Recursos Humanos (Ressources Humaines, França / Inglaterra,
1999) – Nota 8
Direção – Laurent Cantet
Elenco – Jalil Lespert, Jean Claude Vallod, Chantal Barré,
Véronique de Pandelaere, Lucien Longueville, Danielle Mélador.
Para terminar o curso universitário, Franck (Jalil Lespert)
volta de Paris para sua cidade natal no interior de França para fazer um
estágio na indústria onde seu pai (Jean Claude Vallod) trabalha como operário
há mais de trinta anos.
Bem recebido pelo executivo responsável pela indústria
(Lucien Longueville), a princípio Franck demonstra motivação ao conhecer o
funcionamento da fábrica e a abertura dada pelo sujeito para que ele apresente
ideias.
Os problemas começam quando Franck é jogado no meio de uma negociação
entre empresa e sindicalistas sobre a diminuição do tempo de trabalho. Não
demora para ele bater de frente com a hipocrisia das atitudes dos executivos, o
descontentamento dos operários e a ação de uma sindicalista radical (Danielle
Mélador), tudo isto influenciando ainda seu relacionamento com antigos amigos e
com a própria família.
O diretor Laurent Cantet expôs os problemas do sistema
educacional francês no ótimo “Entre os Muros da Escola” de 2008, porém nove
anos antes ele já havia desnudado as relações trabalhistas entre patrões,
sindicatos e empregados de modo brilhante neste longa.
Cantet se aproveitou da
discussão real sobre a diminuição de quarenta para trinta e cinco e horas de
trabalho semanais na França para escrever este roteiro colocando como protagonista
um jovem extremamente inteligente, porém um pouco ingênuo e totalmente
inexperiente.
O roteiro toca ainda na rivalidade entre os jovens que vivem no interior e os que moram em cidades grandes, as diferenças
de pensamento entre os próprios operários e até no conflito de gerações
representado pela crise que se instala entre Franck e seu pai.
O filme foca
também na questão da mudança de atitudes das novas gerações em relação ao
trabalho. Até meados dos anos noventa, as empresas e os empregados pregavam a
estabilidade. Hoje a mudança de empregos é algo comum, sendo quase impossível
alguém se manter trinta anos na mesma empresa.
Apesar de ter sido produzido há
dezesseis anos, o filme continua extremamente atual.
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