A Tênue Linha da Morte (The Thin Blue Line, EUA, 1988) –
Nota 8
Direção – Errol Morris
Documentário
O ex-policial Errol Morris venceu o Oscar de Melhor
Documentário com este trabalho que criou um novo estilo ao misturar depoimentos
verdadeiros com a encenação dos acontecimentos. Hoje este tipo narrativa é
algo comum, principalmente em programas de tv sobre ocorrências policiais,
inclusive utilizado a exaustão no antigo “Linha Direta”.
O objetivo de Morris
aqui foi se aprofundar num famoso caso de assassinato que resultou num
julgamento controverso, onde questões políticas e sociais influenciaram no
veredito. Tudo começou no final de 1976 na cidade de Dallas no Texas, quando um
policial abordou um carro que estava com as luzes apagadas e ao chegar próximo
da porta do motorista foi assassinado com vários tiros.
Sua jovem parceira diz
ter atirado várias vezes, porém o motorista do veículo conseguiu fugir. A
policial que era novata, não conseguiu ver quantos ocupantes haviam no carro,
anotou apenas duas letras da placa do carro e se confundiu até mesmo com o modelo
do veículo.
Após um mês, a polícia não tinha pista alguma, até que um jovem de
dezesseis anos chamado Davis Harris foi detido num pequena cidade do interior
do Texas por cometer outro crime e acabou acusado por amigos de estar se
gabando de ter assassinado o policial. Com medo das conseqüências, Harris acusa
Randall Adams de estar dirigindo o veículo e de ter atirado no policial.
Adams
era um sujeito de vinte e oito antes sem antecedente algum de violência, que tinha
um emprego simples e que havia acolhido Harris por dois dias no motel onde
morava com o irmão. Mesmo sem provas concretas, Adams foi o único acusado pelo
crime e condenado à morte.
Errol Morris se aprofundou na investigação do
processo e entrevistou diversas pessoas, como Randall Adams que alega inocência
aparentemente com razão, seus advogados, os policiais envolvidos nas
investigações, algumas testemunhas nada confiáveis e até o juiz do caso. Estes
depoimentos deixam claro como o processo foi manipulado e por alguma razão
oculta, o promotor que não quis falar com Morris, escolheu Adams como culpado e
deixou de lado outras evidências contra David Harris.
O jovem delinquente na
época já tinha uma extensa lista de delitos e em 1988 quando o doc foi filmado,
ele estava no corredor da morte por outro assassinato. Seu depoimento aqui é
cínico, ele sorri quando comenta os crimes que cometeu e mesmo não sendo direto
nas palavras, deixa na entrelinhas que Randall Adams foi um azarado por ter
cruzado seu caminho.
O doc é um grande exemplo de como a lei pode ser
manipulada resultando numa terrível injustiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário