The Best You Can

 

The Best You Can (The Best You Can, EUA, 2025) – Nota 6,5
Direção – Michael J. Weithorn
Elenco – Kevin Bacon, Kyra Sedgwick, Judd Hirsch, Brittany O’Grady, Olivia Luccardi, Meera Rohit Kumbhani, Ray Romano, Heather Burns.

Cynthia (Kyra Sedwgick) é uma médica casada com Warren (Judd Hirsch), um homem muito mais velho que começa a apresentar os primeiros sintomas de demência. Perdida com a nova situação, ela termina criando um laço com Stan (Kevin Bacon), que trabalha como segurança no condomínio onde mora. 

Este drama romântico é um projeto do casal Kevin Bacon e Kyra Sedgwick, que estão casados de 1988 e trabalharam juntos em outros cinco filmes. Mesmo sem surpresas, este longa agrada por focar em uma história dolorosa de forma sóbria e humana, bem próximo da realidade de uma situação semelhante. A química entre o casal funciona, assim como a atuação do veteraníssimo Judd Hirsch, que demonstra vigor e talento ao noventa anos de idade.

Gigolô Americano

 

Gigolô Americano (American Gigolo, EUA, 1980) – Nota 6,5
Direção – Paul Schrader
Elenco – Richard Gere, Lauren Hutton, Bill Duke, Hector Elizondo, Nina Van Pallandt.

Julian (Richard Gere) é um garoto de programa que atende mulheres ricas em Los Angeles. A vida fácil de locais caros, luxo e belas mulheres se transforma em pesadelo quando uma nova cliente aparece morta e Julian se torna o principal suspeito. 

Este longa escrito e dirigido por Paul Schrader explora o mundo da elite de Los Angeles entre o luxo e o sexo fácil, tendo como destaque o galã Richard Gere no auge da carreira e as locações em pontos conhecidos da cidade. 

A narrativa tem um clima de suspense interessante e uma trama aceitável. É um daqueles filmes dos anos oitenta que fez sucesso mais pela ousadia do tema na época, do que pela qualidade.

O Monstro de Florença

 

O Monstro de Florença (Il Mostro, Itália, 2025) – Nota 6,5
Direção – Stefano Sollima
Elenco – Marco Bullita, Valentina Mannias, Giacomo Fadda, Francesca Olia, Antonio Tintis, Liliana Bottone.

Entre 1968 e 1985, vários casais que namoravam dentro de carros em locais remotos de Florença foram assassinados a tiros, facadas e as mulheres mutiladas. Esta minissérie em quatro episódios dirigida por Stefano Sollima, de ótimos trabalhos como “Suburra”, “Sicário: Dia do Soldado” e a minissérie “ZeroZeroZero” foca em uma história real que até hoje não se sabe oficialmente quem é o verdadeiro assassino e que lembra bastante o caso do “Zodíaco”. 

Diferente dos outros trabalhos do diretor, esta minissérie tem um ritmo irregular que atrapalha o clima de tragédia que permeia toda a narrativa. Os créditos finais citam que durante os anos de investigação diversos sujeitos foram interrogados como suspeitos, porém Sollima decidiu focar em quatro personagens, sendo dois pares de irmãos de duas famílias. Todos se conheciam e tinham em comum a esposa adúltera de um desses personagens. Cada episódio detalha uma versão que indicaria um deles como culpado. Pela carreira do diretor e a história intrigante, eu esperava algo melhor.

O Estranho que Nós Amamos

 

O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled, EUA, 1971) – Nota 7
Direção – Don Siegel
Elenco – Clint Eastwood, Geraldine Page, Elizabeth Hartman, Jo Ann Harris, Pamelyn Ferdin.

Durante a Guerra Civil Americana, um soldado da União que está ferido (Clint Eastwood) consegue abrigo em um internato para moças que ficam em uma região dominada pelos Confederados. Enquanto se recupera, sua presença mexe com as garotas, que se sentem atraídas pelo forasteiro. 

Especialista em westerns e filmes policiais, além da clássica ficção “Vampiros de Almas”, o diretor Don Siegel realizou aqui o filme mais diferente de sua carreira e da parceria com o astro Clint Eastwood. 

Mesmo com a Guerra Civil como pano de fundo, o foco principal é o drama psicológico sobre a relação que se cria entre o protagonista e as quatro mulheres de idades diversas que se sentem solitárias vivendo no internato. 

Por ser diferente do que era esperado na época, o filme fracassou, porém com o passar do tempo foi se tornando quase cult. O filme ganhou uma nova versão em 2017 dirigida por Sofia Coppola e protagonizada por Colin Farrell e Nicole Kidman.

Bugonia

 

Bugonia (Bugonia, Irlanda / Inglaterra / Canadá / Coreia do Sul / EUA, 2025) – Nota 5,5
Direção – Yorgos Lanthimos
Elenco – Emma Stone, Jesse Plemons, Aidan Delbis, J. Carmen Galindez Barrera.

Dois amigos (Jesse Plemons e Aidan Delbis) acreditam que uma grande empresária (Emma Stone) seria na verdade uma alienígena que utiliza sua posição para destruir o planeta. 

Este longa é um refilmagem da produção sul-coreana de 2003 chamada “Save the Green Planet”. Não vi esse filme para poder comparar. 

Essa versão do grego Yorgo Lanthimos segue o estranho estilo do diretor que utiliza personagens peculiares, narrativa lenta e situações incomuns. Por mais que as atuações de Emma Stone e Jesse Plemons sejam ótimas e a resposta no final seja no mínimo curiosa, é um estilo que não me agrada.

The Baltimorons

 

The Baltimorons (The Baltimorons, EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Jay Duplass
Elenco – Michael Strassner, Liz Larsen, Olivia Luccardi, Rob Phoenix.

Na véspera de Natal, Cliff (Michael Strassner) sofre um pequeno acidente e precisa encontrar rapidamente uma dentista. Ele deixa sua noiva na casa dos pais dela e consegue ser atendido por Didi (Liz Larsen). O que seria apenas um consulta, se transforma em uma longa jornada em que a dupla se envolve em situações curiosas e conversa sobre a vida, seus relacionamentos e suas frustrações. 

Este filme independente produzido pelos irmãos Duplass e dirigido por Jay segue o estilo de obras que misturam drama e comédia através de personagens comuns que tem seus caminhos cruzados pelo destino criando uma inusitada relação. As várias sequências nas ruas de Baltimore, a melancolia da cidade vazia na véspera de Natal e a ótima química entre a dupla principal vão agradar muito quem gosta do estilo.

Plano em Família 2

 

Plano em Família 2 (The Family Plan 2, EUA / Inglaterra, 2025) – Nota 5,5
Direção – Simon Cellan Jones
Elenco – Mark Wahlberg, Michelle Monaghan, Kit Harington, Zoe Colletti, Van Crosby, Peter Lindsey, Theodore Lindsey, Reda Elazour, Sidse Babett Knudsen, Sanjeev Bhaskar.

Após sua família descobrir seu passado de assassino profissional, Dan Morgan (Mark Wahlberg) conseguiu colocar a vida nos trilhos e montou uma empresa de segurança patrimonial. Ao negociar um contrato de trabalho em Londres, Dan leva toda sua família para passar o Natal, sem imaginar que o passado voltará a atormentá-lo. 

Esse é o terceiro longa seguido da parceria entre o astro Mark Wahlberg e o diretor inglês Simon Cellan Jones. Em 2023 eles fizeram o divertido “Plano em Família” e no ano passado a sensível aventura “Uma Prova de Coragem”, mas infelizmente essa sequência do primeiro deixa muito a desejar. 

A história é reciclada do filme original, o vilão tem uma ligação forte com o protagonista assim como no anterior e as sequências de ação apesar de agitadas não tem o mesma originalidade do primeiro filme. As piadas sobre família se repetem, resultando em um filme genérico que não apresenta nada de novo.

Nove Corpos em um Necrotério Mexicano

 

Nove Corpos em um Necrotério Mexicano (Nine Bodies in a Mexican Morgue, Inglaterra, 2025) – Nota 7
Direção – Viviane Andereggen & Brian O’Malley
Elenco – Eric McCormack, David Ajala, Lydia Wilson, Jan Le, Adam Long, Siobhan McSweeney, Olafur Darri Olafsson, Peter Gadiot, Carolina Guerra, Deborah Ayorinde.

Uma pequeno avião com piloto, comissária de bordo e oito passageiros sofre uma pane e cai em uma floresta no México. Enquanto os sobreviventes esperam pelo resgate, assassinatos começam a ocorrer, causando paranoia e conflitos. 

Esta minissérie em seis episódios lembra as histórias de Agatha Christie em que o leitor ou espectador tenta descobrir quem é o assassino. A narrativa é ágil, os diálogos são cínicos e divertidos, assim com as locações ajudam a criar suspense e aumentar a tensão entre os personagens. 

A minissérie tem sequências de violência interessantes e algumas reviravoltas. Os personagens peculiares também são destaque. Mesmo com alguns exageros no episódio final e uma revelação nem tão surpreendente, a minissérie vai agradar quem gosta do gênero e de uma diversão descompromissada.

Anjo Decadente, Em Defesa da Honra & Escândalos em Família

 

Anjo Decadente (Descending Angel, EUA, 1999) – Nota 6
Direção – Jeremy Paul Kagan
Elenco – George C. Scott, Diane Lane, Eric Roberts, Mark Margolis, Amy Aquino, Vyto Ruginis, Richard Jenkins, Jan Rubes.

Michael (Eric Roberts) fica noivo da bela Irina (Diane Lane) e pouco tempo depois de conhecer seu sogro romeno Florian (George C. Scott), ele passa a desconfiar que o sujeito tenha colaborado com os nazistas como guarda em um campo de concentração. 

Esse longa produzido pela HBO e dirigido por Jeremy Paul Kagan, especialista em trabalhos para a TV, explora uma trama que já vimos em outros filmes sobre um nazista que tenta esconder sua verdadeira identidade para seguir uma nova vida. A tensão crescente da primeira parte aos poucos se perde em meio a soluções forçadas na parte final, quando a trama se volta aos clichês comuns dos filmes de suspense.

Em Defesa da Honra ou Resgate da Família (Country Justice, EUA, 1996) – Nota 6
Direção – Graeme Campbell
Elenco – George C. Scott, Rachael Leigh Cook, Ally Sheedy, Don Diamont.

Uma jovem (Rachael Leigh Cook) vai morar com o avô (George C. Scott) em uma cidade do interior e termina atacada por um sujeito que a princípio se mostrava normal. O fato leva o avô a tentar proteger sua neta e buscar justiça de todas as formas. 

Esta produção para tv lembra um episódio de séries como “Law & Order: SVU”, porém utilizando o avô da vítima como protagonista. O roteiro coloca em discussão a difícil missão de provar a culpa nesse tipo de crime e também a questão da justiça com as próprias mãos. Destaque a atuação do sempre marcante George C. Scott.

Escândalos em Família ou A Escolha (Choices, EUA / Canadá, 1986) – Nota 5
Direção – David Lowell Rich
Elenco – George C. Scott, Jacqueline Bisset, Melissa Gilbert.

Terry (Melissa Gilbert) é um jovem universitária que ao descobrir que está grávida, tenta esconder a situação do pai (George C. Scott) que é um juiz, pois ela pensa em abortar. Ela consegue apoio da madrasta (Jacqueline Bisset), mas precisará se acertar com o pai. 

Este longa produzido para a tv tentava explorar o sucesso na época da atriz Melissa Gilbert que trabalhava na famosa série “Os Pioneiros” (Little House on the Prairie) e também colocar em discussão a polêmica questão do aborto, porém de uma forma rasa que em momento algum empolga.

Homo Argentum

 

Homo Argentum (Homo Argentum, Argentina, 2025) – Nota 7,5
Direção – Mariano Cohn & Gaston Duprat
Elenco – Guillermo Francella, Eva De Dominici, Giulia Brancato, Migue Granados.

O ótimo ator Guillermo Francella interpreta dezesseis personagens em pequenas histórias que a dupla de diretores Mariano Cohen e Gaston Duprat considera como típicos argentinos, mas que são bem parecidos com homens de qualquer país latino. 

Um dos grandes acertos é fazer com que as histórias não sejam irregulares na comparação entre elas. Em todas o espectador vai rir de situações comuns na vida das pessoas e também de temas atuais. Até mesmo as histórias mais curtas são divertidas, como a do presidente da república e a do narrador de futebol. 

Guillermo Francella dá um show criando personagens extremamente diferentes entre si, ajudado também pelas caracterizações peculiares. O resultado é mais um ótimo filme do competente cinema argentino.

Um Completo Desconhecido

 

Um Completo Desconhecido (A Complete Unknown, EUA, 2024) – Nota 7,5
Direção – James Mangold
Elenco – Timothée Chalamet, Edward Norton, Monica Barbaro, Elle Fanning, Dan Fogler, Scoot McNairy, Boyd Holbrook, Eriko Hatsune, Norbert Leo Butz, P.J. Byrne, Charlie Tahan, Will Harrison,

Este longa detalha os quatro primeiros anos de carreira de Bob Dylan (Timothée Chalamet), desde a sua chegada em Nova York em 1961, até sua última participação no festival de música Folk em Newport em 1965. 

O roteiro mostra como Dylan foi criando nesse período um personagem complicado, que junto com um enorme talento também demonstrou um ego do mesmo tamanho entrando em conflito com pessoas que o ajudaram e que gostavam dele, como o músico folk Pete Seeger (Edward Norton), sua namorada Sylvie (Elle Fanning) e a cantora Joan Baez (Monica Barbaro), com quem teve uma relação conturbada. 

A atuação arrogante de Timothée Chalamet é perfeita, assim como as ótimas sequências musicais. Não é um filme de surpresas sobre a vida do cantor, pelo contrário, ele apenas confirma sua personalidade complicada.

Zátopek

     

Zátopek (Zátopek, República Tcheca / Eslováquia, 2021) – Nota 8
Direção – David Ondricek
Elenco – Vaclav Neuzil, Martha Issová, James Frecheville, Robert Miklus, Jiri Simek, Milan Mikucik.

Emil Zátopek (Vaclav Neuzil) é considerado até hoje como o maior atleta da antiga Tchecoslováquia, país dividido hoje em República Tcheca e Eslováquia. Conhecido como a “Locomotiva Humana”, Zátopek ganhou quatro medalhas de ouro e uma de prata em duas Olimpíadas, tenho vencido os cinco mil metros, dez mil metros e a maratona em Helsinque na Finlândia em 1952, feito que até hoje atleta algum conseguir igualar. 

Este ótimo longa detalha a vida de Zátopek em duas narrativas paralelas. Uma se passa em 1968 quando o corredor australiano Ron Clarke (James Frecheville) viaja até Praga para visitar Zátopek, que era seu amigo e uma espécie de mentor. A segunda narrativa detalha a carreira do atleta desde o início, que por sinal começou por acaso, até a glória em Helsinque, incluindo seu relacionamento com a também campeã Olímpica Dana Zátopkova (Martha Issová). 

O filme tem uma boa reconstituição de época, ótimas sequências de corrida e detalha uma série de situações na vida do campeão, incluindo questões políticas. É um ótimo longa que vai além do esporte, mostrando um personagem de uma enorme importância no contexto de um país que sofria com a opressão do regime comunista.

Coração de Lutador - The Smashing Machine

 

Coração de Lutador – The Smashing Machine (The Smashing Machine, EUA / Japão / Canadá, 2025) – Nota 5,5
Direção – Benny Safdie
Elenco – Dwayne Johnson, Emily Blunt, Ryan Bader, Bas Ruten, Oleksandr Usyk.

Este longa escrito e dirigido por Benny Safdie, agora com carreira separada do irmão Josh Safdie, foca no período de 1997 até 2000 na vida do lutador de UFC Mark Kerr (Dwayne Johnson) com um estilo quase documental e um roteiro que detalha basicamente quatro pontos. 

As lutas de Mark Kerr no período, uma complexa negociação incluindo uma série de entrevistas no Japão, sua vida pessoal através do complicado relacionamento com Dawn (Emily Blunt) e os problemas de insegurança que enfrentou fora dos ringues. 

A maquiagem é perfeita ao transformar o astro Dwayne Johnson no protagonista, inclusive com ele entregando uma atuação aceitável. O grande problema do filme é a narrativa lenta e fria que não funciona. Parece que estamos assistindo a um falso documentário que detalha pequenos pedaços da vida do protagonista, sem grande aprofundamento ou emoção. Eu esperava muito mais.

Esquina da Morte & Filhos da Máfia

 

Esquina da Morte (10th & Wolf, EUA, 2007) – Nota 6,5
Direção – Bobby Moresco
Elenco – James Marsden, Giovanni Ribisi, Brad Renfro, Piper Perabo, Dennis Hopper, Brian Dennehy, Lesley Ann Warren, Leo Rossi, Dash Mihok, Tommy Lee, Val Kilmer, Francesco Salvi, John Capodice.

Após servir o exército por alguns anos, Tommy (James Marsden) volta para o Brooklyn em Nova York. Ele reencontra seu irmão (Brad Renfro) trabalhando com seu melhor amigo (Giovanni Ribisi), que lidera um grupo mafioso. Tommy termina se envolvendo em um conflito entre mafiosos e também com o FBI que investiga os dois grupos. 

Este longa explora a habitual trama sobre lealdade entre família e criminosos que leva os personagens a um momento onde as contas precisam ser acertadas. A narrativa tem um bom ritmo, competentes sequências de violência e no geral um história previsível. 

Vale citar que esse foi um dos últimos trabalhos do promissor Brade Renfro, que entregou algumas boas atuações na adolescência, principalmente no ótimo “O Aprendiz” ao lado Ian McKellen. Ele faleceu em 2008 de overdose com apenas vinte e cinco anos de idade.

Filhos da Máfia (Knockaround Guys, EUA, 2001) – Nota 6
Direção – Brian Koppelman & David Levien
Elenco – Barry Pepper, Vin Diesel, Andrew Davoli, Seth Green, John Malkovich, Dennis Hopper, Tom Noonan, Shawn Doyle, Mike Starr, Kevin Gage

Matt (Barry Pepper) é o filho de um mafioso que não consegue levar uma vida normal por conta da “profissão do pai”. Quando seu primo (Seth Green) perde um fortuna em uma negociação frustrada, Matt vê a chance de ser aceito pelo pai se recuperar o dinheiro. Junto com o primo e dois amigos (Andrew Davoli e Vin Diesel), ele segue para uma pequena cidade de Montana em busca dos ladrões. 

Este longa sobre mafiosos mistura violência e comédia que funciona em algumas partes e em outra resulta em situações patéticas. A maior curiosidade do filme é o elenco, que tem Vin Diesel ainda como coadjuvante e os astros veteranos Dennis Hopper e John Malkovich interpretando pai e tio do protagonista vivido por Barry Pepper. O roteiro explora ainda as diferenças culturais entre os aspirantes a mafiosos de Nova York e os criminosos caipiras de Montana.

Uma Batalha Após a Outra

 

Uma Batalha Após a Outra (One Battle After Another, EUA, 2025) – Nota 5
Direção – Paul Thomas Anderson
Elenco – Leonardo DiCaprio, Sean Penn, Teyana Taylor, Benicio Del Toro, Wood Harris, Regina Hall, Tony Goldwyn, James Downey, John Hoogenakker, Kevin Tighe, Chase Infiniti, Alana Haim.

A trama deste longa que é dividido em dois períodos diferentes é praticamente um manifesto para revolucionários que fantasiam transformar o mundo em um lugar melhor, mas que utilizam da violência e das piores atitudes possíveis com um misto de ingenuidade e ignorância, que no final tem como único objetivo real conseguir algum tipo de poder. 

O diretor Paul Thomas Anderson tem ótimos filmes no currículo como “Sangue Negro”, “Magnólia” e “Boogie Nights”, porém aqui a escolha de abraçar a agenda progressista e ainda utilizar personagens caricatos resulta em uma obra que chega ser irritante em vários momentos.É um péssimo exemplo de cinema como doutrinação ideológica

O Cão Preto

 

O Cão Preto (Gouzhen, China, 2024) – Nota 8
Direção – Guan Hu
Elenco – Eddie Peng, Liya Tong, Jia Zhang Ke, You Zhou, Xiaoguang Hu.

Dois meses antes da Olimpíada de Beijing em 2008, Lang (Eddie Peng) retorna para sua cidade natal no interior da China após cumprir dez anos de prisão por assassinato. Tentando retomar sua vida, ele começa a trabalhar com um grupo que recolhe cães abandonados, já que a cidade perdeu muitos moradores e os cães ficaram. Lang termina por criar um laço com um cão preto, que é considerado perigoso pela população. 

Este interessante drama explora vários temas de uma forma sensível. A relação de lealdade dos cães com aqueles que os tratam bem, a difícil reinserção na sociedade de quem cometeu um crime e deseja se regenerar, além da complexa questão política e social na China. 

As garras do Estado destruindo a cidade para construir algo grandioso sem vida e o controle social resultando em corrupção com “agentes” lucrando na caça aos cães e obrigando as pessoas a pagar para não perder seus amigos são exemplos de política estatal opressora. 

O ponto alto é sem dúvida a relação entre o protagonista e o cão preto, que faz Lang descobrir uma nova razão para viver. É um ótimo filme que fica ainda melhor para quem gosta de cães.

Chefes de Estado

 

Chefes de Estado (Heads of State, EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Ilya Naishuller
Elenco – Idris Elba, John Cena, Priyanka Chopra Jonas, Paddy Considine, Carla Gugino, Stephen Root, Jack Quaid, Sarah Niles, Richard Coyle, Alexander Kuznetsov, Katrina Durden, Wade Briggs, Clare Foster, Sharlto Copley.

Sam Clarke (Idris Elba) é o primeiro-ministro britânico, enquanto Will Derringer (John Cena) é um astro de filmes de ação que foi eleito presidente americano. As diferenças de postura e da forma de encarar os cargos são colocadas à prova quando eles precisam se unir para enfrentar um grupo terrorista. 

Este divertido longa acerta em cheio nas explosivas sequências de ação que misturam comédia, violência e exageros aceitáveis para o gênero. Os diálogos são simples, porém funcionam pela ótima química entre Idris Elba e John Cena, que exploram a clássica rotina de cinema da dupla que não se suporta, mas que se tornam parceiros. 

Vale citar ainda coadjuvantes impagáveis como o agente vivido por Jack Quaid e veterano hacker de Stephen Root, tipo de papel que normalmente é dado para alguém jovem ou para um personagem nerd. É um filme que tem tudo para ter uma sequência.

Tempo de Guerra

 

Tempo de Guerra (Warfare, EUA / Inglaterra, 2025) – Nota 7,5
Direção – Alex Garland & Ray Mendoza
Elenco – Will Poulter, Cosmo Jarvis, D’Pharaoh Woon-A-Tai, Joseph Quinn, Charles Melton, Michael Gandolfini, Finn Bennett, Noah Centineo.

Durante a Guerra do Iraque, um grupo de soldados americanos fica encurralado em uma casa cercada por inimigos. Enquanto esperam reforços, eles precisam lutar para sobreviver e cuidar dos feridos. 

Este longa é baseado nas memórias do Navy Seals aposentado Ray Mendoza, que escreveu o roteiro e assinou a direção em parceria com Alex Garland, este último responsável por filmes conhecidos como “Ex Machina: Instinto Artificial” e “Guerra Civil”. 

Esse “Tempo de Guerra” é curto e se passa praticamente todo dentro da casa onde estão os soldados. São várias sequências de ação, muito sangue e uma grande dose de sofrimento. Em vários momentos o filme se volta mais para o drama dos soldados feridos do que para o confronto com os inimigos. Essa dose extra de tensão resulta em um filme bastante pesado, que com certeza chegou perto ao que ocorre em um conflito real.

A Amizade Mora do Lado

 

A Amizade Mora ao Lado (Einvera, Islândia / Eslováquia, 2023) – Nota 7
Direção – Ninna Palmadottir
Elenco – Prostur Leo Gunnarsson, Hermann Samuelsson, Anna Gundis Gudmundsdottir, Hjortur Johann Jonsson.

Após ter sua fazenda desapropriada pelo governo para construção de uma barragem, o solitário Gunnar (Prostur Leo Gunnarsson) utiliza o dinheiro para compra de um pequeno apartamento na cidade. Acostumado com a vida na fazenda isolada e agora sem ter o que fazer, Gunnar encontra um alento na amizade com o filho de um casal de vizinhos que estão separados. 

Este longa com a curta duração de setenta e três minutos entrega uma trama simples que é ao mesmo tempo sensível e dolorosa. O protagonista de poucas palavras e uma certa ingenuidade tem o desafio de enfrentar um nova vida longe do que gostava, sentindo provavelmente pela primeira vez o vazio da solidão.

Um Homem Contra a Máfia

 

Um Homem Contra a Máfia (Il Delitto Mattarella, Itália, 2020) – Nota 6
Direção – Aurelio Grimaldi
Elenco – David Coco, Donatella Finocchiaro, Claudio Castrogiovanni, Francesco Di Leva, Tuccio Musumeci.

Em 1980, o presidente da região da Sicília chamado Piersanti Mattarella (David Coco) foi assassinado na frente de sua família. O roteiro escrito pelo diretor Aurelio Grimaldi é baseado em um fato real detalhando os meses anteriores ao crime e as consequências da investigação. 

É uma trama bastante confusa envolvendo a máfia siciliana, políticos corruptos, o partido comunista italiano e agentes do governo. Para quem não tem conhecimento algum do assunto, a história fica ainda mais complicada de ser entendida, principalmente pelas entrelinhas ligadas a diversos personagens conhecidos da política italiana e também do mundo do crime. Os créditos finais explicam o destino de cada personagem.

O Telefone Preto 2

 

O Telefone Preto 2 (Black Phone 2, EUA / Canadá, 2025) – Nota 6,5
Direção – Scott Derrickson
Elenco – Mason Thames, Madeleine McGraw, Jeremy Davies, Ethan Hawke, Demian Bichir, Miguel Mora, Arianna Rivas, James Ransone, Anna Lore.

Denver, Colorado, 1982. Agora adolescentes, os irmãos Finn (Mason Thames) e Gwen (Madeleine McGraw) voltam a ser assombrados por sonhos e por ligações do além através do sinistro telefone preto. Ao descobrirem uma ligação de sua falecida mãe (Anna Leore) com o desaparecimento de crianças em um acampamento nos anos cinquenta, os irmãos decidem visitar o local em busca de respostas. 

Essa sequência do filme de 2022 tem o foco mais para voltado o terror e o gore, deixando o suspense clássico em segundo plano. As imagens granuladas nas sequências dos sonhos é um acerto, assim como as locações geladas no acampamento da montanha. A história tem algumas surpresas, mas mesmo assim o resultado é apenas correto.

Code 3

 

Code 3 (Code 3, EUA, 2025) – Nota 7,5
Direção – Christopher Leone
Elenco – Rainn Wilson, Lil Rel Howery, Aimee Carrero, Rob Riggle, Yvette Nicole Brown, Xolo Maridueña.

Randy (Rainn Wilson) é um veterano paramédico prestes a pedir demissão. No que seria seu último dia de trabalho ao lado do parceiro Mike (Lil Rel Howery), Randy precisa ainda treinar a novata Jessica (Aimee Carrero). O turno de vinte e quatro horas resulta em uma série de situações limites que mostram a dura vida de um paramédico. 

Este longa segue a linha do esquecido “Vivendo no Limite” de Martin Scorsese e do recente “Asphalt City", porém com uma narrativa mais leve e pitadas de comédia intercaladas com sequências mais sérias. 

Destaque para a atuação explosiva, cínica e ao mesmo tempo sensível do ótimo Rainn Wilson e para os vários casos atendidos pelos paramédicos. O resultado é um filme que entrega mais do que promete.

O Misterioso Caso do Homem Sem Coração

 

O Misterioso Caso do Homem Sem Coração (The Man Without a Heart, Espanha, 2024) – Nota 7
Direção – Jorge Valcarcel
Documentário

Em 2005, o corpo do espanhol Miguel Angel Martinez Santamaria foi encontrado sem vida preso entre duas pedras dentro de um rio em uma cidade do interior da Suécia. A princípio o caso foi tratado como um provável suicídio, porém quando o corpo foi levado para ser sepultado na Inglaterra, país em que ele morava, sua família descobriu pela autópsia que o corpo estava sem coração. O fato dá início a uma luta da família que dura até hoje para descobrir o que realmente aconteceu. 

Na frente dessa luta está Blanca Martinez, a destemida irmã de Miguel, que com ajuda de um jornalista chamado Ferran Barber tenta conseguir respostas das autoridades suecas que parecem não se importar com o que realmente aconteceu, ou quem sabe, não tem interesse em chegar a verdade. 

Para quem tem interesse em crimes verdadeiros sem solução, este documentário em dois episódios é bastante interessante.

The Vortex

 

The Vortex (The Vortex, EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Richard Zelniker
Elenco – Billy Gardel, Jaina Lee Ortiz, Christopher Titus, Jamie McShane, Azita Ghanizada, Emily Alabi, Nick Gomez, Jeremy Luke.

Essa interessante mistura de drama e comédia começa citando que em 1980 ocorreu um incêndio no hotel cassino da MGM em Las Vegas matando dezenas de pessoas e deixando centenas de feriados. 

A história acontece nesse mesmo dia, quando o comediante Pete (Billy Gardel), que após se apresentar em um cassino decide passar algumas horas jogando em um caça-níquel, mesmo tendo diversas dívidas. Durante esse período, vários personagens entram na mesma sala e tem as mais variadas conversas com Pete. 

Com quase todo o filme se passando nessa sala, o diretor Richard Zelniker consegue prender a atenção do espectador através dos diálogos e da melancolia contida do protagonista, que por sinal rende uma bela atuação do comediante Billy Gardel. Famoso pela sitcom “Mike & Molly”, aqui ele está irreconhecível após perder quase setenta quilos. 

O resultado é um sensível e também simpatico filme independente que vai agradar quem gosta do estilo.

Relay - Contrato Perigoso

 

Relay – Contrato Perigoso (Relay, EUA, 2025) – Nota 7,5
Direção – David Mackenzie
Elenco – Riz Ahmed, Lily James, Sam Worthington, Willa Fitzgerald, Eisa Davis, Jared Abrahamson, Pun Bandhu, Matthew Maher, Victor Garber.

Sarah (Lily James) é uma ex-funcionária de um multinacional que tem em seu poder documentos incriminando a empresa. Com medo de perder a vida, ela deseja devolver os documentos, mas para isso contrata um desconhecido (Riz Ahmed) indicado por ser um especialista nessas situações, inclusive conseguindo dinheiro por esses acertos. 

Este competente longa de suspense com pitadas de ação tem algumas escolhas criativas. Durante quarenta e cinco minutos, o espectador fica em dúvida se o misterioso personagem de Riz Ahmed sabe falar, pois ele não diz palavra alguma nesse período. 

As armações extremamente criativas montadas pelo protagonista são outro destaque ao utilizar tecnologia e estratégia. Vale citar ainda a reviravolta na parte final, que não chega a ser tão surpreendente, mas funciona. No geral é um que vai agradar quem gosta do gênero.

1985

 

1985 (1985, Bélgica, 2023) – Nota 8
Direção – Wouter Bouvijn
Elenco – Tijmen Govaerts, Aimé Claeys, Mona Mina Leon, Peter Van den Begin, Tom Vermeir, Roda Fawaz, Guillaume Kerbusch, Yoann Blanc, Titus De Voogdt, Ruth Becquart.

Entre 1982 e 1985, uma série de assaltos extramemente violentos assustaram a população belga. Vinte e oito pessoas foram assassinadas somente por estarem no caminho de um grupo que ficou conhecido como “Os Assassinos de Brabante”. 

Esta minissérie em oito episódios detalha os fatos e os bastidores das investigações de forma cronológica, misturando personagens reais com fictícios e entregando o que seria o mais próximo da verdadeira história, que até hoje não foi solucionada. 

O trio de protagonistas são personagens criados para a minissérie e que fazem a ligação da história. Dois jovens amigos (Tijmen Govaerts e Aimé Claeys) se tornam policiais e rapidamente se envolvem em lados opostos dentro da corporação. 

O terceiro elo é a irmã de um desses personagens (Mona Mina Leon), que estuda Direito na universidade e que precisa lidar com os protestos dos colegas contra a polícia. Outro personagem importante e nesse caso real, é o Capitão Vernaillen (Peter Van den Begin), que sofre um atentado, mas mesmo assim dedica sua carreira a tentar resolver os assassinatos. 

A teoria sobre os crimes é extremamente complexa, envolvendo política e uma série de personagens corruptos. O resultado é uma ótima minissérie repleta de tensão, violência e segredos.

Eddington

 

Eddington (Eddington, EUA / Inglaterra / Finlândia, 2025) – Nota 5,5
Direção – Ari Aster
Elenco – Joaquin Phoenix, Pedro Pascal, Emma Stone, Deirdre O’Connell, Micheal Ward, Cameron Mann, Matt Gomez Hidaka, Luke Grimes, Amélie Hoeferle, Clifton Collins Jr., William Belleau, Austin Butler, King Orba, Rachel de la Torre.

Maio de 2020. Em meio a pandemia na pequena cidade de Eddington no Nova México, o xerife Joe (Joaquin Phoenix) entra em conflito com o prefeito Ted (Pedro Pascal), lança sua candidatura ao cargo e dá início a uma série de situações bizarras que afetarão também as pessoas ao redor. 

O cinema do diretor e roteirista Ari Aster é no mínimo incomum. Seus três longas anteriores seguem esse estilo que as vezes deixa o espectador sem entender qual o objetivo da história nas entrelinhas. 

Esse “Eddington” parece chutar para todos os lados. No início lembra os personagens peculiares dos filmes dos irmãos Cohen, depois insere diversos diálogos com temas que criam conflitos políticos e sociais que explodiram durante a pandemia, para na parte final se transformar em um western amalucado. 

A impressão é que ele tentou criticar as ideologias políticas no todo, resultando em uma obra em que nada tem sentido e o absurdo se torna o ponto principal.

Eleanor the Great

Eleanor the Great (Eleanor the Great, EUA, 2025) – Nota 6
Direção – Scarlett Johansson
Elenco – June Squibb, Erin Kellyman, Chiwetel Ejiofor, Jessica Hecht, Rita Zohar, Will Price, Stephen Singer.

Após muitos anos dividindo um apartamento com Bessie (Rita Zohar) em um condomínio para idosos, Eleanor (June Squib) fica sozinha com a morte da amiga. Obrigada a morar com a filha (Jessica Hecht) e o neto (Will Price) em Nova York, Eleanor decide usar a história de vida da falecida amiga, que sobreviveu ao Holocausto, para fazer amigos em uma reunião de terceira idade. A mentira cresce e Eleanor não sabe o que fazer. 

Este longa que marca a estreia da atriz Scarlett Johansson na direção tem uma história bastante previsível, com algumas sequências de emoção razoáveis e como único grande destaque a atuação da veteraníssima June Squibb. Ela que começou a carreira com sessenta anos de idade, vem mostrando talento em personagens ranzinzas e com senso de humor apurado. Aos noventa e quatro anos idade, ela entrega uma ótima atuação, que salva o filme.

Explosão no Trem-Bala

 

Explosão no Trem-Bala (Shinkansen Daibakuha, Japão, 2025) – Nota 7
Direção – Shinji Higuchi
Elenco – Tsuyoshi Kusanagi, Kanata Hosoda, Non, Jun Kaname, Machiko Ono, Hana Toyoshima.

Um terrorista explode um trem de carga e avisa as autoridades que colocou outra bomba em um trem-bala repleto de passageiros com destino a Tóquio. Ele diz que se o trem diminuir a velocidade para menos de 100km/h, a bomba será detonada automaticamente. É o início de uma luta contra o tempo para tentar salvar os passageiros. 

Este longa é uma mistura de uma nova versão e sequência da produção japonesa de 1975 chamada “Trem-Bala”, que por sinal foi a inspiração para o eletrizante “Velocidade Máxima” com Keanu Reeve”. Nesta versão atual é citado nos diálogos o que ocorreu no filme de 1975 criando uma ligação direta no roteiro. 

O filme tem um ritmo ágil, sequências de suspense competentes, personagens típicos deste tipo de história e alguns exageros, algo também comum ao gênero. A escolha de esconder a identidade do terrorista até próximo ao final é uma boa sacada, mas por outro lado, a surpresa da revelação também passa um pouco do limite do que seria normal.

Rapaces

 

Rapaces (Rapaces, França, 2025) – Nota 6,5
Direção – Peter Dourountzis
Elenco – Sami Bouajila, Mallory Wanecque, Jean Pierre Darroussin, Valperie Donzelli, Stefan Crepon, Andréas Bescond.

Samuel (Sami Bouajila) é um veterano repórter de uma revista sensacionalista que ao lado da filha Ava (Mallory Wanecque), que está iniciando na carreira, ao investigar o caso do assassinato de uma garota descobre pistas que levam a outro crime semelhante ocorrido tempos atrás. 

Esta mistura de drama, policial e suspense tem uma interessante premissa investigativa que perde um pouco a força pela narrativa que demora a engrenar. O ponto alto é a parte final com uma longa e extremamente tensa sequência que começa em um restaurante. 

Vale citar também a inusitada forma de comunicação utilizada pelo protagonista para investigar o caso, que seria também a forma como as vítimas foram abordadas. É um filme mediano que prende atenção, mesmo com a narrativa irregular.

Aquilo que Você Deseja

 

Aquilo que Você Deseja (What You Wish For, EUA, 2023) – Nota 6
Direção – Nicholas Tomnay
Elenco – Nick Stahl, Tamsin Topolski, Randy Vazquez, Penelope Mitchell, Juan Carlos Messier, Brian Groh, Ariel Serra, David Tominaga.

Ryan (Nick Stahl) é um chef que viaja para um país indeterminado da América Latina para reencontrar um antigo companheiro de profissão. Logo fica claro que Ryan tem problemas pendentes nos EUA. A chance de resolver a situação surge de uma forma inesperada, também com consequências ainda mais surpreendentes. 

Este longa segue o estilo que está se tornando habitual sobre uma trama que começa como suspense ou policial e que se transforma em algo sinistro e sangrento. A situação em que o protagonista se mete assusta por ser extremamente bizarra, daquelas em que o pior lado do ser humano vem à tona. As locações na vila rural e na belíssima casa na floresta são os destaques, assim como o absurdo da situação detalhada na narrativa.

Conselhos de um Serial Killer Aposentado

 

Conselhos de um Serial Killer Aposentado (Psycho Therapy: The Shallow Tale of a Writer Who Decided to Write About a Serial Killer, EUA / Turquia, 2024) – Nota 7
Direção – Tolga Karaçelik
Elenco – John Magaro, Steve Buscemi, Britt Lower, Ward Horton, Lee Sellars, Nik Sadhnani.

Keane (John Magaro) é um escritor que não consegue terminar seu novo livro e que vive uma crise no casamento com Suzie (Britt Lower). A chance de mudar sua vida surge quando um sujeito (Steve Buscemi) o procura dizendo ser um serial killer aposentado e que deseja ter sua vida transformada em livro. 

Esta divertida comédia ganha pontos pela originalidade da história e pela sequência de situações absurdas. É engraçado ver o sempre ótimo Steve Buscemi interpretando o assassino que aparenta ser um sujeito aparentemente comum e que leva o ingênuo protagonista e a estranha esposa a uma bizarra jornada de crimes e descobertas. 

Não espere sangue jorrando ou suspense, os pontos principais são os diálogos e os personagens. O filme perder apenas alguns pontos pelo final que poderia ser melhor trabalhado.

The North

 

The North (The North, Holanda, 2025) – Nota 5,5
Direção – Bart Schrijver
Elenco – Bart Hader, Carles Pulido.

Após dez anos afastados, os amigos Chris (Barth Hader) e Lluis (Carles Pulido) se reencontram para realizar uma caminhada de vários dias pelas Terras Altas da Escócia. Em meio a cansativa caminhada e algumas noites passadas em barracas, a dupla relembra a juventude, conversa sobre a vida atual e aos poucos se abrem sobre as frustrações que carregam e os problemas que enfrentam. 

Por mais que a premissa seja interessante e as locações abertas rústicas sejam belíssimas, o filme é cansativo por causa da duração e da narrativa irregular. As duas horas e dez minutos parecem bem mais longas, muito pela escolha do diretor em alongar demais algumas sequências. A falta de carisma da dupla de protagonistas também não ajuda. Eu esperava mais.

Cinzas no Paraíso & Gritos de Revolta

 

Cinzas no Paraíso (Days of Heaven, EUA, 1978) – Nota 7,5
Direção – Terrence Malick
Elenco – Richard Gere, Brooke Adams, Sam Shepard, Linda Manz, Stuart Margolin

Durante a Depressão Econômica Americana nos anos trinta, um casal (Richard Gere e Brooke Adams) vaga pelo país sem dinheiro. Ao conseguirem trabalho em uma fazenda, eles percebem que o proprietário (Sam Shepard) que tem uma saúde debilitada e se interessou pela mulher. O casal decide mentir dizendo que são irmãos, com o objetivo de herdar a fazenda acreditando que o homem irá morrer logo. 

O excêntrico diretor Terrence Malick se tornou querido pela crítica com o violento “Terra de Ninguém” de 1973, voltando a dirigir este drama pesado cinco anos depois. Sem explicação, Malick abandonou o cinema por vinte anos, retornando somente em 1998 com o sensacional “Além da Linha Vermelha!”, reiniciando uma carreira repleta de filmes marcantes e incomuns.

Gritos de Revolta (Miles from Home, EUA, 1988) – Nota 5
Direção – Gary Sinise
Elenco – Richard Gere, Kevin Anderson, Penelope Ann Miller, Helen Hunt, Judith Ivey, Laurie Metcalf, Brian Dennehy, John Malkovich.

Frank (Richard Gere) e Terry (Kevin Anderson) são irmãos que herdam uma fazenda repleta de dívidas. Desesperados por estarem prestes a perderem a propriedade, eles colocam fogo no local, fogem e iniciam uma série de roubos a bancos como uma forma de protesto aos juros cobrados nas hipotecas dos fazendeiros. 

Este longa dirigido pelo ótimo ator Gary Sinise parte da premissa equivocada de que os devedores são sempre as vítimas. Essa crítica social rasa, os diálogos ingênuos e a narrativa arrastada resultam em um filme fraco. Nem mesmo as sequências que deveriam ser mais tensas funcionam.

Casa de Dinamite

 

Casa de Dinamite (A House of Dynamite, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Kathryn Bigelow
Elenco – Idris Elba, Rebecca Ferguson, Gabriel Basso, Jared Harris, Tracy Letts, Anthony Ramos, Moses Ingram, Jonah Hayer King, Greta Lee, Jason Clarke, Malachi Beasley, Brian Tee, Willa Fitzgerald, Kaitlyn Dever, Gbenga Akinnagbe, Kyle Allen.

Os órgãos de defesa do governo americano detectam um míssil lançado em direção ao país carregando um artefato nuclear. É o início de uma corrida para tentar descobrir qual país é o responsável pelo lançamento, o que fazer para tentar interceptar o míssil e por fim, se necessário, decidir como revidar o ataque, o que poderia causar uma tragédia global. 

Este longa dirigido pela ótima Kathryn Bigelow, responsável por grandes filmes como "A Hora Mais Escura" e "Guerra ao Terror" e o original "Caçadores de Emoção" explora o tema extremamente atual de como uma potência como os EUA reagiriam a um possível ataque nuclear de um país inimigo. O roteiro detalha como funcionariam as ações dos vários gabinetes do alto escalão do governo americano em um momento de uma crise gigantesca. 

A tensão crescente da narrativa e a escolha de mostrar as reações dos personagens dentro de cada setor são os grandes acertos, principalmente pela forma humana como cada um é retratado. O desespero contido daqueles que percebem o tamanho da tragédia que está por vir, outros que tentam avisar seus familiares a se protegeram, além de ficar claro que mesmo as pessoas mais poderosas de um governo podem ficar abaladas e sem saber o que fazer em um momento desses, ou até mais sucumbir por causa medo. 

É um filme que vai muito além do suspense ao mostrar a vulnerabilidade do ser humano e como o mundo atual está cada vez mais inseguro.

John Candy: I Like Me

 

John Candy: I Like Me (John Candy: I Like Me, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Colin Hanks
Documentário

Trinta anos após sua morte, o ator John Candy é pouco conhecido pela geração atual, que não imagina como este sujeito era querido pelo público nos anos oitenta e noventa. 

Este documentário dirigido por Colin Hanks, filho do astro Tom Hanks que trabalhou com John Candy em “Splash: Uma Sereia em Minha Vida” e em “Voluntários da Fuzarca”, é uma verdadeira homenagem ao ator que nos deixou muito cedo em 1994 com apenas quarenta e três anos. 

Além de detalhar sua carreira que é bastante conhecida por quem viveu na época, o doc apresenta depoimentos emocionantes, como da sua esposa e de seu casal de filhos que eram crianças quando o pai faleceu. 

Outros depoimentos de amigos como Bill Murray, Catherine O’Hara, Dave Thomas, Eugene Levy e vários rostos conhecidos da comédia passam toda a dimensão do ator talentoso e do ser humano adorado por todos que conviveram com ele. 

O depoimento mais surpreendente é do ex-astro mirim Macaulay Culkin, que trabalhou com Candy em “Quem Vê Cara Não Vê Coração” e no clássico “Esqueceram de Mim”. Culkin cita que Candy foi a única pessoa com quem contracenou, que atrás das câmeras demonstrou preocupação com ele que era apenas um criança, percebendo os problemas que Culkin aparentemente já tinha no relacionamento com o pai dominador. Essas falas de Culkin dizem muito sobre os bastidores de Hollywood e sobre o caráter irretocável de John Candy.

Acabe com Eles

 

Acabe com Eles (Bring Them Down, Irlanda / Inglaterra / Bélgica, 2024) – Nota 5,5
Direção – Chris Andrews
Elenco – Christopher Abbott, Barry Keoghan, Colm Meaney, Nora Jane Noone, Paul Ready, Aaron Heffernan, Susan Lynch.

Michael (Christopher Abbott) vive com o pai doente (Colm Meaney) em uma fazenda no interior da Irlanda como pastor de ovelhas. Uma série de desavenças leva Michael a entrar em conflito com pai (Paul Ready) e filho (Barry Keoghan) de uma família vizinha, além de conviver com um terrível segredo referente a uma tragédia no passado. 

Este drama psicológico tem uma premissa até interessante, porém entrega uma narrativa lenta, cansativa e algumas situações violentas patéticas. Mesmo com uma bom elenco e com vários diálogos em gaélico (dialeto irlandês), fica difícil se conectar com os personagens que tomam atitudes estranhas em um mundo que parece fora da realidade. É um filme que eu esperava muito mais.

A Costa do Mosquito & Amor em Chamas

 

A Costa do Mosquito (The Mosquito Coast, EUA, 1986) – Nota 6,5
Direção – Peter Weir
Elenco – Harrison Ford, Helen Mirren, River Phoenix, Martha Plimpton, Dick O'Neill, Conrad Roberts, Andre Gregory, Jason Alexander.

Allie (Harrison Ford) é um inventor que cansado de lutar por suas ideias nos EUA, decide vender tudo e mudar com a família para a América Central. Acreditando que fará seus sonhos se transformarem em realidade, aos poucos as dificuldades da vida no local afeta o psicológico do protagonista. 

Esta estranha mistura de drama e aventura foi o maior fracasso da carreira do diretor australiano Peter Weir, que comandou grandes filmes como “Sociedade dos Poetas Mortos” e “A Testemunha”, este último também protagonizado por Harrison Ford. 

Um dos problemas dessa longa é o roteiro que tenta fazer críticas a vida urbana, as ditaduras latino-americanas e a religião. Essa bagunça se casa com o complicado personagem de Harrison Ford, mas não ajuda no resultado. Vale citar as atuações de Helen Mirren como a esposa devota e River Phoenix interpretando o filho mais velho do casal.

Amor em Chamas (Hanover Street, 1979) – Nota 6
Direção – Peter Hyams
Elenco – Harrison Ford, Lesley Anne Down, Christopher Plummer, Alec McCowen, Richard Masur, Michael Sacks, Patsy Kensit

Em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial, o piloto americano David (Harrison Ford) se envolve com a enfermeira inglesa Margareth (Lesley Anne Down), que é casada. Algum tempo depois em uma missão, David transporta um agente (Christopher Plummer), sem saber que o sujeito é o marido de sua amante. Um acidente obriga os dois a se unirem para tentar sobreviver. 

Este esquecido longa que mistura drama, romance e aventura lembra o estilo dos filmes do gênero dos anos cinquenta e sessenta. Tem uma narrativa irregular, algumas razoáveis sequências aéreas e um romance quase piegas.

O Frio da Morte

 

O Frio da Morte (Dead of Winter, Alemanha / Canadá / EUA, 2025) – Nota 5
Direção – Brian Kirk
Elenco – Emma Thompson, Judy Greer, Marc Menchaca, Laurel Marsden, Gaia Wise, Cuan Hosty Blaney, Brian F. O’Byrne, Dalton Leeb.

Barb (Emma Thompson) é uma viúva que decide voltar a um lago congelado em Minnesota, local do primeiro encontro com seu falecido marido trinta anos atrás. A viagem de recordações se transforma em pesadelo quando ela descobre que uma adolescente foi sequestrada por um casal, que utiliza uma cabana como cativeiro. 

Este longa de suspense é no mínimo estranho. Ele tem sequências de ação mal filmadas com atrizes que estão completamente deslocadas, além de ter um personagem masculino totalmente patético e uma motivação absurda para o crime. 

A ideia também de explorar a história de amor da protagonista em flashbacks é outra escolha que não se casa com a proposta de suspense. O único destaque deste filme equivocado são as belas locações na região coberta de neve e gelo.

Invocação do Mal 4: O Último Ritual

 

Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites, EUA / Inglaterra / Canadá, 2025) – Nota 6,5
Direção – Michael Chaves
Elenco – Patrick Wilson, Vera Farmiga, Mia Tomlison, Ben Hardy, Steve Coulter, Rebecca Calder, Elliott Cowan, Beau Gadsdon, Kila Lord Cassidy, Lili Taylor.

Um prólogo mostra o casal Warren em 1964 enfrentando um demônio escondido em um sinistro espelho que quase causa a morte do bebê que Lorraine está esperando. 

O filme pula para 1986, quando eles desistiram de investigar casos sobrenaturais, mas são praticamente obrigados a voltar para ativa por conta de um caso em que uma família sofre com o mesmo demônio de 1964, além da filha dos Warren também demonstrar um poder sensitivo. 

Este que provavelmente será o último longa da franquia, novamente utiliza um caso real como inspiração, mas perde pontos por não trazer novidades e pela narrativa irregular por conta da longa duração. A história perde tempo em situações repetidas levando até um final totalmente previsível, mesmo sendo a melhor parte do filme. 

Os dois primeiros filmes dirigidos por James Wan são bem superiores aos dois longas finais comandados por Michael Chaves.

God Complex – A Ascensão da Máquina de Censura Americana

 

God Complex – A Ascensão da Máquina de Censura Americana (Brasil, 2025) – Nota 8
Direção – Henrique Viana
Documentário

Este documentário do Brasil Paralelo detalha como a expansão da internet e o crescimento absurdo das mídias sociais nos últimos quinze anos foram transformados de um campo de liberdade de expressão para um emaranhado de burocracias e narrativas utilizadas por governos para calar a voz da população. 

O doc apresenta depoimentos de diversas pessoas influentes que defendem a liberdade de expressão e que em algum momento foram censuradas por divulgarem conteúdos diversos, mas sempre por serem opiniões contrárias ao governo ou aos interesses de políticos e grandes corporações. 

O organograma montado pelo governo americano que criou diversos departamentos e financiou organizações para calar e perseguir opiniões dissonantes é explicado em detalhes, inclusive com exemplos de narrativas criadas para destruir a reputação dos opositores. 

Hoje, com um novo governo nos EUA, essa estrutura está sendo combatida e em parte desmontada. Agora resta esperar se a liberdade de expressão voltará a ser tornar um dos pilares do verdadeiro mundo democrático.

Steve

 

Steve (Steve, Irlanda / Inglaterra, 2025) – Nota 7
Direção – Tim Mielants
Elenco – Cillian Murphy, Tracey Ullman, Emily Watson, Jay Licurgo, Roger Allam.

Steve (Cillian Murphy) é o administrador de um projeto que tem o objetivo de ressocializar jovens infratores através da educação. Em um determinado dia, Steve terá de lidar com diversas situações que beiram o limite em meio ao caos que reina no local. 

É difícil saber se era a intenção do diretor Tim Mielants, mas este drama mostra como é quase impossível lidar com jovens infratores que normalmente carregam traumas vindos de uma família desestruturada. 

O protagonista vivido por Cillian Murphy e as pessoas que trabalham com ele no projeto são o oposto do que habitualmente é mostrado neste tipo de filme. Eles são duros e ao mesmo tempo compreensivos, conversam e tentam fazer com que os garotos demonstrem o mínimo de respeito pelos colegas, mas com pouco resultado. 

A ideia da câmera na mão aumenta a sensação de agitação, assim como a sequência quase surreal em que ela gira pelo sala dos administradores e pelo campinho de futebol simbolizando o caos que toma conta daquele local. 

É um filme sobre uma dura realidade que piora a cada dia como resultado da desestruturação das famílias.

Herege

 

Herege (Heretic, EUA / Canadá, 2024) – Nota 7
Direção – Scott Beck & Bryan Woods
Elenco – Hugh Grant, Sophie Thatcher, Chloe East, Topher Grace, Elle Young.

Duas jovens missionárias (Sophie Thatcher e Chloe East) visitam pessoas que em algum momento demonstraram interesse pela Igreja que elas pertencem. Ao chegar em um enorme casa em um local isolado, elas são recebidas pelo simpático Mr. Reed (Hugh Grant), sem imaginar que o objetivo do sujeito é bem diferente de uma conversão religiosa. 

Este interessante longa produzido pela A24 tem as virtudes e os defeitos comuns das obras da empresa. Os dois primeiros terços são intrigantes, com ótimas discussões sobre religião, um clima de tragédia e o medo estampado no rosto das garotas. Na parte final, o terror vem à tona com algumas sequências bizarras e soluções comuns ao gênero. Mesmo assim, é um filme que prende a atenção e que faz pensar sobre religião e manipulação de pessoas.

Sobrevivendo à Queda dos Black Hawks

 

Sobrevivendo à Queda dos Black Hawks (Surviving Black Hawk Down, EUA, 2025) – Nota 7,5
Direção – Sam Hobkinson & Jack Macinnes
Documentário

Esta série documental em três episódios detalha a história real do conflito entre soldados americanos e uma milícia somali nas ruas de Mogadiscio em três de outubro de 1993. Essa batalha foi retratada no sensacional “Falcão Negro em Perigo” dirigido por Ridley Scott em 2001. Por sinal, Scott é um dos produtores deste documentário. 

Durante uma missão com o objetivo de prender aliados do revolucionário Mohamed Farah Aidid, um helicóptero Black Hawk é derrubado por milicianos, dando início a uma terrível batalha pelas ruas da cidade, em que uma multidão de somalis armados encurralaram pouco mais de 150 soldados americanos, resultando em uma estimativa de mais de mil mortos, somando os dois lados. 

Um grande acerto do doc é apresentar depoimentos tanto de vários soldados americanos que participaram do conflito, quanto de alguns milicianos somalis e de civis, entre eles um sujeito que com sua câmera registrou diversos momentos daquele dia. 

É um doc bastante doloroso sobre uma terrível batalha.

A Última Parada do Arizona

 

A Última Parada do Arizona (The Last Stop in Yuma County, EUA, 2023) – Nota 7
Direção – Francis Galluppi
Elenco – Jim Cummings, Richard Brake, Jocelin Donahue, Faizon Love, Michael Abbott Jr., Nicholas Logan, Barbara Crampton, Gene Jones, Robin Bartlett, Connor Paolo, Ryan Masson, Sierra McCormick, Jon Proudstar, Sam Huntington, Alex Essoe.

Vários desconhecidos param em um posto de gasolina em uma estrada isolada no condado de Yuma para encher o tanque, mas são obrigados a esperar na lanchonete local a chegada do caminhão que está trazendo combustível. Entre essas pessoas estão dois sujeitos que assaltaram um banco no mesmo dia e que ao serem reconhecidos, tomam os demais como reféns. 

Este longa escrito e dirigido pelo estreante Francis Galluppi tem como inspiração as obras de Quentin Tarantino, que por sinal já renderam diversos filmes semelhantes. São personagens que precisam lidar com uma situação limite tomando decisões no mínimo complicadas, diálogos com pitadas de comédia e as esperadas sequências de violência. O final irônico é outro ponto habitual neste tipo de filme, que prende a atenção e diverte.

A Trama & Amantes e Finanças

 

A Trama (The Parallax View, EUA, 1974) – Nota 7,5
Direção – Alan J. Pakula
Elenco – Warren Beatty, Hume Cronyn, William Daniels, Paula Prentiss, Kenneth Mars, Bill McKinney, Anthony Zerbe.

A jornalista Lee (Paula Prentiss) é testemunha do assassinato de um senador. Quando outras testemunhas morrem de forma misteriosa, Lee fica assustada e pede ajuda ao colega de trabalho Joe (Warren Beatty), que a princípio não acredita em conspiração, mas que aos poucos percebe que existe algo complexo por trás das mortes. 

Este foi o segundo filme do chamado "Cinema da Paranoia" dirigido por Alan J. Pakula, que iniciou no gênero com “Klute, o Passado Condena",  posteriormente comandou outras obras semelhantes como “Todos os Homens do Presidente” e esses dois longas que comento nessa postagem. 

A trama do longa utiliza um jornalista como uma testemunha que não acredita que uma grande conspiração esteja ocorrendo, numa espécie de simbolismo em relação aos anos setenta quando grande parte do povo americano perdeu a confiança no governo após o escândalo de Watergate, que por sinal Pakula filmaria dois anos depois. 

Não espere ação, é um filme com uma narrativa lenta e um clima de tragédia recheado de pessimismo.

Amantes e Finanças (Rollover, EUA, 1981) – Nota 5,5
Direção – Alan J. Pakula
Elenco – Jane Fonda, Kris Kristofferson, Hume Cronyn, Bob Gunton, Martha Plimpton, Josef Sommer.

Lee (Jane Fonda) é a esposa de um banqueiro que morreu de forma misteriosa. Ela é uma estrela de cinema aposentada que para não perder os negócios do falecido marido, se une ao consultor financeiro Hubbell (Kris Kristofferson) para conseguir dinheiro de investidores sauditas, porém sem imaginar que tudo pode fazer parte de um enorme complô para derrubar o sistema econômico mundial. 

Este curioso longa pode ser incluído no que é conhecido como “Cinema da Paranoia”. São filmes sobre conspirações que foram produzidos à partir do final dos anos sessenta, rendendo ótimas obras como “Sob o Dominio do Mal” de John Frankenheimer, “A Conversação” de Francis Ford Coppola e outros filmes do mesmo Alan J. Pakula, que são “Klute, o Passado Condena”, “A Trama” e "Todos os Homens do Presidente". 

Por mais que “Amantes e Finanças” tenha o mesmo contexto da paranoia, o ritmo é mais lento dos que anteriores e a história em momento algum empolga, mesmo com um final que para muitos lembra o que aconteceu com o estouro da “Bolha Imobiliária” nos EUA em 2008. 

É um filme que vale mais como curiosidade.

Não Atire

 

Não Atire (Niet Schieten, Bélgica, 2018) – Nota 8
Direção – Stijn Coninx
Elenco – Jan Decleir, Viviane de Muynck, Mo Bakker, Kes Bakker, Jonas Van Geel, Inge Paulussen, Louis Talpe, Elke Van Mello, Zita Wauters.

Em nove de novembro de 1985, uma quadrilha conhecida como “Os Assassinos de Brabante” assaltam um supermercado deixando uma rastro de mortes, incluindo três membros da mesma família. O avó (Jan Decleir) inicia uma incansável busca por justiça, porém enfrenta o total descaso das autoridades belgas. 

Este dramático e ao mesmo tempo sensível longa é baseado na história real de uma séries de assaltos extremamente violentos cometidos pela mesma gangue entre 1982 e 1985. Um dos grandes mistérios é que os valores roubados eram baixos e em todas as ações eles cometeram assassinatos a sangue frio. 

Este longa utiliza como base o livro escrito por um dos sobreviventes do assalto de 1985, que detalha a luta do seu avô para tentar seguir a vida ao lado da esposa e do próprio autor que era uma criança na época. 

As várias situações enfrentadas pelo avô e o labirinto de burocracia onde claramente existiam forças que não desejavam resolver o caso, resultam neste doloroso longa sobre superação e injustiça.

Abdução Alienígena: Betty e Barney Hill

 

Abdução Alienígena: Betty e Barney Hill (Alien Abduction: Betty & Barney Hill, EUA, 2022) – Nota 6,5
Direção – Discovery Channel
Documentário

Na noite de 19 de setembro de 1961, o casal Betty e Barney Hill voltava de sua lua-de-mel em Niagara Falls quando foram perseguidos por uma nave em uma estrada isolada no meio das montanhas. Eles estacionaram o automóvel para ver o que poderia ser, depois decidiram fugir quando a nave se aproximou.

Tudo ficou mais estranho ao voltarem para casa e perceberem que esquecerem completamente o que ocorreu durante duas horas da viagem, que no total durou seis, quando o normal seriam quatro horas. Intrigados, eles decidem investigar mais e descobrem que podem ter sido abduzidos durante aquele período. 

Este documentário detalha o primeiro caso registrado de abdução alienígena que é considerado real por muitos estudiosos do assunto. O doc apresenta áudios de entrevistas do casal na época e algumas imagens de anos depois, além de vários depoimentos, com o principal sendo da sobrinha do casal que conta detalhes de como o fato afetou a vida de toda família. 

Para quem gosta do assunto, o doc não apresenta surpresas em relação ao que já foi descrito sobre o caso, inclusive com a narrativa ficando até um pouco cansativa por se alongar demais em algumas situações.

13 Bom di Jakarta

 

13 Bom di Jakarta (13 Bom di Jakarta, Indonésia / Coreia do Sul, 20243) – Nota 7
Direção – Angga Dwimas Sasongko
Elenco – Ardhito Pramono, Lutesha, Chicco Kurniawan, Rio Dewanto, Ganindra Bimo, Putri Ayudya, Rukman Rosadi.

Após um ataque terrorista em Jacarta na Indonésia, um grupo assume a responsabilidade e revela que existem outras doze bombas escondidas pela cidade prontas para serem detonadas. Os criminosos exigem um alto valor em bitcoins, fato que leva as autoridades a suspeitaram de uma dupla de programadores que são donos de uma empresa de investimentos. Conforme o tempo passa, a verdade parece ser bem mais complexa do que o pedido dos terroristas.

Este longa tem um início ágil e uma premissa bastante interessante ao misturar terrorismo com dinheiro virtual e tecnologia. O problema é que depois de uns trinta minutos, quando a dupla de nerds entra em cena, a narrativa se torna irregular perdendo tempo com interrogatórios e discussões sobre crimes virtuais. O filme melhora com as sequências de ação na parte final, mas fica claro que a longa duração atrapalha.

Votemos

 

Votemos (Votemos, Espanha, 2025) – Nota 7
Direção – Santiago Requejo
Elenco – Raul Fernandez de Pablo, Clara Lago, Tito Valverde, Gonzalo de Castro, Neus Sanz, Christian Checa, Charo Reina, Pepe Carrasco.

Uma simples reunião de condomínio para aprovar a reforma de um elevador se transforma em uma sucessão de discussões quando um dos moradores informa que está alugando seu apartamento para um colega de trabalho que se recupera de problemas psicológicos. 

Esta divertida mistura de comédia com pitadas de drama retrata perfeitamente como funciona uma reunião de condomínio quando um tema mais complexo vem à tona. A forma educada de como se começa a reunião normalmente escala para discussões acaloradas em que cada participante tenta defender seus interesses, muitos vezes expondo seus defeitos e até seu caráter. 

O roteiro acerta nos bons diálogos, nas pequenas surpresas e no final irônico, daqueles em que algumas pessoas não conseguem entender as consequências gerais após brigar tanto por coisas pequenas.