmente a famoso cena da bomba no carro, em que o sofrimento do personagem do DeVito é captado de forma engraçada, assim como os figurantes se escondendo com medo. Mesmo De Palma sendo um grande diretor, no final fica a impressão de que a faltou alguém com mais jeito para o gênero.

O Campeão da Audiência (The Ratings Game, EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Danny deVito
Elenco – Danny DeVito, Rhea Pearlman, Gerrit Graham, Barry Corbin, Kevin McCarthy, Huntz Hall.

Vic DeSalvo (Danny DeVito) é o dono de uma empresa de caminhões em New Jersey. Sujeito sem cultura, mas que por ser rico sonha em ficar famoso. Para isso, ele compra espaço em um pequeno canal de tv para produzir seu programa, que resulta numa verdadeira bomba. O que seria um grande fracasso, muda de figura quando Vic conhece Francine (Rhea Pearlman), uma jovem que trabalha no canal de tv e por não ser bonita é preterida numa promoção de cargo. Para se vingar, Francine decide ajudar Vic a manipular os dados da audiência, transformando o estranho programa em sucesso. 

Esta simpática produção para a tv foi a estreia de Danny DeVito na direção de um longa, aproveitando que na época ele era conhecido por trabalhar na sitcom “Taxi” e sua esposa Rhea Pearlman fazia parte do elenco da premiada ”Cheers”, protagonizada por Ted Danson. 

Um Novo Homem (Renaissance Man, EUA, 1994) – Nota 6,5
Direção – Penny Marshall
Elenco – Danny DeVito, Gregory Hines, James Remar, Cliff Robertson, Stacey Dash, Mark Wahlberg, Ed Begley Jr, Lilo Brancato Jr, Richard T. Jones, Kadeem Hardison.

Bill Rago (Danny DeVito) é um sujeito divorciado, amargurado com a vida e que acaba perdendo o emprego. Sem opções, Bill aceita trabalhar como professor em um quartel do exército para ensinar um grupo de recrutas que tem dificuldade de aprendizado. A princípio desanimado com o trabalho, aos poucos Bill passa a entender melhor os problemáticos alunos e cria com eles um interessante laço afetivo. 

Esta comédia com toques de drama bebe na fonte dos longas sobre professores que tentam mudar a vida dos alunos, com a diferença de se passar em um quartel. Vale destacar o elenco, que tem entre os coadjuvantes Mark Wahlberg em seu primeiro papel no cinema, a promessa Lilo Brancato Jr que infelizmente hoje está preso por roubo e assassinato, além dos falecidos Gregory Hines e Cliff Robertson.

Com o Dinheiro dos Outros (Other People’s Money, EUA, 1991) – Nota 5
Direção – Norman Jewison
Elenco – Danny DeVito, Gregory Peck, Penelope Ann Miller, Piper Laurie, Dean Jones, R. D.Call, Mo Gafney.

Lawrence Garfield (Danny DeVito) é um especulador especialista em adquirir empresas em dificuldade por um baixo valor, para fazer com que as ações aumentem e ele lucre na revenda. Quando ele se interessa por uma empresa familiar, o veterano proprietário (Gregory Peck) escala sua filha Kate (Penelope Ann Miller) para defender seus bens do ataque de Lawrence. Por ironia do destino, o durão Lawrence acaba se apaixonando por Kate, causando uma grande confusão no negócio. 

Este longa que não se define entre comédia, drama ou história de amor, é com certeza o trabalho mais fraco da carreira do diretor Norman Jewison (“O Feitiço da Lua”, “Hurricane”). A disputa entre os personagens de DeVito e Penelope Ann Miller chega a ser irritante, sem contar que o romance entre os dois se mostra falso e sem química alguma. O resultado é uma bola fora na carreira dos envolvidos, inclusive o veterano astro Gregory Peck que pouco pode fazer para melhorar o filme.

Parentes Perfeitos (Relative Strangers, UA, 2006) – Nota 5
Direção – Greg Glienna
Elenco – Danny DeVito, Kathy Bates, Ron Livingston, Neve Campbell, Bob Odenkirk, Edward Herrmann, Christine Baranski, Beverly D'Angelo, Ed Begley Jr, Tracey Walter, Michael McKean.

O psiquiatra Richard Clayton (Ron Livingston) descobre que foi adotado e resolve procurar seus verdadeiros pais. A ansiedade pelo encontro se transforma em choque quando ele encontra um casal de malucos (Danny DeVito e Kathy Bates), completamente opostos dos pais adotivos (Edward Herrmann e Christine Baranski), um típico casal de subúrbio americano. 

O roteiro explora as diferenças entre os casais através de situações absurdas e até constrangedoras, que chegam a irritar o espectador, até o final clichê onde tudo se acerta. É uma típica comédia que flerta com humor negro, mas não passa de um produto hollywoodiano sem graça.  

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Somos Tão Jovens

Somos Tão Jovens (Brasil, 2013) – Nota 7,5
Direção – Antonio Carlos da Fontoura
Elenco – Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bruno Torres, Daniel Passi, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Conrado Godóy, Nicolau Villa-Lobos, Sérgio Dalcin, Olivia Torres, Ibsen Perucci.

No final dos anos setenta em Brasília, um grupo de jovens conhecidos como “a turma da colina” formam o embrião de três bandas das mais importantes do cenário do rock brasileiro. Capital Inicial, Plebe Rude e a cultuada Legião Urbana foram o produto final daquele grupo. 

O longa foca na vida de Renato Russo entre 1976 a 1982, época em que ele descobriu o talento para a música e viveu todas as loucuras que a idade permitia, além de mostrar seus conflitos internos em relação a situação do país e sua sexualidade e também as discussões com os amigos, principalmente Flávio Lemos (Bruno Torres), seu parceiro na banda “Aborto Elétrico”. 

Os fãs da Legião Urbana com certeza adorarão o filme, mas analisando como cinema, o longa é esquemático e mostra pouca coisa de novo em relação ao que foi visto no documentário “Rock de Brasília” ou nas informações do livro “Dias de Luta”, que conta a história da explosão do rock brasileiro nos anos oitenta. 

Como novidade, o filme apresenta a relação de Renato com Aninha (Laila Zaid) e a atração que ele sentia por Fê Lemos (Daniel Passi), na época um adolescente que também fazia parte da banda “Aborto Elétrico” e que é irmão de Flávio Lemos, dupla que junto com Dinho Ouro Preto (Ibsen Perucci) criaria o “Capital Inicial”. 

Os jovens atores escolhidos são muito parecidos fisicamente com os personagens reais, tendo como destaque Thiago Mendonça, perfeito como Renato Russo no timbre de voz, na interpretação das músicas e no visual. 

É um filme mediano, que vale como registro de uma parte da vida de Renato Russo e que não decepciona os fãs, mas que também não arranca suspiros de quem esperava um grande longa.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Possuída & O Mistério da Libélula


Possuída (The New Daughter, EUA, 2009) – Nota 5
Direção – Luis Berdejo
Elenco – Kevin Costner, Ivana Baquero, Samantha Mathis, Gattlin Griffith, Erik Palladino, Noah Taylor, James Gammon.

Após ser abandonado pela esposa, o escritor John James (Kevin Costner) se muda para uma enorme casa numa comunidade rural levando sua filha adolescente Louisa (Ivana Baquero) e o filho pequeno Sam (Gattlin Griffith). A filha, que odeia o local, descobre um enorme monte de terra que se parece com um formigueiro gigante. Não demora para a garota começar a agir de forma estranha, o que faz John investigar e descobrir uma terrível história sobre o local.

O roteiro consegue reunir todos os clichês possíveis dos filmes de suspense e terror. Temos uma casa isolada, o personagem principal é um escritor, o envolvimento de duas crianças, a professora (Samantha Mathis) que flerta com o protagonista, ruídos sinistros, sustos no escuro, monstros que aparecem no terceiro ato, entre outros detalhes comuns ao gênero.

Kevin Costner não compromete, mesmo atuando no piloto automático, já a garota espanhola Ivana Baquero tem uma péssima atuação, totalmente caricata. Ela que trabalhou no ótimo “O Labirinto do Fauno”, escolheu um papel que em tese seria de um filme semelhante para sua estréia em Hollywood, porém errou feio na atuação.

O Mistério da Libélula (Dragonfly, EUA / Alemanha, 2002) – Nota 6
Direção – Tom Shadyac
Elenco – Kevin Costner, Kathy Bates, Susannah Thompson, Joe Morton, Ron Rifkin, Jacob Vargas, Matt Craven, Linda Hunt.

O médico Joe Darrow (Kevin Costner) perdeu num acidente a esposa Emily (Susannah Thompson) que também era médica e que participava de um trabalho voluntário no interior da Venezuela. Atormentado por ter discutido com a esposa antes dela partir e pelo corpo não ter sido encontrado, Joe passa a ter problemas no trabalho e acaba sendo obrigado por seu chefe (Joe Morton) a tirar férias para descansar. 

Ao invés de descansar, Joe fica ainda mais confuso quando passa a ver libélulas em todos os lugares e principalmente ao visitar uma criança que é sua paciente e que diz ter tido contato com Emily durante uma experiência de quase morte. O garoto diz que viu Emily e que está deseja enviar uma mensagem para o marido. 

Mesmo tendo sido produzido três anos depois, este longa bebe na fonte do sucesso de “O Sexto Sentido”, criando uma história sobre vida após a morte, contato com os mortos e até uma surpresa final, porém perde na comparação em questão de originalidade e na fraca direção de Tom Shadyac, sujeito especialista em comédias que resolveu se arriscar neste drama. 

É um filme que até pode emocionar as espectadoras menos exigentes e também aqueles que gostam de histórias espíritas que seguem o estilo das centenas de livros sobre o tema que vemos nas grandes livrarias. Como cinema é apenas razoável, nada mais do que isso.  

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Redenção

Redenção (Hummingbird, Inglaterra / EUA, 2013) – Nota 6,5
Direção – Steven Knight
Elenco – Jason Statham, Agata Buzek, Vicky McClure, Benedict Wong.

Joey Jones (Jason Statham) é um ex-soldado que lutou no Afeganistão e que após voltar para Londres fugiu da corte marcial por ter cometido um crime durante a guerra. Alcoólatra e vivendo nas ruas, Joey e uma amiga são espancados por dois sujeitos que vivem de roubar drogas dos moradores de rua. Ele reage, mas precisa fugir para não ser assassinado. 

O destino faz com que Joey consiga se esconder em um apartamento de luxo em que o proprietário ficará fora por meses. Ele vê no fato a chance de mudar de vida, mas ainda terá de lidar com o passado para tentar localizar a amiga que sumiu, além de se aproximar de uma freira (Agata Buzek) que diariamente ajuda os moradores de rua. 

Este trabalho é o tipo de filme que engana boa parte do público, principalmente as fãs de Jason Statham que gostam de pancadaria. O filme tem algumas cenas de ação e brigas, mas o ponto principal é o drama, sendo que a redenção do título é algo que os personagens de Statham e da polonesa Agata Buzek procuram. 

A narrativa fria e o ritmo irregular resultam num filme apenas razoável.