O Refém - Atentado em Madri

 

O Refém – Atentado em Madri (Todos los Nombres de Dios, Espanha, 2023) – Nota 5,5
Direção – Daniel Calparsoro
Elenco – Luis Tosar, Inma Cuesta, Nourdin Batan, Roberto Enriquez, Antonio Bull.

Santi (Luis Tosar) é um taxista que enfrenta problemas no casamento. Ao deixar um passageiro no aeroporto de Madri, ele escapa de um atentando, porém ao tentar ajudar os feridos, termina dando carona para um dos terroristas que sobreviveu, se tornando refém do sujeito. 

A premissa de colocar um inocente preso a uma situação em que se torna suspeito de algum crime é um dos vários clichês do cinema. Com um bom roteiro, é possível explorar essa tipo de história com qualidade, porém aqui fica difícil até mesmo torcer pelo protagonista, que toma péssimas decisões. 

A sequência do atentado é bem produzida, porém as demais tentativas de criar suspense deixam bastante a desejar. O resultado é um filme bem produzido na parte técnica que se perde em meio a um festival de clichês.

Sob o Silêncio das Águas

 

Sob o Silêncio das Águas (He Bian de Cuo Wu, China, 2024) – Nota 6
Direção – Wei Shujun
Elenco – Yilong Zhu, Chloe Maayanm Tianlai Hou, Ton Linkai, Chunlei Kang.

Interior da China, 1995. O corpo de uma idosa é encontrada na beira de um rio. O detetive Zhe (Yilong Zhu) é pressionado para fechar o caso quando algumas pistas levam a um rapaz conhecido como “Louco”, que vaga pela cidade e era considerado até então inofensivo. Discordando de seu superior, Zhe continua investigando o caso que leva a outras mortes. 

Este curioso drama policial chinês lembra um pouco o sensacional filme sul-coreano “Memórias de um Assassino”, porém com um narrativa bastante lenta e coadjuvante fracos. A ideia de inserir um abalo psicológico no protagonista, que tem em paralelo a esposa grávida, deixa o filme mais confuso do que interessante. Eu vejo com uma premissa intrigante que foi desenvolvida de modo apenas razoável.

Contra o Mundo

 

Contra o Mundo (Boy Kills World, EUA / Alemanha / África do Sul, 2023) – Nota 5,5
Direção – Moritz Mohr
Elenco – Bill Skarsgard, Jessica Rothe, Michelle Dockery, Brett Gelman, Sharlto Copley, Isaiah Mustafa, Yayan Ruhian, Cameron Crovetti, Nichola Crovetti.

Em uma sociedade distópica, Boy é um garoto que teve sua família assassinada e foi “adotado” por um estranho xamã (Yayan Ruhian), que o ensina lutar para sobreviver, mas também o faz passar fome e o enche de drogas alucinógenas. Na vida adulta, Boy (Bill Skarsgard) sai em busca de vingança contra os assassinos de sua família. 

Este longa segue o estilo atual de misturar ação, comédia e muito sangue, utilizando uma linguagem que lembra os quadrinhos. Mesmo com um roteiro que entrega uma grande reviravolta, o filme é basicamente uma diversão absurda indicada para o público jovem que curte o estilo. Para o espectador comum, os diálogos engraçadinhos e as sequências violentas podem parecer vazias e até cansativas.

Tesouro

 

Tesouro (Treasure, Alemanha / França / Polônia / Hungria / EUA, 2024) – Nota 7,5
Direção – Julia von Heinz
Elenco – Lena Dunham, Stephen Fry, Zbigniew Zamachowski, Iwona Bielska, Maria Mamona, Tomasz Wlosok.

Em 1991, Ruth (Lena Dunham) viaja para a Polônia com seu pai Edek (Stephen Fry) com o objetivo de conhecer onde ele nasceu e viveu até 1940 quando foi levado pelos nazistas para o campo de concentração de Auschwitz. A viagem também é uma forma de estreitar os laços entre os dois, colocando em discussão fatos que o pai jamais dividiu com a filha. 

Este longa baseado em uma história real segue o formato comum das obras sobre viagens e relações familiares, muito utilizado em road movies. Por mais que o tema do Holocausto seja pesado, o filme tem uma narrativa até certo ponto leve e com algumas pitadas engraçadas por conta da atuação de Stephen Fry. 

O roteiro também explora de forma rasa a questão social da Polónia logo após o final do comunismo, quando a corrupção ainda estava entranhada na sociedade através de pequenas propinas e a infraestrutura das cidades ainda eram bem precárias. 

É um filme simples, mas que entrega o que promete e principalmente mostra um pouco do sofrimento na vida daqueles que sobreviveram aos campos de concentração.

Eden

 

Eden (Eden, EUA, 2024) – Nota 7,5
Direção – Ron Howard
Elenco – Jude Law, Ana de Armas, Vanessa Kirby, Daniel Bruhl, Sydney Sweeney, Jonathan Tittel, Felix Kammerer, Toby Wallace, Ignacio Gasparini, Richard Roxburgh, Paul Gleeson.

Em 1932, o médico Ritter (Jude Law) e sua companheira Dore (Vanessa Kirby) viviam isolados há quatro anos na Ilha Floreana nos Galápagos. A chegada do casal alemão Wittmer (Daniel Bruhl e Sidney Sweeney) com seu filho adolescente e posteriormente da Baronesa (Ana de Armas) com seus amantes deram inicio a uma série de conflitos entre os três núcleos, com cada um deles tendo seus próprios objetivos e sua forma de viver. 

Este longa dirigido por Ron Howard é baseado em uma intrigante história real que até hoje não tem respostas para algumas situações. Filmado totalmente na ilha em locais abertos, com personagens muito bem delineados e uma tensão crescente, o longa é um exemplo de como os relacionamentos ficam ainda mais complicados em locais inóspitos e em momentos de crise. 

A versão mostrada no filme é a que fica mais perto do que possivelmente ocorreu, assim como as motivações de cada personagem parecem verdadeiras. É um longa bastante interessante para quem gosta de histórias reais incomuns.

AKA Charlie Sheen

 

AKA Charlie Sheen (aka Charlie Sheen, EUA, 20250 – Nota 8
Direção – Andrew Renzi
Documentário

Charlie Sheen iniciou sua carreira no cinema no início dos anos oitenta, seguindo os passos do pai Martin Sheen e do irmão Emilio Estevez e se transformando rapidamente em astro após o sucesso do premiado “Platoon” dirigido por Oliver Stone em 1986. 

Com o sucesso também surgiram as facilidades da vida dos famosos. Mulheres, bebidas e drogas se tornaram prioridades ao lado da carreira. Esta série documental em dois episódios detalha a vida louca que o ator levou nesses últimos quarenta anos, contada por ele mesmo de uma forma sóbria e realista. 

Os altos e baixos de sua carreira, suas tentativas de reabilitação, as várias recaídas, os relacionamentos amorosos mais longos e as relações familiares são comentadas pelo ator que passa a impressão de ter mais vergonha por muitas dessas situações terem ser tornado públicas, do que arrependimento pelo que fez. 

Fica claro que Charlie Sheen aproveitou a vida o máximo possível, ultrapassando a linha do aceitável e mesmo assim conseguiu sobreviver.

É um documentário bastante interessante para entender como o sucesso pode ser uma arma nas mãos de pessoas sem preparo psicológico e sem limites.

Missão: Impossível – O Acerto Final

 

Missão: Impossível – O Acerto Final (Mission: Impossible - The Final Reckoning, Inglaterra / EUA, 2025) – Nota 7
Direção – Christopher McQuarrie
Elenco – Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Angela Bassett, Holt McCallany, Janet McTeer, Nick Offerman, Hannah Waddingham, Tramell Tillman, Shea Whigham, Greg Tarzan Davis, Charles Parnell, Mikc Gattis, Rolf Saxon.

Neste que provavelmente é o último filme da franquia com Tom Cruise, o roteiro fecha a trama do longa anterior em que seu personagem com sua equipe perseguiam uma assassino vivido por Easi Morales para também deter o avanço de uma Inteligência Artificial que poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial. 

Mesmo com alguns exageros, o filme anterior tinha ótimas sequências de ação e uma trama repleta de reviravoltas. Este fechamento da história começa com um clima estranho que parece entregar cenas entrecortadas, para em seguida criar sequências de ação em sua maioria absurdas. 

A ânsia em fechar todos os pontos e citar personagens e situações dos longas anteriores levaram os roteiristas a escreverem várias cenas em que os personagens explicam o que aconteceu ou que vai acontecer, algo que vem sendo comum em várias produções atuais, em que os realizadores parecem querer fazer uma filme em que o espectador não precise ficar todo o tempo na frente da tela, deixando partes em que somente ouvir o fará entender a história. É uma solução para uma geração que não consegue manter interesse na mesma coisa por muito tempo. 

O final da franquia é basicamente a mesma coisa da maioria dos filmes anteriores.

Late Shift

 

Late Shift (Heldin, Suíça / Alemanha, 2025) – Nota 8
Direção – Petra Biondina Volpe
Elenco – Leonie Benesch, Sonja Riesen, Jurg Pluss, Urs Bihler.

Durante um turno noturno em um hospital, a câmera segue a enfermeira Flora (Leonie Benesch). Os sorrisos e o bom humor do início da noite aos poucos é minado pela falta de mais enfermeiras, pela sequências de problemas a serem resolvidos e pelos próprios dramas de cada paciente que afetam a dedicada Flora. 

Este longa é uma pequena pérola sobre as dificuldades do trabalho de uma enfermeira, levando em conta ter como locação um bom hospital em um país de primeiro mundo, diferente do que ocorre em nosso país. 

A pressão para lidar diariamente com pessoas que precisam de ajuda e com seus familiares é algo extremamente estressante. 

A atriz alemã Leonie Benesch entrega outra ótima atuação, assim como em “A Sala dos Professores” e “Setembro 5”, ajudando a elevar bastante a qualidade do filme.

Red Rooms: Obsessão Doentia

 

Red Rooms: Obsessão Doentia (Les Chambres Rouges, Canadá, 2023) – Nota 7
Direção – Pascal Plante
Elenco – Juliette Gariépy, Laurie Babin, Maxwell McCabe Lokos.

Kelly Anne (Juliette Gariépy) é uma modelo que aparentemente sem explicação se mostra interessada no julgamento de um serial killer. Ela faz amizade com a garota Clementine (Laurie Babin), que veio de outra cidade por acreditar na inocência do réu. Aos poucos, o interesse de Kelly Anne se transforma em uma obsessão. 

Esse filme que ganhou o ar de cult tem um início lento que parece levar para uma narrativa arrastada, porém aos poucos o roteiro vai entregando pequenas surpresas sobre a protagonista, inclusive com pitadas de suspense. 

É um daqueles filmes intrigantes em que o espectador precisa buscar respostas nas entrelinhas e talvez nem assim as encontre.

Um Homem Por Inteiro

 

Um Homem Por Inteiro (A Man in Full, EUA, 2024) – Nota 6
Direção – Regina King & Thomas Schlamme
Elenco – Jeff Daniels, Diane Lane, Tom Pelphrey, Aml Ameen, Chanté Adams, Jon Michael Hill, Sarah Jones, William Jackson Harper, Lucy Liu, Bill Camp, Jerrika Hinton, Christian Clemenson, Josh Pais, Anthony Heald.

Charlie Crooker (Jeff Daniels) é um empresário de sucesso que vive em Atlanta na Geórgia. Seu mundo perfeito começa a desabar quando executivos de um banco (Tom Pelphrey e Bill Camp) decidem cobrar uma dívida milionária. É o início de um efeito dominó de desgraças que pode levá-lo a falência. 

Essa minissérie em seis episódios escrita por David E. Kelley é baseada em um livro de Tom Wolfe. A narrativa segue o estilo cínico de Wolfe, com personagens que variam entre o ódio, a inveja e a ganância. 

O título é um simbolismo em relação ao protagonista arrogante vivido por Jeff Daniels que percebe que está perdendo o controle que teve durante toda a sua vida. As pitadas de comédia resultam em algumas situações patéticas e a trama paralela do processo criminal contra outro personagem parece deslocada da premissa. 

É uma série bem produzida, mas com resultado no máximo razoável.

Rebel Ridge

 

Rebel Ridge (Rebel Ridge, EUA, 2024) – Nota 7
Direção – Jeremy Saulnier
Elenco – Aaron Pierre, Don Johnson, AnnaSophia Robb, David Denman, Emory Cohen, Dana Lee, Zsane Jhe, James Cromwell.

Terry (Aaron Pierre) é um ex-fuzileiro naval que é abordado por uma dupla de policiais em uma cidade do interior. Eles confiscam o dinheiro que Terry está levando para pagar a fiança do primo, com a desculpa de que ele também seria suspeito. É o início de complexa luta para recuperar a grana e fazer justiça. 

O diretor e roteirista Jeremy Saulnier é especialista em bons filmes violentos como “Sala Verde” e “Ruína Azul”. Neste novo trabalho, por mais que tenham sequências de brigas e tiroteios, o protagonista é uma espécie de soldado zen, que usa a violência para brecar os inimigos, não pensando diretamente em matar. 

O roteiro que mistura preconceito, corrupção e vingança busca uma certa inspiração na premissa de "Rambo: Programado Para Matar", porém criando uma trama com pequenas reviravoltas e mais confusa. 

É um filme diferente, que mesmo com algumas falhas, vai agradar quem gosta de ação.

A Grande Viagem da Sua Vida

 

A Grande Viagem da Sua Vida (A Big Bold Beautiful Journey, Irlanda / EUA, 2025) – Nota 6
Direção – Kogonada
Elenco – Colin Farrell, Margot Robbie, Jennifer Grant, Hamish Linklater, Phoebe Waller Bridge, Kevin Kline.

David (Colin Farrell) e Sarah (Margot Robbie) se encontram pela primeira vez em um casamento. Eles se reencontram no dia seguinte e as circunstâncias os levam a fazer juntos uma viagem de descobertas. 

Esta mistura de drama, romance e fantasia dirigida pelo sul-coreano Kogonada, do sensível "Columbus", tem uma primeira hora muito interessante, levando os personagens a situações em que o espectador aos poucos conhece o passado de cada um. 

O filme perde força e principalmente ritmo nos arrastados quarenta minutos finais em que o drama se torna o ponto principal. Por mais que a química entre Colin Farrell e Margot Robbie seja ótima, o filme sofre por essa lentidão. Vale destacar como pontos positivos a produção caprichada e as sequências de fantasia quase surreais.

Pimpinero: Sangue e Gasolina

 

Pimpinero: Sangue e Gasolina (Pimpinero: Sangre y Gasolina, Colômbia, 2024) – Nota 5,5
Direção – Andrés Baiz
Elenco – Alejandro Speitzer, Juanes, Laura Osma, Alberto Guerra, Ariel Serra.

Juan (Alejandro Speitzer), Ulises (Alberto Guerra) e Moises (Juanes) trabalham contrabandeando gasolina. Eles compram combustível com preço baixo na Venezuela e atravessam a fronteira para vender na Colômbia. O negócio ilegal é ameaçado por uma quadrilha que está eliminando seus concorrentes e que tem ligações com as autoridades. 

O diretor e roteirista Andrés Baiz, um dos responsáveis pelo sucesso da série “Narcos”, explora a situação real dos contrabandistas de combustível para criar uma violenta trama de ficção. 

O filme começa bem mostrando como funciona o negócio e a escalada da tensão entre os grupos, com uma locação que até lembra “Mad Max”. 

O problema é que a história vai ficando cada vez mais confusa, mudando inclusive o protagonista e criando situações que parecem forçadas. É uma pena, a premissa tinha potencial para render um filme muito melhor.

1992

 

1992 (1992, EUA, 2022) – Nota 5,5
Direção – Ariel Vromen
Elenco – Tyrese Gibson, Ray Liotta, Scott Eastwood, Christopher Ammanuel, Dylan Arnold, Oleg Taktarov, Ori Pfeffer, Clé Bennett.

Los Angeles, 29 de abril de 1992. No dia em que os policiais que espancaram Rodney King são considerados inocentes em um julgamento, parte da população de South Central inicia uma revolta destruindo carros e saqueando lojas. Nesse contexto, o ex-presidiário Mercer (Tyrese Gibson) procura o filho adolescente com quem se desentendeu naquele dia e uma quadrilha planeja colocar em prática um assalto. 

Esse longa tem uma premissa dramática ao utilizar como pano de fundo a história real do caos que se instalou em Los Angeles naquela noite, porém criando uma trama fictícia que foca basicamente nas sequências de ação. 

O roteiro ainda tenta explorar a questão familiar, tanto na relação do protagonista com o filho, quanto na quadrilha liderada pelo personagem de Ray Liotta que tem dois filhos entre os integrantes. 

As sequências da destruição na rua são poucas e focadas em espaços específicos, com a maior parte da ação acontecendo em um complexo de depósitos. 

Esse filme será mais lembrando por ter sido um dos últimos trabalhos de Ray Liotta, do que pela qualidade.

A Saudade que Fica

 

A Saudade que Fica (The Parades, Japão, 2024) – Nota 6,5
Direção – Michihito Fujii
Elenco – Masami Nagasawa, Kentaro Sakaguchi, Ryusei Yokohama, Lily Franky, Nana Mori, Morgan Bo.

Após uma catástrofe natural, Minako (Masami Nagasawa) acorda na praia e se desespera por não encontrar seu filho pequeno. A terrível situação fica ainda pior quando ela descobre estar morta e presa na Terra em uma espécie de limbo junto com diversas outras pessoas. 

Este interessante longa japonês mistura drama, fantasia e o tema da vida após a morte. A ideia principal é a crença de que uma pessoa ou sua alma somente se libertará totalmente da vida carnal quando resolver suas pendências neste mundo. 

Mesmo tendo Minako com protagonista, o roteiro detalha em sequências específicas os problemas que cada personagem precisa resolver para seguir em frente, inclusive levando a uma surpresa na parte final. Por outro lado, a narrativa é bastante irregular, com algumas situações que se alongam demais. 

O resultado é uma obra mediana que faz pensar sobre o além da vida terrena.

Riff Raff: Um Crime em Família

 

Riff Raff: Crime em Família (Riff Raff, EUA / Inglaterra, 2024) – Nota 5,5
Direção – Dito Montiel
Elenco – Ed Harris, Jennifer Coolidge, Lewis Pullman, Miles J. Harvey, Gabrielle Union. Emanuela Postacchini, Bill Murray, Pete Davidson, Michael Angelo Covino, Scott Michael Campbell, Roger Guenveur Smith, P.J. Byrne.

Vincent (Ed Harris) vive tranquilamente em pequena cidade com a esposa (Gabrielle Union) e o enteado (Miles J. Harvey), até que seu filho do primeiro casamento (Lewis Pullman) reaparece com a namorada grávida (Emanuela Postacchini) e a mãe complicada (Jennifer Coolidge). Junto com as visitas inesperadas, Vincent terá de lidar com o passado que está enterrado. 

O diretor Dito Montiel estreou no cinema em 2006 com “Santos e Demônios”, que era uma história autobiográfica de sua juventude em um bairro de Nova York repleto de pequenos criminosos nos anos oitenta. 

O filme fez algum sucesso e deixou a impressão de que Montiel poderia ser tornar um bom diretor, algo que não aconteceu. Nesses vinte anos ele dirigiu outros sete filmes sempre com os mesmos defeitos. São roteiros repletos de clichês envolvendo diversos personagens com uma ambientação marginal e pitadas de violência. 

Esse “Riff Raff” é basicamente isso. Uma história de criminosos que já foi contada diversas vezes no cinema, incluindo a escolha de inserir diálogos engraçadinhos e o habitual acerto de contas sangrento com todos os personagens envolvidos. A curiosidade é que mesmo entregando filmes fracos, Montiel continua conseguindo atrair nomes famosos para compor o elenco.

Uma Prova de Coragem

 

Uma Prova de Coragem (Arthur the King. EUA / Canadá, 2024) – Nota 7
Direção – Simon Cellan Jones
Elenco – Mark Wahlberg, Simu Liu, Juliet Rylance, Nathalie Emmanuel, Ali Suliman, Bear Grylls, Paul Guilfoyle, Rob Collins.

Michael (Mark Wahlberg) é um participante de corrida de aventuras em equipe que ficou marcado após um fiasco em uma competição. Ao conseguir uma última chance de participar de uma corrida na República Dominicana, Michael é surpreendido pela atitude de um cachorro que passa a seguir sua equipe durante todo o percurso. 

Esse longa é baseado na história real do corredor sueco Mikael Lindnord, que contou sua sensacional experiência em um livro que se tornou best seller. O filme tem as habituais sequências de obstáculos em histórias de competição, tanto questões pessoais, como a ação da natureza. 

A participação do cachorro é uma verdadeira lição de vida sobre lealdade, amizade e gratidão. É basicamente um filme com estilo clássico da sessão da tarde, daqueles feitos para divertir e emocionar. 

Vale citar que o astro Mark Wahlberg e o diretor Simon Cellan Jones trabalharam juntos no ano anterior no também divertido “Plano em Família”.

Faça Ela Voltar

Faça Ela Voltar (Bring Her Back, Austrália, 2025) – Nota 7
Direção – Danny Philippou & Michael Philippou
Elenco – Sally Hawkins, Billy Barratt, Mischa Heywood, Jonah Wren Phillips, Stephen Phillips.

Após a morte repentina do pai, os meio-irmãos Andy (Billy Barrett) e Cathy (Mischa Heywood) são levados de forma temporária para a casa de Laura (Sally Hawkins), que cuidará dos adolescentes por três meses até Andy completar a maioridade. Não demora para eles perceberam que existe algo de errado com Sally, que cuida também de um garoto mais novo que não fala (Jonah Wren Phillips). 

Esse terror australiano dirigido pelos irmãos Philippou, do também assustador “Fale Comigo”, tem um narrativa sinistra com uma tensão crescente até a explosão de violência e sangue comum aos filmes atuais do gênero. 

As atuações do trio de adolescentes é bastante convincente, com um assustador Jonah Wren Phillips. A ótima atriz inglesa Sally Hawkins utiliza seu sorriso marcante de uma forma sinistra, criando uma personagem que dá arrepios desde a primeira cena em que aparece. 

Não chega a ser um grande filme, mas vai agradar quem gosta do estilo.

Aqui Quem Fala é o Zodíaco

 

Aqui Quem Fala é o Zodíaco (This Is the Zodiac Speaking, EUA, 2024) – Nota 7
Direção – Phil Lott & Ai Mark
Documentário

Essa série documental em três episódios se destaca entre várias outras que focam na história do serial killer conhecido como Zodíaco por trazer depoimentos de dois irmãos e uma irmã da família Seawater que conviveram quando crianças com Arthur Leigh Allen, considerado o principal suspeito dos crimes.

O foco da série é mostrar que muitas das pistas que apontavam para Leigh são corroboradas por essa família. Eles eram adolescentes nos anos sessenta, chegaram a viajar a passeio com Leigh pelos locais onde os crimes foram cometidos posteriormente, além de várias outras situações que com o passar dos anos eles perceberam que foram provavelmente testemunhas involuntárias dos atos do assassino. 

Por mais que as pistas indiquem Leigh como culpado, dificilmente o caso será solucionado oficialmente. São mais de cinquenta anos de investigação sem uma resposta definitiva.

Novocaine: À Prova de Dor

 

Novocaine: À Prova de Dor (Novocaine, EUA / Canadá / África do Sul, 2025) – Nota 6
Direção – Dan Berk & Robert Olsen
Elenco – Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson, Jacob Batalon, Betty Gabriel, Matt Walsh, Conrad Kemp, Evan Hengst, Craig Jackson, Lou Beatty Jr.

Nate (Jack Quaid) é um tímido gerente que sofre de uma estranha condição. Ele não sente dor alguma. Quando sua nova namorada (Amber Midthunder) é sequestrada durante um assalto, ele decide sair de forma tresloucada na caça aos criminosos. 

Este longa que mistura ação, comédia e muito sangue segue o estilo que se popularizou nos últimos anos com o sucesso da franquia “John Wick” e de diversos filmes de terror que abusam do gore. 

O protagonista vivido por Jack Quaid dá conta do recado nas diversas sequências de ação absurdas e até engraçadas. Por outro lado, o roteiro é um amontoado de clichês com personagens caricatos. É aquele tipo de filme despretensioso que vai agradar durante a sessão, mas que logo será esquecido.

O Papa que Venceu o Comunismo

 

O Papa que Venceu o Comunismo (Brasil, 2025) – Nota 8
Direção – André Brandão
Documentário

Este documentário produzido pela equipe do Brasil Paralelo é uma biografia do Papa João Paulo II. Com uma produção caprichada que utiliza vídeos antigos reais, depoimentos de pessoas que conviveram com ele e de estudiosos de sua vida, o doc é um ótimo registro da jornada do polonês Karol Wojtyla. 

Ele nasceu na Polônia em 1920 e enfrentou uma série de terríveis obstáculos durante toda a vida. A morte prematura da mãe, o sofrimento durante a Segunda Guerra quando viveu em Varsóvia sob a opressão dos nazistas e depois a luta ao lado do povo para libertar o país do comunismo financiado pela União Soviética, fato que resultou no atentado que quase tirou sua vida em 1981. 

João Paulo II foi um figura forte, inteligente e equilibrada que liderou a Igreja Católica em um momento crucial ajudando os países do leste europeu, principalmente a sua Polônia, a lutarem contra opressão comunista.

Refazendo Laços

 

Refazendo Laços (Acidman, EUA, 2022) – Nota 6,5
Direção – Alex Lehman
Elenco – Thomas Haden Church, Dianna Agron, Sameerah Luqmaan Harris.

Após anos afastada do pai, Maggie (Dianna Agron) o reencontra vivendo em um local afastado próximo a uma floresta. Loyd (Thomas Haden Church) é um sujeito excêntrico que surpreende a filha com sua obsessão em fazer contato com alienígenas. Mesmo com suas diferenças, eles tentam se reaproximar. 

Este é o tipo de filme para quem gosta de histórias que misturam uma vida simples com situações incomuns. Essa estranheza cria um algo a mais que pode ser um simbolismo para explicar o sofrimento dos personagens. 

Thomas Haden Church interpreta mais um vez o papel do sujeito que fala o que pensa e que toma decisões que fogem do lugar comum, enquanto Dianna Agron entrega uma boa atuação como a filha que tenta não repetir os erros do pai. 

Gosto deste tipo de filme independente, das locações e da melancolia das pequenas cidades americanas.

Bookie

 

Bookie (Bookie, EUA, 2023 a 2025)
Criação – Chuck Lorre & Nick Bakay
Elenco – Sebastian Maniscalco, Omar J. Dorsey, Jorge Garcia, Vanessa Ferlito, Andrea Anders, Arnetia Walker, Maxim Swinton, Rob Corddry, Tony Huss, Dale Dickey, Brent Jennings, DJ Qualls, Wayne Knight, Charlie Sheen, Ray Romano, Zach Braff, Paul Ben Victor.

Danny (Sebastian Maniscalco) é o dono de uma agência de apostas clandestinas em Los Angeles. Tendo como sócio e também amigo o ex-jogador de futetol americano Ray (Omar J. Dorsey), eles sobrevivem no negócio fora do novo modelo de apostas virtuais. Eles precisam também lidar com diversos clientes problemáticos, com golpistas e com seus próprios problemas familiares. 

Esta divertida sitcom acerta em cheio ao focar no politicamente incorreto explorando situações pesadas das apostilas ilegais. Os diálogos impagáveis e sem filtros e os coadjuvantes bizarros resultam em muitas risadas para quem gosta do estilo. 

Destaque também para as participações especiais, como Charlie Sheen interpretando ele mesmo e rostos conhecidos como Zach Braff, DJ Qualls e principalmente Ray Romano em apenas dois curtos momentos em episódios diferentes. Seu personagem é o clássico sujeito comum, pai e família da classe trabalhadora que se afunda no vício, mas continua acreditando que vai enriquecer com as apostas. 

É uma pena que após duas temporadas a série tenha sido cancelada.

Setor 36

 

Setor 36 (Sector 36, Índia, 2024) – Nota 7,5
Direção – Aditya Nimbalkar
Elenco – Vikrant Massey, Deepak Dobriyal, Akash Kurama, Darshan Jariwala, Mahadev Singh Lakhawat, Ajeet Singh.

Índia, 2006. O policial corrupto Pandey (Deepak Dobriyal) ignora o desaparecimento de algumas crianças em um local de classe baixa conhecido como Setor 36. Um determinado fato desperta em Pandey o dever de descobrir o que realmente está acontecendo, sem imaginar que o caso é muito mais sinistro do que parece a princípio. 

Este drama policial indiano é baseado em uma terrível história real que ficou conhecida como “Os Crimes de Noda”. O roteiro deixa claro desde o início quem é o serial killer, porém o desenvolvimento da trama cria ramificações mostrando que a história é bem mais complexa. 

A busca do protagonista por uma espécie de redenção, as pesadas sequências de violência, inclusive psicológica, as decadentes locações e a atuação insana do assassino resultam em um ótimo filme do gênero.

A Hora do Mal

 

A Hora do Mal (Weapons, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Zach Cregger
Elenco – Julia Garner, Josh Brolin, Alden Ehrenreich, Benedict Wong, Cary Christopher, Austin Abrams, Amy Madigan, Whitmer Thomas, Callie Schuttera, June Diane Raphael, Justin Long, Sarah Paxton.

Em uma típica cidade americana de subúrbio, todas as crianças da mesma sala de aula desaparecem durante uma noite, com exceção de apenas um garotinho. A falta de respostas leva os pais ao desespero, dando início a uma série de situações estranhas envolvendo diversos moradores do local. 

Este longa escrito e dirigido por Zach Cregger é com certeza seu melhor trabalho até aqui. Ele conseguiu encaixar no roteiro vários temas dos filmes de terror de uma forma criativa. Quem conhece o gênero vai descobrir as diversas referências em personagens e situações. 

Até mesmo o clichê de dividir a narrativa em capítulos focando em cada personagem funciona muito bem como um quebra-cabeça que vai sendo montado. Tudo isso regado a um clima sinistro e muito sangue. 

É um filme imperdível para quem curte o gênero.

Covil de Ladrões 2

 

Covil de Ladrões 2 (Den of Thieves 2: Pantera, EUA / Canadá / Espanha, 2025) – Nota 7
Direção – Christian Gudegast
Elenco – Gerard Butler, O’Shea Jackson Jr., Evin Ahmad, Salvatore Esposito, Orli Shuka, Stephane Coulon,

A notícia de um minucioso assalto ocorrido na Europa leva o detetive Nick O’Brien (Gerard Butler) a viajar para França. Ele desconfia que Donnie Wilson (O’Shea Jackson Jr.), que o enganou tempos atrás, seja o organizador da ação. 

Esta sequência do filme de 2018 tem o mesmo formato de caçada a criminosos e plano de assalto envolvendo diversos personagens, porém com um pouco menos de ação e algumas boas sequências de suspense, como a do roubo. 

As locações na França, Bélgica e Itália são destaques, assim como a surpresa na sequência final. É um filme que vai agradar quem curte o gênero.

Anônimo 2

Anônimo 2 (Nobody 2, EUA / Canadá, 2025) – Nota 7
Direção – Timo Tjahjanto
Elenco – Bob Odenkirk, Connie Nielsen, Christopher Lloyd, John Ortiz, RZA, Sharon Stone, Colin Hanks, Gage Munroe, Paisley Cadorath, Colin Salmon.

Mesmo tendo uma dívida com uma organização criminosa, Hutch Mansell (Bob Odenkirk) decide abandonar a carreira de assassino profissional e viajar com sua família para um parque de diversões que ele conheceu quando criança. Não demora para ele arrumar confusão com uma quadrilha que utiliza o local para lavar dinheiro. 

Esta sequência do surpreendente sucesso de 2022 é ainda mais violenta e também mais exagerada, principalmente pela direção de Timo Tjahanto, que fez vários filmes de ação explosivos e sangrentos na Indonésia, como "Headshot" e "A Noite Nos Persegue". 

Além da sucessão quase ininterrupta da ação, o diretor também acerta nas pitadas de comédia, com sequências que lembram uma mistura de “John Wick” com os filmes de Jackie Chan no auge da carreira. 

Vale citar que Bob Odenkirk era um mero coadjuvante de séries de TV quando com quase com cinquenta anos de idade chamou a atenção no papel do advogado corrupto Saul em “Breaking Bad”, se tornando protagonista em “Better Call Saul” e agora alcançando um reconhecimento ainda maior com esses dois longas que podem se transformar em uma franquia. 

Dr. Mumford: Inocência ou Culpa? & Luzes, Câmera, Ação

 

Dr. Mumford: Inocência ou Culpa? (Mumford, EUA, 1999) – Nota 6,5
Direção – Lawrence Kasdan
Elenco – Loren Dean, Hope Davis, Jason Lee, Mary McDonnell, Martin Short, Pruitt Taylor Vince, Alfre Woodard, Robert Stack, Jane Adams, Kevin Tighe, Zooey Deschanel, Dana Ivey, David Paymer, Ted Danson, Jason Ritter, Elisabeth Moss.

Mumford (Loren Dean) chega em uma pequena e se apresenta como psicanalista. Utilizando de técnicas pouco ortodoxas, aos poucos ele ganha a confiança de vários moradores e também se torna inimigo de figuras importantes que tem medo de perder seu poder na cidade. O que ninguém sabe é que Mumford é um impostor com um passado nebuloso. 

O roteiro escrito pelo diretor Lawrence Kasdan explora o humor negro para mostrar como um microcosmo é afetado pela chegada de alguém com carisma e ideias diferentes, tanto para o bem, quanto para o mal. 

O protagonista deseja uma nova vida, enquanto os moradores buscam preencher seus vazios e suas frustrações através dos conselhos de um outsider. O elenco recheado de rostos conhecidos é o destaque, assim como as locações na simpática cidadezinha.

Luzes, Câmera, Ação (The Last Shot, EUA, 2004) – Nota 5,5
Direção – Jeff Nathanson
Elenco – Matthew Broderick, Alec Baldwin, Toni Collette, Tony Shalhoub, Calista Flockhart, Tom Blake Nelson, Joan Cusack, Buck Henry, Ray Liotta, Ian Gomez, Troy Winbush, Tom McCarthy, W. Earl Brown, Evan Jones, Glenn Morshower, James Rebhorn. Jon Polito, Michael Papajohn.

Joe (Alec Baldwin) é um agente do FBI que monta um plano inusitado para tentar prender um mafioso (Tony Shalhoub). Ele se faz passar por produtor de cinema e contrata o aspirante a diretor Steven (Matthew Broderick) para comandar um filme de fachada. O problema é que Steven não sabe que está sendo usado como isca e que o filme jamais será finalizado. 

Esta comédia é inspirada em um fato real ocorrido nos anos oitenta e relatado em um artigo. A premissa de enganos é comum no cinema de comédia e muitas vezes funciona, diferente do que ocorreu aqui. 

O roteiro acerta nas referências a diversos filmes que são citados nos diálogos, mas por outro lado, os personagens caricatos de Tim Blake Nelson, Toni Collette e Calista Flockhart são uma tentativa de tirar um sarro dos bastidores de Hollywood, mas resulta em poucas risadas.

Longing - À Descoberta do Passado

 

Longing – À Descoberta do Passado (Longing, Canadá / EUA / Israel, 2024) – Nota 6
Direção – Savi Gabizon
Elenco – Richard Gere, Diane Kruger, Suzanne Clément, Tomaso Sanelli, Larry Day, Jesscia Clement.

Na sequência inicial, o empresário Daniel (Richard Gere) reencontra em um restaurante Rachel (Suzanne Clément), com quem namorou vinte anos atrás. Ele descobre que teve um filho e que o jovem faleceu em um acidente há poucos dias. O fato mexe com Daniel, que não tem esposa e nem filhos. Ele viaja para o Canadá onde vive a ex-namorada, para tentar saber mais sobre o filho que nunca conheceu. 

Este drama é uma refilmagem de um longa israelense de 2017 escrito e dirigido pelo mesmo Savi Gabizon. Como diz o subtítulo, é um filme sobre descobertas, tanto sobre quem era o filho, quanto pela própria jornada do protagonista em busca de algo que ele não imaginava sentir falta. 

Os dois primeiros terços são bastante interessantes, mesmo com uma narrativa lenta. Nesse período, o protagonista conhece diversas pessoas que conviveram com seu filho, assim como as várias faces do jovem. 

A história segue um rumo bizarro no terço final, quando algo totalmente inesperado é colocado como uma espécie de fechamento de vida. O resultado é um filme de altos e baixos, que lembra as produções orientais que focam em como as pessoas lidam com a morte.

O Apóstolo

 

O Apóstolo (The Apostle, EUA, 1997) – Nota 7,5
Direção – Robert Duvall
Elenco – Robert Duvall, Farrah Fawcett, John Beasley, Miranda Richardson, Walton Goggins, Billy Bob Thornton, June Carter Cash, Todd Allen.

Sonny (Robert Duvall) é um pastor que após ser traído pela esposa (Farrah Fawcett) e expulso de sua própria igreja, toma uma atitude extrema e decide fugir. Em uma pequena cidade da Louisiana, ele monta uma nova congregação ao lado de um pastor aposentado (John Beasley), mesmo sendo atormentado pelo passado. 

Este drama escrito, dirigido e protagonizado pelo grande Robert Duvall é um filme que mostra o poder da religião sobre as pessoas que buscam um caminho na vida ou uma fuga dos problemas do dia a dia. 

O protagonista é a contradição em pessoa. Ele tem o dom da palavra para arrebanhar seguidores, trata essas pessoas como irmãos e filhos, mas ao mesmo tempo responde com força e até violência contra os inimigos ou aqueles que atrapalham sua vida. 

As várias sequências de cultos são extremamente realistas, com Duvall entregando um das melhores interpretações de sua carreira. Destaque para a catártica sequência final. 

É um filme que merece ser visto.

Precisamos Falar Sobre Nossos Alunos

 

Precisamos Falar Sobre Nossos Alunos (Dopolnitelnyy Urok, Rússia, 2022) – Nota 6
Direção – Anna Kurbatova
Elenco – Yuliya Aleksandrova, Kirill Karo, Matvey Astrakhantsev, Nikolay Baloban.

No primeiro dia de volta às aulas em uma universidade, a policial Vera (Yuliya Aleksandrova) mata um estudante que estaria armado, porém como a arma desaparece, ela é detida acusada de assassinato. O advogado Nesterov (Kirill Karo) aceita o caso, mesmo a princípio não acreditando em Vera. Mesmo assim ele decide investigar, descobrindo pistas que podem inocentar a policial. 

Esta produção russa tem uma trama que mistura policial e drama de uma forma bastante interessante inserindo no contexto um grupo de jovens estudantes perdidos e suas famílias problemáticas. Essa questão é mostrada como uma espécie de ferida na sociedade na russa, que vai além da posição social. 

O grande problema do filme é o roteiro, que parece não encaixar as peças da melhor forma. O final por mais que seja pesado, também apela para clichês. É claramente um filme que poderia ser melhor.

Bogotá: A Cidade dos Sonhos Perdidos

Bogotá: A Cidade dos Sonhos Perdidos (Bogota: City of the Lost, Coreia do Sul, 2024) – Nota 6,5
Direção – Seong Je Kim
Elenco – Song Joong Ki, Lee Hee Joon, Kwon Hae Hyo, Park Ji Hwan, Cho Hyun Chul.

Para fugir de uma terrível crise financeira e social que passava a Coreia do Sul em 1997, um casal e seu filho adolescente mudam para Bogotá na Colômbia. O marido acredita que terá ajuda de um antigo amigo de exército, porém terá uma grande surpresa ao descobrir que o sujeito trabalha com contrabando. Anos depois, o filho do casal já adulto (Song Joong Ki) se torna figura importante no submundo de Bogotá. 

Este longa explora uma clássica história de gângster, em que um protagonista ambicioso escala os degraus dentro de uma organização enfrentando traições e mortes. O contraste nos personagens e nas tradições entre Coreia do Sul e Colômbia é bastante interessante e cria diversos conflitos. 

A trama vai bem durante os dois primeiros terços, porém se torna confusa e acelerada na meia-hora final. É uma ótima premissa que resultou em um filme mediano porque faltou um roteiro melhor elaborado e um diretor mais talentoso.

Feitiço da Lua, Memórias Secretas & Meu Filho, Meu Filho

 

Feitiço da Lua (Moonstruck, EUA, 1987) – Nota 7,5
Direção – Norman Jewison
Elenco – Cher, Nicolas Cage, Danny Aiello, Olympia Dukakis, Vincent Gardenia, Julie Bovasso, John Mahoney, Feodor Chaliapin Jr., Leonardo Cimino, Joe Grifasi.

Johnny (Danny Aiello) e Loretta (Cher) estão noivos, porém quando ele precisa visitar sua mãe que está doente na Itália e pede para Loretta avisar seu irmão Ronny (Nicolas Cage), com quem ele está brigado, Johnny não imagina que os dois irão se apaixonar. 

Esta divertida comédia é também uma sensível história de amor e família que fez muito sucesso por causa dos ótimos diálogos e da química entre os casais no elenco. 

Se o personagem de Danny Aiello sofre por perder a noiva, por outro lado, a relação apaixonada entre Cher e Nicolas Cage e as sensíveis de um casal veterano vivido por Vincent Gardenia e Olympía Dukakis e outro de meia-idade com John Mahoney e Julie Bovasso dão o tom da narrativa. O roteiro ainda brinca com a influência da lua no despertar das paixões e com as tradições italianas. 

É um filme para quem gosta de romance.

Memórias Secretas (Stealing Home, EUA, 1988) – Nota 7
Direção – Steve Kampmann & Will Aldis
Elenco – Mark Harmon, Jodie Foster, Blair Brown, Jonathan Silverman, Harold Ramis, William McNamara, Richard Jenkins, John Shea.

Billy (Mark Harmon) é um veterano jogador de beisebol de ligas menores que fica abalado ao receber uma ligação de sua mãe informando que uma amiga de infância chamada Katie cometeu suicídio e deixou um bilhete. Ele decide voltar para sua cidade natal. Em flashbacks, a narrativa volta para quando Billy era adolescente (vivido por William McNamara) e apaixonado por Katie (Jodie Foster). 

Este sensível drama fez sucesso nas locadoras nos anos oitenta, mas foi esquecido com o passar do tempo. A narrativa se divide entre a melancólica vida adulta do protagonista, com a época das descobertas da adolescência. Nesta fase, o destaque fica para as atuações de Jodie Foster e de Jonathan Silverman interpretando o amigo do protagonista, papel que na narrativa adulta ficou com o saudoso Harold Ramis. 

É um filme que mistura drama e nostalgia com sensibilidade.

Meu Filho, Meu Filho (Misunderstood, Itália / EUA, 1984) – Nota 6
Direção – Jerry Schatzberg
Elenco – Gene Hackman, Henry Thomas, Huckleberry Fox, Rip Torn, Susan Anspach, Maureen Kerwin.

Ned (Gene Hackman) é um empresário que vive na Tunísia, mas viaja muito. Com a morte de sua esposa, ele precisará diminuir o ritmo de trabalho para dar mais atenção aos filhos pequenos (Henry Thomas e Huckleberry Fox), além de enfrentar a dor da perda. 

Este esquecido drama com uma inusitada locação na Tunísia se apoia muito mais nas atuações da crianças do que no astro Gene Hackman. São várias sequências com as crianças desbravando os arredores da casa em que moram, a dor pela ausência da mãe e a nova relação que precisam criar com o pai.

A narrativa é um pouco fria, lembrando uma produção para a tv. Vale citar que o então garoto Henry Thomas vinha do sucesso de “E.T.: O Extraterrestre” e mostrava potencial que na verdade resultou em uma carreira apenas mediana.

Uma Eleição Muito Atrapalhada

Uma Eleição Muito Atrapalhada (Welcome to Mooseport, EUA, 2004) – Nota 5,5
Direção – Donald Petrie
Elenco – Ray Romano, Gene Hackman, Maura Tierney, Marcia Gay Harden, Christine Baranski, Fred Savage, Rip Torn, June Squibb, Wayne Robson, John Rothman,

Após o divórcio, o ex-presidente americano Monroe Cole (Gene Hackman) decide passar sua aposentadoria na pequena cidade de Mooseport no Maine. O que seria um período de tranquilidade, vira de ponta de cabeça quando algumas situações o levam a concorrer a prefeito da cidade, disputando uma eleição contra Handy Harrison (Ray Romano), um sujeito querido pelos moradores que é dono de uma loja de ferragens. 

Esta comédia típica da sessão da tarde tem como ponto mais importante ter sido o último trabalho do grande Gene Hackman, que assim como seu personagem, se aposentou após as filmagens. O filme tem uma história com conflitos inofensivos que tentava explorar a então fama do comediante Ray Romano, que era o astro da sitcom “Everybody Loves Raymond”. Ele praticamente repete o papel do personagem amável e confuso.

Os Roses – Até que a Morte os Separe

 

Os Roses – Até que a Morte os Separe (The Roses, Inglaterra / Austrália / EUA, 2025) – Nota 5,5
Direção – Jay Roach
Elenco – Benedict Cumberbatch, Olivia Colman, Kate McKinnon, Andy Samberg, Ncuti Gatwa, Sunita Mani, Allison Janney.

O roteiro segue alguns anos na vida do casal Theo (Benedict Cumberbatch) e Ivy (Olivia Colman) e as mudanças que ocorrem no relacionamento por causa de questões profissionais, levando até a uma situação extrema. 

A história é uma nova versão do longa “A Guerra dos Roses” de 1989, que explorava ainda com mais força o humor exagerado através de uma verdadeira guerra entre o casal vivido por Michael Douglas e Kathleen Turner. 

Nessa versão atual, o roteiro foca mais nos diálogos com teor sexual e nos erros das relações modernas, tanto entre casal, quanto com os filhos. O filme tem a seu favor ser menos absurdo que o original, porém ao mesmo tempo é um comédia de poucas risadas, com personagens clichês e situações patéticas

The Home

 

The Home (The Home, EUA, 2025) – Nota 6
Direção – James DeMonaco
Elenco – Pete Davidson, John Glover, Ethan Phillips, Bruce Altman, Victor Williams, Jessica Hecht, Mary Beth Peil, Mugga, Adam Cantor.

Max (Pete Davidson) foi criado em um lar adotivo com outras crianças e se tornou um jovem revoltado por causa da morte de um dos irmãos com quem tinha um forte laço. 

Sua rebeldia o leva a um problema com a polícia que o obriga a trabalhar como zelador durante um período em uma instituição psiquiátrica ao invés de ir para cadeia. Ele irá descobrir que o local também esconde perigos. 

Este gore escrito e dirigido por James DeMonaco, criador da franquia “Uma Noite de Crime”, tem como ponto positivo um clima sinistro e a sensação de que algo terrível está sempre prestes a acontecer. Por outro lado, a trama é extremamente bizarra, com uma reviravolta criativa e ao mesmo tempo maluca para explicar o que ocorre no local. 

Os personagens excêntricos são outro destaque, com Pete Davidson repetindo mais uma vez o papel de jovem sem rumo e cínico. É um filme que vai agradar aos fãs do gore e aqueles que não se importarem com os absurdos.

Europa 51

Europa 51 (Europa ’51, Itália, 1952) – Nota 6,5
Direção – Robert Rossellini
Elenco – Ingrid Bergman, Alexander Knox, Ettore Giannini, Giuletta Masina.

Em Roma, a morte do filho leva a mãe (Ingrid Bergman) a questionar sua vida confortável ao lado do marido (Alexander Knox). Ela se deixa seduzir pelas ideias de um amigo comunista (Ettore Giannini) e decide se envolver em questões sociais nos bairros pobres da cidade, local onde encontrará outros problemas que resultarão em consequências drásticas. 

Diretor de grandes filmes do neorrealismo italiano como “Roma, Cidade Aberta” e “Alemanha Ano Zero”, Roberto Rossellini passou um do pouco ponto nessa obra que é um exemplo de como a liberdade individual está acima do assistencialismo. 

A protagonista vivida pela estrela Ingrid Bergman, que estava casada com Rossellini na época e que aqui é dublada em italiano, interpreta uma personagem que acredita que poderá curar suas dores ao tentar fazer o bem para terceiros, não entendendo que nem todas querem ser ajudados. 

Destaque para a fotografia em preto e branco e para as locações em bairros decadentes de Roma.

Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey?

 

Caso Arquivado: Quem Matou JonBenét Ramsey? (Cold Case: Who Killed JonBenét Ramsey, EUA, 2024) – Nota 7
Direção – Joe Berlinger
Documentário

Este documentário dividido em três episódios detalha um dos casos mais enigmáticos dos últimos trinta anos. Em Boulder no Texas, na manhã do dia 26 de dezembro de 1996, Patsy Ramsey foi acordar a filha JonBenét de seis anos e encontrou um bilhete de resgate informando que a menina foi sequestrada.

Desesperada junto com o marido John, eles chamaram a polícia que vasculhou a casa atrás de pistas. Horas depois, de forma surpreendente e ainda com a polícia em casa, John encontrou o corpo da filha no chão de um pequeno cômodo no fundo da residência, local em que um dos policiais não chegou a abrir a porta. O fato dá início a um caso que se arrasta até hoje. 

Especialista em documentários sobre true crime, como a sensacional trilogia “Paraíso Perdido”, o diretor Joe Berlinger ao mesmo tempo em que consegue descrever os detalhes do caso de forma minuciosa através dos depoimentos e da montagem, também sofre por ser uma história que já foi explorada de todas as formas possíveis durante esses anos. 

Os dois pontos principais são mostrar que o casal John e Patsy foram vítimas tanto da perda da filha, quanto da imprensa sensacionalista, da incompetência da polícia local de Boulder que não tinha experiência nesse tipo de caso e na perseguição de um promotor público que claramente buscava fama os acusando de serem responsáveis pelo assassinato, mesmo sem prova alguma. 

Um ponto explorado pela mídia foi que a garotinha participava de concursos de beleza infantil, fato que foi distorcido como se os pais fossem exploradores, algo que também não se sustentou. 

Alguns suspeitos do crime surgiram durante a investigação, porém os erros na cena do crime, a tentativa de culpar os pais e o passar do tempo fizeram com o que verdadeiro criminoso continuasse livre, isso se ainda estiver vivo após três décadas.

Sob Pressão

 

Sob Pressão (5lbs of Pressure, EUA, 2024) – Nota 6
Direção – Phil Allocco
Elenco – Luke Evans, Rory Culkin, Alex Pettyfer, Rudy Pankow, Stephanie Leonidas, Savannah Steyn, Zac Adams.

Após cumprir treze anos de cadeia e três de liberdade condicional por causa de um assassinato, Adam (Luke Evans) volta para seu bairro em Nova York com o objetivo de reencontrar sua antiga namorada e conhecer seu filho que já é adolescente. Além da dificuldade em ser novamente aceito, Luke também terá de lidar com antigos desafetos. 

Este longa escrito e dirigido pelo desconhecido Phil Allocco explora a clássica trama do criminoso arrependido que deseja mudar de vida, mas que toma a péssima decisão de voltar ao ambiente perigoso em que passou a juventude. 

O roteiro insere também uma trama paralela sobre tráfico de drogas com os personagens de Rory Culkin e Alex Pettyfer, além de utilizar como locações a Nova York periférica, bem diferentes dos habituais pontos turísticos. 

É um filme mediano, que entrega o que promete para o espectador que não exigir muito.

A História Nunca Contada da Cannon Films & The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films

 

A História Nunca Contada da Cannon Films (Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films, Austrália / EUA, 2014) – Nota 8
Direção – Mark Hartley
Documentário

The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films (The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films, Israel, 2014) – Nota 6,5
Direção – Hilla Medalia
Documentário

Em 2014 foram lançados de forma simultânea dois documentários detalhando a história da empresa Cannon, que produziu dezenas de filmes nos anos oitenta. 

Nos anos sessenta, o primos Menahem Golam e e Yoram Globus começaram a produzir filmes de sucesso em Israel, mas somente no final dos setenta a dupla emplacou duas obras fora de seu país. O longa de ação “Operação Thunderbolt” e a comédia adolescente “Lemon Popsicle”, este último que até alguns anos atrás ainda era o recordista de público da história do cinema de Israel. 

O lucro desses longas levou a dupla a realizar o sonho de migrar para Hollywood. Eles compraram a produtora Cannon, que era especializada em filmes independentes e iniciaram uma verdadeira saga que durou dez anos. Nesse período eles produziram dezenas de filmes, em sua maioria obras populares que faziam muito barulho, mas de qualidade duvidosa. 

O documentário “A História Nunca Contada da Cannon Films” foca nos bastidores e nas informações dos principais filmes da produtora, além dos acertos e erros da dupla que levaram a produtora à falência em 1989. 

O segundo documentário chamado “The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films” foi produzido pela própria dupla Golam e Globus, sendo mais voltado para suas carreiras, deixando os detalhes dos filmes em segundo plano. 

O primeiro doc é muito mais interessante, principalmente para quem viveu a adolescência nos anos oitenta e curtiu diversos filmes explosivos protagonizados por Chuck Norris, Charles Bronson e Michael Dudikoff, além de obras de ficção B a grandes produções fracassadas como “Falcão – O Campeão dos Campeões” com Sylvester Stallone e “Superman IV – Em Busca da Paz”. 

Também para quem viveu na época, os filmes da Cannon eram distribuídos em VHS no Brasil por uma empresa chamada América Vídeo. Cada fita tinha a propaganda de uma famosa pousada, uma série interminável de trailers dos filmes de ação da Cannon e a marcante frase na narração “Nossos Filmes Explodem como Dinamite”. O que era até uma verdade, pois muito desses filmes eram verdadeiras bombas. 

Menahem Golam faleceu em 2014, na mesma época em que os documentários foram lançados, enquanto Yoram Globus ainda está vivo. Mas não se pode deixar de citar que a dupla deixou um grande legado para os fãs do cinema de ação, daqueles em que a diversão é mais importante do que a qualidade.

Sonhador Americano

Sonhador Americano (American Dreamer, EUA / Canadá, 2022) – Nota 6
Direção – Paul Dektor
Elenco – Peter Dinklage, Shirley MacLaine, Matt Dillon, Kimberly Quinn, Danny Glover, Danny Pudi, Michelle Mylett.

Phil (Peter Dinklage) é um professor de universidade que mora em um pequeno apartamento e sonha em comprar uma bela casa. A chance surge em um inusitado anúncio em que um casarão está à venda por um preço baixo, desde que o comprador aceite que a atual dona tenha seu espaço enquanto estiver viva. A proprietária é Astrid (Shirley MacLaine), que se mostra uma pessoa excêntrica. 

Esta mistura de comédia com pitadas de drama é daqueles filmes em que o protagonista tem que enfrentar uma sucessão de situações que são mais patéticas do que dramáticas. A cada novo passo surge um problema diferente com uma consequência dolorosa. 

É um filme que se apoia nessas situações estranhas e nos personagens. Peter Dinklage acerta o tom do protagonista azarado e ruim para tomar decisões, enquanto Shirley MacLaine parece muito bem aos noventa anos de idade. Destaque também para o corretor de imóveis falastrão de Matt Dillon e o investigador particular do veterano Danny Glover.

F1: O Filme

 

F1: O Filme (F1: The Movie, EUA, 2025) – Nota 8
Direção – Joseph Kosinski
Elenco – Brad Pitt, Damson Idris, Javier Bardem, Kerry Condon, Tobias Menzies, Kim Bodnia, Sarah Niles, Will Merrick, Joseph Balderrama, Abdul Salis, Callie Cooke, Samson Kayo.

Sonny Hayes (Brad Pitt) é um corredor profissional que recebe o convite de seu antigo companheiro de equipe Ruben Cervantes (Javier Bardem) para voltar a pilotar um carro de Fórmula 1 após trinta anos. 

Aceitando o desafio, Sonny terá de lidar com a postura arrogante do jovem corredor Joshua Pearce (Damon Idris), seu novo parceiro na equipe e também com a total desconfiança de todas as pessoas ao redor. 

Treze anos após o ótimo “Rush – No Limite da Emoção”, um novo grande filme sobre a Fórmula 1 foi produzido. O roteiro escrito por Ehren Kruger e o diretor Joseph Kosinski consegue mesclar os conflitos de bastidores, os egos dos envolvidos, táticas de corrida e toda a inovação tecnológica que transformou esse esporte na última década. 

A narrativa segue o estilo clássico da chamada “Jornada do Herói”, em que o protagonista enfrenta uma saga em busca de alguns objetivos, sendo o principal a redenção. Esse arco na história do personagem de Brad Pitt por mais que pareça clichê, na verdade resulta em uma pequena surpresa e na mensagem de lutar pelo o que você sonha. 

A parte técnica é perfeita e as corridas bastante realistas, apenas com um ou duas situações que passam um pouco do limite, resultado em um ótimo filme para quem gosta do tema.

Karatê Kid: Lendas

Karatê Kid: Lendas (Karate Kid: Legends, EUA / Canadá, 2025) – Nota 6
Direção – Jonathan Entwistle
Elenco – Jackie Chan, Ben Wang, Ralph Macchio, Joshua Jackson, Sadie Stanley, Ming Na Wen, Wyatt Oleff, Aramis Knight, William Zabka.

Após a morte do irmão na China, o adolescente Li Fong (Ben Wang) muda para Nova York com sua mãe (Ming Na Wen), que deseja mantê-lo longe da prática do Kung Fu, fato que entristece seu tio Han (Jackie Chan). Mas não demora para Li entrar em conflito com um adolescente lutador por causa de uma garota. 

Este novo longa da franquia “Karatê Kid” copia todas ideias do filmes anteriores, inclusive com a curiosidade de ser uma espécie de versão invertida do filme de 2010 com Jackie Chan e Jaden Smith, em que o protagonista mudava com a mãe dos EUA para China. 

O roteiro previsível é salvo em parte pelos carismas de Jackie Chan e Ralph Macchio durante o clássico treinamento do jovem, que por sinal é realmente talentoso nas sequências de lutas. O filme também é uma tentativa de manter a franquia viva após o sucesso da série “Cobra Kai”.

Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano

 

Além de Hollywood: O Melhor do Cinema Australiano (Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation!, EUA / Austrália, 2008) – Nota 8
Direção – Mark Hartley
Documentário

Este ótimo documentário é uma viagem pelo cinema australiano dos anos setenta e oitenta. Diretores que ficariam famosos mundialmente como Peter Weir, George Miller, Jane Campion e Baz Luhrmann ajudaram a desenvolver uma identidade própria através de filmes que superavam o baixo orçamento com criatividade, violência, cinismo, exageros e nudez. 

O documentário detalha através de imagens e depoimentos informações sobre filmes mais inusitados como “Pelos Caminhos do Inferno” e “Picnic na Montanha Misteriosa”, até sucessos como “Mad Max” e “Crocodilo Dundee”. 

Grandes nomes como Mel Gibson, que apesar de americano ficou conhecido por Mad Max, Nicole Kidman, Hugh Jackman e Heath Ledger fizeram carreira começando no cinema daquele país. 

Como informação, Quentin Tarantino se mostrou grande conhecedor e fã do cinema australiano desse período.

Todo Tempo que Temos

 

Todo Tempo que Temos (We Live in Time, Inglaterra / França, 2024) – Nota 6
Direção – John Crowley
Elenco – Andrew Garfield, Florence Pugh, Lee Braitwaite, Adam James, Douglas Hodge.

Na sequência inicial, o espectador já terá uma noção do que irá acontecer na história do relacionamento entre Tobias (Andrew Garfield) e Almut (Florence Pugh). Através de uma narrativa com idas e vindas no tempo, o roteiro detalha alguns anos da vida do casal, desde o inusitado primeiro encontro, até o final previsível. 

Destaque para as atuações de Andrew Garfield e Florence Pugh, que criam uma ótima química entre o casal e para a produção caprichada. Por outro lado, a narrativa e o contexto são típicos dos dramas românticos baseados em algum best seller. Falta aquele toque de vida real para o espectador que deseja algo menos dramático e mais verdadeiro. É um filme que vai agradar as pessoas românticas que desejam se emocionar.

Não Fale o Mal

 

Não Fale o Mal (Speak No Evil, Croácia / Canadá / EUA, 2024) – Nota 6
Direção – James Watkins
Elenco – James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy, Aisling Franciosi, Alix Wester Lefler, Dan Hough.

Durante as férias na Inglaterra, um casal americano (Scoot McNairy e Mackenzie Davis) com sua filha adolescente (Alix Wester Lefler) faz amizade com um casal britânico (James McAvoy e Aisling Franciosi) que tem um filho que não fala (Dan Hough). Os americanos são convidados para passar um final de semana na casa de campo dos britânicos, sem saber que o casal guarda um terrível segredo. 

Esta refilmagem do longa de 2022 pode ser analisado de duas formas. Para quem não assistiu o original, verá aqui um suspense psicológico clássico com um final clichê, que por sinal é diferente do primeiro. Para o público que conferiu o original, este remake vai ser um perda de tempo, mesmo com a mudança no clímax. É basicamente uma versão feita para o mercado americano.

Um Estranho Casal & Ainda Há Fogo Sob as Cinzas

 

Um Estranho Casal (The Odd Couple, EUA, 1968) – Nota 7,5
Direção – Gene Saks
Elenco – Jack Lemmon, Walter Matthau, John Fiedler, Herb Edelman, David Sheiner.

Felix (Jack Lemmon) e Oscar (Walter Matthau) são amigos que vão morar juntos após o primeiro se separar da esposa. Com temperamentos e atitudes completamente opostos, não demora para surgirem engraçados conflitos do dia a dia. Enquanto Felix gosta de tudo em seu lugar, Oscar é o sujeito livre que curte receber os amigos. 

Esse longa é a adaptação de uma peça de teatro de Neil Simon, escritor famoso por comédias sobre relacionamentos e especialista em diálogos mordazes. Essas qualidades do roteiro fica ainda melhor com as atuações Jack Lemmon e Walter Matthau, que demonstram um ótima química que os os levariam a repetir a parceria em onze filmes. A peça de Simon fez sucesso na Broadway e ainda rendeu uma série de tv.

Ainda Há Fogo Sob as Cinzas (Kotch, EUA, 1971) – Nota 7
Direção – Jack Lemmon
Elenco – Walter Matthau, Deborah Winters, Felicia Farr, Charles Aidman, Ellen Geer.

Kotch (Walter Matthau) é um aposentado de setenta e um anos que vive com o filho e a nora que pretendem colocá-lo em uma casa de repouso. Quando Erica (Deborah Winters), que é a jovem babá de seu neto diz estar grávida e termina demitida pelo casal. Kotch resolve procurar a garota para saber o que aconteceu, iniciando uma amizade onde descobrirá ter várias coisas em comum. 

Este drama com pitadas de comédia foi o único trabalho do grande ator Jack Lemmon na direção. Ele deu o papel principal para seu parceiro Walter Matthau, que tinha apenas cinquenta e um anos, sendo envelhecido pela maquiagem. 

A trama hoje pode parecer clichê ao colocar pessoas bem diferentes que criam um laço, porém na época não era uma tema comum. Vale citar que Felicia Farr, que interpreta a nora de Walter Matthau, era casada com Jack Lemmon e ainda está viva com mais de noventa anos de idade.

A Vida de Chucky

 

A Vida de Chuck (The Life of Chuck, EUA, 2024) – Nota 8
Direção – Mike Flanagan
Elenco – Tom Hiddleston, Jacob Tremblay, Chiwetel Ejiofor, Karen Gillan, Mark Hamill, Mia Sara, Benjamin Pajak, Carl Lumbly, David Dastmalchian, Matthew Lillard, Q’orianka Kilcher, Kate Siegel, Heather Langenkamp, Nick Offerman.

Dividido em três atos e com a história contada do futuro em direção ao passado, essa mistura de drama e ficção dirigida por Mike Flanagan baseada em um conto de Stephen King é um filme mais profundo do que parece em um primeiro olhar. 

O primeiro ato se passa um ano depois da Terra começar a sofrer com apagões elétricos e tecnológicos, terremotos e outras catástrofes da natureza. Um professor (Chiwetel Ejiofor) e sua ex-mulher (Karen Gillan) se reaproximam acreditando que o fim do mundo está próximo. 

E sem explicação, na tv, em cartazes na rua e outdoors, aparecem imagens de parabéns pelos trinta e nove anos de um sujeito que ninguém conhece chamado Chuck Krantz (Tom Hiddleston). Essas estranhas situações aos poucos são amarradas com um volta ao passado que é contada com doses perfeitas de drama e melancolia. 

O filme tem algumas sequências marcantes, como a visão do mundo do personagem de Matthew Lillard que aparece rapidamente e a sensacional dança na rua do personagem de Tom Hiddleston. 

Destaque também para as ótimas atuações do elenco, com um adolescente Jacob Tremblay mostrando talento a cada novo trabalho, Tom Hiddleston solto como o protagonista, além de narração de Nick Offerman e da presença de três nomes famosos dos anos oitenta e noventa. 

Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker, Mia Sara de “Curtindo a Vida Adoidado” e a esquecida Heather Langnkamp, estrela dos três melhores filmes da franquia “A Hora do Pesadelo”. 

É um filme que merece ser visto.

Indomável

 

Indomável (Untamed, EUA, 2025) – Nota 6,5
Direção – Thomas Bezucha, Neasa Hardiman & Nick Murphy
Elenco – Eric Bana, Sam Neill, Rosemarie DeWitt, Lily Santiago, Wilson Bethel, William Smillie, Raoul Max Trujillo, Josh Randall, JD Pardo.

O corpo de uma jovem é encontrado no Parque de Yosemite. Aparentemente ela saltou de um penhasco, mas o agente federal Kyle Turner (Eric Bana) desconfia que a garota fugia de alguém. Durante a investigação, Kyle precisará lidar também com seus traumas e segredos do passado. 

Essa minissérie em seis episódios aproveita muito bem as ótimas locações do Parque de Yosemite, com suas belezas naturais e seus perigos. Destaque para as sequências dentro dos túneis. 

Mesmo com a tentativa do roteiro em esconder algumas surpresas, a trama no geral é bastante previsível, inclusive com uma história paralela do ex-marido de uma personagem que parece deslocada do contexto. 

É uma série bem produzida e que prende atenção, mas que tirando as locações, não apresenta nada de novo.

O Mal Que Nos Habita

 

O Mal Que Nos Habita (Cuando Acecha la Maldad, Argentina / EUA, 2023) – Nota 7,5
Direção – Demián Rugna
Elenco – Ezequiel Rodriguez, Demian Salomon, Luis Ziembrowski, Silvina Sabater.

Em uma região rural da Argentina, dois irmãos (Ezequiel Rodriguez e Demian Salomon) encontram um corpo desmembrado e em seguida passam a acreditar que um morador que está muito doente na verdade estaria possuído. Junto com outro morador (Luis Ziembrowski), eles tentam levar o doente para um local isolado, porém a decisão dá início a um verdadeiro caos. 

Esta produção argentina escrita e dirigida por Demián Rugna explora uma trama de crenças primitivas que resultam em ações desesperadas de personagens que não conseguem pensar de forma racional. Em grande parte do filme fica a dúvida se realmente existe algo sobrenatural agindo ou se mal está dentro de cada um, sendo potencializado por seus medos e sua crenças. 

São vários sequências violentas ao estilo gore, pontuadas por um clima assustador que é o grande acerto do filme, que termina ajudando a superar os absurdos que acontecem na parte final. É bem interessante ver o cinema argentino arriscando no gênero terror.